Debate Passos-Costa versus Sócrates: 13 Passos Socráticos
Depois de martelar 12 vezes, em três televisões simultâneas, para 3, 3 milhões de espectadores, o nome de “Quem-nós-sabemos”, e “Aquele-que-não-pode-ser-nomeado-demasiadas-vezes-pois-ele-se-vira-contra-nós”, Passos Coelho engoliu o azedume da derrota televisiva. (...)

Debate Passos-Costa versus Sócrates: 13 Passos Socráticos
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-09-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: Depois de martelar 12 vezes, em três televisões simultâneas, para 3, 3 milhões de espectadores, o nome de “Quem-nós-sabemos”, e “Aquele-que-não-pode-ser-nomeado-demasiadas-vezes-pois-ele-se-vira-contra-nós”, Passos Coelho engoliu o azedume da derrota televisiva.
TEXTO: Aviso: a campanha está a ficar cheia de números atirados ao ar. Em respeito pelos leitores eleitores, começamos com um número fácil de entender: dois. Foi a pensar em duas frases que Passos Coelho avançou por uma rua de Lisboa cheia de buracos e de repórteres que, a meio, tem um prédio azul-bebé com traços art-déco, um número (33) gravado na alvenaria, uma porta de alumínio brilhante que não se percebe como foi aprovada numa obra original dos anos 30-40 e um polícia que não pode sair dali, coitado. Diz-se que fica em Lisboa, mas pode ser um estúdio na Cinecittá ou em Bollywood. A primeira frase era do próprio candidato Passos Coelho, atirada em directo contra António Costa:— Eu acho extraordinário que venha fazer a acusação de que há uma mestificação sobre a troika, dizendo que foi o PSD que chamou a troika e que o programa foi negociado pelo PSD. Ó dr. António Costa, não leve a mal… Mestificação? O senhor fala em mestificação?!A segunda frase, ligada à primeira, mostrava que Costa era de facto um mestre a mestificar:— O engenheiro José Sócrates está em melhores condições para debater consigo. Por que é que não vai lá a casa debater com ele? Tem tantas saudades!E era verdade, infelizmente, radicalmente verdade. Passos Coelho percebera, ao sair do Museu da Electricidade (que sítio para se sair sem energia, com as pilhas políticas em baixo. . . ), que estava viciado em Sócrates. O seu programa do Governo, aos olhos dos portugueses, era apenas não-ser um programa de José Sócrates. Medidas concretas, nicles, a ideia de campanha era só “fazer de morto”, “deixar correr o marfim” e deixar o PS automutilar-se em mais asneiras de campanha. Mas, ao dizer 12 vezes Sócrates em directo, contra todos os que pensaram que ia mostrar-se acima do assunto, Passos mostrou precisar de um programa de dessocratização. A cura são 12 passos, como os Alcoólicos Anónimos. Austeridade total aplicada ao antigo primeiro-ministro. Tal como beber um copo: um José Sócrates é de mais e mil José Sócrates não chegam. Entrada imediata nos Socráticos Anónimos (SA), como tantos portugueses que há meses andam por aí aos caídos, uns porque acreditam na culpa, outros porque não acreditam que Sócrates é culpado, e não fazem mais nada nesta vida miseranda. Perdem a casa, perdem o emprego e. . . espera aí, isso foi culpa da troika. . . Voltemos à nossa narrativa. Bolas, o Sócrates é que inventou isso da narrativa! (Mãezinha, reparo que também estou viciado, ando a dar-lhe no José, preciso de me curar a frio depois das eleições. )Voltemos à nossa história. Era a 13º e última vez que Passos Coelho ia tomar a sua dose diária de José Sócrates. Depois acabava-se, a partir dessa noite ia ficar limpo. — Nunca mais serei socratodependente!Mas era muito perigoso ir à fonte do mal, o número 33 de Lisboa. Pensar que outros desgraçados injectaram todos os dias o 44 de Évora! Isso dá cabo do fígado. Os repórteres viram chegar uma estranha figura de capacete de mota, com um camaroeiro comprido às costas. Passos disfarçara-se muito bem de qualquer coisa e ninguém o reconheceu. — Vem entregar uma pizza doube-cheese/pepperoni?, disse um repórter, com azeda ironia teletransmitida. — Não nos enganas. Outro golpe sujo para nos abalar o prestígio profissional de jornalistas de porta-de-prédio?Passos encolheu os ombros e afinou a voz uma oitava acima. — Não, não. Eu limpo piscinas. Vim só aqui para. . . para fazer um ahhhh. . . o plafonamento do chão de uma piscina, mas nem sei o andar. Não sei se a piscina é no terceiro, se é no rés-do-chão. — Qual é a sua empresa?— Ahhh. . . A Tecnofor. . . ai, a Tecnopool. É uma coisa nova. Passado o obstáculo das câmaras, entrou no patamar e encontrou o polícia. O guarda estava impaciente. Apetecia-lhe atirar gás de mostarda aos visitantes. Ao menos com os espoliados do BES um agente tem alguma actividade, sente-se útil, pensou o agente José Carlos Rebocho Crespim, da esquadra de Sete-Rios, que pediu para não ser identificado. — Cartão de cidadão, se faz favor. — Cá está. Esse número que aí está no verso, o da Segurança Social, enfim. . . já está pago, paguei tudo, foi um lapso, eu desconhecia que as contribuições do regime contributivo, neste caso horizontal e não vertical como o plano dos socialistas, ahhh. . . isso foi uma grande mestificação do jornal PÚBLICO e. . . — Não estou a perceber patavina. — Só venho limpar uma piscina, deixe-me entrar!— É esperado em casa do. . . você sabe quem?— Mais do que esperado, senhor guarda. Desejado. A porta abriu-se e apareceu Aquele-cujo-nome-já-se-disse-demasiadas-vezes-é-que-isto-já-enjoa-caramba. — Vieste atrasado. Pensei que viesses a correr logo a seguir ao desastre. Então precisas da ajuda aqui do preso político?— Sim. Também fiquei preso político das minhas promessas falsas. — Ora, isso passa. Vieste de TGV? Viajaste pelo novo aeroporto? Não, pois não?— Por favor, senhor engenheiro, não se fique por uma declaração de apoio simples e discreta. Diga ao António Costa que gostava de integrar o Governo, sei lá, grite o seu amor incondicional pelo PS!— Mas isso pode prejudicar o meu partido. — A ideia é essa. Eu não gosto do António Costa, mas não o detesto como Aquele-que-nós-sabemos-e-que-está-aqui-à-minha-frente. — Hum, por outro lado, com o PS no Governo, isto de eu ser um preso político fica mais duro de explicar. — Lá está. — Ok, alinho. Mas em troca, quero um favor. — Já se esperava. — Tens de me explicar o plafonamento da segurança social. — Bom. . . hum. Faltam 600 milhões de euros. — E. . . ? Não faças essa cara de virgem vestal. E?. . . — É esse problema. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. — Mas o que é isso de 600 milhões?— É o que falta! Faltam 600 milhões de euros!— Não percebo. Se faltam 600 milhões falem com um vosso amigo. Assim é difícil conversarmos.
REFERÊNCIAS:
Rua de Entrecampos, Lisboa: Quando a minha rua era uma aldeia
Quintas, burros com babetes, um chafariz para estes beberem água, a Rua de Entrecampos já foi o caminho de saloios e lavadeiras numa Lisboa ainda rural. (...)

Rua de Entrecampos, Lisboa: Quando a minha rua era uma aldeia
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-09-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: Quintas, burros com babetes, um chafariz para estes beberem água, a Rua de Entrecampos já foi o caminho de saloios e lavadeiras numa Lisboa ainda rural.
TEXTO: Folheava o livro Photographias de Lisboa 1900, de Marina Tavares Dias, quando parei numa imagem que tinha algo de muito familiar — e, ao mesmo tempo, algo de profundamente distante das minhas memórias. É uma fotografia de um chafariz de pedra, daqueles que existem em várias zonas de Lisboa. Mas havia neste qualquer coisa que eu reconheceria mesmo que apenas o vislumbrasse: olhei para ele todos os dias durante pelo menos 20 anos. O chafariz da Rua de Entrecampos fica junto à casa onde cresci, encostado à linha do comboio e, hoje, em frente do edifício da EDP que um dia ali despontou, demasiado grande para tudo o que o rodeava. A imagem do livro de Marina Tavares Dias mostra o mesmo chafariz numa data incerta de um passado longínquo. Na parede de um dos seus “braços” estão cartazes de publicidade antigos — Licor Cointreau, Aguas Fuente Nueva, Odol, o melhor para os dentes. E, à frente, duas carroças com grandes rodas de madeira, puxadas por burros e carregadas até ao limite com trouxas de roupa lavada. Montadas em cima das trouxas, as lavadeiras saloias, de saias compridas e lenços na cabeça, lançam ao fotógrafo um olhar entre a curiosidade e a suspeita. Por aqui passava, conta Marina Tavares Dias, a Estrada de Entrecampos, “um caminho ancestral, anterior às Avenidas Novas, com casas ainda do século XVIII”. Parece que era local de grande movimento e animação, percorrido pelas carroças que vinham (e voltavam) da Calçada de Carriche. O chafariz data de 1851. Eu conheci-o nos anos 1970, já sem utilidade. Mas a minha mãe recorda-se dele nos anos 50 do século XX — ou seja, estava a celebrar cem anos de vida. Foi nessa altura que os meus avós se mudaram do Bairro Alto para a Rua de Entrecampos, zona mais moderna mas com muito menos graça, segundo a minha mãe. Existia ao lado do nosso prédio aquilo a que sempre ouvi chamar “a quinta”. Isto apesar de, pelo menos desde que eu nasci, já não ser uma quinta, mas apenas uma casa senhorial à qual se acedia por um portão, mesmo junto da nossa porta, e um caminho inclinado que a tornava mais misteriosa. Da janela da cozinha via-se o jardim da “quinta”, um pedacinho de uma Lisboa romântica com uma árvore, um banco e uma fonte. A minha mãe era pequena quando começaram a desmantelar a quinta. Antes disso, garante, havia produção agrícola e animais como se estivéssemos no campo. Tudo foi desaparecendo (pelas contas dela no início dos anos 50) e ficou apenas a casa e o jardim, em frente ao chafariz. Lisboa era ainda muito rural. No tempo (indefinido) em que as lavadeiras vinham da zona saloia em carroças puxadas por burros e nos anos 50 quando a minha mãe, miúda, ia para a escola perto do Saldanha e atravessava a Defensores de Chaves onde, fiquei agora a saber, passava também por muitos burros. O que mais a divertia era ver os babetes que os animais usavam com os respectivos nomes, que ela se entretinha a ler. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Na Rua de Entrecampos, do outro lado da linha do comboio, havia a taberna (hoje é o bar Entrecopos), provavelmente local de paragem para quem percorria a tal Estrada de Entrecampos e tinha necessidade de beber um copo. Ainda me lembro dessa taberna com a sua latada. Tal como me lembro da mercearia por baixo da minha casa, serradura pelo chão (poupava-se nas lavagens, sobretudo quando por aqui andavam galinhas vivas), grandes bidons com azeitonas, perus pendurados pelas patas na altura do Natal e morangos a manchar de vermelho os sacos de cartão áspero que trazia para casa abraçados contra o peito. Havia, conta a minha mãe, ao fundo da rua, uma leitaria que recebia o leite dos produtores e onde se ia buscar o que se precisava em leiteiras metálicas e se comprava a manteiga aos pedaços em papel vegetal. Disso já não me lembro. Sou do tempo em que abriu uma moderníssima loja da Ucal. Mas recordo bem a peixeira de canastra à cabeça que vendia peixe em plena Rua de Entrecampos. Ligo à Mónica Cid para lhe dizer que esta crónica, com ilustração dela, seria inspirada pela foto do tal chafariz, temendo que o tema só interessasse a quem um dia tivesse vivido na Rua de Entrecampos. E ela exclama: “O meu pai viveu em frente a esse chafariz. ” “A sério? Na ‘quinta’?” Sim, mas não era bem uma quinta, responde ela. Eu sei, mas para nós, que espreitávamos da janela da cozinha aquele jardim tão bonito, será sempre “a quinta”. Até que já não sobreviva na memória de mais ninguém.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave escola campo
Rua da Fonte Taurina, Porto: Rua-esplanada
É uma das mais antigas ruas do Porto, no coração do centro histórico e património da Unesco. Fechada ao trânsito, tem agora os seus passeios dedicados a esplanadas. (...)

Rua da Fonte Taurina, Porto: Rua-esplanada
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-09-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: É uma das mais antigas ruas do Porto, no coração do centro histórico e património da Unesco. Fechada ao trânsito, tem agora os seus passeios dedicados a esplanadas.
TEXTO: O Porto anda assim: estamos uns meses sem passar numa rua e, quando lá voltamos, ela recebe-nos com uma mão cheia de novidades. É o turismo a ditar o rumo da cidade, como nunca antes o fez, e nós a tentar acompanhar-lhe o ritmo. Estou a falar da Rua da Fonte Taurina, rua medieval no coração do centro histórico do Porto. Foi aí, ainda adolescente, num fim de noite depois de um concerto nos Aliados, que bebi a minha primeira cerveja. Foi aí que me deixei impressionar pela curta distância que vai da janela de uma casa à da vizinha, criando a ilusão que, mais do que conversar de uma habitação para a outra, podemos dar as mãos a quem mora à nossa frente. Há décadas que esta é uma zona de bares e restaurantes, nada desconhecida do turismo, portanto. Mas é também casa de gente que teima em fazer do centro histórico a sua morada, pendurando lençóis lavados à janela, dando um outro colorido à rua um pouco escura, que serpenteia entre a Praça da Ribeira e a Rua da Reboleira. Não seria por isso surpresa que uma passagem pela Fonte Taurina significasse cruzarmo-nos com pessoas de copo na mão, à conversa e encostadas a uma das fachadas do casario; ou com visitantes de máquina fotográfica ao pescoço e nariz no ar, a ver a ondulação da roupa a secar, as varandas de ferro e a nesga de céu lá em cima. Mas, agora, bares e restaurantes instalaram-se na rua, aproveitando a ausência de trânsito. As esplanadas tomaram conta do caminho e é preciso ziguezaguear entre elas. Não me recordo de outra assim na cidade, com as esplanadas a ocupar toda a largura da via. É como se a rua quisesse reivindicar algo particular, único, no meio de tantas e tantas outras cada vez mais ocupadas por espaços dedicados aos turistas. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Se nos anos 80, a Ribeira era, por excelência, o local para se estar na noite do Porto, hoje não falta quem queira abrir, nas velhas casas altas e estreitas de vasos à janela, alojamentos locais, guesthouses, hostels. A Rua da Fonte Taurina, com o Douro à porta e o Património Cultural distinguido pela Unesco a fazer-se sentir em todos os poros, serve hoje de morada temporária para quem chega de visita para ficar uma ou duas noites. Como será dormir ali, entre as vozes de quem grita pelos miúdos que mergulham no rio, à hora de regressarem a casa? Entre as conversas das velhas e o silêncio que sobrou, depois de “a noite” portuense se mudar para outras paragens? Será que velhos fantasmas da cidade medieval percorrem a rua, depois de as esplanadas serem finalmente recolhidas?A Rua da Fonte Taurina é das mais antigas do Porto, havendo referências à sua existência já no século XIII. O nome virá de uma fonte que ali existiu, num ponto que não está definido, mas que se admite que ficasse próximo da intersecção com a Praça da Ribeira. É um nome curioso e cuja origem é um mistério — será que tinha a imagem de um touro? Taurina, como explica o dicionário, é um ácido que existe na bílis, mas dificilmente será essa a razão para o nome de uma fonte ancestral. Por outro lado, também não é certo que Taurina fosse o seu nome original, já que, como contou Germano Silva numa das suas crónicas sobre a cidade, a designação da fonte já variou entre Aurina, D’Ourina ou Tourina, antes de se ficar por aquela que hoje aparece na placa toponímica. Se as pedras da calçada falassem, se as fachadas das casas se transformassem em rostos antigos para nos dizerem o que já viram e ouviram, talvez conseguíssemos decifrar o mistério. Assim, basta-nos percorrer, de vez em quando, aquela estreiteza, mirar as fachadas, desviarmo-nos das esplanadas, beber um copo e deixar que a rua, a de ontem e a de hoje, tome conta de nós.
REFERÊNCIAS:
Entidades UNESCO
O Clube dos Oito menos Um: Os Sete e os europeus roubados
Vem conhecer o François, a Angela, o Matteo, o Mariano, o Charles Michel, o Xavier e o Mark. Eles são o Clube dos Oito Menos Um e estão prontos para resolver mistérios a qualquer hora. (...)

O Clube dos Oito menos Um: Os Sete e os europeus roubados
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento -0.1
DATA: 2017-09-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: Vem conhecer o François, a Angela, o Matteo, o Mariano, o Charles Michel, o Xavier e o Mark. Eles são o Clube dos Oito Menos Um e estão prontos para resolver mistérios a qualquer hora.
TEXTO: Vamos reunir os membros do Clube dos Seis, — disse o François à Angela — há imenso tempo que isso não acontece. — Acho boa ideia, disse a Angela, lambendo os dedos gorduchos que sujavam de compota de mirtilos e de flocos de aveia o dossier do Tratado Orçamental. — Não foi por nos termos esquecido do Clube, François, mas temos andado tão ocupados com o crescimento da extrema-direita e outras distracções, que ainda não tivemos tempo de marcar a primeira reunião. Na verdade, nem sequer existimos ainda!O François endireitou os óculos com uma expressão perdida e olhou para a sua amiguinha alemã. Como a Angela cresceu desde que nos conhecemos, mas cresceu para os lados!, pensou o pequeno rapazinho francês, um pouco apreensivo. — Mas, Angela, não vale a pena termos um clube para mandar no Euro se não nos reunirmos. O nosso rival Eurogrupo nem sequer tem estatutos e manda muito mais do que nós!— Fala por ti, que eu mando e não é pouco — disse logo a Angela, orgulhosamente. O François fez de conta que não ouvira o reparo:— É preciso avisar os nossos amigos. Escreves tu os bilhetinhos secretos?— Eu escrevo ao preguiçoso da Europa do Sul, o italiano, a pedir-lhe que ele convoque os do Norte, para ver se trabalha alguma coisa — disse a Angela com um brilho enigmático nos olhos azuis ora ternos, ora glaciais. — Confias no Matteo? É fundador disto, só que há muito que gasta mais do que as suas possibilidades. — E temos o problema do Mariano. Exige entrar no clube, apesar de não ser fundador. Diz que vem daí disparado de Espanha. O problema — suspirou o François, tentando dar à voz um tom importante — é que assim passamos a ser O Clube dos Sete, e esse acho que já existe!— Resolvemos esse problema depois —, atalhou a Angela, roendo um delicioso biscoito de gengibre, com um ar desinteressado —, o importante é que vamos brincar aos donos da Europa e resolver muitos crimes e mistérios. Viva!Dias depois, a velha arrecadação em Bruxelas ganhava uma azáfama que há muito não se via. Um lufa-lufa que fazia levantar o pó do chão e as teias de aranha da cabeça dos amigos. O Clube dos Seis estava finalmente reunido, ou melhor, o Clube dos Seis Mais a Espanha, porque o Mariano sempre aparecera, felizmente carregado com deliciosas tortilhas feitas pela mãe, e foi aceite sem mais delongas. — Tenho cá um apetite! — exclamou o Charles Michel, que sendo belga vivia ali perto. O Xavier Bettel não cabia em si de excitação por finalmente poder mostrar que o Luxemburgo tem mais pessoas além do Jean-Claude Juncker. O último a chegar foi o Mark Rutte, que trazia da Holanda uma novidade misteriosa. — Calma, primeiro temos de combinar a senha secreta — disse a Angela. Todos franziram os narizes. Realmente, era só o que faltava, que viessem intrusos meterem-se no núcleo do euro, só porque também pagam em euros o fiambre e o pão na mercearia! — Só com a senha secreta é que se entra, eu proponho que seja “salsicha de frankfurt” — continuou a Angela. — Eu prefiro “baguette estaladiça” ou então “queijo Roquefort” — disse logo o François. — “Spaghetti à bolonhesa” é que é uma senha “deliciomidável” — disse o Matteo Rizzi a rir — é uma mistura de delícia e formidável. Menos de 17 horas depois já tinham chegado a acordo. Seria “marco alemão”, senha que se impusera com toda a naturalidade. Os petizes podiam finalmente avançar com as suas aventuras de poder. Foi então que o Mark Rutte pôs um olhar carregado e pediu a palavra. — O meu amigo holandês do Eurogrupo, o Jeroen Djissel. . . Djisselb. . . ai, vocês sabem, o dos caracolinhos com gel, acha que na casa aqui ao lado há movimentos suspeitos!— Aquela a que chamam “solar do grego”? — espantou-se o François — mas há anos que essa casa está abandonada!— Vamos vigiá-la, adoro vigiar! — exclamou a Angela. — Boa, vamo-nos disfarçar! — gritaram todos em uníssono. Disfarçaram-se tão bem que na rua passavam perfeitamente por democratas em calções empenhados no ideal europeu, apesar dos joelhos esfolados. A casa parecia mesmo desabitada, com as vidraças quebradas, os algeroz solto e as velhas tábuas rangentes como a dívida soberana. Havia marcas de pneus recentes na relva seca. — Ali, ali, viram? Um careca no primeiro andar! — gritou o François. Um som aterrador saiu de repente das traseiras. Os sete amigos ficaram da cor da cal. Logo a seguir viram uma grande moto rugidora com um homem de expressão diabólica e camisa colorida (num padrão nunca visto) que passou por eles a acelerar, quase atropelando a Angela. Deixou cair um caderno na fuga. — Rápido, vamos decifrar este mistério — disse um dos jovens detectives. O caderno estava em grego codificado: era o Plano Varoufakis. Aterrados, os sete amigos leram um plano de revolução e destruição da Europa. — Vejam aqui! Esse bandido da moto queria que os funcionários da troika também tivessem um corte de 40 por cento, igual ao dos gregos que ganham 300 euros por mês. Mas os funcionários da troika só ganham 18 mil euros por mês!— Isto são medidas de um bom-senso absolutamente escandaloso! Esse homem devia ser preso por traição. Quem vota a favor, rápido?— Eu, eu, eu!, disseram todos em uníssono ao fim de 17 horas. Chamou-se o guarda Schäuble, que deitou fogo ao solar abandonado. As chamas eram lindas e misteriosas. — Pronto, este já está — disse o simpático guarda Schäuble, observando as labaredas na sua cadeira de rodas. De súbito, a Angela estremeceu. As chamas saltaram para os telhados vizinhos e queimaram a cidade, o que os deixou admirados. — Béu, béu — ouviu-se de repente. Chegara, com as suas orelhas peludas, um cão-de-água português. Os olhinhos pouco expressivos mas espertalhões pareciam dizer: “por acaso, isto foi tudo ideia minha. ”Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. — Dá a pata, Coelho — disse a Angela, risonha. — Este simpático cãozito chama-se Coelho? — guinchou o François. E todos se riram porque agora é que o clube estava completo. — O clube dos Oito Menos Um é o melhor clube do mundo!
REFERÊNCIAS:
E agora, esquerda ou direita?
Antes de ser eleito pelo PAN, André Silva tinha ido ao Palácio de São Bento em visitas de estudo e, depois, assistir a algumas votações nas galerias. Agora, tem um gabinete e até já descobriu uma colónia de gatos. (...)

E agora, esquerda ou direita?
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.142
DATA: 2017-09-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: Antes de ser eleito pelo PAN, André Silva tinha ido ao Palácio de São Bento em visitas de estudo e, depois, assistir a algumas votações nas galerias. Agora, tem um gabinete e até já descobriu uma colónia de gatos.
TEXTO: André Silva fixa mentalmente o caminho: tem de passar as portas de vidro, virar à direita, subir umas escadas, descer outras, o bar fica ao fundo do longo corredor. O deputado eleito pelo Pessoas-Animais-Natureza (PAN) anda a conhecer os cantos à casa, onde a partir de agora passará muito do seu tempo, a Assembleia da República. Na segunda-feira, poucos minutos depois das 10h00, pede um café e, entre os vários telefonemas que vai atendendo de jornalistas, não escapa à conversa com a funcionária. Também ela quer dar as boas-vindas ao deputado novidade. Afinal, o PAN é a mais recente força política do Parlamento, onde desde 1999 não entrava, em listas próprias, um novo partido. — Então, sr. deputado, que tal? As primeiras horas foram boas? O plenário é mais pequeno do que parece, não é?— É, sim. As primeiras horas têm corrido bem, o acolhimento tem sido muito bom. — É sempre assim, quando corre mal é dentro do hemiciclo, cá fora não. Todos se riem: André Silva, a funcionária do bar e a assessora jurídica do PAN, Cristina Rodrigues, que tem acompanhado o deputado. Quando saem do bar, é Cristina Rodrigues quem pergunta:— E agora, esquerda ou direita?André Silva, engenheiro civil de formação, orienta-se rapidamente:— Pode ser por aqui, subimos e ficamos mesmo ao pé da biblioteca. É para lá que vão trabalhar, porque neste dia não tinham ainda as chaves do gabinete. Vão debruçar-se sobre a actualidade política, inteirar-se das questões burocráticas, entre outros assuntos. Não faltam perguntas, dúvidas, papéis: “É todo um novo mundo”, admite o engenheiro, com especialização em recuperação do património arquitectónico e artístico, de 39 anos. Antes do café, André Silva tinha ido ao chamado “correio externo” assinar um requerimento para que a Iniciativa Legislativa de Cidadãos que o PAN entregou na anterior legislatura, mas que não chegou a ser discutida, volte a dar entrada nesta. Entre outras propostas, pretende-se acabar com os “canis de abate”. O sítio onde tem de assinar o requerimento fica do lado esquerdo do Palácio de S. Bento. É um acesso exterior. Antes de tocar à campainha, André Silva é abordado por um segurança que não o reconhece:— Os senhores vão entregar expediente? O seu nome, por favor. — André Silva. — A proveniência?— PAN. Depois de entregar o documento e uma caixa de papel com as assinaturas, o deputado contorna o edifício e sobe parte da emblemática escadaria. Mais um segurança. Aqui já há controlo, é preciso colocar os objectos no raio X. André Silva, agora como deputado, está dispensado de o fazer, mas, ainda assim, pergunta se pode sequer entrar por ali:— Bom dia, podemos entrar por aqui?O funcionário levanta o rosto, olha para o deputado e, antes de chegar a fazer alguma pergunta, André Silva esclarece:— Sou eleito. — Ah! Seja bem-vindo, sr. deputado. André Silva vai repetindo aos funcionários que o ajudam:— Obrigado. Obrigado pelo acolhimento. Neste dia, era a terceira vez que estava no Palácio de S. Bento desde que foi eleito deputado pelo círculo de Lisboa. Antes disso, tinha estado lá em visitas da escola e, mais tarde, para assistir a uma ou outra votação nas galerias. Não é a mesma coisa. Lá dentro, o espaço é maior, salas e corredores, por isso, volta e meia, ainda tem de perguntar:— E agora é por onde?Não tenciono aderir ao fato e gravata. Julgo que não é necessário para a actividade que vou desempenharA primeira vez que entrou no Palácio de S. Bento já como deputado eleito fê-lo pela porta lateral, não pela escadaria. Nesse dia, o segurança reconheceu-o e informou-o logo de que não precisava de passar os objectos pelo raio X. André Silva, porém, que não tinha ainda sido empossado, fez questão de o fazer. Nos primeiros dias da nova legislatura, a Assembleia da República está cheia de setas a indicar: “Acolhimento”. Trata-se, no fundo, de um procedimento que os deputados têm de cumprir, dando informações, preenchendo papéis. O que distingue, do ponto de vista pessoal, a integração de André Silva de outros estreantes é não só ser de um partido que acaba de entrar no Parlamento, mas também estar sozinho, sem um grupo parlamentar. No salão nobre, onde os deputados têm de ir prestar as inúmeras informações para se registarem, há várias mesas. É todo um circuito, no qual o deputado do PAN esteve mais de uma hora. Posto um: composto por duas mesas, é sobretudo para os deputados eleitos pela primeira vez. Os reeleitos só têm de lá ir se quiserem mudar de fotografia, de assinatura ou actualizar documentos. Quem se estreia no cargo tem, entre outros procedimentos, de dar alguns dados biográficos para receber, por exemplo, um login e uma password que terá várias aplicações (como para o cartão de deputado que, com um chip, permite votar electronicamente). Tem de tirar uma fotografia para esse cartão e para o site do Parlamento. Digitalizam-se documentos — bilhete de identidade, cartão de cidadão, número de identificação fiscal. Posto dois: aqui é que se faz o registo biográfico propriamente dito, mais completo e demorado, porque exige a verificação dos dados que foram fornecidos no posto um e outros tantos que o completem: nome; idade; morada; habilitações literárias; profissão; descontos para a Segurança Social, entre muitos outros. Tecnicamente, trata-se do “preenchimento do formulário electrónico do registo biográfico e do pedido de estacionamento”. Os deputados reeleitos podem usar as credenciais que já possuem. Posto três: de cariz mais informativo. Nesta parte do acolhimento, os deputados ficam a saber que há quatro formulários que vão ter de preencher, até 60 dias após a tomada de posse. São sobre o registo de interesses e a inexistência de incompatibilidades e impedimentos. Dois para entregar na Comissão de Ética, os outros dois no Tribunal Constitucional. No registo de interesses, têm, por exemplo, de dizer qual a actividade principal, as actividades políticas e profissionais, os cargos sociais ou em empresas, entre outras situações. A declaração de inexistência de incompatibilidades serve para comprovar que não têm qualquer actividade incompatível com o exercício de deputado. A lista é extensa, dois exemplos: deputado ao Parlamento Europeu; membro da Entidade Reguladora para a Comunicação Social. Posto quatro: informações diversas sobre os sistemas informáticos, computadores portáteis, telemóveis, passaporte diplomático, creche para os filhos ou netos, entre outros direitos dos deputados. Aqui os eleitos recebem também edições da Assembleia da República, como o Regimento e a Constituição da República Portuguesa. Por fim, numa outra sala, gravam um vídeo. Foi uma novidade deste ano e era um desafio facultativo. André Silva aceitou-o. Gravou uma coisa curta, garante. Nome, idade, profissão, círculo eleitoral, áreas de interesses, pouco mais. É para ser colocado no site do Parlamento. Quando está na Assembleia da República, sente um outro pequeno espanto, que está directamente ligado à sua profissão. Repara em todos os detalhes daquele antigo mosteiro: “Na minha actividade profissional, aquilo que faço é a reabilitação do património arquitectónico e, agora, acabo por ir parar mais uma vez a um edifício classificado como monumento nacional. E que tem vários aspectos de arquitectura, de escultura, de arte, vários materiais nobres que me são conhecidos”, vai dizendo enquanto atravessa as salas com pé-direito alto e os corredores compridos do Parlamento. “Esta pedra lioz do chão é lindíssima, o cheiro a madeira, é todo um ambiente num edifício que me agrada pelo simbolismo patrimonial e histórico. ”E, por falar em actividade profissional, André Silva lembra-se subitamente de mais um papel que tem de pedir: o que lhe permitirá tratar da licença sem vencimento na empresa onde trabalha e dedicar-se a tempo inteiro ao cargo de deputado. Na primeira sessão plenária desta legislatura, o deputado eleito por Lisboa, que desde o início manifestou vontade de ficar na primeira fila, a meio do hemiciclo, ficou sentado na terceira fila da bancada socialista, no lugar da ponta, já ao lado dos sociais-democratas. Foi nesse plenário que os deputados elegeram, por votação secreta, o presidente da Assembleia da República — acabou por ser o socialista Ferro Rodrigues. Já depois, porém, da Conferência de Líderes, ficou acordado que o deputado do PAN se sentaria na segunda fila da bancada socialista, novamente no lugar da ponta e novamente junto à bancada do PSD. O PAN tem sempre dito que não se posiciona nem à esquerda, nem à direita, nem ao centro, que é um partido de causas. Entre outras ideias, entende que “a política não se pode subjugar à economia”, que se deve reduzir o número de horas de trabalho para 30, fazer uma auditoria à dívida e, depois, eventualmente renegociá-la. Algumas das propostas passam pela criação de um IVA da distância sobre produtos, tendo em conta o gasto que têm da origem à distribuição; o fim dos apoios à agricultura sintética; a criação de taxas sobre produtos com alto impacto ambiental e a discriminação positiva da agricultura biológica. Como não estou nas negociações para o acordo, tenho de ver a comunicação socialAndré Silva, que sente “uma enorme responsabilidade” pelos 75. 170 eleitores que depositaram a confiança no PAN, está ainda a inteirar-se dos direitos que tem enquanto deputado. Por exemplo, de acordo com o regimento, “cada grupo parlamentar tem direito a produzir, semanalmente, uma declaração política com a duração máxima de seis minutos”; já no caso de um “deputado único representante de um partido tem direito a produzir três declarações por sessão legislativa”, ou seja, num ano. O deputado do PAN garante que vai lutar para alterar algumas destas regras, para ter mais tempo no Parlamento, aumentar a sua visibilidade e defender mais a sua agenda. Apesar disso, na primeira sessão plenária desta legislatura, depois da eleição do presidente da Assembleia, quando lhe perguntaram se queria falar, declinou. Sobre a situação política que se vive depois das eleições legislativas de 4 de Outubro, o PAN tem insistido que quer dialogar com as várias forças políticas e contribuir para a “estabilidade” governativa do país. O deputado está, porém, consciente da polarização que existe e que tem colocado a coligação de direita de um lado e PS, PCP e Bloco de Esquerda de outro. Neste último caso, os três partidos, em maioria, estão à procura de um acordo para uma solução de Governo alternativa e deverão apresentar uma moção de rejeição, em conjunto ou separadamente, ao programa da direita no Parlamento. André Silva garante que ainda não tem uma posição definida sobre esta nova realidade no Parlamento, nem sabe como votará a moção, ou as moções, apresentadas por PS, BE e PCP. Só decidirá depois de conhecer o programa de governo, que será debatido a 9 e 10 de Novembro. Embora defendendo que o Presidente da República “deveria indigitar o líder que considerasse ter mais condições para dar estabilidade governativa” ao país, não tem dúvidas de que o discurso de Cavaco Silva podia ter sido “menos crispado”. Quando indigitou o líder da coligação de direita Passos Coelho, o chefe de Estado sugeriu que a alternativa de esquerda é “claramente inconsistente” e ainda fez aquilo que alguns comentadores consideraram um apelo à dissidência dos deputados do PS na votação das moções de rejeição ao programa de governo. Assim, diz André Silva, “contribuiu para uma maior polarização e crispação entre dois grandes blocos”. Nessa primeira sessão plenária, o deputado do PAN — que é vegetariano, tem um cão chamado Nilo, faz mergulho e biodanza (“um processo de desenvolvimento humano através da dança, da repetição, sempre em grupo”) — foi vestido de calças de ganga, camisa sem gravata, blazer, ténis All Star. E das outras vezes que o visitámos na Assembleia da República continuava com o mesmo estilo descontraído. Não pretende mudar. “Não tenciono aderir ao fato e gravata. Julgo que não é necessário para a actividade que vou desempenhar”, justifica. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Na terça-feira, André Silva — que estudou em Coimbra e agora vive em Lisboa, numa casa com uma horta de 50 metros quadrados, onde faz compostagem — já estava a trabalhar no seu gabinete. Fica na ala dos serviços afectos à presidência. Como deputado, é o único nesta parte do edifício. Era ali que havia uma sala disponível. O engenheiro — neto de agricultores que viviam no concelho de Tondela, onde passava férias e se lembra de cozer broa e assar espigas — está satisfeito: “Trabalho com vista para um claustro renascentista, que remete para os jardins do Sul da Europa e árabes, e ao som da água, o que é muito tranquilizador”, diz, apontando para a janela aberta. Lá fora, há flores, oliveiras e está sol. Cá dentro, em cima da mesa, estão recortes de notícias de jornais, sublinhadas e com setas, sobre as negociações que decorrem entre PS, BE e PCP. “Como não estou nas negociações para o acordo, tenho de ver a comunicação social”, explica. O gabinete tem duas mesas, mas o deputado pediu uma terceira. Para já, estão lá a trabalhar André Silva e a assessora jurídica, mas a ideia é recrutar mais uma administrativa e um assessor de comunicação — usando para isso a subvenção a que tem direito e que, segundo lhe transmitiram para já os serviços, poderá rondar os 82 mil euros brutos anuais. Apesar de estar ainda a conhecer os cantos à casa, o deputado do PAN conseguiu também descobrir uma colónia de gatos na Assembleia da República. Conta-nos, divertido: “Está muito bem tratada, por sinal. Quem cuida deles é a senhora da enfermaria. ” E os pavões que se passeiam lá fora? “São lindos. ”
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Snowball, a catatua dançante que mostra que a dança não é exclusiva dos humanos
Um estudo publicado esta segunda-feira mostra que a famosa catatua Snowball tem um reportório de 14 passos de dança — e que a prática de dançar não é, portanto, “um produto da cultura humana”. (...)

Snowball, a catatua dançante que mostra que a dança não é exclusiva dos humanos
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2019-07-10 | Jornal Público
SUMÁRIO: Um estudo publicado esta segunda-feira mostra que a famosa catatua Snowball tem um reportório de 14 passos de dança — e que a prática de dançar não é, portanto, “um produto da cultura humana”.
TEXTO: As danças da catatua-de-crista-amarela Snowball tornaram-na famosa há mais de uma década, quando foram divulgados vídeos da ave a dançar ao som de canções dos Backstreet Boys ou de Michael Jackson: abanava a cabeça e batia com a pata consoante o ritmo. Agora, depois de estudarem o comportamento desta catatua, um grupo de cientistas publicou um artigo nesta segunda-feira em que revelam que “dançar ao som da música não é meramente um produto da cultura humana”. “Ficámos impressionados”, reagiu o professor de psicologia na Universidade Tutfs (em Massachussetts, EUA) e um dos autores do estudo, Aniruddh Patel, citado pelo Guardian. “Há ali certos movimentos, como o passo Madonna Vogue, que é inacreditável”. “O facto de vermos isto num outro animal dá a entender que, ao existir um cérebro com certas capacidades cognitivas e neurológicas, se fica predisposto a dançar”, acrescentou Patel. Ao todo, foram analisados 14 movimentos diferentes. Os movimentos de dança tornaram-se virais na Internet depois de ter sido divulgado em 2007 um vídeo em que a ave dança ao som de Everybody, da banda Backstreet Boys; mais tarde, dançou também ao som de Michael Jackson. Desde aí, Snowball tornou-se a estrela de um livro infantil e entrou num anúncio da cadeia de restaurantes Taco Bell. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Mas o seu reportório era ainda mais vasto: também as canções Another one bites the dust, dos Queen, ou Girls just wanna have fun, de Cyndi Lauper, faziam a catatua dançar, incluindo movimentos com a cabeça, com a crista e com as patas – e tudo isso ficou registado em vídeo. Quanto ao estilo de dança, há duas possibilidades: “Ou é imitação, que já é sofisticado o suficiente, ou então é mesmo criatividade, o que é incrivelmente interessante”, admite Patel. Uma parte do estudo mostrou que a catatua Snowball conseguia antecipar a batida das canções, abanando a cabeça consoante o ritmo e batendo as patas em sintonia. Quando se alterava a velocidade da canção – mais rápida ou mais lenta –, também os seus movimentos variavam. Para já, este estudo ajuda a perceber que a dança não é algo exclusivo dos humanos, já que também estas aves têm “movimentos espontâneos de dança extremamente diversos”. Uma das explicações apresentadas pelo grupo de cientistas – que fazem parte da Universidade Tutfts e da Universidade de San Diego, nos EUA – é que estas aves (incluindo os papagaios que, em termos de classificação, pertencem à mesma ordem das catatuas) emitem sons vocais e que os seus cérebros têm ligações fortes entre as características motoras e auditivas.
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Entidades EUA
Chega ao Tejo o HippoSpeed. É para ver Lisboa a voar sobre as águas
A empresa do anfíbio HippoTrip, o barco-autocarro, lança lancha para passeios no rio com bilhetes individuais. (...)

Chega ao Tejo o HippoSpeed. É para ver Lisboa a voar sobre as águas
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2019-06-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: A empresa do anfíbio HippoTrip, o barco-autocarro, lança lancha para passeios no rio com bilhetes individuais.
TEXTO: Acaba de chegar ao Tejo o HippoSpeed, um novo serviço para passeios no Tejo em lancha rápida que promete “mostrar Lisboa de forma única, margem a margem”, entre paragens para admirar os principais pontos e alguns momentos de “velocidade e adrenalina”, como que a voar sobre as águas. O serviço de passeio de lancha no Tejo já existe, como nos diz Sofia Gonçalves, da HippoTrip, mas aqui há um novo factor: habitualmente esses passeios são para grupos e com preço de grupo, “muito mais elevado” do que no novo HippoSpeed, que permite a cada pessoa comprar um bilhete pelo preço fixo de 18 euros e ter a viagem garantida independentemente do número de participantes. A embarcação “semi-rígida, confortável e segura”, sublinha, faz passeios de 30 minutos para até 18 pessoas. Com saída da Doca de Santo Amaro, em Alcântara, segue pelo rio até à Praça do Comércio e Santa Apolónia, “voa” até à outra margem, passa o Cristo-Rei e a ponte, indo até ao MAAT (Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia) e voltando ao ponto de partida. A viagem “não é sempre a abrir": há momentos de paragem e “momentos de alta adrenalina”, sublinha Sofia Gonçalves. A lancha está equipada com um motor de 350 cavalos, conta-nos, e é a gasolina. Para quem tem maiores preocupações ambientais, a responsável diz que “não há libertação de agentes poluentes para a água”, “apenas as vibrações de impacto, como qualquer barco”, sendo “a combustão para o ar”. “Não polui mais do qualquer outra embarcação”, garante. Tendo várias paragens e não passando o tempo a alta velocidade, a lancha permite, porém, uma velocidade de 40 nós “nos pontos de maior adrenalina”, cerca de 74km/h. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Até 8 de Setembro, há dez possibilidades por dia de realizar o passeio, a cada 40 minutos, entre as 12h e as 18h40. Os bilhetes estão à venda na HippoTrip na Doca de Santo Amaro ou junto ao Padrão dos Descobrimentos, nos quiosques Ask Me do Turismo de Lisboa ou pelo número 211922030. Há também a possibilidade de comprar um pack com bilhetes para o veículo anfíbio e para o shuttle hop on hop off, que permite entrar e sair as vezes que se quiser nas várias paragens entre Cais do Sodré e Padrão dos Descobrimentos (com os três serviços custa 40 euros para adulto, 28 euros para criança). O HippoTrip, o primeiro autocarro anfíbio de Lisboa, foi lançado em 2013 e permite passeios de 90 minutos entre terra e água.
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Palavras-chave criança
Brincando (a sério) aos clássicos
“E se fossem miúdos normais que se transformam em deuses?”, perguntam os filhos mais velhos. Sim! Deuses da Grécia Antiga. Não há dúvidas. A cultura clássica faz parte da génese de quem somos. (...)

Brincando (a sério) aos clássicos
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento -0.33
DATA: 2019-07-10 | Jornal Público
SUMÁRIO: “E se fossem miúdos normais que se transformam em deuses?”, perguntam os filhos mais velhos. Sim! Deuses da Grécia Antiga. Não há dúvidas. A cultura clássica faz parte da génese de quem somos.
TEXTO: Sempre gostámos de almoçar debaixo daquelas duas figueiras, de Verão, de preferência com amigos, fazendo o almoço prolongar-se para o lanche com conversas sem fim. Foi num desses almoços que surgiu a ideia de escrever a quatro mãos, qual Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada. Embora não quiséssemos escrever Uma Aventura, queríamos chegar àquele público e ensinar-lhe alguma coisa, não fosse a minha amiga Ana Soares professora e eu jornalista com um sentido de serviço público apurado. O jornalismo pode ser pedagógico, acredito. E ali estivemos, à mesa, várias horas. Os miúdos mais pequenos, já um bocado fartos, pediam licença para se levantar e brincar na relva ou nos balouços, regressando à mesa. Os mais velhos foram permanecendo, curiosos e dando ideias. Miúdos normais a ter aventuras? Não! Isso foi o que a dupla com mais sucesso da literatura infanto-juvenil portuguesa fez, no encalce de Enid Blyton, e depois delas também Maria Teresa Maia Gonzalez e Maria do Rosário Pedreira, com O Clube das Chaves, tentaram — claramente com menos vendas, embora com uma escrita mais desafiante. Com heróis? Não, não chegaríamos aos pés da Marvel. . . “E se fossem miúdos normais que se transformam em deuses?”, perguntam os filhos mais velhos. Sim! Deuses da Grécia Antiga. Não há dúvidas. A cultura clássica faz parte da génese de quem somos e nada como mostrar isso mesmo aos leitores, de uma maneira divertida. Assim começou a ideia de escrever a série a que daríamos o nome de Olimpvs. net — uma referência ao monte onde viviam os deuses e um piscar de olho às novas tecnologias e redes sociais em que vivem os miúdos nos dias de hoje. Além dos livros, há sempre um capítulo extra que pode ser lido online, ao qual se acede através de uma password que está no livro. O número de heróis, o género, as características físicas e psicológicas, as suas histórias foram nascendo noutros almoços, lanches, lanches ajantarados e jantares que fomos fazendo, ao longo de alguns meses, anos até. As suas histórias foram escritas a quatro mãos, mas foram pensadas e desenhadas por oito cabeças que tinham ideias e davam sugestões. “E se, em vez de correr, voasse?. . . ”Não foi fácil publicar o Olimpvs. net, mas lá conseguimos um editor amante da cultura clássica e um visionário que conseguia ver os nossos heróis na televisão. Não aconteceu. Não foi fácil vender, embora o primeiro volume tenha esgotado e tenha tido uma segunda edição. E está no Plano Nacional de Leitura. Anos passados desde o último volume publicado, continuamos a ser convidadas para ir a escolas falar sobre mitos e heróis da Grécia Antiga. E ir a escolas é quase tão bom como sentar-me em frente de um ecrã e imaginar diálogos entre um miúdo de 16 anos, que não sabe quem é, e a monstruosa e bela Medusa. Ir às escolas, de norte a sul, é perceber o futuro do país. Numas temos os jovens curiosos, que fazem perguntas, seguros de si. Noutras temos os miúdos apáticos, que nunca viram um jornal, juram a pés juntos. Numas temos filas com jovens que carregam a colecção inteira, oito volumes, para assinarmos. Noutras há meninos que chegam com uma folha de post-it amarela para autografarmos e nos dizem ao segredo que os pais não podem comprar os livros porque estão desempregados. Em todas, temos professores que querem, como nós, que os seus alunos saibam e sejam mais. O Olimpvs. net e as suas autoras ajudaram a criar um concurso nacional que teve este ano a sua segunda edição e que põe os alunos, de todos os ciclos do básico e do secundário, a trabalhar os mitos e os heróis da Grécia Antiga. A Rede de Bibliotecas Escolares e o Centro de Estudos Clássicos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa criaram o projecto Clássicos em Rede e uma parceria que possibilita a realização das Olimpíadas da Cultura Clássica. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Há um ano, éramos poucos, neste já éramos mais os envolvidos e entusiasmados com o projecto. Um dos entusiastas, desde o primeiro minuto, é João Costa, o secretário de Estado da Educação, o homem que não tem vergonha de contar que conheceu a futura namorada e depois mulher por causa do latim; e o governante que confessa ter-se inspirado nesta parceria para propor isso mesmo: que os professores do ensino superior saiam das suas torres de marfim e tenham uma relação mais próxima com os alunos do básico e do secundário. O dia da entrega dos prémios das Olimpíadas foi escolhido por João Costa para anunciar o programa Cientificamente Provável, o qual tem já mais de 300 projectos a decorrer, fruto dessas parcerias — levando mais ciência, mais cultura e mais arte às escolas —, e para lembrar que, graças à flexibilidade, um aluno de Ciências e Tecnologia pode ter uma disciplina de Latim ou um de Línguas e Humanidades pode frequentar Biologia, em vez de ficarem presos a disciplinas obrigatórias. E tudo começou à sombra de duas figueiras, num dia quente, no início do Verão, quando os miúdos, hoje jovens adultos, propuseram: “E se fossem miúdos normais que se transformam em deuses?”
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A caixa que Mark fez para Priscilla dormir melhor
O objecto de madeira fica pousado na mesinha de cabeceira e entre as 6 e as 7 da manhã emite uma luz fraquinha que não acorda Priscilla se ela estiver a dormir, mas caso ela acorde, não a obriga a ir ver as horas para perceber que já é de manhã (...)

A caixa que Mark fez para Priscilla dormir melhor
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.5
DATA: 2019-07-10 | Jornal Público
SUMÁRIO: O objecto de madeira fica pousado na mesinha de cabeceira e entre as 6 e as 7 da manhã emite uma luz fraquinha que não acorda Priscilla se ela estiver a dormir, mas caso ela acorde, não a obriga a ir ver as horas para perceber que já é de manhã
TEXTO: Mark Zuckerberg e a sua mulher Priscilla Chan conheceram-se numa festa em Harvard que tinha sido organizada para o criador do Facebook pelos seus colegas porque na altura temiam que ele viesse a ser expulso da faculdade. Ela já contou várias vezes que estavam ambos na fila para a casa de banho quando trocaram as primeiras palavras. Uma semana depois saíram juntos pela primeira vez: foram beber um chocolate quente. Mais tarde, ele perguntou-lhe se ela não queria ir ver um filme. Para a convencer ele disse-lhe que estava ali com ela em vez de estar a fazer os trabalhos de casa. Ela achou que ele era desleixado e que não iria longe mas acabou por dizer sim ao convite… Anos depois, em Maio de 2012, casaram. Têm duas filhas, Max e August. Quem segue o Instagram do fundador do Facebook sabe que a primeira fotografia que ele lá colocou é de Priscilla, sabe também que ela aparece em muitas das outras fotografias que se lhe seguiram, uma das quais quando com uma filha nos braços foram fotografados no café onde tomaram chocolate quente quando saíram juntos pela primeira vez. Mas também há várias fotografias do cão branco a quem ternamente chamam Beast e que é muito parecido com uma esfregona (há fotos dedicadas a este tema) ou de momentos importantes na vida de Mark como o vídeo que o pai fez do momento em que ele soube que tinha entrado em Harvard. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. No final de Abril, Mark colocou naquela rede social uma fotografia do que parece ser uma caixa de madeira com iluminação por baixo. Na legenda explicava que “ser mãe não é fácil” e contava que, desde o nascimento das filhas, Priscilla tem dificuldades em dormir uma noite seguida. “Ela acorda e vai verificar as horas no telemóvel para ver se já é a altura de ir acordar as miúdas. Mas saber as horas ainda a faz stressar mais e não consegue voltar a adormecer”, escreve Mark Zuckerberg. Being a mom is hard, and since we've had kids Priscilla has had a hard time sleeping through the night. She'll wake up and check the time on her phone to see if the kids might wake up soon, but then knowing the time stresses her out and she can't fall back asleep. So I worked on building her what I call the "sleep box". It sits on her nightstand, and between the hours of 6-7am it emits a very faint light -- visible enough that if she sees it she'll know it's an okay time for one of us to get the kids, but faint enough that the light won't wake her up if she's still sleeping. And since it doesn't show the time, if she wakes up in the middle of the night, she knows to just go back to sleep without having to worry about what time it is. So far this has worked better than I expected and she can now sleep through the night. As an engineer, building a device to help my partner sleep better is one of the best ways I can think of to express my love and gratitude. A bunch of my friends have told me they'd want something like this, so I'm putting this out there in case another entrepreneur wants to run with this and build sleep boxes for more people!Uma publicação partilhada por Mark Zuckerberg (@zuck) a 27 de Abr, 2019 às 9:45 PDTPreocupado com ela, o fundador do Facebook resolveu inventar e construir uma caixa de sono: a “sleep box”. O objecto de madeira fica pousado na mesinha de cabeceira e entre as 6 e as 7 da manhã emite uma luz fraquinha que não acorda Priscilla se ela estiver a dormir, mas caso ela acorde, não a obriga a ir ver as horas para perceber que já é de manhã. “Se ela acordar a meio da noite e a luz estiver apagada ela saberá que pode continuar a dormir sem se preocupar com as horas. ” Até agora esta engenhoca tem resultado e Priscilla tem dormido sossegada. Como alguns amigos lhe disseram que gostariam de ter um objecto assim, Zuckerberg decidiu tornar pública a ideia para o caso de algum empreendedor decidir construir “sleep boxes” para outras pessoas.
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“Para o lixo só vão plásticos e guardanapos sujos que saem da mesa”
Nas aldeias da Lousã, os moradores habituaram-se à reciclagem e ainda reutilizam a maior parte do lixo orgânico que produzem em casa. É na turística Rede das Aldeias do Xisto que há mais desafios a vencer, mas já há projectos em curso. (...)

“Para o lixo só vão plásticos e guardanapos sujos que saem da mesa”
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento -0.3
DATA: 2019-07-10 | Jornal Público
SUMÁRIO: Nas aldeias da Lousã, os moradores habituaram-se à reciclagem e ainda reutilizam a maior parte do lixo orgânico que produzem em casa. É na turística Rede das Aldeias do Xisto que há mais desafios a vencer, mas já há projectos em curso.
TEXTO: Maria de Fátima Simões, de 67 anos, diz que já não tem saúde para cuidar de todo o terreno. Nem ela nem o marido, Marcolino, de 68 anos. Mas olhando para o campo bem tratado que aponta, na aldeia de Levegadas, na Lousã, vê-se que há ali muito trabalho do casal, ainda que alguns espaços estejam apenas cobertos de erva. Por talhões cuidados distribuem-se os bens alimentares que o casal não precisa de adquirir fora de casa e que a mulher vai apontando, à medida que percorre o terreno, devagar: batata, favas, couves, feijão, pimentos, cebolas, alho- francês, brócolos, couve-lombarda, tomates, alhos. Numa ponta está um pequeno monte de restos de comida, onde se adivinham cascas de batatas. Os resíduos indiferenciados que Maria de Fátima e Marcolino Simões produzem vão quase todos parar àquele campo ou então servem de alimento para as galinhas. “Para o lixo só vão plásticos e guardanapos sujos que saem da mesa”, diz ela.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave campo mulher