O pesadelo do PNR é Portugal "transformado num gigantesco Martim Moniz"
PNR convocou um meet para a praça mais multicultural da capital. O partido garante não estar contra os estrangeiros, mas contra os políticos. Contudo, atacou apenas um. (...)

O pesadelo do PNR é Portugal "transformado num gigantesco Martim Moniz"
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 2 Ciganos Pontuação: 6 Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-10-05 | Jornal Público
SUMÁRIO: PNR convocou um meet para a praça mais multicultural da capital. O partido garante não estar contra os estrangeiros, mas contra os políticos. Contudo, atacou apenas um.
TEXTO: “A nossa verdadeira acusação não vai para estas pessoas, mas contra os políticos!” Já depois da volta à praça, foi assim que o presidente do PNR, José Pinto-Coelho, explicou a razão de ser do meet nacionalista, organizado este sábado no Martim Moniz, em Lisboa. Foi na praça mais multicultural da capital que se juntaram os apoiantes daquele partido para protestarem contra a descaracterização da identidade portuguesa, que, na opinião do PNR, arrisca ser “subjugada” por “usos e costumes contrários à nossa matriz. ”Por mais de uma vez, aquele dirigente fez questão de frisar que o alvo não são os imigrantes de origem asiática, magrebina e africana que se concentravam por ali. “Os grandes culpados são os políticos que empurram os portugueses para a emigração e que depois subsidiam esta invasão”, explicou ao PÚBLICO. Não foi uma questão de pele, garantiu, que os levou ali. Foram os políticos que permitiram uma “invasão, que não é inocente”, insistiu. O problema do PNR, contudo, é a aparente contradição entre esse discurso e as mensagens subliminares ou os desabafos dos apoiantes quando se vêem confrontados com o desafio do diferente. Uma contradição que saltou à vista, logo que Pinto-Coelho personalizou o ataque. Depois de tantos governos – tanto de direita como de esquerda – com um discurso favorável em relação à entrada de imigrantes, o presidente do partido apontou o dedo apenas ao presidente da câmara de Lisboa, António Costa. Que acusou de ter como “agenda política transformar Portugal num gigantesco Martim Moniz”. Depois disso, atacou os políticos que “obrigam os portugueses a passar fome e a abandonar o seu país”, sem nunca se referir, por exemplo, ao primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, que há dois anos considerava a emigração como uma “oportunidade” para os mais jovens. O verniz da mensagem polida também estalou mais facilmente quando quem começou a falar não fazia parte da direcção. A dada altura, quando o grupo saía já do Centro Comercial da Mouraria, depois da intervenção dos seguranças privados, dois jovens participantes faziam o balanço da passagem pelos corredores ocupados por lojas de chineses. “Isto é de ficar de olhos em bico”, atirou um. “Um gajo até fica laranja”, respondeu o outro. Momentos antes, o vice-presidente do PNR, João Pais Amaral, pediu à “fila indiana” para não tirar fotos no interior do recinto comercial. “Ninguém quer fotos porque aqui não há facturas”, gritou com um sorriso nos lábios. Ao longo da volta, foi notório o esforço da organização para evitar provocações. Quando o ajuntamento arrancou para dar a volta à praça, seguiu-se silêncio, em “fila indiana” como solicitado, e sem palavras de ordem. A assinalar o partido, apenas duas bandeiras e uns quantos coletes fluorescentes com a sigla PNR. As insinuações foram subliminares e, como tal, os visados nem se aperceberam quem estava ali a passar-lhes pela porta dos estabelecimentos comerciais. Uma idosa de etnia cigana, ao ver passar a comitiva, julgou ver no ajuntamento algo diferente. “Mais um deputado?”, perguntava desconfiada. Não foram os imigrantes, portanto, quem reagiu à passagem da coluna. Foi na rua, quando os manifestantes se preparavam para entrar no segundo centro comercial, que a palavra de ordem “Portugal” provocou uma desgarrada com o grupo de jovens que perseguia a coluna. “Antifascista!”, começou a ouvir-se do centro da praça. “Portugal sempre!”, gritaram em resposta. “25 de Abril sempre, fascismo nunca mais!”, contra-atacava um grupo de jovens. “Portugal independente!”, vociferavam os apoiantes do PNR. “Nazis, fascistas, chegou a vossa hora, os imigrantes ficam, vocês vão embora!”O contingente policial à vista – que por esta altura já contabilizava cerca de 20 elementos – foi controlando a situação com duas barreiras de agentes até que os dois lados perderam o interesse na disputa verbal. Do lado do contra, os sorrisos imperavam, como se uma batalha tivesse sido ganha. Enquanto o grupo cantava “Grândola, Vila Morena”, Pedro Lima, que garantiu não fazer parte de qualquer partido, explicou ao PÚBLICO que a comparência dos cerca de 20 que ali estavam resultava dos alertas lançados pelas redes sociais. Houve “eventos criados” no facebook a defender uma resposta, explicava Pedro Lima. “E grupos diferentes de pessoas apareceram”, rematou.
REFERÊNCIAS:
Tarefas urgentes para antifascistas
Quando ainda era o tempo das crónicas a alertar para o regresso do fascismo nunca pensei que a versão atualizada do século XXI viesse a ser tão caricaturalmente parecida com o original. (...)

Tarefas urgentes para antifascistas
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DATA: 2018-07-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Quando ainda era o tempo das crónicas a alertar para o regresso do fascismo nunca pensei que a versão atualizada do século XXI viesse a ser tão caricaturalmente parecida com o original.
TEXTO: Acabaram-se as crónicas a alertar para a possibilidade de um regresso do fascismo: ele aí está, inconfundível e indesmentível. Quando o governo dos EUA separa crianças dos pais para as encerrar em campos de detenção. Quando o ministro do interior da Itália diz que vai fazer um censo para expulsar todos os ciganos estrangeiros e acrescenta que “infelizmente teremos de ficar com os ciganos italianos porque não os podemos expulsar”. Quando o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, faz um discurso dizendo que “nenhum compromisso europeu será possível em matéria de imigração e asilo” porque “a Hungria é contra a mistura” com povos estrangeiros. Quando tudo isto acontece, o regresso do fascismo já se deu. Sem eufemismos e sem pleonasmos. Sim, é verdade que ainda não ocorreram as piores calamidades — mas alguém quer ficar sentado de braços cruzados a ver se é possível lá chegar? O facto é que a infra-estrutura legal, política, institucional e cultural que possibilita as piores tragédias já está montada. Este não é o momento de esperar para ver. Este é o momento da solidariedade e da resistência. Este é o momento de os antifascistas procurarem entender quais são as suas tarefas prioritárias. Adiante estão aquelas que considero serem as minhas. Em primeiro lugar: contra o fascismo eu tenho aliados na esquerda, no centro e na direita democráticas. Todos aqueles que forem a favor do Estado de direito e dos direitos fundamentais são meus amigos no contexto atual. Discordarei com eles sobre a austeridade, o politicamente correto, o progressismo e o conservadorismo e todas as coisas sobre as quais já discordávamos antes. Mas se eles e elas sentirem a mesma urgência em fazer, em primeiro lugar, barragem contra a barbárie, estamos juntos. Em segundo lugar: é inadmissível justificar moralmente as atitudes que os fascistas do século XXI estão a tomar nos EUA e na Europa, nem branquear a responsabilidade moral que têm aqueles que os apoiam. Isto não impede que continuemos a discutir se as causas deste febrão estão na economia ou na cultura, na austeridade de que foram vítimas os pobres e a classe média ou no egoísmo desenfreado de muitos ricos. Estas discussões são interessantes, são até importantes, e continuaremos a tê-las. Mas é preciso traçar uma linha muito clara entre a compreensão do fenómeno e a sua justificação. Não me venham dizer para assumir como natural que uma vítima da austeridade ou um perdedor da globalização passe a ser racista e adepta de tiranetes — primeiro porque isso não é verdade, e em segundo lugar porque as tendências xenófobas e autoritárias se combatem com nada menos do que intransigência, venham de onde vierem. Em terceiro lugar, esta é uma luta global a precisar de solidariedade global. Não me façam discursos sobre o respeito que os nacionais-populistas dizem ter pela soberania e pelo princípio da não-ingerência. Está na cara que eles estão organizados numa “Internacional Nacionalista”. Está na cara que Putin adora intrometer-se nas eleições dos outros. Esteve à vista de todos que Trump anteontem interferiu na política interna alemã para tentar ajudar à queda do governo e à ascensão dos nacionais-populistas germânicos. A resposta deve ser igualmente clara: onde houver um opositor democrático a Trump, Putin, Orbán e Salvini, eu estou com ele ou ela de todas as maneiras que encontrar. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Em quarto lugar, é preciso salvar a UE e a ONU. Alguns não concordarão comigo. Tanto pior — como eu disse, estas são as minhas prioridades e não serão as de todos. Pois para mim a ideia de que há algo de bom a ganhar com o colapso da UE ou da ONU — de que sair da UE pode servir para “fazer o socialismo” ou algo do género — é a mais perigosa das fantasias. Do colapso da UE ou da ONU só resultaria o mesmo vale de lágrimas que se seguiu ao colapso da Sociedade das Nações. Em quinto lugar, é preciso cuidar do nosso jardim. No século XX, Portugal foi dos primeiros países a entrar na noite escura e dos últimos a sair. Se o pior vier a acontecer, há que lutar para garantir que desta vez Portugal seja, se tiver de o ser, uma ilha de democracia e progressismo. As condições que temos não são das piores. Tratemos de manter o consenso pelo estado de direito entre e a democracia pluralista que temos entre nós. Quando ainda era o tempo das crónicas a alertar para o regresso do fascismo — escrevo sobre o que se está a passar na Hungria, por exemplo, desde o Verão de 2010 — nunca pensei que a versão atualizada do século XXI viesse a ser tão caricaturalmente parecida com o original. Se alguém então me revelasse que em 2018 estaríamos a assistir a qualquer dos eventos mencionados no primeiro parágrafo eu provavelmente responderia: calma, é possível que o fascismo volte, mas não com tanta desfaçatez e arrogância. Talvez não exatamente com campos de concentração, censos anti-ciganos e apelos à limpeza étnica. Pois bem, eis-me lamentavelmente a reconhecer: se errei, foi por defeito e não por excesso.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU EUA UE
Marine Le Pen desafia Nigel Farage na luta pela chefia dos eurocépticos europeus
A francesa e o britânico estiveram em Bruxelas a aliciar possíveis aliados para um grupo no Parlamento Europeu. (...)

Marine Le Pen desafia Nigel Farage na luta pela chefia dos eurocépticos europeus
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 2 Ciganos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-05-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: A francesa e o britânico estiveram em Bruxelas a aliciar possíveis aliados para um grupo no Parlamento Europeu.
TEXTO: Quem vai ser o principal eurocéptico de Bruxelas? Nigel Farage, que tem co-liderado o grupo Europa Liberdade e Democracia, ou Marine Le Pen, que com o holandês Geert Wilders tenta estabelecer uma aliança concorrente depois da recusa de Farage em juntar-se ao grupo da extrema-direita francesa?Em Bruxelas, Marine Le Pen deu esta quarta-feira uma conferência de imprensa para dizer que não tem “qualquer preocupação com a existência” de um grupo de extrema-direita. “As combinações possíveis são consideráveis”, disse, sem revelar os contactos que fez. “O princípio de uma negociação exige discrição”, concluiu. Já do lado de Nigel Farage, soube-se que houve um almoço com Beppe Grillo, o líder do Movimento 5 Estrelas em Itália, mas não houve conferências de imprensa. Apesar de em número de deputados haver espaço para dois grupos, a barreira está no número de nacionalidades necessárias – sete. E se é muito importante para estes partidos ter um grupo para financiamento e influência, também é importante evitar certas associações – partidos como o neonazi Aurora Dourada da Grécia deverá ser evitado tal como foi o Jobbik da Hungria. Para já, Marine Le Pen e Geert Wilders contam com partidos como o Bloco Flamengo belga, o FPÖ austríaco e a Liga Norte, que até agora integrou o grupo de Farage. Com mais dois países, seria formado um grupo. Farage teria vantagem por ter já um grupo estabelecido, mas deverá perder aliados. Primeiro, para Le Pen – não só a Liga Norte de Itália, como um antigo presidente da Lituânia. Segundo, para o grupo Conservadores e Reformistas formado pelo primeiro-ministro britânico David Cameron: o Partido do Povo da Dinamarca (anti-imigração), que vendeu as eleições no país, e o Finlandeses (antigo Verdadeiros Finlandeses, anti-política de resgates aos países da crise) procuram mais respeitabilidade e prefeririam juntar-se a Cameron; resta saber se este os aceita, porque enfrentará riscos se se associar a partidos que já manifestaram laivos racistas. O grupo perdeu ainda um deputado ultranacionalista eslovaco (que, lembra o Financial Times, disse uma vez que os ciganos mereciam “um longo chicote num quintal pequeno”) que não foi reeleito. As notícias sobre o almoço de Farage e Grillo aumentaram a especulação de que o UKIP, que quer a saída do Reino Unido da UE, e o 5 Estrelas, que quer a saída da Itália do euro, se possam associar. Também os alemães da Alternativa para a Alemanha (AfD, anti-política de resgates e por um euro em menos países) consideram juntar-se a este grupo. Actualmente, Le Pen e Wilders formam com o bloco flamengo e o FPÖ uma aliança com base em Malta e que já lhes permite receber fundos do PE (quase 400 mil euros por ano). Mas um grupo político seria diferente, tanto em financiamento (chegando a um a três milhões de euros por ano) como sobretudo em influência nas questões a discutir e na agenda até à participação nas comissões. E ambos querem este poder para, como anunciaram na constituição desta aliança, “destruir por dentro o monstro de Bruxelas”. O grupo de Farage não usou muito deste poder de influência. Os eurocépticos foram o grupo menos participativo no Parlamento cessante. Segundo o estudo Conflicted Politicians – the populist radical right in the European Parliament, de Marley Morris, especialista em direita populista do centro de estudos britânico Counterpoint Institute, não houve relatórios revelantes, e nem em propostas de alterações de legislação o grupo teve grande sucesso: em 65 propostas, apenas duas foram aprovadas: uma da Liga Norte pedindo mais indicações do país de origem de alguns produtos importados de países terceiros, e outra em relação ao tempo de resposta do Presidente ou do secretário-geral aos eurodeputados. O que os populistas têm feito, diz Heather Grabbe, da Open Society. ao Financial Times, é usar o Parlamento Europeu “como um canal de YouTube gigante” para os seus discursos (e alguns acabam mesmo por ser populares no site de vídeos, como o de Farage a dizer que Herman von Rompuy tem “o carisma de uma esfregona”). “A “grande mudança” será se começarem realmente a tentar participar nos trabalhos do Parlamento. “Esse será um jogo completamente diferente”, notou. Com os partidos pró-União Europeia a dominarem 70% do Parlamento, o número de eurocépticos não será o suficiente para realmente aprovar medidas extremistas, mas a sua participação poderá passar das longas intervenções de alguns deputados para estratégias mais organizadas de dificultar os trabalhos.
REFERÊNCIAS:
Entidades UE
Franceses protestam contra expulsão de ciganos
Milhares de pessoas marcham através da capital francesa e mais uma centena de outras cidades do país - e pela Europa - num protesto às políticas de "xenofobia" do Presidente, Nicolas Sarkozy. (...)

Franceses protestam contra expulsão de ciganos
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 2 Ciganos Pontuação: 13 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-09-04 | Jornal Público
SUMÁRIO: Milhares de pessoas marcham através da capital francesa e mais uma centena de outras cidades do país - e pela Europa - num protesto às políticas de "xenofobia" do Presidente, Nicolas Sarkozy.
TEXTO: O volume de manifestantes, que contestam a expulsão de ciganos de França, foi-se avolumando em Paris desde a primeira hora da congregação, às 14h (locais, menos uma hora em Portugal), e segue já numa grossa coluna em direcção à praça do município, com dezenas de membros da etnia cigana à cabeça da marcha. A participação parece, porém, estar abaixo das expectativas dos grupos anti-racismo que apelaram ao protesto, os quais esperavam umas 30 mil pessoas só em Paris, segundo foi testemunhado pelo correspondente da BBC em França. O número de polícias anti motim era, de início, mesmo superior ao dos manifestantes, na grande maioria imigrantes ilegais oriundos de países africanos, era descrito. Outras cidades francesas como Marselha, Lyon, Rennes, Lille e Bordeaux, tinham igualmente alguns milhares de pessoas nas ruas, num total de 138 protestos organizados por todo o país, assim como junto às embaixadas de França em várias capitais europeias. Os manifestantes estão contra as expulsões levadas a cabo pelo Governo francês – no mês passado, mil ciganos regressaram à Roménia e Bulgária. A questão provocou fortes críticas internacionais (e até dentro do Governo do Presidente Sarkozy), mas as sondagens sugerem que mais de metade dos franceses apoiam o Governo nesta medida. A Liga de Direitos Humanos, que apelou para as manifestações, diz que quer contrariar a xenofobia do Governo e o que descreve como os abusos sistemáticos dos ciganos em França. Os protestos são ainda apoiados pelo Partido Socialista e pela Confederação Geral do Trabalho. De acordo com números oficiais, foram expulsos mais de 11 mil ciganos de França no ano passado. No entanto, no mês passado começou uma campanha de grande visibilidade nos campos de ciganos ilegais, uma medida que o Governo liga à sua promessa de combater a criminalidade e violência. A acção foi anunciada após uma série de incidentes violentos que tiveram como alvo a polícia, depois de um agente ter morto a tiro um assaltante num tiroteio. Notícia actualizada às 15h40
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos humanos violência racismo morto xenofobia
O acto patriótico de Hasan Minhaj no Netflix
Patriot Act faz do ex-correspondente do Daily Show o primeiro apresentador indiano-americano de um talk show de late night. (...)

O acto patriótico de Hasan Minhaj no Netflix
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 2 Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-11-07 | Jornal Público
SUMÁRIO: Patriot Act faz do ex-correspondente do Daily Show o primeiro apresentador indiano-americano de um talk show de late night.
TEXTO: Este ano, Michelle Wolf apresentou o jantar dos correspondentes da Casa Branca. Pouco depois, estreou The Break, o seu entretanto cancelado talk show no Netflix. Hasan Minhaj, que foi correspondente do The Daily Show ao mesmo tempo que ela (foi aliás o último a ser contratado por Jon Stewart antes de se despedir do programa em 2015), tinha apresentado esse jantar em 2017 e demorou um bocadinho mais a ter o seu próprio talk show no Netflix. É o primeiro cómico indiano-americano a ter um talk show para o horário late night nos Estados Unidos, formato que tem sido historicamente dominado por homens brancos. Patriot Act estreou-se este domingo, com dois episódios, na plataforma de streaming, a mesma pela qual saiu, em Maio do ano passado, o seu especial Homecoming King, sobre crescer na Califórnia como filho de imigrantes indianos e num clima de islamofobia, especialmente no pós-11 de Setembro. O nome do programa, Patriot Act, refere-se à lei homónima do Congresso norte-americano aprovada após os ataques às Torres Gémeas para combater o terrorismo – e é também o título de uma óptima faixa do rapper Heems (ex-Das Racist), que tal como Minhaj é de origem indiana e fez arte a lidar com o racismo de que foi alvo no pós-11 de Setembro. E, logo aí, demonstra a ligação pessoal que Minhaj tem aos temas que são tratados. O apresentador faz parte de uma fornada de novas vozes de origem sul-asiática que estão a ganhar destaque na comédia norte-americana, com nomes que vão de Aparna Nancherla a Hari Kondabolu, passando por Kumail Nanjiani. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A julgar pelos primeiros episódios, o cómico decidiu (tal como John Oliver, outro ex-correspondente do Daily Show, no seu Last Week Tonight) dedicar o grosso de cada programa a um tema específico, mais do que analisar ao minuto a actualidade mediática. No caso da estreia, o tópico é a acção afirmativa, enquanto no episódio seguinte o foco é a Arábia Saudita, com outro segmento mais curto a criticar norte-americanos de origem sul-asiática que na opinião de Minhaj estão do lado do mal, como Bobby Jindal ou Dinesh D'Souza. A Arábia Saudita é um assunto que John Oliver também abordou recentemente, mas a ligação pessoal que Hasan Minhaj, como muçulmano, tem a essa matéria faz toda a diferença. Já para não dizer que o formato não é igual ao de um talk show tradicional. O cómico, que começou a fazer stand-up inspirado pelo clube de debates que tinha na escola, está em pé em cima do palco, sem se sentar nem vestir um fato, com a sua poupa sempre impecável – Hasan Minhaj tem o melhor cabelo de um apresentador da late night. Atrás dele há projecções daquilo que está a ser falado, num cenário que diz ser aquilo que aconteceria se Michael Bay fizesse uma apresentação em PowerPoint. Por vezes, e até por causa dessa ligação aos debates e ao PowerPoint, o discurso do cómico pode tornar-se demasiado didáctico e há alguns nervos visíveis (e totalmente compreensíveis) nestes primeiros dois episódios, mas há sempre uma piada ao virar da esquina para aligeirar tudo. Além disso, nenhum talk show começou perfeito à primeira, e este tem muito por onde crescer.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homens lei escola filho racismo
Ex-"Bronx de Inglaterra" é novo pólo cultural
Mais associada a gangues, a área vê nascer um movimento cultural. "A renda é mais barata aqui do que noutros sítios e o espaço é óptimo", sublinha a galerista que foi a pioneira. (...)

Ex-"Bronx de Inglaterra" é novo pólo cultural
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 2 Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.045
DATA: 2010-05-03 | Jornal Público
SUMÁRIO: Mais associada a gangues, a área vê nascer um movimento cultural. "A renda é mais barata aqui do que noutros sítios e o espaço é óptimo", sublinha a galerista que foi a pioneira.
TEXTO: Do enorme terraço, no último andar do silo automóvel semi-abandonado, a vista estende-se, desafogada, por vários quilómetros. Ao longe, distingue-se o London Eye e os arranha-céus da City - símbolos de uma metrópole a que Peckham não parece pertencer. Lá em baixo, são os cheiros das especiarias e a música africana que enchem o ar daquela que é uma das mais multietnicas áreas de Londres, conhecida de muitos britânicos apenas pelas notícias da violência entre gangues. Mas a zona está a construir uma nova reputação, reconstruindo-se como um dos novos pólos culturais da cidade. "Isto não é mais violento do que noutras partes de Londres. Há grupos de miúdos e gangues em todo o lado", garante Eileen Ward, empregada irlandesa num café grego em Rye Lane. Uma das principais artérias comerciais do Sul de Londres, no século XIX, a rua é hoje uma montra do mundo, com talhos Halal, manicuras chinesas e lojas africanas que se estendem para o passeio, vendendo peixe seco, gengibre e quiabos. A rua é o espelho de uma área que é, desde há décadas, local de concentração de expatriados africanos e das Caraíbas, a que as últimas vagas de imigração juntaram sul-americanos e asiáticos. Mas Peckham é também um das zonas com maiores índices de pobreza e de criminalidade de Londres - uma face que saltou para as páginas dos jornais em 2000, quando Damiola Taylor, de nove anos, foi morto a caminho de casa, e novamente em, 2007, com o assassinato de quatro pessoas em três dias. Casos que lhe valeram o cunho do "Bronx de Inglaterra". Para limpar a imagem, foram ali investidas na última década centenas de milhares de libras em projectos de renovação urbana, como a modernista biblioteca de Peckham, um edifício envidraçado que se impõe nos seus quatro andares sobre a paisagem vizinha. O novo East EndHá, no entanto, quem, sem grandes recursos, esteja também a contribuir para a regeneração da área, transformando as suas fragilidades em mais-valias. "Peckham deu-nos uma enorme quantidade de oportunidades", diz Hannah Barry, co-fundadora da galeria com o seu nome. Instalada ao fundo de uma rua de armazéns degradados, tem por vizinhos igrejas evangelistas e empresas de importação africanas e asiáticas. "A renda é mais barata aqui do que noutros sítios e o espaço é óptimo", sublinha a galerista, que chegou a Peckham em 2006 para ajudar um grupo de dez estudantes a montar uma exposição na casa que ocupavam. Agora, com 26 anos, representa 30 artistas e é o seu nome que surge quando se fala do movimento artístico na zona. Desde que abriu a galeria, em Novembro de 2008, coordenou 40 ciclos de pintura, escultura e multimédia. No ano passado, levou à Bienal de Veneza um muito elogiado "Peckham Pavillion" e o Guardian rendeu-se à "fabulosa" mostra de esculturas gigantes que no último Verão organizou no terraço com vista sobre Londres. Mais de 30 mil visitantes vieram a Peckham para a exposição, com reabertura prometida para Junho. O sucesso de Barry e o aparecimento de outras galerias, estúdios e residências de artistas levaram a imprensa a anunciar que o East End londrino tinha encontrado um rival, e talvez um sucessor, como novo núcleo da vanguarda artística. A jovem galerista não gosta de comparações - "cada lugar tem o seu carácter único" - e explica que o que a move "é garantir a cada artista condições para progredir". Outros seguem-lhe as pisadas. "Ela abriu caminho e mostrou que é possível", elogia William Jarvis, de 24 anos, de mãos marcadas de tinta, no terraço do edifício que alugou com dois amigos, junto a Rye Lane. Em três meses, os Sunday Painters transformaram com os próprios recursos, "um opressivo espaço de escritórios" em 12 estúdios e numa pequena galeria, que abrirá ao público no dia 13. "Aqui sentimos que temos algo a dizer", explica Jarvis, argumentando que, além das rendas baixas, "Peckham tem uma forte identidade cultural vibrante". Tirar os jovens da ruaA reconstrução cultural de Peckham tem também um sentido inverso. Instituições como a Camberwell Scholl of Arts e a South London Gallery, sediadas na zona, estão a desenvolver projectos para atrair as crianças e os jovens, os mais vulneráveis ao apelo das ruas. Uma abordagem em que o Teatro de Peckham foi pioneiro. "Quando os meus filhos eram pequenos, eu dava aulas e via tanto talento desperdiçado", recorda Teresa Early, a directora artística, hoje frequentada por 400 crianças que aprendem dança, sapateado e teatro. Nas férias, são organizados espectáculos, e os mais velhos podem completar ali a formação que os poderá levar ao conservatório. "Este é um projecto cultural, mas também social e político", explica esta actriz e encenadora, que iniciou o projecto em 1985, num bairro social no Norte de Peckham, "considerado o mais perigoso da Europa ocidental". Uma experiência que a leva a desdenhar a noção de que a sociedade britânica "está quebrada". O mais importante, sublinha, é criar alternativas, para que os jovens não tenham de escolher "entre passar o tempo num pequeno apartamento onde não há nada para fazer e a rua". Porque é aí que os problemas começam.
REFERÊNCIAS:
WikiLeaks implica altas figuras de Moçambique no tráfico de droga
Moçambique tornou-se o segundo lugar de África “mais activo para o trânsito de narcóticos”, depois da Guiné-Bissau, graças à cumplicidade entre traficantes e figuras ao mais alto nível em Maputo, diz um telegrama da Embaixada norte-americana em Moçambique revelado pela WikiLeaks. (...)

WikiLeaks implica altas figuras de Moçambique no tráfico de droga
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 2 Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-12-09 | Jornal Público
SUMÁRIO: Moçambique tornou-se o segundo lugar de África “mais activo para o trânsito de narcóticos”, depois da Guiné-Bissau, graças à cumplicidade entre traficantes e figuras ao mais alto nível em Maputo, diz um telegrama da Embaixada norte-americana em Moçambique revelado pela WikiLeaks.
TEXTO: O tráfico em Moçambique atingia, em Setembro de 2009 – a data do telegrama divulgado pela WikiLeaks através do diário francês “Le Monde” – “uma tendência inquietante”, ainda que insuficente para chamar ao país “um narco-Estado corrompido”. “Ghulam Rassul Moti, traficante de haxixe e de heroína no Norte de Moçambique desde, pelo menos, 1993, reduziu consideravelmente o montante dos seus subornos aos funcionários locais para [passar a] pagá-los directamente aos dirigentes da Frelimo”, no poder desde a independência moçambicana em 1975, lê-se no documento. Segundo escreve a Embaixada dos Estados Unidos, o tráfico é controlado por dois moçambicanos de ascendência asiática, Mohamed Bachir Suleiman (identificado no telegrama como “MBS”) e Ghulam Rassul Moti, com a cumplicidade do actual Presidente, Armando Emílio Guebuza, e do antecessor, Joaquim Chissano, escreve o “Monde”. “MBS contribuiu grandemente para encher os cofres da Frelimo e forneceu um suporte financeiro significativo às campanhas eleitorais” de figuras do partido. A diplomacia norte-americana sustenta a acusação no caso da gestão do porto marítimo de Nacala, a mais de dois mil quilómetros a Norte de Maputo, referindo Celso Correia, presidente da empresa Insitec e próximo de Guebuza, como o homem por trás do tráfico de droga a partir daquela região. Segundo se lê no telegrama, os traficantes subornam a polícia, os serviços de imigração e os responsáveis pelas transferências aduaneiras para assegurar que a droga” proveniente do sudeste asiático entra “livremente no país”. Com destino ao mercado sul-africano e europeu, detalha um outro telegrama de 17 de Novembro do ano passado, a droga chega em Moçambique tanto a partir da Ásia como da América Latina. A cocaína entra por avião “a partir do Brasil”. Do Paquistão, Afeganistão e Índia chegam, por via marítima, haxixe, heroína e mandrax (droga com efeitos sedativos e receitada, nos anos 60, como medicamento).
REFERÊNCIAS:
Étnia Africano Asiático
Fausto, ou a velha cultura europeia no Leão de Ouro
Um palmarés intermitentemente vaiado pela imprensa, aplausos ao máximo ("Michael, Michael, Michael") para o melhor actor, Michael Fassbender, por Shame, de Steve McQueen, reverência para o Leão de Ouro, Fausto, do russo Alexandr Sokurov. (...)

Fausto, ou a velha cultura europeia no Leão de Ouro
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 2 Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.133
DATA: 2011-09-11 | Jornal Público
SUMÁRIO: Um palmarés intermitentemente vaiado pela imprensa, aplausos ao máximo ("Michael, Michael, Michael") para o melhor actor, Michael Fassbender, por Shame, de Steve McQueen, reverência para o Leão de Ouro, Fausto, do russo Alexandr Sokurov.
TEXTO: Como previramos, Sokurov, com a sua (re)visão de Goethe, meteu-se entre a história de um sex addict nova-iorquino, o filme de McQueen, com favoritismo desde o dia em que passou, e a história de uma diabólica família texana, Killer Joe, de William Friedkin, que desde a sua exibição ficou claro que era pouco solene para a ocasião, apesar do ambiente electrizante com que foi recebido pela imprensa. E o que se pode dizer do Palmarés entregue ontem em Veneza pelo júri presidido por Darren Aronofsky, e que incluía ainda a "artista visual" finlandesa Eija-Liisa Ahtila, o músico David Byrne, os cineastas Todd Haynes, Mario Martone, André Téchiné, e a actriz Alba Rohrwacher, é que jogou pelo seguro. E entregou-nos uma espécie de "chic cultural", a sua visão de Arte e Consciência Social. Não está mal, mas houve filmes que mereciam que se tivesse excedido. O prémio à interpretação sem medos de Fassbender, impedindo Shame, segundo os regulamentos, de receber outro dos galardões principais, resolveu o embaraço de colocar no trono um filme desconfortável e sexualmente explícito. Fassbender, referindo-se a esta nova colaboração com o realizador que em 2007 lhe "mudou a vida" ao convidá-lo para Fome, pôs as coisas assim: "Steven gosta de falar naquilo que não gostamos de falar, é a história do elefante numa sala. "Realizado por um artista plástico chegado ao cinema (é a segunda longa-metragem), Shame correria o risco de fazer a figura do pretendente a um trono que estará sempre disponível quando existe um Sokurov. E este até fecha uma tetralogia sobre o poder, depois de Moloch (Hitler), Taurus (Lenine) e The Sun (o Imperador Hirohito). Sokurov agradeceu o seu filme ter sido "compreendido", algo que "não acontece muito", defendeu festivais em que a arte se imponha à "feira das vaidades" e fez-se representante de "uma cultura europeia" que os Estados, as televisões, se estão a demitir de apoiar. O Leão de Ouro enche-se de ecos, vê potenciado o seu valor simbólico. O Prémio Especial do Júri - declaração de afecto dos jurados. . . - foi para Terraferma, de Emmanuele Crialese, cartinha delicodoce sobre a necessidade de as "ilhas" aprenderem a olhar o "outro" - no caso, a imigração ilegal africana. É verdade que o tema dos imigrantes ilegais (novo "Holocausto", segundo Crialese) esteve em várias secções. Ficou assim representado no Palmarés. Mas nem o sempre explícito patriotismo dos jornalistas italianos impediu os apupos na sala de imprensa quando Crialese foi anunciado. É bom saber, porém, que o júri reservou espaço (melhor realização) para um dos grandes filmes desta edição, People Mountain, People Sea, do chinês Shangjun Cai, história de uma vingança que não pára enquanto não se cumpre. Shangjun Cai, chegado a Veneza sem autorização dos censores chineses, vai até às últimas consequências com a personagem de um vingador nesta espécie de western chinês. E que se comoveu premiando Deanie Yi, a intérprete de um pequeno filme, A Simple Life, que sendo "pequeno", é a prova de uma grande generosidade de um olhar, o da cineasta Ann Hui. PalmarésLeão de Ouro: Fausto, de Alexandr SokurovLeão de Prata, para a melhor realizaçao: Shangjun Cai, por People Mountain, People SeaPrémio Especial do Júri: Terraferma, de Emmanuele CrialeseTaça Volpi para o melhor actor: Michael Fassbender, por Shame, de Steve McQueenTaça Volpi para a melhor actriz: Deanie Yi, por A Simple Life, de Ann HuiPrémio Marcello Mastroianni para um jovem actor ou actriz emergentes: Shota Sometani e Fumi Nikaido, por Himizu, de Sion SonoOsella para a melhor fotografia: Robbie Ryan, por Wuthering Heights, de Andrea ArnoldOsella para o melhor argumento: Yorgos Lanthimos e Efthimis Filippou, por Alps, de Yorgos Lanthimos
REFERÊNCIAS:
Papa Wemba morre em pleno concerto
O músico congolês, uma das figuras mais conhecidas do circuito da chamada world music, morreu em palco na Costa do Marfim. Tinha 66 anos. (...)

Papa Wemba morre em pleno concerto
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 2 Animais Pontuação: 5 | Sentimento 0.35
DATA: 2016-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: O músico congolês, uma das figuras mais conhecidas do circuito da chamada world music, morreu em palco na Costa do Marfim. Tinha 66 anos.
TEXTO: O influente músico congolês Papa Wemba, uma das figuras mais conhecidas da chamada world music, morreu este sábado à noite, depois de ter tido um colapso em palco num concerto em Abidjan, na Costa do Marfim. O músico tinha 66 anos. Vídeos do concerto, que decorria no Femua – Festival des Musiques Urbaines d'Anoumabou, mostram o artista caído no chão à terceira canção, com as bailarinas a continuarem a sua performance, sem se aperceberem do sucedido. O óbito foi confirmado pelo manager ao canal de notícias France 24. Era suposto Papa Wemba actuar novamente esta noite no encerramento do Femua. O seu verdadeiro nome era Jules Shungu Wembadio Pene Kikumba e o seu grande mérito foi o de ter fundido tradições musicais africanas com pop ocidentalizada e influências rock. Figura reconhecida em África desde 1969, era um dos nomes mais populares do soukous, género musical derivado da rumba cubana, que surgiu no Congo nas décadas de 1930 e 1940. Ao longo dos anos acabou por ser celebrado em todo o mundo como o “rei da rumba do Congo”, tendo actuado com celebridades como Stevie Wonder ou Peter Gabriel (fez as primeiras partes da Secret World Tour em 1993 e Gabriel produziu três discos seus na sua editora, a Realworld), e o seu álbum de 1995, Emotion, foi produzido por Stephen Hague (Pet Shop Boys, New Order). Foi co-fundador dos Zaiko Langa Langa em 1970, um grupo no qual permaneceu quatro anos, e que misturava R&B americanizado com música dançante do Zaire (actual República Democrática do Congo), tendo lançado vários êxitos como Pauline, C'est vérité ou Liwa ya somo. De alguma forma o grupo acabou por marcar a passagem da rumba, reapropriação de ritmos cubanos por músicos africanos, para o soukous, influenciado pelo funk e soul. Depois de ter deixado esse grupo formou as suas primeiras bandas, Isife Lokole e Yoka Lokole, mas seria em 1976 que viria a liderar a formação com a qual obteve mais êxito, Viva La Musica, que construiu a sua reputação com êxitos como Moku nyon nyon, Nyekesse Migue'l ou Cou cou dindon, onde se distinguia a sua voz singular. Mas não foi apenas a música que marcou o seu percurso. Foi ele também o grande inspirador do movimento de culto congolês dos Sapeurs, jovens do sexo masculino mestres na arte de bem vestir. Papa Wemba e os seus grupos sempre se distinguiram pelo aprumo e pelo cuidado com a roupa e os admiradores do músico, inspirados pelo seu sentido estético, começaram a vestir da mesma forma, surgindo aí os Sapeurs (o nome deriva do acrónimo S. A. P. E. , Société des Ambianceurs et des Personnes Élégantes). Em 1999, depois de um espectáculo no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, o crítico do PÚBLICO, Fernando Magalhães, assinalava precisamente essa aliança entre música e moda na estética veiculada por Papa Wemba, falando da "folia" e da "extroversão" da música e da sua atitude em palco. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Um dos momentos mais complicados do seu percurso aconteceu em 2004, quando foi condenado a três meses de prisão em França por ter participado num esquema de imigração ilegal, através do qual cidadãos africanos entravam no país fazendo-se passar por membros da sua banda.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave imigração prisão sexo género ilegal marfim
Grandes voos turísticos sem passar pelo check in
Ao longe, de asas abertas, parece um avião a fazer-se à pista. O ganso-patola prepara um voo picado para apanhar os peixes que escapam das redes da armação do atum. O barco pára e em seu redor há uma nuvem de aves que se aproxima. Os golfinhos desta vez não apareceram. Quem não faltou foi a pardela-de-bico-amarelo (da família dos albatrozes) e a andorinha-do-mar. (...)

Grandes voos turísticos sem passar pelo check in
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 2 Animais Pontuação: 5 | Sentimento 0.214
DATA: 2011-08-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: Ao longe, de asas abertas, parece um avião a fazer-se à pista. O ganso-patola prepara um voo picado para apanhar os peixes que escapam das redes da armação do atum. O barco pára e em seu redor há uma nuvem de aves que se aproxima. Os golfinhos desta vez não apareceram. Quem não faltou foi a pardela-de-bico-amarelo (da família dos albatrozes) e a andorinha-do-mar.
TEXTO: A observação de aves (birdwatching) é uma das actividades turísticas em crescimento. Há até quem faça muitas centenas de milhas só para obter uma fotografia de um pássaro raro. Na zona no Ludo, junto à cosmopolita Quinta do Lago (Loulé), foram referenciadas mais de 250 espécies diferentes. Muitas delas são imigrantes, fizeram escala durante as longas viagens migratórias entre do Norte da Europa e África. Algumas passaram entretanto à condição de "turistas residentes". O ordenamento, a fauna e a flora são questões que vão estar hoje em debate na pousada de Estói, Faro, numa reunião em que participam hoteleiros e empresas ligadas ao turismo a natureza. O objectivo é criar com as associações de desenvolvimento local e empresários privados uma plataforma conjunta de todo o tipo de oferta turística existente na região, virada para as questões ambientais. À caça de raridadesO birdwatching acontece, em Agosto, nos sapais da ria Formosa, onde se podem observar a andorinha-do-mar anã, pernas longas, entre muitas outra espécies. As gaivotas, como é habitual, caem em bando quando lhes cheira a pescado, junto à armação de atum - um projecto de uma empresa japonesa, com a colaboração do IPIMAR - localizado ao largo da Fuzeta. George Schreirer, guia turístico especializado em observação de aves, aponta os binóculos e descobre um ganso-patola, com uma envergadura de asas de quase dois metros, em aproximação: "É bonito, não é?", pergunta, virando de imediato os binóculos para as gaivotas, descortinando os pormenores desta espécie: "Estão ali uma quinhentas", diz. Como é que contou? "É a experiência", responde. "Podem parecer todas iguais, mas não são - em Portugal estão referenciadas 18 espécies diferentes" de gaivotas. Na região, há apenas meia dúzia de profissionais que se dedicam a esta actividade, e não lhes falta trabalho. "Na Primavera, levei a Alcoutim [Nordeste algarvio] uns 30 clientes para fotografar um casal de andorinhão-cafre - espécie originária do Norte de África, que se fixou no Sul de Portugal, existindo apenas cinco casais referenciados". "A raridade é que atrai os turistas, não a quantidade", vinca. O rouxinol-do-mato atrai as atenções pelo canto, mas também por ser uma ave rara. Nesta altura já partiu para terras africanas. O mês de Agosto não é o mais indicado para quem gosta de estar em contacto com aves. A melhor altura o Outono e a Primavera, quando estão em migração ou nidificação. Porém, é nesta altura que a empresa dos Passeios da Ria Formosa, sedeada na Fuzeta, tem mais clientela. "Temos programas, e se não conseguimos ver as aves na ria, proporcionamos uma visita aos golfinhos no mar alto", diz Ricardo Badalo, acrescentando outra atracção: "Por vezes, também se avista tartarugas e tubarões". Os golfinhos, que nos últimos anos passaram a ser visita constante na costa algarvia, são a principal atracção dos que dedicam as férias ao turismo náutico. "As senhoras e as crianças até choram", diz Ricardo Badalo, recordando as cenas a que assiste com frequência, quando o animal se aproxima das pessoas. " O animal entra na brincadeira, e não nos larga", diz. Os golfinhos são avistados regularmente. Encontro em Sagres Os especialistas no birdwatching têm encontro marcado em Sagres, de 30 de Setembro a 2 de Outubro - onde são esperados 1000 participantes de todo o mundo. Nas rotas migratórias das aves entre a Europa e a África, este é o sítio de passagem obrigatório. As aves de rapina são uma das atracções. Durante três dias, cruzam-se conhecimentos de pessoas, oriundos dos cinco continentes, unidas pela magia do lugar, e pelo canto das aves.
REFERÊNCIAS: