Um Nobel do presente para salvar o futuro
“Uma criança, um professor, um livro, uma caneta podem mudar o mundo”, disse Malala na ONU, no dia em que fez 16 anos. Agora, partilha o Nobel da Paz com um indiano de 60 que há décadas devolve crianças à escola. (...)

Um Nobel do presente para salvar o futuro
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 Africanos Pontuação: 7 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-04-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: “Uma criança, um professor, um livro, uma caneta podem mudar o mundo”, disse Malala na ONU, no dia em que fez 16 anos. Agora, partilha o Nobel da Paz com um indiano de 60 que há décadas devolve crianças à escola.
TEXTO: Os premiados são dois mas o Nobel da Paz deste ano é para a educação. Malala Yousufzai, a adolescente paquistanesa baleada por extremistas por defender o direito das meninas estudarem, tornou-se num símbolo desta luta. O indiano Kailash Satyarthi, o outro laureado, é um activista dos direitos das crianças que combate o trabalho infantil e escravo no seu país e no mundo – um trabalho que só fica completo quando as crianças que resgata voltam à escola ou entram numa pela primeira vez. “É uma grande mensagem do comité Nobel, olhando para o cenário actual na Índia e no Paquistão”, notou Satyarthi, que falou aos jornalistas no seu gabinete em Nova Deli. Os vizinhos que já travaram guerras vivem um novo momento de escalada, militar e retórica. Prometendo “trabalhar de mãos dadas” com Malala (como é conhecida em todo o mundo), o antigo engenheiro diz que esse terá de ser um trabalho global pela paz. Malala, que soube do prémio nas aulas, dedicou-o “às crianças sem voz, que devem ser ouvidas”. Afirmou-se “orgulhosa por ser a primeira paquistanesa, a primeira jovem mulher e a primeira jovem” [aos 17 anos, é a mais nova de sempre] a receber o Nobel da Paz e convidou os chefes de Governo do Paquistão e da Índia a estarem presentes na cerimónia de entrega. Este também é um prémio contra o radicalismo e o desentendimento entre fés. “O Comité considera importante que um hindu e uma muçulmana, um indiano e uma paquistanesa, se juntem na luta pela educação e contra o extremismo”, ouviu-se no anúncio, em Oslo. “Particularmente em áreas atormentadas por conflito, as violações contra as crianças levam à continuação da violência de geração em geração. ” Um prémio a dizer que um mundo com menos guerras não é possível se a educação não for uma verdadeira prioridade. Por isso é que este é um prémio para o futuro, muito atento ao presente: o extremismo religioso que quase matou Malala é o dos taliban, uma invenção das forças de segurança paquistanesas que chegou a liderar o Afeganistão e continua a ameaçar o país da adolescente e o vizinho a sudeste. Quando, em 2007, os “estudantes de teologia” chegaram a Mingora, capital do Vale de Swat, onde Malala vivia, já tinham passado anos a queimar escolas afegãs, muitas vezes deixando desfiguradas dezenas de alunas. O extremismo religioso que baleou Malala é o mesmo da Al-Qaeda cuja presença no Afeganistão serviu de pretexto à missão internacional no país, a seguir aos atentados de 11 de Setembro de 2001. Era também para devolver às mulheres o direito a sair à rua e às meninas o direito a estudar que as tropas foram enviadas para o país, diziam então George W. Bush e Tony Blair. Quando era ainda secretária de Estado de Barack Obama, Hillary Clinton repetiu essa ideia, defendendo que a missão internacional – que a partir de 2015 será extremamente reduzida – não pode deixar essa tarefa por cumprir. O direito à educaçãoNo momento deste Nobel, o mesmo extremismo, desta vez sob o nome de Estado Islâmico, tenta impor a sua visão de sharia (lei islâmica) na Síria e no Iraque, com dezenas de milhares de mulheres e meninas limitadas nos seus direitos ou vendidas como escravas sexuais. Há ainda a gigantesca crise de refugiados sírios – mais de nove milhões, um terço da população – e iraquianos, a fazer crescer o número de refugiados no mundo. Os ataques dos radicais islamistas do Boko Haram que têm visado muitas escolas na Nigéria (em Abril, raptaram 276 alunas de um liceu), também explicam este aumento. Ora, em média, metade dos refugiados são crianças, e muitos passam anos sem se sentarem numa sala de aula ou trocam a escola por tarefas que lhes permitam contribuir para o orçamento familiar. No final do ano passado, havia pelo menos 60 milhões de crianças que não iam à escola, 6, 5 milhões no Paquistão. “O Nobel é uma vitória para o direito à educação. Um direito em grave risco na MENA [Médio Oriente e Norte de África] onde as escolas são frequentemente atacadas ou usadas como quartéis”, comentou no Twitter Nadim Houry, responsável da Human Rights Watch para esta região. Este é, então, um Nobel para a educação e para a possibilidade de futuro. No caso de Malala, também para a coragem – já ameaçada de morte por falar em público contra as ordens dos taliban, continuou a fazê-lo e, naturalmente, a ir à escola. O ataque, a 9 de Outubro de 2012, que a deixou entre a vida e a morte, desfigurada e com a perna e o braço direito paralisados (várias cirurgias depois, resta uma paralisia parcial na face), aconteceu na carrinha de caixa aberta em que voltava da escola. Os dois atacantes feriram ainda duas crianças e deixaram a sua melhor amiga Moniba (que mantém uma cadeira vazia com o nome de Malala na escola), coberta de sangue.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos morte lei escola violência educação ataque mulher adolescente mulheres infantil
Poeta ganês Kofi Awoonor e três britânicos entre os mortos de Nairobi
A milícia islamista Al-Shabab atacou e ocupou um centro comercial na capital do Quénia. Há 59 mortos, quase 200 feridos e reféns. (...)

Poeta ganês Kofi Awoonor e três britânicos entre os mortos de Nairobi
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 Africanos Pontuação: 7 | Sentimento -0.2
DATA: 2013-09-22 | Jornal Público
SUMÁRIO: A milícia islamista Al-Shabab atacou e ocupou um centro comercial na capital do Quénia. Há 59 mortos, quase 200 feridos e reféns.
TEXTO: Uma unidade das forças especiais israelitas entrou este domingo no centro comercial de Nairobi que foi atacado por um comando islamista. Morreram 59 pessoas e há um número indeterminado de reféns. Os feridos são quase 200. "Os israelitas já entraram e vão em socorro dos reféns e dos feridos", disse uma fonte dos serviços de segurança quenianos à AFP. Ao início da tarde ouviam-se tiros no interior do edifício. O Governo queniano não explicou ainda se foi a seu pedido que Israel está a intervir. Uma porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita, Ilana Stein, disse que o ataque começou junto ao café e padaria ArtCaffe, propriedade de israelitas. Mas apenas um israelita foi atingido e tem ferimentos ligeiros, o que leva a crer que este ataque não está relacionado com Israel. As nacionalidades dos mortos e feridos ainda não foram devidamente apuradas, mas o Gana e o Reino Unido já confirmaram a morte de cidadãos. Um dos mortos é o poeta e diplomata ganês Kofi Awoonor, que estava no centro comercial com o filho, que ficou ferido, anunciou o governo do Gana. "Três britânicos morreram e tememos que oesse número aumente", disse também este domingo o ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, William Hague. Sabe-se que entre os feridos há americanos, canadianos e franceses. Este centro comercial já tinha sido considerado pelos Estados Unidos uma zona de risco por ser o local de encontro da comunidade de diplomatas na capital queniana - e por ter um café israelita no rés-do-chão. Ao sábado, diz a Reuters, as lojas, os cafés gourmet e os restaurantes de sushi de Westgate estão cheios. O Quénia é o centro da diplomacia em África, sendo em Nairobi a sede africana das Nações Unidas e de outras organizações. Não tem sido poupado ao terrorismo. Em 1998 a Al-Qaeda matou mais de 200 pessoas ao fazer explodir um camião armadilhado junto à embaixada americana de Nairobi. E, em 2002, terroristas islâmicos atacaram o hotel Indian Ocean, propriedade de israelitas, e lançaram mísseis contra um avião de Israel. O ataque de sábado foi reivindicado - primeiro no Twitter, depois através da estação de televisão Al-Jazira - pela Al-Shabab, a organização armada islamista que actua na Somália (onde controla extensos territórios) mas tem feito incursões no Quénia. Tropas do Quénia participam na missão da União Africana na Somália e o Governo de Nairobi tem patrulhas em território somali que tentam evitar a progressão da Al-Shabab. A presença queniana na Somália foi condenada pela Al-Shabab que ameaçara com "duras" represálias. "O que o povo queniano vê em Westgate é a justiça punitiva pelos crimes cometidos pelos seus soldados", publicou a Al-Shabab no Twitter antes de encerrar a conta que estava a usar, no sábado à noite. "O Quénia não se deixa intimidar pelo terrorismo", disse o Presidente queniano, Uhuru Kenyatta, que afirmou ter perdido "membros da família" no ataque. O Departamento de Estado americano condenou o "acto de violência sem sentido que resultou na morte de mulheres, homens e crianças inocentes". A embaixada dos EUA em Nairobi disse estar em contacto com as autoridades e disponibilizou toda a ajuda necessária. A BBC avança que as autoridades estimam que so que ainda permanecem no interior do edifício se encontram em várias localizações, o que está a dificultar a operação de resgate. A polícia e os militares fizeram raides no Westgate e retiraram dezenas de pessoas que estavam escondidas nas lojas, mas a operação poderá estar ainda longe do fim. Algums meios de comunicação estavam a avançar que o comando islamista poderá ter-se refugiado, com reféns, dentro do supermercado. Algumas testemunhas disseram que os atacantes — que entraram no centro comercial depois de terem lançado granadas para o seu interior — tinham metralhadoras AK-47 e disseram aos muçulmanos para saírem, tendo começado a executar os não muçulmanos. Pouco depois do ataque, que teve lugar ao meio-dia local (10h em Lisboa), foram enviadas para o centro comercial as unidades de elite da polícia e do exército, apoiadas por helicópteros de combate. Do interior do centro comercial foram retiradas perto de mil pessoas.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
Afinal quem ganhou o Mundial, França ou África?
Os dois, responde Trevor Noah. Humorista celebrou a vitória de "África" e foi criticado pelo embaixador francês nos Estados Unidos. O filósofo Achille Mbembe também entrou na polémica. (...)

Afinal quem ganhou o Mundial, França ou África?
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Migrantes Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 7 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-07-20 | Jornal Público
SUMÁRIO: Os dois, responde Trevor Noah. Humorista celebrou a vitória de "África" e foi criticado pelo embaixador francês nos Estados Unidos. O filósofo Achille Mbembe também entrou na polémica.
TEXTO: A polémica começou no dia em que a França ganhou o Mundial. Nas redes sociais discutia-se quem tinha dado a vitória a França, já que a equipa era maioritariamente composta por jogadores negros. Das respostas, vinham comentários como "quem diz que os jogadores são africanos é racista", "quem nega a africanidade dos jogadores é racista". O influente humorista sul-africano Trevor Noah publicou no Twitter um cartoon em que se vê um barco com refugiados a erguer a taça para a França. Um dia depois da vitória, fez uma piada no popular programa de televisão americano The Daily Show, que apresenta: “Yesssss! Estou tão contente! África ganhou o Mundial, África ganhou o Mundial, África ganhou o Mundial! Percebo que têm que dizer que é a equipa francesa, mas olhem lá: não se ganha aquele bronzeado no Sul de França. A França é a equipa de África na reserva, uma vez que Nigéria ou Senegal perdem, começamos a torcer por ela. ”A piada incendiou os ânimos e levou o embaixador francês nos Estados Unidos, Gerard Araud, a emitir um comunicado divulgado na quarta-feira, onde acusava Trevor Noah de “negar o ‘francesismo’ dos jogadores”: “Ouvi as suas palavras sobre a ‘vitória africana’ e nada podia ser menos verdade”, afirmou. “Legitima a ideologia racista que defende que a branquitude é a única definição de se ser francês. ”Na sua resposta, Gerard Araud diz que 21 dos 23 jogadores nasceram em França, embora alguns sejam filhos de pais “que podem ter vindo de outro país”. “Foram educados em França, aprenderam a jogar em França e são cidadãos franceses. Têm orgulho no seu país, França. " Mas o embaixador não se ficou por aqui, aproveitou para criticar os Estados Unidos dizendo que França “não se refere aos cidadãos com base na origem racial, étnica ou religiosa”. E acrescentou: "Para nós não há identidades hifenizadas, as origens são uma realidade individual. ”A resposta do comediante, galardoado com um Emmy, foi rápida — e bem mais longa do que a piada. Lendo parte da carta com um sotaque afrancesado, Trevor Noah comenta a passagem em que o embaixador refere que a origem dos jogadores é um reflexo da diversidade francesa: “Não quero ser um idiota mas acho que é mais um reflexo do colonialismo francês. ” Gargalhada. Afirma que percebe que em França "muitos nazis usam as origens dos jogadores" para dizer que não são franceses e mandá-los para “a sua terra”. “Vindo de África, sei que os negros em todo o mundo estavam a celebrar a africanidade dos jogadores franceses num sentido positivo. ” E que houve críticas a quem os chamou de africanos: “Mas por que é que não podem ser as duas coisas?”, interroga o comediante. “O que se quer dizer é que, para se ser francês, tem que se eliminar tudo o que é africano?”No seu estilo incisivo, criticou os políticos, “principalmente em França”, quando falam de imigrantes que estão desempregados ou que cometeram um crime dizem “imigrantes africanos”; mas quando esses mesmos imigrantes dão a vitória no Mundial à França “já nos devemos referir a eles como franceses”. “Lembram-se do homem africano que foi subir a um prédio e resgatar uma criança e lhe deram a cidadania francesa? Quando estava no chão era africano, assim que resgatou a criança era francês. E se deixasse cair a criança era africano. ”Trevor Noah deixa um recado para quem o acusa de racismo: “O contexto é tudo. Há coisas que algumas pessoas podem dizer. Há uma grande diferença entre eu dizer ‘então, preto?’ e um branco dizer ‘então, preto?’ Quando digo que eles são africanos não o estou a fazer para excluir mas para os incluir na minha africanidade. Digo: ‘estou a ver-te, meu irmão, como alguém de ascendência africana'. Por isso vou continuar a celebrá-los como africanos porque acredito que os pais são de África e podem ser franceses ao mesmo tempo. Se os franceses dizem que eles não podem ser as duas coisas, então eles têm um problema, não eu. ”Com a polémica, até o filósofo camaronês Achille Mbembe escreveu sobre o assunto num texto intitulado Tributo negro à França. Partilhou-o no Facebook, num post que introduziu dizendo que "os africanos ou África não ganharam o Mundial", mas sim a França. "As vitórias não se partilham", afirmou. "Na equipa há jogadores franceses de origem ou ascendência africana (. . . ). É preciso reafirmar: estes jogadores de ascendência africana são franceses de corpo inteiro. " Mbembe citou também Barack Obama que, em Joanesburgo, congratulou a vitória celebrando a diversidade da equipa. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. No texto, Mbembe explicava: não vou fingir que "a nossa" presença na selecção não significa nada ou que não tem impacto nas grandes lutas simbólicas e políticas actuais. "Franceses de nascimento ou de aquisição, a maioria está consciente do facto de ser a manifestação viva de uma contradição da sociedade de consumo, que anseia o seu enriquecimento repentino mas não hesita em estigmatizá-los. " E acrescenta: "Sabem que, de cada vez que vestem a camisola da selecção, por muito que cantem a Marseillaise até ficarem roucos, uma boa fatia da opinião — não necessariamente francesa — fará sempre a pergunta sobre de onde vêm e o que fazem ali; perguntará como é que uma nação tão civilizada pode fazer-se representar no mundo por tantos vagabundos disfarçados. "Entre os vários comentários feitos no Facebook, o sociólogo moçambicano Elísio Macamo, professor na Universidade de Basileia (Suíça), enunciava "três equívocos e meio sobre a França" nos quais incluía o de dizer que "é racista reclamar a vitória da selecção francesa para a África": "Não, não é. Racismo é valorizar uma pessoa quando ela é útil para você. Para cada Pogba que joga pela França, há milhares de 'Moussas' indesejados, há dezenas de políticas viradas não só contra esses grupos como também contra quem acredita na ideia da Europa e procura refúgio lá. Racismo é continuar a tirar proveito do colonialismo ao mesmo tempo que, através de uma estrutura económica mundial desigual, continuam a comprometer as possibilidades de desenvolvimento dos outros. Porque não permitir a livre circulação de pessoas, sobretudo de todas as pessoas oriundas de países que foram colónias? Porque não? Não estaria mais de acordo com os ideais universais que eles apregoam o tempo todo? Não seria essa uma manifestação clara de que a cor da pele não conta?"
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE
Retórica anti-muçulmana de Trump reforça Daesh, dizem analistas
Presidente dos EUA apresentou medida contra terroristas, mas diplomatas frisam que iraquianos que trabalharam para as tropas americanas são dos principais afectados por medida contraproducente. (...)

Retórica anti-muçulmana de Trump reforça Daesh, dizem analistas
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Migrantes Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 7 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-05-18 | Jornal Público
SUMÁRIO: Presidente dos EUA apresentou medida contra terroristas, mas diplomatas frisam que iraquianos que trabalharam para as tropas americanas são dos principais afectados por medida contraproducente.
TEXTO: Malala Yousafzai, a activista paquistanesa Nobel da Paz 2014, foi uma das primeiras a reagir à assinatura do decreto pelo Presidente Donald Trump que proíbe todos os cidadãos de sete países muçulmanos de entrarem nos Estados Unidos, nos próximos três meses. O anúncio da medida transitória, que também suspende, durante 120 dias, as entradas de todos os refugiados no país, deitou por terra as esperanças de iraquianos que colaboraram com Washington durante a permanência das tropas americanas e que se vêem em risco de viver no Iraque. “O Presidente Trump matou os nossos sonhos. Não tenho nenhuma esperança de algum dia ir para os Estados Unidos”, disse à Reuters a partir de Bagdad, um iraquiano que pediu para manter o anonimato por motivos de segurança, e cuja mulher trabalhou para a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID). O casal é um dos muitos exemplos de cidadãos com medo de serem perseguidos no Iraque ou noutros países muçulmanos por terem trabalhado para a Administração norte-americana e que beneficiaram, nos últimos anos, de um programa de acesso facilitado a vistos. A perspectiva é partilhada por um capitão da Marinha dos Estados Unidos, na reforma, que esteve no Iraque em 2003. E que também à Reuters, que contratou vários iraquianos como tradutores e intérpretes, sublinha que muitos milhares de iraquianos, que trabalharam para os Estados Unidos, "são vistos como colaboradores" e o risco que correm é grande. "Muitos tradutores estavam a tentar deixar o país porque estavam marcados por terem trabalhado com as forças norte-americanas. "A assinatura do decreto que proíbe todas as pessoas do Iraque, Síria, Irão, Sudão, Líbia, Somália e Iémen, de entrarem nos Estados Unidos motivou análises muito pessimistas de diplomatas e especialistas em relações internacionais, para quem a retórica de Trump alimenta a cruzada dos extremistas do Daesh contra os Estados Unidos. Numa declaração divulgada logo após o anúncio de Trump, Malala evocou as crianças de alguns desses países, crianças que, como disse, “não têm culpa de sere apanhadas” por anos de guerra. E deu o exemplo de uma amiga, Zaynab, que fugiu de três países – Somália, Iémen e Egipto – "antes dos 17 anos e a quem os Estados Unidos concederam um visto, permitindo-lhe aprender a língua e estudar para se tornar uma advogada de direitos humanos. ”E depois de se dizer “destroçada” ao ver que “a América vira as costas à tradição de acolher refugiados e imigrantes – as pessoas que ajudaram a construir o país, prontas a um árduo trabalho em troca de uma oportunidade justa para uma vida nova”, a activista deixou um pedido: “Nestes tempos de incerteza e instabilidade no mundo, peço ao Presidente Trump que não vire as costas às crianças e famílias mais indefesas do mundo. ”Apesar de, durante a campanha e já depois de tomar posse, se referir aos muçulmanos como alvo preferencial de algumas das suas políticas, Donald Trump apresentou a medida, nesta sexta-feira, não contra os muçulmanos mas contra os terroristas. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A percepção porém, segundo o jornal New York Times, é que o decreto assinala uma provocação porque tem nele subjacente a ideia de atingir os muçulmanos. Donald Trump disse que assim que os Estados Unidos voltarem a aceitar refugiados, os cristãos terão prioridade. O jornal cita um professor de relações internacionais na Turquia, Ilter Turan, para quem esta retórica pode até ser usada “pelos terroristas que passarão a dizer: ‘Estão a ver. O alvo não é o terrorismo, são os muçulmanos. ”Essa distinção estará agora em risco, de acordo com diplomatas conhecedores dos países árabes, como Ryan C. Crocker, que foi embaixador dos Estados Unidos em cinco países muçulmanos, incluindo o Afeganistão, o Iraque e o Líbano, entre 1990 e 2012, e que diz que este tipo de discurso dá força ao argumento do Daesh de que está em guerra contra os Estados Unidos. Os analistas, citados pelo New York Times, também notam que embora a proibição de Trump seja ostensivamente baseada em receios relativos à segurança, deixa de fora países como a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos e o Paquistão, onde foram engendradas algumas das mais graves acções terroristas contra os Estados Unidos desde os atentados de 2001.
REFERÊNCIAS:
Étnia Árabes
Vírus da poliomielite já ameaça Europa
Organização Mundial de Saúde considera que propagação do “vírus da paralisia infantil” já se tornou num risco de saúde pública. (...)

Vírus da poliomielite já ameaça Europa
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Migrantes Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 7 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-05-05 | Jornal Público
SUMÁRIO: Organização Mundial de Saúde considera que propagação do “vírus da paralisia infantil” já se tornou num risco de saúde pública.
TEXTO: Preocupada com o aumento dos contágios de poliomielite nos últimos seis meses, a Organização Mundial de Saúde (OMS) decretou esta segunda-feira o estado de emergência mundial, pedindo aos diferentes países uma "acção coordenada" no combate à disseminação do vírus. A detecção de vários casos da doença em mais de uma dezena de países levou a OMS a considerar que estes contágios podem representar uma ameaça à escala mundial, conforme sublinhou o director-geral adjunto da organização, Bruce Aylward, a propósito de uma decisão que foi tomada após várias reuniões do Comité de Emergência da OMS. “Uma resposta coordenada é essencial para parar a transmissão internacional do vírus”, enfatiza aquela organização, que procura, assim, fazer frente aos meses de maior transmissão do vírus, Maio e Junho. Causada por um vírus de fácil propagação, a poliomielite é uma doença do sistema nervoso que pode provocar paralisia permanente ou mesmo a morte, nos casos em que os músculos envolvidos no processo respiratório são também afectados. No final do ano passado, a OMS já tinha confirmado a existência de 223 casos de poliomielite. Cerca de 60% destes casos é resultado de uma propagação internacional, para a qual contribuíram em muito os viajantes adultos, nomeadamente porque a transmissão ocorre rapidamente por via das más condições de higiene, nomeadamente através da ingestão de líquidos ou de comidas contaminadas com fezes. Então, dois especialistas alemães em doenças infecciosas alertavam, num artigo publicado na revista médica The Lancet, para o risco de o vírus da paralisia infantil voltar a fazer vítimas, nomeadamente na Europa, que acolhe um grande número de refugiados sírios. Por isso é que, no final de Janeiro passado, a Direcção-Geral da Saúde determinou que todos os grupos de imigrantes, refugiados ou asilados que chegassem a Portugal oriundos de países de risco em relação à poliomielite fossem imediatamente imunizados com uma dose suplementar da vacina contra a doença que ataca sobretudo as crianças. Os especialistas alemães consideram, porém, que vacinar apenas os refugiados, conforme recomendado pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças, é insuficiente. As preocupações quanto aos riscos crescentes de um regresso da poliomielite são tanto mais agudas quanto se sabe que países como a Bósnia, a Ucrânia e a Áustria têm uma taxa de cobertura muito fraca em termos de vacinação contra aquela doença. Às notícias do surto de poliomielite na Síria, onde a guerra civil agravou os problemas sociais com a consequente descida das coberturas das vacinas, seguiram-se outras dando conta da transmissão daquele vírus selvagem em Israel e na Palestina, enquanto o Afeganistão, a Nigéria e o Paquistão continuavam identificados como países com poliomielite endémica. Só este ano, precisa a OMS, o vírus propagou-se de três para dez países: do Paquistão para o Afeganistão, da Síria para o Iraque e dos Camarões para a Guiné Equatorial.
REFERÊNCIAS:
Entidades OMS
Sozinha, uma mulher negra fez frente a 300 neonazis
A imagem tornou-se viral na Suécia e já está a correr o mundo. (...)

Sozinha, uma mulher negra fez frente a 300 neonazis
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Migrantes Pontuação: 11 Africanos Pontuação: 7 | Sentimento -0.16
DATA: 2016-12-31 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20161231230727/http://www.publico.pt/1731016
SUMÁRIO: A imagem tornou-se viral na Suécia e já está a correr o mundo.
TEXTO: O que leva uma mulher a desafiar cerca de 300 neonazis? A protagonista desta história é Tess Asplund, uma mulher de 42 anos, com ascendência africana, cuja sua imagem se tornou viral depois de ter enfrentado sozinha, no último domingo, uma manifestação organizada pelo Movimento da Resistência Nórdica, na cidade de Borlänge, Suécia. A imagem de Tess Asplund de punho erguido a enfrentar o grupo de extrema-direita está a correr o mundo. Entrevistada pelo jornal britânico The Guardian, Asplund conta que não reflectiu e agiu no momento. “Foi um impulso. Eu estava tão zangada, tive de sair para a rua”, confessa. “Só pensava: nem pensar, eles não podem marchar aqui. Nenhum nazi vai marchar aqui, não está correcto”. Depois da manifestação, apanhou um comboio para Estocolmo e esqueceu o assunto. Segunda-feira percebeu que a foto estava a correr as redes sociais. Agora teme pelos seus 50 kgs de coragem que lhe parecem pouco quando pensa nos “grandes e loucos” membros do grupo de extrema-direita. “Talvez não o devesse ter feito, quero paz e sossego”, desabafa. O medo não é em vão. Tess afirma que as acções daquele grupo lhe são familiares e conta que alguns dos seus amigos já foram atacados e obrigados a mudar de casa. A mulher já recebeu telefonemas anónimos a meio da noite onde pessoas lhe gritam do outro lado do auscultador. “É difícil falar sobre o ódio. Sinto vergonha por termos este problema. As autoridades dizem que é um país democrático. Mas estamos a falar de nazis! É horrível”, confessa. A manifestação de domingo acontece numa altura em que os movimentos de extrema-direita estão a aumentar na Suécia, explica Daniel Poohl, editor da Expo, uma revista anti-racista sueca, à qual pertence o fotógrafo que captou a imagem viral. O impacto da fotografia foi tal que os meios de comunicação suecos já a compararam a uma outra famosa imagem, capturada por Hans Runesson em 1985, e que ficou conhecida como “a senhora com a mala”. Na imagem, hoje com mais de três décadas, uma mulher usa a sua mala para bater num skinhead do partido neo-nazi sueco, dissolvido em 2009. As sondagens mostram que os Democratas Suecos, um partido nacionalista, conservador e anti-imigração, conquistam 15% a 20% das intenções de voto dos eleitores e mantêm o poder no Parlamento, enquanto a proliferação do seu discurso se espalha por sites que incitam ao ódio. É no espectro mais extremista desta ideologia que encontramos o Movimento da Resistência Nórdica, explica Poohl. “Vivemos numa Europa onde as ideias de extrema-direita se estão a tornar cada vez mais populares e também existe uma reacção contra elas”. “Vivemos dias em que as pessoas aguardam por algo que canalize esta necessidade de resistir à Europa que constrói muros e fronteiras contra refugiados, uma Europa com quem não podem cooperar mais. O gesto de Tess capturou um desses conflitos actuais”, analisa. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Recorde-se que a Suécia rejeitou, no início deste ano, a entrada de mais refugiados e migrantes da Ásia e Médio Oriente, alegando receio de que esta vaga ameace a segurança nacional, depois de se terem registado episódios de violência em centros de acolhimento de refugiados. Em Janeiro o país começou a recusar a entrada de migrantes sem documentos. No último ano, as Nações Unidas consideraram que o país tem um problema específico de Afrofobia. "O racismo foi normalizado na Suécia. Pensava que a Suécia em 2016 iria ser mais aberta, mas alguma coisa aconteceu”, lamenta Tess. “Espero que algo positivo resulte desta fotografia. Talvez aquilo que eu fiz se torne um símbolo de que qualquer pessoa pode fazer alguma coisa. Se uma pessoa o conseguiu, qualquer um consegue”, conclui.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave violência imigração mulher racismo medo racista vergonha
Perguntas e respostas sobre a imigração no Mediterrâneo
A pressão migratória através da rota do Mediterrâneo tem aumentado?A ONU descreveu-a recentemente como a “rota mais mortífera do mundo” num relatório da Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) que contabilizava pelo menos 3419 mortes apenas em 2014 – quando no ano anterior tinham morrido cerca de 600 pessoas. O crescimento do número de vítimas é explicado pelo aumento significativo do número de pessoas que tentou alcançar a Europa por esta via. Foram mais de 207 mil os que arriscaram a sua vida nas águas do Mediterrâneo – o triplo do registado em 2011, no auge das “primaveras” árabes, em que cerca de... (etc.)

Perguntas e respostas sobre a imigração no Mediterrâneo
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 7 Migrantes Pontuação: 13 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
TEXTO: A pressão migratória através da rota do Mediterrâneo tem aumentado?A ONU descreveu-a recentemente como a “rota mais mortífera do mundo” num relatório da Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) que contabilizava pelo menos 3419 mortes apenas em 2014 – quando no ano anterior tinham morrido cerca de 600 pessoas. O crescimento do número de vítimas é explicado pelo aumento significativo do número de pessoas que tentou alcançar a Europa por esta via. Foram mais de 207 mil os que arriscaram a sua vida nas águas do Mediterrâneo – o triplo do registado em 2011, no auge das “primaveras” árabes, em que cerca de 70 mil fugiram à instabilidade nos seus países. A subida acentuada ocorreu sobretudo a partir do Verão, coincidindo com o aumento da violência na Síria e no Iraque perpetrada pelo grupo autodenominado Estado Islâmico. Em Maio, a Frontex, a agência europeia responsável pelo controlo das fronteiras, estimava que até ao final do ano mais de 140 mil pessoas tentariam chegar ao continente através do Mediterrâneo – previsão amplamente ultrapassada. Há quatro grandes rotas normalmente utilizadas por imigrantes para alcançar a Europa através do Mediterrâneo. É sobretudo através da Rota do Mediterrâneo Central – cuja porta de entrada é o sul da Itália – que a maioria chega ao continente (mais de 40 mil em 2013, de acordo com a Organização Internacional para as Migrações). Porém, a OIM estima que apenas 10% das entradas de imigrantes ilegais na Europa se faça através de barco. A travessia do Mediterrâneo passou a ser mais utilizada nos últimos anos cinco anos, sobretudo por causa do maior policiamento das fronteiras europeias terrestres e aéreas, obrigando ao recurso a meios menos seguros como pequenos barcos pesqueiros. De onde vem a maioria dos imigrantes clandestinos?O fluxo migratório para a Europa está intimamente associado às dinâmicas geopolíticas dos países e regiões de origem dos imigrantes. Em 2014, cerca de metade dos que atravessaram o Mediterrâneo vieram da Síria e da Eritreia, países que a ACNUR identifica como “produtores de refugiados”, o que indicia que factores como os conflitos armados e a perseguição política sejam as principais razões, destronando as condições sócio-económicas, para a imigração ilegal. Esta tendência teve início em 2011, quando as autoridades italianas reportaram um aumento de 35% nas detenções de imigrantes ilegais, provenientes sobretudo da Tunísia, na altura em processo revolucionário. A vaga mais recente é a dos refugiados da guerra civil síria. No último trimestre de 2012, segundo a Frontex, foram apenas 96 os sírios que utilizaram a Rota do Mediterrâneo Central, mas um ano depois o número disparou para mais de 3400 no mesmo período. Ao todo, dos 107 mil imigrantes clandestinos contabilizados pela agência europeia em 2013, quase um quarto vinha da Síria e cerca de 10% da Eritreia. No que respeita a pedidos de asilo, são também os sírios – cerca de 47 mil em 2013 – que ocupam a primeira posição, à frente da Rússia (35 mil) – sobretudo de chechenos – e do Afeganistão (21 mil). Ao Médio Oriente e ao Norte de África como regiões de origem junta-se a África Subsariana, onde os potenciais imigrantes fazem longas travessias até alcançar os países de acesso ao Mediterrâneo, geralmente a Tunísia e a Líbia. A República Centro-Africana, o Chade e o Mali são os países de onde saem o maior número de refugiados da região, segundo a OIM. Em que países europeus se fixam?Depois de ultrapassarem a perigosa travessia do Mediterrâneo e alcançarem o continente europeu, os imigrantes enfrentam um longo e tortuoso processo para conseguirem o estatuto de refugiado. Nos vários centros de detenção nos países de acesso – Itália, Grécia, Malta e Espanha – são frequentemente vítimas de abusos e maus-tratos, de acordo com algumas organizações de defesa dos direitos humanos. Apesar de serem os países do Sul as portas de entrada para os imigrantes clandestinos, é a Norte que eles se costumam fixar. Em 2013 foram aceites mais de 430 mil pedidos de asilo – uma subida de 30% – com a Alemanha a receber um quarto do total, segundo o Eurostat, seguindo-se a França e a Suécia, com cerca de metade. No último ano, o número de refugiados recebidos pela Alemanha superou os 200 mil.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU
Boko Haram ataca pela primeira vez no Chade
Cinco mortos na primeira retaliação directa contra o país que lidera a ofensiva regional contra os extremistas nigerianos. (...)

Boko Haram ataca pela primeira vez no Chade
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 7 | Sentimento 0.25
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Cinco mortos na primeira retaliação directa contra o país que lidera a ofensiva regional contra os extremistas nigerianos.
TEXTO: Pela primeira vez, combatentes do Boko Haram atacaram em solo do Chade, retaliando contra o país que tomou a dianteira na ofensiva militar contra o grupo extremista. Os atacantes chegaram durante a madrugada a uma aldeia nas margens do Lago Chade que acolheu milhares de refugiados, matando pelo menos cinco pessoas. Foi a mais recente de várias acções transfronteiriças lançadas nas últimas duas semanas pelo Boko Haram, depois de a União Africana ter autorizado, no final de Janeiro, a criação de uma força regional de 8700 homens para travar o grupo, que controla já uma importante faixa no Nordeste da Nigéria e planeia estender o emirado que auto-proclamou às regiões em redor do Lago Chade. Os pormenores da missão estão ainda a ser ultimados, mas o Presidente chadiano, Idriss Deby, decidiu assumir a iniciativa, mobilizando centenas de soldados para combater os radicais na Nigéria e nos países vizinhos. No dia 3, o Exército chadiano, um dos mais bem treinados da região, expulsou os radicais da cidade nigeriana de Gamboru, colada à fronteira com os Camarões. Os extremistas vingaram-se no dia seguinte, com uma incursão no país vizinho que provocou perto de uma centena de mortos. O Governo de Yaoundé apressou-se a aprovar a sua participação na missão regional, num passo seguido dias depois pelo Níger. Na retaliação, o Boko Haram lançou quarta-feira vários ataques contra Diffa, cidade separada da Nigéria apenas por um rio, provocando o êxodo de milhares de habitantes e de parte dos 150 mil refugiados nigerianos que ali tinham procurado abrigo. Na madrugada desta sexta-feira chegou a vez do Chade. Segundo o Exército local, cerca de 30 combatentes chegaram em lanchas motorizadas a Ngouboua, uma aldeia ribeirinha onde tinham encontrado refúgio sete mil nigerianos que fugiram ao massacre em Baga, cidade arrasada pelo Boko Haram no início de Janeiro. Um residente contou à AFP que dois terços das casas da aldeia foram incendiadas e pelo menos cinco pessoas morreram – o chefe da aldeia, um polícia e três civis – antes de o Exército conseguir pô-los em fuga. O agravamento do conflito no Nordeste da Nigéria levou ao adiamento por seis semanas das eleições presidenciais, que estavam marcadas para este sábado, sem que haja indícios de um abrandamento da violência. Só na quinta-feira, 21 pessoas morreram em dois atentados suicidas em aldeias próximas de Maiduguri, a capital do estado de Borno, epicentro da rebelião do Boko Haram que, só em 2014, foi responsável por mais de 11 mil mortos.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homens violência
Proliferação de crises humanitárias leva ONU a pedir orçamento recorde
Anúncio surge uma semana depois de o Programa Alimentar Mundial ter revelado que está obrigado a suspender a sua actividade por falta de financiamento. (...)

Proliferação de crises humanitárias leva ONU a pedir orçamento recorde
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 7 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Anúncio surge uma semana depois de o Programa Alimentar Mundial ter revelado que está obrigado a suspender a sua actividade por falta de financiamento.
TEXTO: A ONU pediu um valor recorde de 13, 3 mil milhões de euros para as suas operações de ajuda no próximo ano, com o apoio aos refugiados da guerra civil síria no topo das prioridades. Ao todo, está previsto que o conflito sírio represente mais de 40% das necessidades de financiamento das Nações Unidas. A ONU pretende destinar 3, 6 mil milhões para ajudar os mais de três milhões de refugiados sírios, que fugiram à guerra para os países vizinhos – só o Líbano recebeu um milhão de pessoas. Do orçamento, 2, 3 mil milhões de euros vão servir ainda para apoiar os sírios que se encontram deslocados dentro do seu país. O anúncio surge uma semana depois de o Programa Alimentar Mundial – que integra o trabalho da ONU na Síria – ter revelado que está obrigado a suspender a sua actividade por falta de financiamento. À guerra síria juntam-se as crises no Sudão do Sul e na República Centro-Africana, que no orçamento do ano anterior (10, 6 mil milhões de euros), já correspondiam às grandes prioridades da ONU. Este ano, o conflito na Ucrânia, a ameaça do Estado Islâmico e o surto de ébola na África ocidental aumentaram obrigaram a ONU a aumentar o seu raio de acção. “Estamos a enfrentar necessidades a um nível sem precedentes”, disse a chefe dos assuntos humanitários das Nações Unidas, Valerie Amos, numa conferência de imprensa esta segunda-feira em Genebra.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU
Portugal cai, mas continua no top 20 dos melhores países para se ser mãe
O país ocupa a 16.ª posição no relatório da Save the Children. Lisboa é a quinta melhor capital. (...)

Portugal cai, mas continua no top 20 dos melhores países para se ser mãe
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 7 Africanos Pontuação: 7 Animais Pontuação: 7 | Sentimento 0.75
DATA: 2015-10-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: O país ocupa a 16.ª posição no relatório da Save the Children. Lisboa é a quinta melhor capital.
TEXTO: Portugal ainda não está no top 10 dos melhores países para se ser mãe, segundo o relatório da organização não-governamental Save the Children de 2015, embora continue a ocupar uma posição entre os 20 países que melhores condições oferecem a uma mulher para ter um filho. Em 2014, o país estava no 14. º lugar, mas este ano desceu para o 16. º, numa lista de 179 países. Lisboa surge, no entanto, em quinto, quando analisada a taxa de mortalidade infantil entre 25 capitais com maior rendimento económico. O ranking da Save the Children, revelado nesta terça-feira, atribuiu o 16. º lugar a Portugal com base em cinco critérios: a saúde materna e infantil, incluindo a taxa de mortalidade abaixo dos cinco anos, o nível de educação, o bem-estar económico e a participação das mulheres na política do seu país. Segundo dados recolhidos junto de organizações a operar nos países avaliados, em alguns casos até Março deste ano, a Save the Children avança que, no caso português, uma em cada 8800 mulheres morreu durante a gravidez ou o parto e registou-se uma média de 3, 8 mortes por cada mil nascimentos. As portuguesas estudam uma média de 16 anos e recebem cerca de 18. 900 euros anuais, mais 500 euros do que os valores difundidos em 2014 pela organização. Cerca de 31% dos assentos no Parlamento português são ocupados por mulheres. No ano passado, Portugal ocupava a 14. ª posição mas este ano caiu dois lugares, depois de ter sido ultrapassado pela Eslovénia e Singapura, em 2014 na 17. ª e 15. ª posições, respectivamente. A Noruega é considerado o melhor país entre 179 para se ser mãe, seguindo-se a Finlândia e a Islândia. Espanha surge em 7. º lugar, à frente da Alemanha (8. º), Itália (12. º) e Suíça (13. º). A Austrália, em 9. º, é o único país não-europeu a entrar no top 10. Os Estados Unidos estão no 33. º lugar. As piores condições para a maternidade confirmaram-se na Somália, em último, mas também na Guiné-Bissau, Chade, Costa do Marfim, Mali ou Níger. Segundo a Save the Children, nestes países as condições para mães e crianças são “severas”. Uma em cada 30 mulheres morre devido a complicações na gravidez e uma em cada oito crianças não chega ao quinto aniversário. “Nove dos 11 países no fim da lista são afectados por conflitos ou são considerados como Estados frágeis, o que significa que estão a falhar em aspectos fundamentais para realizar funções necessárias para satisfazer as necessidades básicas dos seus cidadãos”, explica a organização. No relatório foi ainda criada uma lista com dados sobre a taxa de mortalidade em 25 capitais do mundo com os rendimentos mais elevados. Lisboa surge em quinto num índice liderado por Praga (República Checa), seguida de Estocolmo (Suécia), Oslo (Noruega) e Tóquio (Japão). A média de 3, 8 mortes por cada mil nascimentos atribuiu o quinto lugar à capital portuguesa (em Praga a média é de 3, 6). No fim da lista surge Washington, Estados Unidos, com uma média de 6, 6 mortes por mil nascimentos, cerca de três vezes mais do que as verificadas em Tóquio e em Estocolmo. No relatório deste ano, a Save the Children sublinha que, todos os dias, morrem 17 mil crianças antes de celebrarem cinco anos. “Cada vez mais, essas mortes evitáveis ocorrem em favelas das cidades, onde a sobrelotação e as más condições sanitárias existem ao lado de arranha-céus e centros comerciais”, indica o documento, sublinhando que, actualmente, metade da população mundial vive em áreas urbanas. As diferenças no acesso a cuidados de saúde e alimentação equilibrada deixaram de se estabelecer só entre as zonas rurais e as cidades para passarem a ser assinaladas também nos grandes centros urbanos. Segundo a ONG, em 60% dos países em desenvolvimento, as crianças que vivem em situação de pobreza nas cidades têm probabilidades mais baixas de sobreviver do que aquelas que vivem em áreas rurais. Em dois terços dos países analisados, as crianças pobres que vivem em zonas urbanas correm, pelo menos, duas vezes mais riscos de morrer antes dos cinco anos do que as crianças em áreas urbanizadas consideradas ricas. O ranking encontrou “enormes disparidades” no acesso aos cuidados pré-natais e de obstetrícia. As maiores diferenças no acesso à saúde pré e pós-natal foram encontradas em Nova Deli (Índia), Daca (Bangladesh), Port-au-Prince (Haiti) e em Díli (Timor-Leste). Quando se fala em nutrição infantil, as disparidades mais significativas foram registadas também em Daca, Nova Deli e ainda em Addis-Abeba (Etiópia) e Kigali (Ruanda). Notícia corrigida às 16h34: Altera valor em dólares (21. 200) para valor em euros (18. 900).
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave filho educação mulher mulheres pobreza infantil marfim