Índia: o maior desconsolo do mundo
No mais populoso país do mundo, lugar de soberbas civilizações antigas e pátria de Gandhi, o fascismo prepara-se para sacrificar as pessoas e a riqueza ambiental de uma vasta porção do planeta no altar do progresso e do capitalismo. (...)

Índia: o maior desconsolo do mundo
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 1.0
DATA: 2014-05-20 | Jornal Público
SUMÁRIO: No mais populoso país do mundo, lugar de soberbas civilizações antigas e pátria de Gandhi, o fascismo prepara-se para sacrificar as pessoas e a riqueza ambiental de uma vasta porção do planeta no altar do progresso e do capitalismo.
TEXTO: Narendra Modi conquistou o voto de uma parte significativa da população votante da Índia, mas não da maioria: o seu partido, o BJP, não chegou aos 40% dos votos. O sistema eleitoral (vigente em muitos dos países federais, como é o caso da Índia) bastou-lhe, no entanto, para ter a maioria absoluta na câmara baixa do Parlamento. Mas, maioritário ou não em números absolutos, Modi cavalgou de facto um maremoto político e social. Votaram nele as pessoas ricas, semi-ricas e pobres do Norte e centro da Índia (Modi perdeu em todo o Leste e no Sul), essencialmente hindus, mas também muitos muçulmanos e muitos cristãos. Centenas de milhões de indianos querem o progresso, sonham em ascender à classe média e é por isso que votaram em Modi. No subconsciente de todos está a China, o país que odeiam e simultaneamente invejam, ou os Estados do Golfo, onde trabalham mais de quatro milhões de emigrantes indianos. Mas não me interessa aqui discutir por que sucedeu isto. Interessa-me antes averiguar das possíveis consequências da vitória de Modi para a Índia, a Ásia e o planeta. Modi pertence à cúpula dirigente do RSS, que, com outras organizações legais e semilegais, civis e paramilitares, constitui aquilo que venho designando como "fascismo confessional" (a designação "fascista” não incomoda nada os militantes mais ferozes do RSS, antes pelo contrário, embora prefiram “nazi”. Mein Kampf continua hoje a ser um best-seller na Índia). O fascismo confessional domina, por exemplo, a maioria dos países da península arábica ou caracteriza a Irmandade Muçulmana egípcia e outras organizações congéneres e tem como aspectos principais a violência e o terror organizados postos ao serviço dos ricos e poderosos, e uma ideologia religiosa tão gritante que faz com que observadores ingénuos ou mal-intencionados só ouçam a religião e esqueçam a política. O RSS foi fundado por inspiração no nazismo alemão e a sua ideologia movia o homem que em 1948 matou Gandhi a quem o RSS acusava de ser brando em relação aos muçulmanos (isto, depois dos horrorosos massacres da Divisão entre a Índia e o Paquistão). O RSS, bem como muitas outras organizações que dele emanam, baseia-se numa interpretação historicamente falsificada do hinduísmo das castas altas do Norte da Índia. O inimigo n. º1 são os muçulmanos, 15% da população da Índia, 275 milhões de pessoas. Narendra Modi é um dirigente do RSS. Está embrenhado nas suas malhas desde o início. Foi com o estímulo do RSS que, em 2002, ficou impassível perante o massacre de milhares de pessoas no estado que governava e ainda governa, o Guzarate, seu estado natal, um crime no qual o envolvimento de Modi está mais do que demonstrado (ao contrário do que clamam os seus amigos nocentes e inocentes), a tal ponto que os Estados Unidos e a União Europeia declararam o homem persona non grata durante uma década (sim, esse homem, a quem Obama vai receber na Casa Branca e que percorrerá também, sem dúvida, todas as passadeiras vermelhas da União Europeia). Com Modi, temos hoje um fascista e um partido fascista a governarem a mais populosa nação do mundo. É muito difícil manifestar qualquer optimismo perante um cenário destes. E, no entanto, aqui no Ocidente há muita gente que saltita de felicidade: os representantes e os membros dos think tanks do grande capital. Esperam de Modi aquilo que Modi sem dúvida lhes dará: a porta escancarada para a extracção da imensa riqueza potencial da Índia. E esperam também que, uma vez no poder, se esqueça da agenda dos seus apoiantes mais organizados e militantes, os fascistas, e, civilizadamente, amoleça. Não creio que o RSS, que mexe os cordelinhos de Modi, lhe permita tal amolecimento (nunca a perdoou a anteriores governantes do BJP, como Advani ou Vajpayee, no final dos anos de 1990). Receio antes que as exigências imediatas dos militantes fascistas possam triunfar sobre o “bom senso” do capitalista indiano e internacional. Algumas dessas exigências, agora manifestadas em altos berros na rua, são potencialmente explosivas não só para a Índia, como para toda a Ásia do Sul: trata-se de construir o templo hindu dedicado a Rama sobre as ruínas da mesquita de Ayodhya, destruída pelos próprios fascistas em 1990 e que o Congresso manteve como sítio de acesso interdito para não deixar alastrar mais o conflito inter-religioso; trata-se ainda de redefinir as fronteiras da Índia com o Paquistão a norte (nos estados de Jammu e Caxemira) e de adoptar um código civil pan-indiano (na Índia, só Goa, por herança portuguesa, tem um código civil, aliás excelente) que obrigue os cidadãos de todas as religiões a aguentar as leis ditadas pela maioria do Legislativo – quer dizer, os hindus de castas altas do Norte e centro da Índia.
REFERÊNCIAS:
Religiões Hinduísmo
Algarve pretende criar rede regional de autocaravanismo
Em Portimão há um parque de caravanismo clandestino, em espaço privado, que a câmara rejeita. E, em Silves, há espaço publico onde município defende os autocaravanistas, mas a GNR não aceita. (...)

Algarve pretende criar rede regional de autocaravanismo
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-05-20 | Jornal Público
SUMÁRIO: Em Portimão há um parque de caravanismo clandestino, em espaço privado, que a câmara rejeita. E, em Silves, há espaço publico onde município defende os autocaravanistas, mas a GNR não aceita.
TEXTO: O turismo algarvio gira sobre rodas, passando ao lado dos empreendimentos turísticos quase vazios à espera que chegue o mês de Agosto. O caravanismo está em alta. No primeiro trimestre deste ano, nas doze áreas de acolhimento referenciadas pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) foram registados 10. 384 veículos, contra 7272 no mesmo período do ano anterior. Porém, há mais sete estações de serviço à espera de serem licenciadas, funcionando na clandestinidade. O autocaravanismo, segunda a CCDR, pode ser uma actividade complementar ao campismo, mas falta regulamentação municipal. O presidente da CCDR, David Santos, reuniu anteontem com autarcas e técnicos municipais com o objectivo de tentar avançar na elaboração de regulamentos municipas sobre o autocaravanismo que contenham princípios comuns aos 16 municípios. Já leva seis anos de trabalho o documento que a CCDR, em colaboração com a Comunidade Intermunicipal do Algarve – Amal, elaboraram para servir de base para um decisão politica que ainda não foi tomada. Na última reunião da Amal, a presidente da Câmara de Portimão, Isilda Gomes, denunciou que existia no concelho um parque de caravanismo, clandestino, funcionando “à margem de todas as regras, sem quaisquer condições”. Quando foi pedido à PSP para actuar, informou a autarca, “negaram, alegando que o terreno (parque de caravanas e automóveis) era propriedade privada”. Em Silves, deu-se a situação oposta. Contra a vontade da câmara, a GNR, durante um fim-de-semana no final do mês de Fevereiro, correu com todos os autocaravanistas, parqueados no jardim público, junto às piscinas municipais. “Os caravanistas dinamizam e impulsionam o comércio local”, disse a presidente da Câmara, Rosa Palma, adiantando que estava a trabalhar no sentido de encontrar uma alternativa. Alberto Fernandes, natural de Braga era, ontem, um dos 25 caravanistas, a maioria com veículos de matrícula francesa, parqueados no espaço público, junto ao rio Arade, em Silves. “Temos aqui todas as condições, o espaço está limpo, não vejo razão para não nos quererem aqui”, disse. Um pouco mais à frente existe um parque de autocaravanas, privado, mas quase vazio – apenas com três autocaravanas. A diária nesse parque privado custa 4, 5 euros, subindo para 6, 5 se o utente pretender ligação à rede eléctrica. A este valor acresce dois euros para despejo das águas residuais e reposição do depósito de 110 litros de água. No parque da marina de Portimão, onde esteve Alberto Fernandes antes de se deslocar para Silves, o parqueamento fica-se pelos 2, 5 euros/dia e o porteiro ao lado de uma placa a assinalar “propriedade privada” informa: “Se quiser, passo recibo”. O espaço tem capacidade para mais de duas centenas de veículos e não lhe falta clientela. O terreno é, actualmente, propriedade do Banco Espírito Santo (BES) após a falência da firma de construção que ali pretendia erguer um empreendimento. A autarca, Isilda Gomes, lembrou na reunião da Amal que a meia dúzia de quilómetros de distância, no Alvor, se encontra um parque de caravanismo, “com todas as condições, mas vazio”. Alberto Fernandes, ex-emigrante em França, reformado, diz que não troca a sua “casa de férias” com rodas por nenhum hotel. “Circulo à vontade, só venho para o Algarve no Verão, quando há gente por todo o lado”. O seu “vizinho” do lado, Gastineau, técnico de telecomunicações, aposentado, não poupa elogios ao local. “Silves é encantador, adorei conhecer o castelo, as pessoas são muito amáveis e não vou esquecer o prato de bacalhau que comi aqui, num simpático restaurante”. É a primeira vez que visita o Algarve e chegou até esta cidade histórica, diz, “através da recomendação de outros autocaravanistas". "Amanhã [hoje] vou para Sagres”, adianta. A câmara de Castro Marim, no nordeste algarvio, também manifestou à CCDR a vontade de criar três áreas de acolhimento para autocaranavas. O objectivo é levar, através da itinerância turística, os visitantes até à descoberta do interior da região. “Mas, por favor, não nos empurrem, vamos de livre vontade”, avisa Alberto Fernandes, que, no entanto, lamenta casos como o que se passou com a GNR que expulsou os caravanistas em Silves alegando ter recebido “diversas denúncias da população” contra o lixo no espaço público. De acordo com a legislação em vigor, as autocaravanas, se ocuparem mais do que o espaço do tamanho do veiculo, podem estar paradas, no mesmo sitio, durante 72 horas. Ao fim desse tempo, se derem uma volta e regressarem ao mesmo local, tudo volta ao príncipio.
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE
Achados arqueológicos de Belinho vão ficar em Esposende, onde serão estudados e expostos
Câmara montou projecto internacional para estudar peças de dois naufrágios e pretende agraciar os cidadãos que descobriram os achados. (...)

Achados arqueológicos de Belinho vão ficar em Esposende, onde serão estudados e expostos
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-05-21 | Jornal Público
SUMÁRIO: Câmara montou projecto internacional para estudar peças de dois naufrágios e pretende agraciar os cidadãos que descobriram os achados.
TEXTO: O escultor João Sá tem no atelier uma peça na qual incluiu um objecto redondo, cravado de seixos, que apanhou no mar, nos seus habituais mergulhos na costa de Esposende. Este Inverno, nos dias que se seguiram à tempestade Hércules, em passeios pela restinga da praia de Belinho, no norte do concelho, com o filho Alexandre, o irmão Emanuel e um cunhado, Luís Miguel Calheiros, começaram a ver mais peças como aquela, bem como bocados de madeira de um barco e objectos em metal. Alertaram o município e o Centro Nacional de arqueologia Náutica e Subaquática (CNAS), num gesto que acabaria por se mostrar crucial para o salvamento dos achados de, percebeu-se depois, dois naufrágios: o de um navio holandês do século XV ou XVI e de um outro romano, do século I. João Sá ficou a saber, entretanto, que o que tinha lá em casa era uma bala de canhão de pequeno calibre. E até admite que gostaria de ver a sua peça escultórica, onde a utilizou, exposta lado a lado com os muitos achados - carga e pedaços de madeira - que ajudou a recuperar, e que estão a ser salvaguardados e estudados por uma equipa grande, e multidisciplinar, ancorada nas arqueólogos do município Ana Paula Brochado de Almeida, Ivone Magalhães e Rui Cavalheiro. O presidente da câmara, Benjamim Pereira, assumiu esta quarta-feira que esta equipa foi essencial para o sensibilizar para a importância dos despojos arrojados pelo mar e para a montagem do projecto, de âmbito internacional, que nos próximos anos vai estudar e valorizar este espólio. Para o qual a autarquia pretende construir um espaço, revelou o autarca. Benjamim Pereira quer também agraciar os quatro achadores, três dos quais emigraram para França, à procura de melhor vida, e não assistiram à apresentação dos achados. A sua atitude foi também elogiada pelo representante da Direcção Regional de Cultura do Norte, Miguel Rodrigues, que lembrou que a preservação do património é também responsabilidade dos cidadãos. Perante os riscos de pilhagens, as pessoas envolvidos no resgate das peças foram mantendo segredo das suas actividades, mas localmente a notícia circulou, acrescentada, como e óbvio, de alguma fantasia. Correu o boato de que fora achado ouro e prata. Nada disso. Mas nem por isso os especialistas consideram pouco importante o latão e o estanho dos pratos de esmolas e das baixelas trazidas do Norte da Europa, ou a frágil cerâmica romana que, como o PÚBLICO adiantou esta terça-feira, fazem nova luz sobre a importância do Atlântico nas rotas comerciais do mundo romano. “Foi muito bom ver a história passar pelas minhas mãos. Imaginar através daqueles objectos a vida dos tripulantes dos navios. É um pedaço de história adormecida que a natureza fez despertar. Vale muito mais do que ouro ou prata”, nota o escultor. Ivone Magalhães, que tem agora nas mãos trabalho para “uma década”, tendo em conta o que ainda haverá para descobrir e tudo o que antes havia sido achado de um naufrágio romano numa zona mais a sul, em Marinhas, não continha os sorrisos. O concelho de Esposende, que há 30 anos vem valorizando o espólio arqueológico do Castro de São Lourenço, vê-se agora com uma riqueza retirada do mar que, para o presidente da câmara, o podem catapultar como destino de eleição para quem viaja à procura de natureza e cultura. Ao longo dos próximos meses, a equipa vai realizar um conjunto de encontros, com outras instituições, para alertar para a importância destes achados. Mas a primeira iniciativa decorrerá em Belinho, para sensibilizar a população local e pedir a colaboração dos cidadãos na salvaguarda de outras peças que possam surgir naqueles quilómetros de praias. No próximo ano, em Maio, será organizado um evento público em que serão divulgados os primeiros dados que os estudos sobre o material recolhido deverão revelar. Rede internacional vai estudar achadosA Câmara de Esposende montou uma rede de instituições e investigadores para, nos próximos anos, estudar os vários sítios arqueológicos já detectados na costa do concelho. Ao Museu D. Diogo de Sousa, de Braga, ao Museu Marítimo de Esposende e aos Gabinetes de Arqueologia das autarquias de Esposende e de Vila do Conde juntam-se nomes como os dos professores de arqueologia Carlos Brochado de Almeida e Rui Morais e da geóloga Helena Granja. Face à importância dos achados, foram já feitos contactos com instituições estrangeiras e este grupo foi alargado a mais investigadores, como o arqueólogo francês Jean-Yves Blot e ainda a um desenhador naval de Vila do Conde, José António Samuel, estudioso da construção naval quinhentista, entre outros. “Queremos trabalhar em rede com os nossos vizinhos, assinalou o presidente da câmara, referindo que “o tempo do cada um por si” já acabou.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave cultura filho
Portugal recupera três lugares em índice mundial da competitividade
Pela primeira vez desde 2010, país consegue recuperar posições. Está em 43.º numa lista de 60 economias, mas ainda longe da 37.ª que ocupava há quatro anos. (...)

Portugal recupera três lugares em índice mundial da competitividade
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-05-22 | Jornal Público
SUMÁRIO: Pela primeira vez desde 2010, país consegue recuperar posições. Está em 43.º numa lista de 60 economias, mas ainda longe da 37.ª que ocupava há quatro anos.
TEXTO: Portugal recuperou três posições no Ranking da Competitividade Global de 2014 elaborado pela escola de negócios IMD, passando do 46. º para o 43. º lugar entre 60 economias analisadas. Esta é a primeira evolução positiva registada desde 2010, mas ainda está longe da 37. ª posição que ocupava nessa altura. Este ranking é elaborado todos os anos pela instituição de ensino suíça e também analisa a percepção global sobre cada país e a sua capacidade para atrair investimento. Os Estados Unidos ocupam o primeiro lugar (tal como em 2013) e são seguidos de perto pela Suíça, Singapura, Hong Kong, Suécia e Alemanha. O top 10 não registou grandes alterações em comparação com o ano passado. O IMD refere que “pequenas economias como a Suíça, Singapura e Hong Kong continuam a prosperar graças às exportações, eficiência económica e inovação”. À semelhança do que sucedeu em Portugal, outros países europeus conseguiram melhorar o seu desempenho face a 2013. A Dinamarca entrou para o top 10 (em 9. º) e a Alemanha progrediu três posições (6º). Entre as que o IMD refere como “economias periféricas” e que conseguiram subir lugares, estão também a Irlanda e Espanha. Pelo contrário, Itália (46. ª) e Grécia (57. º) desceram no ranking. Na lista que avalia a imagem do país no exterior, percepção obtida através de um inquérito feito a 4300 gestores de todo o mundo, a pontuação atribuída a Portugal é de 4, 85 pontos em dez. Está na 47. ª posição nesta tabela, que é liderada por Singapura, Alemanha e Irlanda, locais onde os executivos são mais optimistas em relação à reputação internacional do seu país. Ao mesmo tempo, Estados Unidos, França, Taiwan e Polónia, são mais pessimistas. O IMD sugere que, em relação aos EUA, os resultados “podem reflectir as consequências dos conflitos internacionais em que se encontram evolvidos e da matriz decorrente da sua situação política interna”. Quanto a França, a reputação “continua condicionada pelo lento processo de reformas e pela atitude negativa do país perante o processo de globalização”. Desafio para 2014: reduzir burocraciaA escola de gestão suíça identifica cinco principais desafios que Portugal terá de enfrentar este ano. O primeiro é a redução da burocracia, que está a “atrasar o investimento privado”, segue-se a necessidade de atrair investimento estrangeiro, a implementação de uma reforma no sistema de justiça, a manutenção da redução do défice público e a garantia de estabilidade nas medidas fiscais aplicadas às empresas. Portugal tem perdido terreno neste ranking desde 2011, ano em que foi assinado o memorando de entendimento com o Fundo Monetário Internacional, a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu. Na edição de 2014, conseguiu recuperar pontos e melhorou em indicadores como a conta corrente, o crescimento real do PIB per capita, a inflação, ou os dias necessários para a criação de uma nova empresa. No lado oposto, com quedas nos resultados, está a estabilidade da taxa de câmbio, as taxas de juro a curto prazo, a investimento directo estrageiro e o desemprego de longa duração. No inquérito feito aos executivos, foi pedido que identificassem os factores de atractividade mais importantes para a sua economia. A percentagem mais elevada de respostas foi registada na “fiabilidade das infra-estruturas” (77, 3%), nos custos competitivos (60, 6%), numa força laboral qualificada (56, 1%), num bom ambiente para as empresas (47%) e numa “atitude aberta e positiva” (43, 9%). Analisando os indicadores que serviram de base à elaboração do ranking, Portugal obtém as melhores pontuações na balança comercial dos serviços em percentagem do PIB (ocupa a 8. ª posição entre os 60 países analisados), o crescimento das exportações de bens (7. º lugar), o crescimento das importações (3. º), no número de dias necessário para abrir uma empresa (2. º) ou procedimentos para criar uma start-up (4. º) ou nas leis da imigração (que não impedem as empresas de empregar trabalhadores estrangeiros), 2. ª posição. Para elaborar o ranking, a IMD utilizou cerca de 300 critérios, dois terços dos quais baseados em dados estatísticos. O restante foi obtido a partir do inquérito aos gestores.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
A incógnita da abstenção domina eleições portuguesas para o Parlamento Europeu
As urnas estão abertas hoje para a eleição dos deputados ao Parlamento Europeu. Os níveis de participação dos eleitores em Portugal é uma das principais expectativas. (...)

A incógnita da abstenção domina eleições portuguesas para o Parlamento Europeu
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento -0.05
DATA: 2014-05-25 | Jornal Público
SUMÁRIO: As urnas estão abertas hoje para a eleição dos deputados ao Parlamento Europeu. Os níveis de participação dos eleitores em Portugal é uma das principais expectativas.
TEXTO: O apelo do Presidente da República, através das televisões, a que os portugueses não deixem de se pronunciar sobre a escolha dos seus representantes no Parlamento Europeu foi uma tentativa de prevenção de que haja uma elevada abstenção nas europeias que este domingo se realizam. Isto tendo em conta o histórico da abstenção nestas eleições, que atinge percentagens de mais de cinquenta por cento, com o recorde de 64, 46%, nas europeias de 1994, mas que há cinco anos atingiu 63, 22%. É imprevisível o que pode acontecer hoje em termos de participação eleitoral dos cidadãos. O facto de serem eleições para uma instituição distante e supranacional, num momento de crise financeira e ao fim de três anos de intervenção directa de instituições europeias, depois de uma campanha em que mal se discutiram os assuntos europeus, são algumas das razões que criam a expectativa de que a abstenção aumente. Essa é a opinião dos especialistas que tem estudado a abstenção e os comportamentos eleitorais ouvidos pelo PÚBLICO, André Freire, Fernando Farelo Lopes, José Manuel Leite Viegas e Pedro Magalhães. Pedro Magalhães, sociólogo investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e responsável pela base de dados Prodata da Fundação Francisco Manuel dos Santos, é dessa opinião e explica que o tipo de eleições acentua a falta de interesse dos eleitores. “A percepção dos eleitores é a de que conta pouco a sua decisão de voto e a relação com os órgãos que decidem sobre a União Europeia”, sustenta, acrescentando que, “das eleições nacionais resulta um Governo ou um Parlamento, nas europeias do ponto de vista do eleitor não é evidente a relação”. O sociólogo considera que, à partida, “nestas eleições em concreto há mais dois factores que poderiam fazer com que cidadãos votassem mais”. Por um lado, disputa-se “a eleição do presidente da Comissão Europeia que tem dois candidatos assumidos”. Por outro lado, “são as eleições sobre temas europeus, em que estes temas como o euro surgem como assuntos de política doméstica”. Mas acrescenta que na prática “a presença dos candidatos à presidência da Comissão Europeia tem sido reduzida” e “na campanha portuguesa os temas europeus, que deviam ser domésticos, não existem”, já que “o PS apresenta um programa de Governo e a coligação fala de José Sócrates”, por exemplo, “a discussão sobre o tratado orçamental que Portugal assinou não é feita, ninguém fala nisso”. O peso dos emigrantesO investigador considera assim que não há “nenhuma razão para que a abstenção diminua”. E sublinha que existem “ factores que podem influenciar” o aumento: “Os cadernos eleitorais contêm cidadãos que se encontram fora e ainda estão recenseados no local onde já não vivem, são pessoas que não estão em situação de votar. ” E considera que o crescimento da emigração nos últimos anos, “faz com que essa abstenção técnica possa aumentar”. Também José Manuel Leite Viegas, sociólogo investigador do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia, partilha a ideia de que “o aumento dos emigrantes é claro que afecta” mas adverte que esta questão “tem que ser analisada para perceber em que percentagem afecta a abstenção”. Leite Viegas insiste na ideia de que é do domínio comum que as europeias “têm maior abstenção”. E questiona-se: “Será ainda maior agora?” Para admitir que “a hipótese é essa, embora haja razões para o contrário”, já que, “nas últimas eleições tem havido consenso sobre temas europeus, isso não era mobilizador, agora há polarização em relação ao euro e à dívida, por exemplo”. E salienta que “os níveis de confiança na União Europeia baixaram na Europa e em Portugal”, já que “as pessoas pensam: eu confiei, as expectativas não vão no sentido da minha confiança, viro costas”. Já Fernando Farelo Lopes reafirma a ideia de que “a abstenção nas europeias é um fenómeno estrutural, mantem-se elevada sem grande variação”, uma comportamento que “tem a ver com o facto de as instituições europeias se encontrarem distantes dos cidadãos de cada Estado”. Uma das razões pelas quais, “em Portugal e não só, muitas vezes as campanhas eleitorais acabam por redundar em campanhas para as próximas legislativas”. Isto porque, “a população não está motivada ouvir questões europeias e os partidos do arco do poder não têm diferenças entre si. ”Mas Farelo Lopes lembra ainda que “a crise trouxe a desistência, o conformismo, em Portugal a presença da troika leva a que abstenção seja maior”. Já André Freire, sociólogo investigador do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia, admite que esse possa ser o resultado da política de austeridade, mas considera tal atitude eleitoral “paradoxal num momento tão grave, os cidadãos não expressarem o seu sentir. ”
REFERÊNCIAS:
Partidos PS
Diversidade e potência dos populismos
Estas eleições foram as primeiras em que a temática europeia esteve em grande plano — exactamente graças aos eurocépticos. (...)

Diversidade e potência dos populismos
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-05-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: Estas eleições foram as primeiras em que a temática europeia esteve em grande plano — exactamente graças aos eurocépticos.
TEXTO: As eleições europeias foram dominadas pelo "terramoto" francês. A vitória de Marine Le Pen não foi surpresa: estava anunciada há meses. Inimaginável é a humilhação do Partido Socialista que não sabe onde foram parar os eleitores da esquerda. Salva-se o Partido Democrático, de Matteo Renzi, que obteve uma clara vitória embora as projecções divirjam quanto à sua dimensão. Na Grã-Bretanha, o UKIP aumenta a pressão sobre Cameron para acelerar o referendo sobre a União Europeia. A vitória dos populistas na Dinamarca terá efeitos menores: mostra, no entanto, que o "populismo dos ricos" continua bem vivo. Estas eleições foram largamente marcadas pelas agendas políticas nacionais mas foram também as primeiras em que a temática europeia esteve em grande plano — exactamente graças aos eurocépticos. Populismos e EuropaO voto populista não é um fenómeno novo. Aquilo que se designa por populismo é uma nebulosa de correntes e ideologias diferentes e, por vezes, apenas um estilo próprio de fazer política. Há nacionalistas de extrema-direita que querem restabelecer a soberania do Estado-nação (caso francês), há "eurófobos" liberais que querem simplesmente romper com a UE (caso britânico), há populistas "hiperdemocráticos" que visam abater o sistema e a "casta política (caso italiano) ou populismos neo-fascistas (casos da Grécia ou da Hungria). O populismo não é apenas alimentado pela crise económica e pelo desemprego mas também pelo "medo dos ricos" que defendem ciosamente o seu modelo contra tudo que é "estrangeiro"— poder-se-ia falar até num "protecionismo do Estado Providência" reservado aos nacionais. Em países que não pertencem à UE, como a Noruega ou a Suíça, mostram grande capacidade de mobilização. Não é necessariamente a UE que os cria: a sua grande mola foi e é a globalização. O que parece novo é a sua capacidade de federar os descontentamentos e frustrações sociais e políticas. Articulam um contra-programa político em torno de temas como a imigração, a islamofobia, o proteccionismo, a denúncia das elites e da política tradicional. À primeira vista, formam um conglomerado disperso e contraditório. Esta ideia é ao mesmo tempo verdadeira e ilusória: os populistas dispõem hoje de um cimento que potencia a sua capacidade de dano. É o anti-europeísmo, a denúncia do "monstro de Bruxelas" e o combate contra o euro. "Transformar as próximas eleições europeias num triunfo eleitoral contra Bruxelas", proclamava o eurocéptico holandês Geert Wilders. Alguns efeitosDeste ponto de vista, a leitura dos resultados é ambivalente. A generalização dos populismos corre o risco de levar os governos a aceitarem os seus argumentos e a reduzir o seu compromisso europeu. Pode também, inversamente, suscitar uma mobilização pró-europeia. O "choque Le Pen", pela sua potência, poderá ter efeitos imprevistos. A crise europeia não é apenas económica mas também política e de legitimidade, escreve o espanhol José Ignacio Torreblanca. "Abriu uma brecha no interior da UE, entre elites e cidadãos, entre credores e devedores. " Está a provocar a erosão da democracia representativa. Generaliza-se a noção da mediocridade e falta de horizonte da política. Um outro efeito a nível nacional é a decomposição de alguns sistemas bipartidários. A bipolarização que dominou a V República francesa está a desmoronar-se. Na Itália, Grillo continua tentar travar a recomposição do bipartidarismo, já que Berlusconi está em queda livre. Na Espanha, é também patente o seu desgaste. Também o UKIP pode alterar o quadro partidário britânico. Os europeístas estão hoje numa posição defensiva, exactamente ao contrário da euforia dos anos 1980-90. A iniciativa pertence aos populistas. "Eles dão o tom à política na Europa", resume o francês Dominique Reynié. "Os populistas aparecem como a única política forte. Propõem um discurso fundado num recuo identitário e na busca duma soberania a reencontrar num mundo cada vez menos ocidental. Perante este discurso simplista, os governos limitam-se a propor uma redistribuição dos recursos. " Disse alguém que os partidos de extrema-direita, que não têm os contrangimentos de governar, "são os últimos a vender sonhos".
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Partidos LIVRE
“Estar na Europa nestas condições é uma prisão”
Boaventura de Sousa Santos, director do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, constata que a Europa da coesão social acabou e que a troika despromoveu Portugal, acentuando-lhe o estatuto de país semi-periférico. (...)

“Estar na Europa nestas condições é uma prisão”
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-05-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: Boaventura de Sousa Santos, director do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, constata que a Europa da coesão social acabou e que a troika despromoveu Portugal, acentuando-lhe o estatuto de país semi-periférico.
TEXTO: O sociólogo de Coimbra avisa que, dentro de cinco anos, poderemos ter uma sociedade irreconhecível. E acusa o Governo de apresentar opções políticas como fatalidades. Três anos de austeridade, de cortes. Como será o país no pós-troika?Portugal carrega a condição de semi-periférico no contexto europeu há vários séculos. O pós-troika vem mostrar que esta condição vai durar muito mais tempo e que o objectivo que se pretendeu com a integração na União Europeia - tentar ver se Portugal saía desse estatuto – não foi possível. E a tentativa foi tão mal gerida que ficámos pior. Não ganhámos nada em termos da nossa posição no sistema mundial, não ganhámos nada com a integração na União Europeia e ficámos pior, porque perdemos os instrumentos que poderiam, de alguma maneira, provocar uma retoma significativa da nossa economia e da nossa sociedade. Portugal não é ainda um país subdesenvolvido, mas tem mais características de subdesenvolvido do que antes. Tínhamos passado a ser um país de imigrantes, voltámos a ser um país de emigrantes. Tínhamos direitos sociais no domínio do trabalho, velhice, educação e saúde, que têm sido precarizados de modo a que Portugal se pareça, cada vez mais, com um país subdesenvolvido ou do terceiro mundo. Este conceito de “pós-troika” precisava de uma análise semântica. O pós-troika foi criado por uma certa ideia nacionalista que existe no Governo, que foi amplificada simbolicamente como retoma da soberania nacional. Assim, quem não quer o pós-troika? Todos querem. O que não estão a ver é que a troika vai ficar, deixou tudo planeado. É um caminho sem retorno?Não é um caminho sem retorno. Portugal, com esta dívida, continua a divergir. O legado do pós-troika é amarrar-nos à despromoção no sistema mundial através do pagamento da dívida. Vamos entrar num Verão quente que nos vai levar a um esvaziamento total da democracia, com o empobrecimento generalizado dos portugueses. A democracia, sobretudo a que temos, está muito associada aos direitos sociais. Vamos perdê-los. O Estado Social tem os dias contados?Eles querem destruí-lo. Eles apresentam como fatalidade o que é uma opção política. Hoje está absolutamente provado que o Estado gasta mais nas PPP [Parcerias Público-Privadas]. O Estado vai pagar mais para caucionar a privatização de serviços públicos, em que, no fundo, tem de manter válvulas de segurança. Vai privatizar a água, mas, se as pessoas não pagarem a conta, deixa morrer as pessoas à sede? Não deixa. Este sistema de transferir as políticas sociais para o mercado é ideológico, mas não há nada que diga que o Estado Social tem os dias contados. Não pela natureza das coisas, pelas opções políticas que estão a ser tomadas. Faz sentido cortar apoios e, ao mesmo tempo, criar planos de emergência social?O Estado aparece, dessa forma, como sendo subsidiário em relação às forças do mercado. Nessa altura, muitas vezes, vai ser obrigado a pagar mais. É a grande ironia. Como já está a pagar mais nas PPP, uma ruína para o próprio Estado. Era muito mais barato manter os serviços públicos. Como daqui a uns anos, diremos que era muito mais barato ter mantido o Serviço Nacional de Saúde, ter mantido uma educação pública, e ter mantido uma Segurança Social pública. Neste momento, no campo democrático, não estou a ver, de uma maneira muito corajosa, uma alternativa que, em meu entender, teria de ser protagonizada pelo PS, eventualmente em aliança com partidos à sua esquerda. A coragem do PS foi sempre contra a esquerda e continua a ser. Como os ventos agora vêm da direita, não estou a ver a coragem. Pelo contrário, não está a ter coragem nenhuma. Não estou a ver que o PS, por exemplo, vá defender o sistema público de pensões que é de sua autoria. O modelo de coesão social da Europa acabou. É um sonho vazio. A troika sai, não há Europa da coesão social. Há uma Europa de concorrência entre Estados, mais desenvolvidos e menos desenvolvidos. Podemos falar de uma reorganização social depois da troika?Se o modelo que tem estado em vigor se mantiver, daqui a cinco anos esta sociedade será irreconhecível, face aos primeiros 40 anos da democracia. Será uma sociedade onde os modelos de convivência e sociabilidade, e até de subjectividade, se vão alterar muito. Os mecanismos que levaram a classe média a consolidar-se estão a ser erodidos. Essa classe média está a empobrecer e há naturalmente aqueles que nunca chegaram à classe média e que hoje estão mais abandonados do que nunca. Neste momento, quando vemos que há famílias em que os pais estão desempregados, os filhos estão desempregados e numa altura em que os mecanismos da sociedade providência – subsídios de desemprego, rendimento mínimo de inserção – já não estão aí. Ficam sujeitas à caridade pública, à filantropia, aos bancos alimentares. Essa será a tal sociedade irreconhecível daqui a cinco anos. Muito mais gente dependente dos bancos alimentares, de terem o sistema dos Estados Unidos de vouchers para comprarem produtos alimentares. É bem possível que esta distopia venha a ocorrer no nosso país. O problema é saber se os portugueses vão tolerar isso.
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Partidos PS
Frente Nacional conquista França com sentimento eurocéptico
O partido de Marine Le Pen teve 26%, e esmagou PS de François Hollande, que teve apenas 14%. (...)

Frente Nacional conquista França com sentimento eurocéptico
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-05-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: O partido de Marine Le Pen teve 26%, e esmagou PS de François Hollande, que teve apenas 14%.
TEXTO: O Partido Socialista francês recebeu a segunda bofetada dos eleitores em dois meses, e desta vez a UMP, o partido que agrupa a sensibilidade de centro-direita, não foi poupada na punição colectiva feita com a vitória dada pelos eleitores à Frente Nacional de Marine Le Pen, que obteve 26% e deixou o PS com uns meros 14%, um resultado tão baixo que faz história. Quem deu este resultado ao partido eurocéptico de Le Pen, que defende a saída de França da moeda única e da União Europeia, foram os franceses fartos das exigências de cortes e austeridade para cumprir o défice e dos sucessivos anúncios falhados do Presidente François Hollande de que a taxa de desemprego, que ronda os 10%, iria começar a descer. São eleitores que se deixam tentar por palavras de ordem como “sim à França, não a Bruxelas”. Como de costume, foi entre os jovens e os mais carenciados que a Frente Nacional (FN) teve melhores resultados: 30% dos votos de Marine Le Pen foram obtidos entre eleitores com menos de 35 anos. Pelo contrário, é a UMP, o partido de Nicolas Sarkozy, que teve 20, 6%, que atrai mais os eleitores com mais de 60 anos. Estes, aliás, fugiram de votar no PS. Só 15% lhe deram o seu voto, diz o Le Monde. A vitória de Marine Le Pen – que lhe deve permitir ter entre 23 e 25 eurodeputados – não se deve a um fenómeno localizado, mas a um crescimento eleitoral a nível nacional. Na região Noroeste, no entanto, o crescimento foi mais espectacular. O primeiro-ministro socialista, Manuel Valls, usou as palavras “sismo” e “choque” para descrever para falar sobre a vitória da FN – expressões que remetem para a noite eleitoral de 21 de Abril de 2002, que atormenta os socialistas como um pesadelo: aquela que o ex-primeiro-ministro Lionel Jospin não conseguiu passar à segunda volta com Jacques Chirac, ultrapassado pela votação em Jean-Marie Le Pen, pai de Marine Le Pen. Jean-Marie Le Pen, fundador da FN, não perdeu tempo em fazer uma exigência que o partido anti-imigração faz sempre que tem uma vitória eleitoral: "A Assembleia Nacional deve ser dissolvida", afirmou, e o primeiro-ministro "deve demitir-se". A sua filha, que hoje lidera o partido, ecoou-o. “Não se pode trair o povo impunemente, se não o nosso sistema não tem nada de democrático. ”Além disso, Marine Le Pen sublinhou o quanto os franceses estão fartos da Europa: “Senti o imenso desejo de liberdade do povo francês", declarou na televisão, recordando o “não” francês no referendo de 2005 sobre a Constituição europeia. Os jornais usam palavras como “tsunami”, “big bang”, ou “sismo” para falarem da vitória de Marine le Pen. No entanto, ela adivinhava-se, pelas sondagens, pela insatisfação dos franceses, e pela fraqueza não só dos socialistas do Governo como da UMP na oposição. Aliás, a fraqueza da UMP foi agravada pelo caso Bygmalion, em que o líder do partido, Jean-François Copé, é suspeito de ter favorecido a empresa de um amigo na atribuição de contratos pela UMP. Vários barões partido de centro-direita, que disputam a liderança, numa paz pobre, enviaram mensagens de aviso claro a CopéQuanto ao Presidente Hollande, reconheceu que estes resultados "são um aviso importante, que não deve ser ignorado". Mas o que fazer, não disse.
REFERÊNCIAS:
Partidos PS
UKIP leva 24 eurodeputados para Estrasburgo, trabalhistas ficam em segundo
Ninguém parou o UKIP de Farage. Partido eurocéptico venceu em metade das regiões eleitorais britânicas e ainda conseguiu eleger deputados na Escócia e em Gales. (...)

UKIP leva 24 eurodeputados para Estrasburgo, trabalhistas ficam em segundo
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-05-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: Ninguém parou o UKIP de Farage. Partido eurocéptico venceu em metade das regiões eleitorais britânicas e ainda conseguiu eleger deputados na Escócia e em Gales.
TEXTO: É preciso recuar mais de cem anos para assistira a algo assim na política britânica. O UKIP (Partido da Independência do Reino Unido) venceu as eleições europeias e os partidos tradicionais tentam gerir as diferentes derrotas. A contagem dos votos, concluída esta segunda-feira, confirmou a vitória do partido eurocéptico, que garante a eleição de 24 eurodeputados, mais 11 do que em 2009. Das 12 regiões eleitorais do Reino Unido, o UKIP venceu em seis e conseguiu até eleger eurodeputados na Escócia e no País de Gales. O Partido Trabalhista esteve numa luta taco a taco com os conservadores para alcançar o segundo lugar, valendo ao partido de Ed Miliband a vitória na capital. O maior partido da oposição assegurou 20 eleitos – ainda sem os votos na Irlanda do Norte –, mais um do que o Partido Conservador. No discurso da vitória, Nigel Farage, igual a ele próprio, disse que, “apesar da carga de abusos” cometidos sobre o seu partido durante a campanha, os britânicos votaram no UKIP. “O partido fez algo que não acontecia há cem anos e ganhámos umas eleições nacionais neste país e estou muito orgulhoso”, afirmou. A última vez que umas eleições nacionais no Reino Unido não foram ganhas por trabalhistas ou conservadores foi em 1910, com uma vitória dos liberais. Farage não perdeu a oportunidade para destacar os resultados em Gales, onde esteve muito de perto de ficar à frente dos trabalhistas, e na Escócia, onde a eleição de um eurodeputado é algo “que Alex Salmond [líder do Partido Nacional Escocês, principal defensor do referendo soberanista] não irá gostar de todo”. As maiores vítimas do “terramoto” eurocéptico foram os Liberais Democratas – actuais parceiros de coligação dos conservadores no poder –, que conseguiram eleger apenas um eurodeputado, perdendo dez em relação a 2009. Na iminência de uma derrota avassaladora nas eleições legislativas do próximo ano, acentuaram-se os clamores para que Nick Clegg se demita da liderança do LibDem. O partido está desavindo como em poucas ocasiões da sua história. Sandra Giley, uma ex-deputada liberal, personificou a facção que pede a cabeça de Clegg, ao dizer, num programa televisivo, que “a marca LibDem tornou-se tóxica”. Clegg afastou a possibilidade de se demitir, não vendo nessa hipótese qualquer ajuda ao seu partido. “Se pensasse que algo poderia ser resolvido mudando a liderança, a estratégia, a abordagem, saindo agora, mudando de direcção, então não hesitaria em fazê-lo”, disse numa entrevista no rescaldo da noite eleitoral. O crescimento do UKIP está em linha com a deriva europeia na direcção da direita e do populismo, no entender do líder dos liberais britânicos. O primeiro-ministro, David Cameron, atirou-se a Farage, considerando-o “um político consumado” em oposição à forma comum como o líder do UKIP se gosta de apresentar: “Um tipo normal que se encontra num pub. ”O líder dos trabalhistas, Ed Miliband, assegurou que, mesmo perante os resultados, o seu partido não vai mudar quanto à sua oposição ao referendo à permanência na União Europeia, que os conservadores prometem organizar, caso vençam as eleições legislativas de 2015. No entanto, começam a ouvir-se vozes discordantes no seio do partido que lidera a oposição. Graham Stringer, um deputado trabalhista, alertou que se o partido não se comprometesse com a consulta iria perder votos. O ex-primeiro-ministro trabalhista Tony Blair manifestou preocupação com a vitória do UKIP, mas sublinhou que a permanência do Reino Unido na UE não deve ser questionada. “Ter um debate dominado por sentimentos anti-imigração e pelo desejo de retirar a Grã-Bretanha da Europa não são soluções para o século XXI”, disse Blair.
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Entidades UE
“Vim porque o Jardel também veio, mas fomos os dois enganados”
O treinador português Paulo Morgado conta como foi parar ao futebol da Amazónia. Apesar da má experiência inicial, deve continuar no Brasil, onde há mais dinheiro e oportunidades do que em Portugal. (...)

“Vim porque o Jardel também veio, mas fomos os dois enganados”
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-05-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: O treinador português Paulo Morgado conta como foi parar ao futebol da Amazónia. Apesar da má experiência inicial, deve continuar no Brasil, onde há mais dinheiro e oportunidades do que em Portugal.
TEXTO: É certo que há treinadores portugueses espalhados um pouco por todo o mundo, mas é raro conseguirem entrar no mercado brasileiro. Paulo Morgado é uma das poucas excepções. Este lisboeta, de 39 anos, está em Manaus desde 2011: sentiu-se enganado à chegada, mas acabou por ficar e tem treinado várias equipas da Amazónia, num campeonato com pouca reputação mas onde se ganha tanto ou mais do que em clubes da I e II Ligas portuguesas. Encontrámos Paulo Morgado na nova Arena da Amazónia, onde Portugal defrontará os Estados Unidos, a 22 de Junho. A primeira pergunta era inevitável: como é que um treinador português vem parar à Amazónia? Paulo Morgado sorri, antes de responder que estava prestes a ir para Angola quando recebeu um convite de um empresário brasileiro, que comandava o Rio Negro, um dos clubes de Manaus. “Não recebi indicações muito boas daqui, mas nesse ano o clube contratou o Mário Jardel. Vim porque o Jardel também veio, mas fomos os dois enganados”, confessa o técnico português, que se deparou com um clube sem grandes condições e em que ficou quatro meses com salários em atraso. A má experiência no Rio Negro, no entanto, serviu de porta de entrada no Brasil, um mercado onde os mais experientes são os mais procurados e não há muitos lugares para estrangeiros. Paulo Morgado recebeu um convite do Fast, outro clube de Manaus, onde ficou duas épocas. Em 2013, mudou-se para o Manaus FC e subiu este novo clube à primeira divisão do campeonato estadual. Neste ano foi quinto classificado e agora tem dois convites de clubes amazonenses em carteira — só decidirá o futuro depois do Mundial. Viver em Manaus é lidar com o calor, com a humidade e também com a desorganização de um campeonato que tem muito por onde melhorar. “São clubes profissionais que trabalham como amadores”, diz Paulo Morgado, para quem não há cultura de trabalhar o futebol de formação, “os jogadores não respeitam os horários e os dirigentes são demasiado emocionais, chegando ao ponto de despedir treinadores no intervalo de um jogo”. Ao intervalo? “Sim, o futebol brasileiro tem muito de emoção e pouco de razão. Um técnico nunca sabe se estará empregado apenas duas semanas. ”Para o português, muitas destas dificuldades nascem da falta de formação dos treinadores. “A maior parte dos técnicos não tiram cursos há 15 ou 20 anos. E sem qualidade de treino não há qualidade de jogo. Os jogos aqui não têm muita qualidade, são anárquicos. Os sistema tácticos são ultrapassados. Ainda se usa muito o 3x5x2 e o chuto para a frente”, diz Morgado, confessando que o primeiro ano de treinador não foi nada fácil, porque os “jogadores demoram a adaptar-se” aos novos métodos. Estando o futebol amazonense ainda tão atrasado, o que faz alguém continuar em Manaus? O treinador responde como muitos outros emigrantes portugueses responderiam: não há oportunidades em Portugal e, financeiramente, é muito mais vantajoso estar no Brasil — além disso, tem uma filha de uma amazonense, o que também o faz pensar em continuar na região. “O campeonato estadual amazonense é comparável à II Liga portuguesa e a alguns clubes da I Divisão, porque aqui um jogador mediano ganha mais do que 2000 euros por mês. Um técnico ganha bem mais do que isso, com tudo pago, incluindo carro e casa”, explica Paulo Morgado, que iniciou a carreira aos 21 anos, tendo passado pelas camadas jovens do Belenenses e ainda pelo Atlético, Sintrense, Vitória do Pico e Odivelas. “Tenho 39 anos de idade e 18 anos de carreira. Sou muito jovem para a média no Brasil”, explica o treinador lisboeta, que abandonou a carreira de jogador por causa de uma lesão e se dedicou imediatamente ao treino — já tem o terceiro nível do curso da UEFA, o segundo mais alto. Cuidado com os mosquitosO treinador português vive há três anos e meio em Manaus, uma das 12 cidades brasileiras que vão receber o Mundial deste ano. Estará a capital da Amazónia preparada o desafio? “São só quatro jogos. Se houvesse seis ou sete, ia ser muito difícil, porque não há estrutura, nem ao nível de transportes, nem de hotéis”, responde Paulo Morgado, rebatendo, no entanto, a ideia criada em alguma imprensa inglesa de que ir a Manaus é como ir à selva: “Não há bichos no meio da cidade”, diz o português, sugerindo, por outro lado, uma visita à selva a quem vier assistir ao jogo de Portugal. A construção de um estádio de 40 mil lugares em Manaus é uma das maiores polémicas do Mundial no Brasil. Paulo Morgado diz que o “pós-Copa mostrará quem tem razão”, embora anteveja que as médias de público não passem das 2000 ou 3000 pessoas por jogo. “O novo estádio vai ajudar a evoluir o futebol amazonense, mas não era preciso um estádio deste tamanho. Qualquer estádio com dez mil lugares era suficiente”, argumenta o treinador português, acrescentando que teria feito muito mais sentido para “o futebol do Norte do Brasil se o estádio ficasse em Belém”, onde há clubes com mais tradição.
REFERÊNCIAS:
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