Derrota do Governo nas europeias "tem de ser clara", diz Seguro
Secretário-geral do PS foi a Amarante sublinhar que só os socialistas estão em condições de infligir essa derrota a "Pedro Passos Coelho e seus candidatos" e de provocar uma mudança de políticas na Europa e em Portugal. (...)

Derrota do Governo nas europeias "tem de ser clara", diz Seguro
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.100
DATA: 2014-05-11 | Jornal Público
SUMÁRIO: Secretário-geral do PS foi a Amarante sublinhar que só os socialistas estão em condições de infligir essa derrota a "Pedro Passos Coelho e seus candidatos" e de provocar uma mudança de políticas na Europa e em Portugal.
TEXTO: Perante cerca de 1200 comensais, o secretário-geral do PS, António José Seguro, defendeu neste domingo num almoço em Amarante – terra natal de Francisco Assis, o cabeça de lista do partido - que as eleições europeias de dia 25 devem dar resultar numa derrota clara do Governo. E até apelou ao voto útil, sublinhando que só o PS tem condições de derrotar a coligação PSD/CDS e protagonizar uma efectiva mudança de políticas. "Essa derrota do Governo tem de ser clara e só o PS - nenhum outro partido - pode estar em condições de infligir essa derrota. Por isso, todos aqueles que consideram que o país precisa de dizer ‘não’ a esta política de cortes cegos, de empobrecimento e de enganar os portugueses, dizendo uma coisa numa semana e fazendo outra na semana seguinte, todos os que querem uma mudança que coloque o país num horizonte de esperança, pois bem, têm que votar no PS”, proclamou António José Seguro, um dia depois de Mário Soares ter previsto que os socialistas vencerão as europeias de dia 25, mas “talvez não por muito”. O que para António José Seguro não poderia deixar de ser estranho, tendo em conta a forma como analisou a situação política actual: “Lembram-se de algum Governo que, por maiores que fossem as dificuldades, dissesse aos jovens que a saída era a emigração?”, introduziu o dirigente socialista, a iniciar uma longa série de interrogações. “Conhecem algum pensionista ou reformado”, “alguém da classe média”, “algum trabalhador do sector público ou do sector privado que tenha motivos para votar neste Governo?”, foi desfilando, criticando o executivo pelo corte de pensões, corte de metade do subsídio de Natal de 2011 “sem necessidade nenhuma”, alargamento do horário de trabalho. Seguro criticou também o Governo por algumas medidas que acabaram por não ser concretizadas, mas que foram dadas como iminentes, como a redução das indemnizações por despedimento ilegal ou o primeiro aumento preconizado da Taxa Social Única. Assim, para Seguro, a questão que se coloca aos eleitores no dia 25 até é “simples”: Quem considera, “como Pedro Passos Coelho e os seus candidatos”, que o país está melhor do que há três anos, deve votar “no Governo”. “Mas aqueles que consideram que, infelizmente, Portugal está pior e os portugueses estão mais pobres e que aumentaram as desigualdades, então só têm uma solução, que é votar no PS, o único partido que pode derrotar o Governo”. No plano europeu, e neste domingo em que - em entrevista ao PÚBLICO - Philippe Legrain, ex-conselheiro de Durão Barroso, afirma que o programa de ajuda financeira a Portugal e Grécia serviu sobretudo para resgatar os bancos alemães e franceses, António José Seguro declarou que "por mais importante que seja o sistema bancário europeu não é mais importante do que as pessoas" e que urge submeter as políticas europeias ao mesmo princípio. Seguro foi precedido no uso da palavra pelo líder da Federação do Porto do PS, José Luís Carneiro, pela mandatária distrital dos socialistas, a ex-deputada e vereadora da Câmara do Porto Manuela de Melo e pelo cabeça de lista dos socialistas ao Parlamento Europeu, Francisco Assis - um ex-rival interno a que o secretário-geral se referiu como “amigo” e “um dos melhores políticos portugueses da sua geração”. Assis, que também já se tinha referido a Seguro como "o próximo primeiro-ministro", elogiou o líder do partido por ter conseguido impor, no programa dos socialistas europeus, medidas acerca das quais chegou a estar "isolado". E comparou esta atitude de Seguro com a do Governo PSD/CDS e do seu cabeça de lista Paulo Rangel, que acusou de até concordar com a mutualização parcial da dívida dos países da zona euro e outras propostas do PS para logo opor que "não são exequíveis nesta altura, que não reúnem consenso" nesta altura. "A política não é uma espécie de registo notarial das dificuldades do presente", disse Assis, acrescentando que, se tivesse a mesma atitude que o Governo ou Rangel, Seguro não teria conseguido os compromissos que conseguiu dos socialistas europeus. Francisco Assis também acusou Paulo Rangel de preferir "fazer oposição a um Governo [do PS] que já não existe há três anos" a falar do presente, por não lhe convir. "É mais fácil tentar enganar as pessoas acerca do passado do que sobre o presente. Mas ele tem que explicar ao país por que o Governo optou por uma política económica errada que teve consequências tremendas do ponto de vista económico e social", atirou o cabeça de lista.
REFERÊNCIAS:
Famílias: da promessa "felizes para sempre" caiu o "para sempre"
Quase 15% das famílias são constituídas por um pai ou uma mãe sós. A ruptura conjugal é o principal factor que explica a monoparentalidade. (...)

Famílias: da promessa "felizes para sempre" caiu o "para sempre"
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.8
DATA: 2014-05-14 | Jornal Público
SUMÁRIO: Quase 15% das famílias são constituídas por um pai ou uma mãe sós. A ruptura conjugal é o principal factor que explica a monoparentalidade.
TEXTO: Recompostas, monoparentais, sem papel passado, voláteis, com filhos mas cada vez mais em versão mini: as famílias portuguesas são o espelho perfeito das mudanças registadas na sociedade portuguesa nas últimas décadas. Desde logo, porque o casal, apesar de continuar a ser a figura predominante de organização familiar, tem vindo a perder terreno para as famílias monoparentais. Em 2011, 14, 9% das famílias eram constituídas por pai ou mãe sós com filhos. Vinte anos antes, em 1991, havia apenas 9, 2% de famílias nesta situação. Os dados divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), a propósito do Dia Internacional da Família que se comemora amanhã, mostram ainda que, entre 1991 e 2011, a monoparentalidade por ruptura conjugal (divórcio ou separação) subiu de 21, 9 para 43, 4%. Algumas décadas antes, os núcleos monoparentais existiam também, mas decorriam sobretudo de situações de viuvez ou emigração de longo prazo. Não quer isto dizer que a família esteja em crise. Quer apenas dizer que na promessa do “felizes para sempre”, caiu o “para sempre”. “As pessoas continuam a considerar a família a primeira prioridade das suas vidas”, enfatiza a socióloga Anália Cardoso Torres, para quem “há até uma revalorização dos laços familiares”. Recuperando os dados do European Social Survey, cujos inquéritos se têm repetido de dois em dois anos, Anália Torres recorda que, na escala de prioridades dos inquiridos, surge a família em primeiro lugar, depois o lazer e depois o trabalho. “Primeiro vêm os afectos, depois o tempo para curtir esses afectos e só depois o trabalho, porque é preciso pagar isso tudo”, brinca a socióloga. Longe de considerar o crescente número de divórcios e separações como sinal de crise da família, a socióloga entende que aqueles representam quase sempre uma insistência na família enquanto lugar de afectos. “As pessoas não suportam que essa dimensão das suas vidas corra mal precisamente porque ela é central. E por isso é que os primeiros casamentos descem, dando lugar a outras formas de viver em conjugalidade, mas os segundos casamentos de divorciados tendem a aumentar”, sublinha. Efectivamente, os núcleos de casais reconstituídos (com pelo menos um filho não comum) representavam em 2011 6, 6% do total de casais com filhos. Dez anos antes, o seu peso era de 2, 7%, o que, segundo o próprio INE, “evidencia que a recomposição familiar após um divórcio ou separação se tornou uma prática mais comum nas famílias portuguesas”. Ainda sobre as famílias de pais ou mães sós, o INE mostra que as famílias de mães sós representam 86, 7% dos núcleos monoparentais. E, se estivermos a falar só dos núcleos monoparentais com filhos menores de 18 anos, a proporção dos núcleos femininos sobe para os 89, 2%. Quanto à dimensão institucional, aqui sim, pode-se dizer-se que a família se precarizou. Nos últimos 20 anos, o peso dos casais em união de facto quase quadruplicou. Passou de 3, 9%, em 1991, para 13, 3%, em 2011. Esta crescente informalização dos laços familiares acompanha quer as famílias sem filhos, quer as famílias com filhos. Sem surpresas, as famílias numerosas continuam a perder importância numérica. Em 2011, apenas 7, 4% das famílias tinham três ou mais filhos (eram 16, 8% em 1991). Em consonância, e sem surpresas também, numa altura em que a queda na natalidade se assumiu como emergência nacional, o número médio de filhos por mulher em idade fértil desceu para um mínimo histórico (1, 35 filhos em 2011 para 3, 2 filhos em 1960).
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Palavras-chave filho mulher social divórcio
Mundial no Qatar foi um “erro”, admite Blatter
Houve pressões alemãs e francesas para que o país do Golfo Pérsico fosse escolhido, disse o presidente da FIFA. (...)

Mundial no Qatar foi um “erro”, admite Blatter
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-05-16 | Jornal Público
SUMÁRIO: Houve pressões alemãs e francesas para que o país do Golfo Pérsico fosse escolhido, disse o presidente da FIFA.
TEXTO: Foi um “erro” atribuir ao Qatar a organização do Campeonato do Mundo de 2022, reconheceu ontem o presidente da FIFA, Joseph Blatter, por causa das altas temperaturas que se fazem sentir na região durante o Verão. A questão surgiu durante uma entrevista ao canal suíço RTS, em que o presidente do organismo que tutela o futebol a nível mundial respondeu “sim, claro que foi um erro”. “Vocês sabem, toda a gente comete erros na vida”, acrescentou Blatter. No país do Golfo Pérsico, as temperaturas durante o mês de Junho estão entre os 40 e os 50º Celsius, o que tem motivado muitas críticas desde que a decisão foi conhecida, em Dezembro de 2010. “O relatório técnico [da FIFA] indicava claramente que está muito calor durante o Verão, mas apesar disso, o Comité Executivo decidiu por uma larga maioria que a competição deveria ser organizada no Qatar”, disse Blatter, insistindo que o emirado não “comprou” a decisão. No entanto, o presidente da FIFA deu a entender terem existido pressões, nomeadamente das federações alemã e francesa para que o Mundial fosse atribuído ao país do Golfo. “Sabemos bem que as grandes empresas francesas e alemãs trabalham no Qatar, mas elas não trabalham apenas para o Mundial. O Mundial é apenas uma pequena parte do que se está a passar no Qatar. ”Paris e Berlim reagiram às declarações de Blatter, negando qualquer acusação de pressão sobre a FIFA. O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros francês, Romain Nadal, afirmou que as alegações de Blatter “não têm fundamento”. Do gabinete da chanceler alemã, Angela Merkel, foram recordadas as declarações de Novembro, em que se dizia que não houve, “em momento algum, uma recomendação a qualquer membro alemão do conselho executivo da FIFA” para escolher o Qatar. Em estudo está ainda a forma de contornar as temperaturas elevadas durante o Mundial do Qatar. Entre as soluções equacionadas está a possibilidade de realizar o torneio durante o Inverno. Por seu turno, o governo qatari já afirmou que os estádios serão todos climatizados para que o impacto do calor seja minimizado. Para além da questão climatérica, o Mundial do Qatar tem sido notícia pelas denúncias de abusos sobre os trabalhadores imigrantes envolvidos na construção dos estádios.
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Palavras-chave estudo
“Ao longo da nossa vida sofremos 30 a 40 perdas, só que não as identificamos como lutos"
No dia do arranque do congresso O Luto em Portugal, o seu promotor diz que até os académicos resistem a falar e investigar algo que remete para o sofrimento. Mas têm-se dado passos importantes, garante José Eduardo Rebelo. (...)

“Ao longo da nossa vida sofremos 30 a 40 perdas, só que não as identificamos como lutos"
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-05-16 | Jornal Público
SUMÁRIO: No dia do arranque do congresso O Luto em Portugal, o seu promotor diz que até os académicos resistem a falar e investigar algo que remete para o sofrimento. Mas têm-se dado passos importantes, garante José Eduardo Rebelo.
TEXTO: José Eduardo Rebelo é doutorado em Biologia e professor na Universidade de Aveiro. Há 20 anos, perdeu a mulher, que estava grávida, e duas filhas, num acidente de carro. Dez anos depois, decidiu fazer um mestrado em Psicologia. Mais tarde, fundou a Apelo, uma associação de apoio a pessoas em luto. E, posteriormente, a Sociedade Portuguesa de Estudo e Intervenção no Luto (SPEIL) que nesta sexta-feira e neste sábado promove o 3. º congresso O Luto em Portugal, em Aveiro. Ao PÚBLICO, Eduardo Rebelo, vice-presidente da SPEIL, fala de alguns dos temas que vão estar em cima da mesa, com investigadores portugueses e estrangeiros a apresentar trabalhos. Neste congresso vai falar-se de muitos tipo de luto: o luto pela perda de um filho, “o luto por perda de expectativas” quando nasce um filho deficiente, o luto por desvalorização social. . . Parecem coisas muito diferentes. O que é que estes lutos têm em comum?O luto pode ser definido de forma sintética como um processo de reacção a uma perda com um significado pessoal profundo. Quando falamos em luto, associamos à morte mas, na realidade, o conjunto de reacções vivenciadas face a diferentes tipos de perdas são muito semelhantes: a negação, a busca da pessoa ou da coisa perdida, a desorganização emocional, a reorganização emocional. Nos lutos causados pela separação da pessoa amada — e podemos considerar a morte, mas também um divórcio, a emigração — o processo de luto é a reacção a essa separação. Quando nasce um filho deficiente, ou no caso de um aborto, existe também esse tipo de reacção, existe um luto. Quando há a amputação de um membro, também. A pessoa tem necessidade de percorrer um caminho de superação. Quando existe uma desqualificação social. . . vocês jornalistas dão-nos muitas vezes conhecimento de situações como estas: “Professores em luto”, “Agricultores em luto”. É porque se sentem desqualificados, desvalorizados. . . Para haver luto não é preciso haver uma morte física. . . O luto é uma reacção a uma perda com um significado pessoal profundo. Uma perda. E essas perdas são tão diversas quanto as que mencionei. Está estudado que ao longo da nossa vida sofremos 30 a 40 perdas só que não as identificamos como lutos. Vivemos 30 a 40 lutos, 30 a 40 processos em que, em primeiro lugar, não acreditamos no que está a suceder, em segundo, andamos à procura do que perdemos e, depois, há um momento em que reconhecemos a perda, não há nada a fazer, e começamos a reorganizarmo-nos. Começamos a aprender a viver sem aquilo que considerávamos que era insubstituível ou que era muito importante na nossa vida. No congresso vamos abordar nove grandes temas associados a perdas com significado profundo. E um tema fundamental: “Quem apoia o luto. ” A SPEIL acredita dois cursos, um no Espaço do Luto [associação com sede em Aveiro], outro no Centro de Bioética da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. O primeiro para conselheiros de luto, o outro para terapeutas de luto. O que são os conselheiros?A maior parte dos lutos, 80 a 90% dos lutos, são lutos normais, mesmo sendo complicados, não são psicopatológicos, não são doentios. Mas são necessários técnicos para apoiar essas pessoas. Mesmo essas precisam de apoio?Precisam. Um exemplo: a perda de um filho. Quer o pai quer a mãe estão numa situação tal que não podem apoiar-se mutuamente e sabemos que à volta de 50% dos casais que perdem um filho ou que vêm nascer um filho deficiente acabam por se divorciar. Portanto, há aqui um problema: com quem é que estas pessoas conseguem partilhar as suas dores, o seu sofrimento? Esse apoio poderá ser dado por um conselheiro de luto, até que a pessoa encontre o seu caminho de superação, de forma autónoma. O que é que faz o conselheiro de luto?Não existia em Portugal. Isto basicamente partiu de mim. O conselheiro de luto gere grupos de partilha, nos quais se juntam pares. E os terapeutas do luto?Os conselheiros acompanham. Os terapeutas intervêm sobre a pessoa, o que tem de ser feito com supervisão psiquiátrica. Os cursos de terapeutas de luto destinam-se por isso a enfermeiros, médicos, psicólogos. . . A primeira edição teve boa adesão. Fala-se mais de morte e de luto hoje do que há dez anos quando criou a Apelo?A morte continua a ser um tabu e o luto está associado à morte. As pessoas continuam a tentar distanciar-se. E sentimos muito essa dificuldade. Uma das lutas que desenvolvemos é essa: contra o isolamento. Há quem diga que os próprios rituais fúnebres têm sofrido alterações, no sentido de escondermos mais a morte. . . Há 50 anos dizia-se que a morte era pública e o casamento era privado. Agora a morte é cada vez mais privada e o casamento cada vez mais público. As sociedades, quando tendem a ser mais hedonistas, mais vocacionadas para o prazer, tendem a esconder o que é sofrimento.
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Palavras-chave aborto morte filho mulher social estudo casamento luto divórcio
À procura do primeiro hat-trick
Bert Patenaude, avançado norte-americano, marcou três golos num só jogo durante o Mundial de 1930, mas a FIFA levou 76 anos a reconhecer este feito. (...)

À procura do primeiro hat-trick
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.25
DATA: 2014-05-17 | Jornal Público
SUMÁRIO: Bert Patenaude, avançado norte-americano, marcou três golos num só jogo durante o Mundial de 1930, mas a FIFA levou 76 anos a reconhecer este feito.
TEXTO: O futebol nos EUA tem um berço: Fall River, no estado de Massachusetts, cidade industrial da costa leste norte-americana que foi foco de muita imigração europeia no final do século XIX e início do século XX. O “foot-ball” chegou com os ingleses e os escoceses e desenvolveu-se quando chegaram os latinos, entre eles uma numerosa presença portuguesa. Foi de Fall River que saíram as primeiras lendas do soccer, uma dupla de avançados com sabor português formada por Adelino “Billy” Gonsalves (assim mesmo, com “s” em vez de “ç”), com raízes na Madeira, e Bert Patenaude, prolífico avançado que ficou na história do futebol mundial só depois da sua morte. Foi ele o autor do primeiro hat-trick em Campeonatos do Mundo, mas levou 75 anos a ser reconhecido como tal. Se, actualmente, é a Europa o continente mais representado no torneio, não era o caso no Mundial de 1930, realizado no Uruguai. Dos 13 participantes, sete eram da América do Sul, quatro da Europa e dois da América do Norte. Não houve qualificações. Todos os membros da FIFA foram convidados a participar, mas a geografia ditou as suas leis e, dois meses antes do início do torneio, ainda não havia selecções europeias inscritas. A intervenção de Jules Rimet, presidente da FIFA, não deixou que isto acontecesse. Todas fizeram a travessia do Atlântico para chegar à América do Sul, três delas (Roménia, França e Bélgica) a bordo do paquete italiano SS Conte Verde (com paragens em Lisboa e na Madeira), que apanhou, pelo caminho, a selecção brasileira, antes de chegar a Montevideu. A 13 de Julho, de 1930, um francês ganhou o seu lugar na história. Lucien Laurent, avançado do Sochaux, foi o primeiro marcador num Mundial, autor do primeiro golo do triunfo francês por 4-1 contra o México. Apesar desta demonstração goleadora, os franceses ficaram-se pela primeira fase. Os qualificados para as meias-finais seriam Argentina, Jugoslávia, Uruguai e EUA. O corpo estranho neste grupo eram os norte-americanos, apelidados pelos franceses de “lançadores de peso”, mas a mostrar uma incrível eficácia, 3-0 contra a Bélgica e 3-0 contra o Paraguai. O jogo contra os paraguaios teve um herói, Bert Patenaude, o homem de Fall River, mas não com a importância devida. Segundo os registos da altura, Patenaude marcou dois golos dos três golos desse jogo, sendo que o terceiro (o segundo do jogo) foi tendo vários autores ao longo dos anos. Começou por ser dado como um autogolo de González, depois foi creditado a Tom Florie, o capitão de equipa. Entretanto, dois dias depois do EUA-Paraguai, o argentino Guillermo Stabile marcava três golos ao México e tornava-se, de acordo com os registos oficiais, o autor do primeiro hat-trick da história dos Mundiais de futebol. Mas algo não batia certo. A memória dos jogadores norte-americanos e do treinador dava Patenaude como autor dos três golos, uma versão corroborada pelas crónicas da imprensa. Mas a FIFA não mudou de ideias e manteve a sua versão. Tudo mudou quando, em 2006, o organismo que gere o futebol mundial colocou uma mensagem no seu site oficial a reconhecer o feito de Patenaude, que tinha morrido em 1974 (no mesmo dia em que nascera em 1909, 4 de Novembro), convicto do que fizera. “Nem queria acreditar. E pensar que eles levaram tanto tempo a preceber”, disse à ESPN Bert Patenaude Jr. , o filho do goleador esquecido pela FIFA. Depois de um jogo particular logo a seguir ao Mundial, Patenaude, que acumulava o futebol com biscates como pintor, não mais voltou a jogar, mas os seus quatro golos num único Mundial (e o hat-trick) continuam a ser o recorde a bater pelos jogadores norte-americanos. * Planisférico é uma rubrica semanal sobre histórias de futebol e campeonatos periféricos
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
Se os suíços quiserem, o salário mínimo mais alto do mundo será 3270 euros
Fixação de um valor mínimo de 4000 francos decidida hoje em referendo. Governo e patrões acenam com o risco do aumento do desemprego, sindicatos dizem que valor deve ser lido à luz do elevado custo de vida no país. (...)

Se os suíços quiserem, o salário mínimo mais alto do mundo será 3270 euros
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-05-18 | Jornal Público
SUMÁRIO: Fixação de um valor mínimo de 4000 francos decidida hoje em referendo. Governo e patrões acenam com o risco do aumento do desemprego, sindicatos dizem que valor deve ser lido à luz do elevado custo de vida no país.
TEXTO: Visto de fora, o aceso debate das últimas semanas na Suíça dá a ideia de um país alheio à realidade para lá das suas fronteiras. Com a Europa a debater-se ainda com uma crise que deixou milhões no desemprego, os suíços decidem neste domingo em referendo a fixação de um salário mínimo nacional. O valor proposto? Quatro mil francos suíços (3270 euros) que deixam a anos-luz o que é pago nos países do Sul da Europa e que é superior aos dos países vizinhos. Mas para os sindicatos, autores da proposta, trata-se apenas de garantir que os trabalhadores menos qualificados conseguem viver do seu salário num dos países mais caros do mundo. Este é a terceira vez em menos de um ano e meio que a democracia directa na Suíça – onde para convocar um referendo federal bastam cem mil assinaturas – “interfere” na política de salários do país: em Março de 2013, os eleitores decidiram que os accionistas das empresas têm o direito de vetar as remunerações e prémios dos administradores; sete meses depois, chumbaram uma proposta que proibia que os salários dos executivos fossem superiores a 12 vezes o salário do trabalhador com menor remuneração. A estes juntou-se um outro referendo, em Fevereiro, que determinou a reintrodução de quotas para imigrantes vindos da UE, apesar da oposição dos empresários e do Governo federal e dos alertas de Bruxelas para as consequências da decisão nas relações bilaterais. “A Suíça sempre foi conhecida como um país credível, estável, liberal e aberto, mas estas votações estão a tornar as coisas difíceis para as empresas”, disse à Reuters Daniel Kalt, economista do banco UBS, alertando para o risco de a “insegurança legal tornar a Suíça menos atractiva para os investidores”. Esse é um dos argumentos usados pelas confederações patronais para rejeitarem a fixação de um salário mínimo que a Suíça até aqui não tinha e que, a ser aprovado, seria o mais alto do mundo, mesmo após a ponderação com o custo de vida no país. Os 22 francos por hora (18 euros) propostos pela União Sindical Suíça (USS) ultrapassam em muito o que vigora na Austrália (o equivalente a 11, 18 euros), que detém o actual recorde mundial de salário mínimo. Na Alemanha, onde a fixação de um valor mínimo por hora de trabalho foi uma das chaves para o acordo de grande coligação entre a CDU de Angela Merkel e os sociais-democratas, os patrões vão pagar 8, 5 euros por hora a partir de Janeiro. Prós e contrasFeitas as contas, um trabalhador a tempo inteiro (42 horas semanais), receberia um mínimo de 3270 euros por mês, muito acima dos 1921 euros pagos no Luxemburgo, até agora o país europeu com a remuneração garantida mais alta. Em Portugal, o salário mínimo antes de impostos é de 485 euros por mês; na Bulgária, com a remuneração mais baixa dos 21 países da UE que têm este dispositivo, é de apenas 174 euros. “O salário mínimo exigido vai pôr em risco o emprego e vai tornar ainda mais difícil o acesso ao mercado de trabalho das pessoas com baixas qualificações e dos jovens”, avisou o Conselho Federal (o governo suíço) quando o referendo foi anunciado. Os patrões acrescentam que a medida pode levar as grandes empresas a deslocar a produção para países onde a mão-de-obra seja mais barata e provocar um aumento generalizado dos preços – a confederação de agricultura, uma das mais críticas da proposta, admitiu que as frutas e legumes podem chegar aos consumidores 25% mais caros. “Esta é uma medida que não ajuda a criação de emprego”, disse Peter Brabeck-Letmathe, presidente da Nestlé ao Wall Street Journal. A multinacional, uma das maiores e mais emblemáticas do país, já paga aos seus trabalhadores acima desse valor, mas Letmathe afirma que os negócios mais pequenos, sobretudo nas regiões rurais, teriam dificuldades em acompanhar a subida dos salários. Avisos que os suíços parecem ter levado a sério: as últimas sondagens indicam que 64% dos eleitores planeia votar “não” no referendo deste domingo, ainda que o desfecho dos referendos na Suíça seja por tradição imprevisível. Mas os sindicatos, apoiados pela oposição de esquerda, asseguram que a proposta não só é sustentável (os 4000 francos equivalem a 60% do salário médio do país, uma porção idêntica à de outros países europeus) como terá um impacto reduzido na economia suíça. Isto porque, sublinham, apenas 9% dos 4, 2 milhões de trabalhadores do país recebem abaixo daquela fasquia e a maioria trabalha em sectores dependentes da procura interna, como a hotelaria, serviços domésticos ou pequeno comércio – os menos abrangidos pelas convenções colectivas de trabalho. “Como é que se vão deslocalizar? Será que os suíços vão passar a cortar o cabelo na Polónia ou na Hungria”, questionava-se Ewald Ackermann, dirigente da USS ao site Swissinfo.
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Duas constatações e cinco enganos
A troika foi-se embora, o que é uma boa coisa. O maior risco é a economia não crescer. (...)

Duas constatações e cinco enganos
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-05-18 | Jornal Público
SUMÁRIO: A troika foi-se embora, o que é uma boa coisa. O maior risco é a economia não crescer.
TEXTO: Comecemos por duas constatações preocupantes. A primeira, revelada de forma inequívoca nesta campanha eleitoral, é a sensação de apatia dos portugueses perante aquilo que lhes aconteceu. Contrariando todas as expectativas, mas também o desejo de muitos, a contestação às doses maciças de austeridade que nos foram impostas, foi relativamente fraca, ao ponto de a própria CGTP ter tido a necessidade de mudar o seu padrão para pequenas acções mais frequentes. Uma única vez toda a gente foi para a rua, sobretudo a classe média: para reagir ao anúncio de uma enorme transferência de riqueza directamente dos assalariados para os patrões através da alteração das contribuições para a TSU. Passos teve de recuar. E isso leva-nos à segunda constatação. Portugal conseguiu esta coisa extraordinária de passar três anos de duríssimo ajustamento sem conseguir estabelecer um consenso de médio prazo para encontrar outro rumo para o país. As razões percebem-se mas não servem de justificação. Passos chegou ao Governo como “um homem com uma missão”: acabar com uma cultura de condescendência alimentada e praticada pelos dois grandes partidos e pelas respectivas elites, que considerava confortavelmente “instaladas”. Tencionava fazê-lo, fosse qual fosse o preço. As suas gafes não eram gafes nenhumas: desde o país de “piegas” até à emigração de jovens bem qualificados. Chegou a dizer que o desemprego podia ser uma oportunidade, imitando a crença liberal dos anos 80 e 90, quando a economia ainda estava de boa saúde (nas democracias ocidentais) e os emergentes ainda não se viam ao longe. No início, este “choque liberal”, pouco comum por estas bandas, até chegou a parecer saudável. O resultado foi limitado nos aspectos positivos e dramático nos negativos. Mas o consenso falhou também porque, do outro lado, havia uma liderança fraca e, consequentemente, pouco virada para aguentar os seus custos políticos. Passemos aos enganos. Primeiro engano. A culpa do nosso desastre, em 2011, tinha um nome: José Sócrates. Aliás, à direita como à esquerda. Era demasiado simples. Sócrates fez muita coisa bem-feita no seu primeiro mandato. Não foi capaz de reagir à crise financeira que se abateu sobre a Europa e aproveitou a onda de Bruxelas para gastar e gastar (que agora é convenientemente negada) para inverter os esforços de redução do défice e regressar a um discurso ideológico, que nunca foi o seu, de defesa de um Estado Social do passado. O PS de António José Seguro fez o mesmo por omissão. Passos participou no logro porque isso lhe deu jeito na campanha que o levou ao poder em 2011. Portas também. As coisas começaram mal de raiz. Com Sócrates ou sem Sócrates, o discurso de Governo sobre a crise atribuiu todos os nossos males a nós próprios, ignorando a responsabilidade europeia. Temos a nossa quota-parte de culpa, que não é pouca. Mas a incapacidade de Berlim para reagir à crise da Grécia e a ineficácia de Bruxelas tiveram uma culpa enorme. Angela Merkel acabou por perceber que teria de salvar o euro sem expulsar ninguém e aproveitando a crise para formatar uma união monetária verdadeiramente alemã. Mas já estava “amarrada” à sua reacção inicial: o Tratado não prevê qualquer bail-out, os preguiçosos e indisciplinados do Sul, que “têm mais férias e trabalham menos horas” do que os alemães, que sofram a punição dos seus desmandos. A partir daí não era possível dizer outra coisa aos alemães. Podia ter estancado os efeitos mais negativos da crise da dívida logo em Atenas. Não o fez. A doutrina oficial passou a ser “impedir o contágio”. Agravou-o, como hoje sabemos. Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha Itália. A partir daqui o caso mudou de figura, levando o BCE de Mario Draghi a “interpretar” mais livremente os seus poderes e a estancar a descida aos infernos. Passos não abdicou da estratégia “punitiva” da chanceler que parecia feita à sua medida. Cumpriu o que disse: ir mais além da troika. O seu credo absoluto: o crescimento seria a consequência natural da austeridade, centrada na redução dos custos do trabalho e na “destruição criativa” de sectores antiquados da economia (cafés, cabeleireiros, construção civil). Fez duas grandes reformas: as que levaram a uma muito maior flexibilização do mercado laboral, e os cortes nos salários da função pública e nas pensões dos reformados. Os portugueses obedeceram-lhe (não tinham outro remédio) e travaram o consumo. Ele veio dizer que não esperava tanto. Depois, disse que o desemprego o apanhou de surpresa.
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Partidos PS
PS decreta o fim do “tempo do protesto” e inaugura o “tempo do projecto”
Socialistas juntaram-se no Porto para comício. Abstenção foi alvo nas intervenções dos dirigentes do partido. (...)

PS decreta o fim do “tempo do protesto” e inaugura o “tempo do projecto”
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-05-18 | Jornal Público
SUMÁRIO: Socialistas juntaram-se no Porto para comício. Abstenção foi alvo nas intervenções dos dirigentes do partido.
TEXTO: Foi notório e bem audível o investimento socialista no arranque para a recta final da campanha eleitoral para o Parlamento Europeu. O PS reservou este domingo uma das praças do Porto para um comício onde compareceram em força os dirigentes e aparelho do partido. Seis discursos nos quais se apelou ao voto de forma estridente. Mas para lá dos ataques ao Goveno, o que uniu as intervenções foi a identificação da abstenção como o principal adversário à “vitória clara” que o secretário-geral e o cabeça de lista vêm pedindo nas últimas semanas. Ainda antes do comício já estava na rua uma sondagem que dava conta do aumento da abstenção nas europeias. Embora no início do seu discurso o líder socialista saudasse a “onda de mudança que está a crescer”, a verdade é que encerrou a iniciativa apelando aos que ainda não tinham entrado na “onda”. “A abstenção não muda nada, a abstenção é que deixa tudo na mesma. Não basta votar contra o Governo. É preciso derrotar o Governo - e só o PS poderá derrotar o Governo", insistiu António José Seguro na Praça Dom João I. Não foi o único. O cabeça de lista do PS dramatizou o momento. “Não é só o PS que tem uma responsabilidade histórica, mas também o país”, avisava Francisco Assis antes de explicar porque os eleitores não podiam ficar em casa: “Só o voto no PS permite pôr fim a este descalabro. Há um tempo para o protesto e há um tempo para o projecto. ”A recandidata Elisa Ferreira deu corpo à ideia. "Podemos ficar em casa, quando vemos que os nossos filhos são obrigados a emigrar para procurar emprego? Podemos ficar em casa, quando os nossos pais ou avós são obrigados a penhorar as poucas jóias que receberam dos antepassados? Podemos ficar em casa, quando há crianças a ir para a escola com fome? Podemos ficar em casa, quando fecham sucessivamente empresas aqui na região do Porto?", perguntava a eurodeputada socialista. Também o líder da Juventude Socialista apontou as baterias à abstenção, que classificou como a “inimiga das nossas causas”. Ali, na praça portuense, a abstenção não parecia ter adeptos. Os apoiantes gritaram “não”, quando Seguro lhes perguntou se queriam “que tudo ficasse na mesma na Europa e em Portugal”. O problema é que o ajuntamento não era assim tão numeroso que pudesse justificar uma “onda”. A estrutura montada pelo PS – cadeiras de frente para o palco com quatro bancadas de cinco fileiras em forma de meia-lua - não ocupava toda a praça, deixando espaço dos lados e atrás. O espaço entre bancadas e palco ficou repleto de apoiantes de pé. Por trás da amurada do edífico do antigo BPA também havia apoiantes encostados. Mas o resto da praça ficou vazio durante o comício. O que faltou em gente sobrou, no entanto, em decibéis. O empenho aparelhístico resultou numa mão-cheia de grupos de bombos, uma fanfarra, ranchos folclóricos e cabeçudos. Durante a hora anterior aos discursos ouviu-se bem alto o “sobressalto musical” que o speaker pedia. Resta saber se bastará para o PS mobilizar as pessoas que estavam mais inclinadas a “ficar em casa” no dia 25 de Maio.
REFERÊNCIAS:
Partidos PS
O doce perfume da mentira
Esta campanha da direita é um desastre, uma fuga para a frente do desprezo popular. Perdida andaria a Europa se votasse em quem assim procede. (...)

O doce perfume da mentira
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.35
DATA: 2014-05-19 | Jornal Público
SUMÁRIO: Esta campanha da direita é um desastre, uma fuga para a frente do desprezo popular. Perdida andaria a Europa se votasse em quem assim procede.
TEXTO: Todas as campanhas abusam da hipérbole, mas existia ainda algum temor da mentira desbragada. Ora tudo isso desapareceu na actual campanha para as eleições europeias. Uma dupla trauliteira auto-satisfaz-se com a mentira, emulando a ultra esquerda sempre vezeira nessas andanças. Associaram-se, sem escritura, numa sanduíche ao PS. A direita insiste na sua estória sobre Maio de 2011. A Troika teria vindo chamada pelo PS a ele deveriam ser assacadas todas as tropelias que o Governo lhe consentiu ou até incentivou. Dupla mentira: o PS tudo fez para evitar a Troika. Passos e Portas tudo fizeram para que a Troika entrasse. Associaram-se à ultra-esquerda para fazer cair o governo socialista minoritário, mentindo por omissão quando alimentaram a fábula de não terem sido ouvidos sobre o PEC 4, quando Sócrates gastou três horas a discuti-la com Passos. Segunda mentira: se o programa correu mal, a culpa foi do desenho inicial, assacado aos socialistas. Esquecem as suas manifestações de regozijo com a intervenção. Esquecem que o programa inicial era medicina benigna, comparada com a que Vítor Gaspar apimentou, na mira de mostrar serviço e conquistar melhor emprego. O que conseguiu. A coligação trauliteira não perde ocasião para agravar um defeito da cultura nacional: tem que haver sempre um culpado, pois o povo adora autos de fé. Mas existe uma terceira mentira de imensa amplitude. Alega a dupla trauliteira que o PS é o partido da despesa pública, ao longo de quarenta anos. Falso. Desde que existe estado de direito, o PS governou 14 anos e meio: 1977-1978, 1995-2002 e 2005-2011. O PSD em maioria absoluta governou quase dez anos, de 1985 a 1995. E em coligação com o CDS governou 10 anos: de 1980 a 1983, de 2002 a 2005 e de 2011 a 2014. Ou seja, a direita só ou coligada é responsável por 20 anos de desgraça governativa e de despesismo consciente. Alguns exemplos mais gritantes: O pagamento de indemnizações e rendas empoladas artificialmente às Misericórdias, em 1980, com o pretexto de terem sido “esbulhadas” de serviços de saúde, o que foi falso; Um novo sistema retributivo que aumentou em 28%, num só ano, a despesa em ordenados da função pública; o 14º mês aos pensionistas em 1992; a contagem fictícia de anos de contribuição para a segurança social, a famosa “compra de anos”, que induziu a reforma artificialmente antecipada dezenas de milhares de beneficiários activos; a aposentação no ensino aos 52 anos; a prescrição de medicamentos subvencionados pelo SNS, nas consultas privadas, três meses antes das eleições de 1995, fazendo disparar a factura farmacêutica; os dois submarinos do Dr. Portas, decididos entre 2002 e 2004. Em matéria de despesismo, o PSD/CDS abriram escola: fazem o mal e a caramunha. Após 2011 uma nova forma de desbaste do Estado atacou em Portugal. A delapidação do património: a ANA concessionada por 50 anos e vendida aos franceses a preço de saldo, em ocasião de saldo; as jóias da coroa, EDP e REN, despachadas com tanta rapidez que nem deu para corrigir as rendas. A privatização dos CTT, apresentada como êxito e agora entrando em rápida perda de valor bolsista. A TAP só não foi despachada por ninguém querer pegar no “brinde” da empresa paulista de manutenção que gera prejuízos. A EGF, vendável num abrir e fechar de olhos, se não fosse a servidão que a vincula aos municípios seus participados. Os Franceses querem as águas (o que só parcialmente conseguiram na Grécia), os Alemães ainda não excluíram a TAP da sua ambição. Outra forma de delapidação consiste na destruição de activos: o Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social, limitado por lei a deter 55% de obrigações nacionais, vai ver desaparecer esta cláusula para ter que comprar obrigações do tesouro até 90 % dos seus recursos, o que o levará a baixar os activos estrangeiros. A mistificação chega a enganar um respeitável diário que titula ingenuamente “Pensões menos expostas a dívida estrangeira”. A mentira subtil chega a fazer parecer que é bom o que é deveras mau. Sempre poetas, estes financeiros. Mas a poesia não faz esquecer que o desemprego em três anos subiu de 9 para 15%; que a emigração por dois anos seguidos, passou aos valores do tempo da guerra colonial, 110 a 120 mil emigrantes, agora todos com formação profissional qualificada; o risco de pobreza aumentou para 25% e o número de pobres, de 16 para 18 %; a frequência do ensino superior foi reduzida para além do efeito demográfico e a desistência dos estudos aumentada por incapacidade financeira das famílias; a constituição de novas famílias, com o elevado desemprego jovem, tornou-se mais difícil o que certamente influencia a baixa da natalidade; a dívida pública passou em três anos de 90 para 130% do PIB, tornando os seus encargos anuais iguais ao orçamento da Saúde.
REFERÊNCIAS:
Partidos PS PSD
João Ferreira e os sub-18 que não sabem quem governa o país
Candidato da CDU foi à Escola Profissional de Salvaterra conhecer algumas “engenhocas” electrónicas e falar com os alunos. (...)

João Ferreira e os sub-18 que não sabem quem governa o país
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-05-19 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20140519170208/http://www.publico.pt/1636564
SUMÁRIO: Candidato da CDU foi à Escola Profissional de Salvaterra conhecer algumas “engenhocas” electrónicas e falar com os alunos.
TEXTO: Será por falta de interesse e por falta de informação que boa parte dos cerca de cem alunos da Escola Profissional de Salvaterra de Magos que esta segunda-feira de manhã foram ao auditório ouvir o candidato da CDU às europeias, não sabem quais os partidos que têm governado Portugal nas últimas quatro décadas. De pé, frente à plateia de alunos, de microfone na mão, João Ferreira explicou o que é a CDU, que partidos integra, falou sobre as desigualdades da sociedade portuguesa e quis apontar os responsáveis políticos. “Quem sabe quem esteve no Governo nos últimos anos?” Uma aluna sentada quase à frente lá foi dizendo a medo, de semblante franzido, com ar de dúvida e a espaços “PS… PSD…”. “Falta outro que lá esteve de vez em quando e que até lá está agora a dar uma ajudinha”, diz João Ferreira e na sala ouve-se, timidamente, aqui e ali, “o CDS”. Pouco antes perguntara quais os alunos que tinham 18 ou mais anos, e apenas meia dúzia levantou o braço. Poucos podem ainda votar no domingo, portanto. Mas não foi por isso que o candidato da CDU deixou de, durante 20 minutos, falar sobre a situação do país, como se chegou aqui e os culpados, e sobre as consequências das políticas europeias na governação nacional. A crítica chegou pela voz de um professor mais velho. Emílio Coelho lembrou que pela escola já passou a caravana de outro partido. “Todos vêm dizer as mesmas coisas”, apontou, para explicar o desinteresse pela política de quem ainda é menor, acrescentando que não se conhecem as propostas – se é que as têm, fez questão de vincar. João Ferreira pareceu não ter gostado da observação, porque pouco antes realçara que “os políticos não são todos iguais e as políticas não são todas iguais”. “Não sei quem veio, mas tenho muitas dúvidas de que tenham dito o mesmo que eu disse ou vou dizer”, avisou. Ainda antes desta sessão, durante uma curta visita pela escola, Carlos Gonçalves, aluno do 12º ano que no laboratório de electrónica estava de volta de um cubo de leds, o seu projecto de grupo, dizia, questionado pelos jornalistas, que “não há assim muitas pessoas [da minha idade] interessadas no futuro e na política”. Com 19 anos, já votou nas autárquicas do ano passado, mas admite sentir “algum desinteresse” pelo tema entre amigos e colegas de escola, que também não procuram informação. O cubo de LED que ocupa os três alunos pode ser usado como suporte publicitário ou simples iluminação, explica Carlos Gonçalves, enquanto as minúsculas luzes azuis vão piscando em sintonia, fazendo efeitos certinhos e geométricos. Com microfones e câmara de TV apontada, João Ferreira não hesita: “Se fazemos o que queremos com os LED, também temos que o fazer com o país para darmos a volta a isto. ” Sem perceber a indirecta, o aluno lá vai dizendo que “é preciso trabalhar”. Ao que o candidato replica que “alguns trabalharam, mas mais valia que estivessem quietos. Criaram 1, 5 milhões de desempregados. ”O aluno do curso de automação não pensa emigrar, diz aos jornalistas. “Gostava que criassem vagas de emprego”, responde quando desafiado a fazer um pedido ao candidato, que é político. Uma das palavras incentiva João Ferreira. “Há aí uma expressão tramada quando se diz ‘os políticos’. Tende a misturar-se coisas muito diferentes. ”Porque há políticas diferentes e políticos diferentes, haveria de vincar depois aos alunos; e até se “misturam os políticos responsáveis pela situação em que o país está e os que mais se têm batido por um caminho alternativo”. O candidato defendeu depois a necessidade de apoiar empresas de base tecnológica como forma de pôr o país a criar emprego e riqueza. E Carlos Gonçalves ficou convencido? “Sim, acho que sim”, disse. Uma resposta melhor do que a dada por Mariana, uma aluna tímida de 18 anos de electrónica que ia juntando os circuitos numa caixa de correio que alerta o dono da casa por SMS e com um sinal luminoso assim que chega correspondência. Disse que não era a melhor pessoa para fazer perguntas ao candidato ou sequer dizer porque os jovens não se interessam pela política.
REFERÊNCIAS: