Madeira, Açores e PALOP deverão ser os únicos destinos na lista de serviços mínimos durante a greve da TAP
Serão poucas as ligações asseguradas em pleno pela TAP durante os seis dias de greve dos pilotos. O PÚBLICO apurou que apenas os voos entre a Madeira, Açores e os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa vão constar na lista de serviços mínimos a garantir. (...)

Madeira, Açores e PALOP deverão ser os únicos destinos na lista de serviços mínimos durante a greve da TAP
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 3 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-03-23 | Jornal Público
SUMÁRIO: Serão poucas as ligações asseguradas em pleno pela TAP durante os seis dias de greve dos pilotos. O PÚBLICO apurou que apenas os voos entre a Madeira, Açores e os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa vão constar na lista de serviços mínimos a garantir.
TEXTO: Esta decisão deverá ser divulgada hoje, após a última reunião do colégio arbitral do Conselho Económico Social (CES). Fonte próxima do processo avançou que, por não haver consenso, os três árbitros nomeados para mediar o confronto vão ter de seguir as regras de definição dos serviços mínimos. Ou seja, vão ter em conta "as necessidades sociais fundamentais dos passageiros", afirmou. Nesse sentido, é muito provável que, apesar da paralisação, as ligações entre o continente, a Madeira e os Açores sejam asseguradas, uma vez que "está em causa o direito ao acesso a cuidados de saúde". Já os PALOP deverão também fazer parte da lista porque "os portugueses que se encontram em alguns desses países têm necessidade de se deslocar frequentemente e com urgência a Portugal para renovar o visto, por exemplo". O colégio arbitral deverá, por isso, justificar esta escolha com "questões de segurança". A confirmar-se esta decisão, haverá uma convergência entre as propostas defendidas pela TAP e pelo Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC). A companhia de aviação queria ver assegurados mais de uma dezena de destinos, de entre os quais alguns PALOP, mas também países como França, Suíça, Venezuela e até Estados Unidos. Por sua vez, os trabalhadores queriam limitar os serviços mínimos à Madeira e aos Açores. O colégio arbitral, composto por três membros nomeados pelo CES, em representação de cada uma das partes, esteve ontem reunido, mas só hoje irá divulgar a sua decisão final. Só a partir desse momento será possível perceber quantos voos e passageiros vão ser realmente afectados pela greve dos pilotos, a cumprir de 26 a 31 de Março. Contactada pelo PÚBLICO, a TAP insistiu no alargamento dos serviços mínimos a países onde existem muitos emigrantes portugueses. Já o SPAC preferiu não fazer qualquer comentário ao tema.
REFERÊNCIAS:
Entidades PALOP
Há cada vez mais imigrantes a desistir de Portugal
Nos últimos três anos, quadriplicaram os pedidos de imigrantes residentes em Portugal para regressar aos seus países de origem, referem dados do Centro Nacional de Apoio ao Imigrante (CNAI) de Lisboa. Em primeiro lugar, estão os brasileiros seguidos, a grande distância, de cidadãos dos países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP’s). (...)

Há cada vez mais imigrantes a desistir de Portugal
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 16 Africanos Pontuação: 3 | Sentimento 0.5
DATA: 2011-01-16 | Jornal Público
SUMÁRIO: Nos últimos três anos, quadriplicaram os pedidos de imigrantes residentes em Portugal para regressar aos seus países de origem, referem dados do Centro Nacional de Apoio ao Imigrante (CNAI) de Lisboa. Em primeiro lugar, estão os brasileiros seguidos, a grande distância, de cidadãos dos países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP’s).
TEXTO: O desemprego e a dificuldade em obter vínculos sociais estáveis, estão entre os principais motivos que levam os imigrantes a desistir de Portugal, explica ao PÚBLICO, a responsável do Gabinete de Apoio Social do CNAI, Lígia Almeida. O regresso é preparado no âmbito do Programa de Retorno Voluntário, estabelecido no âmbito da cooperação entre o Governo Português e a Organização Internacional para as Migrações (OIM) Missão em Portugal. É dirigido aos estrangeiros que não pertençam a nenhum país da União Europeia, que se encontrem em situação irregular e que tenham sido notificados pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) para abandonar voluntariamente o território. Aplica-se também a outros casos de dificuldades de integração e de estabilidade social. O objectivo do programa consiste em organizar, de forma digna e humana, o retorno voluntário de cidadãos estrangeiros aos seus países de origem ou a Estados terceiros de acolhimento disponíveis para os receber. Desde 1997 até agora, este Programa de Retorno Voluntário já apoiou cerca de 1. 700 pessoas, que regressaram a 40 diferentes países de origem. Segundo os dados fornecidos ao PÚBLICO, o número de pedidos de regresso aumentou de 64, em 2008, para 190, em 2009, mais de 70 por cento. Até Outubro do ano passado, já tinham sido apresentados 210 pedidos de regresso de imigrantes, o que se traduz num aumento de quase 300 por cento. “Cada vez há mais casos de imigrantes que chegam à conclusão de que não compensa estar em Portugal”, diz Lígia Almeida. Segundo o relatório “Imigração, Fronteiras e Asilo”, do SEF, aumentaram igualmente, no ano passado, os processos de expulsão de imigrantes ilegais, totalizando os 2476, o que traduz um aumento de 26 por cento em comparação com 2008. Portugal tem cerca de meio milhão de imigrantes. ”Não aconteceu nada”Damião Oliveira, de 45 anos, brasileiro, é um dos imigrantes que se inscreveu no Programa de Retorno Voluntário para regressar ao seu país, cinco anos depois de ter chegado a Portugal. “Infelizmente não aconteceu nada do que tinha planeado”, diz. Natural de Vitória (Espírito Santo), no Brasil, agricultor, pai de três filhas, Damião Oliveira chegou a Portugal com 600 dólares. No início, conseguiu trabalho nas obras mas foi dispensado e não voltou a conseguir emprego. O dinheiro acabou. Tem passado muitas dificuldades, passou fome, chegou a ficar numa situação de sem abrigo. “Estou a levar muito prejuízo aqui”, lamenta. ”Gosto muito de Portugal, mas já não tem mais jeito para mim de ficar aqui. ” Resignou-se. “Vou voltar à estaca zero. ”Também Páscoa Wagner Neto, de 43 anos, de nacionalidade santomense, está prestes a regressar ao seu país. Chegou a Lisboa em 2007 para fazer o mestrado em Relações Internacionais. E como tem visto de estudante, não conseguiu trabalho. O seu processo está praticamente concluído. “Gosto de Portugal e se conseguisse autorização para trabalhar, ficaria cá mais tempo, mas regressaria sempre a S. Tomé”, diz Páscoa. A importância dos CNAINa sala de espera do Centro de Apoio ao Imigrante (CNAI) localizado nos Anjos, em Lisboa, Maria da Luz, de 25 anos, aguarda. É natural do Tarrafal, Cabo Verde, e uma das centenas de estrangeiros esperando que os chamem. Chegou a Portugal há três anos para estudar gestão. Conseguiu arranjar emprego mas só temporariamente. Agora, precisa de renovar a autorização de residência para conseguir trabalhar. Foi isso que a levou ao centro. Os Centros Nacionais de Apoio ao Imigrante foram criados em 2004 para dar resposta às dificuldades sentidas pelos estrangeiros no processo de integração em Portugal. O dos Anjos reúne vários serviços de apoio, entre os quais, os de apoio jurídico, do SEF e da Segurança Social, bem como o do reagrupamento familiar.
REFERÊNCIAS:
Entidades SEF
Angolagate: Falcone saiu em liberdade
O tribunal da Relação de Paris contrariou a decisão de primeira instância no caso Angolagate, alegado tráfico de armas russas para o país africano, e aplicou ontem ao homem de negócios franco-brasileiro Pierre Falcone uma pena que lhe permite sair da prisão. (...)

Angolagate: Falcone saiu em liberdade
MINORIA(S): Homossexuais Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 3 | Sentimento 0.2
DATA: 2011-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: O tribunal da Relação de Paris contrariou a decisão de primeira instância no caso Angolagate, alegado tráfico de armas russas para o país africano, e aplicou ontem ao homem de negócios franco-brasileiro Pierre Falcone uma pena que lhe permite sair da prisão.
TEXTO: O dossier diz respeito à venda de armas a Angola nos anos 1990, durante a guerra civil, por um montante de 790 milhões de dólares, garantidos por receitas futuras do petróleo, um negócio que a investigação considerou ilícito. Pierre Falcone e o seu sócio franco-russo Arcadi Gaydamak foram em Outubro de 2009 condenados a seis anos de prisão. O segundo escapou à prisão por se encontrar a monte, mas Falcone foi imediatamente preso. Agora, a Relação aceitou que Falcone agiu sob mandato do Estado angolano e reduziu-lhe a pena de dois anos e meio, já cumpridos. Gaydamak, condenado por fraude fiscal e branqueamento de capitais, viu a pena reduzida para três anos de prisão. Foram aplicadas a ambos multas de 375 mil euros. O antigo ministro francês do Interior Charles Pasqua, então também condenado, num processo conexo, a três anos de prisão, um deles de pena efectiva, foi agora ilibado. Era acusado de tráfico de influências e utilização abusiva de “bens sociais”. Sobre ele recaía ainda a acusação de ter recebido 230 mil euros a troca da atribuição a Gaydamak da Ordem de Mérito.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave guerra prisão
Presidente do Parlamento Europeu diz que o futuro de Portugal é “o declínio”
O presidente do Parlamento Europeu, o alemão Martin Schulz, criticou o facto de Portugal estar a pedir investimentos angolanos, considerando que, assim, “o futuro de Portugal é o declínio”. (...)

Presidente do Parlamento Europeu diz que o futuro de Portugal é “o declínio”
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 Africanos Pontuação: 3 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-02-09 | Jornal Público
SUMÁRIO: O presidente do Parlamento Europeu, o alemão Martin Schulz, criticou o facto de Portugal estar a pedir investimentos angolanos, considerando que, assim, “o futuro de Portugal é o declínio”.
TEXTO: Num debate sobre o papel dos parlamentos na UE realizado a 1 de Fevereiro na Biblioteca Solvay, em Bruxelas – e depois difundido no canal de televisão alemão Phoenix do último domingo –, Martin Schulz referiu-se à visita-relâmpago que o primeiro-ministro português fez a Angola em Novembro, em que este admitiu ir à procura de capital angolano para as privatizações em curso. “Há umas semanas estive a ler um artigo no Neue Zürcher Zeitung que até recortei. O recém-eleito primeiro-ministro de Portugal, Passos Coelho, deslocou-se a Luanda. [. . . ] Passos Coelho apelou ao Governo angolano que invista mais em Portugal, porque Angola tem muito dinheiro. Esse é o futuro de Portugal: o declínio, também um perigo social para as pessoas, se não compreendermos que, economicamente, e sobretudo com o nosso modelo democrático, estável, em conjugação com a nossa estabilidade económica, só teremos hipóteses no quadro da União Europeia”. Esta referência à política externa portuguesa foi recebida com espanto por dois eurodeputados portugueses contactados pelo PÚBLICO. Paulo Rangel (PSD) mostrou-se “muito surpreendido” com as declarações de Schulz: “Vou fazer um pedido formal de esclarecimento” ao presidente do Parlamento Europeu, anunciou. Já Capoulas Santos (PS) afirma que, “como Estado independente, Portugal tem o direito de ter prioridades diplomáticas próprias, tal como todos os outros países”. “Se com estas declarações [Schulz] pretende dizer que há uma incompatibilidade entre as prioridades diplomáticas europeia e portuguesa, não subscrevo”, acrescentou. Martin Schulz acabou, no debate em Bruxelas, por ir mais longe. Já sem falar de Portugal, mas num contexto de crescente proximidade entre a UE e a China (Merkel visitou o país na semana passada e o primeiro-ministro Wen Jiabao reafirmou a disponibilidade da China para ajudar a zona euro a ultrapassar a crise da dívida soberana), o presidente dos democratas europeus referiu-se ao contraste entre os modelos de desenvolvimento europeu e chinês, afirmando que este assenta numa “sociedade esclavagista, sem direitos, numa ditadura que oprime implacavelmente o ser humano”. A seguir, questionou: “Porque não defendemos o nosso Estado de direito, e o modelo dos direitos do homem, e uma crescente capacidade económica, para desafiar, não só do ponto de vista económico, mas também de democracia política? [. . . ] Se não tomarmos rapidamente esta decisão, a Europa tornar-se-á irrelevante”. Veja as declarações de Martin Schulz
REFERÊNCIAS:
Ana Gomes culpa políticas alemãs por “enfeudamento ao investimento angolano”
A primeira reacção portuguesa de apoio às declarações do presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, chegou precisamente de Bruxelas. A eurodeputada Ana Gomes afirmou que é a “falta de solidariedade europeia” que está a submeter Portugal aos interesses angolanos. E lamentou que Passos Coelho, “sempre obediente e amestrado”, não o diga à chanceler alemã. (...)

Ana Gomes culpa políticas alemãs por “enfeudamento ao investimento angolano”
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 Africanos Pontuação: 3 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-02-09 | Jornal Público
SUMÁRIO: A primeira reacção portuguesa de apoio às declarações do presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, chegou precisamente de Bruxelas. A eurodeputada Ana Gomes afirmou que é a “falta de solidariedade europeia” que está a submeter Portugal aos interesses angolanos. E lamentou que Passos Coelho, “sempre obediente e amestrado”, não o diga à chanceler alemã.
TEXTO: “Tenho a certeza que Martin Schulz, ao apontar para o risco de enfeudamento português ao investimento angolano, está a ter em mente normas básicas da União Europeia em matéria de direitos humanos, promoção de democracia, combate à corrupção, para fazer o mercado interno e as regras da concorrência, responsabilidade social das empresas”, observou, num comentário em vídeo (ver abaixo) gravado na sede do Parlamento Europeu, em Bruxelas. “É no entanto necessário dizer a Martin Schulz e a todos os amigos alemães, a senhora Merkel incluída, que esse risco é consequência das desastrosas políticas europeias que têm sido determinadas pelo Governo alemão, que empurra Portugal e outros Estados-membros para recursos exteriores à União Europeia (UE), onde interesses contrários aos da UE podem de facto fazer perigar as possibilidades de progresso desses países e do próprio projecto europeu”, acrescentou Ana Gomes. “É isso que se passa também em relação à China. É importante chamar à atenção (. . . ) que é no quadro de ajustamento orçamental que nos é imposto pela União Europeia, com particulares responsabilidades da Alemanha, que Portugal está a vender infra-estruturas críticas, essenciais para a própria segurança nacional e europeia, ao Partido Comunista Chinês”, disse a eurodeputada socialista. “É fundamental que falemos – como Martin Schulz fala – e que digamos à frau Merkel o que temos a dizer nesta matéria. E explicar em particular que é por falta de solidariedade europeia e alemã, em concreto, para resolver a crise, é por causa das receitas desastrosas que só agravam a crise que têm sido determinadas pela frau Merkel, que Portugal se vê obrigado a se sujeitar a investimentos estrangeiros, alheios à União Europeia, e a ceder o controlo de empresas estratégicas”, continuou. “Era bom que Passos Coelho dissesse isso à frau Merkel, em vez de se apresentar sempre obediente e amestrado. ”Martin Schulz, que já lamentou a “interpretação errada” das suas palavras, disse num debate sobre o papel dos parlamentos na UE, realizado a 1 de Fevereiro na Biblioteca Solvay, em Bruxelas, que “o futuro de Portugal é o declínio”. Isto depois de referir a visita-relâmpago que o primeiro-ministro português fez a Angola em Novembro, em que este admitiu ir à procura de capital angolano para as privatizações em curso.
REFERÊNCIAS:
Ser mulher é difícil mas também é bom
Mulheres, africanas, guineenses. Trabalham de sol a sol para sustentar a família e pagar a escola dos filhos, que sonham um dia ver na universidade.A 31 de Julho celebra-se o Dia Internacional da Mulher Africana. (...)

Ser mulher é difícil mas também é bom
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 5 Africanos Pontuação: 3 | Sentimento 0.099
DATA: 2017-09-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: Mulheres, africanas, guineenses. Trabalham de sol a sol para sustentar a família e pagar a escola dos filhos, que sonham um dia ver na universidade.A 31 de Julho celebra-se o Dia Internacional da Mulher Africana.
TEXTO: Jorgete tem porte de diva, é uma activista pelos Direitos da Mulher embora na Guiné-Bissau não lhe atribuam expressões com tanta pompa. “Inspiração”, “mamã”, “modelo a seguir”, “exemplo de força e coragem”, “alguém que não se cansa de lutar por nós”, é assim que as colegas da associação de costura onde trabalha a referem. Gosta de falar — alto, pausadamente, com garra a transpirar do discurso —, especialmente quando tem muita gente a ouvi-la: “Aqui os homens não trabalham, são as mulheres que batalham para pôr os filhos na escola, para os vestir, para lhes dar de comer. Se tivermos o nosso próprio dinheiro, deixaremos de ser tão dependentes. ”Quase metade da população guineense (46%) não sabe ler nem escrever. As mulheres representam 63, 2% deste universo (a percentagem de analfabetismo masculino é de 36, 8%), de acordo com os últimos censos realizados no país em 2009. Jorgete finta as estatísticas. Sim, gostava de ter estudado mais do que o 6. º ano de escolaridade, mas aprendeu a virar-se como sabia: “Não é preciso ir à escola para trabalhar com agulhas. Mesmo quem vai à escola pode nunca saber coser. ”Viver o melhor que pode, o melhor que sabe, esse é também o lema de Júlia. Há duas coisas a que nunca diz não: ao trabalho e à oportunidade de aprender mais. Produz óleo de palma, vende frutas e legumes na praça, trabalha nos campos de caju e ainda está a aprender Português, Inglês e Francês, duas vezes por semana, ao final da tarde. Julia tem tantos ofícios que, quando os conta com a ponta dos dedos, acaba sempre por se perder. O Relatório de Desenvolvimento Humano de 2014, publicado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), refere que na Guiné-Bissau há mais homens (78, 5%) economicamente activos do que mulheres (68, 1%), mas contabiliza apenas a “força de trabalho que se destina à produção de bens e serviços num determinado período de tempo”, deixando de fora as actividades praticadas pela maioria das mulheres diariamente e que garantem o sustento das famílias. Ao contrário de Júlia, Safieto não sente vontade de ir à escola, lugar que nunca conheceu. Tinha 15 anos quando se casou com um homem três décadas mais velho, que só conheceu no dia do casamento. É uma das mulheres que dão rosto aos números: 37, 1% das meninas guineenses casam-se antes dos 18 anos e 59, 6% das adolescentes entre os 14 e os 19 anos estão casadas com um homem pelo menos dez anos mais velho, segundo o Inquérito aos Indicadores Múltiplos de 2014 publicado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Hoje, com quatro filhos, Safieto não se queixa do que tem — “acho que vivo bem” — e diz que gosta muito do marido: “Sou eu que trabalho para comprar comida, mas, quando não tenho dinheiro, ele dá-me. ”Cecília está a passar uma fase menos boa. Vive com o marido em Elalab, uma ilha isolada com cerca de 200 habitantes no Norte da Guiné-Bissau. É uma saudosista dos tempos em que tinha a casa cheia com os cinco filhos, que entretanto se mudaram para Bissau, a capital. Diz que está tudo a mudar: “A tabanca [aldeia] não tem nada para oferecer aos mais jovens, só os velhos é que cá ficam. Cada vez faz mais calor, chove menos e quase não há variedade de peixe. ” No ano passado, com a subida do nível da água do mar, a sua plantação de arroz inundou-se e ficou sem comida para enfrentar a época seca [entre Outubro e Junho]. A pobreza não monetária atinge 40% da população da Guiné-Bissau, desta, 60, 3% vive em áreas rurais e apenas 8, 4% em centros urbanos — os números são do relatório “Guiné-Bissau: Segundo Documento de Estratégia Nacional de Redução da Pobreza”, realizado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) em 2011. “Tem sido um período difícil mas este ano vai ser diferente. Comemos arroz de manhã, à tarde e à noite. Para os flupes [uma das mais de 30 etnias do país], arroz é riqueza, se não tens arroz, estás na desgraça. ”Como sobrevivi? Os vizinhos convidaram-me a participar na colheita nos seus terrenos e deram-me algum arroz. Comi uma parte com o meu marido e a outra guardei, para ter sementes e poder plantar este ano sem ter de pedir a mais ninguém. Vendi os animais domésticos — cabras e porcos —, e os meus dois filhos que estavam a estudar em Bissau tiveram de ir trabalhar para ganhar algum dinheiro. Compraram-nos três sacas, é isso que temos comido durante a época seca. Quando o meu marido consegue apanhar peixe, eu vou na piroga [canoa de madeira] com outras mulheres e vendo-o no mercado. Procurei alternativas, precisava de fazer alguma coisa para poder comprar outros alimentos: comecei a costurar na máquina que a minha irmã mais velha me ofereceu — as pessoas trazem os tecidos, pagam-me o serviço e com esse dinheiro compro comida. Também tento plantar batatas, milho, tomates, mas não é fácil, o terreno de Elalab é pouco fértil e os porcos destroem as plantações. Na tabanca de Elalab somos todos flupes, a maioria é animista mas a minha família é católica, vivemos no bairro católico. Por tradição, quando o homem morre primeiro do que a mulher, a casa e os animais do casal têm de ser destruídos. A mulher terá de ir viver para um anexo na casa do irmão mais velho do marido ou pedir aos filhos para lhe construírem uma nova casa. Não é bem visto manter os bens de alguém que morreu. Connosco isso não vai acontecer, somos católicos. Se o Zé morrer primeiro do que eu, ficarei com a casa e com os animais. Esta tradição é uma forma de tirar poder às mulheres, não faz sentido nos dias de hoje. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A primeira vez que vi o meu marido foi no dia do casamento, o meu irmão mais velho é que o conhecia. Quando olhei para ele, quis desistir, mas ia fazer a minha mãe passar por uma grande vergonha, tive de aceitar. Casámos há 16 anos, ele tem mais uns 40 anos do que eu, temos quatro filhos. Dantes se a mulher rejeitasse casar, era espancada, mas agora com a escola isso já não acontece… Como não fui à escola, gosto de ver a telenovela na TV Record, aprendo muita coisa que não sabia, dá-me ideias. Aprendi a mimar, a abraçar, a falar bem com o meu marido e os meus filhos. Se não vais à escola e não vês novelas, não sabes nada, nada, ficas burra. Quando chega às nove da noite, as mulheres da vizinhança reúnem-se todas a ver televisão num sítio aqui próximo. Se eu não tiver trabalho para fazer, vou com os meus filhos, só o meu marido é que fica em casa. Gostava de ter um painel solar no telhado para poder ter um ecrã só para mim. Acho que vivo bem: pago a escola dos meninos e compro comida. A diversão é só no Tabaski e no Ramadão [as duas maiores festas muçulmanas] ou quando há um casamento… Se vamos a uma cerimónia, nós os fulas [outra das etnias guineenses] compramos sempre roupa nova, matamos um porco e oferecemos algum dinheiro. Gosto da Guiné-Bissau, aqui és livre, ninguém te chateia. No Senegal há melhores condições, mais limpeza, mais verduras, mas se não tens dinheiro, não vives. Na Guiné podes viver sem dinheiro porque o guineense tem pena do seu companheiro.
REFERÊNCIAS:
Planta usada pela medicina tradicional chinesa combate a malária
Há uma nova arma no combate à Malária. Um tratamento aplicado numa das ilhas do Arquipélago das Cômoro, em África, reduziu de 23 por cento para 1, 4 por cento o número de pessoas infectadas pela doença. A investigação, levada a cabo por uma equipa de cientistas chinesa, utilizou um "cocktail" de medicamentos em que a novidade reside num componente retirado de uma planta, a artemísia, usada na medicina tradicional chinesa. O estudo, que envolveu os 40 mil habitantes da ilha Mohéli, começou em Novembro do ano passado e “60 dias depois a percentagem de portadores do parasita rondava os 1, 4 por cento, ” disse à Reut... (etc.)

Planta usada pela medicina tradicional chinesa combate a malária
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 3 Asiáticos Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2008-03-11 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20080311212823/http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1322247
TEXTO: Há uma nova arma no combate à Malária. Um tratamento aplicado numa das ilhas do Arquipélago das Cômoro, em África, reduziu de 23 por cento para 1, 4 por cento o número de pessoas infectadas pela doença. A investigação, levada a cabo por uma equipa de cientistas chinesa, utilizou um "cocktail" de medicamentos em que a novidade reside num componente retirado de uma planta, a artemísia, usada na medicina tradicional chinesa. O estudo, que envolveu os 40 mil habitantes da ilha Mohéli, começou em Novembro do ano passado e “60 dias depois a percentagem de portadores do parasita rondava os 1, 4 por cento, ” disse à Reuters May Lee, cientista da Universidade de Medicina Tradicional de Guangzhou da China e líder da equipa do projecto. Este tipo de tratamento envolve vários medicamentos para “não criar resistências” explicou ao PÚBLICO a investigadora Maria Mota, do Instituto de Medicina Molecular de Lisboa. “Ao introduzir várias drogas, o Plasmodium da Malária dificilmente irá resistir a todas”, acrescentou. A Malária transmite-se através da picada de um mosquito Anophelis infectado. Ao entrar no organismo o parasita dirige-se para o fígado onde infecta as células, divide-se e muda de forma. Só depois é que penetra nos glóbulos vermelhos para se multiplicar, iniciando os ciclos de infecção que originam as febres e o mal-estar nos doentes. O medicamento derivado da artemísia impede o Plasmodium de se defender de uma molécula que existe em abundância nos glóbulos vermelhos e que é tóxica para o parasita. O tratamento a partir desta planta “é novo e é velho, ” revela Maria Mota. “A artemísia é utilizada há séculos pela medicina tradicional chinesa. ” Apesar da Organização Mundial de Saúde exigir provas científicas internacionais sobre a eficiência do medicamento e de confirmar se a droga não tem efeitos secundários adversos, a cientista portuguesa acredita que este tratamento “é a grande esperança para o futuro do combate contra a Malária”. Um milhão de pessoas continua a morrer anualmente devido à Malária que vai desenvolvendo mais resistências às drogas existentes. A doença atinge principalmente os países tropicais e é uma das causas da baixa produtividade desses países.
REFERÊNCIAS:
Bispos preocupados com excesso de trabalhadores chineses em Angola
A Conferência Episcopal de Angola e São Tomé manifestou o receio de que a excessiva importação de mão-de-obra chinesa leve ao desemprego de milhares de angolanos. (...)

Bispos preocupados com excesso de trabalhadores chineses em Angola
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 3 Asiáticos Pontuação: 12 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-08-03 | Jornal Público
SUMÁRIO: A Conferência Episcopal de Angola e São Tomé manifestou o receio de que a excessiva importação de mão-de-obra chinesa leve ao desemprego de milhares de angolanos.
TEXTO: Reunida em Luanda no fim de Julho, a Comissão Episcopal de Justiça e Paz pediu "maior ponderação e moderação no crédito chinês, para que o mesmo não seja tão excessivo que sobrecargue as gerações vindouras". Aquela mesma comissão católica recomendou ao Governo e ao Parlamento de Angola que melhorem a fiscalização das obras feitas com investimentos públicos, "dado o acelerar de obras céleres, mas frágeis, que são um desperdício de recursos e um risco para os seus utentes". Construído em 2006 por uma empresa chinesa, o Hospital Geral de Luanda teve de ser encerrado no mês passado, pois estava a ameaçar ruína e denotava grandes defeitos de fabrico. A obra custara oito milhões de dólares (seis milhões de euros), obtidos pelo Estado angolano através de uma linha de crédito do Governo chinês. Era uma das muitas grandes infraestruturas construídas no país por empresas chinesas, às quais têm sido atribuídos pelas autoridades muitos contratos de construção. A partir de 2004, a China passou a abrir linhas de crédito especialmente destinadas a Luanda e a enviar muitos milhares de trabalhadores para Angola. Em pouco mais de uma década, passaram de algumas centenas a pelo menos 40. 000, havendo mesmo quem já fale em perto de 100. 000. A China é hoje o principal financiador da reconstrução angolana, com empréstimos e apoios feitos em troca do fornecimento, sobretudo, de petróleo. Mas algumas vozes, como agora a Comissão Episcopal de Justiça e Paz, têm-se levantado contra o que consideram ser um excesso de mão-de-obra chinesa.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave chinês
Drogba lesiona-se em jogo particular da Costa do Marfim
Didier Drogba, avançado e capitão de equipa da Costa do Marfim, primeiro adversário de Portugal na fase de grupos do Mundial 2010, lesionou-se durante o jogo particular que a selecção africana disputou hoje, em Sion, Suíça, com o Japão. Por enquanto, ainda não é conhecida a gravidade da lesão. (...)

Drogba lesiona-se em jogo particular da Costa do Marfim
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 3 Animais Pontuação: 12 | Sentimento -0.2
DATA: 2010-06-04 | Jornal Público
SUMÁRIO: Didier Drogba, avançado e capitão de equipa da Costa do Marfim, primeiro adversário de Portugal na fase de grupos do Mundial 2010, lesionou-se durante o jogo particular que a selecção africana disputou hoje, em Sion, Suíça, com o Japão. Por enquanto, ainda não é conhecida a gravidade da lesão.
TEXTO: O avançado do Chelsea e um dos melhores jogadores da Costa do Marfim, deixou o relvado ao minuto 18 queixando-se do braço direito, após ter chocado com o japonês Tanaka. Drogba, que tinha sido decisivo para o golo inaugural da partida ao marcar um livre desviado para a própria baliza pelo japonês Tanaka (que fez o segundo autogolo em dois jogos consecutivos), foi substituído por Seydou Doumbia, dirigindo-se, de imediato, para os balneários. Segundo o que um membro da comitiva costa-marfinense avançou à AFP, Drogba seguiu depois para um hospital próximo do estádio para efectuar radiografias, desconhecendo-se, por enquanto, qual a gravidade da lesão. Mesmo sem Drogba, o jogo continuou na mesma toada. E o segundo golo surgiria apenas já perto do final. Aos 80', um livre indirecto do lado direito do ataque marfinense acabou com a bola no fundo da baliza, após um desvio já na pequena área de Kolo Touré. Estava assinado o resultado final. Ficha de jogoJapão, 0Costa do Marfim, 2Jogo no Stade de Tourbillon, em Sion. Assistência: 4. 919 espectadoresJapão Kawashima; Konno (Komano, 68'), Nakazawa, Tanaka, Nagatamo; Abe (Inamoto, 46'), Endo (K. Nakamura, 46'); Honda (Shensuke Nakamura, 46'), Hasebe, Okubo (Morimoto, 66'); Okasaki (Tamada, 56')Treinador Takeshi OkadaCosta do Marfim Barry; Demel, Kolo Touré, Zokora, Tiene; Aruna (Gervinho, 73'), Eboué, Tiote, Yaya Touré, S. Kalou; Drogba (Doumbia, 18', Keita, 63'). Treinador Sven-Goran ErikssonÁrbitro Stepan Studer, da Suíça. Amarelos Tanaka (16')Golos 0-1 por Tanaka, aos 13' (p. b. ); 0-2, por Kolo Touré, aos 80'.
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE
Marine anuncia corte de relações políticas com o pai, Jean-Marie Le Pen
Guerra aberta na cúpula familiar do partido de extrema-direita francês. Declarações anti-semitas e racistas do fundador da Frente Nacional levaram Marine a acusar o pai de "suicídio político" e a afastá-lo da lista de candidatos eleitorais. (...)

Marine anuncia corte de relações políticas com o pai, Jean-Marie Le Pen
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 3 | Sentimento -0.3
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20150501172033/http://www.publico.pt/1691708
SUMÁRIO: Guerra aberta na cúpula familiar do partido de extrema-direita francês. Declarações anti-semitas e racistas do fundador da Frente Nacional levaram Marine a acusar o pai de "suicídio político" e a afastá-lo da lista de candidatos eleitorais.
TEXTO: A presidente da Frente Nacional, Marine Le Pen, decidiu afastar o seu pai, histórico fundador do partido de extrema-direita francês, das listas de candidatos para as eleições regionais marcadas para Dezembro. “É com grande tristeza que o faço”, confessou Le Pen, que sucedeu ao pai em 2011 e desde então se tem esforçado por “limpar” a imagem de anti-semitismo associada à Frente Nacional. Jean-Marie Le Pen – que aos 86 anos é o presidente honorário do partido, além de conselheiro regional e deputado europeu –, tencionava concorrer como cabeça de lista à região conhecida como Paca (que engloba a Provence-Alpes-Côte d’Azur), mas as suas declarações sobre o governo colaboracionista de Vichy e o Holocausto, numa entrevista à revista de extrema-direita Rivarol, acabaram por precipitar a decisão de Marine. “Ele está a causar danos”, admitiu a filha, que deverá propor sanções contra o pai. A entrevista abriu uma “crise sem precedentes” dentro do partido, justificou. Citando os “superiores interesses do partido”, Marine confirmou a convocatória de uma reunião do comité executivo da Frente Nacional para discutir a sua oposição à candidatura do pai – que nas suas palavras, está apostado numa “estratégia destrutiva” que definiu como “uma verdadeira espiral entre a terra queimada e o suicídio político”. Em comunicado, a FN esclarece que o estatuto honorário de Jean-Marie Le Pen não significa que o partido tenha de ficar “refém” das suas opiniões incendiárias e provocatórias. A polémica começou na semana passada. Jean-Marie Le Pen participou num painel político da BFM-TV e chocou ao desvalorizar as câmaras de gás nazis como um “mero detalhe da História da II Guerra Mundial”. As palavras obrigaram Marine a tomar uma posição pública de repúdio. “Quero salientar o meu mais profundo desacordo, na forma e no conteúdo”, reagiu. Só que em vez de deixar morrer aí o assunto, Jean-Marie Le Pen fez questão de aprofundar as suas opiniões numa entrevista com a Rivarol – que negociou sozinho, sem dar conhecimento à cúpula da FN. A propósito dos campos de extermínio nazis, reiterou que, na sua opinião, “foram um pormenor da guerra”. “Essa é a verdade, não devia chocar ninguém”, acrescentou. Como também ninguém se devia incomodar pela presença de conhecidos “pétainistas” (apoiantes do regime colaboracionista) nas listas da Frente Nacional, prosseguiu Le Pen. “Nunca considerei que o marechal Pétain fosse um traidor, e acho que o país foi muito severo com ele depois da Libertação”, afirmou. Quanto à demarcação oficial da filha, registou simplesmente que “somos sempre traídos pelos nossos”. Ficava assim consumada a ruptura pessoal e política entre as duas gerações Le Pen. Segundo o politólogo Jean-Yves Camus, o fundador da FN já não se reconhece no movimento político que ele próprio criou. “Ele não aceita esta estratégia de des-diabolização que visa normalizar o partido. E tem a ideia fixa de manter a FN acantonada nos seus fundamentos”, explicou ao Le Monde. O provável afastamento do fundador da Frente Nacional (que só será oficial após a reunião do directório marcada para 17 de Abril) não só abre uma cisão no partido, como ameaça provocar uma guerra aberta na extrema-direita francesa, estimava a imprensa gaulesa. Vários dirigentes do partido vieram imediatamente manifestar o seu apoio a Marine, concordando que chegou o momento de Jean-Marie abandonar a ribalta política. O vice-presidente da FN, Florian Philippot, reconheceu que “as provocações de Le Pen são claramente uma desvantagem para o partido”. “A ruptura política é total e definitiva”, anunciou. Como lembrava o Le Monde, há uma “longa história de querelas políticas” entre pai e filha: foi, aliás, na base do conflito que Marine ascendeu à liderança do partido. No entanto, em termos estritamente políticos, não era fácil encontrar ideias ou opiniões divergentes entre os dois Le Pen – um dos poucos assuntos em que Marine discorda abertamente do pai é precisamente na questão dos judeus e do Holocausto. As poucas instâncias em que se distanciou do pai foram nos casos de declarações manifestamente anti-semitas ou a roçar a simpatia nazi. A primeira vez que Marine desafiou o pai foi em 2005, quando Le Pen disse à Rivarol que a ocupação alemã não fora “particularmente desumana”. Noutras instâncias em que as palavras do pai levantaram furor, optou quase sempre por ignorar ou menosprezar as polémicas, atribuindo-as à má vontade da imprensa contra o partido. O braço de ferro entre pai e filha acontece num momento fulcral para a força de extrema-direita, em transição de um movimento xenófobo nas franjas do espectro político francês, para um partido “institucional” com representação no Senado. Essa é a estratégia política de Marine, fortalecida pelos mais recentes resultados eleitorais da FN, que conseguiu chegar à frente da corrida nas europeias de Maio passado e voltar a bater nos 25% nas eleições departamentais francesas do mês passado. A presidente do partido será a candidata ao Eliseu em 2017, altura em que espera que a FN seja vista como uma alternativa de poder, capaz de disputar a segunda volta eleitoral.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave guerra filha suicídio