Detido suspeito do assalto a jornalistas portugueses em Magaliesburg
A polícia sul-africana anunciou que deteve um suspeito do assalto ao hotel em que estavam alojados jornalistas portugueses destacados para a cobertura do Mundial 2010. (...)

Detido suspeito do assalto a jornalistas portugueses em Magaliesburg
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Africanos Pontuação: 5 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-06-09 | Jornal Público
SUMÁRIO: A polícia sul-africana anunciou que deteve um suspeito do assalto ao hotel em que estavam alojados jornalistas portugueses destacados para a cobertura do Mundial 2010.
TEXTO: O suspeito foi detectado através de um sinal de um telemóvel roubado durante o assalto ao complexo de casas de campo Nutbush, em Magaliesburg, onde se encontravam os jornalistas. Na operação, a polícia conseguiu recuperar a credencial do jornalista fotográfico António Simões, da Global Imagem. O assalto terá sido levado a cabo por vários homens armados, cerca das 04h00 locais (03h00 em Lisboa). A polícia sul-africana montou depois uma operação para tentar encontrar os assaltantes, estando no local do alojamento dos jornalistas um forte contingente policial - as forças de segurança utilizam cães e mobilizaram também um helicóptero. Os assaltantes levaram material fotográfico, passaportes, credenciais do Mundial 2010 e roupa dos quartos onde dormiam dois jornalistas portugueses e um espanhol, que, contudo, não foram alvo de violência.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homens violência campo cães assalto
O Mundial de A a Z
AyobaA expressão nasceu nas “townships” de Joanesburgo e vulgarizou-se com o primeiro Mundial africano. Os sul-africanos usam-na quando estão eufóricos. Contra todas as expectativas, o Campeonato do Mundo foi um sucesso. Ontem, em jeito de resumo, Blatter atribuiu-lhe nota nove “porque a perfeição não existe”. Mas os estádios merecem nota dez. Porque a perfeição existe. (...)

O Mundial de A a Z
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Africanos Pontuação: 5 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-07-13 | Jornal Público
SUMÁRIO: AyobaA expressão nasceu nas “townships” de Joanesburgo e vulgarizou-se com o primeiro Mundial africano. Os sul-africanos usam-na quando estão eufóricos. Contra todas as expectativas, o Campeonato do Mundo foi um sucesso. Ontem, em jeito de resumo, Blatter atribuiu-lhe nota nove “porque a perfeição não existe”. Mas os estádios merecem nota dez. Porque a perfeição existe.
TEXTO: Bafana BafanaPela primeira vez, uma selecção anfitriã não passou dos quartos-de-final da competição. A contratação de Carlos Alberto Parreira não chegou para disfarçar as fragilidades da selecção sul-africana, que se despediu com uma derrota, um empate e uma vitória. CristianoA publicidade da Nike transformou-se numa maldição. Drogba, Canavarro, Rooney, Ribéry, Cristiano Ronaldo. . . Eles (mais Messi, Kaká. . . ) foram alguns dos fracassos do Mundial. Deus“Eu e os argentinos olhamos para ele como bebés à frente de um biberão”, disse Signorini, preparador físico da Argentina. Nós também. Deus há só um. Maradona. Dele se continuará a falar durante mil anos. Eduardo“Eduardo mãos de tesouro”. Título feliz o do PÚBLICO que resume a dedicação de um dos quatro jogadores portugueses que saíram do Mundial valorizados. Eduardo, Coentrão, Raul Meireles e Tiago. FrançaQuando se arrastou para fora da África do Sul, a selecção francesa saiu por uma porta tão pequena que teve de engolir um comprimido para encolher, como na história da Alice. Não há memória de uma prestação tão frustrante. GanaQuando a África do Sul se despediu do Mundial, a jovem equipa do Gana tomou o seu lugar nos corações dos sul-africanos, que a adoptaram. Chamaram-lhe Bagana Bagana. Mas Milovan Rajevak ficou a um triz de conseguir um recorde para uma selecção africana. O Gana ficou nos quartos-de-final, na mesma etapa onde tinham ficado os Camarões e a Nigéria. HondurasDuas equipas saíram da prova sem festejarem golos: Honduras e Argélia. A Coreia do Norte foi a equipa que mais golos sofreu. Ao todo foram 12. InvernoBarretes, cachecóis, luvas, até cobertores. Há muito que os adeptos não sentiam na pele um Mundial com temperaturas abaixo de zero (e com chuva torrencial). JabulaniNão deve ter havido uma conferência de imprensa (e eram diárias) em que os jornalistas não falassem da bola mais polémica de sempre. Bola de supermercado. Bola de praia. Jogadores e treinadores insultaram-na de tudo. A bola mais redonda de sempre, vendeu a Adidas. A FIFA prometeu mediar uma conversa entre o fabricante e os treinadores das selecções presentes. KloseUma dor nas costas impediu Klose (cinco golos em 2002, cinco em 2006 e quatro em 2010) de tentar marcar o 15. º golo em fases finais do Mundial que lhe permitiria igualar a marca recorde do brasileiro Ronaldo. O alemão, 32 anos, já não deve participar no Mundial 2014, no Brasil. LarriondaNa lista negra de futuros compêndios do Mundial surgirá o nome de Jorge Larrionda, árbitro uruguaio que deixou Lampard de boca aberta e a Inglaterra de cabelos em pé (se é que já não estava antes). Vinte e sete de Junho. Dia negro para a arbitragem, que deixou passar um golo de Tévez num escandaloso fora-de-jogo. Tecnologias para 2014? Blatter assume que sim, que a linha de golo terá de ser mais vigiada. MüllerVan Gaal, treinador do Bayern Munique, sentiu saudades de Thomas Müller, um jovem que faz tudo bem. Vencedor da Bola de Ouro e do prémio de melhor jogador jovem. NaniEstá neste alfabeto porque não esteve no Mundial - e fez falta - e porque simboliza uma série de imbróglios, linhas cruzadas e diz-que-disse entre jogadores (lesionados, frustrados, mimados) e Queiroz. OlegárioO árbitro tinha avisado que uma das duas equipas portuguesas iria para casa mais cedo. Olegário Benquerença (que formou equipa com Bertino Miranda e José Cardinal) resistiu até aos quartos-de-final. PaulFoi o Mundial do Twitter e do Facebook, mas quem amealhou mais fãs foi o polvo Paul, o animal mais famoso do Mundial depois do cão Pickles. Não recuperou o troféu roubado como o cão britânico, mas este polvo alemão antecipou todos os movimentos do placard. Sem uma única falha. A Nova Zelândia também fez um pleno (foi a única equipa que não perdeu nenhum jogo). E a Suíça orgulha-se de ter batido a nova campeã. QuagliarellaEsteve em campo 44’ e pode gabar-se de ter feito o que muitos italianos não conseguiram. Entrou de cabeça erguida, marcou um excelente golo (e mais dois, anulados), suou a camisola e saiu lavado em lágrimas. A Itália de Marcello Lippi não honrou o título que conquistara em 2006. RioO Mundial volta à estaca zero. Algumas horas depois de Casillas erguer o troféu, a FIFA referiu “alguns problemas” a resolver no projecto brasileiro para 2014. São as estradas, os estádios, os aeroportos e, sobretudo, a segurança. Será também a oportunidade de a selecção brasileira se redimir de mais um Mundial frustrante. SeppQuando ontem o confrontaram com os apupos no Soccer City, durante a cerimónia de abertura, Sepp Blatter fez ouvidos de mercador. “Não ouvi, percebi apenas que havia menos vuvuzelas. ” Sobre as costas do suíço, presidente da FIFA, caiu a bola mais redonda de sempre, as tecnologias e os erros de arbitragem. Tiqui-tacaOitenta anos, 19 edições e finalmente mais um nome na lista de vencedores. Espanha junta-se a Brasil, França, Inglaterra, Alemanha, Uruguai, Argentina e Itália. Foi a vitória do tiqui-taca, o estilo que todos aprenderam a apreciar no Europeu de 2008 e que foi transportado quase intacto para o Mundial 2010. UruguaiConsta que só o seleccionador norte-coreano tinha um salário menor do que Óscar Tabárez, um herói no Uruguai, quarto classificado. Foram muitos os protagonistas de uma selecção preparada para “lutar até à morte”. O mais mediático foi Forlán, eleito Bola de Ouro do torneio, que poucas vezes tinha fugido às duas equipas da final para escolher o melhor. VuvuzelaUm enxame de vespas. Uma manada de elefantes. Primeiro estranha-se, depois odeia-se. As vuvuzelas são uma praga. Ponto final. WesleyPalavras para quê? O ano de 2010 foi dourado. Título e taça italianos, vitória na Liga dos Campeões e uma exibição marcante (cinco golos) na África do Sul. Se a Holanda não foi mais longe foi porque Robben, outra das suas mais-valias, não quis nada com mais uma assistência exemplar de Wesley Sneijder. XaviHoras antes da final, o voto do PÚBLICO para o melhor jogador do Mundial foi para Xavi. Iniesta marcou o golo decisivo (dedicou-o a Jarque, falecido capitão do Espanyol). E eles são o pêndulo, o início de todas as estatísticas. Dos 121 remates à baliza, dos 3803 passes completos, do título que fez com que os espanhóis fossem à lua, do regresso de Espanha ao primeiro lugar do ranking da FIFA. Mantemos o voto. YeboSignifica sim em zulu, uma das 11 línguas oficiais da África do Sul. Sim, Nelson Mandela esteve na cerimónia de encerramento do Campeonato do Mundo que o próprio sonhara para o continente africano. Mandela, que completa 92 anos no próximo dia 18, sorriu sempre para os mais de 85 mil espectadores que encheram o Soccer City e em troca recebeu um coro “Madiba! Madiba! Madiba!”. Foi o momento mais alto do Mundial. ZumaO presidente sul-africano acredita que o país não irá parar com o desaparecimento do Mundial. Jacob Zuma passou os últimos meses a falar de desafios sociais e um deles é a educação de cerca de 72 milhões de crianças. Até 2015, o país pretende reduzir esse número para metade.
REFERÊNCIAS:
Melhorar é a palavra de ordem para Portugal e Marrocos
Selecção africana, com o toque de Hervé Renard, tenta sobreviver no Grupo B. Fernando Santos quer equipa ao nível do Euro 2016. (...)

Melhorar é a palavra de ordem para Portugal e Marrocos
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Africanos Pontuação: 5 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-06-20 | Jornal Público
SUMÁRIO: Selecção africana, com o toque de Hervé Renard, tenta sobreviver no Grupo B. Fernando Santos quer equipa ao nível do Euro 2016.
TEXTO: Primeiro foi uma Espanha “em crise”, vítima das suas próprias idiossincrasias, mas que mostrou em Sochi ter sabido resolver os problemas antes de entrar em campo. Hoje será Marrocos, selecção que chegou ao Mundial 2018 moralizada por um ano inteiro sem qualquer derrota, mas que surpreendentemente caiu na estreia frente ao Irão, deixando presa por arames a auto-estima e a sua relação com os exigentes adeptos. Sem margem de erro, o francês Hervé Renard, seleccionador do segundo adversário de Portugal, terá, assim, que recuperar no Estádio Luzhniki os créditos que fizeram de si um dos mais cobiçados treinadores em África. Com menos problemas para resolver, Fernando Santos vai mexer no ataque e resgatar uma parceria de sucesso: Cristiano Ronaldo e André Silva. Na Zâmbia é considerado um herói; na Costa do Marfim é lembrado com saudade; em Marrocos já há quem o chame de “mágico”. Pouco reconhecido na Europa, o treinador do segundo adversário de Portugal no Mundial 2018 tem, aos 49 anos, um currículo invejável em África e é o grande responsável pela enorme evolução da selecção marroquina nos últimos anos. Em 2012, Hervé Renard conseguiu levar uma modesta selecção zambiana a uma vitória inédita na Taça das Nações Africanas (CAN). O sucesso no continente despertou o interesse do Sochaux, mas, de regresso ao seu país, Renard não foi feliz: acabou despromovido à segunda divisão francesa. O falhanço em França motivou novo regresso a África. Destino: Costa do Marfim. Resultado: Nova vitória na CAN (2015). Renard tornava-se no primeiro treinador a vencer a prova por dois países diferentes. A proeza não passou despercebida. Com nova proposta saída de França, Renard cedeu ao convite do Lille, mas seis meses depois, com 13 pontos em 13 jogos, acabou despedido. Sem clube, o técnico voltou a “casa”. Em Fevereiro de 2016, o francês foi apresentado como novo seleccionador de Marrocos e precisou de um ano para, duas décadas depois, voltar a apurar os marroquinos para um Campeonato do Mundo. E o registo, num grupo no qual estavam também a Costa do Marfim, o Gabão e o Mali, impressionou: zero derrotas e zero golos sofridos. Mas qual é o segredo do sucesso de Hervé Renard em África? O francês coloca o mérito em Claude Le Roy, actual seleccionador do Togo, de quem foi adjunto e de quem recebeu um importante conselho na primeira vez que trabalharam juntos em África: “Disse-me que o importante é ser tolerante. Não podemos chegar a África e dizer que em França se fazem as coisas desta ou daquela maneira. É preciso esquecer tudo, deixar de lado as comparações. Se mantivermos o espírito aberto sobre a cultura, as tradições e a mentalidade, podemos ter sucesso. ”Ontem, na sala de imprensa do Estádio Luzhniki, Renard mostrou que as suas qualidades não se ficam pela forma como gere o ego dos sempre problemáticos balneários africanos. Com habilidade e diplomacia, o treinador soube não hostilizar o grande trunfo do seu adversário — “Cristiano Ronaldo é um jogador excepcional, tentaremos que seja menos excepcional” —, mas fez questão de deixar claro que Portugal não se resume a um jogador, por muita qualidade que tenha: “Se colocar três a marcarem o Ronaldo, quem marca os outros? Ele lesionou-se na final do Euro 2016 e Portugal venceu a França”, recordou. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. E um dos “outros” que os marroquinos terão de marcar no palco da final do Mundial 2018 será, muito provavelmente, André Silva. Fernando Santos escondeu o jogo na antevisão da partida, mas o avançado do AC Milan deverá ser titular em Moscovo, contra Marrocos, reeditando, com Cristiano Ronaldo, uma dupla que foi de enorme sucesso ao longo da fase de qualificação. A outra previsível alteração em relação ao jogo com a Espanha é a entrada de João Mário, relegando Bruno Fernandes para o banco de suplentes. Neste cenário, o médio que na última época esteve emprestado pelo Inter Milão ao West Ham deverá ocupar o corredor esquerdo, com Bernardo Silva a surgir novamente do lado oposto. “Temos capacidade para fazer melhor do que fizemos contra a Espanha”, anotou ontem Fernando Santos, garantindo que “Portugal está pronto e preparado” para o segundo jogo no Mundial. O técnico português reconhece que Marrocos “tem um treinador experiente, jogadores de qualidade, que actuam nos melhores campeonatos europeus, e é uma equipa muito organizada”, que “disputa o jogo no limite”. Independentemente dos predicados do adversário, para o selecionador de Portugal só há um caminho a seguir, o mesmo que tem trilhado a selecção nos últimos anos: “Basta jogar ao melhor nível, como fizemos no Europeu. Se fizermos isso, acredito que vamos ganhar. ”
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave cultura campo ataque marfim
Amnistia Internacional: o ambiente na Europa é "como nos anos 1930"
Relatório de 2016 da associação de defesa dos direitos humanos sublinha papel da Europa no recuo de alguns direitos, por exemplo dos refugiados. (...)

Amnistia Internacional: o ambiente na Europa é "como nos anos 1930"
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 5 Refugiados Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-02-22 | Jornal Público
SUMÁRIO: Relatório de 2016 da associação de defesa dos direitos humanos sublinha papel da Europa no recuo de alguns direitos, por exemplo dos refugiados.
TEXTO: A retórica populista e a demonização do outro está a levar a Europa a um clima de tensão que faz lembrar os anos antes da II Guerra e que tem levado a uma deterioração dos direitos humanos no mundo, denuncia a Amnistia Internacional no seu relatório anual de 2016. “A situação está a chegar a tal ponto que esta retórica divisiva, que aponta culpados em vez de apontar soluções, tem consequências”, declarou o director da secção portuguesa da Amnistia Internacional, Pedro Neto. "Há um ambiente como nos anos de 1930, que pensávamos que nunca seria possível". A presença de países em guerra, com conflitos ou ditaduras como autores de graves violações de direitos humanos no documento da Amnistia é esperada, mas neste relatório há muito a apontar a países em paz. O medo de perder segurança e prosperidade está a levar vários países a recuar em termos de respeito de direitos humanos. A AI avisa para um risco de efeito dominó, para o qual a Europa está a contribuir, em especial quanto aos direitos dos refugiados. “A Europa não está a ter a resposta ideal”, diz Pedro Neto, numa conversa telefónica com o PÚBLICO. “Em alguns sítios estão a construir-se muros e a prender-se refugiados, como na Hungria. Temos um caso de uma família de refugiados que estava no Chipre. O homem deixou lá a mulher e os filhos e foi à fronteira da Hungria para reencontrar os seus pais com a ideia de os levar para o Chipre. Encontrou estradas bloqueadas e postos policiais. Acabou preso e acusado por desacatos. ”A AI documentou casos de 36 países que violaram a lei internacional enviando de volta refugiados para países em que os seus direitos não estão garantidos, e vários destes países são europeus. A Europa tem enviado refugiados de volta para a Turquia, e a Turquia tem enviado refugiados de regresso aos países de onde fugiram, seja por causa da guerra, como na Síria, ou de pobreza extrema persistente como na Etiópia. “O caminho é o contrário; não é de regresso, é de vinda”, diz Pedro Neto. “Os refugiados que estão em Itália e na Grécia devem seguir para outros países da União Europeia e não serem barrados por um muro, e terem de voltar para trás para as situações extremadas de onde fugiram com as suas famílias”, defende. “A Europa também viveu isso não há muito tempo, com milhões de pessoas a fugir da guerra – agora é a nossa vez de acolher. ”A organização de defesa de direitos humanos aponta a violação da lei internacional, mas critica ainda recuos feitos através de leis: a aprovação, por vários países, de medidas que dificultam direitos básicos aos refugiados, como o de reunificação de família. Vários países nórdicos (Finlândia, Suécia, Dinamarca e Noruega) aprovaram medidas para restringir pedidos de asilo e o acesso às prestações sociais associadas, uma tendência “que se observou em particular em países nórdicos que antes eram generosos”, diz o relatório. A Noruega quis mesmo assegurar que tinha “a política de asilo mais firme da Europa”. Mais uma vez a Finlândia, Suécia e Dinamarca, assim como a Alemanha, restringiram ou adiaram a reunificação familiar de refugiados, dificultando a vida de familiares de pessoas que conseguiram asilo. “O direito à união da família é um direito básico. Mas o sistema de relocalização é tão complexo que atrasa muito e temos muitas vezes famílias divididas por países diferentes”, nota Pedro Neto. “Há um exemplo português: houve recentemente notícias de refugiados acolhidos em Portugal que já saíram do país, mas não foram explicadas as razões da saída: muitos dos que saíram fizeram-no para se juntar à família que estava noutro sítio. ”É difícil ter uma narrativa clara sobre o que aconteceu no ano passado, diz o secretário-geral da Amnistia, Salil Shetty, no prefácio do relatório. “Mas a história de 2016 foi de certo modo uma história da coragem de pessoas, resiliência, criatividade e determinação face a imensos desafios e ameaças. ”Porque “em cada região do mundo houve provas de estruturas formais de poder usadas para reprimir”, escreveu Shetty. “Mas as pessoas encontraram maneiras de contrariar e ser ouvidas”. Houve casos trágicos, como o do assassínio da activista Berta Cáceres nas Honduras, que “simbolizou os perigos para indivíduos que enfrentam interesses poderosos estatais e empresariais”. O trabalho de Berta Cáceres para defender comunidades locais e as terras das pessoas de uma barragem a ser construída tornou-a um alvo a abater. Foi morta por homens armados dentro da sua própria casa. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Mas também de casos que resultaram. “Temos um exemplo em que nós, Portugal, estivemos tão ligados, a libertação de 17 prisioneiros de consciência em Angola”, aponta pelo seu lado Pedro Neto. A boa notícia do ano é, assim, que “as pessoas estão a mobilizar-se e a ganhar consciência de que também nós temos de ser líderes da transformação do mundo. ” Porque regra geral, nos grandes casos de desrespeito sistemático de direitos humanos os governos são o problema e a coragem dos civis o início da solução. Salil Shetty acaba o seu prefácio com um apelo: “2017 precisa de heróis de direitos humanos”. Pedro Neto completa: “Esse será um dos maiores trabalhos da AI em 2017 - proteger e dar voz a todos os defensores dos direitos humanos que encontrarmos e que se levantarem e apelarem a uma direcção contrária. ”
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos homens guerra lei humanos mulher homem violação medo pobreza assassínio morta
O Open Arms, com 300 pessoas resgatadas do Mediterrêneo, já chegou a Espanha
Os países de origem destes imigrantes e refugiados são a Somália e a Síria; há perto de 130 menores a bordo. Houve países que recusaram o navio ou não responderma aos apelos. (...)

O Open Arms, com 300 pessoas resgatadas do Mediterrêneo, já chegou a Espanha
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 5 Refugiados Pontuação: 8 Migrantes Pontuação: 8 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: Os países de origem destes imigrantes e refugiados são a Somália e a Síria; há perto de 130 menores a bordo. Houve países que recusaram o navio ou não responderma aos apelos.
TEXTO: Alguns dos menores que viajaram no navio Open Arms, da organização Proactiva, que chegou nesta sexta-feira ao porto de Crinavis (Cádis, Espanha), são crianças que fogem da guerra na Somália e na Síria, disse a Save The Children. Em declarações aos jornalistas em Crinavis, o director do programa para a Espanha da organização Save The Children, Vicente Raimundo, afirmou que há menores "que vêm de países em guerra, como a Somália ou a Síria, e cujas famílias escaparam de situações de fome". O Open Arms chegou ao porto na Baía de Algeciras depois de o Governo espanhol ter autorizado o desembarque. A bordo estão mais de 300 pessoas que foram resgatados no Mediterrâneo. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O barco atracou no porto de Crinavis, onde foi instalado, em Agosto, o Centro de Assistência Temporária para Estrangeiros, que é o destino final dos resgatados. O Governo de Pedro Sánchez autorizou a entrada do barco em águas territoriais espanholas depois de o navio ter recolhido, há uma semana, em águas líbias, mais de 300 pessoas, 139 delas menores, e após a recusa ou falta de resposta dos portos mais próximos. Vicente Raimundo disse que muitos dos casos identificados "passaram pela Líbia e, de acordo com as Nações Unidas, todos os migrantes que estão na Líbia passam por situações terríveis". "Estamos perante histórias realmente horríveis”.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave guerra fome
“Nem para morrer se pode ser cigano”
Associações ciganas pedem intervenção do Governo e apelam à CDU para que tome "as devidas providências". (...)

“Nem para morrer se pode ser cigano”
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 5 Mulheres Pontuação: 6 Ciganos Pontuação: 21 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-07-10 | Jornal Público
SUMÁRIO: Associações ciganas pedem intervenção do Governo e apelam à CDU para que tome "as devidas providências".
TEXTO: A Associação Nacional dos Mediadores Ciganos, Letras Nómadas, Sílaba Dinâmica de Elvas e Associação para a Igualdade de Género nas Comunidades Ciganas manifestaram nesta sexta o seu “repúdio” pelos últimos acontecimentos na Junta de Freguesia de Cabeça Gorda no concelho de Beja, frisando que “nem para morrer se pode ser cigano”. Reportam-se à decisão tomada pelo presidente da junta, Álvaro Nobre (CDU), que impediu a deposição do corpo de José António Garcia, cidadão cigano e pastor da Igreja Evangélica de Filadélfia, alegando que não tinha nascido nem era morador na freguesia. Acontece que, contrariamente ao que disse o autarca, o cidadão cigano que faleceu “era morador recenseado” na freguesia e a viúva “tem as suas raízes na Cabeça Gorda”, lê-se no comunicado emitido pelas associações ciganas em que repudiam o argumento de Álvaro Nobre de que o “falecido passava a maior parte do seu tempo noutras freguesias vizinhas”. E perguntam se “às pessoas não ciganas de Cabeça Gorda que, por questões laborais, passam a maior parte do seu tempo fora da freguesia” o critério do autarca é o mesmo. A justificação apresentada pelo autarca revela “um desrespeito moral e físico pelo cidadão falecido e sua família, além de ser claro estarmos perante um acto de discriminação racial”, refere o comunicado das associações, cujo tema é "Nem para morrer se pode ser Cigano?!"Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. “A violação da lei é mais que visível neste caso”, assinalam as associações ciganas, assumindo que vão recorrer a “todos os meios democráticos, sejam ele judiciais ou através dos mecanismos democráticos ao alcance, para que se faça justiça e se puna este autarca”. E neste sentido solicitam à ministra de Administração Interna e ao ministro-adjunto Eduardo Cabrita, através da secretaria de Estado para a Cidadania e Igualdade e Alto Comissariado para as Migrações, que “se posicionem nesta situação" que consideram "ser deplorável, indigna de um estado de direito”. O apelo é extensivo “ao Comité Central do PCP bem como aos partidos da coligação CDU” para que tomem as “devidas providências face a estes acontecimentos que envergonham os partidos e o país”.
REFERÊNCIAS:
Partidos PCP
Directora do New York Times forçada a abandonar o cargo
Motivos da saída ainda não são claros, mas Jill Abramson parece ter sido obrigada a demitir-se. Novo director é Dean Baquet, o primeiro afro-americano. (...)

Directora do New York Times forçada a abandonar o cargo
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 5 Mulheres Pontuação: 6 | Sentimento -0.10
DATA: 2014-05-15 | Jornal Público
SUMÁRIO: Motivos da saída ainda não são claros, mas Jill Abramson parece ter sido obrigada a demitir-se. Novo director é Dean Baquet, o primeiro afro-americano.
TEXTO: Jill Abramson, a directora do New York Times, foi substituída no cargo por Dean Baquet, até agora director-executivo do jornal. Abramson, de 60 anos, uma ex-repórter de investigação e editora da delegação do Times em Washington, tinha sido nomeada em 2011 e foi a primeira mulher a dirigir o diário de Nova IorqueA decisão foi anunciada aos editores sem que tivessem sido avançados pormenores – espera-se um esclarecimento posterior. O Politico avançou a notícia, sublinhado que Abramson tem tido muitos desentendimentos com Mark Thompson, o novo administrador da empresa. Vindo da BBC, assumiu uma atitude de gestão inusitadamente intrusiva nos recursos editoriais, diz a publicação norte-americana especializada em noticiário político. A saída da directora foi comunicada pelo proprietário do jornal, Arthur Sulzberger Jr, que mencionou "questões de gestão da redacção" como motivos para o afastamento de Jill Abramson. "Acredito que uma nova liderança vai melhorar alguns aspectos da gestão da redacção", disse Sulzberger Jr, numa declaração esecrita, divulgada por um porta-voz e citada pela CNN. “Adorei o tempo que passei como directora do Times. Trabalhei com os melhores jornalistas do mundo, a fazer jornalismo de afirmação”, disse Jill Abramson, num comunicado citado pelo próprio New York Times, em que sublinhou o facto de ter nomeado para cargos de chefia várias mulheres. Abramson - que não esteve presente na reunião - não vai permanecer no jornal. Dean Baquet, que a substitui, será o primeiro afro-americano a dirigir o Times. Tem 57 anos, ganhou um Prémio Pulitzer, e foi foi editor no Los Angeles Times, de onde foi forçado a sair, diz a CNN.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave mulher mulheres
Um ano depois do #MeToo, como vai o feminismo português?
Patrícia Martins, Luísa Barateiro, Lúcia Furtado e Patrícia Vassallo e Silva acordam e vão dormir com o activismo na cabeça, na voz e nas mãos. As quatro mulheres não poupam críticas à justiça portuguesa e relembram que a luta feminista não se faz sem o combate à precariedade, ao racismo ou à LGBT-fobia. (...)

Um ano depois do #MeToo, como vai o feminismo português?
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 5 Mulheres Pontuação: 21 Ciganos Pontuação: 6 Homossexuais Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-10-04 | Jornal Público
SUMÁRIO: Patrícia Martins, Luísa Barateiro, Lúcia Furtado e Patrícia Vassallo e Silva acordam e vão dormir com o activismo na cabeça, na voz e nas mãos. As quatro mulheres não poupam críticas à justiça portuguesa e relembram que a luta feminista não se faz sem o combate à precariedade, ao racismo ou à LGBT-fobia.
TEXTO: Um ano depois de Harvey Weinstein ter sido publicamente acusado de violação, abuso e assédio sexual por dezenas de mulheres e de o #MeToo ter nascido, o feminismo inundou as redes sociais, vulgarizou-se nas mensagens de t-shirts e fez-se tema (ainda mais) recorrente na cultura pop. Mas por que caminhos anda a luta feminista em Portugal? Em busca dessa resposta, o P3 foi falar com quatro feministas portuguesas que estão envolvidas na luta pela igualdade há vários anos e que acordam e vão dormir com o activismo na cabeça, na voz e nas mãos. “O movimento feminista em Portugal teve muita força na altura da despenalização do aborto — ligou associações feministas, a partidos políticos, a activistas individuais. Depois, esteve um bocadinho adormecido. Mas com esta 'Primavera Feminista', com movimentos a surgir na Argentina, nos Estados Unidos, no Brasil, começamos a assistir a um rejuvenescimento da luta, que está a juntar muitas pessoas diferentes e a chamar muitos jovens. ” Quem o diz é Patrícia Martins, activista portuense de 30 anos e militante do Bloco de Esquerda, associada à Colectiva, à Marcha de Orgulho LGBT do Porto, mas também aos Precários Inflexíveis e ao Porto não se Vende. Olhando para os últimos anos, Patrícia não tem dúvidas de que a luta feminista ganhou um novo fôlego em 2017. Relembra a Marcha das Mulheres, que aconteceu no dia seguinte à tomada de posse de Donald Trump em seis cidades de Portugal, as centenas que saíram à rua em Maio na sequência de um presumível caso de abuso sexual num autocarro no Porto, ou até os protestos de Outubro contra um acórdão judicial do Tribunal de Relação do Porto, no qual se censurava uma mulher vítima de violência doméstica e se minimizava a culpa do agressor devido à relação extraconjugal da vítima. Já em 2018, um outro acórdão do mesmo tribunal motivou mais protestos. “A justiça em Portugal não está a acompanhar uma consciência social relativamente aos crimes de violência de género”, conclui a activista. Há já uma década que Patrícia se diz feminista. Mas nunca isolou esta luta de outras paralelas: “Não é possível concretizar o feminismo sem termos outras leis laborais de protecção dos direitos dos trabalhadores ou sem outras políticas públicas de combate ao racismo em Portugal. Porque num sistema precário, de exploração e opressão, são sempre as mulheres que vão ser as mais afectadas. ”Do activismo feminista deste ano, Patrícia destaca o primeiro Encontro de Mulheres, que reuniu 200 mulheres numa escola secundária do Porto para que elas pudessem falar, na primeira pessoa, sobre as discriminações que vivem no quotidiano, mais ou menos visíveis. De lá saiu um compromisso ambicioso: organizar uma Greve Feminista a 8 de Março de 2019, semelhante à greve que aconteceu na mesma altura neste ano, em Espanha, e que contou com a adesão de mais de cinco milhões de pessoas. A activista tem dado ainda um especial apoio às marchas de orgulho LGBT no interior — “contextos onde a visibilidade e a representatividade das pessoas LGBT ainda é mais complicada” —, organizando autocarros para levar gente do Porto a cidades como Vila Real, Bragança e, pela primeira vez neste domingo, 7 de Outubro, a Viseu. Com apenas 12 anos, Luísa Barateiro passou por “uma situação grave de assédio sexual e de stalking”. Dois anos mais tarde, quis ajudar as pessoas que passaram pelo mesmo e fez-se activista. Hoje, com apenas 18 anos, a estudante de Biologia pertence à organização do Festival Feminista e está ligada ao Movimento Democrático de Mulheres e à União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR). No último sábado, 29 de Setembro, foi uma das que segurou cartazes a reivindicar “Fascismo Não”, na Praça Gomes Teixeira, no Porto, na mesma altura em que, no Rio de Janeiro, milhares de mulheres saíam à rua num protesto contra Jair Bolsonaro, candidato à presidência brasileira. “Estamos num momento histórico em que podemos ter um grande retrocesso caso pessoas como esta conquistem poder”, lamenta a feminista portuense. “Aquilo que ele diz sobre as mulheres, a visão que tem da sociedade e do mundo é muito preocupante. Está a oprimir as mulheres de uma forma. . . Pensávamos que já não íamos ter de passar por isto. ”Com o #MeToo, o movimento feminista ganhou visibilidade, reconhece. Mas, ao mesmo tempo, a sociedade polarizou-se. “O machista dos dias de hoje é mais orgulhoso, está mais consciente de o ser. Se antes tínhamos um pouco de desconhecimento — com comentários como ‘Eu luto pela igualdade, mas feminismo não, não vamos exagerar’ —, agora temos pessoas completamente radicalizadas”, explica ao P3. Por outro lado, há cada vez mais divisões na luta feminista, com grupos a fazerem “reivindicações cada vez mais concretas”, afirma: “Por vezes separamo-nos um pouco e esquecemo-nos que é a nossa união que dá resistência ao movimento. ” O Festival Feminista, criado em 2015 no Porto, quer contrariá-lo e virar os holofotes para temáticas mais camufladas dentro da luta feminista e para preocupações específicas de mulheres pobres, negras, ciganas, lésbicas, trans, entre outras, adianta Luísa. Olhando para o trabalho que ainda falta fazer, a feminista não tem dúvidas: “Falta atingir a igualdade plena”. “A sociedade está muito feminizada, já há muitas mulheres em cargos políticos, muitas mulheres a conseguirem a exprimir a sua opinião. Mas falta libertar a sociedade do patriarcado, mudar a forma como ela está organizada”, acrescenta. E a justiça é um dos sectores que precisa de uma reforma dos pés à cabeça: “Afinal, como é que vamos querer que um patrão respeite a trabalhadora se a justiça não respeita a mulher?”“Em qualquer evento feminista, ainda vemos um público maioritariamente branco. Isto acontece porque o feminismo mainstream ainda tem pouco em consideração o que está fora do contexto da mulher branca de classe média-alta e acaba por não conseguir reter mulheres de outras raças e etnias. ” Estas são palavras de Lúcia Furtado, feminista e contabilista de 36 anos, que, deparada com a pouca representatividade das mulheres negras no movimento feminista português, decidiu fundar – em conjunto com outras mulheres – a FEMAFRO. Foi em 2016, após a organização do 1. º Encontro de Feministas Negras, em Lisboa, que a associação se oficializou. Mais de 100 mulheres negras, africanas e afro-descendentes juntaram-se para discutir e partilhar experiências sobre o racismo e o feminismo. Isto porque a luta feminista “não se faz sem a intersecção”, explica. “As questões de género são importantes, mas não são as únicas a afectar as mulheres. A questão da classe, da orientação sexual, da raça – todas as opressões acabam por se fundir. E, se queremos combater algo, não nos podemos centrar somente numa questão, é preciso trabalhá-las em conjunto. ”A 15 de Setembro, cerca de 2500 pessoas responderam ao apelo de mais de 60 organizações e juntaram-se no Largo de São Domingos, em Lisboa, numa mobilização contra o racismo. Lúcia esteve lá. Aliás, a lisboeta chegou mesmo a tirar férias “para estar completamente concentrada na organização da mobilização”, que partiu de reuniões de um grupo de mulheres negras “com vontade de fazer algo relativamente ao julgamento dos polícias de uma esquadra de Alfragide”, acusados de tortura e racismo a seis jovens da Cova da Moura, adianta. Ao pensar na evolução do movimento feminista no país, Lúcia — também activista da Djass – Associação de Afrodescendentes — destaca a “pluralidade de movimentos” que nasceram, mas também a “vaga de jovens que tem vindo do Brasil” nos últimos anos, para estudar ou trabalhar: “Eles têm dado tanto ao movimento negro como ao movimento feminista um boost muito grande, porque têm um longo historial de activismo e militância em várias áreas que nós não temos. ” Mas ainda há muito trabalho pela frente, ao nível da “desconstrução pessoal de preconceitos”. “Tem de haver uma maior capacidade de ouvir o outro e de se pôr no lugar do outro”, acredita. “Nem sempre a nossa função é falar. Por vezes é sentar, ouvir e apoiar. ”E isso passa também pela educação, conclui Lúcia. A pretexto da Década Internacional de Afrodescendentes (2015-2024), no último ano lectivo, a FEMAFRO, com o apoio da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, esteve nas escolas Gustave Eiffel (Amadora) e Gil Vicente (Lisboa) para discutir temas como a igualdade de género, discriminação racial, xenofobia e discurso de ódio. E, ainda neste ano, será publicado um conteúdo audiovisual resultante da iniciativa, pensado e produzido pelos alunos. Patrícia Vassallo e Silva, de 33 anos, iniciou-se no mundo do feminismo quando começou “a sentir machismo na pele”. Electricista de profissão, desde a formação que começou a ter “problemas de assédio”. Foi a partir daí que começou a procurar associações, a ir a encontros. Pouco depois, em 2016, levantou-se o “Por todas elas”, um movimento brasileiro que ganhou força após a violação colectiva de uma adolescente, no Rio de Janeiro. Do outro lado do oceano, Patrícia sentiu vontade de sair à rua. Como viu que ninguém dava o primeiro passo na organização de uma manifestação, decidiu avançar. E assim se fundou o colectivo feminista “Por Todas Nós”, a que actualmente chegam “pessoas que sofreram assédio, violações e que, com a ajuda do activismo, conseguem lidar melhor com as suas experiências”, conta a feminista lisboeta. Hoje, fica feliz por ver “cada vez mais jovens a aparecerem nas reuniões” feministas. “Lembro-me de que quando comecei, só via gente dos 40 e tal anos para cima. Nessa altura pensava ‘Onde é que estão as pessoas da minha idade?’. E isso mudou imenso, tem sido uma grande conquista. As activistas mais velhas já estão muito mais ligadas às mais novas e vice-versa. ”Quando se pergunta a Patrícia onde é que o país continua a falhar, a activista traz a resposta na ponta da língua: “É na justiça. ” “A sociedade tem de mudar. E já tem mudado, ao nível da sensibilidade. Mas enquanto a justiça apoiar o violador, isto não vai para a frente. Não estamos protegidas”, comenta. E como se faz isto? “A mulher tem de mostrar que está atenta a estas situações, que não lhe são indiferentes. E se está indignada, tem de mostrar que o está. Sem medos. É ir para a rua, para o espaço público. Mas também falar dentro da sua casa. ”Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Em Janeiro deste ano, em pleno protesto das trabalhadoras da fábrica da antiga Triumph, Patrícia estava lá. O Por Todas Nós comprou mantimentos, fraldas para bebés e acompanhou as mulheres na vigília. A activista confessa que ainda “fica arrepiada” só de pensar nisso: “Nós chegávamos lá para dar apoio, mas sem respostas. E elas diziam-nos que isso era suficiente, que precisavam de pessoas que acreditassem nelas e na força delas. Diziam que aquilo até podia não dar em nada, porque iam para o desemprego, mas que ao menos passavam a mensagem às activistas. Mas as activistas eram elas. ”Desde o início do Verão que o colectivo fundado por Patrícia tem trabalhado com a Câmara Municipal de Lisboa, para discutir o que se pode mudar no município ao nível das questões LGBT. Para além disso, a feminista também está envolvida na preparação de uma marcha contra todo o tipo de violência na mulher, marcada para 25 de Novembro, em Lisboa. Sobre o #MeToo, Patrícia resume: "Foi um movimento fantástico. Mas o que eu pensei quando ele surgiu foi 'Espero mesmo que abra portas a outro tipo de mulheres também'. Quero que as mulheres de Hollywood sintam força para denunciar, mas também o quero para mulheres de classe baixa, que não têm voz na sociedade. "
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave aborto direitos escola violência cultura tribunal educação mulher ajuda mantimentos negro racismo adolescente social violação igualdade género sexual mulheres doméstica desemprego luto abuso feminista raça assédio discriminação agressor lgbt xenofobia feminismo
Mais mulheres no cinema americano, mas diversidade ainda está longe
Mesmo num ano em que Hollywood celebra nomeações de mais afro-americanos, dois estudos mostram que se houve progresso para as actrizes, os não-brancos continuam subrepresentados. (...)

Mais mulheres no cinema americano, mas diversidade ainda está longe
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 5 Mulheres Pontuação: 14 | Sentimento 0.199
DATA: 2017-06-02 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20170602172045/https://www.publico.pt/1763075
SUMÁRIO: Mesmo num ano em que Hollywood celebra nomeações de mais afro-americanos, dois estudos mostram que se houve progresso para as actrizes, os não-brancos continuam subrepresentados.
TEXTO: Em 2016, os Óscares foram dominados por uma discussão que durava desde os anos 1990 mas que só em 2015, e depois em força em 2016, se tornou simbólica – OscarsSoWhite, ou como Hollywood, afinal, não era assim tão progressista. Agora, surgem os números que confirmam a tendência nesses filmes de 2015, e que mostram que as minorias étnicas só representaram 13, 6% dos protagonistas dos filmes de 2015, segundo um estudo, mas também os sinais mais positivos para um sector em que quase um terço dos filmes foi protagonizado por mulheres, segundo outro relatório. Os filmes de 2016, do blockbuster Rogue One até Primeiro contacto ou as matemáticas de Elementos secretos, tiveram mais 7% de protagonistas mulheres do que os do ano anterior – contabilizando-se os cem filmes mais rentáveis dos EUA, como anualmente faz o Center for the Study of Women in Television and Film da San Diego State University. E tiveram mais 3% de papéis enquanto personagens de relevo, assinala o estudo divulgado esta semana. São números que representam um máximo histórico recente mas também uma viragem e sobretudo uma tendência de aumento que já não era vista nos últimos anos, e que surge depois de outros tantos anos de sensibilização para o estado da indústria no que toca à diversidade. Se o estudo anual It’s a Man’s (Celluloid)World: Portrayals of Female Characters in the Top 100 Films of 2016 aponta então para uma diversificação, também, do tipo de filmes que mais empregam mulheres e lhes dão protagonismo, há ainda poucas mulheres a trabalhar atrás das câmaras (menos 2% de realizadoras do que em 2015). E este ano, com um cenário diferente e mais diversidade nos prémios da Academia, soube-se contudo que as minorias étnicas só representaram 13, 6% dos protagonistas dos filmes de 2015, como revelou o estudo do Ralph J. Bunche Center for African American Studies da UCLA. Também revelado esta semana, o documento que se debruça sobre os 200 filmes com mais sucesso nas bilheteiras e também em mais de 1200 programas de TV de todas as plataformas da temporada de 2014/15 assinala que “os números ainda são desencorajadores” no que toca à diversidade, segundo o coordenador do estudo, Darnell Hunt. Só 10, 1% dos realizadores de filmes são não-brancos, indica o estudo, e as mulheres estão sub-representadas em todas as categorias profissionais em análise. E acrescenta, nas suas conclusões, que os filmes com um elenco com mais diversidade têm melhor performance nas bilheteiras e dão retorno do investimento, reforçando que as minorias foram responsáveis pela maior parte da compra de bilhetes de cinco dos dez filmes mais vistos nos EUA no mesmo período.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
Afeganistão é o pior país do mundo para as mulheres viverem
Afeganistão, República Democrática do Congo, Paquistão, Índia e Somália são os cinco piores países do mundo para as mulheres nascerem e viverem de acordo com um relatório da Fundação Thomson Reuters, hoje divulgado. Abusos sexuais, raptos, pobreza e falta de acesso a educação e cuidados de saúde são os problemas mais comuns apontados pelo documento. (...)

Afeganistão é o pior país do mundo para as mulheres viverem
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 5 Mulheres Pontuação: 12 | Sentimento -0.43
DATA: 2011-06-15 | Jornal Público
SUMÁRIO: Afeganistão, República Democrática do Congo, Paquistão, Índia e Somália são os cinco piores países do mundo para as mulheres nascerem e viverem de acordo com um relatório da Fundação Thomson Reuters, hoje divulgado. Abusos sexuais, raptos, pobreza e falta de acesso a educação e cuidados de saúde são os problemas mais comuns apontados pelo documento.
TEXTO: A violência contra as mulheres, os fracos cuidados médicos e a situação de pobreza extrema são os principais factores que levaram os autores do relatório a colocar o Afeganistão no topo da lista dos piores países do mundo para se ser mulher, escreve o diário britânico Guardian. O documento considera também “surpreendente” que a Índia surja logo nos primeiros cinco lugares, uma vez que o país conheceu recentemente um grande crescimento económico, sendo mesmo uma grande potência. No entanto, o relatório sublinha que ainda subsistem graves problemas ao nível do infanticídio e do tráfico sexual, com três milhões de prostitutas, 40 por cento das quais crianças. Outros dos “nomeados” não ficaram surpreendidos com a inclusão na lista, com a ministra somali Maryan Qasim a afirmar ao mesmo jornal que o seu país deveria ser o primeiro na lista e não o quinto. O relatório da Fundação Thomson Reuters agora conhecido pretende assinalar o lançamento do site TrustLaw Women, que tem como principal objectivo aconselhar juridicamente grupos de mulheres oriundas de todo o mundo. Ainda sobre o Afeganistão, o documento salienta as altas taxas de mortalidade materna, o acesso limitado a médicos e um quase vazio de direitos económicos para as mulheres. Depois é ainda destacada a situação de permanente conflito no território, as barreiras à intervenção da NATO e algumas práticas culturais como a mutilação genital. “As mulheres que tentar denunciar a situação ou desempenhar cargos públicos que desafiem os estereótipos enraizados sobre o que é aceitável para uma mulher ou não, como trabalhar como polícia ou em meios de comunicação social, são frequentemente intimidadas ou mortas”, acrescentou Antonella Notari, dirigente da Women Change Makers, um grupo que ajuda mulheres empreendedoras em todo o mundo. Violações constantesNo que diz respeito à República Democrática do Congo, a violência sexual foi o principal motivo encontrado para colocar o país no topo da lista. Um recente estudo dos Estados Unidos estimou mesmo que mais de 400. 000 mulheres fossem violadas por ano naquele país, o que levou mesmo as Nações Unidas a dirigirem-se ao Congo como “capital mundial da violação”. Já o Paquistão mereceu o terceiro lugar com base nas práticas culturais, tribais e religiosas contra as mulheres, o que passa por abusos, casamentos forçados e fortes ataques como assassinatos em nome da honra. Por seu lado, a Somália, um Estado em desintegração política, regista altas taxas de mortalidade materna, inúmeros casos de mutilação genital, e graves falhas no acesso a educação e cuidados de saúde, não existindo mesmo cuidados pré-natais. “Os perigos escondidos – como falta de educação ou acessos terríveis aos serviços de saúde – são tão mortais, senão mais, que os perigos físicos como violações e assassinatos”, destacou Monique Villa, da Fundação Thomson Reuters, que apelou ao empoderamento das mulheres e à sua inclusão no mercado de trabalho. O relatório baseou-se nas respostas de mais de 200 profissionais de associações de ajuda internacional, académicos, profissionais de saúde, políticos, jornalistas e outros especialistas seleccionados pelos seus conhecimentos relacionados com a identidade de género. Os países foram avaliados para o ranking em termos de saúde, discriminação e falta de acesso a recursos, práticas culturais e religiosas, violência sexual, tráfico humano e conflitos relacionados com a violência.
REFERÊNCIAS:
Entidades NATO