Acolhimento de refugiados agita campanha na Madeira
Miguel Albuquerque ficou “chocado” com as vozes contra o acolhimento de refugiados. Disse que eram comentários “imbecis”, e em plena campanha eleitoral os restantes partidos evitaram abordar o tema. (...)

Acolhimento de refugiados agita campanha na Madeira
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 11 Refugiados Pontuação: 21 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-10-04 | Jornal Público
SUMÁRIO: Miguel Albuquerque ficou “chocado” com as vozes contra o acolhimento de refugiados. Disse que eram comentários “imbecis”, e em plena campanha eleitoral os restantes partidos evitaram abordar o tema.
TEXTO: A crise dos refugiados chegou à campanha eleitoral na Madeira, depois de o executivo regional ter anunciado a disponibilidade da região autónoma contribuir no esforço nacional de acolhimento. Nas redes sociais e caixas de comentário dos sites da imprensa local, as opiniões contrárias à ideia da Madeira receber refugiados multiplicaram-se, levando a que Miguel Albuquerque, durante um discurso oficial no início do mês, admitisse estar “chocado” com o que considerou serem ideias “maldosas, xenófobas, egoístas” e, principalmente, “imbecis”. A frontalidade do chefe do executivo madeirense não foi bem acolhida. Extremou opiniões, foi tema de artigos de opinião nos jornais, e de ameaças, de perda de votos, nas redes sociais. Tudo, perante o silêncio dos restantes partidos. Só esta semana, já depois de o Governo Regional fazer publicar na imprensa um esclarecimento, e pressionadas pela opinião pública regional, é que outras forças políticas, tanto à esquerda como à direita, falaram sobre o tema, para se aproximarem da posição da Quinta Vigia, mas distanciando-se do vocabulário usado por Albuquerque. “Compreender o sofrimento dos madeirenses é tão importante como compreender o desespero do povo sírio”, disse ao PÚBLICO o líder do PS-Madeira, Carlos Pereira, sublinhando que a “solidariedade” faz parte do “património” do partido e como tal os socialistas estão disponíveis para de forma “sincera” e “genuína” a manifestar. Pereira garante que os socialistas não vão “fugir” a essa responsabilidade, mas ressalva que compreende a “sincera preocupação” dos madeirenses com os impactos que esta crise poderá ter no arquipélago. “Muitos deles são refugiados desta política do governo do PSD-Madeira e da coligação PSD/CDS que os obrigou a uma fuga para fora da região”, argumenta o também cabeça-de-lista dos socialistas no Funchal. “São pais preocupados, são famílias sem emprego, são milhares de jovens que continuam a fugir às políticas erradas e incompetentes destes governos”, aponta Carlos Pereira. José Manuel Rodrigues, presidente do CDS-PP na Madeira, também “compreende” a preocupação de parte da população com o “receio” de que entre os refugiados e migrantes venham “extremistas e terroristas” infiltrados. “É um fenómeno complexo que deve ser encarado com tolerância”, acrescenta Rodrigues, número um dos centristas para São Bento. É por isso, que Edgar Silva, da CDU, alerta para os perigos de “dividir” os portugueses através de “clivagens” desnecessárias e despropositadas, responsabilizando as políticas seguidas por Bruxelas pela crise dos refugiados. Perante isto, e face às crescentes críticas contra o discurso de Albuquerque, o governo madeirense optou por uma abordagem mais ‘pedagógica’. Reafirmando que a Madeira vai mesmo acolher refugiados – o número ainda não está definido -, o executivo insular fez publicar na imprensa escrita uma página de publicidade para esclarecer a população. No texto, os apelos de solidariedade do Papa Francisco são evocados, o peso que a emigração tem na Madeira – estima-se que existam perto de um milhão de madeirenses a viver no estrangeiro – é lembrado, ao mesmo tempo que são dadas garantias de que os refugiados serão integrados sem qualquer processo de “assimilação”, mas sempre com o respeito pelos valores da sociedade madeirense. “Sempre vivemos, naturais e estrangeiros, em pleno clima de paz social e são convivência, e assim continuará”, lê-se no texto, que refere que dos 5697 estrangeiros a viver no arquipélago, 700 são muçulmanos. A Madeira deverá receber cerca de 70 refugiados, que à partida serão famílias a serem alojadas em zonas rurais e com poucos habitantes.
REFERÊNCIAS:
Partidos PS PSD
Refugiados não podem escolher país onde pedir asilo, diz a Alemanha
Face ao enorme número de entradas, Berlim reintroduziu domingo os controlos na fronteira com a Áustria, num gesto que foi seguido nesta segunda-feira por Viena. Será difícil um consenso sobre o programa de Juncker para distribuir refugiados pelos Vinte e Oito na reunião de ministros do Interior da U (...)

Refugiados não podem escolher país onde pedir asilo, diz a Alemanha
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 11 Refugiados Pontuação: 21 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-09-15 | Jornal Público
SUMÁRIO: Face ao enorme número de entradas, Berlim reintroduziu domingo os controlos na fronteira com a Áustria, num gesto que foi seguido nesta segunda-feira por Viena. Será difícil um consenso sobre o programa de Juncker para distribuir refugiados pelos Vinte e Oito na reunião de ministros do Interior da U
TEXTO: Apesar do orgulho de se ter transformado num símbolo de generosidade e esperança, a Alemanha sentiu-se neste domingo a chegar ao limite das suas capacidades para acolher refugiados, interrompeu a circulação ferroviária com a Áustria e suspendeu os acordos de Shengen. “Os refugiados devem compreender que não podem escolher os países onde vão pedir asilo”, afirmou Thomas de Maizière, ministro do Interior da Alemanha, cujo país espera 800 mil pedidos de asilo este ano – e não vê uma ajuda substancial dos restantes Estados-membros da União Europeia. Só no sábado chegaram à cidade de Munique 13 mil pessoas, e 63 mil nas últimas duas semanas. “Não é tanto o número de refugiados como a velocidade a que estão a chegar que está a tornar difícil para os estados e para os municípios lidar com a situação”, explicou o ministro da Economia alemão Sigmar Gabriel, numa entrevista ao jornal Tagesspiel. Vêm numa corrida contra o tempo: querem ultrapassar a barreira que é a Hungria antes de terça-feira, o dia em que entra em vigor a nova legislação recém-aprovada pelo Parlamento de Budapeste com novas medidas punitivas para quem tentar cruzar a fronteira sem autorização que incluem penas de prisão. Sábado foi até agora o dia com a maior entrada de refugiados na Hungria: 4330 pessoas cruzaram a fronteira. A etapa seguinte é a Áustria, país onde só nesta segunda-feira deverão entrar 10 mil refugiados vindos da Hungria – domingo foram 13 mil. Numa tentativa para gerir a crise, o Governo austríaco anunciou nesta manhã que, à semelhança de Berlim, vai reintroduzir o controlo de passaportes e mobilizou dois mil soldados para apoiarem a polícia na gestão fronteiriça. Também a Eslováquia, outra dos países na rota dos imigrantes que procuram sair o quanto antes da Hungria, decidiu suspender os acordos de Schengen. "Se a Alemanha reforça as suas fronteiras, a Áustria deve fazer o mesmo", disse o vice-chanceler austríaco, Reinhold Mitterlehner, enquanto o chefe de Governo, Werner Faymann, assegurou que a medida é sobretudo simbólica, uma vez que "o direito de asilo continuará a ser garantido", à semelhança do que acontece com o país vizinho. "Não temos conhecimento de nenhuma pessoa a quem tenha sido recusada entrada na Alemanha", disse Faymann. O próprio Governo alemão insiste que a suspensão dos acordos de Schengen é "provisória" e que tem como único objectivo "conter" o fluxo de refugiados para o tornar mais gerível. Sigmar Gabriel admitiu, nesta segunda-feira, que deverão chegar neste ano ao país um milhão de pessoas em busca de asilo, um número acima dos 800 mil que o país dizia até agora esperar. “É a falta de acção europeia quanto à crise dos refugiados que está a levar a Alemanha aos limites das suas capacidades”, acusou Sigmar Gabriel, acrescentando que o problema "não é em primeiro lugar o número de refugiados, mas a rapidez a que estão a chegar". O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados alertou que se os vários países da UE impuserem diferentes medidas de controlo fronteiriças os refugiados podem ficar “num limbo legal. ”Mas o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, cujo discurso tem sido todo virado para a protecção das fronteiras europeias, expressou a sua “solidariedade” com Berlim: “Compreendemos a decisão da Alemanha”, disse ao jornal Bild. Afirmou ainda que este deve ser apenas um primeiro passo, pois as fronteiras da Grécia precisam de ser “protegidas” o mais rapidamente possível. Recorde-se que, por questões de segurança, em 2004, Portugal suspendeu os acordos de Shengen durante o período de realização do Rock in Rio e do Euro 2004, em Lisboa, repondo as fronteiras terrestre e aérea. A decisão foi tomada na sequência dos atentados terroristas de 11 de Março em Madrid, que mataram 201 pessoas e feriram mais de 1500. Divididos em BruxelasA suspensão dos acordos de Shengen e da circulação ferroviária com a Áustria, retomada parcialmente nesta segunda-feira, é um grito de alerta, a marcar a reunião extraordinária, agendada para esta segunda-feira, dos ministros dos Interior dos Vinte e Oito, em Bruxelas. Vão debater o agravamento da crise dos refugiados do Médio Oriente e o plano de emergência para distribuir 120 mil requerentes de asilo que agora estão na Itália, Grécia e Hungria – as principais portas de entrada desde afluxo anormal – e também a criação de um mecanismo permanente de relocalização para futuras situações de crise. Embora ainda não haja uma confirmação oficial, este sistema de quotas obrigatório atribuiria cerca de 3000 refugiados a Portugal, a que se juntariam os cerca de 1700 que Lisboa já aceitou receber, em Julho, ao abrigo de um sistema semelhante, mas de participação voluntária.
REFERÊNCIAS:
Entidades UE
Países da OCDE receberam menos refugiados pela primeira vez em seis anos
Descida de atribuição de estatuto de refugiado afectou fluxos migratórios. Mehdi Alioua, sociólogo que estará hoje no Teatro Maria Matos, afirma: "Não há uma crise migratória, há uma crise de hospitalidade”. (...)

Países da OCDE receberam menos refugiados pela primeira vez em seis anos
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 11 Refugiados Pontuação: 21 | Sentimento 0.25
DATA: 2018-06-21 | Jornal Público
SUMÁRIO: Descida de atribuição de estatuto de refugiado afectou fluxos migratórios. Mehdi Alioua, sociólogo que estará hoje no Teatro Maria Matos, afirma: "Não há uma crise migratória, há uma crise de hospitalidade”.
TEXTO: Em 2017, pela primeira vez em seis anos, os países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) receberam menos imigrantes permanentes do que no ano anterior, uma descida de 5% que se explica com a redução dos pedidos de estatuto de refugiado, principalmente na Alemanha, adianta um relatório publicado nesta quarta-feira. Nos últimos anos, a população global de refugiados tinha vindo a aumentar significativamente. Em 2013 havia 11, 1 milhões de refugiados no mundo e em 2017 eram cerca de 18, 5 milhões. Nos países da OCDE esse número triplicou, passando de 2 para 5, 9 milhões; mas na União Europeia a subida foi menor, apenas duplicou de 920 mil para 2, 1 milhões. Os Estados Unidos foi o país da OCDE que ficou no topo dos pedidos de estatuto de refugiado que deram entrada no ano passado, com 330 mil registos, ultrapassando a Alemanha, até agora o país que registava anualmente mais pedidos mas que desceu para o segundo lugar com 198 mil – isto representa menos 73% do que no ano anterior. De notar que em dados brutos, a Turquia é o país que mais acolhe refugiados há sete anos consecutivos – eram cerca de 3, 4 milhões em final de 2017, diz o relatório. Nos países europeus, entre 2014 e 2017 deram entrada quatro milhões de pedidos de estatuto de refugiado, três vezes mais do que nos quatro anos anteriores, mas apenas foram concedidos 1, 6 milhões. Analisando os anos de 2016 e 2017, verifica-se que os países da União Europeia tiveram uma descida de 46% nos pedidos – passaram de 1, 2 milhões para 650 mil – enquanto nos países não-europeus da OCDE houve um aumento de 37% – subiram de 435 mil para 601 mil. Mehdi Alioua, sociólogo especialista em migrações, professor de Ciências Politicas na Universidade Internacional de Rabat, afirma ao PÚBLICO que a descida destes dados podem ser lidos como consequência de políticas migratórias “injustas, violentas e contrárias às leis internacionais” que impedem os refugiados de imigrarem para os países mais ricos e mais bem equipados da OCDE. “Notícias falsas, teorias da conspiração, populismo, nacionalismos e movimentos xenófobos ganharam a guerra mediática”, comenta. “As suas concepções erradas, e a sua má interpretação dos dados, são repetidas em todo o lado. Isto acentua o sentimento irracional de invasão e beneficia o eleitorado de direita e os partidos de extrema-direita. A verdade é que a maior parte dos refugiados está num país do Sul, pobre, não num país rico ocidental. ”Se é verdade que a Alemanha fez a sua parte no acolhimento, reconhece, isso também respondeu a um interesse nacional “porque a taxa de natalidade é tão baixa que o sistema de segurança social precisa de novos trabalhadores”. E os refugiados que têm capacidade para atravessar as fronteiras são geralmente pessoas que estão “nas categorias sociais mais altas nos seus países”: “Têm um pequeno capital económico e social mas um nível alto de educação”, analisa. Porém, outros países europeus não fizeram o mesmo, tirando a Suécia em 2013. “Os países da OCDE não assumiram a sua parte de responsabilidade no seu dever de hospitalidade. O Canadá só recebeu 40 mil refugiados sírios e é um país rico, com um imenso território e uma tradição de imigração”. O sociólogo, que vai estar esta quinta-feira, às 18h30, no Teatro Maria Matos, em Lisboa, num debate sobre Migrações, mobilidades e fronteiras com Iolanda Évora e Claire Rodier, e no dia seguinte orienta uma masterclass, conclui: “Não há uma crise migratória, há uma crise de hospitalidade”. De facto, os dados do relatório da OCDE mostram que as entradas por razões humanitárias nos países da OCDE têm pouco impacto no mercado laboral dos cidadãos nacionais mas há casos, como a Turquia, em que os refugiados (neste caso são identificados os sírios) competem pelos mesmos empregos no mercado informal. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Nos países europeus o impacto dos refugiados na população nacional trabalhadora é pequeno, afirma o relatório. Para metade destes países, os refugiados não terão qualquer impacto no mercado laboral (como Portugal) e a maioria dos outros países só sentirá um pequeno impacto em finais de 2020 – é o caso da Áustria, da Grécia e da Suécia, que terão um aumento na força de trabalho de 0, 5%, e a Alemanha, com um aumento de 0, 8%. De resto, a OCDE estima que na Alemanha o impacto será maior no desemprego do que no emprego, podendo subir para os 6% em 2020. No total, o número acumulado de rejeição de pedidos de asilo na OCDE pode atingir os 1, 2 milhões no final de 2020, estima o relatório. Esta organização alerta: os homens jovens, com poucas habilitações, estão sobre-representados entre os refugiados e por isso é necessário apoiá-los e promover políticas de integração que facilitem o acesso ao mercado laboral. Em 2016, Portugal atribuiu protecção internacional a 400 pessoas, o dobro de 2015: dois terços recebeu autorização de residência por razões humanitárias e um terço ficou com estatuto de refugiado. Portugal comprometeu-se a receber 4574 refugiados ao abrigo do programa de recolocação, mas só cumpriu 50% dessa meta.
REFERÊNCIAS:
Entidades OCDE
Detenção de refugiados na Papuásia-Nova Guiné é inconstitucional
Requerentes de asilo e refugiados que tentam chegar à Austrália são interceptados no mar e enviados para um campo de detenção na ilha de Manus. Organizações de defesa dos direitos humanos acusam a Austrália de violar a lei internacional. (...)

Detenção de refugiados na Papuásia-Nova Guiné é inconstitucional
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 11 Refugiados Pontuação: 21 | Sentimento 0.136
DATA: 2019-07-10 | Jornal Público
SUMÁRIO: Requerentes de asilo e refugiados que tentam chegar à Austrália são interceptados no mar e enviados para um campo de detenção na ilha de Manus. Organizações de defesa dos direitos humanos acusam a Austrália de violar a lei internacional.
TEXTO: A detenção de requerentes de asilo e de refugiados na ilha de Manus, na Papuásia-Nova Guiné, foi considerada inconstitucional esta segunda-feira pelo Supremo Tribunal do país. Os cinco juízes consideraram que o encarceramento viola a liberdade individual, e nesse sentido ordenou que os governos da Papuásia-Nova Guiné e da Austrália comecem imediatamente a tomar medidas para terminar as detenções na ilha. De acordo com a controversa lei da imigração na Austrália, todos os migrantes que sejam interceptados a tentar chegar ao país de barco são enviados para os campos de detenção nas ilhas de Nauru e de Manus. Estas pessoas, maioritariamente provenientes do Médio Oriente e do Sul da Ásia, nomeadamente de países como o Afeganistão, o Sri Lanka, Iraque, Irão ou Birmânia, são excluídas da possibilidade de serem colocadas na Austrália, o que tem levado as Nações Unidas e vários grupos de defesa dos direitos humanos a criticarem a dura política de asilo australiana. Apesar da decisão do Supremo Tribunal da Papuásia-Nova Guiné, o ministro da Imigração australiano, Peter Dutton, disse num comunicado que a política de detenção no seu país não vai mudar. “A decisão não altera as políticas de protecção de fronteira da Austrália – elas permanecem inalteradas”, afirmou. “Aqueles que estão no centro de detenção na ilha de Manus e que reúnam as condições para serem refugiados têm a possibilidade de se restabelecerem na Papuásia-Nova Guiné. Os que não reúnam essas condições devem regressar aos seus países de origem”. Na decisão, os juízes consideraram que os requerentes de asilo não têm qualquer intenção de entrar ou permanecer na Papuásia-Nova Guiné, uma vez que o seu objectivo é chegar à Austrália. Nesse sentido, como são enviados contra a sua própria vontade para a ilha de Manus, esta detenção é considerada ilegal. “Foram os esforços conjuntos dos governos da Austrália e da Papuásia-Nova Guiné que fizeram com que os requerentes de asilo ficassem, contra a sua vontade, no centro de detenção da ilha de Manus. Estes acordos estão fora do quadro legal e constitucional da Papuásia-Nova Guiné. As chegadas e detenções forçadas dos requerentes de asilo são inconstitucionais e, como tal, ilegais”. A Constituição da Papuásia-Nova Guiné garante a liberdade individual para todas as pessoas, excepto em casos relacionados com crime e imigração ilegal. Em 2014, o Governo do país fez uma emenda constitucional, acrescentando um parágrafo que estipula que um cidadão estrangeiro possa ser detido no âmbito de um acordo com outro país. No entanto, o Supremo Tribunal decretou que esta emenda é inconstitucional, uma vez que não respeita os “direitos e a dignidade da humanidade”. Desta forma, a situação de imigração ilegal não se aplica aos requerentes de asilo e refugiados que chegam à Papuásia-Nova Guiné, uma vez que esta é feita contra a sua vontade. A directora da Human Rights Watch na Austrália, Elaine Pearson, considerou a decisão do tribunal uma “grande vitória”. “O Supremo Tribunal da Papuásia-Nova Guiné reconheceu que a detenção de pessoas que não cometeram nenhum crime é errada. Para essas pessoas, o seu único erro foi tentar procurar abrigo na Austrália. Estas pessoas não merecem anos no limbo, trancadas numa prisão numa ilha remota”, afirmou Pearson, citada pelo The Guardian. O centro de detenção na ilha de Manus abriu em 2001, na sequência de um acordo estabelecido entre os governos da Austrália e da Papuásia-Nova Guiné. O centro foi formalmente encerrado em 2008, mas foi reaberto em 2012. Actualmente estão detidas cerca de 850 pessoas na ilha. Em 2014, uma pessoa morreu e dezenas ficaram feridas na sequência de um motim que surgiu depois de um grupo de detidos ter escapado temporariamente do centro de detenção. Na sequência disso, um grupo de refugiados iniciou um protesto, que resultou em violentos confrontos entre os refugiados na ilha. As condições nos centros de detenção nas ilhas da Papuásia-Nova Guiné têm merecido duras críticas por parte das Nações Unidas e de várias organizações internacionais, que denunciam casos de violência e de degradação dos direitos humanos, registando-se vários casos de pessoas que estão em greve de fome ou que tentam suicidar-se. Estas organizações têm acusado a Austrália de violar a lei internacional, uma vez que depois de os barcos com migrantes serem interceptados muitos deles acabam por regressar ao seu país de origem, de onde procuraram escapar de situações de violência ou perseguição – e onde acabam por enfrentar duras punições por terem tentado fugir. Para além disso, muitas destas pessoas pagam enormes quantias de dinheiro a traficantes na sua ambição de chegar à Austrália. Muitas acabam por morrer na travessia, perante os perigos e condições vulneráveis da viagem. Num relatório publicado em Outubro do ano passado pela Amnistia Internacional, esta organização denuncia os maus tratos que os detidos sofrem na ilha de Manus, e acusam responsáveis australianos de pagarem a contrabandistas para transportarem imigrantes em condições deploráveis. Corrigido às 22h20 para eliminar uma gralha: o centro de detenção da ilha de Manus abriu em 2001 e não 2011. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Texto editado por Rita Siza
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave crime direitos lei humanos violência imigração tribunal prisão fome perseguição ilegal
Estados Unidos saem de pacto global sobre refugiados e migrantes
"Nós é que decidimos qual é a melhor forma de controlar as nossas fronteiras e quem é autorizado a entrar no nosso país", disse a embaixadora dos EUA nas Nações Unidas. Saída anunciada horas antes da primeira cimeira. (...)

Estados Unidos saem de pacto global sobre refugiados e migrantes
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 11 Refugiados Pontuação: 18 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-12-04 | Jornal Público
SUMÁRIO: "Nós é que decidimos qual é a melhor forma de controlar as nossas fronteiras e quem é autorizado a entrar no nosso país", disse a embaixadora dos EUA nas Nações Unidas. Saída anunciada horas antes da primeira cimeira.
TEXTO: O Presidente norte-americano, Donald Trump, retirou os Estados Unidos de um pacto global para proteger os direitos dos refugiados e migrantes em todo o mundo, assinado no ano passado por todos os 193 países da Assembleia Geral das Nações Unidas. O anúncio da saída foi feito a poucas horas do início da primeira grande reunião sobre o tema, marcada para esta segunda-feira no México. Além de ter limitado a 45 mil o número de pessoas que terão direito a asilo nos EUA no próximo ano fiscal - o mais baixo em muitos anos - a Administração Trump mostra estar disposta a aplicar a doutrina America first também aos refugiados. "Nós é que decidimos qual é a melhor forma de controlar as nossas fronteiras e quem é autorizado a entrar no nosso país. A abordagem global na Declaração de Nova Iorque não é compatível com a soberania dos Estados Unidos", disse a representante norte-americana nas Nações Unidas, Nikki Haley. Haley foi quem deu a cara pela decisão dos Estados Unidos, mas a representante norte-americana nas Nações Unidas foi a única a defender a permanência do país no pacto global sobre migrações, segundo o site da revista Foreign Policy. Durante as conversações que decorreram na Casa Branca na semana passada, o principal instigador da saída foi Stephen Miller, o conselheiro político de Donald Trump que se tem destacado pelas suas posições anti-imigração – Miller foi acompanhado pelo chefe de gabinete da Casa Branca, John Kelly, e pelo attorney general (uma mistura entre o ministro da Justiça e o procurador-geral), Jeff Sessions. Contra a saída esteve apenas Nikki Haley, que defendia a permanência como a melhor forma de os Estados Unidos poderem influenciar as discussões, escreve a Foreign Policy. Mas a posição da representante norte-americana nas Nações Unidas foi contrariada pelo próprio Presidente, e Haley teve de anunciar a decisão final da Casa Branca na madrugada deste domingo. "A América orgulha-se da sua herança de imigração e da sua liderança moral no apoio a populações migrantes e de refugiados em todo o mundo. Nenhum país fez mais do que os Estados Unidos, e a nossa generosidade vai manter-se. Mas as nossas decisões sobre políticas de imigração devem ser sempre tomadas por americanos e só por americanos. A abordagem global na Declaração de Nova Iorque não é compatível com a soberania dos EUA", lê-se no comunicado da missão norte-americana nas Nações Unidas. A Declaração de Nova Iorque é um pacto assinado em Setembro de 2016 por todos os 193 países da Assembleia Geral das Nações Unidas, promovido pelo então secretário-geral, Ban Ki-moon. O objectivo é estabelecer uma série de regras internacionais para ajudar os refugiados a chegarem mais facilmente aos seus países de acolhimento e facilitar a sua integração e acesso aos cuidados de saúde e educação. Mas a Declaração de Nova Iorque não inclui nenhum passo específico para que isso seja feito. Para começar a dar forma à declaração de intenções, os países decidiram reunir-se na próxima semana em Puerto Vallarta, no México, entre segunda-feira e quarta-feira – uma reunião que já não vai contar com a delegação norte-americana. No comunicado em que dá conta da saída dos Estados Unidos do pacto global sobre imigrantes e refugiados, a missão norte-americana nas Nações Unidas sublinha que a assinatura que está no documento é a de Barack Obama: "A participação norte-americana no processo começou em 2016, depois da decisão da Administração Obama de apoiar a Declaração de Nova Iorque sobre migração. A Declaração de Nova Iorque tem várias cláusulas que são inconsistentes com as políticas norte-americanas sobre imigrantes e refugiados e com os princípios sobre imigração da Administração Trump. "Desde que chegou à Casa Branca, a Administração Trump tem cumprido várias promessas feitas durante a campanha eleitoral sobre o envolvimento dos Estados Unidos em acordos e pactos internacionais – principalmente dos que foram assinados pela Administração Obama. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. No dia 23 de Janeiro, Trump retirou os Estados Unidos da Parceria Transpacífico (TPP, na sigla original); no dia 1 de Junho, anunciou a saída do Acordo de Paris sobre as alterações climáticas; e, no dia 12 de Outubro, o país deixou de integrar a UNESCO. Depois do comércio global, das alterações climáticas e da educação, ciência e cultura, esta semana chegou a vez das migrações – mais uma vez, a Administração Trump diz que este tipo de acordos globais é contrário à política norte-americana.
REFERÊNCIAS:
Entidades UNESCO EUA
No dia dos refugiados, Hungria aprovou lei que torna crime ajudá-los
Pacote legislativo STOP Soros é criticado por organizações de defesa dos direitos humanos, ONU e Parlamento Europeu. (...)

No dia dos refugiados, Hungria aprovou lei que torna crime ajudá-los
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 11 Refugiados Pontuação: 18 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-06-21 | Jornal Público
SUMÁRIO: Pacote legislativo STOP Soros é criticado por organizações de defesa dos direitos humanos, ONU e Parlamento Europeu.
TEXTO: No Dia Mundial dos Refugiados, o Parlamento da Hungria aprovou um pacote legislativo que torna crime prestar auxílio a quem entre no país sem documentos legais – mesmo que para pedir asilo. Limitar a acção das organizações não-governamentais é o objectivo destas leis – em particular, as financiadas pelo milionário George Soros, americano de origem húngara, que recentemente anunciaram que saíam deste país. Ao abrigo da nova legislação, oficialmente designada STOP Soros, aprovada com a maioria de que dispõe o Fidesz, o partido do governo liderado por Viktor Orbán, indivíduos ou grupos que ajudem imigrantes a pedir asilo ou a permanecer na Hungria sem que tenham condições para tal podem ser condenados a penas de prisão. “O povo húngaro tem a expectativa de que o Governo use todos os meios necessários para combater a imigração ilegal e as actividades que a promovem”, diz o ministro do Interior, Sandor Pinter, numa justificação adicionada à legislação, citada pela Reuters. “Queremos usar estas leis para impedir que a Hungria se torne um país de imigrantes”, acrescenta. Estas leis foram condenadas por grupos de defesa dos direitos humanos, pelo Parlamento Europeu e pelas Nações Unidas, como um ataque aos direitos fundamentais das pessoas que procuram asilo e também das que os auxiliam. O Conselho da Europeia tinha também pedido que a Hungria esperasse que a Comissão de Veneza, o seu painel de especialistas sobre lei constitucional e direitos humanos, se pronunciasse sobre estas alterações – a declaração é esperada sexta-feira. Mas o Governo de Viktor Orbán, ferozmente anti-imigração e sem contemplações para com refugiados, em especial se forem de países não cristãos, não esperou. Aprovou uma emenda constitucional que afirma que “uma população estrangeira não pode fixar-se na Hungria” – o que é visto como um ataque ao malogrado plano da Comissão Europeia de distribuir alguns dos muitos milhares de refugiados que chegaram à Europa em 2015 pelos Estados-membros segundo um sistema de quotas. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A Hungria chegou mesmo a promover um referendo sobre este sistema de quotas de distribuição de refugiados na UE em 2016 – mas não participaram eleitores suficientes para validar a votação. Só votaram 45% dos eleitores, abaixo dos 50% necessários. Ainda assim, 95% dos que votaram manifestaram-se contra receber migrantes – ainda está viva na memória dos húngaros a grande vaga de sírios e iraquianos que chegaram às suas fronteiras no Verão 2015, em fuga da guerra na Síria. A grande maioria procurou países mais ricos e acolhedores, como a Alemanha. Mas esta onda serviu a Orbán para se erguer como defensor da civilização cristã e espalhar o receio dos refugiados. Há denúncias sistemáticas de maus-tratos a refugiados na Hungria. Orbán construiu uma vedação na fronteira para impedir entradas e ajudou outros países a construir muros. As estatísticas oficiais, porém, mostram que Abril havia apenas 3555 refugiados a viver na Hungria, um país de dez milhões de habitantes, diz a Reuters. Nos primeiros quatro meses deste ano, só 342 pessoas se tinham registado como requerentes de asilo na Hungria, a maioria dos quais originários do Médio Oriente. Destes, 279 receberam resposta positiva.
REFERÊNCIAS:
Entidades UE
Dois meses depois e ainda não há acordo com Alemanha por causa de refugiados
Governo pediu mais tempo ao Parlamento para dar informações. PSD questiona atraso em celebrar um acordo com Alemanha, como a Espanha já fez. (...)

Dois meses depois e ainda não há acordo com Alemanha por causa de refugiados
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 11 Refugiados Pontuação: 18 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-08-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Governo pediu mais tempo ao Parlamento para dar informações. PSD questiona atraso em celebrar um acordo com Alemanha, como a Espanha já fez.
TEXTO: Há dois meses, à saída do Conselho Europeu informal, António Costa anunciou que estava em negociações com a chanceler alemã Angela Merkel para que os dois países celebrassem um acordo que permitisse o regresso a Portugal de refugiados que pediram asilo no nosso país, mas que entretanto emigraram para a Alemanha. Passado este tempo, o acordo ainda não existe e tanto o Ministério dos Negócios Estrangeiros como o Ministério da Administração Interna pediram mais tempo ao Parlamento para darem informações, pedidas pelo PSD. Em duas respostas a perguntas de deputados sociais-democratas enviadas à Assembleia da República, os dois ministérios dizem que se trata de informação com muita "complexidade" e que, como tal, não conseguem responder no prazo de 30 dias previsto na lei. Um atraso que o PSD não entende. "Em Portugal, o Governo socialista demonstra sintomas de desfasamento entre o ideal europeu que advoga e a letargia que pratica em matérias europeias. Das duas uma: ou o Governo português fez mais um dos seus números de propaganda oca sobre os seus supostos compromissos europeus, ou então pretende surpreender e ocultar informação ao Parlamento português, à semelhança do que fez noutros domínios europeus", começa por dizer a deputada Rubina Berardo que, no início de Julho, pediu aos dois ministérios a documentação que daria corpo ao acordo bilateral. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Perante a inexistência de resposta, e depois dos pedidos de prorrogação de prazo, a deputada considera que qualquer "é lamentável" que não se conheçam os contornos do que está a ser negociado entre os dois países. "Instamos o Governo a partilhar de imediato com o Parlamento o ponto de situação negocial sobre as condições de um futuro acordo bilateral com a Alemanha", acrescenta a vice-presidente da bancada social-democrata. A social-democrata não entende o porquê de não receber informação, mas, mais do que isso, não entende o porquê de o Governo ainda não ter firmado esse acordo com o Governo de Angela Merkel. "O Governo espanhol - que está há pouco tempo em exercício - conseguiu já negociar e assinar um acordo bilateral desta natureza com a Alemanha, algo que o Governo português continua a protelar", diz. O acordo em causa visa dar corpo à resolução dos estados-membros de repartirem o acolhimento de refugiados, mas pretende sobretudo dar resposta a um problema que assola a Alemanha, as chamadas "migrações secundárias". Este tipo de migração, ou seja, de pessoas que foram acolhidas por outros países europeus, como Portugal, e que na tentativa de reunificação familiar ou à procura de melhores condições de vida, se mudam para a Alemanha. O problema deste tipo de migrações afecta aquele país e tornou-se tema recorrente do discurso anti-imigração dos partidos de extrema-direita. Para aliviar a pressão sobre o seu Governo, Merkel anunciou que iria apresentar acordos bilaterais com vários países, entre eles Portugal.
REFERÊNCIAS:
Partidos PSD
Portugal recebeu quase 47 mil estrangeiros em 2016 e acolheu 400 refugiados
Em 2016, viviam em Portugal 397.700 estrangeiros, num aumento de 2,3% relativamente ao ano anterior. E, entre Janeiro e Julho de 2017, Portugal concedeu mil vistos gold, segundo um relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico. (...)

Portugal recebeu quase 47 mil estrangeiros em 2016 e acolheu 400 refugiados
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 11 Refugiados Pontuação: 18 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-06-20 | Jornal Público
SUMÁRIO: Em 2016, viviam em Portugal 397.700 estrangeiros, num aumento de 2,3% relativamente ao ano anterior. E, entre Janeiro e Julho de 2017, Portugal concedeu mil vistos gold, segundo um relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico.
TEXTO: Quase 47 mil estrangeiros chegaram a Portugal em 2016, o valor mais elevado desde 2010, tendo o país dado estatuto de refugiado ou protecção internacional a 400 pessoas, o dobro de 2015, revela um relatório da OCDE divulgado esta quarta-feira. Os dados fazem parte do relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) sobre migrações, divulgado no Dia Mundial dos Refugiados, no qual o organismo analisa os recentes desenvolvimentos em matéria de movimentos migratórios e, pela primeira vez, o impacto do acolhimento de refugiados no mercado laboral. Concretamente em relação aos refugiados, a OCDE aponta que Portugal concedeu estatuto de refugiado ou protecção internacional a 400 pessoas em 2016, duas vezes mais do que em 2015, sendo que em dois terços dos casos foi dado visto humanitário e aos restantes estatuto de refugiado. "Portugal continua a cumprir com o seu compromisso, no âmbito da agenda europeia para a migração, de acolher e instalar 4574 pessoas vindas da Grécia e de Itália, até Dezembro de 2017", refere a organização, acrescentando que, entre Janeiro e Junho desse ano, foram recolocadas 2250 pessoas, aproximadamente 50% do número total acordado. Em relação aos imigrantes, a OCDE salienta que em 2016 entraram no país 46. 900 pessoas, "o nível mais elevado registado desde 2010 e um aumento de 24% em relação a 2015", e que teve como consequência o "primeiro aumento do número da população estrangeira desde 2009". Em 2016, viviam em Portugal 397. 700 estrangeiros, mais 2, 3% do que em 2015, refere a OCDE. "Mais de metade do aumento da entrada anual pode ser relacionado com a livre circulação na União Europeia. O número de migrantes da União Europeia aumentou mais de 40% em dois anos", lê-se no relatórioO documento acrescenta que em 2014 eram 14. 700 pessoas, número que passou para 21. 200 em 2016, ano em que a maioria veio de França (3500), Itália (3100) e Reino Unido (3100). "Estes aumentos foram em parte justificados com o regime fiscal favorável para os residentes não habituais aplicável a novos residentes fiscais", diz a OCDE. Por outro lado, o número de autorizações de residência para a actividade de investimento (modalidade conhecida como 'vistos gold') também aumentou em 2016 e 2017 "quando recuperaram dos atrasos depois da suspensão do programa em 2015 por causa de investigações judiciais a casos de corrupção". A OCDE refere que, entre Janeiro e Julho de 2017, foram autorizados mil vistos, além de outros dois mil adicionais para membros da família, em comparação com 1400 vistos em 2016, aos quais se somam mais 2300 para membros do agregado familiar. Já no que diz respeito à emigração, depois de um aumento entre 2010 e 2013, a saída de portugueses para viverem noutro país estabilizou em 2013, com um número estimado de 38. 300 emigrantes permanentes e 58. 900 temporários, em 2016. "Foram apresentadas várias iniciativas para aumentar a atractividade de Portugal tanto para os estrangeiros como para os portugueses emigrados", refere a OCDE. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A organização sublinha que 2016 foi o ano em que se assinalaram dez anos desde a entrada em vigor da Lei da Nacionalidade, "que facilitou a aquisição de nacionalidade portuguesa a crianças filhas de imigrantes nascidas em Portugal ou que chegaram ainda bebés", acrescentando que, entre 2008 e 2016, 225. 000 pessoas adquiriram a nacionalidade portuguesa. "Em 2016, 29 mil pessoas adquiriram a nacionalidade portuguesa, mais 30% do que em 2015", lê-se no relatório. As referências a Portugal incluem ainda as alterações recentes feitas à Lei da Nacionalidade, mas também à Lei da Imigração, destacando as restrições na expulsão de imigrantes sem documentos, além de terem sido transpostas três directivas europeias sobre as condições de entrada e permanência de residentes de países terceiros para trabalho sazonal.
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE
Trump quer “olhar para o que se está a passar na Suécia”. Aqui está o que se passa por lá
O Presidente americano referiu-se a um ataque na Suécia que nunca aconteceu. Depois justificou a declaração com uma reportagem que ligava o fluxo de refugiados ao aumento da criminalidade. Mas será este o cenário na Suécia? (...)

Trump quer “olhar para o que se está a passar na Suécia”. Aqui está o que se passa por lá
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 11 Refugiados Pontuação: 14 | Sentimento 0.2
DATA: 2017-02-21 | Jornal Público
SUMÁRIO: O Presidente americano referiu-se a um ataque na Suécia que nunca aconteceu. Depois justificou a declaração com uma reportagem que ligava o fluxo de refugiados ao aumento da criminalidade. Mas será este o cenário na Suécia?
TEXTO: O Presidente Trump causou confusão durante um comício na Florida no domingo quando disse: “Vejam o que aconteceu ontem à noite na Suécia. Suécia. Quem é que havia de acreditar nisto?”. Trump depois mencionou as cidades francesas de Nice e Paris e a capital belga, Bruxelas. As três cidades europeias foram atacadas por terroristas ao longo dos últimos dois anos. Embora Trump não o tenha dito explicitamente, as suas observações foram amplamente percebidas nos Estados Unidos e no estrangeiro como uma sugestão de que tinha ocorrido um ataque na Suécia na noite de sexta-feira. Trump tentou clarificar as suas observações, ao tweetar no domingo: “As minhas declarações sobre o que se está a passar na Suécia referem-se a uma reportagem que passou na Fox News sobre imigrantes na Suécia”. Trump referia-se provavelmente a uma entrevista com o realizador Ami Horowitz no programa da Fox News, Tucker Carlson Tonight, que começou a circular nas redes sociais pouco tempo depois do discurso de Trump na Florida. Horowitz responsabilizou os refugiados por o que ele diz ser uma onda de crime na Suécia. As alegações do realizador foram desde aí alvo de escrutínio, tal como noticiou o jornal sueco Dagens Nyheter esta segunda-feira. Dois polícias suecos entrevistados por Horowitz disseram que os seus comentários foram retirados do contexto. Um deles, Anders Göranzon, acusou o realizador de ser um “louco”. Estas alegações de Horowitz impulsionaram as pesquisas no Google sobre informação acerca das estatísticas de crime na Suécia nas últimas semanas. Na verdade, o interesse na matéria nunca foi tão alto nos últimos quatro anos. As referências de Trump sobre a Suécia parecem sugerir que a abordagem do país ao acolhimento de refugiados e os seus efeitos nas taxas de criminalidade devem ser um sinal de alerta. Mas foram as observações do Presidente justificadas?“Absolutamente não”, afirma Felipe Estrada Dörner, professor de criminologia na Universidade de Estocolmo. A sua resposta foi repetida esta segunda-feira por múltiplos especialistas que estão familiarizados com as estatísticas da criminalidade sueca. Globalmente, a taxa de criminalidade média da Suécia caiu nos últimos anos, diz Dörner. Essa queda tem sido observada para casos de violência letal e agressões sexuais, duas das mais graves categorias de crime. Além disso, uma análise do jornal sueco Dagens Nyheter, realizada entre Outubro de 2015 e Janeiro de 2016, chegou à conclusão de que os refugiados eram responsáveis por apenas 1% de todos os incidentes. Os investigadores advertem, no entanto, que a segregação e o desemprego de longo prazo dos refugiados podem ter um efeito negativo nas taxas de criminalidade da Suécia no futuro. A Alemanha, o outro país europeu que registou um número semelhante de refugiados per capita em 2015, também refutou as alegações de que o fluxo levou a um aumento da criminalidade. “Os imigrantes não são mais criminosos do que os alemães”, afirmou um porta-voz do ministro do Interior em Junho. De maneira geral, os níveis de criminalidade na Alemanha diminuíram no primeiro trimestre de 2016, afirmaram as autoridades no ano passado. No entanto, o cepticismo tem persistido na Alemanha, Suécia e noutros lugares. Um estudo do Pew Research Center, realizado no início de 2016, indicou que 46% dos suecos acreditavam que os refugiados no país “são mais culpados pelo crime do que os outros grupos”. Relatos sobre alegados encobrimentos da polícia dos crimes de refugiados podem ter contribuído para a desconfiança em relação às estatísticas oficiais. Os criminologistas dizem também que alguns dos casos receberam atenção pública desproporcional, criando uma percepção distorcida entre os suecos. “O que nós estamos a ouvir é um exagero muito, muito extremo baseado em alguns eventos isolados”, explicou Jerzy Sarnecki, um criminologista na Universidade de Estocolmo ao jornal Globe e Mail em Maio, quando a cobertura de crimes relacionados com refugiados atingiu o pico. Existe um dado em que a Suécia lidera efectivamente as estatísticas de criminalidade internacionais: casos notificados de violação. Quando três homens raptaram uma mulher em directo no Facebook, o incidente fez manchetes por todo o mundo. Mas os criminologistas afirmam que os refugiados não são a razão pela qual a Suécia tem este extraordinário número de violações. “As [definições de] violações diferem entre países”, diz Dörner. “Na Suécia, várias alterações na legislação foram realizadas para incluir mais casos de crimes sexuais como casos de violação”. A definição na Suécia daquilo que constitui violação é agora uma das mais alargadas do mundo. Os números variáveis, bem como outras medidas suecas para facilitar as queixas de violação, podem ter afectado as estatísticas. Os especialistas suecos em criminalidade também não concordam que os imigrantes criaram as chamadas zonas a evitar na Suécia – áreas que alegadamente são demasiado perigosas para os suecos nativos entrarem e que são efectivamente controladas por criminosos. “Essa percepção é fabricada”, diz Dörner. Mas ele e outros apontam que o fluxo de refugiados coloca desafios à Suécia, só que não da forma como está a ser retratada por alguns. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. “Mesmo que não existam ‘zonas a evitar’ como alegado na propaganda, existem problemas em torno de crimes e distúrbios em vários subúrbios das cidades suecas, onde grupos de imigrantes tendem a ser excessivamente representados”, afirma Henrik Selin, director de diálogo intercultural no Instituto Sueco. “A Suécia definitivamente, tal como outros países, [enfrenta] desafios no que toca à integração de imigrantes na sociedade sueca, com níveis mais baixos de emprego, tendências de exclusão e também problemas relacionados com crimes”, diz Selin. Existem poucas provas, no entanto, de que a Suécia se tenha transformado num país sem lei, como às vezes é descrito no estrangeiro. Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave crime homens lei violência exclusão ataque mulher violação estudo desemprego
Estudo mostra impacto económico positivo da concessão de asilo
Economistas franceses analisaram 30 anos em países europeus, Portugal incluído. E garantem que refugiados não são um fardo económico para os países de acolhimento. Pelo contrário, contribuíram para aumentar as receitas líquidas em cerca de 1%. (...)

Estudo mostra impacto económico positivo da concessão de asilo
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 11 Refugiados Pontuação: 14 | Sentimento 0.213
DATA: 2018-06-21 | Jornal Público
SUMÁRIO: Economistas franceses analisaram 30 anos em países europeus, Portugal incluído. E garantem que refugiados não são um fardo económico para os países de acolhimento. Pelo contrário, contribuíram para aumentar as receitas líquidas em cerca de 1%.
TEXTO: Os requerentes de asilo que se deslocam para a Europa reduziram o desemprego e contribuíram para dinamizar as economias dos países de acolhimento. E não sobrecarregaram as finanças públicas, asseguraram cientistas. Depois de analisarem os dados económicos e relativos às migrações dos últimos 30 anos, uma equipa de economistas franceses liderada por Hippolyte d’Albis, da Escola de Economia de Paris, concluíu num estudo publicado na quarta-feira na Science Advances, que os requerentes de asilo melhoraram o Produto Interno Bruto e aumentaram as receitas líquidas em cerca de 1%. De acordo com este estudo – que incluiu dados de Portugal, além da Áustria, Bélgica, Dinamarca, França, Alemanha, Irlanda e Espanha, entre outros países –, os requerentes de asilo começaram a contribuir mais para o PIB dos países de acolhimento após três a sete anos de permanência. "Por exemplo, se houver um migrante por cada 1000 habitantes, o PIB aumenta em média 0, 17% por habitante imediatamente e pode crescer ate 0, 32% no segundo ano. A taxa de desemprego baixa 0, 14 pontos. Fomos surpreendidos pela clarexa destes resultados", afirmou Hippolyte d’Albis, o principal autor, numa curta entrevista à revista francesa L'Obs. Os refugiados levam mais tempo a ter um efeito positivo na economia dos países de acolhimento do que os migrantes, segundo o estudo, mas contribuem mais pagando impostos do que aquilo que o Estado gasta com eles, entre outros efeitos, explica um comunicado de imprensa do Centro Nacional de Investigação Científica francês. Este estudo surge numa altura em que se agudizam as hostilidades face à entrada de migrantes na Europa, após a crise de 2015, quando mais de um milhão de refugiados provenientes do Médio Oriente, da Ásia e África chegaram à Europa. O relatório anual do Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) divulgado terça-feira mostrou que o número global de refugiados cresceu 2, 9 milhões em 2017, fixando-se num recorde de 25, 4 milhões. De acordo com os economistas franceses, que se debruçaram sobre os dados relativos ao período temporal entre 1985 e 2015, os requerentes de asilo, – ou seja, imigrantes que demonstram medo de serem perseguidos nos seus países de origem –, estão longe de serem um fardo para quem os acolhe. “O cliché que equipara a imigração internacional a um fardo para os países de acolhimento pode ser desfeito”, escreveram os economistas do Centro Nacional Francês de Investigação Científica, da Universidade de Clermont-Auvergne e da Universidade Paris-Nanterre. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A Grécia, porta de entrada na Europa da maior parte dos migrantes que fugiram da guerra civil na Síria, não foi incluída neste estudo, porque os dados fiscais anteriores a 1990 não estavam disponíveis. Citado pela Reuters, Chad Sparber, professor associado de economia na Colgate University, nos Estados Unidos, sublinhou que este estudo funciona como “um lembrete” de que os argumentos económicos contra a abertura de portas aos migrantes não têm adesão à realidade. Sparber reconheceu, contudo, que a entrada massiva de imigrantes pode ser percepcionada negativamente pelos nacionais dos diferentes países de acolhimento. “Há pessoas que perdem ou sofrem”, declarou, para defender uma “imigração em equilíbrio”.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave guerra escola imigração medo estudo desemprego