Países mais ricos vão baixar o défice para metade até 2013
Se a quarta cimeira do grupo dos vinte países mais ricos do mundo, o G20, foi anunciada como um confronto entre os defensores da continuação das políticas de estímulo à economia, como a América, e os que insistem nos cortes nos défices públicos, como a Alemanha, então a chanceler alemã Angela Merkel pode orgulhar-se de ter obtido uma vitória menos expressiva mas mais surpreendente do que a qualificação da selecção germânica para os quartos-de-final do Mundial de Futebol. (...)

Países mais ricos vão baixar o défice para metade até 2013
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-06-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: Se a quarta cimeira do grupo dos vinte países mais ricos do mundo, o G20, foi anunciada como um confronto entre os defensores da continuação das políticas de estímulo à economia, como a América, e os que insistem nos cortes nos défices públicos, como a Alemanha, então a chanceler alemã Angela Merkel pode orgulhar-se de ter obtido uma vitória menos expressiva mas mais surpreendente do que a qualificação da selecção germânica para os quartos-de-final do Mundial de Futebol.
TEXTO: O comunicado final do encontro, que decorreu sábado e domingo em Toronto, no Canadá, acolheu a proposta do primeiro-ministro do país anfitrião, Stephen Harper, no sentido de os países desenvolvidos se comprometerem a reduzir os seus défices para metade até 2013 e a diminuir o peso das dívidas públicas no Produto Interno Bruto até 2016, diz a AFP. Regulação bloqueadaAo mesmo tempo que viu serem rejeitados a defesa das políticas de estímulo económico e os receios quanto ao impacte das medidas de austeridade que estão a ser aplicadas nos países europeus, a Administração Obama também voltou para casa de mãos vazias quanto à coordenação global da regulação do sector financeiro e da aplicação de uma taxa à banca, uma medida que a França e a Alemanha também defendem e tencionam aplicar nos seus países. A cimeira não deu ouvidos às pretensões americanas, europeias e do Fundo Monetário Internacional e vingou a posição dos países emergentes - China, Brasil, Índia e Rússia -, que contaram com o apoio do Canadá e da Austrália. Os 20 países mais ricos concordaram apenas em deixar ao critério de cada país a adopção de um imposto sobre a banca, embora o documento final defenda que o sector financeiro "deve fazer uma contribuição justa e substancial para pagar a carga associada às intervenções dos governos [para recuperar a economia na sequência da crise financeira]". O Presidente francês, Nicolas Sarkozy, considerou que, ao deixar a cada país o critério de aplicar uma taxa sobre os bancos, a cimeira reconheceu a legitimidade desta medida. Os países emergentes consideram que não têm qualquer responsabilidade na crise global que começou em 2007, no mercado imobiliário dos Estados Unidos, e se agudizou em 2008, após a falência do banco Lehman Brothers. Mas a sua posição reflecte também o ritmo a que as suas economias continuam a crescer. O Congresso e o Senado dos Estados Unidos concluíram um pacote de medidas de regulação do sector financeiro, considerado o mais importante desde os anos 1930, na véspera da cimeira, com o objectivo de legitimar e reforçar a posição de Barack Obama na cimeira. O comunicado final do encontro refere que os países emergentes "que têm excedentes" devem contribuir para o combate à crise, adoptando "taxas de câmbio mais suaves", um apelo à China para que revalorize a sua moeda, o yuan, cuja baixa cotação é vista como uma forma de apoiar as exportações chinesas e, ao mesmo tempo, de tornar mais caras as importações de produtos estrangeiros pela China. Antes da cimeira, Pequim aceitou fazer uma revalorização da moeda, mas sem efeitos práticos e prosseguindo "uma política extremamente prejudicial numa altura em que grande parte da economia mundial continua em depressão profunda", como escreveu no New York Times o prémio Nobel da Economia, Paul Krugman. A China pediu, aliás, para que uma referência explícita ao yuan fosse retirada do texto final, de acordo com fontes da delegação russa citadas pelas agências. Receios dos emergentesOs países emergentes exprimiram ainda os seus receios quanto à questão da redução dos défices, por recearem uma quebra do consumo na Europa que afecte as suas exportações. Essa é também a razão de ser das preocupações norte-americanas. "O mundo não pode continuar a olhar da mesma maneira para o mercado americano", dizia, antes da cimeira, o secretário do Tesouro. Por outras palavras, a América, que quer liderar o mundo com os outros países, quer também partilhar o seu papel de locomotiva global da economia. O Presidente da China, Hu Jintao, sublinhou os riscos dos cortes nos défices numa altura em que a saída da crise ainda não está consolidada. "Temos de agir de uma forma cautelosa, quanto ao timing, ao ritmo e à intensidade com que abandonarmos as políticas de estímulo à economia. "O ministro da Economia do Brasil, Guido Mantegna, criticou a prioridade dada pelos europeus à questão do défice. "Em vez de estimular o crescimento, eles prestam mais atenção aos equilíbrios orçamentais", disse. Mas o compromisso em reduzir para metade os défices públicos até 2013 - consagrado numa declaração que apela também à necessidade de não prejudicar o crescimento - não significa muito de novo em relação às metas que Berlim ou Washington já se propuseram atingir. A Alemanha pretende diminuir o seu défice de 5, 5 do PIB para três por cento até 2013, enquanto os Estados Unidos querem baixar do défice actual 10, 6 por cento para 4, 2 dentro de três anos. Mas a versão final do comunicado - aplaudida pela chanceler Merkel e pelo presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso - permite à Alemanha declarar vitória numa guerra de palavras bastante dura com Washington sobre as prioridades estratégicas no combate à crise. Berlim mantém que o seu plano de austeridade não é um travão ao crescimento económico. As divergências entre os dois blocos terão sido concertadas durante a cimeira do G8, que decorreu no sábado, em Huntsville, 200 quilómetros a norte de Toronto.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave guerra consumo
Relatório da SaeR revela que a Europa pode voltar a cair em recessão
Relatório de Junho alerta para possibilidade de uma nova recessão e para a falta de uma política orçamental comum na Europa. (...)

Relatório da SaeR revela que a Europa pode voltar a cair em recessão
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DATA: 2010-07-14 | Jornal Público
SUMÁRIO: Relatório de Junho alerta para possibilidade de uma nova recessão e para a falta de uma política orçamental comum na Europa.
TEXTO: O relatório mensal da SaeR (Sociedade de Avaliação Estratégica e Risco), hoje apresentado, considera que a Europa vive um período “conturbado e perigoso” e alerta mesmo para a possibilidade de o continente voltar a entrar em recessão, “em especial se for detonada por uma grave crise cambial”. De acordo com o relatório, a crise que a Europa vive é perigosa inclusive para a própria unidade política, com a moeda única a ser colocada em causa. Para a SaeR, “a existência de uma moeda única dificulta a organização de uma resposta comum para o problema, visto não haver uma política orçamental e poder comuns”. Em relação à evolução da economia, o relatório adianta que o crescimento económico chinês, bastante superior ao previsto para os países da União Europeia, poderá “significar diversos cenários, como, por exemplo, uma double-dip recession (recessão em W), em especial se for detonada por uma grave crise cambial - a implosão do euro, por exemplo”, escrevem Ernâni Lopes e José Poças Esteves. O documento destaca ainda que “o perigo de balcanização europeia existe e é delicado para Portugal, que enfrenta as condicionantes geográficas de apenas ter fronteiras terrestres com Espanha, um dos Estados que padecem do risco de desintegração política”. Na apresentação do relatório, Ernâni Lopes, presidente da SaeR e ex-ministro das Finanças, também admitiu a possibilidade de o país voltar a cair na recessão, mesmo reconhecendo não ter bases para afirmar isso. Questionado sobre as previsões do Banco de Portugal anunciadas ontem, Ernâni Lopes afirma que “não há nada de pesado e é natural a queda do PIB. Se fosse uma subida isso sim seria extraordinário”. Medidas urgentes para reduzir a despesaDe acordo com o relatório, no caso específico português, existia já uma crise própria, que foi amplificada pelos choques entre a crise americana e europeia, o que forma “uma crise de intensidade e efeitos inéditos”, pois Portugal não consegue neste momento encontrar pontos de apoio no exterior para criar políticas de recuperação, revela o documento. O relatório adianta ainda que “a crise portuguesa exemplifica o que são as consequências da violação da disciplina do euro, quando essa violação é utilizada para financiar estratégias políticas de preferência distributiva, assumindo os responsáveis políticos (e os seus eleitores) que as despesas com as políticas sociais poderiam ser mantidas com recurso ao endividamento, sem ter de haver recuperação da competitividade e restabelecimento do equilíbrio nas relações comerciais com o exterior”. Ernâni Lopes defendeu aqui a criação de “mecanismos profundamente inovadores de reconfiguração da dívida”, o que implicará “uma revisão, de alto-a-baixo, da fundamentação doutrinal e da cobertura ideológica dos modelos neo-liberais do século passado”. Para o ex-ministro das Finanças, a actual crise “mostrará, ou já está a mostrar, as vicissitudes do chamado «modelo social europeu» mas, sobretudo, a consequente necessidade de o alterar profundamente para que possa sobreviver”. Para Ernâni Lopes, é urgente tomar medidas exigentes para reduzir o excesso de despesa. Para isso, só existem duas vias: por um lado, “um aumento dramático dos impostos e outra, que é a que eu prefiro, é que numa situação de verdadeira urgência como é a actual, reduzir os rendimentos como fez a Irlanda”. Ernâni Lopes reafirma assim a sua proposta de reduzir 15 a 20 por cento o rendimento dos funcionários públicos.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave social violação chinês
É necessário um “esforço muito sério e significativo” na redução da despesa
Portugal vai ter de fazer em 2011 “um esforço muito sério e significativo” na redução da despesa pública, afirmou hoje em Macau o ministro das Finanças, ao defender que cumprir objectivos implica também uma melhoria das receitas. (...)

É necessário um “esforço muito sério e significativo” na redução da despesa
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento -0.02
DATA: 2010-09-09 | Jornal Público
SUMÁRIO: Portugal vai ter de fazer em 2011 “um esforço muito sério e significativo” na redução da despesa pública, afirmou hoje em Macau o ministro das Finanças, ao defender que cumprir objectivos implica também uma melhoria das receitas.
TEXTO: Sublinhando a necessidade do corte nas despesas, Teixeira dos Santos mantém a meta de reduzir o défice de 7, 3 por cento do produto interno bruto (PIB) em 2010 para 4, 6 por cento do PIB em 2011, o que “implica uma redução na ordem de 4000 a 4500 milhões de euros”. “É uma redução muito significativa que exige, efectivamente, um esforço considerável de redução da despesa pública, mas também irá exigir – uma redução do défice desta magnitude – uma melhoria das nossas receitas públicas para atingir o objectivo”, sublinhou. Para Teixeira dos Santos “a redução da despesa pública é algo de essencial” para se poder “assegurar uma maior sustentabilidade e (. . . ) também credibilidade do esforço de consolidação orçamental, mas uma redução da ordem dos 4000 a 4500 milhões de euros dificilmente poderá ser feita só com redução da despesa pública”. É que, avisou, reduzir apenas a despesa “iria implicar grandes perturbações e dificuldades ao funcionamento de muitas áreas da política, designadamente das políticas sociais” como a saúde e educação que ficariam comprometidas. O ministro disse também que a experiência demonstra que “medidas de redução da despesa são medidas que demoram sempre um pouco mais de tempo a surtir efeito e a vermos os seus benefícios reflectidos no défice”. “Dado que nós estamos também num esforço de antecipação da consolidação orçamental, estamos a querer ser mais rápidos nesse esforço, nós também precisamos de assegurar que a redução se faça a um ritmo adequado, e daí a necessidade também de termos um contributo da parte das receitas públicas”, defendeu. Teixeira dos Santos que esteve hoje no Clube Militar de Macau a apresentar Portugal aos membros da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa, e repete a promoção nacional amanhã em Hong Kong.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave educação
Portugal cai três posições no ranking da competitividade global
Portugal caiu para o 46º posto no ranking da competitividade global do Fórum Económico Mundial (FEM), que analisa 139 economias. (...)

Portugal cai três posições no ranking da competitividade global
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-09-09 | Jornal Público
SUMÁRIO: Portugal caiu para o 46º posto no ranking da competitividade global do Fórum Económico Mundial (FEM), que analisa 139 economias.
TEXTO: O ranking de 2010/2011, que foi hoje apresentado em Pequim, continua a ser encabeçado pela Suíça, mas a Suécia substituiu os Estados Unidos como a segunda economia mais competitiva do mundo. Seguem-se Singapura (que manteve inalterada a terceira posição) e os Estados Unidos, que passaram para a quarta. Portugal, cujo nível de competitividade se encontra entre o da Eslovénia e o da Lituânia, está a quatro posições da Espanha (que desceu nove lugares) e no 18º posto quando se olha para a lista dos 27 países da União Europeia, que é encabeçada pela Suécia, Alemanha e Finlândia. Portugal alcançou uma pontuação de 4, 48 pontos numa escala de 0 a 7, em que são medidos 12 pilares de competitividade, como o ambiente macroeconómico, infra-estruturas, saúde e educação, mercado laboral e desenvolvimento do sector financeiro, entre outros. Os maiores entraves à competitividade da economia portuguesa apontados pelos executivos de empresas que responderam ao inquérito do FEM foram a ineficiência e a burocracia das instituições públicas (20, 6 por cento das respostas), a rigidez da legislação laboral (19, 2 por cento), a instabilidade das políticas seguidas (13, 5 por cento) e a carga fiscal (10, 3 por cento). O acesso ao crédito (9, 9 por cento), a legislação tributária (9, 5 por cento), a falta de qualificação profissional (7, 7 por cento) e a corrupção (4, 4 por cento) são outros dos principais motivos de descontentamento. China lidera competitividade dos BRICA melhoria da classificação do Brasil é outra das evidências do ranking de 2010/2011, já que a economia brasileira, no 48º posto, subiu dois lugares, à semelhança da China, que passou para a 27ª posição. Estes dois países apresentam as melhores classificações entre os chamados BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China). O director-geral do Fórum, Robert Greenhill, defendeu na apresentação do relatório que "a China é, de longe, a economia mais competitiva dos BRIC". Greenhill sublinhou as dimensões do mercado chinês, mas destacou a importância do sector financeiro para esta evolução. "As economias mais fortes não são actualmente as mais competitivas. As economias mais competitivas são de distintas partes do mundo, e isso é muito positivo", sustentou Greenhill, citado pela agência EFE. O relatório de competitividade global foi elaborado por um grupo de sete economistas coordenados pelo espanhol Xavier Sala-i-Martin, da Universidade de Columbia (EUA).
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
FMI dá novos passos para reforçar poderes de supervisão e controlo das economias
O comité que representa os 187 membros do FMI quer garantir que a retoma em curso não é ameaça. (...)

FMI dá novos passos para reforçar poderes de supervisão e controlo das economias
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.136
DATA: 2010-10-10 | Jornal Público
SUMÁRIO: O comité que representa os 187 membros do FMI quer garantir que a retoma em curso não é ameaça.
TEXTO: A necessidade de recuperar do desastre financeiro desencadeado em 2007, e que se alastrou dos EUA ao resto do mundo, tem aberto brechas na ideia de combate colectivo, visíveis em questões como algumas políticas cambiais unilaterais. Ontem, veio uma nova tentativa de unidade a partir do FMI, que realiza a sua assembleia anual em Washington. Através de um comunicado, o Comité Monetário e Financeiro Internacional (CMFI, que define as grandes estratégias deste organismo em nome dos seus 187 membros), reiterou a necessidade urgente de reforçar o papel do FMI na supervisão eficaz da economia mundial. Os alvos deixaram de ser apenas as políticas cambiais e comerciais, com destaque para a moeda chinesa, que os EUA e a Europa acusam de estar subavaliada. No comunicado, refere-se que é necessário olhar para as grandes economias dos países mais desenvolvidos, e controlar a existência de vulnerabilidades camufladas. Uma mensagem que tem sido passada pela China, que assim deixa de estar só no centro das atenções. Horas antes do comunicado do CMFI, o secretário de Estado do Tesouro dos EUA, Timothy Geithner, defendeu que o FMI tinha de reforçar a sua vigilância sobre as políticas cambiais e as estratégias de acumulação de reservas de moedas estrangeiras. Não falou directamente da China, mas é óbvio que esta era o seu alvo. E, no comunicado do CMFI, lê-se que as questões monetárias e cambiais são críticas para a economia mundial, pelo que o FMI deve aprofundar as suas competências nestas matérias, nomeadamente através da realização de estudos aprofundados que sirvam para avaliar os reais impactos das políticas dos principais países. No fundo, o que parece ter saído do encontro do FMI foi, como escreveu a AFP, um "acordo tímido" entre as principais economias do planeta. Isto quando falta cerca de um mês para o encontro do G20 em Seoul, na Coreia do Sul, e numa altura em que se discute uma maior intervenção dos países emergentes no próprio FMI. Depois de ter ficado estabelecido que países como a China deviam ter mais poderes no seio deste organismo internacional, o certo é que ainda não se definiu como é que isso será feito. Na sequência da intervenção de Geithner, fica a ideia de que irão ser exigidas responsabilidades em troca da partilha do poder, como a China deixar a sua moeda flutuar um pouco mais ao sabor dos mercados. As autoridades chineses têm mostrado pouca vontade de dar passos nesse sentido, ou, pelo menos, de actuar à velocidade exigida pelas economias ocidentais. Para a China, a recente subida do yuan contra o dólar, em cerca de dois por cento, parece ser suficiente, e já sublinhou que nunca irá fazer uma "terapia de choque" na moeda. E os receios e pressões dos EUA e da Europa não parecem preocupar muito as autoridades chinesas. "A questão [cambial] tenderá a deixar de ser importante à medida que a recuperação económica for tomando forma", afirmou na sexta-feira o governador do banco central chinês, Zhou Xiaochuan.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA FMI
Governo concede isenções fiscais a uma centena de ranchos, clubes e fundações
Com uma mão, o Governo aumenta os encargos fiscais e alarga a sua abrangência. Com a outra, isenta diversas organizações de algumas dessas taxas. Só durante a semana passada, além de ter reconhecido uma nova fundação, concedeu o estatuto de utilidade pública a cinco entidades, entre estas, a uma outra fundação. A declaração de utilidade pública representa, na prática, um conjunto de isenções fiscais para estas entidades sem fins lucrativos. (...)

Governo concede isenções fiscais a uma centena de ranchos, clubes e fundações
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-10-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: Com uma mão, o Governo aumenta os encargos fiscais e alarga a sua abrangência. Com a outra, isenta diversas organizações de algumas dessas taxas. Só durante a semana passada, além de ter reconhecido uma nova fundação, concedeu o estatuto de utilidade pública a cinco entidades, entre estas, a uma outra fundação. A declaração de utilidade pública representa, na prática, um conjunto de isenções fiscais para estas entidades sem fins lucrativos.
TEXTO: Desde o início do ano de 2010, o Governo de José Sócrates declarou a utilidade pública de 87 associações, ranchos folclóricos, clubes desportivos e até câmaras de comércio. Além destas, concedeu este mesmo estatuto a cinco fundações e reconheceu outras dez. Entre as beneficiadas encontram-se entidades tão díspares como a Câmara de Comércio Luso-Chinesa ou a Associação de Ténis de Mesa do Distrito de Viseu, que se tornou numa "pessoa colectiva de utilidade pública". Assim como a Liga de Amigos de Setúbal e Azeitão. Ou o Clube de Futebol "Os Armacerenses". Ou o Hóquei Clube de Santarém. Até mesmo o Rancho Folclórico Camponeses de Arosa foi reconhecido. A solidariedade do Governo estendeu-se mesmo até às borboletas, graças à declaração de utilidade pública da TAGIS (Centro de Conservação das Borboletas de Portugal). E aterrou nos pombais, com a concessão do mesmo estatuto à Associação Columbófila do Distrito de Lisboa. O secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, João Tiago Silveira, tem-se revelado o declarador implacável ao longo do ano. Tem sido este governante o grande responsável pela grande maioria dos despachos que surgem no Diário da República. Ainda que, em alguns casos, tenha sido o próprio primeiro-ministro, José Sócrates, a assinar os despachos. Benefícios fiscaisOs benefícios fiscais atribuídos a estas entidades estendem-se a vários impostos. De acordo com as suas características e funções, as organizações em causa podem usufruir de isenções em sede de IRC (Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Colectivas), IVA (Imposto sobre o Valor Acrescentado), IMI (Imposto Municipal sobre Imóveis) e IMT (Imposto Municipal Sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis), que substituiu a antiga sisa. A partir do momento em que lhes é concedido o estatuto, as entidades sem fins lucrativos beneficiam de isenção do IRC no que diz respeito às quotas, doações e donativos. Mas esses benefícios podem aumentar. No caso de agremiações de culturais, recreativas e desportivas, podem ficar isentas de IRC nos rendimentos directamente privados. Para algumas, é possível a isenção em rendimentos que não ultrapassem os 7500 euros declarados. Para muitas organizações, estão também previstas isenções no IVA, embora tendo de preencher alguns requisitos. Mas é possível, por exemplo, que acções de formação ou seminários fiquem desobrigados. Em relação ao IMI, existem alíneas específicas, embora já mais limitadas em relação à sua abrangência. Entidades que tenham sido declaradas de utilidade pública, tais como associações sindicais, de agricultores, de comerciantes, industriais ou profissionais independentes, podem beneficiar de isenção deste imposto quando adquirem um edifício cujo destino é a prossecução dos seus fins. O mesmo se aplica a entidades religiosas, instituições de solidariedade, associações desportivas e juvenis.
REFERÊNCIAS:
Cidades Lisboa Santarém Setúbal Viseu
Stéphane Garelli: "Portugal tem de ter uma estratégia económica"
O "maior erro" de Portugal foi ficar demasiado dependente da Europa e não ter tido ambição para ser mais do que um país de mão-de-obra barata, defende Stéphane Garelli, professor da escola de negócios suíça IMD. (...)

Stéphane Garelli: "Portugal tem de ter uma estratégia económica"
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento -0.02
DATA: 2010-10-25 | Jornal Público
SUMÁRIO: O "maior erro" de Portugal foi ficar demasiado dependente da Europa e não ter tido ambição para ser mais do que um país de mão-de-obra barata, defende Stéphane Garelli, professor da escola de negócios suíça IMD.
TEXTO: Definir uma estratégia e reorientar as exportações para países de elevado crescimento é a única forma de "meter dinheiro em casa" e superar o problema da dívida pública, sustenta o especialista, que falou ao PÚBLICO à margem da conferência sobre tecnologias de informação IDC Directions, organizada pela consultora IDC Portugal, onde foi orador. Defende que apesar da crise não devemos estar pessimistas, mas muitos países ainda não conseguem ver a luz ao fundo do túnel. . . É a situação mais difícil que vivemos desde a II Grande Guerra, mas reagir só ficando pessimistas não é uma opção, os problemas estão aqui e têm de ser resolvidos e penso que na Europa temos muitos activos para poder ser bem sucedidos. Mas na Europa há países a reagir a velocidades diferentes. É verdade. Esta é a minha quinta recessão e quinta recuperação económica enquanto economista. Quando as coisas estão bem, as economias estão de alguma forma sincronizadas e quando passamos por uma recessão, normalmente sai-se com alguma desordem. Mas nunca vi uma situação em que tivéssemos tanta diversidade na recuperação económica; todos os modelos estão lá, há países que ainda estão em recessão, como a Espanha, outros estão sobreaquecidos e a ir demasiado depressa, como a China e Singapura, outros enfrentam riscos inflacionistas, como o Brasil, e outros deflacionistas, como o Japão. E Portugal?Portugal tem estado a sofrer de duas coisas; em primeiro lugar, o facto de muita da sua dívida ser detida por bancos estrangeiros, o que aumenta a pressão de fora para que haja medidas de austeridade. Depois, o facto de ter um défice da balança de conta corrente, o que significa que não há dinheiro fresco a entrar na economia. Como podemos mudar isso?Lembro-me que Portugal, a seguir à revolução, começou a religar-se ao resto da Europa e a querer tornar-se num destino de investimento directo estrangeiro. Mas quando a Europa central entrou no cenário, tornou-se mais atractiva, até porque estava mais próxima da Alemanha. Acho que Portugal perdeu a oportunidade de usar melhor as suas ligações a África e à América Latina para desenvolver o mercado de exportações. Penso que isso é absolutamente crítico. É bom ter negócios com o resto da Europa, mas hoje, o crescimento virá de outras regiões. E ainda vamos a tempo de mudar isso?Claro. Vocês têm bons contactos, boas empresas, bons bancos, boas companhias de telecomunicações e por isso penso que há algumas ligações naturais que deveriam ser mais bem exploradas. É melhor exportar para países que crescem dez por cento ao ano do que para países que crescem dois por cento. Quando Portugal se juntou à União Europeia, a estratégia foi "somos o país mais low cost da Europa, nenhuma empresa fabricará mais barato do que em Portugal" e as empresas vieram. Mas depois apareceram a República Checa e a Hungria e a Polónia. Este foi provavelmente o maior erro: não ter usado aquela pequena janela de oportunidade para fazer qualquer outra coisa do que ter apenas a ambição de ser low cost. É importante ter uma estratégia. Têm de saber para onde vão e definir algo em que possam ser bons, que tenha a ver convosco, com aquilo em que vocês são bons. As medidas de austeridade anunciadas são suficientes para alcançar o equilíbrio orçamental?Penso que se fez algum bom trabalho e que é importante que se trabalhe também um bocadinho as mentalidades. As pessoas devem compreender que é preciso pôr ordem na economia. Alguns países perceberam isso mais depressa que outros. Os irlandeses perceberam antes, os portugueses estão a começar a compreender e os franceses, por exemplo, ainda não compreenderam de todo. Mas o que me preocupa é que até agora, sempre que precisávamos de dinheiro, encontrávamo-lo na Europa ou nos Estados Unidos. Doravante, vamos ter de ir procurá-lo na China ou na Índia. É revelador que os gregos agora, quando precisam de dinheiro, convidam os chineses. Diz-se que os chineses também poderão comprar obrigações portuguesas. . . Sim e eu penso que é uma boa compra. Se tivesse muito dinheiro, também faria esse investimento. Não tem receio que Portugal entre em default?Não. O pior que poderá acontecer é um reescalonamento da dívida, mas não penso que possa haver incumprimento. Porque se houver default, o risco para toda a Zona Euro será enorme. E mesmo quando se diz que a Alemanha está a fazer imposições é preciso ter em conta que a Alemanha vive das exportações e para as ter precisa de clientes, que também estão em Portugal. O aumento de impostos era inevitável? Havia alguma outra coisa que o Governo pudesse ter feito?No meu país fizemos uma coisa que pode dar uma ou duas ideias. Há alguns anos criámos uma lei que definia que nenhum gasto deve ser aprovado sem que ao mesmo tempo seja votada a criação de receitas. Não se pode ir ao Parlamento dizer que vamos gastar x ou y sem que ao mesmo tempo definir como vamos levantar o dinheiro. Este foi provavelmente uma boa ferramenta para obrigar o Governo a ser cauteloso e é uma coisa que talvez se pudesse tentar em Portugal. O corte de salários e o aumento dos impostos terão um forte impacto no crescimento?É uma coisa que pode ser muito perigosa. Mas, mais uma vez, o problema é que o país é como aquele indivíduo a quem o banco diz que não vai voltar a emprestar dinheiro a não ser que mude a maneira de viver. Esse é um problema de países como a Grécia e Portugal, cuja dívida está no exterior. O IMD considera que Portugal só conseguirá reduzir a dívida pública para um nível de 60 por cento do PIB em 2037. Não é muito animador, pois não?Isso é no caso de tudo se manter na mesma, mas acho que vocês vão ser proactivos e mudar isso. Da minha experiência, sei que uma recessão ocorre a cada oito ou nove anos, é o mesmo padrão e há por isso uma grande probabilidade de que algo aconteça antes do final década. Por isso vocês não podem ficar à espera, têm de estar preparados. Não podem deixar que algo aconteça para dizer: "Ah, agora não temos dinheiro nem podemos subir os impostos, porque eles já estão tão altos que vão matar as pessoas". Vão virar-se para Pequim ou para Nova Deli e dizer: "Vá lá, emprestem-me dinheiro", para eles responderem que não. Pode uma economia ser competitiva com uma dívida pública tão elevada como a portuguesa?Sim, porque o que conta realmente é quanto dinheiro é que vocês fazem. Se não se põe dinheiro em casa, o nível da dívida torna-se um problema. A Alemanha tem uma grande dívida, mas ninguém está preocupado porque sabem que eles podem pagar. O grande desafio é redireccionar as exportações para mercados de grande crescimento, concentrarem-se nas pequenas e médias empresas. Quando se ganha em competitividade, como a Alemanha, Holanda e Dinamarca, é quando se tem várias camadas de pequenas e médias empresas competitivas e orientadas para as exportações, com muita tecnologia. Mas essas queixam-se que não têm acesso ao crédito. . . Sim e é por isso que o Governo tem de ajudar, a forçar os bancos a darem crédito, dizendo que é uma prioridade, e a orientá-las para as exportações. Por exemplo, a Alemanha, depois da guerra, criou escolas de exportações, para ensinar as pequenas e médias empresas a exportarem. E este pode ser o segredo. Porque se houver duas ou três grandes no topo e uma falir, pode haver um problema, mas se houver várias pequenas empresas, mesmo que dez vão à falência as outras continuarão lá e a economia fica mais resiliente e diversificada. notícia actualizada às 12:20
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave guerra lei
Campos e Cunha: Teixeira dos Santos ou mentiu ou foi incompetente
Passados mais de quatro anos após a sua experiência como ministro das Finanças, Luís Campos e Cunha mantém as suas críticas à forma como tem vindo a ser conduzida a política económica e financeira do país. No dia em que publica um livro - Publicamente - em que reúne as crónicas escritas semanalmente no PÚBLICO, fala do OE 2011, da política de austeridade, da hipótese FMI e do seu apoio a Cavaco Silva. (...)

Campos e Cunha: Teixeira dos Santos ou mentiu ou foi incompetente
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento -0.35
DATA: 2010-11-03 | Jornal Público
SUMÁRIO: Passados mais de quatro anos após a sua experiência como ministro das Finanças, Luís Campos e Cunha mantém as suas críticas à forma como tem vindo a ser conduzida a política económica e financeira do país. No dia em que publica um livro - Publicamente - em que reúne as crónicas escritas semanalmente no PÚBLICO, fala do OE 2011, da política de austeridade, da hipótese FMI e do seu apoio a Cavaco Silva.
TEXTO: Logo no início do livro revela que uma das suas preocupações é a reforma do sistema político. O impasse à volta da aprovação do Orçamento do Estado (OE) para 2011, e a incapacidade dos dois maiores partidos chegarem a acordo, é o regime político a dar sinais de esgotamento?Quando olhamos para o país e começamos a identificar os grandes problemas, percebemos que eles não são muito diferentes de há quatro ou cinco anos atrás. Não penso que os diagnósticos estejam devidamente feitos. Pelo que estamos muito longe de saber quais são as soluções para os problemas. Dito isto, sabemos que os grandes problemas nacionais estão identificados: Finanças Públicas, Justiça, Segurança, Educação. . . E por que é que não foram resolvidos? E aí começamos a olhar para os grandes actores e instituições da política, que são, provavelmente, os grandes bloqueios. Tenho defendido, e digo-o no livro, que existe uma crise nas instituições democráticas e essa crise aliás não é só portuguesa, é também europeia. A crise económico-financeira que estamos a viver é também uma consequência da crise política. As sociedades de hoje não tem forças para produzir líderes com espessura?Os sistemas políticos democráticos têm tido nos últimos 20 anos uma incapacidade para gerar líderes políticos com alguma capacidade para antecipar o futuro. E cada vez mais temos aquilo a que os ingleses chamam “representatives”, pessoas que basicamente governam os países com base naquilo que vem nos jornais, nas sondagens de opinião ou eleitorais. Há 20 anos atrás os grandes actores políticos eram Mitterrand e Kohl e hoje os equivalentes são Sarkozy ou Blair, obviamente pessoas sem a mesma estatura política. Esse problema é mais grave no caso português?Claramente. Os partidos políticos são os pilares da democracia. Mas, primeiro, a democracia não se esgota nos partidos políticos; segundo, se os partidos não funcionam bem, significa que a democracia política também não. Acredita que os líderes de antigamente resistiriam à exposição pública de hoje?As instituições democráticas dos vários países europeus são instituições do pós-guerra. E a democracia do ponto de vista institucional ficou cristalizada desde então. E esse mundo é muito diferente do de hoje, não no sentido essencial, mas no sentido dos mecanismos de funcionamento, pois a informação instantânea não existia, até por razões tecnológicas. Uma imagem para ir de Lisboa a Paris levava horas ou dias. Hoje os políticos estão permanentemente em palco e isso distorceu o comportamento dos políticos. Não é o único factor determinante da crise das democracias mas é certamente um dos factores. O escrutínio que nós, media, fazemos hoje do homem público é sobre questões menores?O papel da imprensa e da televisão é completamente diferente do que era há quarenta anos atrás, ou mesmo há vinte. Num sentido foi para melhor, pois hoje é mais difícil esconder notícias, e não falo apenas de Portugal, pois aqui é óbvio demais. Mas também é verdade que muitas vezes se distorce a imagem da figura pública porque, como disse, os media tendem a assentar em questões de pormenor e de curto prazo. Aquilo que é importante para os jornais amanhã, não é o que é importante para o país daqui a 10 anos. E não tenho dúvidas que isso também pode distorcer a concorrência política. Vou dar um exemplo e estou à vontade pois tive várias desavenças públicas com Correia de Campos [ex-ministro da Saúde de Sócrates]. Quando era ministro todos os dias nasciam crianças nas ambulâncias e, no dia em que mudaram o ministro, essas questões desapareceram. Isto devia levar os jornalistas a pensar. Nas suas crónicas chamou a atenção para o facto da fronteira entre o que é verdade e mentira na política ser ténue. E isso não ajuda a “limpar” o ambiente. . . Sem dúvida que o problema do ser e do parecer passa muito pela mediação da televisão e dos jornais. Hoje, em bom rigor, ninguém sabe o que se passou com a Casa Pia ou com o negócio dos submarinos. Ninguém acredita nas instituições democráticas, seja o parlamento ou os tribunais, os jornais, as universidades ou as Ordens. . . A mediatização da actividade política propicia o teatro, e a verdade fica escondida. Num dos momentos mais complexos da vida do país, encontra explicação, enquanto ex-ministro das Finanças, para o que se passou nestes últimos dias entre Teixeira dos Santos e Eduardo Catroga?É difícil para mim fazer psicanálise, contudo tenho dificuldade em racionalizar o que se passou. Mas, em parte, penso que tem a ver com a crise do sistema político, a qualidade dos actores e a capacidade do sistema político gerar este tipo de actores. E falo em geral. Mas não percebi a lógica do PSD com todo este protelar. Se o OE fosse chumbado o governo caía, mas mantinha-se como Governo de gestão. Não há maneira de nos vermos livres deste governo chumbando o OE. Primeiro temos de ter eleições presidenciais e só depois poderá haver eleições antecipadas como julgo que vai haver. Mas o que me interessa mais é saber o que se passou nos últimos dois anos. Como é que chegámos a esta situação dramática do ponto de vista das finanças públicas e que pode ter consequências muito sérias para o bem-estar do cidadão, para a economia e o emprego. Aquela ideia de que as Finanças não têm nada a ver com a Economia é falsa: as Finanças Públicas e a Economia são as duas faces da mesma moeda. Pode ser um pouco mais explícito?Se olhar para o que se passou nos últimos dois anos, não tenho dificuldade em dizer que o principal responsável foi José Sócrates, o verdadeiro ministro das Finanças. Se olharmos para o que se passou nos dois últimos meses já posso dizer que as culpas se dividem em partes iguais entre o PS e o PSD. A verdadeira questão é que no início de 2008, saiu Correia de Campos, baixou-se o IVA, alterou-se drasticamente tudo o que tinha sido feito na área da Educação e começaram a preparar-se as eleições. Em 2008 já se sabia que a descida de 21 para 20 por cento era um primeiro passo para baixar o IVA para 19. Mas tudo correu mal. E quando em 2008 baixaram o IVA para 20 por cento, mesmo antes da falência do Lehman Brothers (LB), eu disse que a situação bancária dos vários países aconselhava a que os Governos guardassem alguma capacidade de intervenção, pelo que era bom que nós seguíssemos os conselhos de várias instituições, FMI, BCE e BEI, que chamaram a atenção para a necessidade de os Estados poderem ter de intervir nos sistemas bancários. Na altura fui bastante atacado. Mas o maior impacto da crise internacional foi na reacção do Governo com consequências para as Finanças Públicas, porque a situação era muito frágil. Porquê?Porque a Crise deu a justificação ideológica para que o Estado português gastasse sem controlo e isso aconteceu em 2009 e também em 2010 e, neste caso, ainda não recebemos justificação sólida por parte do Governo relativa ao descontrolo das Finanças Públicas. Tem sido justificado pela necessidade do Estado fazer intervenções na economia, mas não é tudo. Repare que o governo jurava antes das eleições [de 27 de Setembro de 2009] que o défice estava controlado e ia ficar em 5, 9 por cento, e nessa altura o Ministro das Finanças já sabia certamente que esse não era o valor [ficou em 9, 3 por cento]. Acha que Teixeira dos Santos mentiu conscientemente?Claro que sabia. Não era possível não saber a não ser que houvesse incompetência total. A partir de Julho e Agosto já há no Ministério das Finanças uma ideia muito precisa de qual vai ser o andamento orçamental, pois parte dos impostos directos já foram cobrados e já se sabe como correu a primeira metade do ano no que respeita aos impostos indirectos. E sabe-se como está a correr a despesa pública pois parte já foi contratualizada no primeiro semestre. Portanto, há uma ideia precisa de que como vai ser o ano Orçamental. Estamos a falar em Agosto. E em Setembro, é obvio que o ministro das Finanças tinha uma consciência muito clara de que o défice não podia ser 5, 9 por cento. Mas está a acusar o ministro de ser mentiroso? Isso é grave. Para mim o Ministro das Finanças é Sócrates. Eu não quero falar do Ministro das Finanças [que sucedeu a Campos e Cunha nas funções]. Mas dias depois das eleições a Comissão Europeia fazia uma previsão do défice Orçamental acima dos 8% e ela já nem foi desmentida. Vamos acabar 2010 com um défice público de 7, 3 por cento?Com as receitas extraordinárias de 1, 5 por cento é verdade. Mas sem as receitas do Fundo de Pensões da Portugal Telecom o défice efectivo seria de 8, 8 por cento, acima das previsões iniciais deste OE que apontava para 8, 3 por cento e que não contava nem com as medidas de Maio (PEC-2), nem com as medidas de Setembro. E as medidas de Maio, que vão ter impacto no OE deste ano, significam uma derrota grande da Política Orçamental do Governo. Como avalia a proposta de OE para 2011?É uma proposta desesperada de quem não preparou o trabalho de casa a tempo e horas. É evidente que em Dezembro de 2009, se tivessem tomado as medidas necessárias, certamente não teria havido o descontrolo da despesa e certamente que a nossa situação para 2011 seria bastante mais fácil. Basta olhar para o caso espanhol onde a despesa este ano já baixou. Em Portugal a despesa com pessoal continua a crescer para níveis impensáveis e José Sócrates ou o Ministro das Finanças continuam a recusar-se a dar uma explicação para que se possa perceber o que se passou com rigor. Não é só uma questão de números, pois os que aparecem não são os números em contabilidade nacional. Percebo o argumento do PSD que diz que estamos a construir uma casa para 2011, sem saber o que se passou em 2010. E tem toda a razão. Portanto a situação é de ruptura iminente?Estamos à beira da ruptura do ponto de vista financeiro e, de um momento para o outro, podemos ter problemas de crédito seriíssimos. Mas ainda não é forçoso que tal aconteça. Os bancos portugueses estão sem acesso ao financiamento da banca internacional, praticamente desde Abril, quando se deu o downgrade da dívida pública portuguesa. Nessa altura respondi o seguinte a um jornalista do PÚBLICO que me perguntou sobre o que se iria passar: “A única coisa a fazer é rezar. ” Até o Frankfurter Allgemeine achou graça. E desde aí é o que temos vindo a fazer. Vão ser necessárias mais medidas do que aquelas que estão a anunciar?Este pacote é um pacote brutal. Se a este pacote se somarem medidas a sério de redução da despesa, e essas têm que ser feitas processo a processo, repartição a repartição, instituto a instituto, e demoram tempo, tal não será necessário. Então aproveitar-se-ia a crise para reformular o Estado. E sairíamos melhor da nossa crise, poupando muito dinheiro e com um Estado mais eficiente. Cortes da despesa horizontais penalizam aquelas instituições do Estado que são bem geridas e beneficiam os infractores, pois os que gerem mal continuam a sobreviver. Há margem para um novo aumento da carga fiscal?Possível é, mas não é desejável. Há quem defenda cortes no 13º mês e no subsídio de férias. Concorda?Retirar cinco por cento no ano ou retirar o 13º mês ou o Subsídio de férias é igual. As famílias, quando fazem o planeamento das suas despesas ao longo do ano, têm em consideração o 13º mês e o subsídio de férias. Há sugestões de os substituir por certificados de aforro, mas isso não tem impacto no défice. Está ao lado dos que defendem, ao mais alto nível, que teria sido preferível a vinda do FMI, em vez do acordo para viabilizar o OE de 2011?Eu não sou dos que defendem essa solução: espero, desejo e teria muita vergonha que fosse necessária a vinda do FMI. Acha o FMI uma instituição pouco recomendável?O FMI não é uma instituição em que acredite, embora a OCDE ainda seja pior. E não tenho grande respeito pelo trabalho que o FMI fez por esses países fora; vejam-se os casos da Argentina, da Rússia, da Turquia, da Coreia do Sul, onde o FMI esteve e as coisas correram mal. E o FMI não é o nosso governo e pelo voto nós não o podemos responsabilizar. E se o FMI for chamado —e ele está mortinho por isso, basta ver as declarações que os dirigentes do FMI fazem cada vez que vêm a Portugal— o governo e o parlamento serão chamados a aplicar as medidas. E as medidas não serão muito diferentes das que estão na proposta de OE. As Finanças Públicas têm sempre solução, mas promover o crescimento económico é diferente. . . Há maneiras de cortar na despesa brutalmente e que prejudicam o funcionamento do Estado e há maneiras de cortar brutalmente e que não prejudicam. Entendo que a forma de aproveitar a crise é sair dela em melhores condições, é fazer o que já disse atrás —uma espécie de Prace-2—, pois cortes cegos não resolvem nada. É óbvio quando estamos a 15 dias de aprovar o OE para 2011 que há uma grande urgência em fazer cortes. Mas isso devia ter sido preparado com pelo menos seis meses de antecedência. Teríamos certamente um OE racionalizador dos meios do Estado e menos penalizador dos cidadãos que vão pagar mais impostos, receber menos apoios e vão ver o seu rendimento disponível cair abruptamente. As exportações e poupança interna não são suficientes para pagar as importações e os juros da divida. Como se regressa ao crescimento económico?Se tudo correr bem o crescimento em Portugal vai ser anémico nos próximos três anos. A alternativa é termos uma recessão brutal em 2011. Não se fez o trabalho de casa, nem se deixou a casa arrumada e isso vem desde inícios de 2008 quando se passou a pensar apenas nas eleições. Note-se que em 2008 o défice orçamental, sem receitas extraordinárias, já foi de mais de quatro por cento. O Estado devia, desde já, começar a fazer a reestruturação dos serviços de alto a baixo e reduzir a despesa racionalmente. Devia acabar com todos os grandes projectos, inclusivamente dando, nalguns casos, indemnizações compensatórias. Seria um sinal importante para os mercados de compromisso contra o despesismo. E era importante porque libertaria crédito para as famílias e para a economia. Deve abandonar todas as grandes obras?Se os grandes projectos forem para a frente, como o TGV e as auto-estradas, isso significa que as empresas e as famílias vão continuar a ter dificuldade em obter crédito com juros baixos e em quantidade. Em terceiro lugar, o Estado devia procurar deixar de ter todo o activismo, ou que finge ter, de intervenção na economia para além daquilo que é estritamente necessário, que é a provisão de bens públicos e a redistribuição do rendimento. Por último, é preciso que a retoma se faça primeiro exclusivamente com as exportações e depois com o investimento. É preciso que os portugueses saibam que é preciso poupar. E andar a dizer que está tudo bem, como se fez até meados de Setembro é dizer às pessoas que não é preciso pouparem. A situação agora é muito grave. Acha que o modelo de previdência social está definitivamente esgotado?Defendi durante muitos anos, enquanto cidadão e enquanto membro do Governo, que o Estado social pressupõe um Estado financeiramente sólido. E quando não o é, significa que o Estado social fica em causa. É que a forma mais rápida de cortar na despesa é nos apoios sociais, como está a acontecer. Um Estado financeiramente débil não se pode sustentar um Estado social. Nas primeiras páginas do seu livro assume-se como um liberal. . . . . . Liberal mas “non troppo”. . . Como é que viu o impacto da crise financeira na Irlanda, o primeiro país europeu a declarar recessão? O liberalismo falhou?As pessoas que anteciparam que o capitalismo tinha chegado ao fim. . . . . Mas eu não estou a falar de capitalismo. . . Mas as pessoas que anteciparam o fim do capitalismo vão ter alguma dificuldade em explicar aos milhões de chineses e indianos que o capitalismos é mau. Os países mais intervencionistas foram os que estiveram mais em causa, que são os países mais desenvolvidos. O capitalismo mais selvagem, como o da China, da Índia e, provavelmente, do próprio Brasil, não foi o que esteve em causa. A Irlanda ainda é um exemplo de sucesso extraordinário?É. Mas enquanto liberal não tirou lições da crise?Tirei. A crise mundial começou em Inglaterra e nos EUA. E o que é que correu mal? Foi o modelo de supervisão, em especial dos bancos de investimento. Curiosamente nenhum desses modelos existia na UE; é verdade que existia na Suécia, mas era uma versão mitigada do modelo inglês. Mas em Portugal, Espanha, Alemanha, Itália, era diferente. E globalmente os mecanismos de supervisão da Europa continental não tiveram problemas com a crise. Os problemas da banca em Espanha tiveram que ver com a bolha imobiliária. E esta crise mundial, na sua essência, não é muito diferente das crises anteriores, é uma crise de excesso de crédito, excesso de confiança e de excesso de liquidez, as raízes da crise estão nas de 2002 e de 2003 e nas políticas monetárias laxistas. No livro “This time is Different“, Carmen Reinhart e Ken Rogoff [ex-economista chefe do FMI], analisam as crises dos últimos 500 anos, e concluem que são todas muito parecidas. É evidente que o mundo do século XVII é diferente do actual. Mas as verdadeiras causas são muito semelhantes. Quando se diz “This time is different”, isto é o que toda a gente diz quando está a passar por uma crise. Esta crise provocou problemas diferentes em cada país. Alguns tiveram um terramoto e outros sofreram simples abanões, como a Alemanha, a França e a Itália. Na Grécia tudo correu tudo mal. E o caso da Irlanda é especial. Pode explicar porquê?A Irlanda tinha uma política orçamental muito sólida, tinha há vários anos um excedente orçamental e tinha uma economia em franco crescimento. Portanto a crise não era económica. Mas tinha um problema sério: bancos muito grandes e muito internacionalizados que entraram em crise, por falta da supervisão. E quando o Estado irlandês quis socorrer os bancos, que eram muito grandes para a dimensão da economia, surgiram os problemas. E salvou três bancos maiores que a economia. Na Irlanda foram os bancos que fizeram com que o rating da República caísse. Não tenho dúvidas que o modelo económico irlandês vai continuar intacto e vai continuar a funcionar. Mas vamos ver aonde vão estar daqui a cinco anos. É muito diferente de Portugal, onde o elo mais fraco que quebrou foi o das finanças públicas. Em 2009 o sistema bancário português portou-se muito bem e hoje se os bancos portugueses se podem queixar é do Estado, pois o Estado é que teve um mau comportamento, o rating da República caiu e por essa via baixou o dos bancos. Na Irlanda foi exactamente o contrario. Ao contrário dos seus antecessores que presidiram à Sedes, João Salgueiro e Vítor Bento, insuspeitos de defenderem intervenções do Estado da economia, não valoriza a manutenção das empresas em mãos portuguesas (os centros de decisão). Porquê? Se não temos indústria é porque a poupança caiu. Quando a poupança privada e pública cai ao longo dos últimos 15 anos, isso significa que vamos ter um défice externo. E se temos um défice externo, a nossa indústria lentamente desaparece. Já disse que sou um liberal mas non troppo. Eu gosto de responsabilizar as pessoas pelos seus actos e não acho que todas as desgraças individuais sejam responsabilidades colectivas. Um aluno meu que não passa, em 99 por cento dos casos, é porque não estudou, não é culpa do sistema. Sou um liberal nos costumes e na abertura ao mundo, estudei fora, tenho filhos a estudar e a trabalhar fora. E defendo ainda que há que separar as águas do Estado, das do sector privado. A mancebia entre o Estado e os negócios conduz a que o Estado fique ao serviço de interesses económicos. Enquanto liberal defendo um Estado forte, financeiramente sólido, independente dos interesses económicos e capaz de ter decisões que possam ir contra os interesses económicos, se isso for do interesse nacional. E isto não é o Estado que nós temos. O pai do sector privado não é o Estado, o sector privado não tem pai. O resultado é o sector privado a querer tomar conta do Estado e hoje os grandes interesses económicos dominam-no e a sua máquina está ao seu serviço. Uma solução liberal exige um Estado com autoridade que não existe em Portugal?Não. Implica um Estado financeiramente sólido e independente. A diferença entre um liberal e um não liberal está nas prioridades do Estado. Para mim o Estado deve preocupar-se com a provisão de bens e serviços públicos e, além disso, com a redistribuição de rendimentos. E isto realiza-se, cada vez mais, com a despesa pública e não tanto com impostos, garantindo a igualdade de oportunidades. Diferencio-me da direita política porque penso que a redistribuição de rendimento é fundamental para a coesão social e é uma questão ética fundamental para a sociedade. Sou contra o Estado dar subsídios às empresas, porque isso é dar subsídios aos donos das empresas. Não se tira às pessoas rendimentos do trabalho para depois ir dar aos donos das empresas quando eles já por si pagam pouco IRS. Já reparou que neste tsunami financeiro de 29 de Setembro não se aumentou a taxa liberatória do IRC? Neste momento os rendimentos do trabalho é que estão a pagar a crise toda e em particular os dos Funcionários públicos. O Governo optou por não aplicar um imposto sobre os lucros dos bancos. Interessa à banca?R- Não sei. Mas a banca não deve estar particularmente aflita quanto a esse aspecto em particular. Se eu a trabalhar ganhar mais 100 euros, em contribuições e impostos pago mais 60 por cento para o Estado. Se eu ganhar mais 100 euros, porque tenho um depósito a prazo, vou pagar ao Estado 21, 5 por cento. Isto é uma injustiça e um enviesamento contra os rendimentos do trabalho. E é desincentivador de trabalhar: para quê trabalhar se 60 por cento vai para o Estado? Concorda com a privatização do capital da Galp e da EDP?Essas já são privadas. Mas chamei a atenção para o facto de ninguém ter discutido a privatização da REN, que é um monopólio natural e como todos os monopólios naturais tem que ser regulado. Acho extremamente grave que no Parlamento não se tenha levantado uma voz para questionar qual é o modelo de regulação da REN. Mas aconteceu. E acha que a CGD deve ser privatizada?R- Tenho defendido que deve estar em mãos públicas. Mas se a CGD se tornar num instrumento do primeiro-ministro para interferir em negócios privados, então é melhor ser privatizada. No entanto, a minha primeira opção é que a CGD esteja nas mãos do Estado, gerida de forma independente dos interesses políticos do partido que estiver no Governo. Notícia corrigida às 11h32
REFERÊNCIAS:
Partidos PS PSD
Hu Jintao já está em Portugal para visita de dois dias
O Presidente da República Popular da China, Hu Jintao, chegou ao início da tarde de hoje a Lisboa para uma visita de dois dias a Portugal, durante a qual a economia estará e forte destaque. (...)

Hu Jintao já está em Portugal para visita de dois dias
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-11-06 | Jornal Público
SUMÁRIO: O Presidente da República Popular da China, Hu Jintao, chegou ao início da tarde de hoje a Lisboa para uma visita de dois dias a Portugal, durante a qual a economia estará e forte destaque.
TEXTO: Hu Jintao chegou ao aeroporto de Figo Maduro cerca das 12h30. O líder chinês vai, nos dois dias de visita a Portugal, reunir-se com o homólogo português, Cavaco Silva, com o primeiro-ministro, José Sócrates, e com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, entre encontros com outras autoridades e com a comunidade chinesa em Portugal. Hu é o primeiro Presidente chinês a visitar Portugal em mais de uma década e um dos grandes temas dos encontros será a possibilidade da compra de dívida soberana portuguesa pela China, que tem as maiores reservas cambiais do mundo - 2, 65 biliões de dólares (1, 86 biliões de euros). O Banco Comercial Português (BCP) e o Industrial and Commercial Bank of China (ICBC) têm mantido contactos com vista à tomada de posição do maior banco chinês no capital do grupo português. O negócio deverá ser também abordado entre as autoridades oficiais portuguesas e chinesas no quadro dos encontros bilaterais planeados durante a visita do Presidente da China a Portugal e no próximo fim-de-semana, quando José Sócrates se deslocar a Macau. A visita de Hu Jintao é também motivo de protestos. A secção portuguesa da Amnistia Internacional vai realizar uma manifestação contra “os inúmeros detidos na República Popular da China, por delito de opinião”, enquanto o Bloco de Esquerda se recusa a estar presente na sessão parlamentar de recepção ao Presidente chinês, porque considera o regime de Pequim “uma ditadura com créditos firmados na violação dos Direitos Humanos”.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos humanos comunidade violação chinês
Portugal já financiou 93% da dívida e quer diversificar investidores
Portugal já colocou no mercado 93 por cento da dívida prevista para este ano, disse hoje o presidente do Instituto de Gestão do Crédito e da Dívida Pública (IGCP), em entrevista à agência financeira Bloomberg. (...)

Portugal já financiou 93% da dívida e quer diversificar investidores
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.2
DATA: 2010-11-08 | Jornal Público
SUMÁRIO: Portugal já colocou no mercado 93 por cento da dívida prevista para este ano, disse hoje o presidente do Instituto de Gestão do Crédito e da Dívida Pública (IGCP), em entrevista à agência financeira Bloomberg.
TEXTO: De acordo com Alberto Soares, que está à frente da agência responsável pela colocação de dívida pública no mercado, o leilão de obrigações do Tesouro que se vai realizar esta semana será o último deste ano, mas Portugal continua a querer financiar-se apesar do nível elevado dos juros. O presidente do IGCP revelou ainda que Portugal está a tentar diversificar a sua “base de investidores”, acrescentando que o plano de financiamento total será conhecido depois da aprovação do Orçamento do Estado para 2011. Mais de 75 por cento da dívida emitida por Portugal está actualmente nas mãos de investidores estrangeiros e Alberto Soares admite que isso poderá pesar sobre a percepção do risco da dívida nacional. As expectativas eram de que a China fosse um dos países que quisesse investir mais na dívida pública portuguesa e que o anúncio de um acordo a esse nível fosse anunciado este fim-de-semana, no âmbito da visita oficial do presidente chinês, Hu Jintao, a Portugal. No entanto, nada foi avançado, pelo menos em termos oficiais, embora Hu Jintao tenha prometido ajudar Portugal a superar a crise, através de medidas concretas. As taxas de juro da dívida portuguesa continuavam esta manhã acima dos 6, 6 por cento. Na sexta-feira, os custos a que o Estado português se financia nos mercados estabilizaram, depois de quatro dias em alta e de, na quinta-feira, terem batido o seu recorde para o prazo de dez anos, fechando em 6, 744 por cento.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave chinês