Há muitos anos que se estava à espera de um grande terramoto em Katmandu
Além de o Nepal ficar numa zona de elevado risco sísmico, as regras de construção deixam muito a desejar. (...)

Há muitos anos que se estava à espera de um grande terramoto em Katmandu
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.281
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20150501182724/http://www.publico.pt/1693643
SUMÁRIO: Além de o Nepal ficar numa zona de elevado risco sísmico, as regras de construção deixam muito a desejar.
TEXTO: O sismo do Vale de Katmandu não é uma surpresa: há muitos anos que se está espera de um grande terramoto naquela zona, onde a placa tectónica indiana está a mover-se para Norte, à velocidade de 45 milímetros por ano, enterrando-se por baixo da placa euroasiática. São quase cinco centímetros por ano – este é o efeito que fez elevar-se a cordilheira dos Himalaias e transforma esta numa das regiões com maior risco sísmico do planeta – embora a prevenção deixe muito a desejar. Calcula-se que a cada 70 anos, mais ou menos, Katmandu sofra um grande tremor de terra; o último acima de 8 na escala de Richter foi em 1934, há 81 anos: teve 8, 4 de magnitude, destruiu mais de 80 mil edifícios e matou 8500 pessoas. Mas agora a capital nepalesa é densamente povoada, com cerca de 2, 5 milhões de habitantes. Estimava-se que um sismo de magnitude semelhante pudesse matar hoje mais de 100 mil pessoas, deixar 300 mil feridos, e destruir 60% dos edifícios. A maior parte das mortes quando há tremores de terra é causada pela destruição dos edifícios (cerca de 80%) e a avaliação do parque edificado de Katmandu é muito negativa: cerca de 93% dos edifícios da cidade não tem projecto de engenharia, segundo uma análise recente do Comité Internacional da Cruz Vermelha sobre a legislação relativa à redução de risco de desastres no Nepal. Apesar de existirem regras de segurança para a construção civil desde 1993, as leis não são aplicadas, enquanto a capital continua a crescer, muitas vezes com a construção de pisos extra em edifícios pré-existentes. A instabilidade política também não tem ajudado – a Assembleia constituinte eleita em 2008, após o fim de uma década de rebelião maoísta e a abolição da monarquia nepalesa, devia ter escrito uma nova Constituição, mas não teve sucesso, tal como a actual Assembleia, eleita em 2013. Mas, para além de tudo isto, o solo do Vale de Katmandu, também torna a zona particularmente vulnerável: é um antigo leito de um lago que, durante um sismo, produz vibrações que se tornam especialmente destrutivas. Há relatos de 1934 de que “ondulava como as ondas do oceano”, diz a revista The Economist.
REFERÊNCIAS:
Países Nepal
Katmandu deslocada vários metros
O Nepal situa-se numa "zona de colisão" entre duas placas tectónicas. (...)

Katmandu deslocada vários metros
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20150501205211/http://www.publico.pt/1693906
SUMÁRIO: O Nepal situa-se numa "zona de colisão" entre duas placas tectónicas.
TEXTO: Peritos internacionais revelaram que o violento terramoto que abalou o Nepal no passado fim-de-semana poderá ter provocado uma deslocação de vários metros da capital do país, Katmandu, noticiou a AFP. Em entrevista àquela agência noticiosa, Yann Klinger, do Centro Nacional de Investigação Científica francês, explicou que o abalo (de magnitude 7, 8) foi provocado pela ruptura de uma grande falha, e que essa ruptura gerou ondas muito fortes porque foi muito rápida. Existe uma “zona de colisão” entre a placa tectónica indiana e a placa eurasiática precisamente ao nível dos Himalaias, explica ainda Klinger. Mais precisamente, “a placa indiana desloca-se para norte ao ritmo de quatro centímetros por ano”, enfiando-se cada vez mais um pouco por baixo da eurasiática. Klinger e colegas de outros países estudam há vários anos os sismos antigos nesta região dos Himalaias, tentando construir um “ciclo sísmico” que permita prever a periodicidade destes violentos eventos. Uma versão actualizada do seu estudo deverá ser publicada em breve. “A nossa estimativa é que este tipo de sismos poderá acontecer mais ou menos cada 700 anos”, explica, acrescentando que a última ruptura antes da de há uns dias “aconteceu provavelmente em 1344”. “Já tínhamos visto que a secção que acabou de romper tinha atingido um nível de carga provavelmente próxima do limiar de ruptura. ”Devido ao fenómeno, a zona em redor de Katmandu terá “escorregado uns três metros para sul”, explicou à AFP James Jackson, da Universidade de Cambridge (Reino Unido), afirmando ainda que a região da capital nepalesa ganhou cerca de 50 centímetros de altitude enquanto uma outra zona, mais a norte, desceu 50 centímetros.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave estudo
Três universidades nacionais seguram-se entre as 500 melhores do mundo
Lisboa, que continua entre as 300 primeiras, é a melhor representante portuguesa na lista. Porto e Coimbra também constam da edição de 2015 do ranking de Xangai. (...)

Três universidades nacionais seguram-se entre as 500 melhores do mundo
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.5
DATA: 2015-10-01 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20151001175655/http://www.publico.pt/1704981
SUMÁRIO: Lisboa, que continua entre as 300 primeiras, é a melhor representante portuguesa na lista. Porto e Coimbra também constam da edição de 2015 do ranking de Xangai.
TEXTO: Este é um dos momentos mais aguardados do ano para o ensino superior, mesmo que aconteça durante o mês de Agosto. Na madrugada deste sábado, a Universidade Jiao Tong, na China, divulgou a nova edição do chamado ranking de Xangai, um dos mais prestigiados, e deu boas notícias às universidades nacionais. Apesar das dificuldades dos últimos anos e da cada vez maior concorrência global, três representantes portuguesas continuam entre as 500 melhores do mundo. A Universidade de Lisboa (UL) continua a ser a melhor colocada, seguindo-se as universidades do Porto e Coimbra. As três conseguem manter-se nas mesmas posições do ano anterior. O ranking do ano passado tinha sido o primeiro em que a UL fora avaliada como uma única instituição, em resultado da fusão entre a Técnica de Lisboa e a “Clássica”. Surgiu então no grupo que vai da posição 201 à 300 – a lista de Xangai só discrimina as posições das instituições até ao lugar 100; a partir daí, aparecem posicionadas em grandes intervalos. Na edição de 2015, a maior instituição de ensino superior nacional permanece no mesmo intervalo. O vice-reitor António Feijó diz que a análise aos resultados que é feita internamente pela UL aponta, contudo, para uma melhoria da sua posição relativa: tendo em conta os indicadores disponíveis, diz, a universidade portuguesa está no lugar 201, sendo a melhor do seu intervalo, o que representa uma subida de 41 lugares face ao ano anterior. “É um resultado muito interessante para nós”, avalia António Feijó, valorizando também o facto de haver três instituições nacionais entre as 500 melhores do mundo. Harvard em 1. º lugar, outra vezAs outras duas representantes portuguesas também não alteram a sua posição na lista. A Universidade do Porto mantém-se, pelo terceiro ano consecutivo, entre os lugares 301 e 400. A Universidade de Coimbra, que há dois anos tinha entrado pela primeira vez nesta lista, continua no intervalo 401-500. A manutenção destas posições é um resultado positivo para as instituições nacionais, que conseguem resistir à maior concorrência internacional – são mais de 1200 as universidades analisadas, assistindo-se sobretudo ao crescimento do contingente asiático. Também a nível global, a ordenação deste ano do Academic Ranking of World Universities – o nome oficial desta tabela – não apresenta grandes novidades. Desde 2003, quando esta lista começou a ser editada, que a liderança é entregue à Universidade de Harvard (EUA) e, nesta edição, continua a ser assim. De resto, nas posições cimeiras da lista não há nenhuma alteração em relação ao ano passado, mantendo-se a Universidade de Stanford, o Massachusetts Institute of Technology (MIT) e a Universidade da Califórnia – Berkeley nas posições seguintes. A quinta colocada é a Universidade de Cambridge, no Reino Unido. Além da ordenação geral das universidades, o ranking de Xangai contempla também listas em áreas científicas e disciplinas. Os primeiros lugares continuam a ser dominados pelas representantes norte-americanas. Entre as portuguesas é, mais uma vez, a UL que aparece mais bem colocada, surgindo nas listas de Ciências da Computação (no grupo que vai do 151 ao 200), Física (151-200) e Matemática (101-150). Nas engenharias, à UL (101-150), juntam-se, no intervalo 151 a 200, a Universidade do Porto e a Universidade de Aveiro, que mesmo não constando na lista geral, consegue um lugar neste ranking específico, à semelhança do que já tinha acontecido no ano passado. O ranking de Xangai é editado pelo Center for World-Class Universities, um centro de investigação sobre universidades de classe mundial criado há 25 anos na universidade chinesa de Jiao Tong. Foi o primeiro ranking de universidades a ser lançado, há 14 anos, e acabou por criar um movimento internacional que se tem tornado cada vez mais competitivo. A tabela editada na China parte de seis indicadores, incluindo o número de antigos alunos, professores e investigadores que receberam prémios Nobel, o número de cientistas altamente citados, o número de artigos publicados em revistas como a Nature e a Science e o número de artigos indexados. O pior ainda está para vir?Ao longo dos últimos quatro anos, quase 300 milhões de euros de reduções no financiamento público ao ensino superior em Portugal levaram os reitores a lançarem um recorrente aviso: os cortes terão efeitos na competitividade internacional das universidades e isso vai reflectir-se nos rankings. Os resultados das instituições nacionais na edição 2015 da lista de Xangai parecem contrariar esta versão. Os responsáveis do sector temem, porém, que o pior em termos de efeitos ainda esteja para vir.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
De herdade em herdade, a coligação PSD/CDS passou no Alentejo e no Algarve
Passos esclarece que “silêncio ensurdecedor” é sobre a atitude que o PS tem em torno das contas da Segurança Social e reconhece lapso sobre reembolso ao FMI. (...)

De herdade em herdade, a coligação PSD/CDS passou no Alentejo e no Algarve
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-10-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Passos esclarece que “silêncio ensurdecedor” é sobre a atitude que o PS tem em torno das contas da Segurança Social e reconhece lapso sobre reembolso ao FMI.
TEXTO: Entre um vasto olival e uma estufa de framboesas, os dois líderes da coligação PSD/CDS passaram mais um dia de campanha dedicada à agricultura, desta vez no Alentejo e no Algarve. Pelo meio, Passos Coelho teve de desfazer um equívoco seu lançado na véspera e cometeu um lapso sobre os pagamentos a que o Estado está a obrigado a fazer, que acabou por assumir à noite. As contas do PS sobre a Segurança Social continuam a ser a arma de arremesso para atacar António Costa. A primeira e única paragem no Alentejo aconteceu numa herdade de produção de azeite, que tem um investimento de 42 milhões de euros, e está virada para a exportação. Passos chega pontualmente às 11 horas e decide não esperar alguns minutos por Nuno Melo – vice do CDS em substituição do líder que tinha uma acção em paralelo em Setúbal – para iniciar a visita. O candidato a primeiro-ministro mostra-se curioso, faz perguntas sobre a capacidade de produção ou o sistema de rega e espanta-se com os preços de alguns equipamentos que podem atingir um milhão de euros. “Ó pá”, reagiu. Mas também dá opinião assim em jeito de lição: “Deixem-me dizer ao Nuno Melo, que ele com certeza também sabe. Também exportamos para Espanha muito produto que é vendido em Espanha como espanhol. É preciso desenvolver o marketing”. Logo na primeira acção do dia, Passos Coelho fala aos jornalistas para esclarecer que os “silêncios ensurdecedores” de que tinha falado na véspera - e que foram entendidos como sendo uma referência ao BES - eram afinal sobre as contas mal explicadas de António Costa nas propostas do PS sobre Segurança Social. Ao almoço em Beja, perante 450 apoiantes e ao qual já se juntou Paulo Portas, o líder da coligação voltou a pedir ao PS que explique como é que pensa fazer poupanças com as prestações sociais não contributivas e arrecadar 1. 660 milhões de euros com o congelamento de pensões – excepcionando as mínimas - tendo em conta que essas actualmente já estão congeladas. “ A poupança vem de onde? O que são estes 1. 660 milhões? Como não há poupança nenhuma, este silêncio ensurdecedor do líder do PS não se compreende". No mesmo discurso, Passos anunciou, com satisfacção, que o Estado se preparava para pagar, no próximo dia 15 de Outubro, mais 5. 400 milhões da ajuda externa concedida pela troika. Mas, afinal, trata-se de um reembolso de uma obrigação emitida em 2005. Este lapso já assumido oficialmente - e que assumiu directamente à noite - pode ter estado na origem de uma breve reunião de emergência entre Passos Coelho, Paulo Portas e Marco António Costa, vice-presidente do PSD, numa sala da Quinta da Campina da Luz, em Tavira, em frente a 47 hectares de estufas de frutos vermelhos, 90% para exportação. Momentos antes, Passos e Portas tinham ouvido as dificuldades em arranjar mão-de-obra estrangeira, sobretudo fora do espaço Schengen. Questionaram por que razão não se recorria ao trabalho dos portugueses. Não chega ou não estão disponíveis para trabalho no campo, justificou o responsável. A resposta estaria nos muitos trabalhadores asiáticos que acompanhavam a comitiva: são sub-contratados e a receber um salário muito mais baixo do que o mínimo nacional.
REFERÊNCIAS:
Testes com nova vacina para malária revelam 100% de eficácia
Cientistas testaram vacina em 35 participantes e estão optimistas, mas avisam que, antes de se pensar em estratégias de vacinação em massa, é preciso mais investigação. (...)

Testes com nova vacina para malária revelam 100% de eficácia
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.136
DATA: 2017-02-18 | Jornal Público
SUMÁRIO: Cientistas testaram vacina em 35 participantes e estão optimistas, mas avisam que, antes de se pensar em estratégias de vacinação em massa, é preciso mais investigação.
TEXTO: Um ensaio clínico de uma nova vacina contra a malária revelou uma eficácia de 100% num grupo de nove pessoas que recebeu três doses com intervalos de 28 dias. Segundo o artigo publicado esta quinta-feira na revista Nature, a protecção manteve-se dez semanas após a última dose da vacina. A equipa de investigadores usou os parasitas vivos da malária encontrados nas glândulas salivares do mosquito que infecta os humanos para estimular a imunidade num grupo de 35 voluntários saudáveis. Apesar de todos os esforços, ainda não existe ainda uma vacina para a malária no mercado. Nos últimos anos, multiplicam-se as notícias sobre os bons resultados de experiências e ensaios clínicos que se realizam em vários laboratórios. Parece que estamos cada vez mais perto mas ainda não chegámos lá. Para já, existe apenas uma vacina, identificada como RTS, S/AS01, da empresa farmacêutica GlaxoSmithKline, que é destinada às crianças e que foi aprovada pela Agência Europeia do Medicamento. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), esta vacina garante uma protecção entre os 30 e 50% e deverá começar a ser usada em campanhas de imunização em 2018. Foi a primeira e única aprovada até agora e, segundo a OMS, é mais uma ferramenta para juntar (e não substituir) às outras medidas de prevenção, diagnóstico e tratamento adoptadas nos vários países afectados. O artigo publicado na Nature esta quinta-feira é mais um exemplo do esforço no combate desta doença que, em 2015, infectou 212 milhões de pessoas e matou 429 mil. Os investigadores estão a explorar várias estratégias de vacinação que usam parasitas vivos atenuados ou inactivados (Plasmodium falciparum) que causa a doença e que é transmitido através da picada de mosquitos (a fêmea) Anopheles. Nesta investigação, os cientistas usaram uma vacina chamada PfSPZ que é composta por parasitas vivos que estimulam a imunidade e que são mortos por fármacos antimaláricos administrados ao mesmo tempo. Segundo refere ao PÚBLICO Stephen Hoffman, investigador do laboratório Sanaria, nos EUA, e um dos autores do artigo, este ensaio clínico foi realizado na Alemanha e a mesma vacina está a ser testada – com diferentes estratégias – nos EUA e na Guiné Equatorial. Nos próximos meses, acrescenta, deverão arrancar mais ensaios clínicos nos EUA, Mali, Gabão e Gana. Os investigadores querem testar esta nova fórmula com diferentes doses, diferentes intervalos entre as administrações, em diferentes populações e com diferentes estirpes do parasita. Para já, os resultados são animadores. Este ensaio clínico usou 35 voluntários saudáveis que receberam doses variáveis da vacina e, simultaneamente, de um fármaco antimalárico (cloroquina). Depois, os participantes foram infectados com a mesma estirpe de malária usada na vacina. No esquema de vacinação com três doses e quatro semanas de intervalo, os que receberam as doses mais baixas mostraram uma protecção que variou entre os 33% e os 67%. Porém, no grupo de nove participantes que recebeu as doses mais elevadas com os mesmos 28 dias de intervalo ninguém foi infectado pelo parasita. A vacina não provocou efeitos secundários e, passado dez semanas da última imunização, continuava a proteger estes voluntários, acrescenta o artigo. A mesma dose elevada de PfSPZ mas administrada em intervalos mais curtos, de cinco semanas, protegeu cinco dos oito indivíduos (63%). “Só estão publicados três ensaios clínicos de vacinas contra a malária que revelaram 90% ou mais de eficácia. São todos de vacinas concebidas por nós”, refere o investigador do laboratório Sanaria. Em relação às outras vacinas testadas pela mesma empresa, Stephen Hoffman acredita que esta nova versão “garante o mesmo nível de protecção mas usando significativamente menos PfSPZ, o que quer dizer que o custo de produção será também significativamente mais baixo”. Apesar do optimismo, os autores deste trabalho notam que é preciso mais investigação e mais ensaios com diferentes estirpes do vírus e diferentes esquemas (doses e intervalos) de vacinação até ser possível perceber se a PfSPZ pode ser usada para vacinação em massa numa estratégia de prevenção contra a malária. Enquanto se espera por estes (e outros) resultados das investigações, a malária continua a ser um dos principais problemas de saúde pública mundial. Em 2015, o parasita era endémico em 95 países. O Plasmodium falciparum é prevalente na África subsariana, onde a doença é mais devastadora, com 88% dos casos e 90% das mortes. O Plasmodium vivax está pouco representado naquele território, mas predomina na Índia, no Sudeste asiático e na América Central e do Sul. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. E os parasitas também parecem estar a esforçar-se bastante para resistir aos ataques dos investigadores. Segundo um estudo recente na revista Lancet Infectious Diseases, os parasitas da malária que resistem aos melhores fármacos que dispomos actualmente – a artemisinina e a piperaquina – já estão espalhados por todo o Camboja. E parasitas ainda mais adaptados do que aqueles para resistir aos medicamentos estão a disseminar-se pelo Sudeste do Laos e pelo Nordeste da Tailândia. A estratégia da OMS para a malária estabelece o ambicioso objectivo de uma redução de “pelo menos 90%” na incidência e taxas de mortalidade em 2030.
REFERÊNCIAS:
Um lisboeta tem de trabalhar oito minutos para pagar um pequeno-almoço
Em Zurique, um suíço tem de trabalhar cinco minutos. Em Caracas, são precisas nove horas. (...)

Um lisboeta tem de trabalhar oito minutos para pagar um pequeno-almoço
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-03-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: Em Zurique, um suíço tem de trabalhar cinco minutos. Em Caracas, são precisas nove horas.
TEXTO: Um português em Lisboa tem de trabalhar cerca de oito minutos para conseguir pagar um pequeno-almoço. Os habitantes de Abu Dhabi, Osaka e Zurique conseguem pagar um pequeno-almoço com o que ganham em apenas cinco minutos de trabalho, de acordo com os dados do Bloomberg Global City Breakfast Index. No extremo oposto, em Caracas, cidade na qual a inflação galopante é um problema, é preciso trabalhar mais do que oito horas. Este índice da Bloomberg procura saber quantas horas é preciso trabalhar, em diferentes pontos do globo, para conseguir pagar um pequeno-almoço. É feito com base no custo de um pequeno-almoço "típico": um copo de leite gordo, um ovo, duas fatias de pão torrado e uma peça de fruta. Esta refeição foi escolhida por ser composta por ingredientes que facilmente se encontram em todo o mundo, ainda que não correspondam, necessariamente, ao pequeno-almoço mais popular numa dada cidade. No total, este índice é calculado para 129 cidades e praças financeiras e baseia-se nos preços dos últimos 12 a 18 meses, retirados do site Numbeo. com. O Numbeo é um banco de dados, feito pelos utilizadores, que oferece estatísticas sobre os preços médios em diferentes cidades e países. Em Lisboa, de acordo com o site, o custo de vida é 35, 11% mais baixo do que nos EUA e o salário médio é 795 euros. Um quarto no centro de Lisboa fica por 622, 11 euros e o passe de transporte custará, em média, 36 euros. O preço de um pequeno-almoço em Lisboa situa-se entre os 1, 8% a 2, 7% de um salário médio, isto é, cerca de oito minutos de um dia de trabalho. O pequeno-almoço português consagra-se como o mais caro da Europa Ocidental, tendo em conta o custo de vida. Em Zurique, um suíço precisa de trabalhar cinco minutos para comprar um pequeno-almoço, que equivale a 1% do seu salário. Na Europa de Leste, em Kiev, na Ucrânia, a mesma refeição equivale a 6%. E as diferenças entre o Norte e o Sul global são ainda mais marcadas. A América Latina é a região onde é preciso trabalhar mais para comprar um pequeno-almoço. Em média, são precisos 22, 2 minutos de trabalho para pagar a primeira refeição do dia – que custa, em média, 0, 94 dólares (cerca de 0, 89 euros). Também há diferenças quando se compara cidades dentro da mesma região. No continente asiático, menos de 1% do ordenado de um japonês em Osaka é o suficiente para fazer a primeira refeição do dia, mas em Hanói, no Vietname, onde o salário é menor, a percentagem sobe para 12%. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Na Europa Ocidental, é preciso trabalhar 7, 2 minutos para pagar um pequeno-almoço que custa, em média, 1, 31 dólares (aproximadamente 1, 24 euros). Na América do Norte, é preciso trabalhar os mesmos 7, 2 minutos, mas o pequeno-almoço é mais caro: custa 1, 70 dólares (isto é, cerca de 1, 61 euros). A Bloomberg explica que estas diferenças reflectem a acessibilidade do mercado e a acção das forças regulatórias: há sítios, como o Cairo, nos quais existem subsídios alimentares que ajudam a pagar o pequeno-almoço, que custa cerca de 0, 35 dólares (0, 33 euros). O contrário também acontece: em pequenos mercados, nos quais as importações têm mais expressão, os preços são mais altos. É o que se verifica em Hamilton, nas Bermudas, onde o pequeno-almoço custa 3, 48 dólares (3, 29 euros). Ainda que o preço do pequeno-almoço não preocupe quem vive em países desenvolvidos e em economias ricas, pode ser factor decisivo em países em desenvolvimento. A malnutrição é um problema grave e a escassez de alimentos pode dar origem a motins e manifestações – basta lembrar o que aconteceu durante a Primavera Árabe, em 2010 e 2011. A revolução de Jasmim, na Tunísia, em 2010, começou porque um jovem tunisino se imolou pelo fogo, numa forma de protesto contra as fracas condições de vida do país.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
As nossas cinco sugestões para sair do PÚBLICO (e depois voltar)
O que significa ser educado, o direito a usar as redes sociais, como compreender a mente de Warren Buffett, a arte da perda e o destino de Taiwan – estas são as propostas dos jornalistas do PÚBLICO para esta semana. (...)

As nossas cinco sugestões para sair do PÚBLICO (e depois voltar)
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-03-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: O que significa ser educado, o direito a usar as redes sociais, como compreender a mente de Warren Buffett, a arte da perda e o destino de Taiwan – estas são as propostas dos jornalistas do PÚBLICO para esta semana.
TEXTO: Rachel Cusk estava na zona de controlo de passaportes de um aeroporto quando reparou na forma como um funcionário se dirigia aos passageiros: obsessivo, quase aos gritos. “Não precisa de ser indelicado”, disse-lhe. Ele abanou a cabeça: “Você é que é indelicada”. A escritora canadiana, radicada há décadas no Reino Unido, ficou desarmada. Teria sido mesmo ela a quebrar o código social? E quando contava a história a amigos, ficava com a sensação de que ninguém, nem ela própria, conseguia chegar à seriedade daquele momento. Este episódio é revelado por Cusk no artigo A era da indelicadeza, publicado na The New York Times Magazine nesta era pós-"Brexit" (pós-vitória de Trump, praticamente pós-ponderação. . . ), em que as reacções extremadas se avolumam, como cóleras mal contidas em corpos crispados. A pergunta que percorre o artigo é esta: “À medida que o contrato social se desmorona, o que significa ser educado?”. LerSerá o Facebook tão importante que uma decisão judicial que impeça uma pessoa de o utilizar, mesmo que enquadrada na defesa da segurança de terceiros, possa ser entendida como uma violação da liberdade de expressão consagrada na Constituição, como acontece nos Estados Unidos? Em plena terça-feira de Carnaval, conta a Wired, o Supremo Tribunal dos EUA foi chamado a julgar uma petição de um cidadão norte-americano que publicou em 2010 um post, celebrando o facto de se ter livrado de uma multa de trânsito. Ultrapassado um problema, Lester Packingham Jr meteu-se noutro, pois, condenado na Carolina do Norte por um crime de pedofilia em 2002 estava, segundo aquele Estado, a violar uma lei estadual que impede o acesso de agressores sexuais a sites e redes sociais nas quais possa ter contactos com crianças. O caso, que ainda não foi decidido, suscita um debate interessante sobre o que é, e para que servem, as redes, se hoje é possível, ou não, ser um cidadão de corpo inteiro sem acesso a elas e se não é demasiado restritiva uma lei que, por exemplo, impede alguém de aceder aos tweets do Presidente Trump. LerWarren Buffett é um dos homens mais respeitados por quem segue o mundo dos negócios. Dono de um império financeiro que faz dele um dos mais ricos do mundo, Buffet escreve todos os anos uma carta aos accionistas da Berkshire Hathaway, a holding a partir da qual controla os seus negócios, que se estendem por áreas tão diferentes como o sector financeiro, indústria química, transportes ou tecnologia. Não deve haver carta tão antecipada, estudada, esmiuçada e comentada, pelo menos no mundo dos negócios, como estas. E a carta mais recente de Buffett, publicada no dia 25 de Fevereiro e com 29 páginas (aqui, em PDF e em inglês), não fugiu à regra. Mais uma vez, além de prestar contas, Buffett expõe a sua visão dos negócios, do capitalismo, da economia de mercado, dos Estados Unidos e, claro, dos seus investimentos e dos lucros (sempre fabulosos) que o universo Berkshire continua a somar. Mas este todo-poderoso da alta finança também se engana – e não é pouco. E em cada carta, como na última, tem sempre a humildade de lembrar os erros, quanto lhe custaram e o que aprendeu. Para quem gosta de gestão, é um documento que dá muitas pistas para a compreensão do que é hoje o mundo dos negócios. Cereja em cima do bolo para quem gostar do tema: está online o arquivo de todas as cartas de Buffett desde 1977. Sobre a última, o Wall Street Journal fez uma leitura exaustiva, por temas, em live blog durante quatro horas, e que ajudam a compreender uma das mentes mais marcantes do mundo empresarial contemporâneo. LerPodemos não ter qualquer inclinação para a poesia de Elizabeth Bishop, mas se gostamos de uma história bem contada, o artigo que Claudia Roth Pierpont assina no próximo número da New Yorker, partindo de uma nova biografia desta americana que era uma viajante incansável (Elizabeth Bishop: A Miracle for Breakfast, de Megan Marshall), vale certamente a pena. Nele se percebe como uma vida marcada por uma série de perdas, imensas, e por um amor brasileiro a quem todos chamavam Lota acabou por passar para a poesia que ela escreveu. Nem sempre se nota, é bem verdade, mas é essa vida que lá está. LerSubscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Esta secção chama-se Já viu isto?, mas o que se propõe é um “vai ouvir isto?”. No dia 7 de Março, o centro de estudos asiáticos da Brookings Institution realiza, a meias com o Carnegie Endowment for International Peace, um debate sobre uma das regiões mais complexas do mundo, Taiwan. Há três anos, jovens universitários revoltaram-se contra a política de aproximação do governo em relação à China — foi a Revolta dos Girassóis. Em Janeiro de 2016, os eleitores rejeitaram o Presidente Ma, que conduzia esse processo de pacificação, e elegeram uma Presidente favorável à manutenção das distância, Tsai Ing-wen, que nunca escondeu que gostava de ver Taiwan tornar-se um país independente. As relações entre Taipé e Pequim deterioraram-se e o cenário piorou com a chegada de Donald Trump ao poder nos EUA — falou directamente com Tsai, reconhecendo-a como chefe de um Estado sobrano e questionou a política “Uma China”, que mantém Taiwan como um “país não país”. A conferência da Brookings/Carnegie pode ser seguida em directo e terá como principal interveniente Ma Ying-jeou, o Presidente contestado na Revolta dos Girassóis. A seguir à conferência, que tem dois moderadores, um especialista da Brookings e outro da Carnegie, há perguntas da assistência, que são sempre pertinentes e muito directas. Quem não puder seguir em directo, pode ouvir em diferido. Das 14h às 15h30 (hora local, das 19h às 20h30 em Portugal continental). Ouvir“Já viu isto?” é uma rubrica semanal com sugestões da redacção do PÚBLICO para trabalhos jornalísticos de outros media
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
Geração perdida
Na década de 1990, Emir Kusturica, David Lynch ou Lars von Trier fizeram parte da última geração de cineastas mundiais reconhecidos por crítica e público como “autores”. Duas décadas depois, o que resta dessa geração? (...)

Geração perdida
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-01-01 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20170101012514/https://www.publico.pt/n1756127
SUMÁRIO: Na década de 1990, Emir Kusturica, David Lynch ou Lars von Trier fizeram parte da última geração de cineastas mundiais reconhecidos por crítica e público como “autores”. Duas décadas depois, o que resta dessa geração?
TEXTO: Alinhem-se os nomes. David Lynch, os irmãos Coen, Quentin Tarantino, Emir Kusturica, os irmãos Dardenne, Lars von Trier, Nanni Moretti, Michael Haneke, Chen Kaige, Zhang Yimou, Takeshi Kitano, Mike Leigh, Abbas Kiarostami, Krzsyzstof Kieslowski, Jafar Panahi. . . Em comum, têm todos terem sido premiados em Cannes ou Veneza entre 1990 e 2000, e terem sido a última geração de cineastas a conjugar o reconhecimento da crítica com o sucesso do público, a provar que “adulto” não era palavra vã no mundo do cinema. A mais recente geração de autores de cinema que foram “canonizados” - isto é, entraram para o “cânone do grande cinema” e também, de algum modo, a “última” geração a sê-lo; deles, os nomes tornam-se muito menos unânimes ou muito mais raros. Em Portugal, isso quer, também, dizer que foram a última geração de autores a ter público regular, fiel e constante, nas salas de cinema. Em grande parte devido ao impulso que a Atalanta Filmes de Paulo Branco deu na década de 1990 ao cinema de autor mundial, com o Forum Picoas e o King em Lisboa a tornarem-se “pontas de lança” de uma pequena “revolução” que conseguiu fazer sair da toca, e fidelizar durante alguns anos, um público que se tinha deixado perder. São os anos em que o King esgotava lotações para Segredos e Mentiras (96) de Mike Leigh ou Europa (91) de Lars von Trier – e como esquecer os meses de cartaz de fenómenos como O Carteiro de Pablo Neruda (94) de Michael Radford, Gato Preto, Gato Branco de Emir Kusturica (98), ou, já no final deste ciclo, Casamento Debaixo de Chuva (01) de Mira Nair?O mundo, podemos (devemos) dizê-lo, mudou muito depois de 2001, e não só devido ao ”estado de guerra” que se instalou após o 11 de Setembro. A tecnologia trouxe uma série de terramotos que vieram questionar a própria noção de “ver um filme” – o DVD, a internet, o digital, o streaming, o esboroamento dos sistemas de financiamento, a perda de peso da sala, a rendição ao modelo do franchise, a transferência de talento do grande écrã para a produção televisiva… Nem todos afectaram do mesmo modo os cineastas do mundo não-anglo-americano. Toda uma geração asiática – capitaneada por gente como Jia Zhangke ou Wang Bing – ergueu-se sobre essas possibilidades alternativas de produção e divulgação, criando um espírito de resistência e desafio (que, de outros modos, podemos ver no cinema de Jafar Panahi) enquanto os seus predecessores se “rendiam” ao estatismo criativo. Mas as problemáticas do financiamento vieram perturbar caminhos. Alguns – como Von Trier, Moretti ou os Dardenne – sobreviveram em parte graças às estruturas que criaram e que colocaram também ao serviço de outros. A Zentropa de Von Trier tornou-se num centro de produção escandinava; no caso do italiano, a Sacher, distribuidora, produtora e exibidora que resiste ainda e sempre; no caso dos belgas a sua própria produtora, Films du Fleuve. Lynch e Kusturica tiveram em comum, durante algum tempo, o mecenato da Ciby 2000 de Francis Bouygues, fugaz tentativa francesa de criar uma major do cinema de autor que produziu ainda Wenders, Bertolucci, Almodóvar ou Antonioni. Outros foram produzindo ao abrigo das especificidades do seu próprio país – o apoio regular do British Film Institute em Inglaterra ou a dobradinha Canal Plus/ARTE em França. O mundo foi mudando, as circunstâncias também; o cinema desta geração, nem por isso. Não há aqui nenhuma vontade de fazer um exercício nostálgico, do género “antes é que era bom”. Trata-se apenas de constatar que toda esta geração tem continuado paulatinamente a trabalhar, mas que cada vez mais parece que não cumpriu as promessas que nos fez então. David Lynch? Depois do “ponto alto” de Um Coração Selvagem (90), qual coelho branco, perdeu-se nos labirintos do seu próprio país das maravilhas – e não faz uma longa há dez anos, desde o filme-limite Inland Empire (06). Os Dardenne declinam o modelo-Rosetta (99) com maior ou menor eficácia e inspiração de filme para filme, sem nunca descer a fasquia mas também sem nunca a ultrapassar. Takeshi Kitano? Sonatine (93) e Fogo de Artifício (97) acabaram por ser “fogachos” de um cineasta que provou ser muito menos interessante do que parecia. Zhang Yimou rendeu-se ao decorativismo abençoado pelo Estado. E aqueles que se mantiveram fiéis ao seu percurso e que nunca desceram abaixo de um nível mínimo – os Coens, Quentin Tarantino, Michael Haneke, Mike Leigh, Pedro Almodóvar, Nanni Moretti – vêem o seu próprio posto de “canonizados” a jogar contra si. Parecem ter lugar reservado nas competições dos grandes festivais de classe A – Cannes, Veneza, Berlim – mas deles já ninguém espera novidades, apenas mais do mesmo. O consenso é que os seus melhores filmes já ficaram para trás, mesmo que se afadiguem a negá-lo. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Há dois cineastas exemplares neste percurso. Um é o dinamarquês Lars von Trier, que, a partir de Europa (91), começou a alinhar uma série de exercícios mais ou menos provocadores, desde as “obstruções” auto-determinadas do Dogma 95 aos dispositivos despojados de Dogville (03) e Manderlay (05) e à “pornografia” de Ninfomaníaca (13). Muito do seu trabalho nos últimos 20 anos é subordinado à bravata gratuita, à vontade de não se repetir excepto na provocação. Será, certamente, de todos estes contemporâneos aquele que mais se torturou (e que mais torturou os espectadores…) no processo de (re) definir a sua identidade de cineasta e mais procurou sabotar o seu próprio estatuto de inquestionável – demos-lhe, ao menos, isso. O outro é Emir Kusturica – o pretexto de toda esta conversa a partir da estreia de Na Via Láctea, “canto do cisne” onde o sérvio joga todas as cartas para recuperar o élan que o tornou há 20 anos ponta-de-lança desse encontro entre o autor e o público. Kusturica, como poucos dos seus contemporâneos, tinha um apelo popular que vinha da truculência paredes-meias com o burlesco das suas crónicas balcânicas, e procurou aproveitar ao máximo as portas abertas pelo reconhecimento internacional e pelo sucesso de Underground – Era uma Vez um País (94) e Gato Preto, Gato Branco (98), sobretudo depois do fracasso da aventura americana Arizona (93). Mas a popularidade do Gato Preto acabou por engavetar o realizador numa gaveta de exotismo que explorou à exaustão, mais como músico do que como cineasta com as suas digressões globais à cabeça da No Smoking Orchestra, mas também com filmes menos conseguidos como A Vida é um Milagre (04) e Promise Me This (07) (que, pasme-se, nem chegou a estrear em Portugal). O cinema, ou pelo menos aquele cinema que nos atraia no Kusturica inicial, foi-se extinguindo aos poucos para ficar apenas uma espécie de auto-caricatura (como no seu documentário sobre Maradona), de cineasta que se limitou a responder às expectativas e se deixou encostar à bananeira sem parar para pensar que uma reputação desaparece muito mais depressa do que se constrói. Nesse aspecto, embora numa outra abordagem, Kusturica tem vários pontos de contacto com Lynch, que também se desmultiplicou em projectos paralelos – a música, a meditação transcendental – ao ponto de relegar o cinema para um papel quase secundário, e também tem passado os últimos anos a navegar à boleia de um culto global. É por aqui que voltamos atrás: à sensação inevitável de uma série de talentos dispersos, perdidos. Sensação injusta, talvez: o mundo em que esta geração cresceu era muito diferente daquele em que os cineastas que os inspiraram fizeram filmes. É apenas lógico e natural que as vanguardas de ontem correspondam ao mainstream de hoje, que o tempo se encarregue de absorver e normalizar a diferença. Mas é natural, é mesmo inevitável, olhar para trás e, libertos de todo o ruído que os rodeou no seu devido tempo, perguntar se o que vimos nestes realizadores justificou a sua “canonização”, se podemos começar a achar que estão aqui cineastas “para a eternidade” como os seus predecessores o foram. A resposta, na verdade, é muito menos positiva do que parece.
REFERÊNCIAS:
Especialistas dizem que aquecimento global está novamente a acelerar
Agência britânica de meteorologia antecipa que 2015 e 2016 poderão ser os anos mais quentes desde que há registos fiáveis. (...)

Especialistas dizem que aquecimento global está novamente a acelerar
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-09-15 | Jornal Público
SUMÁRIO: Agência britânica de meteorologia antecipa que 2015 e 2016 poderão ser os anos mais quentes desde que há registos fiáveis.
TEXTO: O termómetro global está novamente a subir a um ritmo elevado, depois de uma década e meia de relativa estabilização, acreditam cientistas do Metoffice, a agência meteorológica britânica. Este ano poderá ser o mais quente desde que há registos fiáveis da temperatura média do planeta e 2016 promete ir no mesmo caminho. Apesar de a atmosfera conter cada vez mais dióxido de carbono (CO2) – o principal vilão das alterações climáticas –, o aquecimento acelerado que se observava pelo menos desde os anos 1970 estabilizou a partir de 2000. Não há ainda explicações definitivas para esta aparente contradição, mas uma das hipóteses é a de que parte do calor está a ser acumulada em camadas profundas do oceano. Alterações cíclicas nas condições climáticas podem, no entanto, estar a colocar os termómetros novamente numa tendência crescente. A principal tem a ver com o El Niño, uma alteração periódica nos ventos e correntes do Pacífico, com consequências climáticas globais e regionais, como secas na América Latina e tempestades na Austrália e no sudeste asiático. “O El Niño está em curso e tem vindo a aumentar em força”, diz um relatório do Metoffice divulgado esta segunda-feira. A evolução, dizem os climatologistas britânicos, é similar à do El Niño de 1997-1998, que provocou na altura um acentuado aumento da temperatura global. A Organização Meteorológica Mundial já tinha alertado, no princípio deste mês, que o El Niño deste ano deverá estar entre os quatro mais intensos desde 1950. O que vai acontecer aos termómetros dependerá também do comportamento de outras condições climáticas nos oceanos, que se alteram no espaço de décadas. O Pacífico, que tem estado numa fase negativa, com temperaturas mais baixas, parece estar a entrar numa fase positiva, mais quente. No Atlântico, está a acontecer o contrário: depois de quase duas décadas de fase positiva, é possível que se inicie agora uma fase negativa. Tudo indica, no entanto, que 2015 pode vir ser tão ou mais quente do que 2014. Entre Janeiro e Julho, a temperatura global situou-se 0, 85oC acima da média do século XX, segundo a agência norte-americana para a atmosfera e os oceanos, a NOAA. É o maior valor até agora registado para este período. “Apesar de não podermos dizer com certeza que a desaceleração no aquecimento global terminou, as temperaturas globais estão novamente a crescer”, afirma o investigador Adam Scaife, do Metoffice, num comunicado. Como os efeitos do El Niño na temperatura global ocorrem com uma hiato de alguns meses, os especialistas acreditam que 2016 será igualmente quente.
REFERÊNCIAS:
Étnia Asiático
A sombra do Daesh nas Filipinas choca com o punho de Rodrigo Duterte
Presidente das Filipinas impõe a lei marcial em Mindanau e admite estendê-la ao resto do país. Críticos temem que sirva de desculpa para violar os direitos humanos. (...)

A sombra do Daesh nas Filipinas choca com o punho de Rodrigo Duterte
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-05-25 | Jornal Público
SUMÁRIO: Presidente das Filipinas impõe a lei marcial em Mindanau e admite estendê-la ao resto do país. Críticos temem que sirva de desculpa para violar os direitos humanos.
TEXTO: Os habitantes do Sul das Filipinas, na região mais próxima da Indonésia, vão viver os próximos dois meses debaixo das ordens dos militares, depois de o Presidente, Rodrigo Duterte, ter imposto a lei marcial em resposta ao aumento da violência relacionada com grupos islamistas. Há décadas que vários grupos extremistas tentam tornar-se independentes das Filipinas e estabelecer um Estado islâmico no Sul do país, mas já houve períodos de maior violência do que agora – um dos principais grupos, o Abu Sayyaf, é responsável por vários ataques ao longo dos anos, com sequestros e execuções de cidadãos filipinos e estrangeiros. A onda de violência desta semana começou terça-feira, após uma operação fracassada do Exército das Filipinas. Depois de terem recebido a informação de que o líder do Abu Sayyaf, Isnilon Hapilon, tinha descido das montanhas para receber tratamento na cidade de Marawi, as autoridades lançaram aquilo a que chamaram uma "operação cirúrgica" para o capturar ou matar. Mas os elementos das forças especiais foram recebidos por um exército de extremistas formado por combatentes do Abu Sayyaf e de outros grupos mais pequenos, como o Maute – apesar de lutarem em grupos diferentes, os extremistas do Sul das Filipinas estão cada vez mais unidos na luta pela declaração de um Estado islâmico na região. Na sequência dessa operação, na terça-feira, os combates alastraram-se a outras zonas da cidade, com o Exército a bombardear posições dos extremistas e estes a fazerem reféns entre a população – esta quinta-feira foi anunciada a libertação de 120 pessoas que estavam sequestradas num hospital e que serviram de escudo humano ao Abu Sayyaf e ao Maute. Em resposta à violência, Rodrigo Duterte fez o que se esperava de um presidente que foi eleito com promessas de combater a criminalidade com extrema violência – impôs a lei marcial em toda a ilha de Mindanau, o que significa que nos próximos 60 dias a polícia e o Exército têm autoridade para deter e interrogar qualquer pessoa sem precisarem de mandados dos tribunais. Na prática, toda a região deixa de ser administrada por responsáveis civis e passa a ser controlada pelo Exército. Esta declaração tem de ser ratificada pelo Congresso na próxima segunda-feira, mas o maior partido da oposição já disse que não se opõe à decisão do Presidente. Ainda assim, os críticos de Rodrigo Duterte avisam que a violência na cidade de Marawi não significa que a lei marcial deva ser alargada às outras duas grandes ilhas das Filipinas – Luzon, a norte, e Visayas, no centro. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Mas foi essa a ameaça de Rodrigo Duterte, que chegou esta quinta-feira a Mindanau depois de ter interrompido uma viagem a Moscovo, onde se encontrou com o Presidente russo, Vladimir Putin. Ainda em Moscovo, Duterte prometeu que não hesitará em decretar a lei marcial em todo o país se a violência dos grupos extremistas não for contida em Mindanau – uma hipótese que os analistas consideram ser pouco provável devido à relativa fragilidade desses grupos, e que as organizações de defesa dos direitos humanos temem porque acusam Duterte de querer uma desculpa para fortalecer a sua visão autoritária da democracia. Assim que foi eleito, no ano passado, o Presidente das Filipinas lançou uma operação de combate ao tráfico e ao consumo de droga que já fez pelo menos nove mil mortos – organizações como a Human Rights Watch dizem que essa operação promoveu e facilitou milhares de homicídios à margem das leis por polícias, militares e vigilantes. Apesar de grupos como o Abu Sayyaf não representarem um perigo existencial para o resto do país, a situação na ilha de Mindanau é diferente, em particular na região sudoeste – é uma zona de maioria muçulmana, ao contrário do resto do país, que é de maioria católica, e muito permeável às tentativas do Daesh de alargar a sua sombra no Sudeste asiático, agora que está a perder terreno na Síria e no Iraque. Devido a essas perdas, as autoridades filipinas dizem que vários combatentes do Daesh oriundos do Sudeste asiático estão a regressar aos seus países. O homem que as autoridades filipinas procuram, Isnilon Hapilon, é um dos terroristas mais procurados pelo FBI norte-americano, que oferece cinco milhões de dólares a quem der informações que levem directamente à sua captura. Hapilon é conhecido como líder do Abu Sayyaf, mas há três anos divulgou um vídeo em que declarou o corte da ligação à Al-Qaeda e a sua lealdade a Abu Bakr al-Baghdadi, o líder do Daesh – no ano passado, Isnilon Hapilon passou a ser conhecido como Abu Abdullah al-Filipini e foi declarado emir dos combatentes do Daesh nas Filipinas.
REFERÊNCIAS:
Étnia Asiático