Derrocada de Borba e o furo de Aljezur. O pior e o melhor do ano, segundo a Quercus
Este ano, recorda a Quercus, a central nuclear de Almaraz teve luz verde para a criação de um aterro de "lixo" nuclear. Mas também foi anunciada a intenção de desligar os seus reactores em 2024. (...)

Derrocada de Borba e o furo de Aljezur. O pior e o melhor do ano, segundo a Quercus
MINORIA(S): Homossexuais Pontuação: 2 Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: Este ano, recorda a Quercus, a central nuclear de Almaraz teve luz verde para a criação de um aterro de "lixo" nuclear. Mas também foi anunciada a intenção de desligar os seus reactores em 2024.
TEXTO: A poucos dias do final do ano, a Quercus fez o seu balanço dos piores e melhores factos ambientais de 2018. De um lado, a ineficaz fiscalização das pedreiras em Borba e a falha das metas dos resíduos urbanos. Do outro, o abandono da prospecção de petróleo em Aljezur e a proibição de utensílios de plástico na administração pública. A encabeçar a lista negra deste ano está a derrocada de uma estrada para o interior de uma pedreira em Borba, Évora, a 19 de Novembro. Cinco pessoas morreram soterradas. Para a Quercus, a queda do talude da pedreira é, não só “um exemplo da falta de uma política de prevenção”, como uma consequência da “exploração exaustiva dos recursos naturais”. Segue-se a previsão de que Portugal ficará aquém das metas para a gestão dos resíduos urbanos, entre elas a redução de 7, 6% do peso dos resíduos produzidos entre 2012 e 2020. Não cumprir “traduz-se numa sobrecarga de perto de 10 milhões de euros/ano adicionais” e “num acréscimo de emissões de CO2”, nota a Quercus. A consternar a associação ambientalista está também a garantia dada pelo Governo de que as obras de reconversão da Base Aérea Militar do Montijo num novo aeroporto vão avançar antes ainda da Avaliação de Impacte Ambiental estar concluída. “O discurso político de opção tomada a todo custo coloca uma pressão inadmissível nos processos em curso”, diz a Quercus. Soma-se o abate de centenas de azinheiras de grande porte no Alto Alentejo, sem autorização do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas. Um “crime ambiental de extrema gravidade”, considera a associação, dada a destruição de um “ecossistema único”, o montado de azinho. Também a contínua expansão da vespa asiática em Portugal, com “elevados impactos” na biodiversidade e na agricultura, figura no lado negro do Ambiente em 2018, para a Quercus. Já Almaraz aparece dos dois lados da barricada. Do lado negativo o facto de ter sido autorizada a criação de um armazém temporário para depósito de resíduos nucleares na central nuclear espanhola, situada a cerca de 100 km da fronteira portuguesa, numa das margens do Tejo. Uma decisão que revela a “incoerência” de Madrid, diz a Quercus, uma vez que a central “tem capacidade para armazenar os seus resíduos nucleares até o final do seu ciclo de vida”. Aí reside um aspecto positivo para a associação ambientalista: é intenção do Governo espanhol desligar os dois reactores de Almaraz até Julho de 2024. Naquilo que 2018 teve de bom a Quercus destaca também a percepção de que “finalmente a mensagem de protecção às espécies florestais autóctones” chegou aos decisores políticos, dando como exemplo o incentivo do Presidente da República ao arranque de eucaliptos. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Positivo para a Quercus foi também o abandono, por parte da Galp e da Eni, do projecto de exploração de hidrocarbonetos na bacia do Alentejo, e o facto de licenças concedidas em 2015 para exploração de gás na região centro estarem suspensas, até que o seu impacto ambiental seja avaliado. Nota positiva leva igualmente a proibição do uso de garrafas, sacos e louça em plástico na administração pública – que podia ir mais longe, diz a Quercus, e incluir o uso de papel em fibras virgens – e o facto de, por determinação da União Europeia, até ao final do ano ser obrigatório que insecticidas com três substâncias letais para as abelhas (imidaclopride, clotianidina e tiametoxame) deixem de ser usados.
REFERÊNCIAS:
INE chumba pergunta sobre origem étnico-racial no censos
Instituto Nacional de Estatística anunciou decisão no final da tarde desta segunda-feira em conferência de imprensa. Em Abril, Grupo de Trabalho formado pelo Governo tinha recomendado a pergunta. INE garantiu que vai fazer inquérito para conhecer discriminação e desigualdades mas não se comprometeu com datas. (...)

INE chumba pergunta sobre origem étnico-racial no censos
MINORIA(S): Ciganos Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 7 Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento -0.5
DATA: 2019-07-10 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20190710170920/https://www.publico.pt/n1876683
SUMÁRIO: Instituto Nacional de Estatística anunciou decisão no final da tarde desta segunda-feira em conferência de imprensa. Em Abril, Grupo de Trabalho formado pelo Governo tinha recomendado a pergunta. INE garantiu que vai fazer inquérito para conhecer discriminação e desigualdades mas não se comprometeu com datas.
TEXTO: O próximo censos, em 2021, não vai incluir uma pergunta sobre a origem étnico-racial da população. A decisão de chumbo foi anunciada na tarde desta segunda-feira pelo presidente do Instituto Nacional de Estatística (INE). Resultou de um processo de consulta de meses no qual se inclui a recomendação de a introduzir feita por um Grupo de Trabalho criado pelo Governo. Francisco Lima fez questão de comunicar a decisão aos jornalistas em conferência de imprensa, na qual estiveram presentes Paula Paulino, coordenadora do gabinete do Censos, e Maria João Zilhão, vogal do conselho directivo. O chumbo deve-se ao facto da questão ser complexa, referiu, adiantando que se fará um inquérito em que serão abordadas questões para “melhor conhecer a discriminação e desigualdade na sociedade portuguesa”. Mas não se comprometeu com datas. Possivelmente, no segundo semestre de 2021, disse. O presidente do INE usou vários argumentos apresentados pelo núcleo do GT que se opôs à inclusão desta pergunta no censos. Disse que, ao fazê-lo, se corria o risco de institucionalizar as categorias étnico-raciais e legitimar a classificação das pessoas. Sublinhou que, para se incluir esta questão no Censos 2021, seria necessário ter começado este trabalho em 2015. Trata-se de questões complexas que exigem processos longos, tal como aconteceu em outros países, argumentou. Disse também que o facto de a pergunta ser facultativa gerava incerteza sobre os resultados. Explicou que o tipo de informação sobre a discriminação não seria possível de obter no censos, que não questiona os rendimentos dos inquiridos, e que um inquérito cumpriria melhor esta função de modo a captar a sua “multidimensionalidade” e fazer a sua monotorização ao longo do tempo. Será feito um teste-piloto do inquérito depois de serem consultados vários agentes da academia aos intervenientes políticos, explicou. “Precisamos desta informação”, afirmou, o “inquérito está na nossa agenda”, garantiu. Horas antes, o INE reuniu-se com alguns membros do Grupo de Trabalho (GT), os sociólogos Rui Pena Pires e Cristina Roldão, e com o seu coordenador, o Alto-Comissário para as Migrações (ACM) Pedro Calado. “Mesmos de sempre” decidiram, critica sociólogaEsta era uma reivindicação antiga de activistas anti-racistas que há anos chamam a atenção para esta necessidade — em linha com uma recomendação feita por várias vezes a Portugal pela ONU. A decisão foi criticada pela socióloga Cristina Roldão. Com esta decisão “continuaremos a não reconhecer que Portugal tem muitas cores e que o racismo –individual, institucional e estrutural – existe”, disse em declarações ao PÚBLICO. Acrescentou ainda que “a posição favorável que ficou expressa nas recomendações do GT, assim como a demonstração de adesão das cerca de 1500 pessoas inquiridas numa sondagem recente, ou ainda os resultados positivos em dois Eurobarómetros (2006 e 2015)” não foram motivo “suficiente para levar o status quo e as instituições a dar este passo histórico no combate ao racismo e desigualdades étnico-raciais”. Criticou a “falta de investimento político”. “Ao longo destes meses não foi dado qualquer passo para alargar o debate à sociedade portuguesa e criar assim uma decisão mais participada e reflectida. Esta tarde, no salão nobre do INE, não havia nenhum negro ou cigano com poder de decisão, é gritante a ausência de representatividade étnico-racial. Hoje, os mesmos de sempre decidiram que os mesmos do costume devem continuar a esperar e invisíveis. ”Para Rui Pena Pires, um dos opositores, a decisão do INE foi de encontro ao que “era mais sensato”. Mas o sociólogo deixou um recado: “Espero que não inviabilize a produção de informação necessária para sustentar o desenho e monotorização de políticas públicas anti-racistas. O problema existe e a minha discordância era apenas sobre o modo de recolher a informação. Farei tudo para que as soluções que não o censos se concretizem”, comentou. Em Abril, e depois de meses de reuniões em sequência do anúncio dessa intenção em Setembro de 2017 pelo então ministro adjunto Eduardo Cabrita, aquele Grupo de Trabalho recomendou ao Conselho Superior de Estatística a introdução de uma pergunta sobre a origem étnico-racial dos cidadãos, questionando-os se pertencem a quatro grandes grupos, que depois se dividem em subgrupos: branco, negro, cigano ou asiático. Na altura, nove elementos votaram a favor, quatro contra e um absteve-se. A decisão causou polémica: o representante das comunidades ciganas, Almerindo Lima, e a coordenadora do Observatório das Comunidades Ciganas (integrado no Alto Comissariado para as Migrações), Maria José Casa-Nova, votaram contra. Também um comunicado com duas dezenas de subscritores ciganos, entre associações como a Letras Nómadas e Associação Cigana de Coimbra e activistas, manifestou o desacordo com a pergunta, pedindo que “essas questões sejam relativas à nacionalidade e à ascendência e não à pertença ‘étnico-racial’, que tenderá a exacerbar o estigma que pesa sobre a população cigana portuguesa”. Esta tomada de posição serviu de exemplo a Francisco Lima para explicar por que o tema é controverso e necessita de outras abordagens. A recolha não era feita até agora porque entidades como o ACM alegavam que essa prática é contra a Constituição. Mas a Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD) pode dar autorização em determinados casos — segundo o parecer do INE, apesar de se tratar de dados sensíveis, existe a possibilidade de recolha e tratamento, desde que estejam garantidas determinadas condições como o anonimato. Os elementos a favor do GT defenderam, na altura, que a resposta do censos será um instrumento “fundamental e incomparável” para avaliar as desigualdades étnico-raciais no país: porque tem uma cobertura nacional; pelo universo da população; pela sua multisectorialidade; pelo carácter sistemático e longitudinal da recolha; pelo rigor dos protocolos pelos quais se recolhe e trata os dados, entre outros. Um dos instrumentos decisivos na decisão do GT foi uma sondagem elaborada pelo Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Universidade Católica em que se concluiu que a esmagadora maioria da população inquirida, 84%, responderiam a uma pergunta no censos sobre a sua origem ou pertença “étnico-racial”, se lhe fosse garantido o anonimato, e 80% concordava com a pergunta. Também a maioria, 78%, achava relevante obter informação estatística oficial para conhecer a discriminação e as desigualdades baseadas em “raça” ou “etnia” em Portugal. Quem se opôs à decisão — os sociólogos Rui Pena Pires e João Peixoto, Almerindo Lima, representante das comunidades ciganas, e Maria José Casa-Nova, coordenadora do Observatório das Comunidades Ciganas, integrado no ACM — considerou que a recolha destes dados pode promover a legitimação das categorias raciais, e os seus efeitos são “maiores” quando o Estado é o autor. Os riscos são também maiores, argumentam, quando há um recenseamento geral do que quando é feita uma recolha por investigadores ou num inquérito, escrevem no relatório. Formalizado por decreto regulamentar em Agosto de 2018, o GT foi criado pela Secretaria de Estado para a Cidadania e Igualdade e era composto ainda por académicos como Cristina Roldão, Marta Araújo, Jorge Malheiros e Jorge Vala, pelo ACM, por representantes das comunidades afrodescendentes, como Anabela Rodrigues e José Semedo Fernandes, pelo SOS Racismo e pelo gabinete do Censos no INE, entre outros. Na pergunta recomendada pelo GT há um enunciado em que se afirma que a resposta é facultativa: “Portugal é hoje uma sociedade com pessoas de diversas origens. Queremos melhorar a informação sobre essa diversidade para melhor conhecer a discriminação e desigualdades na sociedade portuguesa. ” Depois inquire: “Qual ou quais das seguintes opções considera que melhor descreve(m) a sua pertença e/ou origem?”Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Seguem-se os quatro grandes grupos: “Branco/Português branco/De origem europeia”, “Negro/Português Negro/Afrodescendente/De origem africana”, “Asiático/Português de origem asiática/de origem asiática”, “Cigano/ Português cigano/Roma/ De origem cigana”. E, dentro destes, uma diversidade de hipóteses: origem portuguesa, outra europeia ocidental, Europa de Leste, brasileira. Na categoria de negro, pergunta se é de origem de algum dos países africanos de língua oficial portuguesa, timorense ou brasileira. Na asiática, se é de origem chinesa, indiana, timorense, goesa, paquistanesa, macaense, bangladesh. Na de cigano, se é português cigano ou de origem romena. Todas as opções permitem a inscrição de uma outra origem não elencada, em resposta aberta, e no final há ainda a hipótese de escolher outro grande grupo não especificado ou se é de origem mista. Esta definição de “categorias compósitas” pretende que o máximo número de pessoas se possa identificar e apresenta várias alternativas quanto à forma como os membros de determinada comunidade se autodenominam, justificam os membros do GT. A formulação da pergunta não refere explicitamente termos como “raça”, “cor”, “etnicidade”, “ancestralidade”, ou “línguas faladas em casa” para evitar conotações negativas e problemas de rigor científico, justifica o GT. Isto porque as categorias em causa são entendidas como categorias sociais, e não biológicas ou genéticas — algo que deve ser explicado no enunciado, recomenda o GT.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU
Bangladesh vai começar a repatriar refugiados rohingya para a Birmânia
A maioria dos refugiados diz não querer voltar à Birmânia. Num cenário de pânico, muitas das famílias na lista fogem para outros campos de refugiados. As organizações internacionais consideram que se trata de uma violação dos princípios legais internacionais. (...)

Bangladesh vai começar a repatriar refugiados rohingya para a Birmânia
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 Refugiados Pontuação: 21 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-30 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20181230180325/https://www.publico.pt/n1851151
SUMÁRIO: A maioria dos refugiados diz não querer voltar à Birmânia. Num cenário de pânico, muitas das famílias na lista fogem para outros campos de refugiados. As organizações internacionais consideram que se trata de uma violação dos princípios legais internacionais.
TEXTO: As autoridades do Bangladesh anunciaram esta quarta-feira estar prontas para iniciar o processo de repatriação dos mais de 700 mil rohingyas refugiados na cidade de Cox’s Bazar, que desde de 2017 fogem à violência e limpeza étnica na Birmânia. Apesar dos pedidos da ONU e dos relatos dos rohingyas de que não querem regressar, os governos dos dois países mantêm-se firmes na decisão de repatriar a minoria muçulmana a partir desta quinta-feira. O comissário responsável pelos refugiados, repatriação e reabilitação no Bangladesh, Abul Kalam, revelou que 30 famílias de refugiados serão levadas quinta-feira até ao posto fronteiriço de Ghumdhum. Um comunicado do Governo birmanês avançou que um grupo inicial de 2251 refugiados seria o primeiro a regressar a casa, prevendo o envio de 150 pessoas por dia. O Exército, a polícia e tropas paramilitares estão destacadas nos vários campos de refugiados. “O Exército está em todos os cantos, e as pessoas têm medo de sair à rua”, disse ao The Guardian um dos refugiados, Qadar. Outra testemunha, Jani, disse que a segurança duplicou nos últimos dois dias. Os testemunhos dos refugiados revelam que são coagidos pelas autoridades a regressar, e que muitos ainda temem pela sua segurança. Há quem prefira a morte a voltar — já foram registadas duas tentativas de suicídio desde que o processo de repartição foi anunciado, diz o The Guardian. “Eu disse-lhes que tinha medo de regressar à Birmânia, porque ainda é muito perigoso para todos os rohingyas, mas eles disseram que não há por onde escapar e que temos de regressar dentro de uns dias”, disse Mohammad Ismail, residente no campo de Jamtoli com a sua esposa e seis filhos. Uma das maiores preocupações é a falta de segurança e o regresso para parte incerta. De acordo com o comunicado do Governo birmanês, os rohingyas ficarão em “campos de repatriação” durante dois dias, onde lhes serão dadas refeições e roupa, antes de serem transferidos para “campos de transição”. A partir daí, o futuro é incerto, pois não é especificado quanto tempo têm de permanecer nestes “campos”, nem para onde irão depois — as aldeias rohingyas foram dizimadas. Ainda assim, a agência AFP apurou que se a segurança fosse garantida, cerca de 400 famílias estariam dispostas a regressar: “Temos as malas preparadas. Iriamos hoje, se nos fosse dada segurança”, disse o refugiado Jyotsna Bala Paul à AFP. O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (UNHCR) apelou em comunicado a que os rohingyas possam visitar a sua terra natal "de forma segura e digna” antes de serem repatriados definitivamente, já que consideram que “as condições do estado de Rakhine não são propícias ao regresso voluntário, seguro, digno e sustentável dos refugiados”. A especialista das Nações Unidas para os Direitos Humanos na Birmânia, Yanghee Lee, disse em comunicado que não encontrou “quaisquer provas” de que o Governo birmanês tenha tomado medidas para criar um “ambiente onde os rohingyas possam regressar” e viver com os seus direitos fundamentais garantidos. A alta-comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, apelou em comunicado para que o processo de repatriação seja cancelado. Considera que coloca a vida e liberdade dos rohingyas “em sério risco” e representa uma “violação da lei internacional” que protege os refugiados de serem repatriados quando a sua integridade física e liberdade está em risco. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Bachelet pediu ainda que o Governo do Bangladesh se assegure de que as repatriações são “voluntárias, seguras, dignas e transparentes”, salientando que a ONU continua a receber relatos de “assassinatos, desaparecimentos e detenções arbitrárias” em Rakhine. O vice-Presidente norte-americano, Mike Pence, condenou esta quarta-feira o tratamento dado aos rohingyas e a detenção dos dois jornalistas da Reuters durante a cimeira do sudeste asiático, em Singapura. A líder da Birmânia, Aung San Suu Kyi, que foi privada do título de Embaixadora da Consciência da Amnistia Internacional por já não ser “um símbolo de esperança, coragem e defesa eterna dos direitos humanos” devido à crise dos rohingyas, respondeu que percebe o seu país “melhor do que qualquer outro”.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU
Duas raparigas de 14 e 16 anos violadas e enforcadas na Índia
Quando as adolescentes desapareceram, a polícia recusou procurá-las. (...)

Duas raparigas de 14 e 16 anos violadas e enforcadas na Índia
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 9 | Sentimento -0.1
DATA: 2014-05-29 | Jornal Público
SUMÁRIO: Quando as adolescentes desapareceram, a polícia recusou procurá-las.
TEXTO: Na terça-feira à noite duas primas de 14 e 15 anos da aldeia de Katra Shahadatganj, no Norte da Índia, saíram do domicílio familiar para irem à casa de banho. Na quarta-feira de manhã foram encontradas enforcadas numa árvore — tinham sido violadas por um grupo de homens. A polícia prendeu um habitante da aldeia, suspeito dos crimes, e procura outros quatro. “Estiveram envolvidas várias pessoas”, disse aos jornalistas o chefe da polícia do distrito de Budan, no estado do Uttar Pradesh, onde o crime aconteceu. Dois polícias da esquadra local foram suspensos porque, na terça-feira à noite, quando a família ali foi porque as adolescentes não tinham voltado para casa, recusaram começar a procurá-las. A autópsia, disse o chefe da polícia, indicia que houve uma violação em grupo e que a morte se deveu a enforcamento. Fora retiradas amostras de ADN do corpo das raparigas, que irão ser comparadas ao ADN dos suspeitos que vierem a ser detidos. De acordo com os testemunhos recolhidos junto da população, só a fúria dos habitantes da aldeia quando os corpos foram encontrados levou a polícia a agir, abrindo um registo de rapto e violação. A família das raparigas acusou a polícia de inacção e os suspeitos de terem assassinado as adolescentes, depois de as terem violado. O chefe da polícia disse que todo o crime, o rapto, a violação e a morte, estão a ser investigados. A violência sexual está a aumentar na Índia, onde houve um aumento do número de violações e de violações em grupo, apesar de a legislação ter sido alterada para proteger as mulheres e criminalizar de forma mais dura os criminosos. As mudanças na lei tiveram lugar depois de uma estudante ter sido violada dentro de um autocarro em Nova Deli por um grupo de homens. A jovem mulher morreu dos ferimentos e, por toda a Índia, milhares de pessoas manifestaram-se contra a violência sexual, exigindo medidas punitivas mais duras para os criminosos - exceptuando um, que era menor, todos foram condenados à morte. Porém, e ao contrário do que previam os legisladores, o número de casos aumentou, sobretudo contra mulheres e raparigas das comunidades mais pobres (as duas primas pertenciam a uma comunidade dalit, os intocáveis na antiga estrutura de castas indiana). Um relatório do Centro Asiático para os Direitos Humanos concluiu, em Abril, que por ano são registados 48, 338 casos de violações de menores na Índia. O mesmo documento diz que entre 2001 e 2011 houve um aumento de 336% no número de casos de violações registados, sendo que uma grande percentagem deles não chega a ser denunciado.
REFERÊNCIAS:
Étnia Asiático
Ana Gomes dançou contra a violência contra as mulheres
Violência contra mulheres e crianças levou deputadas europeias a dançar. No dia 14 espera-se que milhões sigam a iniciativa. (...)

Ana Gomes dançou contra a violência contra as mulheres
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 17 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-01-29 | Jornal Público
SUMÁRIO: Violência contra mulheres e crianças levou deputadas europeias a dançar. No dia 14 espera-se que milhões sigam a iniciativa.
TEXTO: Ana Gomes e mais um grupo de deputadas europeias de vários países protagonizaram esta terça-feira uma dança nas instalações do Parlamento Europeu (PE) no quadro da preparação da grande manifestação mundial programada para 14 de Fevereiro contra a violência, sobretudo sexual, contra as mulheres e crianças. A iniciativa inscreveu-se nos esforços desenvolvidos pela americana Eve Ensler, autora da célebre peça Monólogos da Vagina e activista global em favor da protecção das mulheres, para a mobilização de mil milhões de pessoas em todo o Mundo a dançar nas ruas no dia de São Valentim. Ensler, que se congratulou com o elevado grau de mobilização que, segundo afirmou, tem observado em todo o Mundo, a começar pelos países asiáticos, participou igualmente na dança desta terça-feira, em que as protagonistas exibiram chapéus de chuva brancos com o símbolo do Dia-V (V-Day) pintado a encarnado. A eurodeputada socialista, em conjunto com outras dez deputadas, já tinha protagonizado uma representação dos Monólogos da Vagina nas instalações do PE em Março do ano passado. "Logo nessa altura, decidimos que este ano iríamos participar activamente no projecto que Eve Ensler já tinha em marcha que é levantar mil milhões de cidadão em todo o Mundo", explicou Ana Gomes no final da manifestação desta manhã. Ensler "tirou a ideia de pôr as pessoas a dançar nas ruas do que viu na República Popular do Congo, em que as mulheres são particularmente seviciadas com todo o tipo de violência, violação colectiva e todo o tipo de humilhações e que, para se conseguirem extrair dessas indignidades e terem força para continuarem a educar os filhos, para continuarem a viver na comunidade, dançam colectivamente. Isso dá-lhes muito controle sobre o seu corpo, dá-lhes muita energia colectiva o que, de facto, tem um efeito benéfico sobre todas as pessoas que participam. Daí a ideia, e nós decidimos juntar-nos hoje e participar nesta acção, com a presença de Eve Ensler". Segundo Ana Gomes, cada um dos membros do grupo, a que se juntou Marisa Matias, eurodeputada do Bloco de Esquerda, assumiu o compromisso de "pôr o seu país a participar neste movimento global". Para isso, a deputada explicou que contactou uma série de associações de protecção das mulheres para a manifestação que decorrerá na tarde de 14 de Fevereiro no Martim Moniz, em Lisboa. "Vamos usar o São Valentim para este propósito progressista, e vamos convidar homens e mulheres decentes para se mobilizarem contra esta indecência que é a violência sexual e de outro tipo contra as mulheres". Segundo Ana Gomes, "num país como o nosso em crise, mais sentido faz que as pessoas se mobilizem e exijam do Estado, dos agentes do Estado, das polícias, uma intervenção para não deixar imunes os criminosos responsáveis por estes crimes".
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homens violência comunidade violação sexual mulheres corpo vagina
As actrizes continuam a ter um problema de protagonismo em Hollywood
Fosso entre homens e mulheres nos principais papéis do cinema aprofundou-se em 2014 – só 12% dos filmes tiveram protagonistas femininas. (...)

As actrizes continuam a ter um problema de protagonismo em Hollywood
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 10 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20150501175228/http://www.publico.pt/1685802
SUMÁRIO: Fosso entre homens e mulheres nos principais papéis do cinema aprofundou-se em 2014 – só 12% dos filmes tiveram protagonistas femininas.
TEXTO: Duas listas, duas conclusões. A primeira diz-nos que os filmes mais vistos em Portugal em 2014 foram The Hunger Games: A Revolta – Parte 1 e Lucy –, ou seja, o ano pertenceu a Jennifer Lawrence e Scarlett Johansson. A segunda afirma que no ano passado só 12% dos filmes mais rentáveis foram protagonizados por mulheres – afinal, as actrizes principais são uma esmagadora minoria. E nos últimos três meses duas actrizes com mais de 40 anos e que não tinham papéis de relevo há anos viram-se no centro de um escrutínio mediático pelas supostas mudanças no seu rosto. Não só os dados do mais recente estudo do Center for the Study of Women in Television and Film (CSWTF) mostram que há menos 4% de filmes protagonizados por actrizes do que em 2002, como evidenciam que no último ano, apesar de as próprias actrizes estarem a subir o volume das suas críticas às disparidades de género em Hollywood, a quebra foi igualmente acentuada. Mesmo com Katniss Everdeen, a valiosa heroína interpretada por Lawrence no filme mais rentável do box-office norte-americano (o maior mercado do sector no mundo) em 2014, com a Lucy de Johansson, com a Tris de Shailene Woodley em Divergente ou com a Tammy de Melissa McCarthy a ganhar na bilheteira. São as excepções à regra, que se faz sobretudo de jovens mães, namoradas ou mulheres, e não de heroínas ou profissionais de sucesso. “Há um desligamento ou uma distância crescentes entre o que podemos percepcionar como sendo o actual estatuto das mulheres no cinema e o seu verdadeiro estatuto. Um punhado de casos muito mediáticos pode enviesar a forma como pensamos”, avisa, citada pela revista Variety, a directora executiva do CSWTF e autora do estudo anual, Martha Lauzen. Ou seja, o cinema não é mais paritário só porque Meryl Streep tem trabalho todos os anos. O levantamento abrange 23 mil papéis em 100 filmes e não só conclui que há um problema de protagonismo para as actrizes, mas também outros subjacentes. A começar pela diversidade racial – só 11% de todas as personagens interpretadas por actrizes em 2014 nos filmes made in Hollywood eram negras e só 4% eram latinas ou asiáticas. Em Hollywood, os homens também tendem a ser mais representados como trabalhadores, com 85% das personagens a terem profissões facilmente identificáveis no filme contra 75% para as mulheres; e 58% das personagens femininas foram identificadas pelas suas funções na vida pessoal (mães, mulheres, namoradas) contra apenas 31% dos papéis masculinos. “É uma pena que estas crenças continuem a limitar a relevância da indústria no mercado actual”, lamenta Lauzen. Em 2014, o ano em que Cate Blanchett aproveitou o discurso de vitória do Óscar de Melhor Actriz para lembrar que os filmes liderados por mulheres não são nichos nas bilheteiras, houve então menos 3% de papéis principais femininos no cinema americano de sucesso do que em 2013. E as candidatas a um potencial Óscar de Actriz Secundária não estão mais protegidas do risco de desaparecimento dos papéis que lhes dão trabalho: o estudo mostra ainda que entre as personagens secundárias nos mesmos filmes só 29% foram para mulheres. No que toca às idades, tema amplamente discutido quando em Outubro Renée Zellweger (45 anos) viu o seu rosto examinado ao milímetro pela Internet e que esta semana voltou a ser convocado para a discussão graças às feições de Uma Thurman (44 anos), o cenário não favorece as actrizes. O estudo do CSWTF foi publicado no mesmo dia em que Thurman foi fotografada na apresentação da sua nova série de televisão – estava diferente, noticiou-se, mas esta quinta-feira a actriz apareceu igual a si mesma na TV. "Parece que ninguém gostou da minha maquilhagem. " O seu maquilhador, Troy Surratt, explicou que abdicou de máscara nas pestanas, apostou numa forte sobrancelha, o que teve um efeito de lifting, e usou tons naturais na pálpebra. Ainda assim, já se tinha gerado novo debate sobre a pressão sofrida pelas actrizes na indústria, que parece glorificar a eterna juventude. Feminina. E os dados recolhidos sobre os filmes mais rentáveis de 2014 parecem corroborar uma dessas teses que advoga que as actrizes com mais de 40 anos têm opções limitadas para trabalhar. De acordo com as contas feitas pelo centro da Universidade Estadual de San Diego, no grande ecrã elas são mais jovens do que eles. Cinquenta e três por cento das personagens femininas estão na casa dos 20 ou 30 anos (30% e 23%, respectivamente) e a mesma percentagem é válida para os papéis masculinos – só que eles encarnam personagens de 40 anos. “Pelos padrões de Hollywood acho que já corri um grande risco por não ter feito um facelift”, disse ao jornal Mail on Sunday Julia Roberts, 47 anos e um Óscar (2001, por Erin Brockovich) na esteira da polémica Zellweger.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homens género estudo minoria mulheres feminina desaparecimento
Há ruas de São Teotónio onde os portugueses são a minoria. E isso está a causar desconforto
São Teotónio é uma pequena freguesia em Odemira onde a população imigrante aumentou exponencialmente nos últimos anos por causa da agricultura. Os dados apontam para que sejam já metade, sobretudo do Nepal e da Índia. Há 25 nacionalidades na escola. O trânsito, o lixo, os preços das casas aumentaram, mas as infraestruturas não acompanharam a evolução. Um grupo de trabalho interministerial fala em freguesias “esgotadas” nesta área. As tensões começam a aparecer. Na vila ouve-se discurso xenófobo. (...)

Há ruas de São Teotónio onde os portugueses são a minoria. E isso está a causar desconforto
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 Migrantes Pontuação: 8 | Sentimento 0.0
DATA: 2019-05-23 | Jornal Público
SUMÁRIO: São Teotónio é uma pequena freguesia em Odemira onde a população imigrante aumentou exponencialmente nos últimos anos por causa da agricultura. Os dados apontam para que sejam já metade, sobretudo do Nepal e da Índia. Há 25 nacionalidades na escola. O trânsito, o lixo, os preços das casas aumentaram, mas as infraestruturas não acompanharam a evolução. Um grupo de trabalho interministerial fala em freguesias “esgotadas” nesta área. As tensões começam a aparecer. Na vila ouve-se discurso xenófobo.
TEXTO: Passa das 17h e o tráfego de carrinhas é intenso nas estradas do sudoeste alentejano. É a essa hora que começam a chegar à vila de São Teotónio dezenas de trabalhadores vindos do campo, sobretudo sul-asiáticos.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave campo
Polícia grega procura imigrantes ilegais que fugiram de centro de detenção
Insurreição em centro perto de Atenas onde estão cerca de 1200 pessoas detidas. (...)

Polícia grega procura imigrantes ilegais que fugiram de centro de detenção
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 Migrantes Pontuação: 13 | Sentimento -0.19
DATA: 2013-08-11 | Jornal Público
SUMÁRIO: Insurreição em centro perto de Atenas onde estão cerca de 1200 pessoas detidas.
TEXTO: A polícia grega lançou uma caça ao homem em Atenas para encontrar imigrantes que fugiram de um centro de detenção no sábado, depois de uma insurreição da qual resultaram dez feridos entre as autoridades, informou um porta-voz da polícia este domingo. "As pessoas fugiram e estamos a tentar localizá-las", disse. A insurreição começou no sábado à noite no campo de Amygdaleza, perto de Atenas. Trata-se do principal centro de acolhimento de imigrantes ilegais que chegam à Grécia. Ali estão cerca de 1200 pessoas, sobretudo asiáticos, sob vigilânica policial. Não foi divulgado o número de pessoas que fugiram. Os detidos pegaram fogo aos colchões onde dormiam e atiraram pedras e outros objectos contra os polícias, conseguindo fugir. Segundo as autoridades, tudo começou depois de os imigrantes terem sido informados que a duração máxima de detenção, que era de um ano, passara para 18 meses. Amygdaleza é um dos campos de acolhimento de imigrantes sem papéis, criados na Grécia para facilitar o repatriamento dos ilegais. As organizações dos direitos humanos acusam a polícia de cometer abusos nestes campos e denunciam que alguns detidos são privados da toma dos seus medicamentos. A semana passada, a KEERFA, uma associação de defesa dos direitos humanos, denunciou que os detidos muçulmanos foram agredidos durante um momento de oração. Já em Julho a mesma organização revelou que um afegão tinha morrido com uma infecção pulmonar depois de a sua doença ter sido ignorada pelas autoridades, durante meses. No sudeste europeu e com extensas fronteiras marítimas, a Grécia é uma das principais portas de entrada na União Europeia dos imigrantes oriundos de países pobres ou em guerra em África, Médio Oriente e no subcontinente indiano.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos guerra humanos campo homem doença
Declínio do mamute-lanudo ficou marcado no seu genoma
Cientistas utilizaram dois animais que viveram em locais e alturas diferentes para descodificar por completo o ADN do mamute-lanudo. Este trabalho revelou a ocorrência de duas grandes reduções de população antes da extinção da espécie. (...)

Declínio do mamute-lanudo ficou marcado no seu genoma
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 Animais Pontuação: 9 | Sentimento 0.1
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Cientistas utilizaram dois animais que viveram em locais e alturas diferentes para descodificar por completo o ADN do mamute-lanudo. Este trabalho revelou a ocorrência de duas grandes reduções de população antes da extinção da espécie.
TEXTO: Do tamanho da Beira Baixa, a ilha russa de Wrangel, a norte do extremo leste da Ásia, foi durante alguns milhares de anos o último reduto do mamute-lanudo. Até que, há menos de 4000 anos, morreram os últimos animais. Não se sabe qual a causa da sua extinção. Mas um novo estudo genético, baseado na descodificação completa do genoma do mamute, ajudou agora a explicar a evolução da população antes daquele desfecho. O trabalho analisou o genoma de dois mamutes e avaliou a variabilidade genética de cada um. Segundo os resultados, divulgados esta semana na revista científica Current Biology, houve dois momentos na história desta espécie com uma redução abrupta da população de mamutes-lanudos. O momento mais antigo foi há cerca de 280. 000 anos. E o mais recente foi no fim da última era glaciar, há 12. 000 anos. As conclusões do trabalho, feito por uma equipa internacional com investigadores da Suécia, dos Estados Unidos, do Canadá e da Rússia, podem ajudar a estimar qual é a diversidade genética óptima de uma espécie em vias de extinção. "Dado que populações pequenas levam à redução da capacidade de reprodução (fitness) dos animais selvagens, é plausível que a baixa variação genética detectada neste estudo possa ter tido impacto nessa capacidade da população de mamutes-lanudos da ilha de Wrangel e ter contribuído para a sua subsequente extinção”, conclui Love Dalén, do Museu de História Natural de Estocolmo, na Suécia, e colegas, no artigo. Os fósseis mais antigos de mamutes-lanudos (Mammuthus primigenius) têm 700. 000 anos, de acordo com Love Dalén. A espécie dispersou-se pela Eurásia e pela América do Norte, alimentando-se da vegetação que existia nas estepes e na tundra. Estes mamíferos atingiam quatro metros de altura, eram cabeçudos e tinham enormes presas enroladas para dentro. Um dos mamutes analisados — o de um jovem cujo cadáver foi encontrado congelado no solo em Oimiakon, no Nordeste da Rússia — viveu há 44. 628 anos e pertencia a uma população continental. O ADN do segundo animal foi retirado do um dente molar de um mamute da ilha de Wrangel, que viveu há cerca de 4300 anos, poucos séculos antes da extinção da espécie. “Descobrimos que o genoma de um dos últimos mamutes do mundo tinha uma baixa variabilidade genética e uma assinatura que é consistente com a endogamia, provavelmente devido ao pequeno número de mamutes que sobreviveram na ilha de Wrangel”, defende Love Dalén, citado num comunicado do grupo editorial Cell Press. Os cientistas verificaram que os pedaços de ADN do mamute de Wrangel tinham muito menos variabilidade do que os pedaços de ADN do mamute mais antigo. Segundo o investigador, a população daquela ilha teria apenas cerca de 330 mamutes em idade reprodutível naquela altura. A comparação entre os dois genomas permitiu ainda concluir que a população sofreu uma redução abrupta em duas alturas diferentes. Desconhece-se os motivos que levaram à primeira diminuição — há cerca de 280. 000 anos —, pois não há nenhum fenómeno climático ocorrido nesta altura que possa explicar o sucedido. A análise genética do mamute de Wrangel indica que a população “parece ter-se mantido estável até uma [nova] redução drástica há cerca de 12. 000 anos”, diz o artigo. Por esta altura, deu-se o fim da última era glaciar. “A nossa melhor estimativa para a altura desde declínio rápido coincide com a transição do Plistoceno com o Holoceno e o subsequente isolamento da ilha de Wrangel, devido à subida do nível médio do mar. ” Ao mesmo tempo, a espécie desapareceu do continente euroasiático. O estudo mostrou ainda que os dois mamutes pertenciam a populações genéticas diferentes que se terão separado há cerca de 50. 000 anos. Para os autores, este estudo é importante para avaliar a diversidade genética normal de uma espécie e pode ter aplicações importantes: “Os resultados realçam o valor da sequenciação de genomas de animais antigos que viveram antes de um declínio da população de uma espécie, para se determinarem os níveis de referência da sua diversidade genética. Na biologia da conservação, esta abordagem pode ser usada para medir directamente a diversidade que já se perdeu nas espécies agora ameaçadas de extinção. ”A análise e descodificação do genoma do mamute-lanudo poderá ainda ser utilizada para tentar trazer este animal de volta à vida através de engenharia genética, usando elefantes fêmeas como barrigas de aluguer. Mas ressuscitar espécies extintas levanta muitas questões éticas.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave estudo espécie extinção animal
Nova estirpe da gripe das aves encontrada em pinguins na Antárctida
A estirpe H11N2 foi encontrada em pinguins-de-adélia. Apesar de a estirpe não parecer perigosa, mostra que o vírus da gripe consegue sobreviver naquele ambiente frio. (...)

Nova estirpe da gripe das aves encontrada em pinguins na Antárctida
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 Animais Pontuação: 9 | Sentimento 0.136
DATA: 2014-05-09 | Jornal Público
SUMÁRIO: A estirpe H11N2 foi encontrada em pinguins-de-adélia. Apesar de a estirpe não parecer perigosa, mostra que o vírus da gripe consegue sobreviver naquele ambiente frio.
TEXTO: Uma equipa de cientistas descobriu uma nova estirpe do vírus da gripe das aves na Antárctida, depois de fazer análises a pinguins-de-adélia, revela um artigo publicado nesta semana na mBio, revista de acesso livre da Sociedade Americana de Microbiologia. “Descobrimos que o vírus é diferente de todos os outros vírus conhecidos no mundo”, disse Aeron Hurt à agência Reuters. O investigador é um dos autores do artigo e pertence ao Centro de Colaboração para a Investigação e Referência da Influenza da Organização Mundial da Saúde. O novo vírus da gripe das aves é da estirpe H11N2, e foi descoberto em dois grupos desta espécie de pinguins, situados em dois locais diferentes na Península Antárctica, a região mais a norte do continente. No entanto, o vírus não parece causar nenhuma doença nestas aves. “É muito provável que as aves migratórias viajem para ali vindas da América do Norte e do Sul”, referiu Aeron Hurt, referindo-se à forma como o vírus pode ter chegado à Antárctida levada por outras aves. Os investigadores fizeram esfregaços nas vias respiratórias de 301 pinguins-de-adélia e retiraram sangue a 270. Depois, utilizaram uma técnica laboratorial para encontrar a impressão digital do material genético do novo vírus da gripe. Com esta técnica, encontraram o vírus da gripe das aves em oito amostras – seis pinguins adultos e duas crias. “Acho que esta estirpe em particular não é preocupante para a vida selvagem, mas é uma prova definitiva de que o vírus da gripe das aves chega à Antárctida”, diz o cientista. A equipa usou furões, os mamíferos que são modelo por excelência do vírus da gripe, já que a sua infecção é semelhante à dos humanos, para averiguar se o vírus H11N2 infectava aqueles animais, mas eles não contraíram a doença. “Fizemos algumas experiências para avaliar se o vírus tem o potencial de infectar os humanos, [mas] é improvável que os humanos sejam infectados por este vírus em particular”, explicou o especialista. Os cientistas também tentaram encontrar semelhanças genéticas entre este vírus e os outros vírus da gripe humana e de gripes animais. Surpreendentemente, apenas quatro segmentos de genes do novo vírus eram próximos de estirpes de vírus das aves das décadas de 1960 e 1980 encontrados na América do Norte. E dois genes tinham uma relação distante com um grande número de vírus da gripe das aves do Chile, da Argentina e do Brasil. A equipa calculou, através de um relógio molecular, que o vírus H11N2 está a evoluir isoladamente nos últimos 49 a 80 anos. Duas estirpes da gripe aviária ocorreram no Sudeste asiático nos últimos dois anos – a estirpe H7N9 e a estirpe H5N1 –, matando pessoas e aves. Em Fevereiro, a estirpe anteriormente desconhecida em humanos H10N8 causou uma morte na China. E em Abril, apareceu um surto de gripe das aves em aviários de codornizes na Califórnia, que obrigou cinco importantes mercados exportadores a barrar a importação de aves domésticas daquele estado norte-americano.
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE