Ciclone Phailin já fez cinco vítimas na Índia
Tempestade tropical já se encontra em terra. (...)

Ciclone Phailin já fez cinco vítimas na Índia
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-04-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: Tempestade tropical já se encontra em terra.
TEXTO: O ciclone tropical Phailin já fez cinco vítimas mortais, dizem os jornais indianos, que reportam um cenário de “devastação apocalíptica” na região de Brahmapur, por onde a tempestade entrou em terra por volta das 21h30 (hora local). Segundo a BBC, o ciclone está a movimentar-se a uma velocidade entre cinco e dez quilómetros por hora. Os ventos devastadores, de velocidade superior a 200 quilómetros por hora, arrancaram árvores e postes de electricidade, cortando o abastecimento eléctrico. Uma ordem de evacuação obrigatória está em vigor e abrange as localidades costeiras do estado de Orissa, na costa leste do país, que está a ser atingida pelo ciclone. Mais de 550 mil pessoas foram transportadas para abrigos temporários, instalados em escolas, templos e outros edifícios públicos. Segundo as projecções, o ciclone Phailin poderá ser a tempestade mais severa dos últimos 14 anos na região – segundo o centro que avalia os riscos de tempestades tropicais, sedeado em Londres, trata-se de um ciclone de categoria cinco, o valor máximo da escala. O Departamento Meteorológico da Índia, que tem estado a acompanhar a trajectória do ciclone na baía de Bengala, aponta para ventos de mais de 220 quilómetros por hora. No entanto, o centro de alerta de tufões da Marinha dos Estados Unidos, localizado no Havai, prevê que as velocidade dos ventos possa atingir os 315 quilómetros por hora. O ciclone deverá entrar em terra próximo da cidade de Gopalpur, uma estância de veraneio que já se encontra praticamente deserta. As autoridades projectam ondas superiores a seis metros de altura, que segundo avisaram deverão “causar danos e prejuízos muito significativos” nas construções costeiras. “Há uma ordem de evacuação obrigatória em curso. Ninguém está autorizado a permanecer em casa nas áreas afectadas pela tempestade. Os pescadores estão proibidos de sair para o mar”, sublinhou o responsável da protecção civil de Orissa, Surya Narayan Patra. Os serviços meteorológicos prevêem fortes inundações. A força da tempestade deverá interromper o fornecimento eléctrico e cortar as telecomunicações. Estradas poderão ficar intransitáveis, e a circulação do caminho-de-ferro poderá ter de ser suspensa. Em 1999, a passagem de um super-ciclone sobre o estado de Orissa fez mais de dez mil mortos. Surya Narayan Patra garantiu que as autoridades “aprenderam a lição” e que “estão mais bem preparadas” para lidar com a tempestade que se avizinha. O Exército montou uma vasta operação de assistência e auxílio de emergência para aquele estado e o vizinho Andhra Pradesh, que também será afectado pelo Phailin. Segundo a BBC, está assegurada a distribuição de mantimentos por helicóptero em áreas que ficaram inacessíveis.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave mantimentos
E se os tablets estiverem a ser usados como chuchas?
Investigadora Ivone Patrão diz que há estudos internacionais que dão conta de baixo controlo parental sobre dispositivos móveis em crianças pequenas. Há pais que substituem a sua presença pela entrega de um smartphone ou de um tablet para conseguir fazer outras tarefas. (...)

E se os tablets estiverem a ser usados como chuchas?
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-10-12 | Jornal Público
SUMÁRIO: Investigadora Ivone Patrão diz que há estudos internacionais que dão conta de baixo controlo parental sobre dispositivos móveis em crianças pequenas. Há pais que substituem a sua presença pela entrega de um smartphone ou de um tablet para conseguir fazer outras tarefas.
TEXTO: A psicóloga clínica Ivone Patrão coordenou recentemente um estudo onde encontrou quase três quartos de adolescentes e jovens dos 14 aos 25 anos com sinais de dependência da Internet. Coordenadora da linha de investigação sobre comportamentos online no ISPA-Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida, em Lisboa, onde é professora, lança-se agora numa investigação que vai estudar o uso de dispositivos móveis em crianças dos três aos cinco anos. A motivação veio do que observa no consultório e à sua volta, em que vê tablets e smartphones a serem usados para acalmar, como uma chucha, mas com muitos mais riscos associados. Por que decidiu começar a investigar o uso de dispositivos móveis dos três aos cinco anos? [A decisão] Decorre dos resultados que tivemos na investigação com adolescentes e pré-adolescentes nas áreas das dependências online e também porque, na minha clínica diária, encontro pais com dificuldades em controlar o uso de smartphones, tablets nestas idades. As crianças com cinco ou seis anos já lhes conseguem mexer, são muito fáceis, são touch. Eles têm uma memória visual fantástica e rapidamente estão a jogar um jogo, estão a aceder à Internet, conseguem aprender caminhos de pesquisa sem saberem muito bem o que estão a fazer. Não sabendo sequer ler. Apercebi-me de miúdos de quatro e cinco anos que sabem imensas palavras em inglês por causa dos jogos. Vão associando, o start, o open, o okay. O problema é que estamos a estimular a memória visual muitas vezes em detrimento de outro tipo de concentração e atenção para outras tarefas que, por exemplo, a leitura vai requerer, a interpretação de um texto. Se lhes damos estímulos rápidos, em que percebem rapidamente como se faz, depois, quando quisermos que se concentrem para aprender a escrever e a ler, eles já não vão estar tão motivados. A satisfação não é tão imediata como estar a jogar um jogo. O que pretendem com o vosso estudo nestas idades?Estamos a fazer questionários para pais para avaliar como fazem a gestão dos smartphones e dos tablets em casa. Numa fase posterior acompanharemos os miúdos ao longo do tempo, na escola, na socialização, entre os seis e os 10 anos, já no 1º ciclo. O que diz a investigação já existente sobre o uso destes dispositivos nestas idades?Está-se no início da investigação. Mas os estudos que existem dão conta de baixo controlo parental sobre estes dispositivos nestas idades, e também que há pais que substituem a sua presença, e eu diria o seu afecto, com um smartphone ou de um tablet, às refeições e nas horas livres que eles têm para brincadeiras. Que problemas isso coloca?Eu pergunto: que tempo é que eles têm para passar com os pais? Uma das perguntas que vamos fazer é se lhes contam uma história ao final do dia. Estou um pouco chocada porque já tenho metade desta amostra a dizer que não o fazem e que a hora de deitar é problemática. É problemática por causa do uso deste tipo de dispositivos?[As crianças] Estão numa excitação a olhar para um dispositivo que emana uma luz tão intensa, sobre a qual alguns estudos dizem que as crianças a esta proximidade não são capazes de fazer a destrinça entre a luz de um ecrã e a luz do dia. Há estudos que nos dizem que, se não fazemos o corte, estamos a emitir informação para um cérebro de uma criança de três, quatro e cinco anos que pensa que ainda é de dia. E depois, passados dois minutos, dizemos-lhe "vamos deitar". Mas isso também era verdade para a televisão. A televisão está a uma distância diferente. Na televisão eles têm tendência a focar às vezes o olhar num ponto, mas vêem brinquedos à frente e vêem o mano, e chega alguém e eles vêem. Os dispositivos são uma coisa de interacção deles com a máquina a uma distância muito próxima, sem outro campo de visão. Estão tão focados ali que o cérebro não percebe o que está à volta. Com a televisão apercebem-se do meio envolvente, [e percebem] que ficou noite. Isso tem repercussões no sono?Temos aqui um grande risco porque isto altera-lhes o ritmo do sono. Outros estudos dizem-nos que as crianças que dormem menos horas têm um comportamento mais irritável na sala de aula. Neste caso, com três, quatro ou cinco anos – as ditas idades das birras – provavelmente os educadores e os pais terão mais dificuldade em relacionar-se com eles e isto começa a ser uma pescadinha de rabo na boca – então se faz birras "toma lá e cala-te". Estamos a reforçar positivamente uma acção, o estar online, com imensas consequências do ponto de vista físico, do desenvolvimento e psicológico, porque eles, naquele momento, não estão em interacção, estão em interacção com eles próprios e com uma máquina. Quis avançar com este estudo por causa dos casos que lhe chegam ao consultório. . . Às vezes, na própria consulta, se estou mais dirigida para os pais e a criança está ali, e ainda que na consulta haja espaços de brincadeira e de jogos, há puzzles, desenhos, há uma mala lúdica, a criança tem também a tendência a querer falar e há uma entrega, às vezes quase automática, da mãe ou do pai – "olha, toma lá, cala-te um bocadinho que eu estou aqui a falar com a doutora". E eu tento desviar este comportamento e propôr aos pais e à criança "então e um desenho? E ali o puzzle? Depois podes vir-nos mostrar o desenho". Mas, claro, não posso desautorizar os pais. E obviamente, as crianças aceitam o telemóvel .
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave escola campo concentração criança estudo
A América já tem os seus menus "especial shutdown" mas não para os congressistas
As principais vítimas dos desentendimentos no Congresso esperam com ansiedade o regresso à normalidade. O Governo precisa de dinheiro para pagar ordenados, mas os funcionários precisam de ordenados para pagar as contas. Por estes dias, em Washington, os alvos da fúria são os congressistas (...)

A América já tem os seus menus "especial shutdown" mas não para os congressistas
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.357
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: As principais vítimas dos desentendimentos no Congresso esperam com ansiedade o regresso à normalidade. O Governo precisa de dinheiro para pagar ordenados, mas os funcionários precisam de ordenados para pagar as contas. Por estes dias, em Washington, os alvos da fúria são os congressistas
TEXTO: Quase um milhão de trabalhadores mandados para casa, com os vencimentos cancelados por causa de um jogo político entre o Congresso e a Casa Branca, e ainda assim o coração da América continua a bater de uma forma muito própria. Se 800. 000 funcionários dos serviços do Governo federal ficam com os bolsos mais leves, os restaurantes respondem com o menu "especial shutdown" — "Sanduíche de carne de porco grátis para todos os funcionários do Governo se houver paralisação. Uma por dia e é necessário apresentar identificação", anunciaram na segunda-feira, no Twitter, os proprietários de um restaurante da cidade de Alexandria, no estado da Virginia, a uma dezena de quilómetros do Capitólio. O Governo ficou mesmo parado e o negócio do Pork Barrel BBQ ficou mais movimentado. Mas nem todos têm direito à oferta: "Congressistas excluídos. "Quarta-feira, segundo dia de cofres vazios para o pagamento de serviços não-essenciais pelo Governo da maior potência do mundo, e a incredulidade dos cidadãos transformava-se em raiva, em desespero, mas também em humor, uma seta apontada à forma como o trabalho de uma parte dos representantes do povo levou à falta de dinheiro para os salários de uma parte dos trabalhadores que os elegeram. "Apresente a sua identificação e obtenha um desconto de 10% em sopas e saladas", lê-se num cartaz do restaurante Soupergirl, em Washington, que partilhou uma fotografia no Facebook. Para os congressistas também? A resposta é clara e lembra um dos quadros mais famosos da série Seinfeld: "No soup for you!"Mas a paralisação do Governo norte-americano pode durar semanas, e quem fica semanas sem receber o ordenado por causa de um debate no Congresso que correu mal pode não ter o sentido de humor no menu preferido. "Se eu não receber o ordenado até ao dia do pagamento da hipoteca, vou ter problemas", disse ao The New York Times Sherilyn Garnett, uma advogada do Ministério Público de 44 anos residente em Altadena, no estado da Califórnia. Tal como outras centenas de milhares de pessoas que se encontram na mesma situação, Sherilyn não precisa de vasculhar o vocabulário para encontrar as palavras que considera certas para descrever o shutdown anunciado na noite de segunda para terça-feira: "É uma estupidez, é mesmo muito estúpido. "E é uma questão que tem perturbado muitos cidadãos. "Não consigo perceber por que é que eles não pensaram nisto", disse ao mesmo jornal Tina Miller, uma funcionária do Governo federal na área da segurança pública, referindo-se ao membros da Câmara dos Representantes e do Senado e à Administração Obama. A paralisação do Governo teve impacto imediato. Na manhã de terça-feira, até o site da Casa Branca recebia os seus visitantes com uma mensagem esclarecedora sobre o fosso aberto entre republicanos e democratas: "Porque o Congresso não cumpriu a sua responsabilidade de aprovar um orçamento, grande parte do Governo federal está paralisado. "Nesta quarta-feira, segundo dia da paralisação, nem havia dinheiro para esclarecer dúvidas. Jornalistas e outros cidadãos que tentavam obter alguma declaração ou explicação da Casa Branca podiam pensar que tinham ligado por engano para uma qualquer empresa de telecomunicações: "Olá, ligou para o gabinete executivo do Presidente. Pedimos desculpa, mas devido à falta de fundos não podemos atender a sua chamada. Assim que o orçamento for reposto, as nossas operações serão reatadas. Por favor, ligue quando isso acontecer. "Visitar Washington “de fora”O primeiro shutdown do Governo norte-americano em quase 20 anos — o último foi repartido entre o final de 1995 e o início de 1996, durante a presidência de Bill Clinton — tem as consequências óbvias da falta de dinheiro para pagar ordenados e do impacto no turismo devido ao encerramento de museus e parques nacionais, por exemplo. Mas há muitas histórias que passam ainda mais ao lado das discussões políticas entre a ala mais conservadora do Partido Republicano, a ala menos conservadora do Partido Republicano e de ambas com o Partido Democrata e a Administração Obama. O shutdown é também a história de Danny Aiello, um polícia reformado de 71 anos de idade. A mulher, Mildred, morreu de cancro faz hoje um ano, e Danny recebeu da filha, do genro e do neto um presente para o animar: uma viagem de quatro dias a Washington. Questionado pelo The Washington Post sobre se quatro dias são suficientes para ficar a conhecer a cidade, Danny Aiello disse que sim — mas "só do lado de fora". "Sinto-me abatido. Era suposto ser uma viagem divertida para todos nós. Estava mesmo ansioso por isto", lamentou. Ninguém sabe ao certo quanto tempo vai durar a paralisação — a última, a de meados da década de 1990, durou 28 dias intercalados. Mas já todos sabem quanto vai custar à região de Washington. São 200 milhões de dólares por dia, ou quase 150 milhões de euros. E o pior é que pouca gente vislumbra o fim deste shutdown, provocado por uma divisão política e ideológica em relação à reforma do sistema de saúde. "Só conseguimos resolver uma questão de princípios por uma razão muito boa — como um acordo que se possa vender aos próprios partidários como sendo suficientemente bom para chegar a um compromisso. Os dois lados estão muito longe de chegarem a esse ponto neste momento. E é difícil imaginar que possam chegar a um compromisso baseado em princípios nos próximos tempos", escreveram os jornalistas Chris Cillizza e Sean Sullivan no The Washington Post.
REFERÊNCIAS:
Objectos misteriosos ao meio-dia
Muitos são os “esplendores” deste “cemitério” para o espectador que nele se aventure. (...)

Objectos misteriosos ao meio-dia
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2016-05-31 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20160531200500/http://www.publico.pt/1730273
SUMÁRIO: Muitos são os “esplendores” deste “cemitério” para o espectador que nele se aventure.
TEXTO: Depois de Mekong Hotel, filme de menor fôlego que era um acerto de contas, da parte de Apichatpong, com um “fantasma” pessoal (a retoma de um filme que principiou nos anos 2000 mas cuja produção abortou), Cemitério do Esplendor é a verdadeira sequência de O Tio Boonmee que Se Lembra das Suas Vidas Anteriores, o filme de 2010 que consagrou Apichatpong e que o introduziu no circuito comercial português. Sendo diferente desse filme, não deixa de conter ecos dele e de outros do autor, como Sindromas e um Século (o final, com um número de dança fitness num jardim público, é quase auto-citação). Mas é ainda uma questão de “vidas anteriores”, e de “objectos misteriosos ao meio-dia” (titulo da primeira longa de Apichatpong), como naquele plano de céu, sol e nuvens em que o enquadramento é invadido pelo que parece uma enorme amiba – num filme cheio de “bestiário”, de cães a dinossauros petrificados, passando por uma galinha que só tem par na que Oliveira fazia entrar em Belle Toujours. É fácil perdermo-nos em pormenores deste tipo a propósito de Cemitério do Esplendor, filme riquíssimo em detalhes, mais sublinhados ou discretos, visuais, sonoros ou dialogados, numa explosão de pistas que levam o espectador para várias direcções, e que corresponde à idiossincrasia de Apichatpong – onde para lá do semblante de “austeridade” tudo funciona sempre em surpresa, e cada plano guarda uma porta aberta para a entrada do imprevisível e do surpreendente (inclusive do humor, Cemitério do Esplendor é também um filme muito divertido). Essa comunicação entre elementos díspares está próxima do essencial. Cemitério do Esplendor é mais uma vez um filme sobre um tempo presente onde se acumulam os tempos passados e os tempos míticos, uma grande arqueologia da realidade e do imaginário fundidos um no outro numa união inextricável. Tudo se acumula, os tempos existem “por cima” uns dos outros – como a escola-hospital que é o espaço central do filme (e onde dormem os soldados acometidos por uma “tropical malady” que os deixa em estado cataléptico), construída sobre um antigo cemitério de reis, que continuam a sugar a energia dos soldados para as suas próprias batalhas. Ou como aquele passeio pelo bosque que é um palácio “imaginário” e que se conclui com um encontro com uma expressão palpável de uma memória dolorosa recente, o que parece um abrigo anti-bombardeamento, “habitado” por figuras humanas como um presépio, e que a protagonista associa às suas recordações do “bombardeamento do Laos”. Mas nessa sequência, outras figuras-estátua – o par de amantes que tem o espelho de um par de esqueletos na mesma posição – indicia a associação harmoniosa de contrários (harmoniosa mesmo quando é dramática) que é uma das chaves do cinema de Apichatpong. Ou mesmo quando não é dramática e é só modernamente “mundana” – já falámos do fitness, mas que outro filme associa espíritos do outro mundo a uma longa cena de demonstração publicitária de um creme de beleza (de características olfactivas peculiares)? Muitos são os “esplendores” deste “cemitério”, muitas são as surpresas guardadas para o espectador que nele se aventure.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave escola cães
O espectáculo da natureza
Há algum tempo que não víamos “o campo”, a ruralidade, a entrarem num filme de maneira tão expressiva e tão palpável, a ponto de se tornarem a sua matéria. (...)

O espectáculo da natureza
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-04-14 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20150414000345/http://www.publico.pt/1690251
SUMÁRIO: Há algum tempo que não víamos “o campo”, a ruralidade, a entrarem num filme de maneira tão expressiva e tão palpável, a ponto de se tornarem a sua matéria.
TEXTO: Ainda sem sabermos que família protagonista de O País das Maravilhas se dedica à apicultura já estamos a pensar em abelhas ou, vá lá, em insectos: aqueles planos iniciais, os faróis de um automóvel a iluminarem a noite e a sugerirem um bicho alado, suspenso no ar. Não é que seja um pormenor especialmente significativo, mas indicia qualquer coisa: a enorme intenção, e a enorme atenção, que a jovem realizadora italiana Alice Rohrwacher pôs neste filme que é a sua segunda longa-metragem de ficção. O País das Maravilhas é um relato de inspiração auto-biográfica, a história de uma família que vive um modo de vida “alternativo”, com uma certa rigidez ideológica (a personagem do pai), algures na paisagem rural da Toscana. O pai, a mãe e as crianças formam uma espécie de pequena “comuna”, partilhando as responsabilidades do trabalho diário e da condução da família, a ponto de a filha mais velha, com nome de personagem de Fellini (Gelsomina), se vir investida da liderança familiar. A questão da autoridade é um dos temas do filme, dada, como muita coisa em O País das Maravilhas, em tensão e em contraste. Tensão e contraste, nesse caso, entre o fundamento ideológico – a recusa teórica de uma autoridade absoluta e “natural” por parte do pai – e a autoridade efectiva, e efectivamente paternal, que ele revela ao proibir a miúda mais velha de concorrer a um concurso televisivo sobre “maravilhas rurais” (a televisão também é uma entidade pouco grata naquela família). Se este é o conflito subjacente à narrativa, ele vem lançar, ou servir de diapasão, outro conflito essencial, que seria resumidanente o que opõe a “natureza” e o “espectáculo”. O filme de Rohrwacher tem a subtileza e a inteligência suficientes para também virar esses termos do avesso, e conter tanto uma reflexão sobre o “espectáculo da natureza” – todas, e são muitas, as cenas em que o que está em causa é a relação entre aquelas pessoas e o ambiente em que vivem, o campo, os lagos, as abelhas e os outros animais – e a “natureza do espectáculo”, as cenas de rodagem do tal programa televisivo (onde pontifica a maior vedeta do elenco, Monica Bellucci), dadas desde o primeiro momento a partir do seu carácter artificial e artificioso (todo o aparato da produção). Será este, porventura, o ponto em que o filme, depois de chamar Gelsomina (que, recorde-se, era o nome da personagem de Giulietta Masina em A Estrada) à sua protagonista, mais entra dentro dum território aparentado ao fellinianismo, mas que também convoca – a partir da reconstituição do tempo dos Etruscos – uma espécie de subconsciente telúrico, como que uma assombração cultural daquelas terras. Mas ainda assim, notável é o modo como Rohrwacher filma o “espectáculo da natureza”, a presença dos elementos, o calor do Verão e a humidade da chuva súbita, o à-vontade dos miúdos (e dos adultos) a fazerem “corpo” com o ambiente natural. Lembramo-nos de um texto de Serge Daney, ainda nos anos 80, a comentar a tendência para a desaparição do campo no cinema contemporâneo, cada vez mais urbanizado (e se isto era verdade nos anos 80, mais o será nos anos 2010) – e lembramo-nos disso porque, de facto, há algum tempo que não víamos “o campo”, a ruralidade, a entrarem num filme de maneira tão expressiva e tão palpável, a ponto de se tornarem a sua matéria. Não exclusiva, claro: a festa não fica completa sem os humanos, sem a profunda impressão de realidade exalada por aquela família, as cenas de conjunto, em paz ou em tensão mas sempre cheias de souplesse, e a forma como daqui se vai recortando uma protagonista, Gelsomina, que atravessa o filme a crescer e, sem nunca verdadeiramente se rebelar, a encontrar-se enquanto criatura autónoma, dotada de vontade e. . . autoridade.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave filha humanos campo espécie corpo
Rota do Românico: há uma História de Portugal em obras
Há uma parcela da História de Portugal, relativa à fundação da nacionalidade, que se encontra em obras. Quase meia centena de monumentos da Rota do Românico, nos vales do Sousa, do Tâmega e do Douro, estão a ser objecto de restauros e beneficiações. Um programa para promover uma região deprimida no Norte do país. (...)

Rota do Românico: há uma História de Portugal em obras
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Há uma parcela da História de Portugal, relativa à fundação da nacionalidade, que se encontra em obras. Quase meia centena de monumentos da Rota do Românico, nos vales do Sousa, do Tâmega e do Douro, estão a ser objecto de restauros e beneficiações. Um programa para promover uma região deprimida no Norte do país.
TEXTO: Ao princípio da tarde de terça-feira, dois autocarros coloridos param no terreiro frente ao Mosteiro do Salvador de Travanca, Amarante, e deles sai uma excursão de utentes do Inatel, com aquele sorriso feliz que só os passeios e os dias de sol proporcionam. “Houve aqui festa há pouco tempo, e o mosteiro está agora mais bonito do que da última vez que aqui viemos”, comenta um dos passageiros para o seu vizinho. No chão, um tapete de flores calcadas e já murchadas conduzindo até à porta principal do templo denunciava a festa, que, de facto, aí tinha ocorrido no sábado anterior. Foi a cerimónia de dedicação do novo altar da igreja numa missa celebrada por D. António Taipa, bispo auxiliar do Porto, e que fez lotar de novo este templo no Vale do Tâmega, terminadas as obras de remodelação e conservação realizadas ao longo do último ano. De facto, o Mosteiro de Travanca e quatro dezenas de outros monumentos – igrejas, capelas, torres, castelos, pontes… – da Rota do Românico dos vales do Sousa, do Tâmega e do Douro estiveram, estão ou vão entrar em obras de conservação e beneficiação, num projecto integrado lançado pelas autarquias desta região do Norte do país. Ao todo, são 58 os monumentos (25 dos quais classificados como património nacional) actualmente ancorados nesta Rota, que foi lançada em 1998 pela associação de municípios do Vale do Sousa, e que posteriormente se estendeu aos concelhos vizinhos. “Para além de salvaguardar o património, queremos apostar na promoção cultural, consciencializar para a identidade local a partir das escolas, reforçar o orgulho próprio das populações”, explica ao PÚBLICO, na sede da Rota do Românico, em Lousada, a directora do programa, Rosário Correia Machado. A confirmar esta aposta da região – uma população de meio milhão de habitantes dispersa por uma área de quase 2 mil kms2, e que se encontra no centro do “Triângulo das Bermudas” do Património Mundial constituído pelo Porto, Guimarães e o Douro Vinhateiro – está já um vasto catálogo de realizações (as obras), ao lado de edições, eventos culturais e de lazer, incremento do turismo, e vários prémios nacionais e internacionais acumulados na última década e meia. Uma aposta de sete milhões de eurosO presente ciclo de obras nesta região que coincide territorialmente com a história da formação da nacionalidade – D. Afonso Henriques e Egas Moniz são as principais figuras de referência –, iniciado em 2010, orça já os 7 milhões de euros, maioritariamente comparticipados por verbas da União Europeia. O PÚBLICO visitou meia dúzia dos sítios que estão (ou estiveram) a ser intervencionados numa longa viagem entre a geografia dos montes e vales inclinados para os rios Sousa, Tâmega e Douro, com passagens por Lousada, Paredes, Penafiel, Amarante, Baião e Marco de Canaveses. E parou mais demoradamente no Mosteiro de Travanca, fundado no séc. XI e reconhecidamente um dos espécimes mais notáveis do património medieval e românico de toda a região. A igreja e a torre senhorial construída separadamente – um caso raro, e uma das mais elevadas torres medievais existentes em Portugal – parecem agora novas, depois da limpeza e beneficiação realizadas, com um custo superior a meio milhão de euros. Além da renovação das coberturas e da conservação de várias secções do conjunto monumental, foram introduzidas inovações com a marca do nosso tempo: um altar com sete pilares, certamente representando os sete dons do Espírito Santo, esculpido pelo arquitecto Miguel Malheiro, que foi o responsável pelo programa geral da intervenção, mas também novo mobiliário e iluminária. “É importante assumirmos o tempo presente”, diz o engenheiro civil Ricardo Magalhães, responsável técnico pela obra na equipa da Rota do Românico, e, com o historiador e intérprete José Augusto Costa, um dos guias da viagem. A igreja do Mosteiro de Travanca é um dos três monumentos da região que tem três naves (com as de Pombeiro, Felgueiras, e do Paço de Sousa, Penafiel). É um bom exemplar do chamado “românico português”, ou “nacionalizado”, resultante da utilização das técnicas construtivas e decorativas de cada região, bem como da sua sucessiva actualização ao longo dos séculos e dos estilos. “No contexto do românico português, a arquitetura do Tâmega e Sousa apresenta características muito peculiares” – diz o bem documentado Guia da Rota do Românico, que acaba de ser editado –, manifestas na singularidade da sua escultura decorativa, onde pontuam representações vegetalistas e animalistas bem desenhadas, segundo a técnica do bisel, normalmente inspiradas na sintaxe introduzida pelas sés de Coimbra (considerada a casa-mãe do românico nacionalizado), do Porto e de Braga.
REFERÊNCIAS:
Tempo terça-feira sábado
A aversão aos doces
José Tavares, economista e ex-gestor, decidiu atravessar o Atlântico num barco a remos. Sozinho. Durante quatro meses vai escrever para o PÚBLICO. Esta é a terceira crónica. (...)

A aversão aos doces
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: José Tavares, economista e ex-gestor, decidiu atravessar o Atlântico num barco a remos. Sozinho. Durante quatro meses vai escrever para o PÚBLICO. Esta é a terceira crónica.
TEXTO: Excerto do livro Ensaio sobre a Solidão (continuação. . . ) Naquele meu sonho havia uma ilha: ainda que a simbologia mais óbvia de uma ilha seja a solidão e o isolamento, “na interpretação dos sonhos prefere optar-se geralmente pelos significados de recurso e livre arbítrio que a ideia de ilha também sugere. Se vemos que sonhamos com uma ilha desde o mar, desde uma costa ou desde o ar, isso indica o desejo reprimido de nos livrarmos de coisas que nos abrumam e de poder viver mais livres. Se num sonho te encontras já numa ilha, seguramente os teus desejos serão cumpridos”. Há ainda uma nuance para o caso de essa ilha estar deserta ou de chegar a ela após um naufrágio: isso “assinala que obter essa liberdade te custará algum sacrifício”. Se as emoções influenciam a realidade e os sonhos, por que não os sonhos influenciarem a realidade? Afortunadamente, a bem de minha sanidade, Jane diz também que “ainda que pouco frequente, o sonho pode ser apenas uma espécie de fantasia, com pouco significado”. Entre o sonho e a realidade pode estar a fantasia e pode estar o desejo. Paulo Coelho referia-se provavelmente a esse desejo quando (em “Na margem do rio Piedra eu sentei e chorei”) escreveu: “Às vezes, a felicidade é uma bênção – mas geralmente é uma conquista. O instante mágico do dia ajuda-nos a mudar, faz-nos ir em busca dos nossos sonhos”. Eu tinha um ‘desejo’, mais do que um sonho, de viajar por mar… “uma grande viagem em autonomia”… Estes textos são o retrato desse desejo e da acção que pretende levar à sua possível concretização, bem como a um futuro livro. Para a concretização deste desejo os patrocínios são um elemento essencial. Empresas que se reconheçam com a importância do tema ‘Alterações Climáticas’ (eficiência energética, zero emissões, energias alternativas, reciclagem, etc) e que podem contribuir para suprir a logística deste projecto são as que podem ter mais interesse em revelar ao público o seu lado ‘amigo do ambiente’ e a sua contribuição para um ‘Desenvolvimento Sustentável’. Esta contribuição pode ser feita através de medidas directas de melhoria de eficiência (e redução) no consumo e exploração de recursos, tendentes a minimizar os impactos na natureza (eco-eficiência), ou de medidas que contribuam para a adequação de atitudes e comportamentos, como o apoio a projectos que contenham uma forte mensagem de alerta e sensibilização para o tema ‘alterações climáticas’, com um grande potencial de mediatização, como é o caso do presente. Em que consiste o Projecto:Seguir a rota de Pedro Álvares Cabral pelo oceano Atlântico até ao Brasil, numa homenagem aos navegadores portugueses e também aos aviadores pioneiros, Gago Coutinho e Sacadura Cabral (90 anos depois da sua tavessia); levar uma mensagem de alerta para o problema crescente das ‘Alterações Climáticas’, em geral, e da desflorestação da floresta amazónica, em particular, e lembrar a necessidade de recorrer a energias alternativas; estender ao povo brasileiro um abraço com votos do reforço dos laços que nos unem. A rota será feita, remando em solitário, entre Marrocos/ilhas Canárias/Cabo Verde e Natal/Brasil, numa extensão de cerca de 4. 500 km de oceano. Estou a sul da Gran Canária. Nesta semana recordei a quantidade ingente de doces que levo a bordo (chocolates, marmelada, leite condensado, compota, nutela. . . ). Mas ainda não lhes toquei! Não consumi nada disto! Com o movimento do barco, desperta-me a naúsea só de pensar em coisas doces para comer. Como me disse um pescador ao largo de Arinaga (Gran Canária): nada como o pão! Vou 'picando' o pão torrado e bolachas de água e sal, mas destas não trago muita quantidade (além de que aportam pouca energia). O problema é que, de uma dieta calculada para atingir as 4 mil calorias/dia, creio não estar a consumir sequer 2 mil calorias. Estou em perda clara. E nota-se!As crónicas de José Tavares são financiadas no âmbito do projecto Público Mais
REFERÊNCIAS:
Distúrbios nas Festas de Cascais “podiam ter sido uma mortandade”
Câmara e PSP minimizam incidentes durante concerto de Anselmo Ralph, que fez pelo menos três feridos (...)

Distúrbios nas Festas de Cascais “podiam ter sido uma mortandade”
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Câmara e PSP minimizam incidentes durante concerto de Anselmo Ralph, que fez pelo menos três feridos
TEXTO: Resultaram em pelo menos três feridos, e num susto para quem estava a assistir, os distúrbios do concerto de encerramento das Festas do Mar, anteontem à noite, em Cascais, com o cantor angolano Anselmo Ralph. A prontidão com que o artista interrompeu o espectáculo para chamar a polícia contribuiu para que os desacatos não alastrassem. “Podia ter sido uma mortandade”, avisa um dos administradores do Hotel Baía, Jorge Sampaio, para quem só a irresponsabilidade pode ter levado a câmara municipal a juntar 50 ou 55 mil pessoas na baía de Cascais. Mas tanto a PSP como o presidente da autarquia, Carlos Carreiras, minimizam o sucedido, apesar das inúmeras imagens televisivas mostrarem que aos distúrbios defronte do palco do concerto se seguiram algumas escaramuças, com os agentes a perseguirem e a algemarem vários jovens, quer defronte do hotel quer na Praia dos Pescadores, ali mesmo ao lado. Várias pessoas foram levadas para a esquadra, algumas delas mesmo antes dos confrontos que levaram à interrupção do concerto. A polícia assegura, porém, que “não fez detenções”, tendo-se limitado a “identificar quatro pessoas”. Sobre o número de agentes envolvidos na operação, que incluiu elementos da Unidade Especial de Polícia, um porta-voz do comando metropolitano, Rui Costa, mostra-se lacónico: “Nunca divulgamos o efectivo destacado para nenhuma acção operacional. É uma informação de carácter reservado”. Feridos contabilizados pela polícia foram três, um dos quais com gravidade, contando-se entre eles um agente das forças de segurança, que apenas sofreu arranhões. Mas foram mais as pessoas a necessitar de assistência, parte das quais por se terem sentido mal no meio da confusão, para a qual até crianças foram levadas. Mas o que se passou ao certo? Terão os distúrbios sido causados no quadro de um meet, um encontro de jovens semelhante ao que teve lugar junto ao centro comercial Vasco da Gama? Carlos Carreira assegura que não, e conta que tudo aconteceu por causa de um saco pousado no chão. A multidão era mais que muita, e romper por entre as pessoas tornava-se tarefa praticamente impossível. Havia filas de automóveis de quilómetros para aceder ao centro da vila e assistir às festas. Um grupo de jovens terá tentado furar por entre a multidão e pisado, sem querer, a mala que uma espectadora havia pousado no chão, defronte do palco. Quando se travou de razões com os rapazes, o marido e o filho, já adulto, intervieram, e ter-se-á gerado o desacato. O marido, que sofreu um corte nas costas, foi o ferido mais grave da turbulenta noite. “Foi uma situação pontual, uma rixa entre dois indivíduos”, repetiu o autarca. O cenário presenciado por Anselmo Ralph a partir do palco foi, porém, ligeiramente diferente: “Vi um tumulto de jovens, ali na confusão, a brigar. E havia muitas crianças ali no meio”. Ciente do que podia vir a suceder, o cantor já tinha iniciado o espectáculo pedindo paz à assistência. Mas de nada valeu. De um momento para o outro dezenas de pessoas começaram a fugir, em pânico, por um corredor de segurança aberto no meio da multidão compacta pelas autoridades, que serviu também para fazer passar as ambulâncias. A observar o desenrolar dos acontecimentos do terraço do hotel, Jorge Sampaio conta o que viu: “Vi diversos desacatos mesmo antes daquele que deu origem aos feridos sem que a policia lá pudesse chegar célere, vi pessoas e crianças a entrarem pela praia adentro a fugirem do pânico instalado, vi ambulâncias a quererem subir a avenida e a ficarem bloqueadas tal era a imensidão de pessoas, vi crianças e pessoas com o medo espelhado no rosto”. Colocou este relato na página do Facebook da autarquia, a que muitos munícipes recorreram ontem para mostrarem o seu desagrado para com a câmara municipal e a sua desvalorização do sucedido. “Vi pessoas e jovens que nada tinham a ver com desordeiros a levar cargas da policia, pessoas e famílias a serem insultadas e ameaçadas, vi jovens com garrafas de vidro a beberem desalmadamente e depois da garrafa vazia a atirarem-na para o meio da multidão”, descreve o administrador do Hotel Baía. Cerca de duas dezenas de pessoas que entraram pelas traseiras e se escapuliram para o último andar para verem melhor o concerto tiveram de ser dali retiradas pelas autoridades. Usando também este terraço como ponto de observação privilegiado, alguns graduados da PSP iam transmitindo informações aos colegas que estavam cá em baixo. Jorge Samapaio diz que lhe confidenciaram que, se tivessem voto na matéria, jamais permitiriam que um evento destes tivesse lugar na baía de Cascais, por causa da falta de condições do local. Um agente ouvido pelo PÚBLICO nessa noite expressou a mesma opinião.
REFERÊNCIAS:
Entidades PSP
Confrontos em concerto de Anselmo Ralph em Cascais fazem pelo menos três feridos
Estava convocado um meet para o local. Presidente da Câmara diz que se tratou de "uma rixa entre dois indivíduos", uma "situação pontual". (...)

Confrontos em concerto de Anselmo Ralph em Cascais fazem pelo menos três feridos
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento -0.3
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Estava convocado um meet para o local. Presidente da Câmara diz que se tratou de "uma rixa entre dois indivíduos", uma "situação pontual".
TEXTO: O programa de encerramento das Festas de Cascais, na noite deste domingo, foi interrompido devido a confrontos entre pessoas que estavam a assistir ao concerto do cantor angolano Anselmo Ralph. Há pelo menos três feridos, dois dos quais foram transportados de ambulância para o hospital de Cascais. Um permanecia internado até às 11h desta segunda-feira, com um ferimento que terá resultado de agressão com arma branca. Os distúrbios começaram pelas 23h30, estava o espectáculo quase a terminar, bem em frente ao palco montado na zona da baía de Cascais, junto à Praia dos Pescadores. De sobreaviso estavam dezenas de polícias. Foi o próprio cantor que, perante o que se estava a passar, interrompeu o concerto e chamou as autoridades. “Vi um tumulto de jovens, ali no meio da confusão, a brigar. E havia muitas crianças ali no meio”, descreveu mais tarde aos jornalistas, justificando a sua atitude. Ciente do que podia vir a suceder, já tinha iniciado o espectáculo pedindo paz à assistência. Mas de nada valeu. Depois dos primeiros confrontos, dos quais resultaram os três feridos, registaram-se ainda várias escaramuças entre polícias e jovens, alguns dos quais acabaram por ser detidos, depois de perseguições policiais por entre a multidão, que depois de terminar o concerto se tinha dispersado mas continuava quer junto ao palco quer no areal da praia. Terão sido detidas três pessoas e identificadas várias outras. Segundo um amigo de um dos jovens levados para a esquadra de Cascais, que pediu para não ser identificado, os agentes da PSP não conseguiram apanhar os verdadeiros responsáveis pelos distúrbios – razão pela qual detiveram quem conseguiram agarrar – “curiosamente, quatro pessoas de raça negra e um caucasiano”. Dentro da esquadra "foram espancados", assegurava. "Os polícias dizem que foram ofendidos verbalmente. Não sei se é verdade", referia, enquanto esperava por um advogado que vinha dar assistência ao amigo, jogador de futebol. Foram muitas as críticas à actuação policial por parte da assistência. "A gente somos do ghetto", observava uma estudante de Hotelaria do Vale da Amoreira. "E os bófias gostam muito de atrofiar connosco. Têm de aprender que somos como uma família. Se batem num de nós. . . "Apesar dos insistentes pedidos de informação, nenhum oficial da PSP nem qualquer outro agente presentes no local prestaram esclarecimentos à comunicação social sobre o sucedido na noite de domingo. O Comando Metropolitano de Lisboa da PSP remeteu todos os esclarecimentos para um comunicado que será emitido até ao final da manhã desta segunda-feira. Entre os polícias ouviam-se, porém, comentários sobre a falta de condições do local para acolher um evento com tanta gente. Segundo o presidente da Câmara de Cascais, Carlos Carreiras, assistiram ao concerto entre 50 e 55 mil pessoas. A multidão compacta que se juntou não deixava sequer os hóspedes do Hotel Baía entrarem no edifício. Cerca de duas dezenas de pessoas que entraram pelas traseiras e se escapuliram para o último andar para verem melhor o concerto tiveram de ser dali retiradas pelas autoridades. Anselmo Ralph ainda retomou o espectáculo depois dos distúrbios, mas deu-o por terminado logo a seguir. “Nós não podemos festejar quando há gente ferida. Vão em segurança e vão em grupo”, disse, numa alusão à insegurança que se fazia sentir. Agentes da Unidade Especial de Polícia criaram então um cordão humano à volta da multidão, permitindo depois que algumas centenas de espectadores se deslocassem da zona do palco para a praia, ali mesmo ao lado. O fogo-de-artifício que estava previsto para dar as Festas de Cascais por encerradas acabou por ser lançado nessa altura, eram 0h30, quando parte das pessoas que assistiam ao concerto desceu ao areal e ficou por ali a conversar. Para o local e para a hora do concerto estava marcado um meet, o mesmo tipo de encontro de jovens convocado pela Internet que esteve na origem dos incidentes registados esta semana no centro comercial Vasco da Gama, em Lisboa. Mas o presidente do município, que falou à comunicação social à 1h20, tentou minimizar o sucedido, negando que se tivesse tratado de um "encontro marcado" e resumindo tudo a "uma rixa entre dois indivíduos", uma "situação pontual" que foi "muito empolada" e da qual teriam resultado "dois feridos".
REFERÊNCIAS:
Entidades PSP
Um ferido ainda internado e quatro pessoas identificadas nos distúrbios em Cascais
Câmara Municipal minimiza incidentes durante concerto de encerramento das Festas do Mar. (...)

Um ferido ainda internado e quatro pessoas identificadas nos distúrbios em Cascais
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Câmara Municipal minimiza incidentes durante concerto de encerramento das Festas do Mar.
TEXTO: A Polícia de Segurança Pública (PSP) identificou quatro pessoas envolvidas nos distúrbios ocorridos na noite de domingo durante o concerto de encerramento das Festas do Mar, em Cascais. Num comunicado, a PSP refere que os primeiro recursos policiais no local contabilizaram três feridos, um dos quais com gravidade. Até ao final da manhã de segunda-feira, ainda estava internado. Os distúrbios começaram pelas 23h30, estava o concerto do cantor Anselmo Ralph quase a terminar, bem em frente ao palco montado na zona da baía de Cascais, junto à Praia dos Pescadores. De sobreaviso estavam dezenas de polícias. Foi o próprio cantor que, perante o que se estava a passar, interrompeu o concerto e chamou as autoridades. “Vi um tumulto de jovens, ali no meio da confusão, a brigar. E havia muitas crianças ali no meio”, descreveu mais tarde aos jornalistas, justificando a sua atitude. Ciente do que podia vir a suceder, já tinha iniciado o espectáculo pedindo paz à assistência. Mas de nada valeu. Dos três feridos mencionados pela PSP, um – o mais grave – terá sido alvo de uma “suposta agressão com arma branca”, segundo o comunicado. Os outros dois – um deles um agente da PSP – tinham ferimentos ligeiros. Segundo o hospital de Cascais, até ao final da manhã um dos feridos permanecia internado. Não foi fornecida informação sobre o seu estado de gravidade, referindo-se apenas que o doente estava "estabilizado". Durante os distúrbios algumas pessoas também terão se sentido mal. Depois dos primeiros confrontos junto ao palco do concerto, registaram-se ainda várias escaramuças entre polícias e jovens, alguns dos quais acabaram por ser detidos, depois de perseguições policiais por entre a multidão, que depois de terminar o concerto se tinha dispersado mas continuava quer junto ao palco quer no areal da praia. Entre os polícias ouviram-se, no local, comentários sobre a falta de condições do local para acolher um evento com tanta gente. Segundo o presidente da Câmara de Cascais, Carlos Carreiras, assistiram ao concerto entre 50 e 55 mil pessoas. A multidão compacta que se juntou não deixava sequer os hóspedes do Hotel Baía entrarem no edifício. Cerca de duas dezenas de pessoas que entraram pelas traseiras e se escapuliram para o último andar para verem melhor o concerto tiveram de ser dali retiradas pelas autoridades. Anselmo Ralph ainda retomou o espectáculo depois dos distúrbios, mas deu-o por terminado logo a seguir. “Nós não podemos festejar quando há gente ferida. Vão em segurança e vão em grupo”, disse, numa alusão à insegurança que se fazia sentir. Agentes da Unidade Especial de Polícia criaram então um cordão humano à volta da multidão, permitindo depois que algumas centenas de espectadores se deslocassem da zona do palco para a praia, ali mesmo ao lado. O fogo-de-artifício que estava previsto para dar as Festas de Cascais por encerradas acabou por ser lançado nessa altura, eram 0h30, quando parte das pessoas que assistiam ao concerto desceu ao areal e ficou por ali a conversar. Para o local e para a hora do concerto estava marcado um meet, o mesmo tipo de encontro de jovens convocado pela Internet que esteve na origem dos incidentes registados esta semana no centro comercial Vasco da Gama, em Lisboa. Mas o presidente do município, que falou à comunicação social à 1h20, tentou minimizar o sucedido, negando que se tivesse tratado de um "encontro marcado" e resumindo tudo a "uma rixa entre dois indivíduos", uma "situação pontual" que foi "muito empolada" e da qual teriam resultado "dois feridos". Tudo terá tido origem, segundo o autarca, numa "troca de palavras menos educadas", que "teve uma resposta que não se imagina que possa ter entre pessoas normais". Carlos Carreiras elogiou o sangue-frio e o profissionalismo de Anselmo Ralph ao interromper o concerto para chamar a polícia. “Não são dois indivíduos que vão estragar as Festas do Mar”, declarou Carlos Carreiras. O cantor admitiu que foi a primeira vez que lhe aconteceu algo do género em Portugal. Num comunicado emitido esta segunda-feira, a Câmara de Cascais atribui os "desacatos" já não a dois mas a um "pequeno número de indivíduos". A situação "dificilmente seria notícia não fosse a atenção criada em torno deste concerto", refere a autarquia, assegurando que nunca, nos anos anteriores, se registou "qualquer tipo de ocorrência" nas festas. "Cascais é e continuará a ser um concelho seguro para os grandes eventos nacionais e internacionais", frisa a autarquia.
REFERÊNCIAS:
Entidades PSP