Discurso da extrema-direita ganha terreno na Europa
Após o naufrágio de Lampedusa, em que morreram mais de 300 imigrantes ilegais, olhamos a influência crescente da extrema-direita na agenda política europeiaNa vila de Brignoles, no Su-deste de França, joga-se este domingo uma parte do futuro da extrema-direita europeia. É bem provável que seja eleito à segunda volta um candidato da Frente Nacional (FN) de Marine Le Pen, num momento em que um quarto dos franceses se diz disposto a votar neste partido para as eleições europeias de Maio de 2014. A força política que rejeita a imigração muçulmana e a União Europeia tem cada vez mais aceitação entre os franceses. Não ... (etc.)

Discurso da extrema-direita ganha terreno na Europa
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 11 Ciganos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-10-13 | Jornal Público
TEXTO: Após o naufrágio de Lampedusa, em que morreram mais de 300 imigrantes ilegais, olhamos a influência crescente da extrema-direita na agenda política europeiaNa vila de Brignoles, no Su-deste de França, joga-se este domingo uma parte do futuro da extrema-direita europeia. É bem provável que seja eleito à segunda volta um candidato da Frente Nacional (FN) de Marine Le Pen, num momento em que um quarto dos franceses se diz disposto a votar neste partido para as eleições europeias de Maio de 2014. A força política que rejeita a imigração muçulmana e a União Europeia tem cada vez mais aceitação entre os franceses. Não é apenas bizarria gaulesa: há partidos semelhantes noutros países europeus, que obtêm votações na casa dos 20% e que, em maior ou menor grau, juntam a hostilidade à imigração ao discurso anti-europeu. O resultado de Brignoles será lido como uma previsão de como a FN poderá dar-se nas eleições locais de Março - um passo mais para a verdadeira ambição de Le Pen, que é dirigir o maior partido de França e ser Presidente da República. Mas se o partido de extrema-direita francês é o mais conhecido, no Reino Unido, Áustria e Holanda outros partidos de extrema-direita que chegaram ao poder ou obtiveram votações que ameaçam os partidos tradicionais têm posto na agenda política a restrição da imigração e a retracção da integração europeia. Veja-se a Áustria: Heinz Christian Strache, líder do Partido da Liberdade Austríaco (FPÖ), fala do "poder desmesurado de Bruxelas" e de uma "elite política que perdeu o contacto com a população". Na campanha para as legislativas de 29 de Setembro, a palavra de ordem foi "amor ao próximo" - desde que seja austríaco. Ficou em terceiro lugar, com 21, 4%, bastante perto do resultado dos dois partidos que tradicionalmente dividem o poder na Áustria. Strache, que também joga na "desdiabolização", tal como Marine Le Pen, desenvolveu o tema do heimat, sentimento de pertença à sua pátria e ao seu país, com um rap cantado por ele próprio e uma banda desenhada em que ele é o herói e os imigrantes turcos são o bombo da festa. Em Itália, o partido que normalmente se associa ao discurso anti-imigração é a Liga Norte. Mas quando há uma vaga de indignação nacional com o naufrágio de Lampedusa e está a correr uma petição do jornal La Repubblica com dezenas de milhares de assinaturas para mudar a lei Bossi-Fini - que criou o delito de "clandestinidade" para os imigrantes ilegais e tornou crime socorrer barcos com imigrantes em alto-mar - quem produziu a nota dissonante mais forte foram Beppe Grillo e Roberto Casaleggio, os gurus do Movimento 5 Estrelas (M5S). Reagiram no seu blogue contra uma emenda apresentada no Senado por dois senadores eleitos pelo próprio M5S, chamando-lhes "Doutores Estranhoamor sem controlo". A emenda "é um convite lançado aos migrantes de África e do Médio Oriente a embarcar para Itália", afirmam. "Lampedusa está à beira da ruptura, a Itália não está bem. Quantos imigrantes podemos acolher se um italiano em cada oito não tem meios para comer?"Este tipo de argumentação não seria mal vista no Reino Unido, onde a imigração se tornou um dos temas mais importantes em 2007. Uma sondagem IPSOS-Mori diz que 39% dos britânicos concordam com a afirmação de que "os imigrantes prejudicam a recuperação económica ao ficarem com os empregos". Além disso, 56% dos inquiridos consideram que o Reino Unido tem "uma proporção mais elevada" de imigrantes do que outros países europeus. Quem tem lucrado com este descontentamento é o UKIP (Partido da Independência do Reino Unido), cujos resultados têm disparado nas eleições locais intercalares e nas sondagens. Mesmo sem deputados na Câmara dos Comuns, este partido eurocéptico e contrário à imigração, liderado por um astuto populista chamado Nigel Farage, tornou-se numa dor de cabeça para o primeiro-ministro David Cameron. Farage prometeu que provocará "um terramoto político" nas eleições europeias de Maio de 2014 e o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, levou-o a sério: afirmou que o UKIP pode bem ganhar as eleições, acusando os conservadores de Cameron de se estarem a tornar "eurocépticos para tentarem obter vantagem eleitoral". Crime romenoNo caso britânico, o papão é o imigrante de Leste. Daí que no congresso do UKIP, em Setembro, Farage tenha alertado para a "onda de crime romena" que garante estar a atingir o Reino Unido, e que prevê que piore a partir de 2014 se Roménia e Bulgária entrarem plenamente no espaço Schengen. Desde 2007 que estão em vigor na UE restrições temporárias à movimentação de cidadãos destes países - só o podem fazer com passaporte. Deviam terminar em Janeiro, mas cada país tem o direito de vetar a adesão de outro à zona Schengen. Há Estados-membros, como a França, que querem manter este controlo. A ministra da Administração Interna de David Cameron, Theresa May, desmentiu a "onda de crime romeno", chamando-lhe "retórica do medo". "Um terço dos crimes de Londres é cometido por estrangeiros e cerca de um terço dos habitantes é estrangeiro", afirmou na BBC. A Europol também desmentiu esta ideia, num comunicado em que disse ter identificado 240 grupos de crime organizado romeno a actuar no espaço europeu - cerca de 6, 7% do total. Mas, tal como Cameron acedeu a promover um referendo sobre a permanência do Reino Unido na UE a partir de 2017 - se ganhar as próximas eleições -, May anunciou um pacote legislativo com o objectivo de criar "um ambiente hostil" para imigrantes ilegais. Está em estudo a saída de Londres da Convenção Europeia dos Direitos Humanos - para evitar que, nos cerca de 70 mil pedidos anuais de asilo recebidos por Londres, sejam invocadas estas disposições. Ou, nas palavras da ministra, que haja "abusos". Apresentado na quinta-feira, o novo pacote legislativo inclui a exigência de que imigrantes temporários, como estudantes estrangeiros, paguem uma "contribuição" para o Sistema Nacional de Saúde no valor de 200 libras (cerca de 235 euros), para desencorajar aquilo a que a governante chama "turismo de saúde" - estrangeiros que beneficiam do sistema britânico de cuidados médicos. Aos senhorios, passará a ser exigido que comprovem se os seus inquilinos estão legalizados - se não o fizerem, podem incorrer em 3000 libras de multa (3500 euros). A proposta está a ser criticada, porque pode aumentar o risco de os imigrantes não arranjarem alojamento, e por promover a discriminação. Medos francesesEm França, os cerca de 20 mil ciganos imigrantes da Roménia e da Bulgária tornaram-se um bode expiatório. Se com o Governo de direita de Nicolas Sarkozy eram escorraçados dos acampamentos e conduzidos à fronteira, acusados de furtos e outros crimes, com o Governo socialista de François Hollande passa-se a mesma coisa, ainda que a Comissão Europeia tenha avisado Paris de que a situação não pode continuar. O ministro do Interior francês, Manuel Valls, afirmou que só uma minoria de famílias ciganas deseja de facto integrar-se. As suas palavras geraram grande polémica, mas encontraram eco em 93% dos franceses. "O ministro refere-se aos projectos de inserção, que dizem respeito, de facto, a poucas famílias. Mas esquece-se de uma coisa: muitas vezes, enquanto são feitos os diagnósticos sociais para identificar as famílias que desejam integrar-se o campo onde estão é evacuado e as famílias são dispersas. Mas não porque recusem integrar-se", comentou ao Libération Michael Ghet, especialista que trabalha no gabinete do representante especial para as questões dos ciganos no Conselho da Europa. "Ao procedermos à sua expulsão sistemática, fabricamos "os ciganos" como exemplo de sub-humanidade", escreve o filósofo André Glucksmann no mesmo jornal, revoltando-se contra "esta crise de loucura geral. "Quem tem beneficiado de todo este mal-estar, a que se juntam a crise económica, o desemprego e os cortes para tentar equilibrar as contas francesa, tem sido a Frente Nacional de Marine Le Pen, que segue uma estratégia de crescimento sustentada para ser mais do que um simples partido de protesto. É uma força política contra o sistema, contra o PS e contra a UMP, o grande partido do centro-direita francês. "Apresenta um espelho no qual [as classes mais baixas e média] reconhecem a sua experiência social: a fragilidade dos laços sociais, o aumento da vulnerabilidade, a imprevisibilidade do amanhã. A crítica que fazem à UMP e ao PS de serem surdos a esta destruição da sua vida quotidiana", notou em entrevista ao Le Monde o sociólogo Alain Mergier.
REFERÊNCIAS:
Partidos PS
Portugueses condenados a prisão por casamentos de conveniência
Julgamento que decorreu durante seis semanas no Tribunal de Leicester terminou com condenação de três homens e duas mulheres. (...)

Portugueses condenados a prisão por casamentos de conveniência
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 11 Africanos Pontuação: 7 Mulheres Pontuação: 3 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: Julgamento que decorreu durante seis semanas no Tribunal de Leicester terminou com condenação de três homens e duas mulheres.
TEXTO: Cinco portugueses envolvidos na organização de casamentos por conveniência foram condenados a penas de um a quatro anos e oito meses de prisão por um tribunal britânico, informou nesta quinta-feira fonte judicial. A sentença foi declarada a 16 de Abril no Tribunal Criminal de Derby, após um julgamento que decorreu durante seis semanas, entre Fevereiro e Março, no Tribunal de Leicester (que só nesta quinta-feira disponibilizou a informação à agência Lusa). Em causa estava a organização de casamentos falsos entre noivos portugueses e nacionais da Nigéria e Camarões para facilitar a residência permanente destes últimos no Reino Unido. O caso foi desencadeado pela descoberta, em Outubro de 2011, de um casamento falso na Câmara Municipal de Leicester, onde se realizam uniões civis, entre a portuguesa Sandra Semedo e o estudante nigeriano Michael Olayanju Olayemi. As autoridades impediram a cerimónia e detiveram o casal, tendo descoberto que Sandra Semedo tinha chegado de avião de Lisboa poucos dias antes para se casar com Olayemi, revelou o procurador público Timothy Bowden, citado pelo jornal local Leicester Mercury. As suspeitas aumentaram quando a polícia apurou que o padrinho do nigeriano, o camaronês Michel Essome, já tinha usado o mesmo expediente e casado com uma portuguesa para conseguir permanecer no Reino Unido em 2002. Na altura da operação policial, Essome levantou suspeitas ao afirmar que estava acompanhado pela esposa portuguesa, quando, na verdade, a mulher era a irmã. Durante a investigação, as autoridades britânicas perceberam que estava envolvido outro português, Honório Semedo, que tinha casado com a nigeriana Violet Ighomereho em 1998 num cartório em Londres, apesar de viver em Leicester com a compatriota Ana Gonçalves. Apesar de os dois se terem divorciado oito anos mais tarde, Ighomereho obteve cidadania britânica. As inquirições das autoridades levaram à descoberta de que também o irmão de Honório Semedo, António, estava envolvido num casamento por conveniência com Irene Akinremi, que conseguiu autorização de residência permanente graças a documentos falsos: os dois declaram que viviam juntos em Londres, mas António Semedo vivia com a família e filhos em Leicester. Outra noiva portuguesa, de Lisboa, chegou a ser recrutada para se casar com Josiah Blessing, mas a cerimónia em Nottingham foi cancelada e o nigeriano tentou obter direito de residência com recurso a documentos falsos, o que foi recusado. Honório Semedo foi condenado a quatro anos e oito meses de prisão, António Semedo a 27 meses, Luís Cabral a 16 meses e Ana Gonçalves e Ana Cabral a 16 meses. As condenações foram enaltecidas pelo secretário de Estado da Imigração e Segurança, James Brokenshire, que invocou o mérito da lei para a imigração, que determina um período mais longo para os editais de casamento, o dá mais tempo às autoridades para investigarem casos suspeitos. "Este caso mostra que os procedimentos que estamos a tomar contra os casamentos por conveniência estão a funcionar e que os gangues criminosos envolvidos não vão escapar à justiça", afirmou, citado num comunicado.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave lei imigração tribunal mulher prisão casamento
A ressurreição não pode ser adiada (2)
É verdade: pessoas, povos e testemunhos de civilizações estão ameaçados. Os cristãos que o digam! (...)

A ressurreição não pode ser adiada (2)
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 11 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: É verdade: pessoas, povos e testemunhos de civilizações estão ameaçados. Os cristãos que o digam!
TEXTO: 1. Creio que a nossa ressurreição depois da morte é tarefa exclusiva do Deus dos vivos. Está bem entregue. É a ressurreição dos mortos-vivos, dos sem rosto, dos mais pobres, dos mais desfavorecidos, dos não rentáveis, dos ejectados do círculo virtuoso do liberalismo económico, que constitui o desafio lançado a todas as pessoas de boa vontade. A peça de teatro de Jean-Pierre Sarrazac, O Fim das Possibilidades - uma Fábula Satânica –, encenada por Nuno Carinhas e apresentada nos TNSJ e TNDII [1], mede-se precisamente com o que há de mais arcaico e persistente no livro de Job, confrontado com as características da crise actual, aprofundando, em parábola, o seu conhecimento, a partir de muitos afluentes. Temos de enfrentar a desesperança, mas sem recorrer à publicidade enganosa: “o futuro está de volta”. José Silva Lopes era considerado um dos maiores economistas do país, mas não confundia a esperança com ilusões. Recebeu o Expresso [2] para uma entrevista, dois meses antes de morrer. Temos, agora, acesso à sua opinião sobre algumas questões incontornáveis da nossa actualidade. Segundo Silva Lopes, a austeridade está para durar e só por si não resolve nada. Os resultados da austeridade são zero ou mesmo negativos, como ficou demostrado na Grécia. Por outro lado, em Portugal, os donos das grandes empresas distribuem muitos dividendos ou tiram dinheiro às empresas para o colocar no estrangeiro. Constituíram grandes dívidas cá para não pôr o (dinheiro) deles na empresa, ou até para o tirar. Com o subsídio ao abate de carros, arranjamos empregos para a Alemanha, em vez de os criar em Portugal. Há muitas palavras sobre exportações, mas não correspondem a investimentos novos a elas destinados e não travámos as importações. Atreveu-se a dizer que o governo sabe pouco de economia. Destaca, no entanto, que tivemos duas sortes enormes: a descida do preço do petróleo, que é um alívio extraordinário, assim como a baixa nas taxas de juro. 2. Uma das nossas situações mais calamitosas é a questão demográfica, mesmo tendo em conta os 22% de desempregados da população activa. No entanto, a ministra das Finanças, na sua mensagem aos novos, confia no alcance genesíaco da sua divina palavra: jovens, multipliquem-se! Com o aumento de cortes drásticos no abono de família, é de pasmar este encorajamento. A taxa de fecundidade é de 2 filhos por mulher em idade fértil. Não se vai além dos 83. 000 nascimentos por ano. Por cada 100 crianças, existem 133 velhos. Será o aumento da esperança de vida o nosso pior inimigo?Sem abandonar os problemas caseiros, a Revista do Expresso [3] resolveu levar-nos até às tribulações da governação europeia, que também são nossas. A longa entrevista de Cristina Peres a Antony Beevor, reputado historiador da II Guerra Mundial, goste-se ou não, merece atenção. Para este observador, estamos numa sociedade pós-democrática. Só agora começamos a ver os efeitos de mudanças que ocorreram nos anos 80 e 90. Foi aí que aconteceu a grande revolução que ainda estamos a tentar compreender. Nessa altura, houve uma combinação de acontecimentos que vai obrigar os historiadores a esperar mais 50 anos para concluírem se todas essas alterações estavam ligadas ou se foram pura coincidência: mudanças geopolíticas da Guerra Fria, mudança económica, colapso do controlo do comércio e a globalização; esta é a maior mudança de todas e teve como efeito directo a diminuição do valor do trabalho, em quase todo o mundo. Não se pode “desinventar” a internet. Os governos perderam o controlo sobre as suas fronteiras virtuais e económicas. A subida incrível do poder das empresas internacionais teve, muitas vezes, efeitos aterradores. Para A. Beevor, é grotesco ouvir Junker falar de valores europeus quando foi ele que introduziu, em Bruxelas, todas as vantagens fiscais para as multinacionais. 3. A entrevista toca em muitas questões. Para este historiador, o verdadeiro desastre foi o culto do multiculturalismo, uma agressão aos países de acolhimento da imigração. As ameaças de terrorismo vão exigir um controlo permanente da vida dos cidadãos, a morte da democracia. À medida que o Estado Islâmico avançar, aumentarão as migrações e as tensões sociais. Mesmo assim, a Europa será olhada, cada vez mais, como o salva-vidas do mundo. A democracia, com todos os seus defeitos, é considerada o melhor regime político, mas está em risco, mesmo nos países onde tinha mais raízes. Perdeu-se a autoconfiança nas suas capacidades. Também aqui estamos no fim das possibilidades, acima evocadas.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave morte guerra imigração mulher abate
As cenas da TAP
Já estamos fartos do assunto e dos penduras patrióticos que nos querem meter a mão na algibeira. (...)

As cenas da TAP
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 11 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: Já estamos fartos do assunto e dos penduras patrióticos que nos querem meter a mão na algibeira.
TEXTO: A TAP é um produto do império. Sem o império e a guerra colonial não existiria. O amor que os portugueses supostamente têm à TAP não passa de uma atracção pela falsa grandeza que as colónias nos davam e que gerações de portugueses partilharam, mesmo depois do “25 de Abril”. É por isso, e só por isso, que a “privatização” provoca sempre uma certa exaltação nacionalista, muito próxima da idiotia. A conversa sobre o “valor estratégico” da TAP assenta na fantástica premissa de que Portugal é uma potência com um papel no mundo; e a “lusofonia” em interesses de algumas empresas sem um mercado decente, na emigração para África de alguns portugueses e numa língua, alegadamente comum, que se vai degradando a cada tentativa para a tornar oficial (como sucedeu com o acordo ortográfico). O turismo em constante crescimento ajudou a manter a companhia durante as parcas décadas da II República (ou III, se quiserem), mas não chega para a manter contra a concorrência do low cost e dos grandes conglomerados que cobrem o mundo. Não chegou na Suíça, não chegou em Itália, não chegou em Espanha e por aí fora. Mas, desgraçadamente, este simples facto não entrou na cabeça dos governantes, nem na da gentinha que se exalta com as “vitórias” do futebol ou do sr. João Santos que ganhou o campeonato da Europa de caligrafia. Para esses representantes do amolecimento cerebral da Pátria, a TAP é um bocadinho de Portugal no estrangeiro e, não se percebe porquê, uma ajuda para extorquir dinheiro ao Brasil, a Angola ou até a Moçambique. Com um balcão da TAP e uma hospedeira portuguesa, a saloiice indígena rejubila. Foi neste ambiente que os srs. pilotos resolveram exigir o que em circunstâncias de tranquilidade e realismo nunca ocorreria àquelas duríssimas cabeças: 20 por cento do capital da companhia e o pagamento das “diuturnidades” que em princípio lhes deviam. Não interessa discutir aqui os méritos da reivindicação dos pilotos, nem as formidáveis perdas que uma greve de 10 dias nesta altura do ano irá trazer à TAP e à economia do país. Claro que os pilotos levarão a companhia à ruína e à sua venda por um preço vil. Mas se é esse o sacrifício que temos de fazer para curar a megalomania doméstica (pelo menos, neste capítulo), o sacrifício vale a pena. Também saímos de África e não ficámos pior. As cenas da TAP ou por causa da TAP acabam por nos prejudicar muito mais do que depender de um serviço estrangeiro organizado e fiável. E os srs. pilotos que depois tratem de si como puderem. Nós já estamos fartos do assunto e dos penduras patrióticos que nos querem meter a mão na algibeira.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave guerra ajuda doméstica
BE desfila em Lisboa, por um novo Parlamento e “um Governo que salve Portugal”
A arruada pela baixa de Lisboa teve muita música e animação, mas menos conversa com as pessoas do que a da semana passada, na rua Morais Soares, na mesma cidade. (...)

BE desfila em Lisboa, por um novo Parlamento e “um Governo que salve Portugal”
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 11 | Sentimento 0.136
DATA: 2015-10-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: A arruada pela baixa de Lisboa teve muita música e animação, mas menos conversa com as pessoas do que a da semana passada, na rua Morais Soares, na mesma cidade.
TEXTO: Perto das 18h00, é a Kumpanhia Algazarra quem dá o mote. O som da banda enche o Chiado, em Lisboa, as bandeiras agitam-se e a porta-voz do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, começa o desfile pela baixa de Lisboa, numa arruada que contou ainda com a presença da número um por Lisboa, Mariana Mortágua, mas não só. Fernando Rosas e Francisco Louçã também apareceram. Apesar de mais animada e mais alegre, esta arruada do BE teve menos pessoas a abordarem Catarina Martins do que outras. Ainda assim, poucos metros depois de ter começado, há uma jovem que faz questão de falar com a porta-voz. Chama-se Marta Contrão, tem 18 anos e está no 12. º ano. Frequenta o Liceu Camões e estuda harpa no Conservatório Nacional de Música. É ela quem fura a confusão de apoiantes e de jornalistas que rodeiam a porta-voz e explica ao que vem: é a primeira vez que vai votar e, entre todos os partidos, identifica-se mais com o Bloco. Porém, e já que Catarina Martins está ali diante dela, aproveita e pergunta-lhe o que pode fazer pela sua geração, pelos estudantes de artes, de teatro, de música, de dança. A porta-voz do BE, actriz, não podia ser mais sensível ao tema. A primeira preocupação que transmite é que esses jovens não tenham de emigrar. Que conhecimento é cultura. E que é preciso investir nestas áreas. Assim como acabar com falsos recibos verdes, estágios intermináveis. Marta quer estudar arte de intervenção, mas ainda não encontrou uma faculdade em Portugal que corresponda exactamente ao que procura. Saír do país é uma hipótese. Quanto ao voto, que vai exercer pela primeira vez, é bem provável que recaia no Bloco. Elogia Catarina Martins e Mariana Mortágua. Lembra-se bem de a porta-voz ter participado nas lutas para resolver alguns dos problemas do conservatório. A caravana segue, o director de campanha Ricardo Moreira dança, enquanto tenta organizar o desfile dos apoiantes. Gritam: “Passos Coelho, vem ver se chove, não queremos voltar ao século XIX. ”Críticas a CavacoDurante a arruada, Catarina Martins diz aos jornalistas que está confiante no voto das pessoas que se sentiram traídas em Portugal: “Estamos todos os dias no país, todos os dias vem ter connosco gente que está desiludida, que se sentiu traída com o seu voto há quatro anos e que quer diferente. É com todas essas pessoas que, por muito desiludidas que estejam com o seu voto, não desistiram de Portugal e querem uma solução para o país, que nós contamos no domingo, para que haja uma nova Assembleia da República, capaz de construir um Governo que salve Portugal e acabe de uma vez com a austeridade”. Essa é que é, diz Catarina Martins, a grande expectativa, ou “aposta”, do BE. É “mudar, mudar Portugal”. Lisboa é um círculo eleitoral importante, reconhece a porta-voz, mas todo o país o é. O Bloco está a contar, no dia 4 de Outubro, com cada pessoa em Portugal que não se resigna a ver a pensão dos pais ou dos avós ser “assaltada”, que “sacrificou tudo para que os filhos e netos tivessem uma vida melhor”, que não querem a emigração como “única resposta”. Catarina Martins apelou aos desiludidos, a todos os que apostaram em PSD e CDS como sendo “a mudança, que não foi, porque não cumpriu os compromissos”. Mas também, e sobretudo, a todos os que não desistem de Portugal: “No domingo, podem mudar. ”Apesar de a arruada desta tarde ter acabado de forma mais ou menos repentina – a que decorreu na semana passada na rua Morais Soares, também em Lisboa, teve muita mais conversa com as pessoas –, na caravana do Bloco tem-se sentido, de uma forma geral, entusiasmo. A porta-voz acredita que o BE está “a fazer campanha com muitas propostas, com listas muito fortes” que são, sublinha, das “mais jovens dos partidos parlamentares”. À margem, Catarina Martins deixou ainda uma crítica ao Chefe de Estado, Cavaco Silva, por ter dito ao homólogo colombiano que as eleições estão renhidas em Portugal. “O Presidente da República devia ter sido o garante da estabilidade e da Constituição, que não foi ao longo de quatro anos. Acho sinceramente que, nestas eleições, com o devido respeito pelo cargo institucional do Presidente da República, as afirmações de Cavaco Silva não são aquilo que acrescentam às escolhas que as pessoas têm de fazer no domingo. ”A porta-voz, que tem vindo sempre, ao longo da campanha, a desvalorizar as sondagens, recusa que a tendência geral que coloca a coligação de direita à frente possa significar que as pessoas não estão, afinal, tão desiludidas. Para Catarina Martins o que conta é o que vai ouvindo nas ruas do país.
REFERÊNCIAS:
A exemplar história de um homem que pela primeira vez decidiu não ir votar
Aos 60 anos, a morar há quatro no Reino Unido, está como o país, envelhecido, endividado, à procura de saída lá fora. (...)

A exemplar história de um homem que pela primeira vez decidiu não ir votar
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 11 | Sentimento 0.25
DATA: 2015-09-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: Aos 60 anos, a morar há quatro no Reino Unido, está como o país, envelhecido, endividado, à procura de saída lá fora.
TEXTO: Não vai votar. Desta vez, não quer, não está para aí virado. Desde o 25 de Abril de 1974, Aníbal Reis só não votou nas presidenciais de 27 de Junho de 1976, ganhas pelo general Ramalho Eanes. Estava internado num hospital a roer-se por dentro por não poder participar naquela histórica decisão. Teve uma infância difícil. Começou a trabalhar aos 11 anos numa pensão. Só tornou à escola por lá no Bairro, na freguesia de Nossa Senhora das Misericórdias, Ourém, terem criado turmas de 5º e 6º. Estava no 9º quando foi à inspecção. Já não teve de andar no mato de G3 ao ombro. Naquele ano Portugal libertou-se da ditadura e da guerra colonial e anos depois virou-se para a Europa. Aníbal quis ter casa, fazer férias no Sul, dar curso superior à filha. E durante anos tudo isso pareceu possível. De súbito, tudo se desmoronou. Passa horas ao balcão, em Salford, nos arredores de Manchester, Noroeste de Inglaterra, de calça e colete. Trabalha no restaurante “Taste of Portugal”, traduzível por “Sabor de Portugal”. É como se o seu rosto fosse o rosto de uma nação envelhecida, endividada, calma mas diligente, à procura de saída lá fora. Não pensou que um dia teria de emigrar, como o pai. Durante 14 anos, trabalhou numa loja de produtos agrícolas e viu o negócio prosperar ao sabor da modernização de uma agricultura arcaica – Bruxelas impulsionou o investimento em máquinas, estábulos, novas plantações, sistemas de drenagem. O país viveu um boom de construção. Aproveitando uma oportunidade para ganhar mais, Aníbal mudou-se para uma fábrica de tintas. “Tinha um gozo especial em abrir clientes”, diz. Ao fim de nove anos, foi aliciado pela concorrência. Volvidos dois anos, saiu do ramo. Já se sentia a retracção do investimento nas obras públicas, da recessão no mercado do imobiliário, depois de anos de desvario. O novo emprego, numa fábrica de máquinas de rótulos, durou menos de seis meses. “Havia ali algo de estranho. A empresa acabou por fechar. ” Que fazer quando se fica desempregado, aos 52 anos, num país que amiúde recusa contratar trabalhadores mais velhos e não se coíbe de usar o critério etário na hora de despedir?Decorria o Verão de 2008. Ainda nem caíra o Lehman Brothers, pedra de toque da crise, que começou no mercado de crédito imobiliário de alto risco dos EUA e se propagou à Europa, em particular ao Sul. Iam no adro as notícias sobre despedimentos, suspensões de contratos de trabalho, reduções de horário. Em 2008, a taxa de desemprego foi de 7, 6%. Subiu para 12, 7% em 2011, ano em que a troika desembarcou em Portugal. Subiu para 15, 5% em 2012 e para 16, 2% em 2013. E desceu para 13, 9% em 2014 e para 12, 4% em 2015, segundo o Instituto Nacional de Estatística. Muito por efeito de gente que deixou de contar, como Aníbal. Quando cá estava, fez “tudo o que apareceu”. Vendeu cartões de crédito numa grande superfície comercial. Trabalhou no recenseamento agrícola, no recenseamento da população, no recenseamento da habitação. Vestiu a pele de cliente mistério em lojas de telecomunicações e companhia de seguros. Comoveu-se ao entrevistar vítimas de esclerose múltipla. Foi administrativo numa junta de freguesia. Só trabalhos pontuais, mal pagos, muitas vezes tarde. E contas, contas, contas…Nos anos 90, quando era permitido sonhar tudo, tudo, Aníbal pegara nos 60 mil euros que tinha poupado e construíra uma casa espaçosa. “Tinha o terreno e pensei: até ao telhado fica feito; o resto, hei-de conseguir. ” Para a tornar habitável pedira outros 52, 5 mil, com juros de 9%. Nunca chegou aos últimos acabamentos. Se se põe a pensar nisso, até pela conversa que por aí vai, é capaz de dizer que se deixou levar pelas facilidades do crédito. Se pensa mais ainda conclui que nunca lhe passou pela cabeça que um dia não conseguiria pagar comida, água, luz, medicamentos e 393 euros de prestação ao banco. Sempre acreditou que haveria dois salários a entrar até ele e a mulher chegarem à idade da reforma. As depressões da mulher alongaram-se. Ela deixou de conseguir trabalhar. Enquanto ele teve salário, foram aguentado. Depois… “O gerente do banco a telefonar para casa e eu já sem saber o que dizer. ” Ele conhecia as respostas: “Não estou a trabalhar”; “Não recebi”, “Não tenho dinheiro”. Quantas pessoas fingiriam não ouvir o telefone ou atenderiam e engoliriam em seco, como ele? Repetiam-se as notícias sobre famílias forçadas a entregar a casa ao banco. E sobre insolvências – já não relacionadas com o sector têxtil, como acontecera no início do século, quando a União Europeia abriu as portas à China, mas na construção, nos serviços, até nas famílias. Partiram pessoas de todas as idadesForam várias as gerações que saíram às ruas a 12 de Março de 2011. A família de Aníbal espelhava o porquê. Nunca se tornou jornalista a filha, que se licenciou em Comunicação e passou por vários estágios e trabalhos precários antes de se tornar administrativa num hospital privado. "Os pais quiseram o melhor para os filhos, investiram muito na educação deles, depois a situação do país alterou-se. . . De um momento para o outro, ficaram pais e filhos à rasca. "Não podia afundar-se, como o país. “Tive de dar uma volta à vida. Tive de renegociar o empréstimo – o meu pai tinha algum dinheiro e ajudou-me. ” E teve de partir.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA TROIKA
Polícia investiga motim em subúrbio de Estocolmo
Confrontos com a polícia surgem dois dias depois das polémicas declarações de Donald Trump sobre a Suécia. (...)

Polícia investiga motim em subúrbio de Estocolmo
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 11 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-02-22 | Jornal Público
SUMÁRIO: Confrontos com a polícia surgem dois dias depois das polémicas declarações de Donald Trump sobre a Suécia.
TEXTO: O subúrbio de Rinkeby, em Estocolmo, capital da Suécia, foi abalado por tumultos, na noite de segunda-feira, depois de a polícia ter detido um suspeito por tráfico de droga. As autoridades lançaram uma investigação ao caso, numa altura em que a criminalidade na Suécia tem estado sob os holofotes internacionais devido a declarações do Presidente americano, Donald Trump. Segundo o New York Times, entre 20 a 30 homens, na sua maioria com a cara tapada, lançaram pedras contra a polícia, incendiaram carros e saquearam lojas do subúrbio que é ocupado, predominantemente, por imigrantes e que tem o seu historial de confrontos do mesmo género - não há, até agora, nenhuma indicação de quem esteve na origem dos motins. Durante os desacatos, que duraram pelo menos quatro horas, a polícia disparou tiros de advertência, mas as autoridades informaram depois que pelo menos um dos agentes disparou contra os homens que estavam a lançar pedras. No entanto, não foram registados ferimentos provocados por balas, dá conta a BBC. Entre os feridos conta-se um fotógrafo do jornal sueco Dagens Nyheter, que relatou que foi atacado por um grupo de pessoas quando chegou ao local. As taxas de criminalidade na Suécia foram, no últimos dias, analisadas um pouco por todo o mundo depois de Donald Trump se ter referido, no último sábado, a um suposto incidente ocorrido no país na última sexta-feira. Mais tarde, o Presidente americano justificou os comentários com uma reportagem transmitida pela Fox News, onde se ligava a entrada de imigrantes ao aumento da criminalidade na Suécia. O argumento que foi amplamente refutado, inclusivamente pelos polícias entrevistados na peça.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homens género
A doença de Portugal
O Portugal mágico de felicidade e de justiça só vive no fanatismo deles. (...)

A doença de Portugal
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 11 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-09-15 | Jornal Público
SUMÁRIO: O Portugal mágico de felicidade e de justiça só vive no fanatismo deles.
TEXTO: Na ponta da Europa, isolado pela ameaça da Espanha, Portugal tomou sempre como exemplo os países do Norte e foi nesses países que procurou o que devia ser. A política portuguesa copiou a política francesa, o pensamento copiou o pensamento francês e, em grosso, a literatura a literatura francesa. O que nós, no fundo, queríamos ser era um modelo do que se chamava um país próspero e ordeiro, como Paris nos dizia que fôssemos. Havia, no entanto, uma pequena dificuldade: não tínhamos dinheiro, excepto o que até ao fim do século XIX nos vinha do Brasil, o que pedíamos emprestado à banca internacional e as remessas da emigração. Quando a Ditadura caiu o cidadão comum não pensava em África (e muito menos no Império), pensava nos salários da Alemanha, no Estado Social da Suécia, na suavidade fiscal do Luxemburgo e no parlamentarismo da última república que de Gaulle higienicamente eliminara. Os fundos de Bruxelas atenuaram durante 30 anos de alguma tranquilidade e progresso a insatisfação indígena, enquanto pelo meio o “cavaquismo” na sua língua-de-trapos proclamava falsamente que Portugal “estava na moda” ou no “pelotão da frente”. Mas, retórica à parte, o país não crescia e continuava longe da modernidade, da riqueza e da independência mítica com que os portugueses sonhavam desde o princípio de novecentos. À superfície, a imitação do modelo europeu ia enganando os mais crédulos, mas não enganava quem não ignorava a verdadeira situação do país. O castelo de cartas da nossa tão gabada democracia não aguentaria o menor solavanco. E o solavanco veio em 2008-2010, mostrando a miserável realidade das coisas, como já mostrara em 1807 com a invasão francesa e o fim do monopólio comercial com o Brasil; e em 1890-93 com o ultimato dos credores. Os portugueses foram outra vez separados das suas fantasias. Só que uma parte deles não desistiu de uma ilusão de séculos e continuou a imaginar que o desastre era a obra de forças maléficas, que a salvífica intervenção do povo iria liquidar. Sem um tostão e com muita propaganda andam ainda por aí e gozam de uma certa respeitabilidade. Mas nunca mudarão nada, como não mudaram os liberais, nem os republicanos, nem a extrema-esquerda em 1975. O Portugal mágico de felicidade e de justiça só vive no fanatismo deles. Ganhem ou não ganhem em 4 de Outubro o destino deles (como o nosso) não será agradável.
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Palavras-chave social
Prioridade de Sarkozy com Os Republicanos é discutir o islão
Barões do partido de centro-direita francês põem em causa estratégia do líder. (...)

Prioridade de Sarkozy com Os Republicanos é discutir o islão
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 11 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: Barões do partido de centro-direita francês põem em causa estratégia do líder.
TEXTO: Discutir o islão de França e avançar para a assimilação dos muçulmanos, em vez de trabalhar para a sua integração – estes são os objectivos confessos de Nicolas Sarkozy, que anunciou um dia de reflexão sobre o islão para 4 de Junho, o primeiro acto oficial depois do congresso em que os militantes do seu partido dirão se que querem rebaptizá-lo como Os Republicanos. Mas a insistência no tema do islão como um corpo estranho à sociedade francesa suscita críticas na direcção do seu próprio partido. “É uma má ideia dizer que o tema mais importante para este partido é o islão e a República”, afirmou Nathalie Kosciusko-Morizet, uma das duas vice-presidentes da ainda UMP, numa entrevista à televisão BFM. “A religião ocupa espaço a mais no debate público. Há demasiada tendência para ligar a nossa identidade à questão religiosa”, alertou. A 28 e 29 de Maio, os militantes do maior partido de centro-direita francês, a UMP, vão expressar a sua opinião sobre o novo nome do partido escolhido por Sarkozy. Espera-se que seja aprovado e, no dia 30, realiza-se um congresso de refundação do partido, já chamado Os Republicanos. Está marcada para 4 de Junho a jornada de reflexão sobre o islão, anunciada para um dia diferente do do congresso, para “não poluir” os debates. Sarkozy encarregou dois deputados, entre os quais Henri Guaino, o homem que lhe escrevia os discursos quando ocupava o Palácio do Eliseu, de preparar a lista de temas e de pessoas a prestar testemunho. Devem comparecer deputados e autarcas, e membros do Conselho Francês do Culto Muçulmano e da União das Organizações Islâmicas de França. Mas o debate, que abordará necessariamente a imigração e a religião, deve realizar-se a portas fechadas, diz o Le Monde. As conclusões e propostas concretas serão enviadas à comissão política do partido. No entanto, esta preocupação com o islão, assumida como prioritária pela liderança de Sarkozy – que aspira a candidatar-se de novo à presidência da República em 2017 –, não faz a unanimidade no partido Os Republicanos. Nathalie Kosciusko-Morizet, que não põe de parte a hipótese de se apresentar às primárias do partido no próximo ano, preferiria ver um ataque frontal aos problemas económicos: “A questão das identidades é importante, mas os temas económicos, a possibilidade de singrar na vida, de encontrar um emprego, alimentar a sua família, também são importantes. ”E Alain Juppé, o potencial adversário mais forte de Sarkozy, mostra-se conciliador enquanto o ex-Presidente da República aposta na clivagem. Não está contra a jornada de reflexão de 4 de Junho, “pois hoje em dia não há problemas com os católicos, nem com os judeus, e pode haver com os muçulmanos”, disse numa visita a Estrasburgo. “Mas a religião muçulmana tem o seu lugar num contexto de laicidade”, apressou-se a dizer. Enquanto Sarkozy se diz disposto a abandonar o conceito de integração de várias religiões, e culturas, na sociedade francesa, Juppé diz-se contra isto: “Sou contra a assimilação que pretenda tornar-nos todos iguais, pois todos somos diferentes. Negar essas diferenças é absurdo. É preciso respeitá-las. São compatíveis com a República se partilharmos valores comuns”. O debate no centro-direita francês promete continuar muito animado.
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Palavras-chave imigração ataque homem corpo
Mais igualdade entre todos os portugueses
As mudanças em curso nas leis eleitorais removem obstáculos considerados históricos. (...)

Mais igualdade entre todos os portugueses
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 11 | Sentimento 0.5
DATA: 2018-07-20 | Jornal Público
SUMÁRIO: As mudanças em curso nas leis eleitorais removem obstáculos considerados históricos.
TEXTO: A Assembleia da República aprovou no passado dia 18 de julho um conjunto de alterações às Leis Eleitorais. Agora, serão submetidas à apreciação do senhor Presidente da República, para efeitos de promulgação. Entre as mudanças aprovadas, estão várias modificações relativas às condições de participação eleitoral dos portugueses no estrangeiro. Trata-se de um trabalho de boa cooperação entre a Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas e a Direção-Geral dos Assuntos Consulares, a secretária de Estado Adjunta e da Administração Interna, Isabel Oneto, e os serviços do STAPE, bem como com os deputados eleitos à Assembleia da República e com os Conselheiros das Comunidades Portuguesas. Como se sabe, a participação eleitoral dos portugueses no estrangeiro tem sido muito baixa. Cerca de 30 mil votantes para as eleições legislativas e cerca de 12 mil para as eleições presidenciais. As mudanças em curso removem obstáculos considerados históricos e instituem um novo quadro, bastante mais amplo, mais aberto e mais transparente, de participação democrática. Sublinho cinco dessas alterações pelo seu significado na garantia de maior igualdade entre todos os portugueses e fator de qualificação da vida democrática nacional. A primeira delas tem a ver com a introdução do recenseamento automático, não obrigatório, a partir da morada inscrita no cartão do cidadão. Até aqui, os portugueses no estrangeiro, contrariamente aos que se encontram em território nacional, cuja inscrição nos cadernos de recenseamento é automática quando completam 18 anos de idade, tinham que se deslocar aos postos consulares, por vezes a centenas de quilómetros de distância, para efeitos de inscrição. Sendo automático, contudo, não é obrigatório. Significa isto que os portugueses no estrangeiro irão ser notificados pela administração eleitoral informando-os dessa inscrição numa base de recenseamento automática conferindo-lhe a possibilidade de suspenderem essa inscrição, caso seja essa a sua vontade. De acordo com os dados disponíveis, esta mudança poderá permitir passar de 318 mil recenseados para mais de um milhão e 380 mil recenseados. É de admitir que este número possa subir, à medida que ocorra a substituição do bilhete de identidade pelo cartão do cidadão. Ou seja, aquele milhão de eleitores que, regularmente, não participava nos atos eleitorais e que muita tinta fez correr no passado, passará a ter a oportunidade de votar e de participar nas eleições para o Parlamento Europeu, para a Assembleia da República e para a Presidência da República. A segunda mudança tem a ver com a transposição para o estrangeiro da modalidade de voto antecipado, agora em condições mais flexíveis, tanto em território nacional como em território exterior. Aplicar-se-á aos cidadãos emigrantes, mas também aos que se encontram em mobilidade. A terceira mudança está relacionada com as condições relativas ao exercício do direito de voto para a Assembleia da República. Mantém-se o voto por correspondência, agora gratuito, mas admite-se o voto presencial em países em que os serviços postais não garantam a expedição atempada. Em quarto lugar, e quanto à eleição para a Presidência da República, o voto mantém a sua natureza presencial, embora fique estabelecida a possibilidade de abertura de um maior número de mesas de voto com recurso aos consulados honorários que atualmente detêm poderes alargados. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Por último, a possibilidade de os cidadãos portugueses com dupla nacionalidade poderem ser candidatos à Assembleia da República, desde que não detenham funções de representação política nos órgãos do Estado de acolhimento ou cargos equiparados na administração pública. Com estas opções, Portugal e as suas instituições políticas estarão mais acessíveis e mais próximos dos portugueses no mundo. Com esta decisão, aprofunda-se o conteúdo do valor da igualdade entre todos os portugueses e a nossa vida democrática fica mais completa. Seguir-se-á, agora, um trabalho de informação e esclarecimento que competirá a todos. O autor escreve segundo o novo Acordo Ortográfico
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave igualdade