Há 244 milhões de falantes de português em todo o mundo
II Conferência Internacional sobre o Futuro da Língua Portuguesa no Sistema Mundial realiza-se terça-feira. (...)

Há 244 milhões de falantes de português em todo o mundo
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-10-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: II Conferência Internacional sobre o Futuro da Língua Portuguesa no Sistema Mundial realiza-se terça-feira.
TEXTO: Falado por 244 milhões de pessoas em todo o mundo, o português é a sexta língua mais falada do globo, mas é a quinta mais usada na Internet e a terceira nas redes sociais Facebook e Twitter. As estatísticas são do Camões - Instituto da Cooperação e da Língua e foram transmitidas à Lusa pela presidente, Ana Paula Laborinho, a propósito da II Conferência Internacional sobre o Futuro da Língua Portuguesa no Sistema Mundial, que decorre entre terça e quarta-feira em Lisboa. Também o site do Observatório da Língua Portuguesa, que reúne diversas fontes para construir as suas estatísticas, aponta para 244, 392 milhões de falantes de português em todo o mundo, mas coloca o português como a quarta língua mais falada do mundo, atrás do mandarim, do espanhol e do inglês. Com efeito, a posição do português nas listas das línguas com maior número de falantes varia conforme os critérios das organizações que as elaboram. No site do Observatório da Língua Portuguesa, é explicado como se chega aos 244 milhões de falantes. Falado nos cinco continentes, o português é a língua oficial de oito países: Angola (19, 8 milhões de habitantes), Brasil (194, 9 milhões), Cabo Verde (496 mil), Guiné-Bissau (1, 5 milhões), Moçambique (23, 3 milhões), Portugal (10, 6 milhões), São Tomé e Príncipe (165 mil) e Timor-Leste (1, 1 milhões). Contudo, só nos casos de Portugal e do Brasil é contabilizada toda a população como falante de português. Em Timor-Leste, por exemplo, apenas 20% dos habitantes falam português, enquanto na Guiné-Bissau são 57%, em Moçambique 60%, em Angola 70%, em Cabo Verde 87% e em São Tomé e Príncipe 91%, revelam os dados do observatório. Por outro lado, é preciso contabilizar também as diásporas, que, todas juntas, ascendem a quase 10 milhões de falantes de português, incluindo os 4, 8 milhões de emigrantes portugueses e três milhões de brasileiros, segundo dados de 2010. A língua portuguesa é ainda falada em locais por onde os portugueses passaram ao longo da História como Macau, Goa (Índia) e Malaca (Malásia). Segundo o Observatório da Língua Portuguesa, o português é a língua mais falada no hemisfério sul, com 217 milhões de falantes em Angola, Brasil, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. Entre as línguas europeias, o português surge como a terceira mais falada e um estudo da Bloomberg considera-o a sexta língua do mundo mais utilizada nos negócios. Na Internet, a importância do português tem vindo a crescer, sendo hoje o quinto idioma mais utilizado, por 82, 5 milhões de cibernautas, segundo o site Internet World Stats. O número de utilizadores da Internet em português aumentou 990% entre 2000 e 2011, mas nesse ano ainda só representava 3, 9% do total de cibernautas e 32, 5% do total de falantes de português no mundo, o que permite antever que ainda tenha muito por onde aumentar. Já no Facebook, o português é a terceira língua mais usada, por 58, 5 milhões de utilizadores, a seguir ao inglês (359 milhões) e ao espanhol (142 milhões). Além disso, a língua portuguesa foi a que mais cresceu naquela rede social, com um aumento de mais de 800% entre 2010 e 2012. Também no Twitter, o português é a terceira língua mais usada, representando 12% do total de tweets enviados, a seguir ao inglês (39%) e ao japonês (14%). Todos estes números tenderão, no entanto, a mudar, à medida que muda o mapa do português no mundo. Segundo estimativas do Governo português, tendo em conta a evolução demográfica, até 2050 o número de pessoas no mundo a falar a língua de Camões deverá aumentar para 335 milhões.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave social estudo japonês
Confrontos em Roma entre activistas pelo direito à habitação e polícia
Movimento pela Casa convocou um "dia de cerco" na capital italiana. (...)

Confrontos em Roma entre activistas pelo direito à habitação e polícia
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-10-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Movimento pela Casa convocou um "dia de cerco" na capital italiana.
TEXTO: Um “cerco” convocado para o centro de Roma pelo Movimento pela Casa, que defende o direito à habitação, transformou-se numa batalha campal, com os manifestantes a atirar ovos, moedas, tinta e gás-pimenta às forças antimotim, que responderam com gás lacrimogéneo. Há pelo menos 16 feridos. A acção de protesto foi marcada para coincidir com a realização de uma conferência extraordinária da associação nacional dos municípios italianos (ANCI), que foi discutir com o Governo um pacote de medidasde emergência de política de habitação. A convocatória apelava àqueles que lutam pelo direito à habitação a concentrar-se em frente ao palácio de Montecitorio, que alberga a Câmara de Deputados. O Movimento Casa pede o fim dos despejos das famílias que atravessam dificuldades financeiras e não têm dinheiro para pagar as rendas. Também exige que se encontrem soluções de alojamento para imigrantes. O aparato policial montado nas imediações do palácio não impediu que os manifestantes bloqueassem a circulação do trânsito. Com a tensão em alta, os confrontos começaram quando os manifestantes, sentindo-se encurralados, começaram a forçar as barreiras policiais para tentar ocupar a entrada do Ministério dos Assuntos Regionais e atacaram também um carro blindado, descreve a edição online do jornal La Repubblica. As bandeiras foram usadas como bastões contra a polícia, contra quem também foram arremessados vários objectos. Um petardo explodiu entre a multidão, e pelo menos seis pessoas foram tratadas no hospital com ferimentos ligeiros. Rechaçados pela polícia, os activistas reorganizaram-se junto à praça da Fonte de Trevi, um dos locais mais turísticos da capital italiana. Segundo a descrição dos jornais La Repubblica e Corriere Della Sera, ouviram-se palavras de ordem e gritos de “cerco aos palácios do poder”. A última marcha do Movimento pela Casa em Roma, a 19 de Outubro, terminou com a ocupação de uma praça, onde os activistas acamparam durante o fim-de-semana, reclamando “uma casa e um salário para todos”. O líder do Movimento Casa, Paolo Di Vetta, aludiu a uma nova jornada de luta no próximo dia 10 de Novembro. “Estamos cheios de raiva. Queremos mudar tudo no país e construir uma nova alternativa”, explicou.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave salário
Seguro acusa Governo de esconder corte de 700 milhões de euros no Orçamento
Líder socialista diz que proposta de OE para 2014 tem uma parcela importante de cortes que não se diz onde vão ser feitos. (...)

Seguro acusa Governo de esconder corte de 700 milhões de euros no Orçamento
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-11-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Líder socialista diz que proposta de OE para 2014 tem uma parcela importante de cortes que não se diz onde vão ser feitos.
TEXTO: António José Seguro acusou o Governo de esconder, no Orçamento do Estado, 700 milhões de euros em cortes que ainda não especificou em que áreas vão incidir. No discurso de encerramento da discussão do Orçamento do Estado para 2014, que foi aprovado na generalidade esta sexta-feira em plenário, o secretário-geral do PS enumerou e criticou uma série de cortes que o executivo de Pedro Passos Coelho já efectuou ou prevê fazer no próximo ano. Depois avisou: “E estes são os cortes que se conhecem. Porque ainda há cortes que o Governo esconde. ”“O Governo continua a esconder dos portugueses mais de 700 milhões de euros de cortes. Colocou-os no Orçamento, mas não esclarece a sua origem”, apontou o líder do PS. O executivo, acrescentou, “recusa-se a explicar onde vai efectuar esses cortes, num claro desrespeito pela Assembleia da República e pelos portugueses, lançando mais incerteza e insegurança sobre despedimentos na função pública, mais cortes nas prestações sociais ou mais encerramento de serviços públicos”. Seguro defendeu depois que, ao contrário do que diz Passos, as medidas de austeridade “não são inevitáveis”. A realidade só é assim “por opção ideológica” do Governo, que transformou “convictamente o programa de ajustamento num programa de empobrecimento dos portugueses”. Este programa, acrescentou Seguro, vai “além da troika” e aplica o dobro da austeridade prevista, e também “não constava do programa eleitoral do PSD ou do CDS, mas sempre esteve na cabeça do agora primeiro-ministro”. Chegado ao poder, apontou o líder socialista, Passos Coelho “rompeu o seu compromisso com os portugueses e deu execução à sua agenda radical de que faz parte o desmantelamento do Estado social”. Acerca da reforma do Estado Seguro disse que “reformar não é cortar, excepto para este Governo, para quem reformar não passa de um pretexto para cortar”. Foi secundado por uma das muitas salvas de palmas com que a bancada socialista acompanhou o seu discurso. E, quando desceu do púlpito, todo o grupo parlamentar o aplaudiu de pé. O objectivo do executivo é “um país pobre, com Estado mínimo, onde cada português fique entregue à sua sorte”. António José Seguro sublinhou as visões diferentes – sua e do primeiro-ministro – sobre a realidade do país, lembrou algumas propostas para dinamizar a economia que o PS já apresentou no Parlamento e que foram chumbadas (como o IVA na restauração). Uma delas virá agora com uma inovação: o PS vai propor que os 3000 milhões de dívidas do Estado às empresas possam ser pagas usando parte dos 6000 milhões de euros para a capitalização da banca e que esta não usou. Os Verdes: sinal de viragem do Governo é "conversa fiada"Antes, os Verdes acusaram o Governo de “conversa fiada” ao anunciar aos portugueses que o país está actualmente num “momento de viragem” devido aos recentes sinais positivos da economia. “Para o Governo trata-se de um momento de viragem, assente nos tais sinais positivos que ninguém vê, que ninguém sente e que ninguém vive. Mas na verdade esse sinal de viragem é conversa fiada”, afirmou o deputado José Luís Ferreira no encerramento da discussão na generalidade do Orçamento do Estado para 2014. Para os Verdes, este Orçamento assenta em “cortes de sentido único”, porque reduz salários e remunerações, prestações sociais, reformas e pensões, subsídio de desemprego e de doença, mas também diminui as deduções ao IRS, corta na Educação e na Saúde, na Segurança Social e na Justiça, enumeram. “De facto, com este Orçamento do Estado, o Governo exige mais dos cidadãos do que aquilo que lhes dá”, realçou José Luís Ferreira. O líder parlamentar comunista João Oliveira deixou duras críticas às perspectivas económicas que o Governo inscreveu no Orçamento do Estado, acusando a equipa de Pedro Passos Coelho de “dificuldade, teimosia e vacuidade”. Pelo terceiro ano, disse o deputado, o país vive numa “economia de guerra”, com os portugueses submetidos ao “esforço de guerra” através do “esmagamento de direitos, o roubo de salários e pensões, o desemprego, a pobreza e a emigração”. Por detrás desse cenário haverá segundas intenções, apontou João Oliveira. “Este Orçamento do Estado mantém o país convenientemente à beira do desastre económico e social para que, a coberto de um designado segundo resgate, programa cautelar ou qualquer outra designação, se mantenha a mesma política que hoje de aplica em nome da troika. ”Do PCP vieram também críticas ao guião da reforma do Estado: “De ideias novas, nada, mas muita repetição de medidas já tomadas e em curso ou de propostas velhas sobre a destruição do Estado democrático. ”Pelo Bloco de Esquerda, Luís Fazenda pediu a demissão do Governo “com urgência”, porque “este é um Orçamento péssimo antes de outro ainda pior”. “A demissão deste Governo é o primeiro passo para qualquer viragem para respeitar pela Constituição e para uma renegociação europeia da dívida”, defendeu o deputado bloquista. Relativamente ao guião da reforma do Estado, Luís Fazenda apontou o dedo a Paulo Portas, chamando “guiãozinho” ao documento por pretender vir a alicerçar a redução drástica da estrutura do Estado social”. E criticou o Presidente da República por ser “poupadinho na constitucionalidade”.
REFERÊNCIAS:
CES alerta que 2014 pode trazer nova recessão
Parecer do Conselho Económico e Social vai ser votado na segunda-feira. (...)

CES alerta que 2014 pode trazer nova recessão
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.136
DATA: 2013-11-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: Parecer do Conselho Económico e Social vai ser votado na segunda-feira.
TEXTO: O Conselho Económico e Social (CES) alerta que em 2014 a economia portuguesa arrisca entrar em estagnação ou, num cenário mais pessimista, em recessão, pondo em causa o limite de 4% para o défice público. No projecto de parecer que será aprovado na próxima-segunda-feira, o CES defende que o Orçamento do Estado (OE) para 2014 devia dar prioridade à retoma do crescimento económico para promover a criação de emprego, a reposição do rendimento perdido e o controlo da dívida pública. Porém, o OE 2014 apresentado pelo Governo “não parece totalmente alinhada com estes princípios defendidos pelo CES, o que levanta reservas sobre a concretização do cenário macroeconómico apresentado e sobre o cumprimento de algumas das metas nominais impostas” pelo programa de ajustamento, lê-se no parecer. O CES entende que nas perspectivas para o próximo ano, que apontam para um crescimento real de 0, 8%, o Governo não tem em conta os efeitos “adversos” das suas políticas sobre o crescimento económico. “O impacto profundamente negativo da política orçamental proposta para 2014 sobre o rendimento disponível das famílias terá certamente um efeito redutor sobre o consumo privado e, a partir daí, sobre a actividade económica dirigida para o mercado interno”, alerta o conselho no relatório elaborado pelo economista João Ferreira do Amaral e pelo presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal, João Machado. “Há, assim, o risco de que 2014 possa vir a ser um ano de estagnação económica, porventura mesmo de recessão, o que, a suceder, porá em causa a possibilidade de atingir o limite de 4% para o défice público”, dizem os relatores. Se a recessão se tornar realidade, diz o CES, “a queda do emprego continuará a ser muito significativa e certamente superior à prevista no OE 2014 (-0, 4%) o que, apesar do efeito amortecedor da emigração, poderá levar a taxa de desemprego a atingir um nível superior ao que o relatório prevê (17, 7%) nível que, mesmo assim, já representa um agravamento em relação à taxa de desemprego estimada para 2013 (17, 4%) ”. Esse agravamento da taxa de desemprego terá efeitos negativos na actividade económica e no saldo das Administrações Públicas, lembra o conselho. O CES alerta ainda para as consequências sociais da queda do rendimento disponível e para uma maior dificuldade das famílias endividadas em suportar os custos desse endividamento com potenciais consequências negativas sobre o sistema financeiroNo documento, o CES assume que "não pode deixar de discordar com a forma e ritmo excessivo" como se vai processar a redução da despesa. Na opinião dos relatores, essa redução deveria ser enquadrada por uma “efectiva Reforma do Estado” e actuar sobretudo na redução dos custos de funcionamento das Administrações Públicas e dos consumos intermédios e “evitar penalizações adicionais sobre os funcionários públicos e sobre os reformados e pensionistas, e ainda excluir aumentos da carga fiscal”. . O CES considera “especialmente gravoso” que a redução dos salários na função pública (que no próximo ano será de 2, 5% a 12%, incidindo nos salários brutos acima dos 600 euros) “não preserve os mais baixos rendimentos”. Também ao nível das prestações sociais o CES salienta a “continuada redução, por várias vias, dos montantes das pensões de velhice, e agora também das de sobrevivência” e critica a manutenção da Contribuição Extraordinária de Solidariedade sobre os rendimentos de pensões “que, a par dos cortes das pensões da Caixa Geral de Aposentações, das pensões de sobrevivência e do aumento generalizado dos impostos, agrava a forte diminuição daqueles”. Os relatores estimam que “o conjunto de medidas dirigidas a estes rendimentos, juntamente ao aumento de IRS, implica uma perda acumulada de 25, 9% entre 2010 e 2014”. O projecto de parecer aponta como prioritária “a definição de uma política clara de crescimento da economia” e a definição de um programa para a próxima década que “actue de forma articulada em torno dos seguintes objectivos: crescimento da economia, Reforma do Estado e consolidação orçamental, por forma a contribuir para a alteração substancial da estrutura produtiva do país e para a melhoria da qualificação dos portugueses”. O CES, presidido pelo social-democrata Silva Peneda, é constituído por representantes dos sindicatos, patrões, Governo e outras organizações da sociedade civil.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave social consumo desemprego
Assassínio de dois militantes do Aurora Dourada faz temer violência política na Grécia
Homens encapuzados dispararam contra sede do partido neonazi, sob cerco das autoridades desde a morte de cantor de hip-hop. Polícia suspeita de extremistas de esquerda. (...)

Assassínio de dois militantes do Aurora Dourada faz temer violência política na Grécia
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.15
DATA: 2013-11-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: Homens encapuzados dispararam contra sede do partido neonazi, sob cerco das autoridades desde a morte de cantor de hip-hop. Polícia suspeita de extremistas de esquerda.
TEXTO: O medo regressou à Grécia com a notícia da morte de dois militantes do Autora Dourada, alvejados por desconhecidos à porta de um edifício do partido neonazi num subúrbio de Atenas. O ataque, que a polícia descreve como “terrorista”, acontece numa altura em que a formação estava sob o cerco das autoridades e faz temer um ciclo de violência que agrave a instabilidade vivida no país. Testemunhas contam que os dois atacantes chegaram de motorizada ao local, no subúrbio de Neo Iraklio, a norte da capital, e um deles abriu fogo contra as pessoas que se encontravam à entrada. Num comunicado, o Aurora Dourada diz que os seus dois militantes, de 20 e 23 anos, “foram executados à distância de meio metro” e que, antes de deixarem o local, o atacante “esvaziou literalmente as armas sobre eles”. Um terceiro homem, de 29 anos, foi também alvejado e, segundo o Ministério da Saúde, a sua situação é considerada “muito crítica”. A notícia causou calafrios na classe política grega, escreve o jornal britânico Guardian, recordando que o ataque acontece quase dois meses depois de Pavlos Fyssas, músico de hip-hop e activista da esquerda grega, ter sido morto por um simpatizante do partido neofascista. O homicídio provocou indignação no país e precipitou uma investigação policial que levou à detenção do líder da Aurora Dourada, Nikos Michaloliakos, e de vários deputados por suspeitas de associação criminosa. Os responsáveis, três dos quais ficaram em prisão preventiva, não são acusados pelo homicídio mas de usarem o partido como cobertura para actos ilegais, incluindo treino de milícias para ataques a imigrantes. Com o clima político já tenso – na semana passada milhares de apoiantes do partido neonazi manifestaram-se contra o que dizem ser o cerco ao partido, a quem o Parlamento cortou dias antes o financiamento estatal – teme-se que a acção de sexta-feira desencadeie um ciclo de vingança imparável. O receio aumenta face às informações de que a polícia, apesar de não descartar qualquer hipótese, está a privilegiar a pista de que o duplo homicídio tenha sido cometido por extremistas de esquerda, ainda que a maioria das acções atribuídas a estes grupos não tenha causado vítimas mortais. Não foi o caso da autodenominada Seita dos Revolucionários, um movimento obscuro que, recorda a AFP, reivindicou o assassínio, em 2009, de um polícia no centro de Atenas e a execução, no ano seguinte, de um jornalista à porta de sua casa. Nos últimos meses, um grupo que se auto-intitula Conspiração das Células de Fogo reivindicou vários ataques com explosivos, como o que destruiu o carro da directora de uma prisão de Atenas. Vários jornais gregos referem que a arma utilizada no duplo homicídio de ontem será idêntica à usada no ataque contra o polícia de Atenas. “Este é um desenvolvimento muito perigoso, que pode conduzir-nos a um ciclo de derramamento de sangue num país que já está a desfazer-se”, disse Andreas Papadopoulos, porta-voz da Esquerda Democrática, partido que abandonou recentemente a coligação com os socialistas e conservadores. “Há quem esteja a preparar o país para a guerra civil”, disse, de forma menos contida, o líder do partido de direita Gregos Independentes, dizendo suspeitar que “há centros estrangeiros” interessados em desestabilizar a Grécia. O primeiro-ministro grego, Antonis Samaras, terá ouvido com choque as notícias do ataque, escreve o Guardian, mas o porta-voz do Executivo já avisou que “os homicidas, quem quer que eles sejam, vão ser tratados sem misericórdia”.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave morte guerra homicídio violência ataque prisão homem medo morto assassínio
PS acusa Passos Coelho de ter discurso "profundamente radical"
Socialistas acusam Governo de fazer "oposição à oposição". (...)

PS acusa Passos Coelho de ter discurso "profundamente radical"
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-11-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: Socialistas acusam Governo de fazer "oposição à oposição".
TEXTO: O secretário nacional do PS, Eurico Brilhante Dias, acusou neste sábado o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, de ter um discurso “profundamente radical” e de ser especialista em “fazer oposição à oposição”. “Não há nenhum português que oiça aquelas palavras e que possa deduzir dessas palavras uma vontade genuína de entendimento”, disse Eurico Brilhante Dias na sede do PS, em Lisboa. Reagiu assim às declarações de Passos Coelho na sexta-feira à noite, quando o primeiro-ministro pediu mais "sentido de responsabilidade" ao PS no sentido de um entendimento com o Governo e manifestou mais uma vez abertura para o diálogo. Passos Coelho defendeu um compromisso de médio e longo prazo que envolva os socialistas, do qual depende a estabilidade do financiamento a Portugal. Isto porque, disse, “aquilo que é hoje dito em Portugal pelo PS é muito escrutinado em termos externos”. "Acha que algum português que ouviu esse discurso profundamente radical do primeiro-ministro pode querer mesmo acreditar que o primeiro-ministro quer algum entendimento?", interrogou o socialista. O Governo, disse Brilhante Dias, "deixou de governar, passou apenas a fazer oposição à oposição, e em particular ao PS”, o que, diz, se percebe: “Este Governo governou nos últimos 28 meses contra os portugueses, contra os partidos da oposição, contra as propostas dos partidos da oposição. ""Este é o Governo que nos últimos 28 meses se autopropôs um conjunto de objectivos: no défice falhou, na dívida falhou, no desemprego falhou. Enviou portugueses para a emigração, não cumpriu nenhum dos seus objectivos. Foge às suas responsabilidades e ataca a oposição e o PS”, afirmou o secretário nacional socialista. Questionado sobre uma notícia do semanário Expresso, que diz que o vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, irá enviar uma missiva ao secretário-geral socialista, António José Seguro, na procura de um consenso sobre diferentes matérias, Brilhante Dias diz que o PS não tem o hábito de “fazer política pelos jornais” e que à sede socialista no Largo do Rato não chegou nenhuma carta nesse sentido. “Ao PS não chegou nenhuma carta. E todas as cartas - as que chegarem - terão naturalmente resposta. A sede parlamentar continua a sede da discussão das propostas para resolver problemas”, declarou.
REFERÊNCIAS:
"Todos defendemos a mutualização da dívida, mas neste momento não é realizável"
Paulo Rangel critica o PS por ter a mutualização como "único ponto" da sua agenda europeia, quando o próprio candidato socialista à presidência da Comissão Europeia diz que isso não está na agenda. (...)

"Todos defendemos a mutualização da dívida, mas neste momento não é realizável"
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-04-27 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20140427170307/http://www.publico.pt/1633725
SUMÁRIO: Paulo Rangel critica o PS por ter a mutualização como "único ponto" da sua agenda europeia, quando o próprio candidato socialista à presidência da Comissão Europeia diz que isso não está na agenda.
TEXTO: Paulo Rangel arrefeceu os seus ímpetos federalistas e prefere hoje o rótulo de europeísta. E defende o papel que Durão Barroso teve à frente da Comissão Europeia, afirmando que Portugal teve por isso muitos ganhos de influência. Ao ler os seus artigos recentes, fiquei com uma dúvida: ainda é federalista?Sou federalista há 20 anos. Escreveu um artigo em que elogia a heterogeneidade de instituições e de cores políticas na comissão. Já não defende um governo homogéneo da Europa?Se tivesse que escolher um rótulo, escolhia europeísta, não era federalista. Mas o meu pensamento não mudou. Já na altura era este. Uma coisa é termos um sonho e um projecto no horizonte. Sempre fui bastante realista. Se me pergunta se é possível a médio prazo ter um projecto federal na europa, eu digo isso não é viável neste momento. Tem falado do risco do aumento dos extremismos europeus, sobretudo dos anti-europeus. A austeridade não está a favorecer os extremos?Penso que o fenómeno extremista está mais relacionado com a crise do que com os remédios para crise. A grande bandeira dos extremistas não está relacionada com a crise, está relacionada com a emigração. Claro que isso que tem a ver com a crise porque tem a ver com o desemprego. Acha que nestas eleições já se joga o futuro da europa enquanto União?Sinceramente penso que não. Isto é paradoxal. A União Europeia está a descolar da crise, não é só a nível nacional. Acho que no próximo parlamento a questão mais integração ou menos integração vai estar em cima da mesa. Porque os extremistas e estes movimento eurocépticos a vão pôr. Onde é que encaixa aí o PCP e a proposta de sair do euro?A proposta de sair do euro é claramente eurocéptica. O Partido Comunista, dentro daquilo que é a definição ocidental de democracia, não é um partido democrático. Nessa proposta de saída do euro está em causa uma profunda desconfiança sobre a Europa. O PCP tem pelo menos uma virtude aqui: colocar a questão da saída do euro de uma forma clara e isso põe a nu as consequências que seriam muito gravosas. O que lhe parece a proposta do PS sobre a mutualização da dívida?A mutualização como um projecto a médio prazo está nos programas dos partidos pró-europeus, está no PPE, no PSD, no CDS e nos socialistas. O problema é se ela é realizável e para que é que serve. O PS está numa contradição fundamental. A única ideia europeia que ouvi – de resto só falam do Governo – é a mutualização da dívida. Nos juros e prazos, parece que está toda a gente de acordo e o Governo já fez isso e não fechou a porta a fazer no futuro, embora em moldes não necessariamente como outros defendem. O próprio candidato Schulz, candidato dos socialistas à presidência da Comissão Europeia, quando lhe foi perguntado sobre a mutualização disse – minuto 30 – que estava fora da agenda porque as taxas de juro baixaram radicalmente. A Comissão Europeia se for presidida por um socialista europeu, coisa que estou convencido de que não vai acontecer, não vai lançar esta iniciativa. Não está na agenda agora, mas cinco anos é uma eternidade…Estamos a falar na campanha em que o PS diz que a única coisa que está na sua agenda [europeia] é a mutualização da dívida. Há aqui uma contradição em relação à qual o PS tem de responder. A única ideia que tem para a Europa – e que é pobre – é uma ideia que o seu candidato não está disposto a apoiar. Não é também uma contradição dos que defendem maior integração não exigir que essa integração passe também por uma maior solidariedade intergovernamental, sobretudo dos países que têm excedentes comerciais, como prevêm os tratados?A UE, nestes cinco anos, entre 2009 e 2014, aprovou, o two pack, o six pack e o semestre europeu, são pacotes legislativos que permitem harmonização de políticas macro-económicas em que todos os estados estão a ser monitorizados. O excedente comercial da Alemanha já está a ser monitorizado pela Comissão Europeia. Sem daí se tirarem consequências…Não, o processo não está terminado, foi aberto. Estes três pacotes reforçaram o papel da comissão. Se olhar para os poderes que a comissão tem em termos de políticas orçamentais nacionais, coordenação e objectivos macro-económicos, isto é solidariedade europeia, isto é partilha de poder a nível europeu. Outro aspecto muito importante: Aprovámos a supervisão e regulação bancárias, dois dos três pilares da união bancária. Esses deram uma proeminência enorme ao BCE. Isto quer dizer que as duas instituições mais comunitárias, BCE e Comissão Europeia, saíram extremamente reforçadas, ao contrário do que se imagina.
REFERÊNCIAS:
Partidos PS PSD PCP
Sucedânea da pirâmide Telexfree está licenciada na Zona Franca da Madeira
Esquema de dinheiro fácil consiste em ganhar comissões com a colocação de anúncios na Internet e a venda de pacotes de comunicação. No mês passado, foi considerado fraudulento nos Estados Unidos. (...)

Sucedânea da pirâmide Telexfree está licenciada na Zona Franca da Madeira
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.4
DATA: 2014-04-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: Esquema de dinheiro fácil consiste em ganhar comissões com a colocação de anúncios na Internet e a venda de pacotes de comunicação. No mês passado, foi considerado fraudulento nos Estados Unidos.
TEXTO: A declaração de falência da empresa Telexfree nos Estados Unidos e o encerramento do seu sítio na Internet, desde o dia 15 de Abril “em manutenção”, lançou o pânico entre milhares de investidores madeirenses que receiam não poder recuperar os cerca de 50 milhões de euros investidos em mais de 40 mil contas. A Telexfree tornou-se um fenómeno viral na sociedade madeirense, envolvendo figuras públicas de várias áreas e conhecidas individualidades da administração regional, mas a tentativa de “exportação” para a ilha de Jersey, onde existe uma importante comunidade de emigrantes da Madeira, foi barrada pela apertada vigilância das autoridades locais. E até entrou no discurso do presidente do governo madeirense que comparou a rede de marketing multinível à agricultura da ilha. "A agricultura constituiu, permitam-me a comparação, uma espécie de Telexfree neste tempo de crise, porque não há dúvida que mais uma vez se mostrou e demonstrou que a terra, a propriedade, aquilo que é concreto, isso nunca perde o seu valor quando é explorada inteligentemente", disse Alberto João Jardim. A contrastar com o optimismo do governante, que revelou algum desconhecimento do esquema daquela pirâmide financeira cujo nome trocou, a apreensão dos investidores madeirenses, gerada com a insolvência da Telexfree nos Estados Unidos e a proibição de operar no Brasil, volta-se agora para a Wings Network, empresa de marketing multinível que vende produtos semelhantes e utiliza os mesmos angariadores na ilha. O esquema de adquirir dinheiro fácil também consiste em ganhar comissões através da colocação de anúncios na Internet e a venda de pacotes de comunicação. Escritórios no Funchal e em Lisboa, registo no DubaiLicenciada na Zona Franca da Madeira, esta sociedade por quotas, com um capital de 100 mil euros, tem escritórios (loja 1) no número 24 do Caminho do Engenho Velho, no Funchal, e no Parque das Nações em Lisboa. Apesar disso, foram infrutíferas as tentativas de contacto, pelo telefone e email indicados no site, feitas pelo PÚBLICO no sentido de esclarecer a natureza dos negócios desta empresa também inscrita numa zona offshore em Hamriyah, nos Emirados Árabes Unidos. O mesmo endereço da Madeira, e igual objecto social, apresenta a empresa Tropikgadget Unipessoal Lda, que com idêntico capital social de cem mil euros, usufrui de benefícios fiscais por também estar licenciada no offshore madeirense. Com a actividade iniciada em Janeiro passado, a Wings Network apresenta-se como uma “empresa que chega com a proposta inovadora de utilizar o multinível como canal global de vendas de soluções de marketing online e mobile”. E, para atestar a legalidade do negócio, exibe os documentos a confirmar que “tem a sua sede administrativa em Portugal, na Ilha da Madeira e sua sede fiscal em Dubai” e “está devidamente registada”. A própria empresa informa como devem agir os interessados para obterem ganhos: “Arranjar duas pessoas, por cada pessoa recebes 50 euros e, completando essa linha das duas pessoas, ganharás 250 (total 350). Depois, cada dia 8 de cada mês recebes 750, dos quais 99 ficam para a Wings. Por isso, são 651 euros que ganhas sem fazer mais nada. Claro que quanto mais pessoas tiveres em baixo mais recebes. Por exemplo, se a tua irmã/irmão ou um amigo, por exemplo, entrar, das duas pessoas que meterem tu recebes 250 da linha que ficar completa (binário), e assim sucessivamente. " Mais: “A finalidade é progredir na rede ajudando uns aos outros”, diz a Wings, que se declara “uma empresa que chega com a proposta inovadora de utilizar o multinível como canal global de vendas”. Neste momento, “empresas deste tipo proliferam como cogumelos”, revela ao PÚBLICO o investidor madeirense António Silva. Wings Network, Libertagia, Wenyard, Get Easy e Dollars Flow System são alguns dos nomes de empresas de marketing multinível que, na sua opinião, “são fachadas para esquemas semelhantes ao da Telexfree". Lucros de angariar familiaresAntónio Silva confessa que, “após muita resistência”, entrou na Telexfree em Novembro de 2013. “Estava ciente que se tratava de um 'negócio' menos claro e pouco sustentável. Sabia que a qualquer altura poderia perder o dinheiro investido. Com os 1050 euros investidos consegui, até início de Março, recuperar o dinheiro investido e ainda lucrar cerca de 600 euros”, conta. Para além dos ganhos das rendas semanais, Silva teve “ganhos por prémios de entrada de alguns familiares que pediram para ajudá-los na realização dos anúncios, pois, como me diziam, não percebiam nada de computadores".
REFERÊNCIAS:
Étnia Árabes
Não, estas não são as mesmas histórias de sempre
Três grandes filmes na competição do IndieLisboa conjugam a solidez narrativa e o experimentalismo formal com excelentes resultados. (...)

Não, estas não são as mesmas histórias de sempre
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-04-29 | Jornal Público
SUMÁRIO: Três grandes filmes na competição do IndieLisboa conjugam a solidez narrativa e o experimentalismo formal com excelentes resultados.
TEXTO: É verdade que a palavra-chave do IndieLisboa 2014 tem sido “desformatação”. Mas isso não quer dizer que filmes formalmente “desformatados” não deixem de se ater a uma boa história com princípio, meio e fim. É essa a ironia: alguns dos filmes mais “radicais” mostrados na Competição (Nacional ou Internacional) do Indie são aqueles que mais se instalam numa construção narrativa sólida, necessária para garantir que não se tomba no experimentalismo gratuito. Pegue-se, por exemplo, na experiência-limite que é O Novo Testamento de Jesus Cristo segundo João, da dupla Joaquim Pinto e Nuno Leonel (quarta 30, 21h30 e sábado 3, 14h30, sempre na Culturgest). Em termos puramente formais, é um dispositivo paredes-meias com a instalação ou com a performance, que evacua tudo o que é supérfluo à palavra da Bíblia tal como traduzida no século XVIII pelo latinista António Pereira de Figueiredo: Luís Miguel Cintra lê o texto integral para um microfone instalado no meio da natureza, durante metade do filme não há sequer imagem para lá do negro. Mas, ao forçar a concentração do espectador na palavra, nas parábolas e metáforas e lições que Cintra lê de modo extraordinário, O Novo Testamento. . . arrasta o espectador numa busca da pureza primordial, num questionamento formal que pergunta o que é e o que pode ser o cinema enquanto veículo de transmissão de histórias. Será uma das propostas mais difíceis e exigentes do festival, mas é aquela que se ancora na mais clássica e na mais ancestral de todas as narrativas. Encontramos também essa vontade de não perder o norte das histórias na mais surpreendente e contagiante descoberta do concurso. Quand je serai dictateur, segunda longa da belga Yaël André (Culturgest, quinta 1, 18h, e Campo Pequeno, sexta 2, 21h30), é uma celebração lúdica e engenhosa do poder da imaginação, um filme que quase parece feito por um menino-prodígio de olhar arregalado e invenção inesgotável. Irresistível, acessível, entusiasmante, Quand je serai dictateur é também um filme de experimentação formal assumida, construído inteiramente a partir de imagens super-8 descartadas ou esquecidas, velhos filmes de família que a realizadora montou com um virtuosismo ofensivo ao ritmo de uma viagem por múltiplos universos paralelos. O ponto de partida é a voz-off reguila de uma narradora que recorda um amigo de infância desaparecido, e que se diverte (e nos diverte) a imaginar as muitas vidas que poderiam ter tido em universos paralelos, se tudo tivesse corrido de modo diferente, sem nunca perder o gosto da aventura que caracteriza a adolescência. Adolescência que é um tema permanente no IndieLisboa, e Quand je serai dictateur não é o único filme a fazer dele a sua força. Les Apaches, estreia na realização do francês Thierry de Peretti (Culturgest, quarta 30, e Campo Pequeno, sexta 2, sempre 19h), começa por evocar os clássicos do policial; é uma variação sobre a história do gangue inexperiente que “mete a pata na poça” e se vê de súbito na mira dos “tubarões”. Só que este policial passa-se ao sol escaldante do verão na Córsega, alimenta-se das tensões raciais entre os locais e os emigrantes árabes, e o gangue inexperiente é composto de putos adolescentes a brincarem aos criminosos. Esta ficção inspirada por um caso real, que se alimenta da própria identificação com os seus actores (todos não profissionais locais), funciona como uma rosca que se vai apertando cada vez mais, sem saída possível, e contrapõe à sua solidez dramatúrgica uma atmosfera claustrofóbica de cerco que se aperta.
REFERÊNCIAS:
Étnia Árabes Apaches
A ditadura do mesmo
Alguém quer vir ajudar a acabar com isto? Já basta. (...)

A ditadura do mesmo
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-04-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: Alguém quer vir ajudar a acabar com isto? Já basta.
TEXTO: Escrevo minutos depois de ter visto o primeiro debate entre os candidatos a presidente da Comissão Europeia. Um debate histórico. Falou-se de tudo o que é essencial para o nosso futuro: desemprego, eurobonds, troika, juventude, energia, Ucrânia, imigração, envelhecimento, pensões e salários. Pela primeira vez desde que o mundo é mundo, quatro candidatos ao executivo de uma União de países explicaram como pretendem governar se forem eleitos. E, no entanto, escrevo estas linhas com raiva. Porquê? Porque em Portugal ninguém quis organizar este debate. Há anos que venho alertando para ele. Propu-lo à Assembleia da República. Desafiei fundações. Mencionei o assunto a jornais, rádios e televisões. Encolheram os ombros e passaram à frente — à próxima polémica insignificante ocupando quatro canais de notícias e quatro generalistas. Portugal tem interesse — porventura mais interesse do que a média dos outros países — em saber o que se prepara para o futuro da União Europeia. Fomos as primeiras vítimas das políticas erradas da Comissão. Seremos os primeiros interessados em políticas novas, e corretas. Mas quando um destes candidatos for presidente da Comissão, vai lembrar-se talvez das promessas que fez a alemães, franceses e holandeses. A portugueses, não, porque nenhuma instituição portuguesa esteve interessada. Hoje [ontem] terça-feira, os nossos jornais quase não se referem a este debate. Entenderão que um daqueles candidatos vai ser o único detentor do poder de iniciar legislação para 500 milhões de pessoas, o autor de todas as propostas de orçamento comunitário até 2019 e o principal interlocutor de Portugal após a saída da troika?(A propósito: outra razão de frustração é que entre os candidatos — o democrata--cristão luxemburguês Juncker, o socialista alemão Schulz, o liberal belga Verhofstadt e a verde alemã Keller — o único que decidiu recusar o convite foi o grego Alexis Tsipras, da esquerda unitária. Como é possível que neste debate não tenha estado o único candidato que poderia ter apresentado uma perspectiva dos países vítimas da troika? É difícil de entender e aceitar. )Claro, as instituições e órgãos de comunicação social que não quiseram dar atenção a este debate justificaram-se com a falta de interesse dos portugueses por temas europeus. Mas querem saber a melhor? Durante o debate de ontem foi batido um recorde de dez mil tweets por minuto comentando as propostas dos candidatos. Sabem de onde vinha a grande maioria? Dos países do Sul da Europa. Nesses países, como em Portugal, há um futuro querendo nascer e uma super-estrutura de instituições e opiniões estabelecidas fazendo tudo para que esse futuro não nasça, pela razão mais mesquinha de todas: porque dá trabalho a acompanhar. Portugal, hoje, é a ditadura do mesmo: os mesmos debates, os mesmos círculos, as mesmas opiniões e os mesmos partidos, fazendo as coisas sempre da mesma maneira, e coreografando as mesmas controvérsias com as mesmas palavras e o mesmo vazio de significado. Quando há quarenta anos Salgueiro Maia quis acabar com a ditadura, nem precisou de a descrever: bastou dizer “o estado a que chegámos” e toda a gente entendeu. O mesmo se passa hoje. Há regimes que são oligarquias, burocracias, tecnocracias ou bancocracias. O nosso regime é a mesmocracia. Alguém quer vir ajudar a acabar com isto? Já basta. Historiador e eurodeputado, cabeça de lista do partido Livre às eleições europeias
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE