China corta nas taxas de importação de carros
Pequim baixa direitos aduaneiros de 25% para 15%, a partir de 1 de Julho, para a generalidade dos veículos ligeiros. (...)

China corta nas taxas de importação de carros
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-05-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: Pequim baixa direitos aduaneiros de 25% para 15%, a partir de 1 de Julho, para a generalidade dos veículos ligeiros.
TEXTO: Alegria na indústria automóvel alemã – mas também na Tesla e no Japão. A China vai baixar as taxas cobradas na importação de carros a partir de 1 de Julho, anunciou nesta terça-feira o Ministério das Finanças da China, em Pequim. A descida também vai ser aplicada na importação de peças de carros, uma medida que pretende abrir o maior mercado mundial de automóveis ao comércio internacional, segundo o governo chinês. "A China defende um sistema de comércio multilateral. Baixar os direitos aduaneiros sobre carros é um gigantesco passo para expandir as nossas reformas e abrir o mercado", afirma o ministério, segundo uma nota citada pela agência oficial chinesa Xinhua. A decisão já era esperada, mas subsistiam dúvidas sobre qual o valor do corte e quando entraria em vigor. A indústria germânica é uma das mais beneficiadas por este corte, já que alguns dos modelos topo de gama (executivos, desportivos e familiares) têm de ser importados porque não são produzidos na China. Desta forma, passam a chegar ao mercado mais baratos, aumentando a competitividade dos modelos alemães, em termos de preço. Embora outros fabricantes tenham igual razão para estarem satisfeitos – designadamente a norte-americana Tesla ou a nipónica Nissan –, o momento da divulgação da medida sugere que se trata de uma decisão para agradar a Berlim. Isto porque a chanceler alemã, Angela Merkel, chega a Pequim na quinta-feira, para uma visita de Estado. E um anúncio destes a 48 horas da chegada de Merkel à China só pode gerar "um ambiente positivo", como nota o diário alemão Süddeutsche Zeitung, de Munique (Baviera), cidade onde se encontra sediada a BMW, uma das marcas alemãs mais populares em terras chinesas e que será outra das grandes beneficiárias, a par da Mercedes. Por outro lado, a categoria veículos e materiais de transporte ocupa a maior parcela nas exportações portuguesas para a China. Em 2017, representou 34, 2% das exportações, somando um total de 288 milhões de euros, sobretudo devido às vendas de veículos fabricados pela Autoeuropa, a unidade da Volkswagen em Setúbal, que até 2014 contribuía para mais de metade das exportações portuguesas para o país asiático. Mas também os EUA podem vir a beneficiar desta medida, porque também a Ford pode vir a lucrar com um corte nas taxas de importação para o maior mercado automóvel do planeta. Do ponto de vista político, Pequim alivia assim o ambiente de guerra comercial encetada pelo Presidente Donald Trump, quando anunciou um aumento das taxas sobre o aço importado pelos EUA. O clima de crispação entre as duas maiores economias mundiais tem vindo, porém, a diluir-se graças a uma série de decisões menos "vistosas", mas de enorme alcance político – a mais significativa das quais, para a China, foi a posição de Trump sobre a segunda maior empresa de telecomunicações chinesa, a ZTE, que Washington tinha proibido em Abril de fazer negócios nos EUA por sete anos. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Neste quadro, parece evidente que o anúncio de Pequim nesta terça-feira está ligado aos restantes desenvolvimentos: ao mesmo tempo em que a China anunciava um alívio nos direitos aduaneiros sobre carros estrangeiros, Washington fez saber que estaria mais próxima de um acordo em torno da ZTE. A empresa tinha sido castigada por alegadamente vender ao Irão e à Coreia do Norte tecnologia desenvolvida pela subsidiária nos EUA. Esse castigo seria um rude golpe para a empresa chinesa mas a proibição de fazer negócios deverá ser substituída por sanções menos severas, noticia nesta terça-feira a Reuters. Graças sobretudo a Donald Trump, que vem há semanas defendendo um passo atrás, com o argumento de que estão em jogo demasiados postos de trabalho na China. Um recuo que tem sido criticado por responsáveis do Partido Republicano, que vêem isto como uma "cedência" da Administração norte-americana face a Pequim. Duas fontes não identificadas pela Reuters dizem que o acordo entre a Casa Branca e a ZTE está iminente, devendo envolver também um corte nos direitos aduaneiros que Pequim aplica sobre produtos agrícolas norte-americanos e um aumento dos níveis de importação desses produtos. com Lusa
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
Um “memorando” muito europeu
A linguagem do “memorando de entendimento” para a cooperação com a nova Rota da Seda, a que o Público teve acesso, sublinha de forma sistemática o quadro europeu em que deve realizar-se. (...)

Um “memorando” muito europeu
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: A linguagem do “memorando de entendimento” para a cooperação com a nova Rota da Seda, a que o Público teve acesso, sublinha de forma sistemática o quadro europeu em que deve realizar-se.
TEXTO: Há uma metáfora utilizada por estes dias no Palácio das Necessidades que pretende resumir as linhas vermelhas de Portugal na sua relação com a China: “Tudo menos a Terceira”. Xi Jinping esteve dois dias em Lisboa para uma visita de Estado curta mas cheia de simbolismo. Foi visível o cuidado com que a visita foi preparada por parte do Governo português, nomeadamente na perfeita sintomia das mensagens do primeiro-ministro e do Presidente, verificável em cada declaração pública de Marcelo ou de António Costa quando estiveram na companhia de Xi. O Presidente mencionou os direitos humanos quando saudou o seu homólogo chinês em Belém. A “declaração conjunta”, o retrato político da relação bilateral entre os dois países, também lhes dá o lugar devido, de par com a defesa do multilateralismo, da liberdade de comércio e do combate às alterações climáticas que são pontos da agenda internacional em que os dois países se podem aproximar. Na diplomacia, sobretudo quando se trata de um país como a China, cada palavra pesa, não está lá por acaso e resulta, muitas vezes, de uma longa e dura negociações de bastidores. O “memorando de entendimento” não fugiu à regra. O objectivo do Governo português era reforçar de forma pragmática uma relação que considera importante para o futuro do país e que se inscreve nos objectivos da sua política externa, sem deixar, no entanto, de sublinhar o seu estatuto de país europeu e ocidental, com compromissos no quadro das duas principais alianças de que faz parte: a União Europeia e a NATO, bem como da sua forte relação bilateral com os EUA. Foi esse o espírito que animou as negociações “duras” do documento, porventura, mais relevante da visita de Xi a Lisboa: o “memorando de entendimento” entre os dois governos “sobre a cooperação no âmbito da iniciativa da Faixa Económica da Rota da Seda e da Rota Marítima da Seda do século XXI”. Por outras palavras, a gigantesca e ambiciosa iniciativa lançada pela China em 2013, cujo objectivo é permitir-lhe moldar a globalização económica de acordo com a sua visão do mundo e com os seus interesses. Ainda por outras palavras, construir progressivamente uma ordem mundial que não seja a Pax Americana, disputando a hegemonia dos EUA. É uma estratégia de longo prazo, envolvendo recursos colossais, assente em novas rotas marítimas e terrestres que desenvolvem a conectividade entre a China, a Ásia Central e a Europa, além do Médio Oriente, de África e da América Latina. “É uma estratégia chinesa”, entende-se no Palácio das Necessidades. Como tal, o Governo optou por estabelecer com ela uma cooperação, mas não aderir a ela. Terá significado esta escolha? Ela está reflectida de diversas formas no “memorando” e resulta directamente do facto de Portugal ser membro da União Europeia. O detalhe está nos pormenores do texto de nove páginas assinado pelas duas partes. A preocupação com o enquadramento jurídico e político europeu está presente em quase todos os capítulos. A cooperação com a nova Rota da Seda é colocada no âmbito das duas grandes estratégias europeias de conectividade com a China e com a Ásia. As normas sociais e ambientais, presentes nas parcerias entre a Europa e outras regiões ou países do mundo, são igualmente sublinhadas. Logo no seu preâmbulo, o memorando reconhece “a necessidade de assegurar redes de infra-estruturas sustentáveis e interoperáveis, através da coerência e consistência estratégicas de conectividade existentes, designadamente da Plataforma de Conectividade UE-China, que permanece o principal fórum para promover sinergias no desenvolvimento de infra-estruturas entre a UE e a China. ”A mesma ideia volta a ser sublinhada no Parágrafo I – Objectivos e Princípios Orientadores da Cooperação: “Ambos os lados apoiam sinergias entre a ‘Iniciativa uma Faixa, Uma Rota’ e as prioridades identificadas no Plano de Investimento para a Europa e na Estratégia da União para a Conectividade entre a Europa e a Ásia, incluindo as Redes Transeuropeias” (…), num quadro de cooperação económico “aberto, inclusivo, equilibrado, justo e transparente”. A questão da transparência é um dos princípios básicos das duas iniciativas europeias. Do mesmo modo, a cooperação bilateral deve desenvolver-se “de acordo com as suas obrigações internacionais”: “O Governo da República Portuguesa promoverá esta cooperação bilateral nos termos das regras e padrões internacionais e das obrigações resultantes do seu estatuto de membro da União Europeia, das suas regras e princípios. ” Há igualmente o compromisso de ambos os lados melhorarem a avaliação “dos impactos sociais e ambientais dos projectos a serem financiados”, com uma referência especial a um dos aspectos mais negativos dos grandes investimentos chineses nos países incluídos na Rota da Seda, que é o endividamento excessivo: “Ao mobilizar fundos, a sustentabilidade das dívidas será considerada”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Se, nas palavras das autoridades portuguesas, a Europa esteve sempre presente, nas de Xi Jinping a tónica foi quase sempre posta no reforço da “Pareceria Estratégica Global” assinada com Portugal em 2005 e na importância dos projectos comuns que os dois lados podem realizar em países terceiros. Pequim não tem apenas em vista a África e a América Latina onde se fala português, mas igualmente a Europa. Precisa de know-how e tecnologia dos países desenvolvidos para o seu próprio desenvolvimento interno. É esse o seu interesse, quando investe na energia, na mobilidade eléctrica ou na cooperação científica. Da mesma maneira que precisa de rotas alternativas para atingir esses mercados de forma a escoar os seus produtos, mantendo o controlo sobre elas. É essa a lógica da componente terrestre da Rota da Seda, que deverá atravessar a Ásia Central e desembocar na Europa, com destino ao grande porto de Roterdão, mas também chegar por via terrestre até ao Porto do Pireu, de forma a ter acesso ao Médio Oriente e a África, de onde importa boa parte das suas enormes necessidades energéticas. Do ponto de vista estratégico, é uma forma de contornar as principais rotas marítimas garantidas pelo poder naval norte-americano, não ficando tão dependente delas. O interesse português, além do comércio e do investimento produtivo, é a valorização da sua fachada atlântica, nomeadamente através de Sines, também como ponto de desembarque dos grandes navios contentores de mercadorias que podem chegar à Europa por via do Canal do Panamá, tal como chega hoje um terço do gás liquefeito exportado pelos EUA para a Europa. Xi visitou este país recentemente e a presença chinesa é cada vez mais visível, criando uma crescente fricção com a presença norte-americana, até recentemente indisputada. É neste quadro de competição internacional que a Europa se situa, que Portugal deve situar-se e que justifica a referência simbólica à Terceira (a base das Lajes) e o cuidado posto na redacção do memorando para não retirar as relações bilaterais do quadro da cooperação da Europa com o colosso asiático.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA NATO UE
Portugal e a nova China: Governo não abdica de uma relação forte
Xi Jinping inicia esta terça-feira uma visita de Estado a Portugal em condições muito diferentes da do seu antecessor, Hu Jintao, há oito anos. Uma profunda crise europeia e cerca de nove mil milhões de euros investidos depois, a relação é para continuar. E o debate sobre ela também. (...)

Portugal e a nova China: Governo não abdica de uma relação forte
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.284
DATA: 2018-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Xi Jinping inicia esta terça-feira uma visita de Estado a Portugal em condições muito diferentes da do seu antecessor, Hu Jintao, há oito anos. Uma profunda crise europeia e cerca de nove mil milhões de euros investidos depois, a relação é para continuar. E o debate sobre ela também.
TEXTO: Se houvesse uma forma simples de descrever a complexidade das relações entre Portugal e a China no início da visita de Estado de Xi Jinping a Lisboa, ela poderia resumir-se à passagem do “estado de necessidade” que marcou boa parte do relacionamento recente, para um “estado de flexibilidade”, mais de acordo com o novo enquadramento europeu, com a nova estratégia chinesa de afirmação global e com a nova situação nacional, mais liberta dos constrangimentos da crise e atenta às mudanças na cena internacional. O país que o Presidente chinês visita hoje é muito diferente do que encontrou o seu antecessor, Hu Jintao, há oito anos. Pelo meio, uma grande recessão atingiu a zona euro e a crise da dívida soberana abalou os alicerces da União Europeia. Com uma forte capacidade de investimento quando mais ninguém queria investir, Pequim aproveitou a oportunidade para comprar activos sobretudo nos países que mais sofreram com a crise, entre eles Portugal. O debate de fundo, não particularmente intenso, que acompanha a visita centra-se numa pergunta: até onde Portugal deve ir na sua relação económica e política com a China para preservar a independência das suas decisões estratégicas e o estatuto de membro da União e da NATO, com as responsabilidades inerentes? Há quem insista nos riscos e há quem os relativize. Para o Governo, citando o chefe da diplomacia portuguesa, “a inscrição de Portugal na União Europeia e na NATO continua a ser a nossa única opção estratégica”. Mas “o desenvolvimento das relações com grandes países de economias dinâmicas com os quais mantemos de há muito boas relações é também uma prioridade da política externa do Governo. ” Deles fazem parte colossos como a China, mas também a Índia, o Japão e a Coreia do Sul. Santos Silva chama a atenção para as visitas do primeiro-ministro à China e à Índia, num ciclo que pode ter continuação em breve. Os dois pratos de substância da visita de Xi a Lisboa, vindo do G20, são uma “declaração política conjunta” para celebrar a amizade e a cooperação, e o “memorando de entendimento” para a cooperação com a nova Rota da Seda (nome oficial: “Belt and Road Initiative”), talvez o documento mais emblemático que resultou de negociações “muito duras”, nas palavras de um responsável directamente envolvido. Portugal, como já se sabe, rejeita o modelo seguido pela maioria dos países da Europa de Leste e pela Grécia, de “adesão” à Rota da Seda e aos “estímulos” financeiros que Pequim oferece, optando por um modelo diferente, de “cooperação” com a iniciativa chinesa, no quadro das duas grandes estratégias europeias para as relações futuras com a China e com a Ásia que serão referidas no “memorando”. O ponto de partida é a realidade existente e essa regista já uma forte presença chinesa em alguns sectores fundamentais da economia como a energia, a banca ou os seguros. De uma presença quase inexistente há menos de 10 anos, o investimento chinês atinge hoje cerca de nove mil milhões de euros (com os vistos “Gold” passa para cerca de 12 mil milhões). Em termos de dimensões económicas, Portugal foi o país que mais investimento recebeu de Pequim entre 2011 e 2015, com o equivalente a 3, 3% do PIB (cálculos feitos por Ivana Casaburi, autora de Chinese investment trends in Europe). A questão dos “sectores sensíveis” já nem se põe, lembra um responsável governamental, porque já não é possível voltar atrás. A EDP e a REN (o caso mais controverso porque se trata de um “monopólio natural”) já têm como accionistas principais empresas chinesas (no caso estatais). Mas a diplomacia portuguesa também lembra que a presença chinesa na EDP, por exemplo, obedece a uma política industrial de longo prazo, enquanto a participação de um fundo de investimento americano, destinado a realizar mais-valias, já resultou na sua venda. Neste domínio, o Governo quer uma mudança qualitativa: da compra de empresas para o investimento industrial de raiz. O eventual interesse chinês pelo novo terminal de navios contentores do Porto de Sines é um teste para esta nova política. Portugal valoriza esse interesse porque, se ele existir, a posição de Sines na competição com outros grandes portos europeus ficaria reforçada. Os concorrentes são fortes. O Pireu, que já está nas mãos da China, mas também o porto de Valência, que disputa com Sines a alternativa a Roterdão, até agora o principal porto de águas profundas da Europa e onde, nos planos chineses, a componente terrestre da Rota da Seda deverá desaguar. A parada é importante. Pode reforçar o posicionamento da costa atlântica na confluência de continentes e cumprir o objectivo definido pelo chefe da diplomacia portuguesa: “A confluência entre a faixa terrestre e a rota marítima da nova Rota da Seda”. A China está a criar uma rede mundial de portos, que explora e/ou constrói, de forma a garantir que não fica dependente da presença militar americana nas grandes rotas marítimas por onde circula uma muito larga percentagem do comércio internacional. Para além do Pireu, já tem acordos com zonas portuárias em França, Espanha, Holanda e Bélgica. Veneza também está na competição. O actual terminal de contentores de Sines está concessionado a uma empresa de Singapura. Cerca de um terço do gás liquefeito que os EUA exportam para a Europa entra por lá: o objectivo americano é aumentar as exportações para a Europa da sua produção de gás de xisto, exigindo condições de armazenamento especiais, de que o terminal de Sines dispõe. O novo terminal de contentores, o Vasco da Gama, será em breve posto a concurso público internacional. O governo português não ignora os objectivos da China nesta nova fase da sua expansão internacional. Mas procura adaptar a sua política chinesa à forte “volatilidade” da situação internacional, em transição de uma ordem liberal e multilateral cada vez mais posta em causa, para uma crescente desordem internacional com uma configuração tendencialmente “multipolar”, assente em quatro grandes pólos de poder: os EUA, a União Europeia, China e a Rússia, obrigando a política externa portuguesa a “uma maior flexibilidade”. “Há um receio da China por parte dos nossos principais parceiros europeus? Há, com certeza. ” “Há alguns avisos desses parceiros ao Governo português? Também, mas nada que esteja fora do que são as nossas relações normais”, diz uma fonte governamental que acompanha as várias dimensões da política externa. Além disso, a convicção do Governo é que, nos próximos anos, outros países ocidentais acabarão por assinar com a China “memorandos de entendimento” semelhantes ao que vai ser assinado em Lisboa. Nada de muito diferente do que aconteceu quando, em 2005, Portugal assinou com Pequim uma “Parceria Estratégica Global” que, na altura, a China apenas tinha negociado com mais três grandes países europeus e que hoje já está generalizada a vários outros. A questão é saber se esta “oportunidade” encaixa na estratégia europeia de contenção da crescente influência chinesa na Europa, nomeadamente através da divisão entre os Estados membros (o método clássico) e se, do ponto de vista nacional, também corresponde a um interesse de longo prazo. A China deixou de poder ser tratado com uma mero parceiro económico, a partir do momento em que a sua ambição mudou de natureza. Para Carlos Rodrigues, coordenador do Centro de Estudos Asiáticos da Universidade de Aveiro, a visita “pode ser vista como sendo simultaneamente de celebração e de confirmação das boas relações entre os dois Estados”, lembrando que “não podia haver melhor pretexto” do que os 40 anos do restabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países e os 20 anos da transferência de soberania de Macau para a China”. Responsável pela análise do caso português num trabalho recente sobre o investimento chinês na Europa realizado pelo European Think-tank Network on China, nota que as relações entre os dois países “atingiram um dos seus pontos mais altos”, mesmo que haja ainda uma “grande margem de progressão”, vaticinando uma nova onda de investimento chinês em Portugal. Admite que, para além da História, a China tem considerações de ordem geopolítica: “A aquisição de empresas portuguesas permite, muitas vezes, o acesso a conhecimento e tecnologia a que, de outra forma, seria muito difícil aceder”, para além do acesso a outros mercados europeus e do “efeito ponte” em relação aos países lusófonos”. Mais negativa é a opinião de Miguel Santos Neves, doutorado pela London School of Economics, professor associado de Relações Internacionais da UAL e especialista das relações entre Portugal e a China. "A China ganhou uma posição dominante na economia portuguesa" e “gerou uma situação de dependência que aumenta a vulnerabilidade à retaliação”, diz. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. “No plano político”, defende, "a China visa utilizar esta forte influência económica sobre Portugal para enfraquecer a União Europeia e a sua posição negocial face a Pequim, procurando dividir os Estados-membros e levar países como Portugal, Grécia, Finlândia, Roménia ou Bulgária a adoptarem posições mais favoráveis à China no Conselho Europeu. ” A longo prazo, prossegue o académico, “Pequim pretende uma posição dominante no acesso e exploração dos recursos da Plataforma Continental portuguesa e na presença no Atlântico Norte (. . . ), primeiro numa lógica civil/pacífica de investigação científica e, possivelmente, no futuro, também numa dimensão militar no quadro da competição estratégica com os EUA. ”Marcelo Rebelo de Sousa, que hoje recebe o seu homólogo chinês, vê, pelo contrário, este relacionamento como muito positivo e considera que, para além dos aliados tradicionais, as relações com a China “são, de certo modo, insubstituíveis” porque existe uma velha complementaridade. Foi esta a sua mensagem numa entrevista concedida ao canal de televisão chinês em língua inglesa, CGTN. O Presidente considera ainda que os investimentos chineses “anteciparam” a recuperação económica do país. “É essa a lição dos factos”: a sua resposta aos que se preocupam com uma “invasão chinesa”. O Governo não deixa de levar estes riscos em consideração, mas também entende que, por vezes, as objecções de países como a França ou a Alemanha à penetração chinesa em Portugal ou na Grécia relevam do interesse próprio. A Alemanha é dos raros países do mundo (e da União Europeia) com um saldo positivo na balança comercial com a China, tirando grande partido das relações mais abertas entre as duas partes. Os grandes países europeus sabem que, por maiores que sejam, são pequenos face à China, valorizando por isso a dimensão europeia desta relação e tentando controlá-la. “É preciso não ser ingénuo”, diz uma fonte diplomática. Em matéria de política externa, “ainda há um elevado grau de autonomia de cada Estado-membro”, que Portugal procura explorar de acordo com os seus interesses. “Não é pragmatismo cego”, é a necessidade de nos adaptarmos à volatilidade da situação internacional. ”
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA NATO
Tempestade tropical nas Filipinas causou mais de 100 mortos e dezenas de desaparecidos
Mau tempo provocou deslizamentos de terras e inundações. (...)

Tempestade tropical nas Filipinas causou mais de 100 mortos e dezenas de desaparecidos
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.15
DATA: 2018-12-31 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20181231180313/https://www.publico.pt/n1797066
SUMÁRIO: Mau tempo provocou deslizamentos de terras e inundações.
TEXTO: Uma tempestade tropical nas Filipinas já provocou mais de cem mortos e o desaparecimento de dezenas de pessoas na sequência de deslizamentos de terras e de inundações, segundo as autoridades do país. Segundo a AFP, os mortos são já 130. A maioria das vítimas vivia na ilha de Mindanau, a segunda maior do arquipélago das Filipinas, atingida pelo mau tempo na sexta-feira. “Ainda estamos a tentar confirmar a informação de que uma aldeia inteira terá ficado soterrada na lama”, disse à Reuters Rayan Cabus, um responsável na cidade de Tubod, acrescentando que não há energia eléctrica nem comunicações na região, o que dificulta as operações de salvamento. A tempestade "Tembin" ganhou força no mar de Sulu, com ventos de 80 quilómetros por hora e deverá afastar-se das Filipinas na segunda-feira. As equipas de socorro, soldados, polícia e voluntários estão a ser mobilizados para procurar sobreviventes, remover os escombros e repor a electricidade e as comunicações. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. As vítimas já confirmadas são de vários locais: 39 em Tubod, El Salvador e Munai, cidades da província do Lanao do Norte. Em Zamboanga, está confirmada a morte de 30 pessoas na cidade de Sibuco e de outras seis em Salug. Há mais três mortos na província de Bukidnon. Os dados oficiais apontam para 64 desaparecidos. O arquipélago das Filipinas é atingido por cerca de 20 tufões por ano, que provocam a morte e a destruição numa das comunidades mais pobres do Sudeste asiático.
REFERÊNCIAS:
Étnia Asiático
Vulcão Anak Krakatau sofreu colapso parcial
Imagens de satélite confirmam que o vulcão perdeu mais de dois terços da sua altura e volume. Derrocada contribuiu para o tsunami que vitimou mais de 400 pessoas. (...)

Vulcão Anak Krakatau sofreu colapso parcial
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento -0.1
DATA: 2018-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Imagens de satélite confirmam que o vulcão perdeu mais de dois terços da sua altura e volume. Derrocada contribuiu para o tsunami que vitimou mais de 400 pessoas.
TEXTO: Imagens de satélite confirmam que o vulcão Anak Krakatau, na Indonésia, perdeu mais de dois terços da sua altura e volume originais. Coloca-se a hipótese de que muita desta massa tenha deslizado para o mar num movimento único e contínuo a 22 de Dezembro, algo que pode ter contribuído para a formação de ondas de cinco metros que atingiram as zonas de Java e Sumatra no dia seguinte e causaram mais de 400 mortes. As violentas erupções – e o perímetro de segurança a circundar o vulcão — não permitem análises próximas. Para já, apenas as imagens de satélite podem dar uma ideia daquilo que se está a passar com o Anak Krakatau. A altura do vulcão diminuiu de 340 para 110 metros, estimando-se que mais de 150 milhões de metros cúbicos de matéria tenha caído à água. A BBC refere um estudo realizado há seis anos, no qual os cientistas previram um colapso parcial do vulcão que, por sua vez, teria impacto na altura das ondas e poderia afectar as zonas costeiras, como ficou comprovado no dia 23 de Dezembro. Segundo alguns especialistas, o colapso do vulcão pode ter consequências graves, no que diz respeito à força das erupções: “A grande diferença é que, ao contrário do que acontecia antes do colapso, o magma está a ser libertado directamente para o mar, portanto as erupções são mais violentas e estão a criar a sua própria ‘tempestade vulcânica’ por causa de toda a cinza, vapor e gases vulcânicos”, afirma Erik Klemetti, especialista em vulcões da universidade norte-americana de Denison, no Estado do Ohio, citado pelo Wall Street Journal. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Na sexta-feira, as cinzas eram expelidas a uma altura superior a um quilómetro, com erupções a acontecerem minuto a minuto. O Anak Krakatau é “filho de Krakatau” — o vulcão que, em 1883, destruiu a ilha onde se erguia e matou 36 mil pessoas, numa série de tsunamis. Ambos os vulcões eram pouco activos antes das fortes erupções, passando despercebidos entre a mais de uma centena de vulcões activos na Indonésia. A sismicidade não foi suficiente para colocar em acção a rede de alerta instalada na Indonésia após o tsunami de 2004. O país asiático tem 127 vulcões activos e muitas centenas de vulcões inactivos, resultado da actividade tectónica do “anel de fogo”, uma área geográfica no Oceano Pacífico com grande actividade geológica.
REFERÊNCIAS:
Étnia Asiático
"Hat-trick" de Bale coloca Real Madrid na final
O internacional gales marcou os três golos dos espanhóis contra o Kashima Antlers. Na final, os madridistas vão defronta o Al Ain. (...)

"Hat-trick" de Bale coloca Real Madrid na final
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.1
DATA: 2018-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: O internacional gales marcou os três golos dos espanhóis contra o Kashima Antlers. Na final, os madridistas vão defronta o Al Ain.
TEXTO: Os japoneses ainda mostraram atrevimento nos primeiros minutos, mas sem grandes sobressaltos o Real Madrid garantiu nesta terça-feira a presença na final do Mundial de clubes, onde no próximo sábado vai defender o título que conquistou nos dois últimos anos. No Sheikh Zayed City Sports Stadium, em Abu Dhabi, a figura da partida foi Gareth Bale. O internacional galês apontou um “hat-trick” no triunfo da equipa espanhola frente ao Kashima Antlers, por 3-1, e se voltar a marcar no jogo decisivo, frente ao Al Ain, iguala um recorde que pertence a Cristiano Ronaldo: o internacional português soma sete golos na competição, apenas mais um do que o número 11 do Real Madrid. Actual campeão asiático, o Kashima Antlers entrou melhor no jogo e o brasileiro Serginho desperdiçou a primeira oportunidade de golo, mas os espanhóis não demoraram a assumir o controlo e em cima do intervalo Bale, com um remate cruzado, bateu pela primeira vez o guarda-redes sul-coreano Kwon Sun-Tae. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Na segunda parte, os japoneses, que nos quartos-de-final tinham afastado os mexicanos do Chivas, ainda procuraram reagir, mas em menos de três minutos (53’ e 55’) Bale acabou com o jogo e completou o "hat-trick". Com o jogo decidido, o Real Madrid baixou o ritmo, já a pensar na final de sábado contra o anfitrião Al Ain, e Shoma Doi, aos 78', aproveitou para conseguiu o golo de honra dos nipónicos, numa jogada que apenas foi validade após avaliação do videoárbitro. Com os três golos na meia-final, Bale passa a ser o terceiro jogador a marcar em três edições diferentes do Mundial de clubes – os outros dois são Lionel Messi e Cristiano Ronaldo -, e fica a apenas um golo de igualar o português como melhor marcador de sempre da prova.
REFERÊNCIAS:
Étnia Asiático
Rede de Patrulheiros: uma solução portuguesa para um problema europeu
Os voluntários realizam rondas semanais ou diárias pelas florestas de Albergaria. Em 2019, o projecto quer formar a maior rede de patrulheiros do país para combater um problema que também é europeu. (...)

Rede de Patrulheiros: uma solução portuguesa para um problema europeu
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Os voluntários realizam rondas semanais ou diárias pelas florestas de Albergaria. Em 2019, o projecto quer formar a maior rede de patrulheiros do país para combater um problema que também é europeu.
TEXTO: De bicicleta, a pé ou de carro, qualquer um pode ser um super-herói pelo nosso país. Foi este o mote que deu vida à ideia de José Nuno Amaro: criar uma rede de voluntários que patrulhassem as florestas de Albergaria-a-Velha em busca de situações anormais que precisem de ser resolvidas. Lixo acumulado, terrenos que não são limpos e possam causar incêndios, animais feridos ou até ninhos de vespas asiáticas. O objectivo da "Rede de Patrulheiros", diz o fundador do projecto, é que os voluntários "sejam interventivos e não intrusivos" e que "trabalhem em conjunto com a protecção civil e bombeiros" de cada município. "Quando os incêndios de 2017 assolaram o país, nós já tínhamos esta ideia em mente e fazia todo o sentido que ela fosse partilhada com o país e que não ficasse apenas em Albergaria. Tudo o que aconteceu esse ano fez-nos acelerar o processo para desencadear reacções e partilhar o projecto com todo o país", conta José Nuno. Tudo começou com a ajuda dos grupos de escuteiros da região. Nas suas caminhadas, as crianças e jovens transportavam uma câmara go pro que filmava todo o percurso. As imagens eram depois enviadas para a associação de patrulheiros e para as autoridades competentes da localidade, que as analisavam em busca de problemas que pudessem ser resolvidos. Desde 2017, a iniciativa evoluiu. Tanto a rede de voluntários — que agora conta com mais de 80 patrulheiros — como a aplicação móvel utilizada por estes foram desenvolvidas para estarem prontas a ser utilizadas. "Quando saem de bicicleta para fazer a ronda, e caso detectem algo fora do normal na paisagem florestal, basta fotografar a ocorrência, descrevê-la e enviá-la para a base de dados da associação. Ao mesmo tempo essa mensagem vai parar à protecção civil do município onde o patrulheiro está, o que permite que o problema seja resolvido mais rapidamente pelas autoridades competentes", explica José Nuno. A aplicação permite atribuir ao acontecimento três graus de gravidade que vão ter influência no número de dias ou horas em que o problema é resolvido. Caso o patrulheiro classifique a ocorrência como verde, entre dois a três, a autarquia resolverá o problema. Se a cor usada for amarela, em 24h ou menos a câmara intervém. O voluntário usa a cor vermelha para situações de resolução urgente como é o caso de um incêndio. Em 2019, a equipa quer que o projecto seja alargado ao resto do país para que se crie "a maior rede de patrulheiros do país", porque, para já, a única que existe oficialmente é a de Albergaria-a-Velha"Em parceria com o município, que financia os veículos, o que nós fizemos foi ceder bicicletas produzidas por nós à rede local que faz as patrulhas dentro dos seus horários e dos limites do município", explica José Nuno, que acrescenta que a equipa já fez apresentações em quase todos os concelhos portugueses que se mostraram abertos a abraçar o projecto. Esta iniciativa, diz José Nuno, pode ser adaptada a quase todos os municípios de uma forma ecológica, uma vez que todas as rondas se fazem de bicicleta ou a pé. A equipa está também a desenvolver uma bicicleta para os patrulheiros de costa que farão percursos específicos no litoral português em que já existam zonas de erosão ou de difícil acesso. "Mas o que une esta gente toda [maior rede de patrulheiros que a equipa quer criar], garante o fundador, "é a aplicação porque qualquer um de nós pode ser um patrulheiro e em qualquer parte do país. A app é para todos e todos podemos ser super-heróis". Depois de implantada em Portugal, a rede pode ser alargada a toda a Europa, passo que poderia por um lado reduzir a pegada ecológica europeia com a utilização das bicicletas e por outro outro ser uma possível solução portuguesa para um problema europeu. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. É com a ajuda de fundos europeus que a Rede de Patrulheiros quer levar o projecto a todos os municípios do país. Para tal já se encontra na fase final do processo para candidatura ao programa LIFE, que contribui para o desenvolvimento sustentável e para o alcance dos objectivos e metas da Estratégia Europeia 2020. Em Portugal, o programa é coordenado pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e entre outros objectivos quer melhorar o desenvolvimento e a aplicação da legislação da União Europeia em matéria de ambiente e de clima e promover a integração dos objectivos ambientais e climáticos. O projecto Rede de Patrulheiros está também a ser analisado para integrar o Portugal Inovação Social, o primeiro programa de um Estado-membro a utilizar os Fundos Europeus Estruturais e de Investimento para potenciar a inovação social e ser um elemento catalisador do sector e de entidades parceiras que capacitem, financiem e acompanhem as Iniciativas de Inovação e Empreendedorismo Social (IIES) em Portugal.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave ajuda social
Bolsas europeias reagem com mínimos à subida de juros nos EUA
Mercados reagem em baixa à decisão da Reserva Federal dos Estados Unidos de subir de novo as taxas de juro. (...)

Bolsas europeias reagem com mínimos à subida de juros nos EUA
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Mercados reagem em baixa à decisão da Reserva Federal dos Estados Unidos de subir de novo as taxas de juro.
TEXTO: As principais bolsas europeias estão em queda na manhã desta quinta-feira, a negociar em valores mínimos de dois anos. Lisboa, ao descer 0, 7% por volta das 11h30, acompanha a tendência negativa, mas com um recuo menos acentuado do que praças como Frankfurt, Paris, Madrid ou Amesterdão. O mercado está a reagir em baixa à decisão tomada na véspera pela Reserva Federal dos Estados Unidos (Fed) de subir as taxas de juro de referência pela quarta vez este ano. O banco responsável por definir a política monetária da maior economia do mundo anunciou um abrandamento do ritmo de subida das taxas no próximo ano, mas a orientação ficou aquém do esperado pelo mercado. O comité da Fed considerou que o aumento “é consistente com a expansão sustentada da economia e o dinamismo do mercado laboral, assim como com o objectivo de atingir uma inflação de 2%”. Entre investidores, porém, prevalecia a expectativa de ver a Reserva Federal sinalizar uma pausa na actualização, o que está a ter reflexos nos mercados. Logo na quarta-feira, Wall Street encerrou com perdas acentuadas. Seguiram-se-lhe os mercados asiáticos e a trajectória arrastou-se à Europa na abertura das bolsas. Embora com descidas limitadas, os valores de negociação recuaram para mínimos de Novembro de 2016. Em Frankfurt, o Dax está com uma queda de 0, 99% por volta das 11h30; o parisiense Cac 40 perde 1, 45%; o AEX de Amesterdão desce 1, 56%; em Bruxelas, o Bel 20 desliza 1, 4%; o madrileno Ibex 35 perde 0, 95%. Na City londrina, o FTSE 100 está a perder menos, recuando 0, 44%. O dólar caiu para mínimos de dez dias, num sinal que a Reuters associa aos receios perante o abrandamento da economia dos Estados Unidos que se antevê para o próximo ano. As projecções da Fed para 2018 e 2019 foram revistas em baixa. O banco central estima agora que o PIB norte-americano apresente um crescimento de 3% este ano, em vez de 3, 1%, e projecta uma variação de 2, 3% para o próximo ano, menor do que os 2, 5% da estimativa anterior.
REFERÊNCIAS:
Tempo Novembro
Bolsa de Nova Iorque recupera o fôlego
O arranque da sessão em Nova Iorque trouxe alguma recuperação aos títulos, depois das desvalorizações pré-natalícias. Trump voltou a ser protagonista. (...)

Bolsa de Nova Iorque recupera o fôlego
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.136
DATA: 2018-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: O arranque da sessão em Nova Iorque trouxe alguma recuperação aos títulos, depois das desvalorizações pré-natalícias. Trump voltou a ser protagonista.
TEXTO: A sessão de quarta-feira na bolsa norte-americana arrancou com uma recuperação generalizada das acções, depois dos primeiros sinais positivos terem sido dados nos mercados asiáticos, ainda de madrugada nos Estados Unidos e Europa. O índice mais abrangente S&P 500 regressou da pausa de Natal a subir 1, 1%, a primeira valorização desde 18 de Dezembro e a maior subida em mais de três semanas. O tecnológico Nasdaq recuperou 1, 8% e o industrial Dow Jones subiu 0, 7%. Na Ásia, a bolsa do Japão já havia fechado a subir ligeiramente. Na Europa, as principais bolsas continuam fechadasEsta evolução interrompe uma série negativa que levou o S&P a perder quase 8% em apenas quatro dias antes do Natal, aumentando para 20% a correcção deste índice desde o máximo histórico. Os dados positivos da Amazon e da Mastercard sobre a forte época de compras natalícias e alguma recuperação do fôlego por parte dos investidores – depois das mais recentes intervenções do Presidente dos EUA – explicam o regresso dos investidores norte-americanos às acções. Donald Trump voltou a ser protagonista esta quarta-feira, depois de ter criticado o presidente da Reserva Federal norte-americana pelo ritmo de subida das taxas de juro, abrindo a porta à especulação em torno de um inédito ataque da Casa Branca à independência do banco central. Uma posição que, em conjunto com a actual paragem do Governo norte-americano anunciada por Trump, levou os investidores a procurar o refúgio. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. No entanto, esta quarta-feira, o Presidente dos EUA incentivou os investidores a regressarem às compras depois das quedas dos últimos dias: “Acho que é uma oportunidade tremenda para comprar”. E justificou: “O facto é que a economia está tão bem que eles [Fed] aumentam as taxas de juro, e isso é uma espécie de garantia. ”Os analistas citados pelas agências internacionais mantêm alguma prudência sobre a recuperação desta quarta-feira, explicando-a com o previsível aproveitamento de oportunidades de investimento, a mesma lógica identificada por Trump. No entanto, os alertas que levaram às quedas generalizadas registadas antes do Natal permanecem válidos, entre todos o esperado abrandamento económico global, a incerteza em torno da governação americana e os seus efeitos globais, em especial uma potencial escalada da guerra comercial com a China. Em paralelo, na Europa, crescem os receios em torno das consequências de um “Brexit” descontrolado, ao mesmo tempo que se adensam as nuvens negras a rondar um dos maiores bancos do mundo, o alemão Deutsche Bank. O final de 2018 promete, assim, mais turbulência nos mercados financeiros, culminando 12 meses que caminham para concretizar o pior registo anual desde a crise financeira de 2008.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
2018 em três histórias morais
Podemos ter tribunais que decidem por vezes mais devagar do que gostaríamos, podemos ter ainda algum obscurantismo e devoção burocrática na nossa legislação e nos nossos serviços, mas temos também do melhor que se faz no mundo. (...)

2018 em três histórias morais
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: Podemos ter tribunais que decidem por vezes mais devagar do que gostaríamos, podemos ter ainda algum obscurantismo e devoção burocrática na nossa legislação e nos nossos serviços, mas temos também do melhor que se faz no mundo.
TEXTO: 1. Há uns meses, numa longa viagem de comboio pouco programada num país asiático, coincidi na mesma carruagem com um inglês. Sendo os únicos estrangeiros em todo o comboio e não sendo o inglês a língua mais universal naquele mundo circunscrito e ondulante que se arrastava a 20km/h, acabámos por nos tornarmos interlocutores privilegiados um do outro – pelo menos nas primeiras horas, que depois qualquer palavra se tornou demasiado esforçada e erudita perante o cansaço e o calor acumulados. Ele estava a meio de um ano auto-atribuído de férias e reflexão, após alguns anos de City londrina. Trabalhava num dos grandes bancos do mundo, como um dos responsáveis pelo departamento anti-branqueamento de capitais daquela instituição financeira. E recordo bem o travo de amargura que se desprendia das suas palavras quando me dizia também: - Basicamente ajudamos oligarcas e magnatas de todo o mundo a esconder e a lavar dinheiro…Departamento anti-branqueamento e lavagem de dinheiro. Como não me apetecia escarafunchar sadicamente na contradição que o levara já àquele comboio e a outros durante tantos meses, devo ter sorrido apenas com um ar de compreensão e não perguntei mais nada. Ao chegarmos ao nosso destino, 14 horas depois da partida, uma chuva torrencial esperava-nos. E ele ficou com o único táxi que esperava passageiros à porta da estação. 2. Tornou-se muito mais difícil nos últimos anos contratar qualquer serviço ou adquirir qualquer bem na Administração Pública portuguesa, pelo menos na Administração Central. Em nome do rigor financeiro e orçamental, primeiro, e em nome da transparência e da prevenção da corrupção, depois. O resultado é por vezes rigorosamente divertido. E de uma desilusão cristalina. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Não se podem adquirir viaturas, nas quais o Estado aliás nem sequer pagaria a si próprio Imposto Automóvel. Portanto eternizam-se carros de vinte e mais anos, com custos elevadíssimos de manutenção e de consumo. Como alternativa, entretanto, não se podendo comprar carros, podem afinal alugar-se a empresas de rent-a-car, se preciso for ao dia, o que se faz. Noutra vertente, existem centrais de compras e acordos-quadro para a aquisição de diversos materiais e equipamentos. A dado momento era necessário comprar 6 cadeiras com características nada extraordinárias. Como se tratava de um bem catalogado e coberto por esses acordos gerais com certos fornecedores do Estado, não era possível comprar fora desse catálogo ou assim me diziam. Só que isso implicava, neste caso concreto, pagar mais de 200 euros por uma cadeira, o seu custo ao abrigo desse acordo com o Estado – idêntica ou pior do que aquela que, se formos a uma loja ali ao lado, custa a qualquer um 50 ou 60 euros…3. Portugal foi recentemente escolhido como caso de estudo por um outro país no que diz respeito ao uso de tecnologia no seu sistema de justiça, em especial nos tribunais. Uma escolha que inclui apenas três casos de estudo internacionais: para além desta nossa terra eternamente insatisfeita e pouco crente nas suas realizações, também Singapura e o Reino Unido. Podemos ter tribunais que decidem por vezes mais devagar do que gostaríamos, podemos ter ainda algum obscurantismo e devoção burocrática na nossa legislação e nos nossos serviços, mas temos também do melhor que se faz no mundo. E isso não é milagre nenhum: chama-se planeamento e trabalho.
REFERÊNCIAS:
Étnia Asiático