Tratamento contra o vírus do ébola foi eficaz em macacos
Utilizada na experiência a estirpe do vírus responsável pela epidemia actual em África. (...)

Tratamento contra o vírus do ébola foi eficaz em macacos
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.6
DATA: 2015-04-25 | Jornal Público
SUMÁRIO: Utilizada na experiência a estirpe do vírus responsável pela epidemia actual em África.
TEXTO: Um novo medicamento experimental conseguiu tratar macacos rhesus infectados com o vírus do ébola responsável pela actual epidemia na África Ocidental, segundo um artigo científico na edição desta quinta-feira da revista científica Nature. A actual epidemia do ébola, que ainda afecta a Guiné-Conacri, a Libéria e a Serra Leoa, iniciou-se em Dezembro de 2013, no Sul da Guiné-Conacri, e já fez 10. 823 mortos entre 26. 079 infectados, de acordo com a Organização Mundial da Saúde. O vírus pertence à espécie Zaire (uma das cinco espécies do vírus do ébola) e não tem ainda nenhum tratamento ou vacina comprovados e comercializados. Mas desde que se iniciou esta epidemia que cientistas em todo o mundo têm acelerado a investigação de potenciais tratamentos e vacinas. O composto testado agora chama-se TKM-Ebola, é um cocktail de pequenos fragmentos genéticos artificiais (ARN de interferência), que se ligam ao material genético do vírus, tornando-o inofensivo. O composto pertence à empresa farmacêutica Tekmira, no Canadá. Outras versões deste composto já foram usadas para tentar tratar doentes de ébola durante a actual epidemia. Mas esses tratamentos foram acompanhados com outros compostos e não se conhece a sua eficácia real. Agora, a equipa de Thomas Geisbert, coordenador do novo estudo, do Ramo Médico da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, adaptou o “cocktail” existente para atacar a estirpe da actual epidemia, que apresenta uma sequência genética específica. Os cientistas infectaram seis macacos rhesus (Macaca mulatta) com a actual estirpe de ébola e aplicaram o tratamento em metade dos primatas três dias após estes terem sido infectados, numa altura em que os macacos já apresentavam os sintomas da doença e o vírus já era detectado no sangue. “Protegemos todos os primatas não humanos contra a estirpe letal do ébola”, sublinhou Thomas Geisbert, professor de microbiologia e imunologia, citado num comunicado da sua universidade. Apesar de todos os macacos apresentarem os sintomas da doença, estes foram menos graves nos três animais que receberam o tratamento. Os outros três primatas que não receberam o tratamento acabaram por morrer devido à infecção, entre o oitavo e o nono dia após terem sido infectados. Nestes três primatas, a evolução da doença ocorreu de forma muito semelhante à das pessoas infectadas. Além de os três primatas se terem visto livres da infecção, o tratamento evitou problemas no fígado, nos rins e no sangue, que normalmente ocorrem durante a infecção do ébola. O novo cocktail está agora a ser testado em pessoas infectadas com o vírus na Serra Leoa.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave humanos doença estudo espécie
Há milho transgénico na tradicional broa portuguesa
Ministério da Agricultura está a investigar situação identificada no âmbito de um projecto científico europeu. (...)

Há milho transgénico na tradicional broa portuguesa
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-04-25 | Jornal Público
SUMÁRIO: Ministério da Agricultura está a investigar situação identificada no âmbito de um projecto científico europeu.
TEXTO: A tradicional broa de milho, um item simbólico da gastronomia regional portuguesa, está a ser feita em parte com milho geneticamente modificado, sem que o consumidor tenha disso qualquer conhecimento. Análises a amostras recolhidas nalguns pontos do país revelam que nos distritos de Braga, Porto e Viana do Castelo há broa com milho transgénico em quantidades que obrigam a uma rotulagem específica, dizendo que o produto contém organismos geneticamente modificados (OGM). Mas não há rotulagem, nem as panificadoras parecem saber que na farinha que usam há uma dose de milho cujos genes foram artificialmente modificados. O Ministério da Agricultura e do Mar está a investigar esta situação, a primeira do género a ser detectada desde a aprovação de legislação sobre a rotulagem de produtos transgénicos em Portugal, em 2004. O caso foi revelado no âmbito de uma projecto cientifico europeu, o programa Price, envolvendo vários países e destinado a avaliar se as medidas para manter OGM e não-OGM separados são eficazes, quando isto é necessário. Segundo a legislação europeia, qualquer produto que tenha na sua composição mais de 0, 9% de material transgénico tem de ter no seu rótulo ou no expositor onde está a ser vendido a mensagem: “Este produto contém organismos geneticamente modificados”. Em 16 amostras de broas de milho avaliadas por investigadores da Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Santarém, sete superavam aquele limite. A percentagem de OGM nas broas chegava a 5% no distrito do Porto, 10% em Viana do Castelo e 12% em Braga. Nas amostras, foi detectada a presença de dois tipos de modificação transgénica do milho. Um deles é o MON810, desenvolvido pela empresa internacional de agricultura e biotecnologia Monsanto e o único autorizado para cultivo na União Europeia. Este milho contém um gene de uma bactéria que faz com que a planta produza ela própria um insecticida contra a broca – uma lagarta que afecta seriamente as plantações. A outra modificação genética é a do milho NK603, também da Monsanto, resistente ao herbicida glifosato, o mais utilizado na agricultura em muitos países. Embora não possa ser plantado na UE, este milho pode ser importado e utilizado em produtos para alimentação humana e animal. “Os OGM detectados não são ilegais no contexto europeu”, afirma Fátima Quedas, da Escola Superior Agrária de Santarém, que coordenou a parte portuguesa do projecto Price. Fátima Quedas recorda que um produto transgénico só é aprovado na União Europeia (UE) depois de passar pelo escrutínio da Agência Europeia de Segurança Alimentar. “Do ponto de vista da segurança alimentar, não há violação nenhuma. A violação que encontramos aqui é de informação ao consumidor”, refere Fátima Quedas. “O problema não é haver ou não haver milho OGM na broa, é não haver rotulagem”, completa. Os resultados das análises foram enviados no final de Janeiro ao Ministério da Agricultura e do Mar. “Assim que tivemos conhecimento, accionámos um plano específico. Estamos no terreno com a ASAE e as direcções regionais de Agricultura”, afirma Paula Carvalho, subdirectora da Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária. O Ministério da Agricultura está a fazer uma análise a toda a cadeia do milho nos distritos onde foram detectadas broas com OGM. Vão ser feitas análises a mais 90 amostras, seja de grãos, farinhas e broas, em armazenistas, moagens, panificadoras e padarias. Está também a ser feito um controlo documental, para avaliar se a informação sobre a presença de OGM no milho existe e se foi transmitida entre cada elo da cadeia. “O que necessitamos de saber é de que farinha foram feitas as broas, onde foram processadas, de onde veio o milho”, explica Paula Carvalho. “O que falhou foi a traceabilidade e a rotulagem. O nosso objectivo é saber onde falhou”, completa. Em todas as análises efectuadas pelos investigadores da Escola Superior Agrária surgem, simultaneamente, as modificações genéticas do MON810 e do NK603. E há um milho transgénico, também da Monsanto, que contém ambas transformações na mesma planta. Está autorizado na UE para a alimentação humana e animal, mas não para o cultivo. Por isso, o mais provável é que a origem dos OGM nas broas seja um milho importado. “De outra forma, seria muita coincidência que todas as amostras dessem positivas para ambos os genes”, afirma Paula Carvalho. “Estamos convencidos de que esta situação não tem a ver com milho cultivado em Portugal”, completa.
REFERÊNCIAS:
Antropoceno: E se já mudámos para sempre a história geológica da Terra?
Os cientistas estão a avaliar se o impacto das actividades humanas na Terra é tão grande que deu origem a uma nova época geológica, o Antropoceno. Há várias datas em estudo para o início desta época, como a revolução industrial ou a era nuclear, e têm por base marcas humanas nos estratos geológicos. (...)

Antropoceno: E se já mudámos para sempre a história geológica da Terra?
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-04-25 | Jornal Público
SUMÁRIO: Os cientistas estão a avaliar se o impacto das actividades humanas na Terra é tão grande que deu origem a uma nova época geológica, o Antropoceno. Há várias datas em estudo para o início desta época, como a revolução industrial ou a era nuclear, e têm por base marcas humanas nos estratos geológicos.
TEXTO: Nas décadas após a chegada de Cristóvão Colombo à América, em 1492, morreram dezenas de milhões de pessoas que já lá viviam há milhares de anos, à custa da guerra e das doenças levadas pelos europeus. A tragédia ficou marcada na própria Terra: em 1610, a concentração de dióxido de carbono atingiu um valor mínimo, que ficou registado nas camadas de gelo na Antárctida. A relação entre esta mortandade e o dióxido de carbono é simples. Foram abandonados milhões de hectares de terra que eram anteriormente cultivados por aqueles povos. Nesses locais, as florestas voltaram a crescer e retiraram muito dióxido de carbono da atmosfera, o que levou a uma diminuição da concentração deste gás. Esta é uma das múltiplas memórias sobre a história da humanidade que os geólogos podem encontrar nos gelos e sedimentos mundo fora. A nossa espécie terá cerca de 200. 000 anos de existência, um piscar de olhos na vida da Terra com os seus 4500 milhões de anos. E, no entanto, o rasto que fomos deixando é incontornável. Desde o fabrico de utensílios de pedra para a caça, que terá feito desaparecer muitas espécies de grandes mamíferos, passando pelo aparecimento da agricultura e das primeiras cidades, até à revolução industrial e ao lançamento de bombas nucleares, as actividades humanas ficaram registadas nos sedimentos dos últimos milhares de anos. Por tudo isto, surgiu recentemente a expressão “antropoceno”, usada de um modo informal na geologia, arqueologia ou sociologia, para denominar a actual época geológica, dominada pelas actividades humanas, cujas consequências são visíveis nas alterações climáticas, na perda de biodiversidade e no aumento da acidez dos oceanos. Mas o conceito não tem o estatuto oficial da União Internacional das Ciências Geológicas (UICG), a entidade que define as unidades de tempo geológicas. Segundo esta união, a época que estamos agora a viver não é o Antropoceno mas sim o Holoceno, iniciado no final da última era glacial, há cerca de 11. 700 anos. Isso poderá vir a mudar. Para se tornar oficial, o Antropoceno tem, primeiro, de ser bem documentado. Ou seja, os geólogos e outros cientistas têm de encontrar, nas camadas estratigráficas da Terra, as marcas deixadas pelas actividades humanas que representam uma mudança global. Estas marcas terão de estar associadas a uma data. O ano de 1610 é uma data recentemente proposta por Simon Lewis e Mark Maslin, investigadores do Departamento de Geografia da University College de Londres, no Reino Unido. Num artigo da revista Nature, os dois cientistas defendem ainda o uso de marcas estratigráficas secundárias associadas à data. Há 70 locais, onde os sedimentos lacustres e marinhos mostram, a partir de 1600, a existência de pólenes de milho — uma planta originária das Américas. Esta escolha representa a importância dada pela dupla de cientistas ao movimento súbito e inédito de dezenas de espécies animais e vegetais que atravessaram o oceano Atlântico, levados pelo homem nos dois sentidos, e que mudaram para sempre a biogeografia da Terra. Por outro lado, defendem que é a chegada às Américas que iniciou a globalização. Nos últimos meses, a discussão sobre o Antropoceno tem sido intensa e outras datas têm sido estudadas: o início da agricultura; a revolução industrial; ou o primeiro teste nuclear, a 16 de Julho de 1945 (a que se seguiram as bombas nas cidades japonesas de Hiroxima e Nagasáqui, e depois testes nucleares). Há, porém, outros cientistas que são críticos da tentativa de tornar esta época oficial, referindo que ainda é muito cedo para aferir verdadeiramente o impacto que o homem está a ter na geologia do planeta, e defendendo que este impacto, qualquer que ele seja, apenas está a começar. “Se os cientistas aplicarem os mesmos critérios usados para definir as épocas passadas, e os dados indicarem que já entrámos numa época dominada pela intervenção humana, então a comunidade científica deverá considerar muito seriamente a definição formal de uma nova época”, diz ao PÚBLICO Simon Lewis, resumindo a questão. História do planetaA época do Holoceno está dentro do período Quaternário, iniciado há 2, 58 milhões de anos, que por sua vez se inclui na era do Cenozóico, nascida há 66 milhões de anos, quando um meteorito atingiu a Terra, pondo o fim à era dos dinossauros — o Mesozóico. Um dos mais importantes passos da ciência foi esta organização do passado geológico da Terra em unidades associadas a camadas estratigráficas, que nos mostram o imenso historial do nosso planeta: as primeiras formas de vida, a formação do grande continente Pangeia, as extinções em massa de espécies, a ascensão e a queda dos dinossauros, o aparecimento dos primatas, nós próprios. Os fósseis de organismos pré-históricos encontrados nos estratos geológicos são muitas vezes aproveitados para representar a transição de um período para o outro, dando-nos pistas de grandes transformações no clima, na vida e na geologia da Terra. Outras vezes é a vida que transforma o planeta, como o surgimento do oxigénio na atmosfera, vindo da fotossíntese feita pelas cianobactérias, há mais de 2000 milhões de anos, que permite que respiremos. Por isso, os humanos não são os primeiros seres vivos capazes de alterar o planeta.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave guerra humanos concentração homem comunidade espécie
Jovens agricultores têm de devolver 5,8 milhões de fundos comunitários
Maioria desistiu dos projectos que candidatou. Montante pesa apenas 1,2% do total da despesa pública paga no âmbito da acção “instalação de jovens agricultores” (...)

Jovens agricultores têm de devolver 5,8 milhões de fundos comunitários
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.1
DATA: 2015-04-25 | Jornal Público
SUMÁRIO: Maioria desistiu dos projectos que candidatou. Montante pesa apenas 1,2% do total da despesa pública paga no âmbito da acção “instalação de jovens agricultores”
TEXTO: Os jovens agricultores que conseguiram apoios comunitários para iniciarem actividade mas que desistiram ou não cumpriram as regras vão ter de devolver ao Estado um total de 5, 8 milhões de euros. De acordo com o Ministério da Agricultura este é o valor das irregularidades detectadas, até 9 de Abril, na Acção “Instalação de Jovens Agricultores” do Programa de Desenvolvimento Rural (Proder), o instrumento financeiro da Comissão Europeia para o período de 2007-2013. Até agora, já foram recuperados 1, 8 milhões de euros, ou seja, 31% do total. Fonte do gabinete da ministra Assunção Cristas sublinha que “a maior parte do montante considerado irregular se refere a beneficiários que, pelos mais variados motivos, desistiram da candidatura associada a esta medida”. “Com efeito, do montante total de irregularidades apurado à data, cerca de 67% (3, 9 milhões de euros) resulta de desistências”, detalha. Os 5, 8 milhões detectados correspondem a apenas 1, 2% do total da despesa pública paga acumulada no âmbito desta medida, por isso, têm pouco peso no bolo de incentivos distribuídos aos jovens agricultores. Como detalha o ministério, o apoio à instalação inicial destes produtores é a fundo perdido, ou seja, trata-se de um prémio atribuído aos empreendedores para apoiar os primeiros passos no negócio. As verbas já recuperadas “resultam do processo de controlo regular a que a medida está sujeita, que caso não seja efectuado leva a correcções financeiras por parte da União Europeia”, detalha. Eduardo Almendra, presidente da Associação Portuguesa de Jovens Agricultores (AJAP), diz que à associação chegam poucos números sobre este tema. Contudo, recorda que a AJAP tem vindo a alertar que a exagerada “euforia” à volta do sector “pode trazer este tipo de consequências, desde logo, porque para ser jovem agricultor não é necessário ter qualquer tipo de formação base ou inicial”. “A nossa grande questão do acompanhamento técnico em todas as fases do processo de instalação é crucial”, defende, acrescentando que nunca existiu uma ferramenta do género e “também não esta prevista para o PDR 2020”, o novo programa comunitário. O presidente da AJAP antecipa que o número de desistências vai aumentar: as dívidas, os encargos iniciais de produção e as “vendas quase sempre a baixo preço conduzirão necessariamente a mais desespero e desistências”, alerta. Eduardo Almendra defende, por isso, mais acompanhamento, nomeadamente através da figura de um tutor com experiência e a definição de “apoios diferenciados em função de critério regionais e reais”. “O ruído do sucesso, os montantes de apoio e o desespero do desemprego nas diferentes áreas trouxe para a agricultura mais saber, mais inovação, mais conhecimentos. Mas também trouxe alguns paraquedistas impreparados, numa ânsia desmesurada de obter ganhos fáceis sem sujarem as mãos na terra e nem limparem esterco de animais”, afirma. Tribunal de Contas analisa subsídiosCerca de um terço dos beneficiários com projectos de investimento apoiados pelo Proder são jovens agricultores, mas Portugal tem os produtores mais velhos da União Europeia. Do universo total de agricultores recenseados no país, os jovens representam apenas 2%. Uma auditoria do Tribunal de Contas (TC), publicada no início do ano mas com enfoque em 2013, recorda que este foi o ano que registou o maior valor de despesa pública na acção “Instalação de Jovens Agricultores” (127, 9 milhões de euros). Esta medida sofreu alterações profundas em Maio de 2011 e o prémio passou a ser atribuído em função do investimento realizado de acordo com um plano empresarial. Numa análise a 149 pagamentos feitos pelo Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas (IFAP), o TC concluiu que “a despesa apurada para pagamento corresponde à aprovada e paga, respeitando os procedimentos definidos”. A maior parte das operações são sujeitas a controlos administrativos e de qualidade mas, na sua auditoria, o tribunal liderado por Guilherme d’Oliveira Martins detectou um erro de cálculo na análise de um pedido de apoio da Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Alentejo. Esse erro levou à redução “do prémio pago a um beneficiário”, lesado em 1234 euros. O Proder - que já terminou a sua vigência e foi substituído pelo PDR2020 - registou no total mais de 37. 500 projectos. De acordo com informações anteriores do Ministério da Agricultura, alavancou um investimento superior a 7, 6 mil milhões, com um potencial de postos de trabalho associados “a rondar os 38. 500”. Os apoios a jovens agricultores somaram 650 milhões de euros, valor que inclui o prémio inicial e financiamento de investimento.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave tribunal género desemprego
Prisão no grupo Lena serviu para justificar detenção de Sócrates, alegam advogados
Ex-primeiro-ministro recebeu com "redobrada indignação" notícia da prisão de Joaquim Barroca. (...)

Prisão no grupo Lena serviu para justificar detenção de Sócrates, alegam advogados
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento -0.05
DATA: 2015-04-25 | Jornal Público
SUMÁRIO: Ex-primeiro-ministro recebeu com "redobrada indignação" notícia da prisão de Joaquim Barroca.
TEXTO: Os advogados de José Sócrates fizeram esta sexta-feira uma conferência tardia para dizer que o ex-primeiro-ministro recebeu “com redobrada indignação” a notícia da prisão do administrador do grupo Lena Joaquim Barroca Rodrigues, que mais não constitui, no seu entender, do que “um espectáculo encenado pelo Ministério Público”, destinado a justificar a manutenção, na cadeia de Évora, do antigo governante. “O espectáculo encenado pelo Ministério Público aparece como uma cortina de fumo, que esconde mal, definitivamente mal, o insucesso da investigação, sobretudo quando se tenha em conta que não foi encontrada nenhuma ligação do senhor engenheiro Sócrates a contas bancárias ou aos interesses financeiros localizados em Portugal ou no exterior e pertencentes aos senhores engenheiro Carlos Santos Silva e Joaquim Barrocas Rodrigues”, declararam os advogados João Araújo e Pedro Delille, que negaram também que o seu cliente tenha feito uma viagem secreta a Nova Iorque com o seu amigo e empresário Carlos Santos Silva, em Setembro passado, para se encontrar com o vice-presidente angolano e com ele combinar negócios. E se José Sócrates até já admitiu, numa entrevista escrita que deu à Sic depois de ter sido detido, que chegou a interceder pelo grupo Lena “por mera simpatia, para ajudar uma empresa portuguesa”, como diz ter feito com outras, já João Araújo assegura que as suas relações com o grupo de Leiria não eram “nenhumas”. Depois havia de corrigir a afirmação: “Eram as que tem qualquer primeiro-ministro com as empresas portuguesas”. Feita na véspera de o antigo governante completar cinco meses de cadeia, a detenção do responsável do grupo Lena serviu sobretudo, no entender dos seus representantes legais, “para alimentar o clima de difamação que tem marcado este processo e que, visivelmente, começava a perder alento e entusiasmo”. Por isso, tornou-se necessário “repescar assuntos já conhecidos”, e nas suas palavras completamente alheios ao ex-primeiro-ministro, como a questão da titularidade das contas bancárias na Suiça, “para trazer alguma aparência de novidade e de progresso a uma investigação, aparentemente num beco sem saída”. Prisão preventivaJoaquim Barroca Rodrigues, administrador do Grupo Lena, suspeito de ser um dos principais corruptores do ex-primeiro ministro José Sócrates, vai aguardar o desenvolvimento das investigações em prisão preventiva com pulseira electrónica. A decisão do juiz Carlos Alexandre foi comunicada na tarde desta sexta-feira no Palácio da Justiça, em Lisboa, e prevê que o empresário possa deixar a cadeia, ficando em prisão domiciliária com pulseira electrónica, logo que existam as condições técnicas para a instalação do equipamento de vigilância necessário na habitação do arguido. O empresário, indiciado por crimes de corrupção activa, branqueamento de capitais e fraude fiscal, foi interrogado quinta-feira durante várias horas pelo no Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa. Voltou esta sexta-feira de manhã ao tribunal depois de ter passado a noite numa cela do comando metropolitano da PSP. O administrador foi detido na quarta-feira à noite depois de buscas realizadas à sede do grupo Lena, na Quinta da Sardinha, no concelho de Leiria, e ao domicílio. No final de Março, o semanário Sol citava um acórdão do dia 17 daquele mês, que dizia que "os administradores do grupo António Barroca Rodrigues e Joaquim Barroca Rodrigues [irmãos] fizeram transferências das suas contas pessoais em Portugal" para a Suíça, como pagamentos do grupo Lena ao ex-primeiro-ministro. Segundo um comunicado do tribunal, Joaquim Barroca ficou ainda proibido de contactar qualquer pessoa que trabalhe no grupo Lena, seja membro da administração, da comissão executiva ou simples colaborador. Assim como qualquer outro arguido da operação Marquês. Também não pode estabelecer contactos com nenhum dos trabalhadores ou dirigentes das sociedades de Carlos Santos Silva, o empresário amigo de José Sócrates, nem com a mulher deste último, Inês do Rosário. "Os factos enunciados pelo Ministério Público (. . . ) consubstanciam, em co-autoria, fortes indícios da prática pelo arguido de crimes de fraude fiscal qualificada, quer ao nível da sua esfera pessoal quer das sociedades que integram o grupo Lena, branqueamento de capitais e crime de corrupção activa", descreve o juiz Carlos Alexandre, em comunicado, recordando que já no Verão passado foi declarada a especial complexidade do processo, ainda José Sócrates não tinha sido preso.
REFERÊNCIAS:
Entidades PSP
"Ninguém sai do lugar! Mochilas no chão!"
Em Sintra, confunde-se prevenção com repressão. (...)

"Ninguém sai do lugar! Mochilas no chão!"
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DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Em Sintra, confunde-se prevenção com repressão.
TEXTO: “A pedido da direcção, decorreu, na passada segunda-feira, uma intervenção da divisão especial das forças de segurança do Programa Escola Segura. A acção visou sensibilizar a comunidade escolar para os problemas inerentes ao consumo de substâncias ilícitas, para os seus efeitos e consequências, tanto do ponto de vista da saúde, como do ponto de vista das suas consequências legais. ”Este é o esclarecimento público que foi prestado pela direcção do Agrupamento de Escolas Monte da Lua relativamente a uma verdadeira rusga com militares da GNR acompanhados de cães treinados na detecção de estupefacientes que entraram no dia 23 de Fevereiro, pelas salas de aula da Escola Secundária de Santa Maria, na Portela de Sintra. O relato de uma aluna, transcrito pelo pai no blog Jugular, afasta inequivocamente o fim da sensibilização anunciado pela direcção do agrupamento: "O polícia entrou na sala de aula sem avisar. E disse: 'Ninguém sai do lugar! Mochilas no chão! E mãos em cima da mesa!' Depois esperámos uns dez minutos, sem nos mexermos e sem dizer nada, havia colegas minhas assustadas, ficámos ali que tempos com as mãos em cima da mesa sem saber o que fazer. Depois entraram uns cães e cheiraram tudo. O polícia saiu mais os cães e nós ficámos com caras de parvos, sem saber o que fazer. Lá fora, viemos depois a saber, estavam várias carrinhas da polícia a revistar toda a gente, o X foi revistado e foi assim em todas as salas. E noutras escolas do agrupamento também. Foi um bocado assustador, pai, e nem sei bem para que serviu um aparato daqueles. "Segundo o blog Tudo sobre Sintra, a direção do agrupamento acrescentou ainda que “a intervenção decorreu conforme o previsto e sempre na presença de um elemento da direcção, que acompanhou os agentes, cuja atitude foi de grande cordialidade e simpatia, explicando sempre previamente o objectivo da acção”. É enorme a gravidade da atuação desta direcção escolar, que, sem aviso prévio aos pais e sem objectivamente justificar os motivos de uma medida tão drástica e generalizada, transformou o universo escolar à sua guarda, que deve ser um espaço de liberdade e cultura, num território de atemorização e repressão. E seguramente não vale o argumento que esta medida visou proteger a segurança dos alunos cumpridores da lei, na linha da máxima “quem não deve, não teme” e que promove um imparável crescimento do Estado com a sistemática aceitação da diminuição das liberdades em nome do espantalho da insegurança e da delinquência. Porque para ser tomada uma medida tão grave que configura uma generalizada violação dos constitucionais direitos de privacidade dos alunos tinha de haver uma situação de violência ou de criminalidade que a justificasse e não, como foi referido pela direcção do agrupamento, uma mera intenção de “sensibilizar a comunidade escolar para os problemas inerentes ao consumo de substâncias ilícitas”. Não é assim que se sensibiliza. Assim, intimida-se e reprime-se. Não se ignora que o território escolar é, hoje em dia e muitas vezes, também um espaço perigoso de pré-delinquência ou mesmo de delinquência, mas uma operação deste tipo só se poderia justificar caso houvesse suspeitas sérias da existência da prática generalizada de crimes e nunca ao abrigo de uma “acção de sensibilização” do Programa Escola Segura. Clara Viana, a 28 de Março, aqui no PÚBLICO, publicou um excelente trabalho sobre o assunto sob o título O dia em que a GNR entrou com cães nas salas de aula de uma escola de Sintra, em que refere que a directora do agrupamento Lourdes Mendonça afirmou que os alunos estavam a ser acompanhados pelo serviço de psicologia da escola e que se tratou de “uma acção preventiva”!Isto é, não foi qualquer situação grave existente de violência ou de delinquência na escola que esteve na origem da brilhante decisão desta direcção escolar. Será que todos os membros da direcção do agrupamento concordaram com a operação policial? E com o facto de a mesma ser ocultada aos encarregados de educação, demonstrando não só a vontade de surpreender/atemorizar os menores mas, sobretudo, a falta de confiança nos pais dos mesmos?Quem tem lugares de responsabilidade e de poder deve saber distinguir prevenção de repressão, deve saber que o poder tem de ser exercido com parcimónia e ponderação, tendo em conta todos os direitos e valores em jogo, deve saber que os interesses do Estado, que interpretam e representam transitoriamente, não pesam mais do que os interesses dos cidadãos, nomeadamente as suas liberdades e direitos. E deviam saber que os jovens que lhes estão confiados não devem, na sua escola, ser gratuitamente confrontados com a vertente repressiva do Estado à revelia dos encarregados de educação. Advogado
REFERÊNCIAS:
Entidades GNR
“O livro é uma máquina de nos fazer levantar a cabeça”
Gonçalo M. Tavares encantou com as suas ideias que misturam literatura, filosofia e ciência os leitores conhecedores da sua obra na Livraria Cultura. (...)

“O livro é uma máquina de nos fazer levantar a cabeça”
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-04-12 | Jornal Público
SUMÁRIO: Gonçalo M. Tavares encantou com as suas ideias que misturam literatura, filosofia e ciência os leitores conhecedores da sua obra na Livraria Cultura.
TEXTO: Gonçalo M. Tavares chega ao espaço aberto da Livraria Cultura no Shopping Iguatemi, em São Paulo, onde está a decorrer até dia 15 de Abril o encontro Minha Língua, Minha Pátria, organizada pelo jornal PÚBLICO e pela livraria. Traz o casaco na mão, a mochila às costas, o sorriso franco. É um escritor singular sobre vários aspectos. Foi aliás com esta frase que o professor de Teoria Literária da Universidade de São Paulo, Samuel Titan Jr. , abriu a sessão A Viagem do senhor Tavares, sábado, ao final da tarde. “Quem entra em contacto com a literatura de Gonçalo M. Tavares sabe que dizer que é um escritor português não ajuda muito a situá-lo”, disse o moderador. “Porque a primeira coisa que chama a atenção na sua obra é como ela se destaca nos cânones das tradições mais enraizadas na literatura portuguesa e também na brasileira. A sua ficção recusa-se a deixar-se situar neste ou naquele lugar. ”Samuel Titan explicou também que a sua obra nada tem a ver com o realismo, regionalismo e a cor local tão fortes nas duas literaturas. "Os romances, os contos e as peças de Gonçalo M. Tavares começam por se livrar de todo o aparato real da ficção. Os seus personagens costumam ter nomes alemães, que fazem pensar mais em Kafka do que em Eça de Queirós. Eles não estão fora da história mas a história onde eles se situam não é a história de Portugal, do Brasil ou das colónias. ”A ideia de que toda a literatura é nossa contemporânea interessa ao autor da série de livros O Bairro e de Os Velhos Também querem Viver. Agrada-lhe tentar fazer qualquer coisa de novo com o antigo. Gonçalo gosta de ler em cafés e anda normalmente com uma mochila às costas, que é para ele uma espécie de “modelador temporal”. Quando lá coloca um livro de Séneca, autor do império romano, e um livro de um autor do século XXI, eles estão lá naquele dia. “Se eu tiver na mochila dois livros separados por dez séculos, eles passam a ter a data de hoje. Os autores novos, os velhos, os gregos antigos, os autores do século XX e do século XXI são basicamente autores do mesmo dia”, diz. Agrada-lhe a ideia de que não há separações temporais, de que não há separações de géneros. Acha artificial a ideia de romance, ensaio, conto. Classificações “até perigosas” para quem escreve. Elogio do ensaioO escritor português defendeu que o mais importante da leitura não é quando lemos as letras mas quando levantamos a cabeça depois de ter lido uma frase. E é isso que a literatura permite, que a nossa cabeça funcione sozinha nesse momento em que a levantamos. “O livro é uma máquina de nos fazer levantar a cabeça e não olhar para nada”, diz Gonçalo M. Tavares. “99% das obras artísticas nasceram deste momento em que a pessoa suspende a cabeça”, quando nela se associam imagens, ideias. Quando escreve, de alguma forma vê-se a investigar. Acredita que a maior das hospitalidades que podemos ter em relação às outras pessoas é sermos curiosos. “Curiosidade é uma hospitalidade mental, é alguém estar a falar de um assunto que eu não conheço e eu ser hospitaleiro, ouvir”, disse. Contou uma anedota, uma conversa entre duas pessoas em que uma pergunta: “O que achas pior a ignorância ou o desinteresse?” E a outra responde: “Não sei nem me interessa. ” Hoje em dia, Gonçalo lê muito mais ensaio do que ficção. “Cada vez mais me cansa a ficção”, confessou. Na plateia, Alexandro, que esteve a ler com a sua mulher O Senhor Kraus, um dos livros da série O Bairro, antes de ir para a sessão - “um livro interessante para ser ministrado em aulas como uma disciplina do tipo de introdução à política” –, falou do dilema de se morrer ou não por outro, de se sacrificar a vida por alguém, a que o escritor português se tinha referido no início da sessão a propósito do livro Os Velhos Também Querem Viver. Foi na altura das perguntas abertas ao público que Alexandro recordou a história de uma tia sua. “Ela tinha um marido, o meu tio, muito ruim e muito mau de saúde. Era muito dramática, começou a se lamentar e a falar: ‘Por que não me levar no lugar dele?’ Os filhos ouviram e os mais velhos muito traquinas disseram-lhe: ‘Mãe, não chama muito porque a morte vem e ela tem a forma de uma galinha sem penas’. Ela ficou com aquilo na cabeça. Eles moravam num sítio e os rapazes correram para o fundo da casa, pegaram uma galinha, depenaram e jogaram no terreiro. A tia saiu da porta de casa, viu a galinha, eles estavam escondidos e ouviram a mãe dizer: ‘Ele está no quarto, ele está no quarto!” Gargalhas sem parar por toda a sala.
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Palavras-chave morte cultura mulher ajuda espécie
Estado Islâmico divulga vídeo de demolição da antiga cidade de Nimrud
A cidade que foi um dos centros da Assíria, fundada no século XII a.C., terá sido completamente arrasada pelos militantes, que prosseguem a destruição de todos os vestígios que consideram heréticos. (...)

Estado Islâmico divulga vídeo de demolição da antiga cidade de Nimrud
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DATA: 2015-04-12 | Jornal Público
SUMÁRIO: A cidade que foi um dos centros da Assíria, fundada no século XII a.C., terá sido completamente arrasada pelos militantes, que prosseguem a destruição de todos os vestígios que consideram heréticos.
TEXTO: Painéis de baixo-relevo atacados com marretas, perfurados com berbequins e atirados ao chão, onde se estilhaçam enquanto se ouvem em fundo gritos de “Allahu akbar” ("Allah é grande"). Bulldozers investindo sobre paredes que, depois, serão pulverizadas em gigantescas explosões filmadas à distância. Um som tonitruante, uma nuvem de fumo que se ergue e destroços caindo de novo no solo, vários segundos depois da detonação, tal é a força da explosão. Vemo-lo num vídeo divulgado na noite de sábado pelo autoproclamado Estado Islâmico, que diz documentar a destruição de Nimrud, nas proximidades de Mosul, Iraque, e um dos centros do antigo império Assírio. Fundada no século XII a. C. , é considerada o berço do primeiro verdadeiro Estado na História da humanidade. No início de Março já fora noticiada a destruição daquele que é não só um dos mais importantes tesouros arqueológicos do Iraque, mas de toda a humanidade. Na altura, um representante tribal local descreveu à Reuters como militantes do Estado Islâmico entraram em Nimrud, “pilharam os bens nela contidos e, depois, prosseguiram com a demolição do local. Havia estátuas, paredes e também um castelo que foram totalmente destruídos pelo Estado Islâmico”. A condenação foi então imediata e inequívoca. “Condeno da forma mais veemente a destruição de Nimrud”, afirmou em comunicado a directora-geral da UNESCO, Irina Bokova. “A destruição deliberada de património cultural é um crime de guerra”. O presidente da Liga Assíria no Líbano, Habib Afram, acentuou: “O Estado Islâmico não só está a destruir a nossa vida no presente, a tomar cidades, igrejas e casas, ou a destruir o nosso futuro: também querem apagar a nossa cultura, passado e civilização”. A confirmar-se a veracidade do vídeo, não datado, Nimrud junta-se a uma lista de destruição de Património da Humanidade, por parte do Estado Islâmico, que inclui por exemplo a cidade de Hatra, fundada há cerca de 2400 anos pelos Selêucidas e, já no século, centro de um dos primeiros reinos árabes conhecidos – um vídeo com a destruição das suas paredes e esculturas foi divulgado pela Estado Islâmico há cerca de uma semana. Em Fevereiro, fora notícia outro vídeo, registando a destruição de diversos itens expostos no Museu de Mossul. As autoridades iraquianas, porém, revelaram posteriormente que se tratavam, na sua maior parte, de réplicas. Os originais de peças como as estátuas aladas, cabeça humana e corpo de touro ou de leão, representando a divindade Lamassu, tão presente na cultura assíria da Antiguidade, continuavam bem protegidos em Bagdad. Quanto a Nimrud, parece não haver espaço para essa consolação. Uma fonte do Ministério das Antiguidades iraquiano, falando à AP sob anonimato, declarou que todas relíquias expostas em Nimrud eram autênticas. As escavações em Nimrud foram iniciadas na década de 1840 pelo britânico Austen Henry Lay, que enviou para Inglaterra alguns dos artefactos ali descobertos. Actualmente, encontram-se peças de Nimrud no British Museum, em Londres, no Metropolitan Museum, em Nova Iorque, ou no Museu Nacional iraquiano, em Bagdad. Nimrud formava com as cidades de Khorsabad e Níneve o centro político do império Assírio. Entre os séculos IX e VII a. C. , reis como Tiglate-Pileser III, Sargão, Senaqueribe ou Assurbanipal (o palácio deste último podia ser visitado no centro arqueológico destruído), criaram as estruturas políticas e culturais que viriam a modelar os estados que se lhes seguiram na História.
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Dramaturgo Peter Shaffer morre aos 90 anos
O dramaturgo britânico, vencedor de um Óscar por Amadeus, morreu na madrugada desta segunda-feira na Irlanda. (...)

Dramaturgo Peter Shaffer morre aos 90 anos
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DATA: 2016-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: O dramaturgo britânico, vencedor de um Óscar por Amadeus, morreu na madrugada desta segunda-feira na Irlanda.
TEXTO: Peter Shaffer, dramaturgo e argumentista britânico, morreu na madrugada desta segunda-feira aos 90 anos, no Marymount Hospice, um centro de cuidados paliativos em County Cork, na Irlanda. Não foi divulgada a causa da morte pelo seu agente. O dramaturgo, que ganhou um Óscar pela adaptação cinematográfica de Amadeus e foi autor de sucessos da Broadway e do West End, como Equus e The Royal Hunt of the Sun, estava naquele país a visitar a família e a comemorar o seu aniversário, tendo adoecido a semana passada. Em Inglaterra, o National Theatre serviu de palco a várias das suas peças e estreou em 1979 Amadeus, espectáculo que foi transferido para a Broadway em 1980, onde ficou em cena durante três anos e ganhou o Tony para "Melhor Peça". Posteriormente, em 1984, foi adaptada ao cinema pelo realizador Milos Forman e levou oito Óscars para casa em 1985, incluindo o de "Melhor Filme" e o de "Melhor Argumento". Mais recentemente voltou a ser recuperada e abriu o Festival de Teatro de Chihester, em 2014. Também o National Theatre voltará a receber este drama psicológico sobre a relação entre Mozart e o compositor Salieri, seu admirador e rival, a partir de Outubro. O agente do dramaturgo refere ao The Guardian que Peter Shaffer estava feliz com este regresso de Amadeus a um palco, para onde a peça foi originalmente escrita. Por sua vez, o director do teatro nacional Rufus Norris diz ao mesmo jornal britânico que “o National Theatre teve muita sorte em manter uma relação tão frutífera e criativa" com Shaffer e que as peças que este lhes deixou "são um legado duradouro. ”Outro dos seus êxitos foi Equus, peça de 1973 sobre um psiquiatra que tenta tratar um jovem obsessivamente fascinado por cavalos. Valeu-lhe uma nomeação para “Melhor argumento” no filme que a adaptou ao cinema, em 1977. Equus voltou ao palco em 2007 protagonizada por Daniel Radcliffe, no primeiro grande papel da estrela de Harry Potter no teatro. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Shaffer iniciou a sua carreira profissional com The Royal Hunt of the Sun, em 1964, na companhia que viria a ser o National Theatre. Seguiu-se a peça Black Comedy, em 1965, com nomes como Maggie Smith, Derek Jacobi e Albert Finney no elenco. O dramaturgo deixa, no seu repertório, mais de 18 peças, vários prémios - entre os quais um Óscar e um Globo de Ouro - e o seu nome gravado no American Theater Hall of Fame, desde 2007.
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Palavras-chave morte
Morreu o escritor e historiador de arte Paulo Varela Gomes
Depois de lhe ter sido diagnosticado um cancro em 2012, dedicou o resto da sua vida a escrever. Tinha 63 anos. (...)

Morreu o escritor e historiador de arte Paulo Varela Gomes
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2016-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Depois de lhe ter sido diagnosticado um cancro em 2012, dedicou o resto da sua vida a escrever. Tinha 63 anos.
TEXTO: Paulo Varela Gomes, escritor e historiador de arte e da arquitectura, morreu neste sábado de manhã, aos 63 anos, na sua casa de Podentes, concelho de Penela, de um cancro que lhe foi diagnosticado há quatro anos. O velório realiza-se este sábado a partir das 19h na capela de Podentes e o funeral sai amanhã à tarde para o cemitério local, depois de uma missa de corpo presente, às 15h30. Em Maio de 2015, publicou na revista Granta um texto intitulado Morrer é mais difícil do que parece, um raro, impressionante e longo testemunho da sua experiência com a doença, desde o momento em que o cancro, já num grau muito avançado, foi diagnosticado, e os médicos lhe revelaram que teria pouco tempo de vida, até à fase quase terminal. Nos quatro anos da sua restante vida, Paulo Varela Gomes, professor associado no Departamento de Arquitectura da Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade de Coimbra, autor de uma obra de investigação importante no campo da história da arquitectura e da arte (tendo sido também crítico de arquitectura), dedicou-se exclusivamente à literatura e publicou quatro romances e um livro de crónicas, com os quais fez uma entrada fulgurante e muito aclamada na literatura portuguesa contemporânea (Hotel, de 2014, ganhou o prémio do P. E. N. Clube) O primeiro intitulou-se O Verão de 2012 e tinha uma óbvia dimensão autobiográfica; o último chama-se Passos Perdidos, foi publicado em Fevereiro deste ano, e é, como os anteriores, um romance onde a ficção se tece com as ideias e a especulação. Mas nem só da escrita literária e historiográfica se fez o percurso público intelectual de Paulo Varela Gomes. Durante os seus anos de estudante universitário, na Faculdade de Letras de Lisboa (onde fez o curso de História, tendo-o terminado em 1978), e depois como professor no ensino secundário, teve uma actividade política muito forte, enquanto militante do Partido Comunista. Mas ainda nos anos 80 afasta-se e foi um dos fundadores, com Miguel Portas, do movimento Política XXI. Nalgumas das crónicas que escreveu para o PÚBLICO mostrou que as suas posições face ao seu tempo eram completamente heterodoxas em relação ao mainstream político, de qualquer campo ideológico, e não eram já compatíveis com qualquer actividade política pragmática e imediata. Tendo sido delegado da Fundação Oriente, em Goa, por duas vezes, de 1996 a 1998 e de 2007 a 2009, essa sua experiência indiana, como se pode perceber sobretudo nas suas crónicas mas também no seu romance Era Uma Vez em Goa (2015) foi muito importante e decisiva nalgumas das suas inflexões intelectuais. Ele, que tinha escrito imensos textos, no Blitz, no JL, no Expresso sobre os fenómenos da cultura de massas e da vida urbana, no regresso da Índia exilou-se no campo e voltou as costas à cidade. Os seus últimos anos foram passados entre a Universidade de Coimbra e a sua quinta perto de Podentes, concelho de Penela. Da Universidade despediu-se no final de 2012, devido à doença, com uma Última Lição pública que teve por título Do Sublime em Arquitectura. A propósito dessa lição, o seu colega Jorge Figueira escreveu no PÚBLICO um elogio do professor Paulo Varela Gomes, classificando-o como um enfant terrible e um troublemaker. Esta condição não impediu que Paulo Varela Gomes fosse um autor de enorme prestígio e muito reconhecido na comunidade científica de que fazia parte, e um professor que era seguido pelos alunos com uma enorme admiração. Livro de contos inéditoO crítico de arquitectura do PÚBLICO, Jorge Figueira, recebeu a notícia no Brasil. Ao telefone, já dentro do avião para regressar a Portugal, o académico da Universidade de Coimbra lembrou Paulo Varela Gomes - que conheceu há muito tempo, ainda estudante de arquitectura, antes de terem sido colegas em Coimbra - e também as coisas que este escrevia nos jornais na década de 1980. “Seja na escrita dele, seja nas conversas, seja nas aulas, o Paulo era uma figura brilhante: era assertivo, era provocador, era crítico, era também um tipo afectivo, mas era duro", diz Joreg Figueira. "Ele era de facto uma figura muito complexa, mas que conseguia cativar os estudantes, cativar quem lia sobre arquitectura e quem também faz história da arquitectura. "Paulo Varela Gomes transformou a história da arquitectura em qualquer coisa que podia ser comunicável e que podia ser divulgada. Tem também "esse papel importante, não só de historiador, como de crítico e divulgador". Mas o que Jorge Figueira considera mais “espantoso” é que ele era “muito ideológico, muito radical, muito político e ao mesmo tempo era um espírito livre". Embora "tivesse essa matriz política muito vincada, isso não o impedia, pelo contrário, de olhar para o mundo de uma maneira muito livre", observa, salientando ainda a capacidade de Varela Gomes de "fazer conexões com a cultura americana, anglo-saxónica eportuguesa, o que é muito raro. ”Além disso, era “um intelectual e um erudito que tinha cultura visual, ou seja, que compreendia a arquitectura e que entrou dentro da arquitectura", diz Jorge Figueira. "É pouco vulgar no nosso meio, e se calhar em qualquer meio, que historiadores e intelectuais ou escritores entrem da forma como ele entrou por dentro da arquitectura, e isso marcou muito as últimas décadas do debate em Portugal". E acrescenta: "Era um espírito muito rápido e acutilante, para o qual tínhamos de estar sempre preparados, ele desafiava muito as pessoas. E mesmo com as contradições que eventualmente surgiam, a sua inteligência e a sua vontade de fazer as coisas avançar era cativante, e isso foi sentido por muita gente que o conheceu ou com quem ele trabalhou. ”O escritor Mário de Carvalho perdeu Paulo Varela Gomes de vista há muitos anos, desde o final dos anos 80. “Desde essa altura nunca mais o vi”, conta ao PÚBLICO. No entanto tem dele recordações e memórias muito gratas. Estiveram muito próximos nessa década porque estavam ligados a um grupo chamado Quatro Elementos Editores, que organizou quatro volumes temáticos: Mar, Peste, Eldorado e Ruínas. “A ideia que tenho do Paulo Varela Gomes da altura é que era uma pessoa de uma extrema generosidade, talento e coragem. Era um gosto ouvi-lo. Era uma pessoa que se exprimia muitíssimo bem, com muitíssimo brilho e uma cultura vastíssima. ” O escritor recorda ainda que, "na altura em que começou a haver problemas e dificuldades dentro do Partido Comunista", partilhou com Paulo Varela Gomes "alguns pontos de vista críticos" e que este, "sempre com a sua generosidade, mas também com uma análise crítica das coisas", estava então "muito dividido". A sua morte, mesmo esperada, "foi um choque", diz Mário de Carvalho. A editora Bárbara Bulhosa, em trânsito da Colômbia para Portugal, soube da morte do seu autor em viagem. “É muito difícil falar sobre isto. O Paulo tornou-se um autor para sobreviver à doença e eu fui a feliz contemplada da escolha dele. E durante muito tempo estar a publicar e a ter reconhecimento foi importante para se manter vivo. Ele chegou a dizer-me isto. Por isso não era uma relação normal entre um escritor e um editor. Desde sempre soube que ele estava a morrer”, lamenta a editora da Tinta-da-China, ao telefone do aeroporto de Madrid. Bárbara Bulhosa disse ao PÚBLICO que tem um livro inédito de contos de Paulo Varela Gomes para publicar, e que o romance Hotel terá em breve edição brasileira. Também o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, manifestou este sábado o seu pesar pela morte de Paulo Varela Gomes. "Destacado historiador da arte e da arquitetura, cronista, escreveu nos últimos anos sobre Goa, sobre a vida no campo, e revelou-se também como romancista idiossincrático, autobiográfico e especulativo", lê-se no site da Presidência da República, numa nota em que o autor é ainda lembrado como "cidadão politicamente empenhado" e que assumiu "desassombradamente a sua doença terminal". "Aprendi muito com ele"Luís Filipe Castro Mendes conheceu o futuro historiador de arte e escritor quando ambos frequentavam a Universidade de Lisboa e participavam nas lutas estudantis do início dos anos 70, mas foi na Índia, onde esteve colocado como embaixador, que o actual ministro da Cultura pôde estreitar a sua amizade com Paulo Varela Gomes, que em 2007 assumia pela segunda vez a função de delegado da Fundação Oriente em Goa. “Era um notável historiador de arte, e alguém que pensava a relação da Europa com o resto do mundo, e de Portugal com o Oriente”, disse o ministro ao PÚBLICO, lembrando ainda a “série extraordinária de filmes” que Varela Gomes fez para a RTP sobre a presença portuguesa na Índia e noutros países orientais. “Perdi um grande amigo, com quem aprendi muito”, acrescentou Castro Mendes, referindo ainda o modo como Varela Gomes, que “adiara sempre a escrita”, começou a escrever “quando se confrontou com a morte iminente” e publicou “coisas extraordinárias”, entre as quais destaca o romance Hotel (2014), que considera o seu melhor livro e uma obra “absolutamente inovadora na literatura portuguesa”. Mas também realça “o testemunho terrível” de Verão de 2012 (2013) ou a “dureza, sinceridade e lucidez” do texto que Varela Gomes publicou na revista Granta em 2015: Morrer é mais difícil do que parece. “É admirável como produziu no final da vida uma obra literária inovadora e que irá ficar”, observa o ministro e poeta Luís Filipe Castro Mendes, que pensa ainda “na quantidade de livros que podiam ter vindo” de alguém que “em quatro anos escreveu quatro grandes romances e um importante volume de crónicas, Ouro e Cinza, com textos muito lúcidos”. Paulo Varela Gomes “era um homem obviamente de esquerda, mas muito heterodoxo e nada politicamente correcto”, descreve Castro Mendes, lembrando que o próprio se definia como “comunista patriota”. No dia em que lamenta a perda do amigo, o ministro quis ainda prestar homenagem à mulher de Paulo Varela Gomes, Patrícia Vieira, “que o acompanhou e apoiou até ao fim de uma maneira extraordinária, como nunca vi”. Se nestes seus últimos anos de vida, a faceta mais pública de Varela Gomes foi a de escritor e cronista, “a história de arte, e sobretudo a história da arquitectura”, que ensinou na Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade de Coimbra, “foi sempre uma dimensão central” do seu pensamento, realça António Filipe Pimentel, director do Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA). “Era um homem de inteligência rara, um espírito livre, e uma pessoa que aliava à qualidade intelectual a qualidade humana”, diz Pimentel, acrescentando que foi amigo de Paulo Varela Gomes e teve “o privilégio de o ter conhecido”. E é mesmo “privilégio” que quer dizer: “É nestes momentos que acho que vale a pena viver por algumas pessoas com quem nos cruzamos, e se este é um dia de perda irreparável, também penso na riqueza de ele ter existido”. “Como historiador da arquitectura, é de um brilho intelectual enorme: fez uma história da arquitectura portuguesa percebendo o que nela havia de grande e de diferente, em vez de procurar o que era adaptação do paradigma internacional, mas sem nenhum provincianismo”, diz o director do MNAA, que vê em Varela Gomes o autor mais importante da geração que sucedeu à do teórico norte-americano George Kubler, com os seus estudos sobre a “arquitectura chã” portuguesa do final do Renascimento e do início do barroco. Destacando os seus dotes de “comunicador excepcional”, Pimentel diz que Varela Gomes, a ter vivido no século XVI ou XVII, “teria sido um jesuíta evangelizador”, porque “era alguém que fazia prosélitos por onde quer que passasse”. Uma qualidade que cativava os seus alunos. “Seguiam-no como a um captain, my captain”, garante o amigo, citando o poema de Walt Whitman e aludindo ao professor interpretado por Robin Williams em O Clube dos Poetas Mortos. “Quando o Paulo ia de férias com a Patrícia”, conta Pimentel, “nunca faltavam voluntários, entre os alunos, para ficarem a tomar conta dos cães que tinham na quinta”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Convencido de que os anos passados na Índia tiveram uma influência decisiva para Varela Gomes, o director do MNAA vê-o como “uma pessoa muito sempre à procura do seu lugar, mas muito generosa, uma personagem assim entre o jesuíta do século XVI e um Alexandre Herculano ou um Antero de Quental”.
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