Portugal tem beneficiado “elites económicas” e arrisca-se a ser um dos países mais desiguais
Relatório da organização não governamental Oxfam alerta Europa para os perigos do caminho da austeridade e cita Portugal como exemplo de um país onde os cortes estão a travar o crescimento e a trazer mais pobreza. (...)

Portugal tem beneficiado “elites económicas” e arrisca-se a ser um dos países mais desiguais
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.35
DATA: 2013-09-12 | Jornal Público
SUMÁRIO: Relatório da organização não governamental Oxfam alerta Europa para os perigos do caminho da austeridade e cita Portugal como exemplo de um país onde os cortes estão a travar o crescimento e a trazer mais pobreza.
TEXTO: Ou a Europa arrepia caminho em relação à austeridade ou o resultado da receita será apenas mais pobreza. Esta é a principal conclusão do último relatório da organização não governamental (ONG) Oxfam, que destaca Portugal como um dos casos onde as políticas seguidas estão a beneficiar apenas os mais ricos e a colocar o país em risco de se tornar num dos mais desiguais do mundo. De acordo com o relatório da Oxfam, se nada for feito e as medidas de austeridade actualmente em vigor continuarem a ser implementas, em 2025 vão estar em risco de pobreza cerca de 25 milhões de europeus. “Apelamos aos Governos europeus que liderem um novo modelo social e económico que invista nas pessoas, reforce a democracia e procure um sistema fiscal justo”, afirma Natalia Alonso, responsável pela Oxfam na União Europeia. Outro problema é que a organização, que foi formada em 1995 por 17 ONG internacionais espalhadas por 90 países, estima que possam ser necessários 25 anos para que se recupere o nível de vida que se tinha antes da crise económica e financeira – um caminho que só poderá ser invertido com medidas muito bem estruturadas de combate à pobreza. Mais endividamento, menos crescimentoO relatório intitulado A Cautionary Tale: The true cost of austerity and inequality in Europe surge nas vésperas do encontro dos ministros europeus da Economia e pretende alertar os responsáveis políticos para que os resgates financeiros que têm vindo a ser feitos apenas estão a causar níveis de pobreza e de desigualdade que podem perdurar décadas. “Pelo contrário, as medidas de austeridade não estão a conseguir reduzir o nível de endividamento tal como se supunha que fariam, nem a impulsionar um crescimento económico inclusivo”, diz a Oxfam. Ainda em relação a Portugal, a ONG salienta que a crise está a afectar muitos jovens, mas também a dificultar a vida a populações que são sempre mais vulneráveis nestas alturas, como as mulheres. Além disso, mesmo quando se mantêm os apoios sociais “adoptam-se diversas medidas que aumentam os requisitos que devem cumprir os desempregados” para poderem aceder às ajudas. Desigualdade nos rendimentosO relatório salienta também a pressão internacional para Portugal privatizar serviços como a energia, água e transportes, assim como alguns serviços de saúde, ao mesmo tempo que deveria liberalizar o mercado laboral. Só que aponta que tudo isto foi feito sem a garantia das devidas protecções ao emprego e sem uma vigilância apertada. “Grécia, Portugal e Espanha aplicaram políticas dirigidas a desmantelar os sistemas de negociação colectiva, o que provavelmente se traduzirá no aumento da desigualdade e na queda contínua do valor real dos salários”, lê-se no documento – que refere ainda o aumento o IVA como mais um factor que dificultou o poder de compra no país. Sobre Portugal é ainda dito que entre 2010 e 2011 a desigualdade nos rendimentos tem beneficiado as “elites económicas”, dando-se como exemplo o crescimento do mercado de bens de luxo, e é dito que após as crises financeiras em geral os mais ricos vêem os seus rendimentos crescer 10% enquanto os mais pobres os perdem na mesma proporção. Lições da América Latina, Sudeste Asiático e ÁfricaPara esta organização a União Europeia deve tirar lições de outros períodos de austeridade que foram, por exemplo, vividos em países da América Latina, do Sudeste Asiático ou de África durante as décadas de 1980 e 1990, para evitar cair nos mesmos erros. “A gestão europeia da crise económica ameaça reverter décadas de progresso em matéria de direitos sociais. Os agressivos cortes na segurança social, na saúde e na educação, as reduções nos direitos dos trabalhadores e um sistema fiscal injusto estão a envolver milhões de cidadãos europeus num ciclo vicioso de pobreza que pode perdurar durante gerações. Não faz nenhum sentido nem do ponto de vista moral nem económico”, reforça Natalia Alonso. A responsável insiste que as medidas tomadas apenas beneficiam os 10% da população mais rica. No relatório são citados exemplos concretos de países, além de Portugal, como Espanha, Grécia, Irlanda e Reino Unido, onde a austeridade está a ser aplicada de forma mais rigorosa, defendendo-se que “rapidamente estarão entre os países com maior desigualdade do mundo se os seus líderes não mudarem de rumo”. Aliás, o documento lembra que as próprias instâncias internacionais, como o Fundo Monetário Internacional, três anos após os memorandos de entendimento com alguns países “estão a reconhecer que as suas medidas não só não conseguiram reduzir o endividamento público e os défices orçamentais, como pelo contrário aumentaram a desigualdade e travaram o crescimento económico”. O próprio prefácio deste relatório é feito pelo Nobel da Economia Joseph Stiglitz que escreve que “a onda de austeridade económica que varreu a Europa corre o risco de provocar danos sérios e permanentes ao modelo social”, insistindo que “está a contribuir para a desigualdade que vai tornar as fraquezas económicas mais duradouras”. Mais pobres que os paisPara a Oxfam os recordes atingidos no desemprego são o maior exemplo disso, sobretudo entre os mais jovens, assim como a redução de salário. “Pelo menos um em cada dez famílias europeias com trabalho vive na pobreza e esta estatística pode piorar gravemente”, alerta o relatório, que diz que mesmo as pessoas com trabalho serão muito mais pobres que os seus pais. A Oxfam insiste que a história se está a repetir e que “os nossos líderes estão a ignorar as consequências das medidas de austeridade”, voltando a citar casos em que houve cortes ou privatizações na saúde e na educação e em que a consequência foi “um fosso entre pobres e ricos”. “A Indonésia demorou dez anos a voltar aos níveis de pobreza de 1997 enquanto alguns países latino-americanos demoraram 25 anos a voltar ao que tinham antes de 1981”, defende Natalia Alonso.
REFERÊNCIAS:
Étnia Asiático
Como os cientistas têm estado a revelar o pedigree das pérolas
O valor das pérolas depende da sua origem (natural ou cultivada), da forma (quanto mais esférica melhor), do brilho e do tamanho. Para determinar a origem, foram agora desenvolvidos dois novos métodos. (...)

Como os cientistas têm estado a revelar o pedigree das pérolas
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-10-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: O valor das pérolas depende da sua origem (natural ou cultivada), da forma (quanto mais esférica melhor), do brilho e do tamanho. Para determinar a origem, foram agora desenvolvidos dois novos métodos.
TEXTO: Se um organismo é infectado por um parasita ou por outro microrganismo, depressa o seu sistema imunitário tentará eliminar este invasor. Se isto é regra para a grande parte dos seres vivos, nenhum o faz com tanto requinte como as ostras e os seus familiares, que envolvem o agressor com camadas de nácar até formarem pérolas. Para lá da tão apreciada beleza, as pérolas sempre foram muito estudadas. Agora surgiram novos métodos de identificação da sua origem - num deles, extraiu-se pela primeira vez o seu ADN. Pela sua raridade e beleza, as pérolas são símbolos de poder, de perfeição e pureza. Para algumas religiões, têm até propriedades curativas e são capazes de afastar o mal; para outras, são um dos maiores tesouros que se podem encontrar no paraíso. A intensa busca por estas preciosidades levou à diminuição drástica das espécies que as produzem. É necessário abrir e matar várias toneladas de ostras para encontrar meia dúzia de pérolas perfeitas. Por isso, desde o início do século XX, tem-se trabalhado na cultura de ostras e de outros bivalves (moluscos com duas conchas), para produzir vários tipos de pérolas. Actualmente, esta é a principal fonte de obtenção de pérolas. Os avanços científicos deste último século têm permitido cultivar pérolas com níveis de qualidade cada vez maiores. São tanto mais apreciadas e valiosas quanto mais esféricas e brilhantes, o que obriga a uma melhor avaliação das pérolas e da sua origem: se são naturais ou cultivadas, marinhas ou de água doce. Com o objectivo de determinar a idade das pérolas, Michael Krzemnicki (do Instituto Gemológico Suíço, em Basileia) e Irka Hajdas (do Instituto Federal de Tecnologia Suíço, ou ETH, em Zurique) desenvolveram uma metodologia de datação por carbono-14, que apresentaram na revista Radiocarbon. As pérolas naturais formam-se depois de um agente estranho entrar na concha do bivalve. Este reage envolvendo o agente infeccioso com nácar, ou madrepérola, um composto à base de carbonato de cálcio, tal como a própria concha do molusco. Nas pérolas cultivadas, é colocado um enxerto, de outro molusco, no indivíduo que irá produzir a pérola. Este reagirá como se de uma infecção natural se tratasse, mas a pérola terá um núcleo identificável. Várias técnicas de raios X permitem identificar tanto esse núcleo como o local preparado na ostra para colocar o enxerto (a "cama"), permitindo dessa forma distinguir as pérolas naturais das pérolas cultivadas. Nos casos em que a "cama" se solta e acaba por sair da concha, mas mesmo assim consegue desenvolver-se uma pérola, ou nos casos em que os núcleos não são perceptíveis no exame de raios X, fica a dúvida sobre a sua origem. Já em 2010, Krzemnicki denunciava que havia produtores de pérolas cultivadas sem núcleo (pérolas keshi) e que tentavam certificá-las como sendo naturais. "Estes estudos [de Krzemnicki] surgiram porque há pérolas keshi a entrar no Bahrein misturadas nos lotes das pérolas naturais", explica o gemólogo Rui Galopim de Carvalho, que já trabalhou com Krzemnicki, e é representante em Portugal da Associação Internacional de Gemas Coloridas. "No Bahrein, é proibida a venda de pérolas de cultura. "Oito milhões por 11 gramasPorque as técnicas de raios X nem sempre se mostravam conclusivas, a equipa suíça desenvolveu um método de datação por carbono-14 aplicado às pérolas, que permite determinar quando foram colhidas. Este isótopo radioactivo vai desaparecendo com o tempo, e, como se conhece o ritmo a que o faz, é possível calcular a idade do material orgânico em que está inserido. Os autores deste estudo afirmam ainda que as pérolas anteriores ao século XX serão naturais, uma vez que os métodos de cultura só começaram a ser amplamente aplicados no início do século passado. Actualmente, as pérolas naturais são apanhadas no Médio Oriente, no Sudeste asiático ou na Austrália, mas a sua quantidade no mercado é muito menor do que a das pérolas cultivadas em água salgada, produzidas por exemplo no Japão, na Austrália ou na Polinésia, elucida Galopim de Carvalho. Essa quantidade é ainda muito menor do que a das pérolas de água doce produzidas na China, que passam as 1700 toneladas por ano. Um segundo estudo coordenado por Krzemnicki foi publicado este mês na revista PLOS ONE, permitindo ir ainda mais longe na identificação da origem das pérolas: neste caso, através de uma nova metodologia de sequenciação do seu ADN. De facto, pela primeira vez, uma equipa de cientistas conseguiu extrair material genético de uma pérola. Na sua composição, as pérolas têm 92% de carbonato de cálcio, que forma as lâminas concêntricas de madrepérola. Além disso, têm 4% de matéria orgânica, que serve de base para o crescimento da madrepérola, e 4% de água e outras substâncias. É a extracção da matéria orgânica que contém ADN, através de microfuros já existentes nas pérolas, que permitirá descobrir qual a espécie e a origem geográfica dos bivalves utilizados na produção das pérolas. Só a identificação precisa da origem das pérolas poderá fornecer uma avaliação correcta do seu valor, evitando falsificações e valorizando achados como a famosa La Peregrina, de 11, 2 gramas. Com cerca de 500 anos, esta pérola foi encontrada por um escravo no arquipélago das Pérolas, no golfo do Panamá, e depois passou pelas mãos de vários reis e rainhas europeus. Mais recentemente, pertenceu a Elizabeth Taylor e foi vendida, como parte da colecção da actriz, num leilão da Christie's, em Dezembro de 2011. Atingiu os oito milhões de euros, o valor mais alto alguma vez pago por uma pérola.
REFERÊNCIAS:
Pobreza extrema tem diminuído mas Objectivos do Milénio ainda são miragem
Avaliação feita antes das cimeiras do G8 e do G20 deste fim-de-semana mostra progressos, mas confirma que em áreas como a saúde materna e a mortalidade infantil há muito por fazer. (...)

Pobreza extrema tem diminuído mas Objectivos do Milénio ainda são miragem
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento -0.12
DATA: 2010-06-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: Avaliação feita antes das cimeiras do G8 e do G20 deste fim-de-semana mostra progressos, mas confirma que em áreas como a saúde materna e a mortalidade infantil há muito por fazer.
TEXTO: Mesmo com as crises alimentar e económica, que provocou sérios danos no emprego, o mundo está a avançar na concretização dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM). Mas esse progresso é lento e para que as metas sejam alcançadas até 2015 os países devem acentuar os seus esforços, indica um relatório das Nações Unidas. O documento, divulgado esta semana, em vésperas das cimeiras do G8 e do G20, que reúnem as principais economias do planeta este fim-de-semana em Toronto, no Canadá, indica que a pobreza extrema diminuiu, o combate a doenças como o HIV/sida e a malária tem dado frutos, o acesso a água potável aumentou e há avanços na escolarização básica, designadamente em África. Só que noutras áreas críticas, como a saúde materna, a mortalidade infantil e o acesso a saneamento básico, é preciso percorrer um longo caminho para manter a esperança de alcançar os ODM - fixados há dez anos com a intenção de lutar contra a pobreza extrema e reduzir as suas consequências em domínios como a fome, a saúde e a educação. "A pobreza extrema caiu de 46 por cento em 1990 para 27 por cento, e deve baixar para 15 por cento em 2015, em grande parte devido aos avanços na China, Ásia do Sul e Sudeste da Ásia", referem as Nações Unidas. Os 15 por cento desejados significariam, ainda assim, que 920 milhões de pessoas estariam nessa altura a viver abaixo do limiar de pobreza fixado em 1, 25 dólares por dia (à volta de um euro). Apesar da evolução, o relatório reconhece que a fome e a má nutrição estão a crescer em regiões como a Ásia do Sul e que persiste o fosso entre ricos e pobres e comunidades urbanas e rurais que torna o mundo desigual. No caso da mortalidade infantil, os avanços, quantificados numa redução de 28 por cento entre 1990 e 2008, para 72 mortes por mil nascimentos, são muito limitados. A distância a percorrer para atingir a meta de diminuição de 66 por cento é ainda muito grande. Só em 2008, segundo os dados das Nações Unidas, morreram 8, 8 milhões de crianças com menos de cinco anos. Nas regiões pouco desenvolvidas, menos de metade das mulheres têm acesso a cuidados médicos durante a gravidez. Para que as metas em matéria de mortalidade na gravidez sejam cumpridas será necessário, segundo cálculos avançados pela AFP, uma diminuição anual de 5, 5 por cento até 2015. Só desse modo se chegaria ao objectivo de redução de 75 por cento face a 1990. Raparigas piorNos países mais pobres, as raparigas continuam a não ter as mesmas oportunidades que os rapazes, especialmente na educação - a possibilidade de não frequentarem a escola é quatro vezes menor. O relatório "de progresso", o último antes da cimeira que a 21 e 22 de Setembro deve reunir em Nova Iorque cerca de uma centena de chefes de Estado, cita também estimativas do Banco Mundial que sugerem que a crise terá lançado 50 milhões de pessoas na pobreza extrema em 2009 e que os números crescerão este ano, principalmente na África subsariana e no Leste e Sudeste asiático. O número de pessoas com fome permanece, tal como em 2009, acima dos mil milhões. "A incerteza económica não pode ser desculpa para atrasar os esforços de desenvolvimento", disse o secretário-geral das Nações Unidas. "É uma razão para os acentuar. Investindo nos ODM, investimos no crescimento económico global", acrescentou Ban Ki-moon, que defende a concentração de esforços dos líderes internacionais em várias frentes: criação de emprego, estímulo do crescimento económico, aposta na segurança alimentar, promoção de energia limpa e reforço das parcerias entre países ricos e pobres para ajudar à evolução dos menos desenvolvidos.
REFERÊNCIAS:
Étnia Asiático
Journey to Portugal: Uma viagem que nunca terminou
Sob influência da cultura nipónica, de que se dizem apaixonados, seis antigos correspondentes da imprensa mundial em Tóquio invadiram, este Setembro, a terra dos "bárbaros do Sul". Fernando Mezzetti, Philippe Riès, William Horsley, John Harris, Bill Emmott e Andrew Horvat prepararam a viagem com leituras de Saramago, Tabucchi, Eça, Byron, Beckford, Soror Mariana Alcoforado... E aceitaram escrever na Pública as impressões da sua Journey to Portugal. (...)

Journey to Portugal: Uma viagem que nunca terminou
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-11-21 | Jornal Público
SUMÁRIO: Sob influência da cultura nipónica, de que se dizem apaixonados, seis antigos correspondentes da imprensa mundial em Tóquio invadiram, este Setembro, a terra dos "bárbaros do Sul". Fernando Mezzetti, Philippe Riès, William Horsley, John Harris, Bill Emmott e Andrew Horvat prepararam a viagem com leituras de Saramago, Tabucchi, Eça, Byron, Beckford, Soror Mariana Alcoforado... E aceitaram escrever na Pública as impressões da sua Journey to Portugal.
TEXTO: Quanto valem as Linhas de Torres, a Judiaria de Castelo de Vide, ver o Sol a nascer sobre o Tejo da janela de um quarto num hotel que foi Palácio desde o século XV? A recordação de uma paisagem de oliveiras, de vinhas, de sobreiros? Um clima ameno? O mar aberto? O gosto de um vinho, a autenticidade dos habitantes de um país desconhecido? Quanto valeu a chegada à Índia? A entrada inaugural (Tanegashima, 1543, com ou sem Fernão Mendes Pinto) no Japão do século XVI? O Japão, precisamente. O Japão os uniu. O Japão os trouxe a Portugal. Como se - o antigo "patrão" da revista The Economist Bill Emmott escreve-o sem rodeios - de uma revisão livre da História se tratasse, eles, antigos correspondentes de imprensa, ocidentais tomados de amores pelo Japão por cuja cultura se confessam influenciados, partiram ao encontro de Portugal, mais de quatrocentos anos depois de os nanbanjin ("bárbaros do Sul") terem sido os primeiros europeus a entrar naquele país asiático. A pré-história desta "invasão" de Setembro de 2010 remonta aos anos de 1980. Quando se encontram todos em Tóquio. Jornalistas já feitos - o suficiente para serem correspondentes ou chefiarem delegações de colossos mediáticos como a BBC, a CBS News, a Associated Press, a AFP, La Stampa, The Independent, Los Angeles Times, The Economist. Os anos de convívio no Clube de Imprensa, na capital japonesa, criam entre eles laços, que se estendem naturalmente às mulheres. Apenas uma foi jornalista (The Economist). Comungam todas, porém, igualmente, além desta irmandade profissional dos maridos, de uma evidente curiosidade intelectual. Há entre elas, docentes universitárias, um doutoramento em Arte Sacra, outro a fazer-se em Arte Japonesa, um ex-quadro da Casa Yves Saint Laurent. No grupo de 11, três são ingleses, dois italianos, um francês, uma coreana, uma japonesa, uma portuguesa, um húngaro-canadiano, um norte-americano. A carreira separa-os. Emmott sai de Tóquio, aos 34 anos, para o gabinete de editor da The Economist, que dirigiu até meados desta década; Harris, para bureau-chief em Londres; Fernando para Roma e um jornal online; Philippe, para a mesma função em Bruxelas - e mais recentemente também para o jornalismo online, no celebrado Mediapart, onde muitos dos trabalhos com a sua assinatura chegam via Internet, directamente de Castelo de Vide. Há quem, como William (mulher japonesa), se torne free-lancer e se empenhe na defesa da liberdade de imprensa. E quem, como Andrew (mulher coreana), dirija um programa da Universidade de Standford. . . em Quioto. A geografia, também a reforma, nalguns casos, afastam-nos. Mas o Japão permanece como elo. E este passa a chamar-se turismo cultural, a forma de se reencontrarem. Um programa convoca-os a todos para uma viagem a um país determinado. Primeiro, invadiram a Hungria, em 2008. Depois a Bélgica, em 2009. Em 2011 irão a Itália, guiados pelo casal Mezzetti. Em 2010, Adelia (a portuguesa que tratou da imagem da Casa Yves Saint Laurent no Japão durante 12 anos) encarrega-se de preparar a Journey to Portugal. Com Philippe, na nova casa de Castelo de Vide, desenha um primeiro esboço de programa. Um amigo da juventude dá sugestões, estabelece-lhe contactos. O tempo da estadia (13 a 21 de Setembro para os mais disponíveis) obriga a deixar de fora destinos de outra forma imperdíveis. Conciliados os interesses, tudo se concentra em Lisboa e alguma coisa à volta, e no Alentejo. Seguem por email as sugestões de leitura:
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE
Angoulême arranca com os olhos postos na banda desenhada social de Baru
Entre a abertura aos novos talentos e a celebração dos 60 anos da comic strip Peanuts, o mais importante festival europeu consagra este ano a banda desenhada social de Baru. Como nas anteriores edições, autores, editores e público transformam durante quatro dias a pequena cidade da Charente Marítima num espaço cosmopolita único, preenchido com exposições, sessões de autógrafos, debates, concertos e um sem número de animações. (...)

Angoulême arranca com os olhos postos na banda desenhada social de Baru
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.033
DATA: 2011-01-27 | Jornal Público
SUMÁRIO: Entre a abertura aos novos talentos e a celebração dos 60 anos da comic strip Peanuts, o mais importante festival europeu consagra este ano a banda desenhada social de Baru. Como nas anteriores edições, autores, editores e público transformam durante quatro dias a pequena cidade da Charente Marítima num espaço cosmopolita único, preenchido com exposições, sessões de autógrafos, debates, concertos e um sem número de animações.
TEXTO: Os grandes destaques são as exposições consagradas ao universo dos Peanuts, do americano Charles M. Schulz, que faz 60 anos no final deste ano, e à obra do francês Baru, Grande Prémio do festival em 2010. Do primeiro não é necessário dizer grande coisa – é uma das mais célebres bandas desenhadas do mundo, divulgada durante décadas em Portugal pelo desaparecido Diário de Lisboa e parcialmente editado em álbum pela Afrontamento. Quanto ao autor francês, publicado em parte pela editora alternativa Polvo, é reduzido o conhecimento do público português. A exposição cobre o que o próprio Baru define como “uma deambulação pelo interior da cultura operária, da sua grandeza à sua decadência”, dando a conhecer de forma sistematizada a temática dominante das suas bandas desenhadas, centradas nas questões ligadas à vida das classes trabalhadoras. Para o crítico francês Laurent Mélikian este é um dos pontos fortes do festival deste ano: “Fala-se de um olhar social na banda desenhada, é certo. É também um sinal de que este ano nos interrogaremos mais sobre o fundo de uma banda desenhada do que sobre a sua forma, e isso não me desagrada. ”O peso da criação francófona no conjunto da programação é grande, como de costume. Em primeiro plano, está uma exposição dedicada ao mundo da série heroic fantasy Lanfeust de Troy, de Christophe Arleston, Didier Tarquin e Jean-Louis Mourier, inédita em Portugal. Noutro registo, são percorridos os cinco séculos da colonização francesa, tendo como ponto de partida os quatro volumes da Petite Histoire des Colonies Françaises (argumento de Grégory Jarry e desenho de Otto T. ). Um terceiro momento é dedicado à nova BD belga francófona, permitindo o contacto com a obra de autores “experimentais” (Benjamin Monti, Ilan Manouiach, Sacha Goerg, etc), criadores de referência da editora Frémok (Thierry Van Hasselt, Vincent Fortemps, Olivier Deprez ou Eric Lambé) e artistas “independentes” (Joe G. Pinelli, Louis Joos, Deniz Deprez ou David Vandermeulen). Merece também referência a exposição sobre jovens talentos, que reúne 20 “autores a descobrir” num futuro próximo. O fascínio pelo OrienteComo festival internacional, Angoulême é o ponto de confluência da criação de todo o mundo. Fazendo desde há muito parte do imaginário francês, a banda desenhada oriental (sobretudo japonesa e sul-coreana) volta a estar presente: Hong Kong Stars é a exposição que revela o dinamismo, originalidade e liberdade criativa dos artistas da antiga colónia britânica, distanciados do modelo mangá (BD japonesa) e das condicionantes ideológicas que pesam sobre os autores e editores chineses. Seguindo uma prática que já se tornou tradição em Angoulême, o festival inclui um Espace Mangasie, onde a banda desenhada asiática é rainha: animações, exposições, encontros, projecções audiovisuais, pavilhões de editores, performances, há um pouco de tudo para satisfazer os inúmeros admiradores e cultores deste género temático e gráfico. É a possibilidade de “acumular ao vivo tanta informação sobre a banda desenhada francófona e internacional” que Patrick Gaumer, crítico e autor do Larousse de la BD, destaca na programação deste ano, enumerando a seguir as presenças: Turquia, Arménia, Hong Kong, Taiwan, Finlândia e África. Didier Pasamonik, chefe de redacção do site ActuaBD, pronuncia-se no mesmo sentido e manifesta-se particularmente interessado na “enorme presença de países ‘emergentes’ na BD” . Para Laurent Mélikian, “Angoulême é sempre um momento de reencontro com uma banda desenhada que não conheço, seja francesa ou, sobretudo, estrangeira”.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave cultura rainha social género
Crimes de rapto e sequestro sempre a aumentar desde 2007
Os crimes de rapto, sequestro e tomada de reféns são, entre a criminalidade grave e violenta investigada pelas forças policiais, dos que mais têm subido nos últimos anos. Os dados estatísticos constantes dos relatórios anuais de segurança interna dos anos de 2007, 2008 e 2009 (os mais recentes) mostram que a prática destes delitos foi, respectivamente, de 442, 493 e 536 casos. (...)

Crimes de rapto e sequestro sempre a aumentar desde 2007
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-02-03 | Jornal Público
SUMÁRIO: Os crimes de rapto, sequestro e tomada de reféns são, entre a criminalidade grave e violenta investigada pelas forças policiais, dos que mais têm subido nos últimos anos. Os dados estatísticos constantes dos relatórios anuais de segurança interna dos anos de 2007, 2008 e 2009 (os mais recentes) mostram que a prática destes delitos foi, respectivamente, de 442, 493 e 536 casos.
TEXTO: Muitos dos casos detectados correspondem a acertos de contas entre grupos criminosos rivais, nomeadamente de traficantes de droga. As zonas de Lisboa e Setúbal são aquelas de maior incidência neste tipo de criminalidade que, muitas vezes, se reveste de extrema violência, com as vítimas a serem mutiladas com golpes de armas brancas ou até alvejadas a tiro e, posteriormente, despejadas em contentores do lixo ou em locais ermos. O mais recente caso de rapto, anunciado hoje pela Polícia Judiciária (PJ) do Porto, não se inclui no rol dos crimes em que a motivação é o ajuste de contas devido ao tráfico de droga. É, ainda assim, um acto resultante de alegadas dívidas por um dos intervenientes. A vítima deste caso, uma mulher que esteve fechada numa casa próxima de Famalicão, durante oito dias (foi libertada ontem após operação da PJ) foge um pouco aos parâmetros habituais, uma vez que a maior parte dos raptos não costuma exceder os dois ou três dias. Fontes policiais contactadas pelo PÚBLICO, mesmo não estando na posse de todos os elementos, acreditam que este não será um caso que envolva grupos organizados de criminosos, nomeadamente de redes asiáticas. Na opinião dos investigadores contactados, as redes organizadas, nomeadamente as chinesas, são mais cuidadosas no seu modo de actuação, raramente deixando pistas que permitam uma rápida investigação e actuação das autoridades. Os grupos mafiosos asiáticos que têm actuado em Portugal só em ocasiões muito raras têm sido detectados. Um dos poucos casos referenciados ocorreu há cerca de seis anos, na zona da Gare do Oriente, em Lisboa, e envolvia alguns homens que integravam uma rede de tráfico de seres humanos e que possuía ligações a Espanha. Anos antes, tendo igualmente como ponto de partida uma cidade espanhola (Barcelona) e outra portuguesa (Lisboa) a PJ veio a encontrar, numa mala há muito abandonada num terminal rodoviário, as pernas de uma mulher chinesa que fora executada. O tronco apareceria algum tempo depois em Hendeye, França. Tratava-se de uma vítima de uma rede de prostituição, abatida após querer fugir.
REFERÊNCIAS:
Entidades PJ
Um serviço internacional com um negócio muito americano
Em vésperas de entrar em bolsa, o Twitter revelou que tem prejuízo. O negócio assenta em formatos de publicidade pouco convencionais e na venda de dados dos utilizadoresO Twitter é sem dúvida um serviço internacional. É usado por mais de 200 milhões de pessoas em todos os continentes. A rainha de Inglaterra, o Papa e o Dalai Lama têm uma conta, tal como muitos políticos (vários portugueses incluídos) e imensas celebridades. Ajudou revoltas populares em países como o Egipto, servindo de ferramenta de comunicação de difícil controlo para as autoridades. Nesta sexta-feira, o comité do Nobel usou o Twitter para conta... (etc.)

Um serviço internacional com um negócio muito americano
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-10-13 | Jornal Público
TEXTO: Em vésperas de entrar em bolsa, o Twitter revelou que tem prejuízo. O negócio assenta em formatos de publicidade pouco convencionais e na venda de dados dos utilizadoresO Twitter é sem dúvida um serviço internacional. É usado por mais de 200 milhões de pessoas em todos os continentes. A rainha de Inglaterra, o Papa e o Dalai Lama têm uma conta, tal como muitos políticos (vários portugueses incluídos) e imensas celebridades. Ajudou revoltas populares em países como o Egipto, servindo de ferramenta de comunicação de difícil controlo para as autoridades. Nesta sexta-feira, o comité do Nobel usou o Twitter para contactar a organização vencedora do Nobel da Paz, depois de o tradicional telefonema ter falhado. Porém, no que diz respeito ao negócio, o Twitter, que tem sede na Califórnia e está a preparar-se para entrar em bolsa, é essencialmente uma empresa americana. Segundo informação entregue à Securities and Exchange Commission, um regulador de mercados, só um em cada quatro utilizadores é dos EUA. Mas é naquele país que o Twitter obtém 75% das receitas. Em termos financeiros, o valor de um utilizador dos EUA é muito superior ao do resto do mundo. A empresa, que faz dinheiro sobretudo com publicidade, não especificou quanto ganha com cada conta activa. Em vez disso, usou outra métrica: quanto ganha com cada 1000 visualizações da timeline, a lista principal de mensagens. São 2, 17 dólares no caso de mil visualizações por um utilizador nos EUA e apenas 30 cêntimos, em média, para os outros países (para os quais não há informação discriminada). A empresa declarou ter objectivos de uma maior internacionalização, mas também apontou riscos nesta estratégia. Entre eles, estão as leis regulatórias da União Europeia (que escrutina mais a actividade de empresas do que os reguladores dos EUA) e as dificuldades de acesso à Internet em alguns países, como acontece na Ásia e em África. O limite de 140 caracteres que se tornou na imagem de marca até é menos sentido nos países asiáticos, onde um único símbolo representa uma palavra inteira e é possível empacotar muito mais conteúdo em muito menos caracteres. No entanto, dos seis países indicados pelo Twitter como aqueles onde espera mais crescimento, só um é daquele continente: o Japão. A este somam-se a Argentina, França, Rússia, Arábia Saudita e África do Sul. Já o importante mercado chinês foi classificado como um "desafio": não só o Twitter é bloqueado naquele país, como a China já tem um serviço semelhante, chamado Weibo, onde mais de 500 milhões de pessoas se registaram. Publicidade diferenteA empresa faz dinheiro sobretudo com publicidade, mas também com a venda de dados dos utilizadores a outras empresas - informação como os interesses e comportamentos de um determinado tipo de utilizador é material precioso para outros negócios e as rede sociais estão em posição privilegiada para recolher imensas quantidades destes dados. A publicidade representou 87% dos 254 milhões de dólares (187 milhões de euros) de receitas conseguidas no primeiro semestre. No Twitter, o conceito de publicidade não é convencional. Em vez de exibir um anúncio, é possível pagar para que determinados conteúdos sejam inseridos no fluxo de informação a que os utilizadores são expostos e com o qual interagem. A empresa vende três serviços de promoção. Por um lado, há os tweets que alguém pagou para que sejam mostrados entre as mensagens das contas que os utilizadores de facto escolheram seguir. Por outro, há contas cujos responsáveis pagam para que surjam na lista de sugestões de contas a seguir - um serviço que pode ser usado por uma empresa em busca de novos seguidores. Por fim, é ainda possível pagar para colocar um determinado assunto na lista de tópicos que estão a ser populares entre os utilizadores. Todos estes elementos são idênticos aos que a rede cria espontaneamente, excepto pelo facto de serem assinalados como tendo sido pagos. Isto significa que, tecnicamente, pelo menos, os conteúdos pagos podem espalhar-se da mesma forma que uma mensagem do cantor Justin Bieber, que tem a conta mais popular no Twitter. Este ano, a empresa começou a experimentar, nos EUA, novos modelos publicitários, para aproveitar o fenómeno das pessoas que estão nas redes sociais a comentar o que vêem na televisão. Um dos formatos a serem testados mostra no Twitter publicidade relacionada com aquilo a que o utilizador está a assistir na TV (e que é deduzido pelos algoritmos do Twitter através de uma análise das mensagens publicadas). Um outro formato permite aos canais difundirem na rede pequenos vídeos que também incluem anúncios. Das grandes redes sociais do mundo ocidental, o Twitter é a única que decidiu a entrada em bolsa numa altura em que dá prejuízo. No primeiro semestre deste ano, a empresa teve perdas de 69 milhões de dólares (51 milhões de euros). Desde a fundação, em 2006, acumulou prejuízos de 419 milhões de dólares (309 milhões de euros, ao câmbio actual). Por contraste, o Facebook registava lucros trimestrais de 302 milhões de dólares quando anunciou, no ano passado, a oferta de venda inicial. Já em 2011, o LinkedIn fez uma bem- sucedida entrada em bolsa - tinha lucros de 915 mil dólares quando entregou a documentação ao regulador.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
Coreia do Norte: o país é um mistério, o seu futebol não
Pela primeira vez o Mundial de Futebol vai ter lugar no continente africano. E Portugal está na fase final. Por isso, no domingo, a Pública é dedicada a esta competição que começa no dia 11 de Junho. Portugal estreia-se a 15, frente à Costa do Marfim; Coreia do Norte e Brasil são os outros adversários da primeira fase. Fomos à Covilhã ouvir os sonhos dos rapazes que calçam as chuteiras de Portugal; reportagem de Hugo Daniel Sousa e Paulo Ricca. Na África do Sul pós-"apartheid" vimos que existe verdade mas falta reconciliação; reportagem de Alexandra Lucas Coelho e Pedro Cunha. Contamos a história de Didier Drogba, o carismático líder da selecção da Costa do Marfim. No estádio mais mítico do mundo, o Maracanã, no Rio de Janeiro, testemunhámos o que é a torcida brasileira. Oferecemos um poster com os 24 jogadores convocados por Carlos Queiroz e um calendário para seguir os jogos. (...)

Coreia do Norte: o país é um mistério, o seu futebol não
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Africanos Pontuação: 5 Asiáticos Pontuação: 6 Animais Pontuação: 5 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-05-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: Pela primeira vez o Mundial de Futebol vai ter lugar no continente africano. E Portugal está na fase final. Por isso, no domingo, a Pública é dedicada a esta competição que começa no dia 11 de Junho. Portugal estreia-se a 15, frente à Costa do Marfim; Coreia do Norte e Brasil são os outros adversários da primeira fase. Fomos à Covilhã ouvir os sonhos dos rapazes que calçam as chuteiras de Portugal; reportagem de Hugo Daniel Sousa e Paulo Ricca. Na África do Sul pós-"apartheid" vimos que existe verdade mas falta reconciliação; reportagem de Alexandra Lucas Coelho e Pedro Cunha. Contamos a história de Didier Drogba, o carismático líder da selecção da Costa do Marfim. No estádio mais mítico do mundo, o Maracanã, no Rio de Janeiro, testemunhámos o que é a torcida brasileira. Oferecemos um poster com os 24 jogadores convocados por Carlos Queiroz e um calendário para seguir os jogos.
TEXTO: Coreia do Norte: o país é um mistério, o seu futebol nãoQuando a selecção da Coreia do Norte participou no Mundial de futebol em 1966 não tinha adeptos, mas foi adoptada de forma incondicional pela população de Middlesbrough, que os acompanhou até Liverpool para o jogo dos quartos-de-final em que perderam com Portugal. Mais de 40 anos depois, a equipa norte-coreana volta a estar num Mundial (será a segunda vez), mas não está a contar com o apoio espontâneo dos locais. Nem com o apoio presencial dos seus adeptos. O Governo de Pyongyang comprou mil bilhetes para formar um “exército voluntário de adeptos” composto por chineses para mostrar nos estádios sul-africanos as bandeiras da República Democrática Popular da Coreia. Na verdade, não serão muitos os norte-coreanos, tirando a comitiva oficial e algumas elites, que estarão nos jogos. A esmagadora maioria dos coreanos que vive acima do paralelo 38 não está autorizada a sair do país e, mesmo que estivesse, provavelmente não teria condições económicas para o fazer. Assim, os norte-coreanos estão resignados a seguir à distância a carreira dos “cholima” (é a alcunha da selecção, que é o nome de um cavalo alado mitológico), mas também não é garantido que tenham acesso às transmissões televisivas em directo dos jogos do Mundial. A estação televisiva da Coreia do Sul que detém os direitos de transmissão não vai ceder o sinal à Coreia do Norte devido às suspeitas de que o regime de Kim Jong-Il terá afundado um navio sul-coreano. A Coreia do Norte, 106. ª colocada no ranking FIFA (a pior entre as 32 selecções que estão no Mundial), pode até ser campeã do mundo de futebol sem que nenhum norte-coreano em território nacional esteja a ver. “É o desporto número 1 na Coreia, sempre foi. Acho que vão ver todos os jogos, mas penso que não os irão ver ao vivo”, diz à Pública Nick Bonner, um britânico que gere a Koryo Tours, uma agência baseada em Pequim e especializada em viagens para a Coreia do Norte. Bonner garante ter lá ido, pelo menos, uma vez por mês desde 1993, ano em que começou a organizar as viagens para um dos países mais fechados do mundo. Na verdade, os norte-coreanos têm um acesso regular a jogos das ligas europeias e sul-americanas. A televisão, controlada pelo Estado (tal como todos os outros media), transmite semanalmente jogos de várias ligas mundiais. “As transmissões são aos domingos. As ruas até estão mais sossegadas na altura em que está a dar futebol na televisão”, conta o britânico. Os norte-coreanos qualificaram-se às custas da Arábia Saudita, orientada pelo português José Peseiro, no play-off final. Segundo alguns relatos da imprensa internacional, os norte-coreanos nem sequer viram o decisivo jogo da segunda-mão em directo — só na noite seguinte, em diferido, é que terão assistido à histórica qualificação. Nick Bonner não confirma esta versão, mas revela que os norte-coreanos viram todos os jogos do Mundial 2006, por cortesia dos seus vizinhos da península, e observa que, se as relações com a Coreia do Sul se mantiverem tensas, sempre podem pedir o sinal emprestado à China. O contacto regular com as autoridades norte-coreanas para a organização das excursões facilitou a Bonner e Daniel Gordon, realizador britânico, investigarem uma das mais fascinantes histórias do futebol do século XX: o que realmente acontecera à equipa de 1966. Durante anos, nada se soube e circulavam rumores de que teriam sido castigados por terem participado em festas com muito álcool e mulheres após o jogo com Portugal nos quartos-de-final. A lenda era que haviam sido presos, torturados, alguns mesmo mortos, outros enviados para campos de trabalho. Depois de vários anos a tentar, Bonner recebeu um fax, em 2001, de Pyongyang a dar autorização para irem ao país entrevistar os sobreviventes daquela misteriosa equipa. “Depois de fazermos o documentário, até conhecemos mais jogadores”, recorda Bonner. E assim o mundo ficou a saber os destinos do elástico guarda-redes Lee Chang Myung, do avançado Pak Sung-Jin ou de Pak-Doo-Ik, o homem que marcou o golo da eliminação da selecção italiana. Os dois britânicos não só reuniram os sobreviventes (aparecem oito no filme, mais o treinador), como promoveram o regresso de todos a Middlesbrough. E todos os que aparecem no filme estão ou envolvidos no desporto, ou fazem parte do exército. Não há, no entanto, um único momento em que não apareçam com dezenas de medalhas ao peito. Os amigos de MiddlesbroughA qualificação norte-coreana para o Mundial de Inglaterra já é, em si, uma história. Na altura, para além das selecções europeias e sul-americanas, havia apenas um lugar na fase final para três continentes: África, Ásia e Oceânia. As equipas africanas retiraram-se todas da qualificação, como forma de protesto pela distribuição das vagas, tal como a Coreia do Sul. Restaram Austrália e Coreia do Norte para lutar pela vaga. Como os australianos não reconheciam a Coreia do Norte, o confronto teve de ocorrer em campo neutro, em Phnom Pehn, no Camboja. A selecção australiana estava confiante em vitórias fáceis nos dois encontros e levaram a preparação pouco a sério. Para os coreanos, era uma oportunidade única e isso mostrou-se nos resultados: 6-1 na primeira mão, 3-1 na segunda. Seria a primeira vez (e única, até 2010) que os coreanos chegavam a uma fase final de um Mundial, enquanto os australianos teriam de esperar até 1974 para lá chegar. O estatuto internacional da Coreia do Norte não ajudava em nada a vida da sua selecção de futebol. O regime comunista de Kim Il-Sung não tinha relações diplomáticas com a Inglaterra e a guerra da Coreia pertencia ainda a um passado muito recente. Como condição para poderem entrar no país, os norte-coreanos abdicaram, por exemplo, de terem o seu hino tocado antes do início dos jogos, que seriam, por esta ordem, União Soviética, Chile e Itália. Apesar de serem de um país fechado e longínquo, os norte-coreanos foram calorosamente acolhidos em Middlesbrough, a cidade que seria a sua base na fase de grupos, uma cidade industrial do Nordeste de Inglaterra. “Jogavam bom futebol — sabem, eram pequenos e uma novidade. Jogavam futebol de ataque e isto apanhou as pessoas de surpresa. Não tinham nada de defensivo e por isso as pessoas começaram a apoiá-los”, conta no documentário Dennis Barry, morador da cidade. Contra a União Soviética, os coreanos estrearam-se com uma derrota por 3-0 e o empate (1-1) que se seguiu com o Chile tinha sabor a eliminação do torneio, já que o adversário seguinte seria a poderosa Itália. Mas os italianos, que à data já tinham conquistado dois mundiais (1934 e 1938), não contaram com a organização e espírito de sacrifício dos seus pouco cotados adversários. Depois de Pak Doo-Ik marcar o golo, a “squadra azzurra” carregou e teve muitas oportunidades de dar a volta, mas os jogadores foram perdendo a confiança e o discernimento, e acabou por ser a selecção asiática a festejar juntamente com os seus amigos de Middlesbrough. Seguiu-se a selecção portuguesa, também ela com uma carreira de tomba-gigantes no torneio, deixando de fora o Brasil de Pelé. De Middlesbrough, os norte-coreanos foram para Liverpool e levaram atrás de si três mil adeptos da cidade que os acolhera. Na terra dos Beatles, não tinham alojamento marcado e foram obrigados a ficar nos quartos reservados pelos italianos numa residência de padres. Os “baixinhos com as caras iguais”, como disse José Augusto, um dos membros da equipa portuguesa, começaram por surpreender os “Magriços” de forma bastante afirmativa, colocando-se a vencer por 3-0. Mas Portugal tinha Eusébio, um dos melhores avançados do mundo, que, quase sozinho, destruiu os asiáticos, marcando quatro golos na partida dos quartos-de-final que terminaria em 5-3 para Portugal. Até ao Mundial 2002, organizado pela Coreia do Sul e pelo Japão, nenhuma equipa asiática fez melhor que eles na fase final de um Mundial. Nesse torneio, os sul-coreanos conseguiram chegar às meias-finais eliminando, sucessivamente, a Itália e a Espanha. Pelo menos numa coisa a Coreia do Sul imitou a selecção de 66 que representava um país com o qual nunca deixou de, formalmente, estar em guerra: eram a selecção fisicamente mais bem preparada para jogar no clima húmido da Ásia ocidental. Atlético Sorocaba do BrasilAo contrário da sua selecção feminina, que é a segunda melhor da Ásia e uma das melhores do mundo (sexta no ranking FIFA; a equipa portuguesa está no 41. º lugar), a selecção masculina tem pouca visibilidade internacional, para além dos jogos internacionais e de poucos jogadores que actuam no estrangeiro — dos 23 que vão estar na África do Sul, dois jogam no Japão e um na Rússia. Das competições internas, pouco se sabe para além do nome das equipas e do que é descrito no filme de Gordon e Bonner. Sabe-se, por exemplo, que uma das potências do futebol norte-coreano é o 25 de Abril. As excursões que Bonner promove também permitem algum contacto da Coreia do Norte com equipas estrangeiras, mas são, na sua grande maioria, equipas femininas que o inglês leva ao país. Em Novembro passado, já depois de garantida a qualificação para o Mundial, a selecção norte-coreana defrontou uma equipa brasileira em Pyongyang, mas não foi nem a selecção do Brasil, nem nenhuma das equipas de topo, como o Flamengo ou o Corinthians. Quem representou o futebol brasileiro foi o Atlético Sorocaba, da segunda divisão estadual de São Paulo, apresentado no placard do estádio como Brasil e com equipamentos amarelos. Como foi parar uma obscura equipa com pouca história ao país eremita? Devido às relações com uma universidade norte-coreana de Tóquio e ao facto de o clube ser propriedade da Igreja da Unificação do reverendo Sun Myung Moon, um coreano nascido da zona norte da península. “Eles queriam conhecer melhor o futebol brasileiro”, recorda à Pública Valdir Cipriani, na altura e agora vice-presidente do clube paulista. Nunca os homens do Atlético tinham jogado perante tanta gente — 80 mil espectadores no estádio Kim Il-Sung, e ficaram mais 30 mil fora do recinto — e, para todos os efeitos, era como se fosse a selecção do Brasil, o que terá motivado uma táctica cautelosa por parte do seleccionador da casa, Kim Jong-Hun. “Tecnicamente, da parte deles, foi um jogo muito na retranca. Tinham cinco zagueiros [defesas], três volantes [médios], um armador de jogo e um avançado sozinho lá na frente. Não estavam muito entrosados e tinham uma pontaria muito ruim. Nós éramos um pequeno clube de São Paulo e o que pensávamos era não perder por muitos”, conta Cipriani, que viveu durante dois anos na Coreia do Sul. O jogo acabou num empate sem golos. “Eles respeitaram-nos de mais”, observa o dirigente do clube paulista, que recorda ainda outro momento em que o treinador ficou de mão estendida quando tentou cumprimentar o seleccionador norte-coreano antes do jogo — cumprimentaram-se depois do jogo. Nos jornais do dia seguinte, acrescenta Cipriani, nem uma palavra sobre a partida. A propagandaNo documentário de Bonner e Gordon, os jogadores recordavam um encontro com Kim Il-Sung que, dizem, os inspirou para os feitos em 1966. O filme mostra, inclusive, um momento em que os sobreviventes dessa equipa são levados até uma grande estátua do “presidente eterno” e quase todos começam a chorar. Para o Mundial 2010, todas as poucas declarações públicas de jogadores e treinadores da Coreia do Norte falam do “Querido Líder” como uma fonte de inspiração. A propaganda difundida no país pelo Governo de Pyongyang reforça este sentimento. “O que aconteceu este ano prova, mais uma vez, que a liderança experiente do secretário-geral Kim Jong-Il e a sua grande devoção patriótica são a fonte de todas as vitórias, milagres e força inesgotável”, lia-se numa nota publicada pela agência de notícias norte-coreana. A máquina de propaganda funciona, essencialmente, para o interior. O sucesso na manutenção do regime está na sua capacidade de controlar a informação que chega aos cidadãos, que apenas recebem dados fornecidos pelo Estado e não têm acesso à Internet. E o futebol também serve para passar a mensagem. Por exemplo, durante a qualificação asiática, após um confronto entre as duas Coreias na China, a federação norte-coreana acusou a sua contraparte de Seul de ter envenenado os seus jogadores. “Os principais jogadores da República Democrática Popular da Coreia não se conseguiam levantar por causa de vótimos, diarreia e dores de cabeça. […] Pode ser dito, sem qualquer dúvida, que tal foi provocado por um acto deliberado de adulteração dos alimentos”, dizia, em comunicado, a federação norte-coreana, que acusava ainda o árbitro de “trabalho seriamente tendencioso”. Mas os norte-coreanos são realistas sobre as possibilidades do seu futebol contra potências como o Brasil, Portugal e Costa do Marfim, os seus adversários da primeira fase — o Brasil será o primeiro adversário, a 15 de Junho. Ainda assim, esperam emular os feitos dos heróis de 1966. “Depois de derrotar as probabilidades com a nossa qualificação, queremos espantar o mundo do futebol”, diz Jong Tae-Se, avançado dos japoneses do Kawasaki Frontale. Jong é um dos poucos jogadores conhecidos da equipa norte-coreana, um avançado de 26 anos forte, a quem chamam o Wayne Rooney da Ásia, por a sua entrega ao jogo ser semelhante à do jogador do Manchester United. Jong nasceu no Japão e diz-se que tem origens norte-coreanas, emboram outras fontes digam que os seus pais são da Coreia do Sul — parece, no entanto, certo que tenha estudado num colégio norte-coreano em Tóquio. O estilo de jogo dos norte-coreanos do presente contrasta bastante com o espírito ofensivo dos seus antecessores. Jogam apenas com um avançado e utilizam um superdefensivo sistema com cinco defesas. Tal táctica valeu-lhes, no entanto, terem sofrido apenas dois golos na fase de apuramento. “Jogamos um futebol feito de velocidade e boa técnica, de acordo com os padrões do futebol moderno, que incluem grande resistência física. O nosso espírito é um factor de união entre os jogadores. Apesar de a tendência global ser um futebol mais de ataque, o nosso estilo defensivo é o que melhor se adapta aos nossos jogadores”, reconhece o seleccionador norte-coreano. Nick Bonner acredita que ninguém tem mais a provar ao mundo que a Coreia do Norte e que, só isso, pode reduzir a diferença para os adversários mais poderosos: “Todos vão jogar a 100 por cento, a Coreia do Norte vai jogar a 110 por cento. Estão nos lugares de baixo da hierarquia e vão jogar por um país que é pária. Espero que o futebol seja mais forte que a política. ”
REFERÊNCIAS:
Natalie Portman condena Galliano
A actriz de origem israelita e vencedora de um Óscar na madrugada de domingo, Natalie Portman, condenou veementemente os recentes comentários racistas de John Galliano, pelos quais o estilista foi suspenso da casa Dior. (...)

Natalie Portman condena Galliano
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Africanos Pontuação: 3 Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-03-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: A actriz de origem israelita e vencedora de um Óscar na madrugada de domingo, Natalie Portman, condenou veementemente os recentes comentários racistas de John Galliano, pelos quais o estilista foi suspenso da casa Dior.
TEXTO: A actriz tem um contrato com a Dior, para dar a cara pelo perfume Miss Dior Cherie, desconhecendo-se se estas acções do criativo que durante anos esteve à frente da casa francesa poderão afectar este acordo. Num comunicado divulgado ontem à noite em Los Angeles, Portman dizia: “Estou profundamente chocada e desgostada com o vídeo de John Galliano que veio hoje a público. Perante este vídeo, e como orgulhosa judia, não quero ser associada ao sr. Galliano de nenhuma forma. Espero, pelo menos, que estes terríveis comentários nos recordem a importância de reflectirmos e de combatermos estes preconceitos ainda existentes e que são o oposto de tudo o que é bonito”. Soube-se na passada sexta-feira que John Galliano, de 50 anos, tinha sido suspenso da Dior depois de uma cena de insultos anti-semitas num bar de Paris. Nessa ocasião, o estilista terá chamado “judia suja” a uma mulher de 35 anos, acompanhada de um homem, de 41, de origem asiática. Ontem, o “The Sun” revelou um vídeo sobre um outro incidente, ocorrido igualmente num café de Paris, durante o qual se vê o estilista a insultar um grupo onde estavam pelo menos um homem francês e duas mulheres italianas. Nessa ocasião, Galliano terá dito que “adora” o Hitler e, voltando-se para as italianas, disse: “Pessoas como vocês estariam mortas. As vossas mães, os vossos antepassados, estariam todos gaseados”. Depois destes comentários e de o vídeo ter vindo a público, o futuro de Galliano na Dior parece estar cada vez mais comprometido.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave mulher homem mulheres
O legado de Mandela
O exemplo de Madiba, aplaudido em todo o mundo, irá ou não triunfar no seu país e no continente africano?, pergunta o escritor angolano José Eduardo Agualusa. (...)

O legado de Mandela
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Africanos Pontuação: 14 Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-08-07 | Jornal Público
SUMÁRIO: O exemplo de Madiba, aplaudido em todo o mundo, irá ou não triunfar no seu país e no continente africano?, pergunta o escritor angolano José Eduardo Agualusa.
TEXTO: A mesma África do Sul que produziu Mandela produziu também o seu contrário. O exemplo de Madiba, aplaudido em todo o mundo, irá ou não triunfar no seu país e no continente africano? Não é uma questão de resposta fácil, afirma o escritor angolano José Eduardo Agualusa. Vale a pena reflectir sobre ela. Na história da África do Sul há uma imagem extraordinária, a qual com a passagem dos anos ganhou ainda mais — senão outros — significados. A 11 de Fevereiro de 1990, Nelson Mandela emerge da cadeia-fazenda de Victor Verster, no Cabo Ocidental, ao lado da segunda mulher, Winnie Mandela. O que vemos hoje naquela imagem não é o mesmo que víamos há 23 anos. Em 1990, víamos uma bela e comovente história de amor, de superação e de liberdade. Hoje vemos, caminhando em direcção ao futuro, de mãos dadas, o ANC nas suas duas versões antagónicas. De um lado a aposta no diálogo e no perdão, a abertura ao outro, a inteligência, a paciência, o espírito democrático, o desprendimento em relação ao poder, a humildade, a elegância, o amor ao próximo. Do outro, o rancor, o ódio em carne viva, a arrogância, a sede de poder, a corrupção, o populismo fácil, a estupidez e a crueldade. Importa avaliar, no momento em que Mandela partiu, a força e a consistência do seu legado no ANC, no conjunto da sociedade sul-africana, e em África de uma forma geral. Nelson Mandela é um produto da complexa sociedade sul-africana. Mandela nasceu e cresceu no seio da aristocracia rural xhosa, educada e bastante sofisticada, sobretudo em comparação com os rudes camponeses semianalfabetos, prisioneiros de uma ideologia religiosa arcaica e ultraconservadora, que no final dos anos 40 se apossaram do poder na África do Sul, começando então a desenhar e a erguer o sistema do apartheid. Lembro-me de ter conhecido nos anos 80 um diplomata sul-africano, bóer, que me explicou de forma resumida aquele que era, no seu entendimento, o dilema sul-africano: “Os meus avós não sabiam ler nem escrever. Andavam descalços. Tomámos o poder e criámos o apartheid para poder calçar todos os bóeres. Hoje temos sapatos e não queremos voltar a andar descalços. ”O afrikaans, a língua dos bóeres, um crioulo de base holandesa, que incorporou muitas palavras de origem banto, malaia e khoi san, nasceu nos quintais e nas cozinhas da Cidade do Cabo. Os escravos muçulmanos, provenientes da Indonésia, foram importantes em todo este processo. É significativo que o primeiro documento que se conhece em língua afrikaans, datado do século XVIII, tenha sido escrito em caracteres árabes, facto um tanto embaraçoso para os teóricos do apartheid. Breyten Breytenbach, um poeta originalíssimo, que assina um belo livro traduzido para português por Mário Cesariny — Enquanto Houver Água na Água e Outros Poemas, Publicações Dom Quixote, 1979 — aterrorizou os membros da sua própria tribo, em 1973, aquando de uma conferência na Universidade da Cidade do Cabo, ao defender a natureza bastarda dos bóeres: “Somos um povo bastardo, com uma língua bastarda. Eis o bom e o bonito. (. . . ) Caímos na armadilha do bastardo que chega ao poder. Nessa porção de sangue que nos vem da Europa vinha a maldição do sentimento de superioridade. Quisemos legitimar a nossa força. E para isso tivemos de combater, debater, abater. Tivemos de nos entrincheirar atrás da nossa diferença. (. . . ) Fizemos dessa diferença a norma, a regra e o ideal. E porque a defesa dessa diferença se faz em detrimento dos nossos irmãos sul-africanos, sentimo-nos ameaçados. Erguemos muros. Não cidades: muralhas. E como todos os bastardos, pouco seguros da sua identidade, começámos a afixar o conceito de “pureza”: o apartheid. O apartheid é a lei do bastardo. ”Breytenbach foi preso, em 1975 — julga-se que devido a uma denúncia do ANC, que não confiava nele —, sendo solto apenas em 1982. Esses anos na cadeia constituem o tema de um dos seus livros mais famosos: As Confissões Verdadeiras de Um Terrorista Albino (Editorial Presença, 1987). O South African Native National Congress (SANNC), a partir do qual se originou o African National Congress (ANC), surgiu em 1912, tendo entre os seus fundadores o filósofo e poeta John Dube e o tradutor e romancista Sol Platje. O primeiro, que, tal como Mandela, era de linhagem real, nasceu em Natal, numa missão protestante, filho de um pastor protestante, e ainda em criança foi enviado para os Estados Unidos para estudar. O segundo traduziu Shakespeare para tswana, a sua língua materna, tendo sido o primeiro sul-africano negro a escrever um romance em inglês — Mudhi. O combate contra os “bastardos bóeres” e o apartheid foi pois, ao menos no seu início, liderado por intelectuais e aristocratas bantu, com melhor preparação e, sobretudo, muito mais segurança identitária que os seus inimigos. Nos últimos dias, em Portugal e noutros países, vários comentaristas políticos insistiram numa estranha tese, segundo a qual a transformação de Nelson Mandela, de um fanático comunista, defensor da luta armada, num velhinho simpático, de sorriso largo, que tomava chá com os seus carcereiros e gostava de vestir camisas de seda coloridas, aconteceu como consequência directa dos longos anos em que passou detido. A prisão teria resgatado Mandela, purificando-o, transformando-o no santo que salvou a África do Sul de um banho de sangue. Conclui-se, portanto, que terá sido o próprio regime do apartheid, através do seu aparelho repressivo, quem salvou a África do Sul. Quanto a mim, tenho grandes dúvidas de que as cadeias purifiquem os homens. Agostinho Neto, para citar apenas um exemplo, foi preso pelo regime salazarista. Sofreu muito na cadeia. Contudo, saiu desse horror, desse castigo, com o mesmo fato cinzento com que havia entrado, o mesmo ar sorumbático, a mesma teimosa aversão ao diálogo. Mal assumiu o poder, esqueceu-se dos anos em que esteve preso, ordenando a prisão e o fuzilamento de largos milhares de angolanos, a maioria dos quais militantes do seu próprio partido. Ao contrário da tese acima exposta, estou em crer que o processo de transição para a democracia e para uma sociedade mais saudável, restabelecida da paranóia racial, teria sido muitíssimo mais rápido com Mandela em liberdade. Livre, dialogando com o mundo, participando nos grandes debates que agitaram os anos 70 e 80, Mandela teria cumprido na mesma o seu percurso interior de transformação. O regime do apartheid acabaria por encontrar nele, logo naquela época, o adversário aberto, disponível para o perdão e para a negociação, que só veio a descobrir anos mais tarde — muitos crimes mais tarde. O apartheid não fez de Mandela uma pessoa melhor. O apartheid não melhorou a África do Sul. A resistência contra o apartheid, essa sim, aperfeiçoou o país. Os longos anos de combate contra o regime racista explicam a elevada consciência política, organização e combatividade da actual sociedade sul-africana. Ao sair da cadeia, naquela manhã de céu baixo, em Franschhoek, no Cabo Ocidental, Mandela foi ao encontro de um país envenenado pelo racismo e pela ditadura, é certo, mas, ao mesmo tempo, muito bem preparado para assumir o seu novo papel de potência democrática regional. Parece-me importante reconhecer a força e a maturidade dos sindicatos sul-africanos, das igrejas e das organizações não-governamentais. Não menos relevante foi o papel desempenhado pelos intelectuais, e em particular pelos escritores, em todo o agitado processo de debate, de resistência e de consciencialização da sociedade civil. Nadine Gordimer, Prémio Nobel da Literatura em 1991, construiu a maior parte da sua obra reflectindo sobre as distorções provocadas na sociedade sul-africana pelo regime do apartheid e as formas de as superar. O mesmo se poder dizer de J. M. Coetzee, Prémio Nobel da Literatura em 2003. Isto não obstante Coetzee ter vindo posteriormente a trocar a África do Sul pela Austrália, opção seguida, aliás, por um número considerável de bóeres. A África do Sul complexa e contraditória — por um lado violenta, brutal e rancorosa, e por outro instruída, alegre e maravilhosa —, essa África do Sul que gerou Mandela foi a mesma que engendrou Winnie. É difícil imaginar o que teria sucedido ao país do arco-íris caso Nelson Mandela tivesse seguido o pensamento e a prática política da sua segunda mulher. Winnie, filha de um antigo ministro da Agricultura e Florestas do então bantostão do Transkey, aderiu ao ANC no final dos anos 50, pouco antes de conhecer e de se casar com Nelson Mandela. Também ela esteve presa, por nove meses, em Pretória, tendo passado ainda vários anos em regime de exílio interno. Ao contrário do marido, a passagem do tempo não a amansou. Em 1976, durante uma grande vaga de protestos juvenis, criou a Federação das Mulheres Negras, filiada ao Movimento da Consciência Negra, de Steve Biko, o qual recusava toda e qualquer aproximação ao mundo dos bóeres — inclusive cultural. Nos anos 80, defendeu publicamente o linchamento dos dissidentes do ANC através do método do colar-de-fogo (necklacing), que consistia em colocar um pneu em chamas em redor do pescoço das vítimas. Muitas pessoas foram mortas por este processo. “Com os nossos fósforos e os nossos colares-de-fogo, libertaremos este país” — afirmou Winnie. Coerente com estas afirmações, terá ordenado, em 1988, o rapto e o linchamento de um jovem de apenas 14 anos, James Seipei. Em 1998, foi ainda acusada de ter ordenado o assassinato do dr. Abu-Baker Asvat, um médico que terá observado o jovem Seipei, em casa da própria Winnie, antes de este ser morto. Julgada e condenada a seis anos de cadeia, pelo assassinato de Seipei, viu a pena ser comutada numa simples multa. Dois anos antes destes acontecimentos, Nelson Mandela separou-se de Winnie, após a revelação de que esta teria tido um affair com um advogado 26 anos mais jovem. Em 2003, veio a público um novo escândalo, desta vez ligando o nome de Winnie Mandela a um caso de fraude e roubo. Winnie foi condenada a seis anos de prisão. Nessa altura, renunciou aos importantes cargos que ocupava no partido. Mais tarde, foi absolvida das acusações de roubo, mas não das de fraude, e teve suspensa a pena de três anos e seis meses de cadeia. Nenhum destes crimes e escândalos foi capaz de ofuscar a popularidade de que Winnie goza entre vastos sectores da sociedade sul-africana. Winnie permaneceu ao lado de Nelson Mandela, juntamente com Graça Machel, a sua terceira mulher, enquanto este agonizava. As duas mulheres testemunharam juntas o último suspiro do velho guerreiro. O Presidente Jacob Zuma foi apupado na passada terça-feira, ao chegar ao estádio FNB, onde decorreram as cerimónias fúnebres de Nelson Mandela. O antigo Presidente De Klerk recebeu meia dúzia de distraídos aplausos. Winnie Mandela, essa, foi acolhida com uma calorosa ovação e uma prolongada salva de palmas. Logo a seguir, Winnie aproximou-se de Graça Machel e cumprimentou-a com um rápido beijo nos lábios, seguido de um longo abraço. A obstinada popularidade de Winnie Mandela, apesar de todos os escândalos em que esta se deixou envolver, incluindo a traição a Madiba, é um bom indício da força e da popularidade da corrente mais radical do ANC. Uma corrente que, velada ou abertamente, sempre contestou a política de reconciliação nacional defendida por Mandela. Vinte anos após o colapso do apartheid, os sul-africanos de origem europeia, que representam 9% da população total do país, continuam a viver em situação de privilégio, detendo cerca de 70% da terra arável. Os teóricos do apartheid defendiam o “desenvolvimento separado”, era assim que lhe chamavam, como a melhor forma de preservar as tradições e as culturas das diferentes etnias radicadas no país. O resultado de tal “desenvolvimento separado” explica a bizarra ignorância mútua que ainda hoje persiste entre as diferentes comunidades. Recentemente, em visita à Cidade do Cabo, fui à procura de álbuns de uma banda chamada The Goema Captains of Cape Town. O goema é um ritmo de carnaval, com forte sabor afro-latino, desenvolvido pela numerosa e politicamente poderosa comunidade mestiça da cidade. Perguntei pela banda a vários amigos meus, indianos, bóeres e anglo-sul-africanos. Nenhum deles a conhecia. Finalmente, um taxista aconselhou-me a falar com os mulatos. “Essa música não é nossa”, disse-me: “É música dos mulatos. ”Nelson Mandela compreendeu que para triunfar sobre o apartheid teria de conseguir que os brancos se aproximassem do mundo dos negros — e vice-versa. No filme Invictus, Clint Eastwood mostra o empenho de Mandela na organização do Mundial de Râguebi na África do Sul, em 1994. Em determinada altura, Mandela, que assumira há pouco a presidência, chama o capitão da selecção sul-africana de râguebi, François Piennar, e explica-lhe que ele e a restante equipa, todos brancos, com a excepção de um dos jogadores, terão de aprender a cantar o Nkosi Sikeleli África, belíssima canção religiosa, composta no final do século XIX, que se tornou o hino da África do Sul. Nelson Mandela consegue o prodígio de convencer a maioria negra, que nunca se interessou por râguebi, um “desporto de brancos”, a encher os estádios para apoiar a selecção sul-africana. A verdade, contudo, é que o râguebi continua a ser na África do Sul um desporto de brancos, o futebol um desporto de negros, o críquete um desporto de indianos e o hóquei em patins um desporto de portugueses. No país do arco-íris, saído do apartheid, não emergiu ainda nenhum dirigente que possa comparar-se a Mandela. Emergiu, contudo, o seu oposto. Se Madiba é Cristo, o jovem Julius Malema é o anti-Cristo. Nascido em 1984, no Traansvaal, Malema irrompeu, como um tremor de terra, na política sul-africana. Dirigente estudantil, e depois presidente do ANCYL, o departamento juvenil do partido no poder, destacou-se com uma série de comentários violentíssimos, defendendo Mugabe e a sua caótica reforma agrária ou cantando em público um antigo apelo ao assassinato dos bóeres — Dubula iBunu, “atirem nos bóeres” (pode sempre alegar em sua defesa que o Presidente Jacob Zuma fez o mesmo, embora com mais talento, quer como cantor, quer como dançarino). Malema foi um veemente apoiante de Zuma, antes de este alcançar a presidência. Jacob Zuma, de resto, teceu-lhe rasgados elogios, vaticinando que Malema seria “o futuro líder do país”. O ódio exuberante do jovem Malema e a sua reiterada resistência em acatar as instruções partidárias começaram finalmente a assustar e a irritar outros dirigentes. Expulso do ANC em 2012, Malema criou este ano um novo movimento político, o Economic Freedom Fighters, Combatentes pela Liberdade Económica, que se distinguem à distância pelos vibrantes barretes rubros e a linguagem não menos vigorosa e incendiária. Uma das principais reivindicações de Malema é, precisamente, a questão agrária. O jovem agitador insiste em lembrar uma velha promessa do ANC, a de redistribuir pela população negra 30% das terras hoje pertencentes a brancos. Pode Malema, o anti-Madiba, alcançar o poder e incendiar a África do Sul, destruindo por completo o sonho do país do arco-íris? Alcançar o poder, talvez, embora tal ambição pareça ainda bastante remota. Estaria — é verdade — dentro da lógica melancólica de um poder que tem vindo a degradar-se em termos de inteligência, coerência e espírito democrático: Nelson Mandela-Thabo Mbeki-Jacob Zuma-Julius Malema. Incendiar o país, contudo, é mais difícil. Veja-se o caso de Zuma, o seu primeiro mentor, também ele considerado um radical. Uma vez no poder, Zuma sossegou. A sua gestão não tem sido, na prática, muito diversa da do seu antecessor, Thabo Mbeki, não obstante as abissais diferenças de estilo e de pensamento (Mbeki tinha estilo e pensamento). Felizmente, a sociedade sul-africana possui instituições sólidas, testadas em situações difíceis. A África do Sul pode prosseguir o seu caminho sem Nelson Mandela, pode prosseguir inclusive tendo no poder alguém que seja o seu oposto — contando que não permaneça por lá muito tempo. Muitas dezenas de chefes de Estado e de Governo compareceram às cerimónias fúnebres de Nelson Mandela. Nunca, na história da humanidade, um estadista conseguiu reunir tão largo consenso. Este aplauso unânime pode encorajar outros líderes africanos a seguir o modelo de Mandela, em particular no que diz respeito à valorização do diálogo, ao respeito pelas diferenças, ao aprofundamento da democracia e ao desapego em relação ao poder. Não é certo, infelizmente, que tal se verifique. Robert Mugabe, um dos ídolos de Julius Malema, também foi acolhido no Estádio FNB — tal como Winnie — com um estrondoso aplauso. Para muitos sul-africanos, para muitos africanos, não parece assim tão absurdo aplaudir ao mesmo tempo Mandela e os seus contrários. Mugabe tem sido criticado por vários sectores em África, em especial pelos movimentos de jovens democratas, mas continua a ser incensado por outros, que olham para ele como alguém que nunca se dobrou às exigências de europeus e americanos. Mugabe não perdoou nem se reconciliou com os seus compatriotas de origem europeia — vingou-se deles, humilhou-os. Para os admiradores de Mugabe, o eterno Presidente do Zimbabwe mostrou ao mundo que África não precisa dos europeus, muito menos numa altura em que a China e outros países asiáticos se mostram interessados em investir no continente. O Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, fez-se notar pela ausência nas cerimónias fúnebres de Nelson Mandela. Uma doença grave poderia justificar esta falta. O Governo angolano, porém, assegura que José Eduardo dos Santos goza de excelente saúde. Não havendo nenhuma justificativa oficial, a substituição de José Eduardo dos Santos por Manuel Vicente [vice-presidente] no evento com mais dirigentes mundiais por metro quadrado da História recente tem levantado natural especulação. Há quem veja neste gesto uma demonstração de distanciamento em relação a um homem cujo brilho incomodaria outros líderes africanos. Angola, de resto, não decretou luto nacional nem colocou a bandeira a meia haste. O Jornal de Angola, órgão oficial do regime, também não deu particular destaque ao acontecimento. Num exercício de culto de personalidade, que tem vindo a crescer em Angola, a foto escolhida para ilustrar a morte do primeiro Presidente de todos os sul-africanos mostra-o ao lado de José Eduardo dos Santos. Em Angola, como em Moçambique e noutros países africanos, o legado de Mandela está a ser reivindicado sobretudo pelas camadas mais jovens. São estes jovens, que não conheceram o horror da guerra, nunca estabeleceram compromissos com os partidos armados e se encontram ligados ao mundo através das novas tecnologias de comunicação, quem está hoje a impulsionar o movimento a favor das grandes transformações democráticas. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Durante os próximos anos continuaremos a assistir ao combate entre aqueles que se revêem no exemplo de Nelson Mandela e os que, na prática, se lhe opõem. Mandela só terá verdadeiramente triunfado quando os seus herdeiros triunfarem. PUB
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE