O homem louco
A ideia de fazer da NATO uma espécie de Santa Aliança cristã para combater o islão radical é uma boa forma de começar a dar cabo dela. (...)

O homem louco
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento -0.6
DATA: 2017-05-25 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20170525170424/http://www.publico.pt/1773286
SUMÁRIO: A ideia de fazer da NATO uma espécie de Santa Aliança cristã para combater o islão radical é uma boa forma de começar a dar cabo dela.
TEXTO: Segundo o diário de um dos mais próximos assessores de Richard Nixon, H. R. Haldeman, num final de tarde, quando os dois caminhavam após um intenso dia de trabalho, o então Presidente dos EUA virou-se para ele e disparou: “Eu chamo-lhe a teoria do homem louco, Bob. Quero que os norte-vietnamitas pensem que atingi o ponto em que posso fazer qualquer coisa para acabar com a guerra. Vamos espalhar que Nixon é obcecado pelo comunismo, não há nada a fazer quando perde a cabeça e ele tem a sua mão no botão nuclear. Então, em apenas dois dias, o próprio Ho Chi Minh irá a Paris implorar por paz. ”A visita do Presidente dos Estados Unidos à Europa para participar na sua primeira cimeira da NATO em Bruxelas, além de uma visita ao papa Francisco e de um encontro dos G7 na Sicília, não teria nada de especial, se ele não fosse Donald Trump. Mas é. E, por isso, não é exagerado colocar a questão no plano da própria existência da Organização do Tratado do Atlântico Norte no futuro. Pelo menos tal como a conhecemos hoje. Como já foi referido várias vezes, Donald Trump é sobretudo um nacionalista jacksoniano. E estes detestam tudo o que a NATO representa: o multilateralismo, as alianças permanentes no exterior, a defesa comum. Para eles, tudo isto são amarras ao poder e à liberdade de acção da América no exterior, tornando-a mais insegura e vulnerável. Coerentemente, Trump tem vindo a criticar a organização, bem como as alianças bilaterais com o Japão e a Coreia do Sul, pelo menos desde finais da década de 1980. Para ele, estes aliados são free riders que querem andar à boleia da segurança oferecida pelo Ferrari norte-americano sem pagar por ela. Pior ainda: fazem-no, ao mesmo tempo que aproveitam isso para tirar vantagens económicas à custa dos EUA, traduzidas nos enormes défices comerciais do país com, por exemplo, a Alemanha e o Japão. De um ponto de vista estritamente económico, o Presidente dos Estados Unidos tem em parte razão. Os europeus não contribuem suficientemente para a chamada "comunidade de segurança" pluralista do Atlântico Norte (e o mesmo acontece com os japoneses e os sul-coreanos na Ásia-Pacífico). Mas a NATO não é uma transacção económica e muito menos um exercício de contabilidade de mercearia de bairro. Ela é, antes de tudo, um interesse vital dos EUA. Foi por essa razão que os líderes políticos norte-americanos do pós-1945 decidiram criá-la, contrariando uma longa tradição que vinha de George Washington de não fazerem alianças permanentes no exterior. Foi também esse o motivo pelo qual decidiram mantê-la após o fim da Guerra Fria, quando já tinha desaparecido a principal ameaça que esteve na base da sua criação — a URSS — e em plena unipolaridade que, segundo a teoria das relações internacionais, retira incentivos a este tipo de alianças, pois permite ao poder unipolar dispensar todos os outros. Como escreveu James Goldgeier, após 1991, “se a NATO não existisse, talvez não tivesse sido criada”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Os Estados Unidos têm um único interesse nacional fixo: impedir a hegemonia de uma potência, ou aliança de potências, nos continentes europeu e asiático. A NATO foi criada para impedir essa hegemonia na Europa. Fosse a soviética, ou fosse mesmo a alemã. Como referiu o Lord Ismay, ela surgiu para “manter os russos fora, os americanos dentro e os alemães em baixo”. Isso continua a ser válido ainda hoje. Acresce que a Organização do Tratado do Atlântico Norte se transformou no “braço armado” da ordem internacional liberal (a ordem americana), sendo a única instituição capaz de manter o respeito pelas normas, as leis e as instituições que regulam a relação entre os Estados. E fá-lo com pelo menos alguma legitimidade, uma vez que o consegue através da acção multilateral e sem assustar todos os outros — a alternativa, bem pior, é a acção unilateral dos EUA. Se a NATO é do interesse nacional da América, é de esperar que Donald Trump mude de opinião acerca dela — como mudou em relação a outros assuntos (China, NAFTA, acordo nuclear com o Irão, etc. ) — e passe a dizer não só que ela já não é obsoleta — como já disse — mas é mesmo a mais moderna e a maior aliança que o mundo alguma vez conheceu. Todavia, há dois problemas que vão levar a que isso provavelmente nunca aconteça. O primeiro é que a ideia da criação da organização não foi uma ideia de Trump e para ele tudo o que não é feito por si é mau. O segundo é que o ódio a este tipo de alianças está colado à pele dos nacionalistas jacksonianos, faz parte do seu corpo e da sua identidade e nada os fará mudar. Mas há ainda outro problema talvez mais grave. É que, ao contrário de Nixon, que fazia de louco mas não era e apenas pretendia levar os norte-vietnamitas à mesa das negociações para acabar com a guerra do Vietname, Donald Trump parece cada vez mais que não faz de louco: ele é um homem louco. E acabará por, de uma maneira ou de outra, destruir a NATO, ou pelo menos enfraquecê-la de tal maneira que, mesmo continuando a existir, não serve para grande coisa. Questionar o seu Artigo 5. º ou a ideia de fazer da Organização do Tratado do Atlântico Norte uma espécie de Santa Aliança cristã para combater o islão radical é uma boa forma de começar a dar cabo dela.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA NATO
Viagem "genómica" revela mapa da epidemia do Zika nas Américas
Percorreram dois mil quilómetros num autocarro, levando a bordo um sequenciador genético do tamanho de um agrafador, parando em várias cidades do Nordeste do Brasil. Objectivo? Procurar as origens do Zika, através da análise de genomas do vírus. (...)

Viagem "genómica" revela mapa da epidemia do Zika nas Américas
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-05-25 | Jornal Público
SUMÁRIO: Percorreram dois mil quilómetros num autocarro, levando a bordo um sequenciador genético do tamanho de um agrafador, parando em várias cidades do Nordeste do Brasil. Objectivo? Procurar as origens do Zika, através da análise de genomas do vírus.
TEXTO: O vírus Zika chegou ao Brasil um ano antes da notificação do primeiro caso, em Maio de 2015. Entrou silenciosamente no país entre Novembro de 2013 e Maio de 2014, instalou-se na região do Nordeste do Brasil e depois disseminou-se para o resto do país e para outros países vizinhos. O passado recente do Zika nas Américas é desmascarado na revista Nature que publica esta quinta-feira três artigos científicos sobre a epidemia e que resultaram da análise de um total de quase 200 genomas do vírus. A Nature foi infestada com o vírus Zika. O tema que é a capa da edição desta quinta-feira está em três artigos (e um comentário) da revista, revelando como, onde e quando o vírus se instalou nas Américas. Nuno Faria, investigador português no Departamento de Zoologia da Universidade de Oxford (Reino Unido), assina dois dos principais artigos científicos que falam sobre a entrada do vírus Zika no Brasil e nos Estados Unidos e ainda um outro estudo sobre o mesmo assunto publicado na revista Nature Protocols. Comecemos pelo Brasil, não só porque foi onde o Zika fez mais vítimas, mais casos de microcefalia e também porque terá sido por aqui que a epidemia entrou nas Américas. Quando Nuno Faria iniciou o que chama “viagem genómica” no Brasil, durante duas semanas de Junho de 2016, existiam apenas sete genomas sequenciados do vírus do Zika que circula no Brasil. Depois de dois mil quilómetros percorridos num autocarro que parou em várias cidades do Nordeste do Brasil, a equipa do projecto ZIBRA (Zika In Brasil Real Time Analysis) tinha um total de 54 genomas e 838 mosquitos capturados para juntar à colecção. A viagem tinha como objectivo a sequenciação de genomas do vírus na região com o maior número de infecções e também de casos de microcefalia, mas o projecto acabou também por fazer muito trabalho de “simples” e rápido diagnóstico. A equipa testou cerca de 1330 amostras da população, trabalhando em colaboração com os Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacen). Apesar de o Governo brasileiro ter declarado a 11 de Maio último o fim do estado de emergência nacional decretado em Novembro de 2015 por causa do Zika, continuam a surgir novos casos e podem surgir novos surtos. “Para percebermos como atacar o problema no presente e no futuro, temos obviamente de perceber o que aconteceu no passado. Só assim vamos perceber quais foram os factores que determinaram a dispersão e disseminação do vírus e construir modelos preditivos. A análise de genomas é também particularmente importante para fazer vacinas à medida dos vírus que estão a circular” argumenta Nuno Faria. O investigador português é o primeiro autor do artigo assinado por mais de 70 investigadores que fizeram parte desta equipa internacional, com uma forte colaboração de cientistas brasileiros da Universidade de São Paulo, financiada pelo Ministério de Saúde brasileiro. Uma das primeiras coisas que a equipa percebeu foi que o vírus é eliminado muito rapidamente da corrente sanguínea. A seguir à picada do mosquito Aedes aegypti infectado, o número de vírus atinge um pico por volta do sétimo dia e depois começa a diminuir. “A nível técnico, é um grande entrave para recuperar genomas do Zika. Estamos a falar de amostras que contêm por mililitro [de sangue] cerca de dez a cem partículas de vírus no máximo. O desafio começou aí. ”Ainda assim, foi possível obter 54 genomas do vírus nesta viagem. A análise confirma que o vírus entrou no Brasil cerca de um ano antes da confirmação e notificação oficial do primeiro caso, um dado que Nuno Faria já tinha avançado num artigo publicado na revista Science em 2016. O rasto do vírus – que viajou do Sudeste asiático para as ilhas do Pacífico (onde em 2007 surgiram grandes surtos) e depois para o Brasil – é desvendado com o recurso a uma técnica chamada “relógio molecular”, que permite seguir a sua evolução através da identificação de mutações no genoma que os investigadores sabem que ocorrem em determinadas alturas. No caso do Zika, o relógio molecular indica que, ano a ano, a população do vírus acumula cerca de dez mutações genéticas. “Tínhamos genomas desde 1966, da Malásia, no Sudeste asiático”, conta Nuno Faria. Mas mais do que as técnicas usadas para analisar os dados, o principal aliado dos cientistas nesta viagem genómica é a tecnologia MinION. O mini-sequenciador genético já tinha sido usado em estudos sobre o vírus do Ébola e foi a bordo do autocarro que viajou pelo Nordeste brasileiro. Nuno Faria conta que o aparelho portátil “é do tamanho de um agrafador”, pesa cerca de cem gramas e “é bem mais barato do que os enormes sequenciadores (que podem custar cerca de meio milhão de euros) e que eram necessários para realizar estes trabalhos”. O artigo que assina na Nature Protocols é precisamente sobre o método usado no estudo. Ao nível de um Hercule Poirot ou Sherlock Holmes da genética, estes “detectives” descobriram que o vírus Zika veio das ilhas do Pacífico e entrou no Brasil pelo Nordeste, reconstruindo a sua história no espaço e no tempo. “Vimos que o vírus surgiu primeiro no Nordeste do Brasil, entre o final de 2013 e o início de 2014, e depois disseminou-se para o Sudeste do Brasil, para os grandes centros urbanos do Rio de Janeiro e São Paulo. Simultaneamente, foi também para a América Central e América do Sul. E também vimos que a introdução mais recente nas Caraíbas foi a partir do Sudeste do Brasil, muito provavelmente pelo Rio de Janeiro, e que gerou o surto de Miami, na Florida. ”Nuno Faria também é um dos autores do artigo publicado na Nature esta semana que fala sobre o surto de Miami, baseando-se na análise de 39 genomas do vírus, e que mostra que o Zika chegou aos EUA em 2016 (o primeiro caso foi confirmado em Julho mas, segundo os investigadores, o vírus entrou meses antes, durante a Primavera) pelas Caraíbas , identificando ainda zonas no Sul da Florida como particularmente vulneráveis a estes agentes patogénicos. Sem desvalorizar os resultados obtidos na frente de trabalho da Florida, Nuno Faria nota que “o surto de Miami são centenas de casos” e, no caso do Brasil, as estimativas apontam para uma realidade bem diferente “de 37 milhões de casos”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Além dos artigos sobre a entrada do vírus no Brasil e do surto em Miami, a Nature publica ainda um terceiro estudo sobre o Zika com os resultados da análise de 110 genomas recolhidos em dez países. Os autores deste trabalho também fornecem dados sobre a rápida expansão da epidemia no Brasil e as múltiplas viagens que o Zika fez para outros países. Os três artigos científicos na Nature, que no total representam a análise de quase 200 genomas, provam que o vírus circulou silenciosamente durante muitos meses sem que fosse detectado. Os estudos não são redundantes nem significam que cada equipa trabalha para o seu lado sobre os mesmos assuntos. Antes pelo contrário, são uma prova de uma colaboração inédita entre cientistas que a emergência do Zika impôs. “Houve uma colaboração nunca antes feita entre as equipas principais a trabalhar no mundo. Foi um feito único. Foi óptimo. Esta partilha de dados e protocolos, incluindo para sequenciamento [genético], e de resultados, mesmo preliminares, entre os grupos foi uma lição para o futuro. Estabelece novos padrões de investigação. Especialmente em caso de novos surtos epidémicos”, defende Nuno Faria. E a ocorrência de novos surtos (do Zika e outros vírus) é algo de que ninguém duvida.
REFERÊNCIAS:
Basileia está numa encruzilhada entre a tradição e a inovação
Um dos principais temas discutidos este ano em Baselworld foi a feira em si, que viu o número de marcas presentes reduzido a metade. Será um indicador da saúde da indústria relojoeira? (...)

Basileia está numa encruzilhada entre a tradição e a inovação
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-07-17 | Jornal Público
SUMÁRIO: Um dos principais temas discutidos este ano em Baselworld foi a feira em si, que viu o número de marcas presentes reduzido a metade. Será um indicador da saúde da indústria relojoeira?
TEXTO: Passaram apenas cinco anos desde que Baselworld – a grande feira da relojoaria internacional – foi alvo de uma gigante renovação que custou centenas de milhões de euros. No entanto, na última edição, em Março, o terceiro andar do pavilhão principal, totalmente renovado, permaneceu fechado, uma vez que cerca de metade das marcas que normalmente exibem anualmente os seus artigos não marcou presença. Nos últimos dois anos, as marcas passaram aproximadamente de 1500 para 650. Ao mesmo tempo, o número de participantes, em geral, também tem vindo a cair. O que se passa?Com mais de cem anos de história (marco que celebrou há um ano), a feira de Basileia estabeleceu-se ao longo dos tempos como o momento central do calendário anual da indústria relojoeira e joalheira – a par de outros de menor escala, como o Salon International de la Haute Horlogerie (SIHH), de Genebra, o JCK Las Vegas e o Hong Kong Jewellery & Gem Fair –, não só porque as marcas apresentam os seus novos produtos mas também porque é lá que se sente o batimento da indústria em geral. Ou seja, Basileia serve como um momento de reflexão. É natural, por isso, que uma redução drástica como a que aconteceu este ano seja motivo de alerta. Alguns apontam para o abrandamento das exportações suíças (por sua vez motivadas pelo desacelerar das vendas nos mercados asiáticos) e para a revalorização do franco suíço como os principais factores que levaram algumas empresas a cortar custos – note-se que as rendas em Baselworld são elevadíssimas. No entanto, nos últimos meses a indústria tem registado alguns sinais positivos. A nível global, as exportações suíças estão numa rota de crescimento desde Março de 2017, depois de um período de cerca de dois anos de quedas sucessivas. No ano passado atingiram 19, 9 mil milhões de francos suíços (cerca de 16, 7 mil milhões de euros), um aumento de 2, 7% face ao ano anterior, de acordo com um relatório da Fédération de l’Industrie Horlogère Suisse. As marcas têm um desafio pela frente e aquelas que responderem com sucesso dificilmente se poderão agarrar única e exclusivamente aos valores tradicionais e esquecer as novas motivações dos consumidores. “Um dos maiores desafios que a indústria enfrenta agora é fazer com que uma nova geração compre relógios tradicionais. Acho que esta é a direcção que as marcas precisam de tomar”, aponta Jean-Claude Biver, CEO da TAG Heuer (considerado um guru da indústria relojoeira), à Culto, por email. A marca tem apostando fortemente em campanhas com figuras públicas como Cristiano Ronaldo, David Guetta e Cara Delevingne e promovido diferentes modelos do Connected Modular, um relógio híbrido, com o aspecto de um relógio tradicional e funcionalidades de smartwatch. Tal como esta, outras marcas relojoeiras de segmento médio – como a Fossil, Frédérique Constant e Alpina – encontraram formas de integrar novas tecnologias em alguns dos seus modelos, supostamente para atrair uma camada mais jovem. Por exemplo, este ano, a Frédérique Constant lançou um modelo híbrido com um movimento mecânico automático, o Hybrid Manufacture, que está à venda por 3550 euros. Estêvão Lucena, director-geral da Torres Joalheiros, comenta que actualmente o público mais novo (ainda na casa dos 20 anos) procura um relógio que se ligue à Internet. “Caso contrário, não usa relógio”, atira. Esta camada “procura relógios mais práticos, para o dia-a-dia, mesmo tendo poder de compra”, explica, acrescentando ainda que “o relógio, nesta faixa etária, não é prioritário” e que “a alta relojoaria se associa a uma fase mais avançada de idade, de carreira”. “O [nosso] público, em temos gerais, é cada vez mais jovem”, indica, por outro lado, David Kolinski, responsável de desenvolvimento de negócios da Boutique dos Relógios. Isto porque, explica, “as marcas, nos últimos três anos, concentraram os esforços aí”. “Há três anos recebia um briefing das marcas para investirmos 90% em imprensa tradicional. Hoje em dia, na maioria dos casos, é metade online”, continua. “As marcas começaram a ver para onde o poder de compra se estava a orientar e a pensar a longo prazo. ” Talvez o principal passo, comenta, tenha sido passar a pensar nas suas estratégias numa óptica de omnicanal (um modelo que unifica as várias formas de marketing e retalho, criando uma experiência uniforme). “Renovaram as equipas todas e fizeram grandes reestruturações”, acrescenta. Durante a feira de Basileia, em Março, Biver partilhou a sua opinião, menos popular entre os tradicionalistas, sobre o futuro de Baselworld (e, consequentemente, da indústria), dizendo à BBC que a Apple e a Samsung deveriam ser convidadas para expor na feira de Basileia. Convém ressalvar, no entanto, que a Samsung já esteve presente em 2017, para apresentar o relógio Gear S3. A declaração de Biver é algo que fará alguns torcer o nariz, mas, explica à Culto, “iria definitivamente impulsionar a indústria, trazendo mais jovens a visitar a feira e os outros expositores”. Para mais, sublinha, o “Apple Watch é um relógio. É uma pulseira que nos dá informação: horas, minutos, dia”. Além de captar a atenção das próximas gerações, as marcas de relojoaria têm pela frente o desafio de as convencer de que a sua proposta – a da tradição, do investimento, da mestria dos artesãos suíços, em suma, do Swiss made – ainda é relevante. Se a indústria relojoeira suíça já recuperou de uma crise como a do quartzo (no final dos anos 1970/início dos 1980), quando os relógios japoneses mais baratos tornaram supérfluos os movimentos mecânicos, convencendo o público de que os relógios mecânicos têm um valor que vai além da sua capacidade de dar o tempo, então há razões para crer que também poderá dar resposta às inovações de qualquer smartwatch. Mas para isso tem de saber falar para os públicos mais novos: “tem de educar a próxima geração acerca da história e das coisas com as quais querem que esta se apaixone”, resume John Biggs, editor da WristWatchReview. com, no Tech Crunch. “Os relojoeiros em 2018 [na feira de Basileia] parecem decididamente mais focados em atrair clientes mais jovens a nível mundial com materiais sustentáveis, preços acessíveis, design moderno (com a marca visível) e características mais tecnológicas”, escreve Jenni Avins na Quartzy. “Um funcionário de uma marca suíça começou mesmo uma frase com: ‘Agora que queremos saber da próxima geração. . . ’”, brinca. Com o objectivo também de apelar a consumidores mais novos, as marcas de alta relojoaria começaram, de acordo com David Kolinski, a travar os sucessivos aumentos de preços que aconteceram durante alguns anos e a assegurar produtos de categorias de entrada. As marcas “estão a pensar nos próximos dez [anos]. Não é porque agora não estão em queda que não têm de começar a pensar nos millennials”, acrescenta. Estêvão Lucena lembra que, em termos gerais, “o consumidor está mais atento e mais exigente”. Continua a olhar para a compra de uma peça de alta relojoaria como um investimento, mas “quer saber porque é que aquele relógio custa 20 mil euros”, exemplifica. Na guerra pelo pulso do consumidor há um outro factor a ter é conta. É que, como acontece com tantos outros produtos da Apple, o Apple Watch – que ainda só vai na terceira geração – irá provavelmente evoluir rapidamente para muito mais do que é hoje. E quem diz o Apple Watch diz o segmento em geral. Peter Stas, CEO da Frédérique Constant, acredita que a indústria ainda subestima o presente e futuro impacto que o Apple Watch terá, sobretudo nos relógios de quartzo. “É bom que nós [relojoeiros suíços] sejamos cautelosos. A Apple sabe muito mais do que nós e vejo claramente o que estão a fazer. Vão entrar mais a fundo nesta área, encontrando novas formas de informar as pessoas acerca das suas condições de saúde”, diz à Bloomberg. A Apple anunciou a primeira versão do Apple Watch no final de 2014, lançando-o na Primavera do ano seguinte. Apesar de não ser visto como um sucesso estrondoso, o Apple Watch não pode ser descrito como menos do que um êxito a nível de vendas. De acordo com projecções das analistas Canalys e IDC, em 2017 foram vendidos 18 milhões de unidades, um aumento de 50% face ao ano anterior, sendo que no último trimestre do ano a marca terá atingido o impressionante número de oito milhões de unidades vendidas – mais dos que toda a indústria suíça junta, no mesmo período de tempo. Ao contrário do que faz, por exemplo, com o iPhone, a Apple não anuncia números concretos sobre o Apple Watch, falando antes de wearables em geral. No entanto, o CEO Tim Cook disse em Fevereiro que a categoria já se aproxima em si de uma empresa digna de entrada na lista Fortune 400 – o que, tendo em conta a última empresa nesta lista, sugere que os wearables da Apple poderão gerar receitas na ordem dos 6, 7 mil milhões de dólares. Claro que os valores das unidades vendidas estão longe de traduzir os valores reais. Convém lembrar que o grosso do valor da indústria está concentrado em poucas marcas topo de gama, como a Rolex e a Patek Phillipe. Apesar de não revelarem dados, de acordo com a Bloomberg os números de analistas suíços estimam que a Rolex tenha vendas anuais na ordem dos 4, 5 mil milhões de dólares (aproximadamente 3, 8 mil milhões de euros). O que as unidades indicam, porém, é uma conquista em número de pulsos. “Não há dúvida de que o sucesso do Apple Watch – que ainda é debatido por aqueles interessados em análises superficiais –, a par com o barulho criado pelas várias marcas à volta da performance dos seus smartwatches, revolucionou completamente as preferências do mercado e modificou grandemente as decisões que fazemos em relação àquilo que usamos no pulso”, escreveu na Forbes Enrique Dans, especialista em disrupção, em Maio do ano passado. Durante a feira de Basileia correu o boato de que a próxima edição, a de 2019, seria a última. Não passará, presumivelmente, de um rumor exagerado, que, segundo consta, terá vindo da boca de um ou mais taxistas – aqueles que “sabem sempre as notícias primeiro”, escreve a Bloomberg. Aquilo que parece mais consensual entre os diferentes profissionais é que a feira de Basileia não poderá manter-se igual. “Antigamente ia-se a Basileia fazer as compras do ano. Hoje em dia, a visita mensal das marcas aos mercados é [a prática] mais frequente. Basileia já não tem o mesmo peso”, explica Estêvão Lucena, que duvida de que a feira acabe dada a sua dimensão, mas acredita que “há-de reinventar-se”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Por enquanto, continua a ser este o ponto de encontro anual para a indústria relojoeira. “Tive tanto que fazer [em Baselworld] como em anos anteriores”, garante David Kolinski. “Os players que dominam o mercado continuam lá. ”Há marcas para as quais o enorme investimento em Basileia já não faz sentido, como é o caso do grupo Movado (que inclui os relógios Ebel, Hugo Boss e Lacoste), que, este ano, apresentou as suas novidades num acontecimento próprio, em Davos; e da Hermès, que trocou Baselworld pela SIHH. No entanto, convém ter em conta que grande parte das empresas que deixaram de apresentar este ano em Basileia “são operadores de menor escala, como fornecedores de componentes de relógios e joalharia, produtores de packaging e especialistas em maquinaria”, aponta o Financial Times. “Com os rumores sobre o futuro da feira a circular, o consenso entre executivos de relógios suíços é que o destino na feira se resume àqueles que são conhecidos como os grandes cinco expositores”, escreve a Bloomberg, referindo-se à Rolex, Patek Philippe, grupo Swatch, Chopard, e grupo LVMH (que inclui a Bulgari, TAG Heuer, Hublot and Zenith). E, atira Jean-Claude Biver, citado pelo mesmo meio, “ninguém quer ser conhecido como a marca que matou Baselworld”.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave guerra
Xi Jinping no Paquistão para lançar um troço crucial da Nova Rota da Seda
O plano prevê a construção de oleodutos, linhas de caminho de ferro e uma auto-estrada de 3000 km que darão à China acesso privilegiado ao Oceano Índico. (...)

Xi Jinping no Paquistão para lançar um troço crucial da Nova Rota da Seda
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.068
DATA: 2015-04-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: O plano prevê a construção de oleodutos, linhas de caminho de ferro e uma auto-estrada de 3000 km que darão à China acesso privilegiado ao Oceano Índico.
TEXTO: A China prepara-se para anunciar um investimento de 46 mil milhões de dólares no projecto "Corredor Económico China-Paquistão", um troço considerado fundamental no projecto Rota da Seda do século XXI. O Presidente chinês aterrou nesta segunda-feira em Islamabad, no Paquistão, para uma visita de dois dias que terá como principal objectivo o anúncio oficial da construção de uma auto-estrada entre Kashgar, na China, e o porto paquistanês de Gwadar. O primeiro-ministro do Paquistão Nawaz Sharif e Xi Jinping vão ultimar os detalhes do mega-investimento que permitirá o acesso chinês ao Oceano Índico. O corredor económico entre os dois países consistirá numa rede de estradas, caminhos-de-ferro e oleodutos, indo o maior destaque para a construção de uma auto-estrada, de cerca de três mil quilómetros, que ligará a cidade de Kashgar, na província ocidental chinesa de Xinjiang, com o porto de Gwadar, no sudoeste do Paquistão. A China prevê que esta iniciativa tenha um impacto muito significativo na sua economia, nomeadamente através do acesso aos recursos energéticos de que tanto precisa, uma vez que este corredor possibilitará chegar mais rapidamente aos principais países produtores de petróleo do mundo. "O corredor económico China-Paquistão está localizado no cruzamento da Cintura Económica Rota da Seda do século XXI e na Rota da Seda Marítima. É, desta forma, um projecto crucial da iniciativa", escreveu Xi Jinping num artigo publicado no domingo no diário paquistanês Daily Times. Estas rotas vão ligar a China à Europa, a África e à América, tocando nas áreas estratégicas para o comércio e o abastecimento de energia. Com o corredor de ligação ao Paquistão, ao invés dos 12 dias de que precisa actualmente, maioritariamente através do estreito de Malaca, no Sudeste asiático, a China poderá chegar à mesma zona do globo em apenas 36 horas. Para além das questões energéticas, a nova rede de ligação China-Paquistão também proporcionará um acesso privilegiado chinês ao Oceano Índico e ao Mar Arábico, zonas onde se cruzam as principais rotas comerciais entre o triângulo continental Ásia-África-Europa. A isto acresce ainda o previsível aumento da influência da China na região, particularmente na lógica de equilíbrio de forças com os Estados Unidos, o outro grande parceiro económico do Paquistão. Mushahid Hussain Sayed, director do comité de defesa do Parlamento paquistanês disse à agência Reuters que o Paquistão tem para a China "uma importância crucial nos dias de hoje". Para os chineses este plano "tem de ser bem-sucedido" e tem de ser visto externamente como tal. Do lado do Paquistão, o corredor terrestre apresenta-se como um projecto apetecível, fortalecendo a sua aliança com a China, que já apresenta uma base bastante sólida no campo militar e na assistência chinesa ao programa nuclear paquistanês. Aliado ao projecto de construção da auto-estrada e dos caminhos-de-ferro, está prometido um financiamento avultado nas infra-estruturas e na rede energética das regiões por onde passará o corredor, uma das mais pobres do país. O Paquistão e a China temem, porém, que a construção da rede contribua para o aumento da instabilidade na província do Balochistão, onde se situa a cidade e o porto de Gwadar, e onde opera há vários anos um movimento separatista armado. Perspectivando essa possibilidade, prevê-se o envio de um contingente do exército paquistanês para a região, com o intuito de proteger os trabalhadores chineses que irão estar envolvidos nos trabalhos. Xi Jinping, naquela que é a sua primeira visita ao Paquistão, revelou que se sente como se estivesse a "visitar a casa do seu próprio irmão", e disse que a amizade entre os dois países é "mais alta que as montanhas, mais profunda que os oceanos e mais doce que o mel". Texto editado por Ana Gomes Ferreira
REFERÊNCIAS:
Étnia Asiático
O que é que o mono tem? O reencontro com os Beatles, como queriam que os ouvíssemos
The Beatles In Mono reúne a discografia em vinil mono, o formato predominante da década de 1960 e que os Beatles privilegiavam. (...)

O que é que o mono tem? O reencontro com os Beatles, como queriam que os ouvíssemos
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: The Beatles In Mono reúne a discografia em vinil mono, o formato predominante da década de 1960 e que os Beatles privilegiavam.
TEXTO: Em 1934 Alan Blumlein, produtor da BBC, convocou os seus superiores. Queria fazer uma demonstração. Nela, ouvir-se-ia algo inédito, sons gravados em movimento no espaço, ou seja, em estereofonia. Infelizmente para Blumlein a gravação da London Philarmonic Orchestra interpretando a Sinfonia nº41 de Mozart não causou o efeito desejado. Os executivos deram-lhe uma palmadinha nas costas e encaminharam-no para outro projecto que lhes parecia promissor, uma caixa de imagens chamada televisão. O estéreo não era novo. Cinquenta anos antes, em Paris, fora apresentado o “teatrofone”, que permitia ouvir em casa a ópera da cidade, através de uma ligação telefónica – e podemos imaginar Marcel Proust, um dos subscritores, com dois auscultadores encostados aos ouvidos a apreciar o som da nova tecnologia. Muito faltaria ainda, porém para que o estéreo se massificasse. Alan Blumlein, que morreria num voo de teste durante a II Guerra Mundial, em 1942, nunca chegaria a ver a sua tecnologia aplicada comercialmente. As primeiras edições discográficas em estéreo surgiriam em 1958 e só se massificariam na década de 1970. Entre um momento e outro, uma banda saiu de Liverpool, estagiou em Hamburgo, mudou-se para Londres, invadiu os Estados Unidos e conquistou o mundo. Chamavam-se The Beatles. Vamos ouvi-los novamente. Vamos ouvi-los com outros ouvidos. The Beatles In Mono reúne todos os discos de vinil da banda misturados em mono (ou seja, com todo o som processado por um canal apenas), acrescidos da colecção de singles Past Masters (de fora ficam apenas, portanto, Yellow Submarine, Abbey Road e Let it Be, exclusivos em estéreo). Foram misturados a partir das fitas originais e cortados para vinil recorrendo às instruções e tecnologia utilizada originalmente. Em termos de arte gráfica são, igualmente, trabalho perfeccionista: da prensagem das capas à reprodução dos textos de apresentação na contracapa e ao tipo de papel nela utilizado, temos em mãos reproduções perfeitas dos álbuns ingleses da década de 1960 (disponíveis também individualmente). Edições deslumbrantes, de som imaculado. Mas depois da reedição integral e remasterizada da discografia em 2009, depois do lançamento em 2012 dessa mesma obra em vinil estéreo e depois do lançamento das edições americanas, que importância terá The Beatles In Mono?“Discutir a questão mono versus estéreo hoje em dia parece-me um bocado estranho”, concede Hélder Gonçalves, guitarrista e compositor dos Clã. “O estéreo já se impôs e a coisa mais próxima dessa divisão nos tempos modernos é a luta entre o estéreo e o sistema 5. 1. ” Para Edgar Raposo, da Groovie Records, editora especializada no rock’n’roll de hoje e em reedições do rock e garage das décadas de 1960 (europeu, sul-americano, asiático), conjuga-se o apelo da nostalgia, “o trazer o passado de novo à ribalta”, com um intuito comercial óbvio. “Falamos das edições originais dos Beatles, que são muito difíceis de encontrar e muito caras. Os coleccionadores sem dinheiro para as adquirir vão dar-se por contentes por ter uma reedição destas”. Bruno Pernadas, músico dos Julie & The Carjackers e autor, a solo, de How Can You Be Joyful In a World Full of Knowledge, álbum de destaque no ano discográfico português, também fala de nostalgia. Ou melhor, de “memória geracional”. Os seus pais têm edições originais dos Beatles, em mono, e foi com elas que Pernadas cresceu. “Ganhamos intuitivamente a memória de um som. Goste-se ou não, é ele que fica na memória”. Quando falamos dos Beatles em mono falamos, portanto, de nostalgia, de memória afectiva. Afinal, o mono é coisa do passado, tecnologia ultrapassada, dir-se-á, e pregar a sua superioridade equivale a defender que o cinema mudo é notoriamente superior ao sonoro. Digamos que a importância de The Beatles In Mono é, acima de tudo, uma questão de fidelidade. Não é o mesmo ouvir With The Beatles, Hard Day’s Night, Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band ou The Beatles (o álbum imortalizado como White Album) nas suas versões mono ou estéreo. E os Fab Four sempre defenderam que era o mono que correspondia fielmente aos seus desejos criativos. Os Beatles eram banda revolucionária, banda experimentalista em estúdio, arautos de um novo mundo. Conservadores, porém, naquela questão. Que raio era essa modernice do estéreo? Não era verdade que a esmagadora maioria das casas tinham aparelhagens de uma coluna apenas, mono portanto, e que era esse o formato privilegiado, por mais barato, pela juventude que comprava aos magotes a nova música pop? Não era certo que os técnicos de som e produtores se tinham tornado verdadeiros mestres no formato, criando nele poderosíssima arquitectura sónica? Para que precisaríamos de duas colunas, dividindo o som, enfraquecendo-o, submetendo a qualidade musical ao novo-riquismo de uma tecnologia a que apenas uns poucos privilegiados podiam aceder? Era o que pensava George Martin, era o que pensava Brian Wilson, dos Beach Boys (ajudava o facto de ser surdo de um ouvido e, portanto, não poder produzir em estéreo), era o que defendia o lendário produtor Phil Spector, inventor do “Wall of Sound” e que, não por acaso, deu ao título da antologia da sua obra, editada em 1991, Back to Mono. E era o que afirmava, já em pleno reinado estéreo, John Lennon. Numa entrevista de 1974 citada no livro generoso em fotos e texto incluído em The Beatles In Mono, queixava-se do que haviam feito a Revolution, single de 1968. “A versão rápida foi destruída. Era uma gravação pesada, mas a mistura estéreo transformou-a num docinho”.
REFERÊNCIAS:
Partidos BE
Jihadistas avançam em direcção a Bagdad, a capital do Iraque
Cidade a 90km da capital foi tomada. Em algumas zonas não há sinal do exército iraquiano. Parlamento sem quórum para votar o estado de emergência. (...)

Jihadistas avançam em direcção a Bagdad, a capital do Iraque
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Cidade a 90km da capital foi tomada. Em algumas zonas não há sinal do exército iraquiano. Parlamento sem quórum para votar o estado de emergência.
TEXTO: Os combatentes do grupo jihadista Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIS) tomaram de quarta para quinta-feira a cidade de Dhoulouiya, 90 quilómetros a Norte de Bagdad, e avançam em direcção à capital do país. O porta-voz do grupo, Abou Mohammed al-Adnani, tinha incitado os guerrilheiros a "avançarem sobre Bagdad" depois das vitórias desta semana na província de Níneve e em áreas adjacentes. Disse que a seguir cairão as cidades de Karbala e Najaf, juntamente com "todo" o Sul xiita. Em declarações por telefone à AFP, um coronel da polícia e habitantes locais confirmaram que os guerrilheiros jihadistas (que combatem uma guerra santa) controlavam Dhoulouiya. Um habitante contou que homens armados estavam a patrulhar as ruas e que não se notava na cidade qualquer presença das forças governamentais. Antes de tomarem Dhoulouiya, o ISIS avançou sobre Samarra, mas o combate foi favorável ao exército governamental. O ISIS controla, desde o início da semana, a cidade de Mossul, a segunda maior do país, na província de Níneve, no Norte. Domina também totalmente a cidade de Tikrit (província de Salahedin, a 170 km da capital) e sectores nas províncias vizinhas de Kirkouk e Salaheddine, maioritariamente sunitas. Na quarta-feira, e no seu avanço para Bagdad, conquistaram Tikrit, a 160 quilómetros da capital. Mossul está "um caos", disse o arcebispo de Mossul à Fundação AIS (que depende da Santa Sé). “Nunca vimos nada assim”, disse Amel Shimon Nona a partir de Kayf, uma pequena vila a três quilómetros de Mossul. Confirmou também que as forças armadas e da polícia deixaram a cidade, assim como grande parte da populaçao - o arcebispo disse que a Igreja está a tentar ajudar os desalojados, acolhendo-os em escolas e noutros locais, mas que a maior parte das pessoas está em fuga nas planícies a província de Níneve. No Norte, relata a enviada do jornal britânico Telegraph na região, Ruth Sherlock, os combates continuam pela conquista de mais território. Na manhã desta quinta-feira, travam-se confrontos em Hawija, a cidade a partir da qual o ISIS lançou o ataque a Mossul. Ali, diz a jornalista, tropas curdas estão a juntar-se à polícia iraquiana, preparando-se para uma investida contra os jihadistas. Houve troca de tiros e ambos os lados dispararam morteiros durante a noite - mil homens organizavam-se para avançarem contra os jihadistas. "Não há qualquer sinal do exército iraquiano", relata Sherlock. "Passámos por seis postos de controlo abandonados e vi homens do ISIS levarem pelo menos dez tanques". EUA recusa intervirLogo na terça-feira, quando Mossul caiu, levando ao êxodo de 500 mil pessoas, o primeiro-ministro, o xiita Nouri al-Malik, pediu ao parlamento para declarar o estado de emergência no Iraque. Os deputados, porém, não o fizeram imediatamente, tendo marcado a decisão para esta quinta-feira. Mas quando a votação foi feita, não havia deputados suficientes para ser tomada uma decisão. Maliki, recém eleito, apelou "a todas as tribos" para se organizarem militarmente “formando unidades de voluntários” para ajudarem o Governo – impotente perante esta investida e conquista – a combater o ISIS. O ISIS e a Al-Qaeda partilham ideias e métodos, nascem no seio dos mesmos muçulmanos sunitas radicais (árabes, europeus e asiáticos), prontos a levantar armas em nome de um califado no meio de terras lideradas por xiitas (que consideram hereges) – o “jihadistão”, como lhe chamou o jornal Le Monde em editorial. O ISIS está perto de controlar províncias inteiras do Iraque e de amputar a Síria – em parte, estas áreas concentram petróleo, além de localizações absolutamente estratégicas. No mês passado, e mal foi eleito, Nouri al-Malik pediu aos Estados Unidos para bombardearem o ISIS que já se tinham instalado em Ramadi e atacado Falujah. O Governo de Washington recusou, revela na edição desta quinta-feira o jornal americano The New York Times. A Casa Branca não confirmou a notícia, mas fontes oficiais disseram a David Schuster da Al-Jazira que "a situação no Iraque está em constante revisão". "A resposta pode ser bastante diferente nos próximso dias ou semanas", disseram as fontes de Schuster. O avanço dos jihadistas sobre Bagdad levou as Nações Unidas a anunciarem que o seu Conselho de Segurança reunirá de emergência esta quinta-feira.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
Um restaurante do tamanho do mundo
A Expo 2015 vai reflectir os “paradoxos” de um mundo que sofre com epidemias como a obesidade, mas no qual 870 milhões de pessoas passam fome. (...)

Um restaurante do tamanho do mundo
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: A Expo 2015 vai reflectir os “paradoxos” de um mundo que sofre com epidemias como a obesidade, mas no qual 870 milhões de pessoas passam fome.
TEXTO: Numa zona plana a escassa distância de Milão nasceu uma nova cidade no espaço de pouco mais de dois anos. Na sua área de 1, 1 milhões de metros quadrados vão estar presentes sete mil milhões de pessoas, ou seja, 94% da população do planeta, diz a organização da Exposição Universal. O número é, obviamente, uma construção do marketing, porque na realidade o que se vai poder encontrar na Expo são produtos, naturais ou transformados, dietas, receitas, tradições e experiências gastronómicas que estão na base da experiência alimentar da maioria esmagadora dos humanos. A Expo 2015 de Milão promete ser um dos maiores espaços de exibição de alimentos de sempre e seguramente um dos maiores e mais variados restaurantes alguma vez criados. A escolha do tema não é inocente, ou não fosse a gastronomia italiana uma das mais mundializadas e um forte suporte para as suas exportações agro-alimentares. Por lá vão estar as suas pastas, os seus presuntos de Parma, vinagres de Modena ou a sua multidão de queijos para uma infinidade de gostos. Todos os países procuraram instalar nos seus pavilhões os bens alimentares emblemáticos e as suas criações culinárias – os europeus e asiáticos estão em luta pela hegemonia do palato mundial. Mas o tema da Expo vai muito para lá da dimensão gourmet da alimentação. Na sua agenda de eventos ou nos seus pavilhões temáticos há a preocupação de discutir os “paradoxos” da fome num planeta que produz muito para lá das suas necessidades, a incorporação da ciência na produção de bens alimentares ou a sustentabilidade da agricultura num mundo em rápido crescimento populacional. Uma das reflexões que dominará os debates tem como ponto de partida esses “paradoxos” ou essas “contradições do nosso mundo”. Por um lado, subsistem na Terra 870 milhões de pessoas que vivem em permanente penúria alimentar e num estado de contínua subnutrição (dados de 2010-2012) enquanto há 2. 8 milhões de pessoas a morrer todos os anos por mau uso ou abuso do consumo de alimentos – a obesidade tornou-se uma epidemia dos países do hemisfério Norte. Enquanto milhões de pessoas de algumas zonas da Ásia ou da África subsariana lutam desesperadamente todos os dias por uma dieta de subsistência, nos países ricos estragam-se todos os anos 1. 300 milhões de toneladas de comida. A Itália, recorde-se, tem uma longa tradição no acompanhamento dos problemas da alimentação mundial – Roma é a sede da FAO, a organização das Nações Unidas para a agricultura e a alimentação. É nos quatro pavilhões temáticos que a dimensão universal da alimentação e dos seus desafios se vai mostrar e discutir. O pavilhão Zero dedica-se à história da alimentação humana desde os tempos da caça-recolecção até à fast-food e a área da Comida do Futuro tentará explicar como a ciência e a tecnologia vão mudar o armazenamento, a distribuição, a aquisição e o consumo de alimentos. Haverá ainda um parque dedicado à biodiversidade que tenta reproduzir diferentes ecossistemas do planeta e um espaço dedicado à relação entre a comida e a arte ao longo dos tempos. Em torno deste núcleo gravitam os pavilhões nacionais, os das organizações internacionais, das empresas da indústria agro-alimentar e a das organizações não governamentais (ONG) ligadas por áleas onde existem mais de 12 mil árvores, um canal artificial e diversas fontes. A organização espera que a Expo 2015 seja visitada por mais de 20 milhões de pessoas. Uma meta que fica em linha com o número de visitantes nas exposições universais de Hanôver, na Alemanha, em 2010 (19 milhões) e a de Aichi, no Japão, em 2005 (22 milhões). Mas que fica a grande distância do público que visitou a última grande exposição universal, em Xangai, China, em 2010. Ao todo, esta edição acolheu 73 milhões de pessoas. Para se ter ideia do significado destes números, note-se que a Expo 1998 de Lisboa, que era uma exposição Mundial, e não uma exposição Universal, foi visitada por 11 milhões de pessoas.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave humanos fome consumo alimentos abuso
Obama critica abrandamento das reformas na Birmânia
Presidente diz que "processo de democratização é real" mas avisa que "o trabalho não está acabado" e pede que eleições de 2015 sejam "livres e inclusivas". (...)

Obama critica abrandamento das reformas na Birmânia
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Presidente diz que "processo de democratização é real" mas avisa que "o trabalho não está acabado" e pede que eleições de 2015 sejam "livres e inclusivas".
TEXTO: Dois anos depois da visita que assinalou o fim do isolamento do país, o Presidente norte-americano, Barack Obama, regressou à Birmânia, mas desta vez para avisar que as reformas que o regime militar iniciou há quatro anos – e que levaram ao levantamento de parte das sanções internacionais que lhe tinham sido impostas – estão a marcar passo. Obama, que participou como convidado na cimeira da ASEAN (Associação de Nações do Sudeste Asiático), foi diplomático e disse que “o processo de democratização na Birmânia é real”. Mas sublinhou que “o trabalho não está acabado” e que os Estados Unidos não se vão contentar com um processo que fique a meio caminho. “A transição democrática tem de ser concluída”, afirmou, no final de um encontro com deputados, entre eles a líder da oposição e Nobel da Paz Aung San Suu Kyi. Ainda em Naypydaw – a cidade que a junta militar construiu para sua capital –, Obama encontrou-se com o Presidente Thein Sein, líder do primeiro governo civil da Birmânia em quase meio século, e nesta sexta-feira volta a encontrar-se com Suu Kyi, já em Rangum. Mas o tom da visita foi marcado logo à chegada, numa entrevista à imprensa local em que afirmou que “os progressos alcançados não estão a ser tão rápidos quanto muitos esperavam”. “Em alguns domínios há um abrandamento e mesmo um recuo das reformas”, avisou, dando como exemplo as “restrições” impostas a antigos presos políticos e “as detenções” de jornalistas. Estas foram, precisamente, duas das áreas em que as reformas prometidas por Thein Sein, um ex-general que governa com o beneplácito dos seus camaradas, deram mais frutos: no final de 2013, um decreto presidencial amnistiou todos os opositores ainda na prisão e pôs fim aos processos por delito de opinião; antes disso, a censura sobre jornais e a Internet foi levantada. A Liga Nacional para a Democracia (LND), com Suu Kyi à cabeça, concorreu e venceu eleições intercalares de 2012 para o Parlamento, o regime pôs fim a várias restrições – reconhecendo o direito de manifestação, a existência de sindicatos – e iniciou uma liberalização da economia que hoje permite, por exemplo, aos birmaneses comprar telemóveis que antes estavam apenas ao alcance da elite militar, recorda a BBC. Mas nenhuma destas reformas mexeu no essencial dos poderes do Exército, a quem a Constituição de 2008 garante um quarto dos lugares no Parlamento e o direito de veto sobre todas as alterações à lei fundamental. A mesma Constituição que impede quem tenha familiares com nacionalidade estrangeira de se candidatar à presidência – uma disposição feita a pensar em Suu Kyi, viúva de um britânico e cujos filhos tem passaporte do Reino Unido. A LND é apontada como favorita à vitória nas eleições gerais do próximo ano, mas ainda em Junho uma comissão parlamentar recusou levantar as restrições que bloqueiam as aspirações presidenciais de Suu Kyi. A própria dirigente não escondeu o seu desânimo quando, a dias da chegada de Obama, disse que as reformas estão “paralisadas” e acusou Washington, que desde 2012 levantou o essencial das sanções impostas nas duas últimas décadas, de ser “excessivamente optimista” sobre a situação no país. Após o encontro com o homólogo birmanês, Obama, o primeiro Presidente americano em funções a visitar a Birmânia, repetiu que as eleições de 2015 têm de ser “livres, inclusivas e transparentes”. Insistiu também no fim da discriminação dos rohingya, minoria muçulmana a quem a Birmânia não reconhece o direito à cidadania – apátridas que a ONU descreve como a minoria mais perseguida do planeta. Thein Sein respondeu que o seu governo está a trabalhar nas questões levantadas por Obama, mas a sua resolução “vai demorar tempo”.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU
Director do departamento europeu do FMI sai para o banco Morgan Stanley
Reza Moghadam substituiu António Borges no cargo em 2011 e desempenhou um papel fulcral na definição dos programas de ajustamento para os países periféricos como Portugal. (...)

Director do departamento europeu do FMI sai para o banco Morgan Stanley
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Reza Moghadam substituiu António Borges no cargo em 2011 e desempenhou um papel fulcral na definição dos programas de ajustamento para os países periféricos como Portugal.
TEXTO: Reza Moghadam, que desde 2011 liderou o departamento do FMI responsável pela definição dos programas de ajustamento dos países periféricos da zona euro, vai passar a ser, a partir do Outono, vice presidente do banco norte-americano Morgan Stanley. O anúncio foi feito esta quarta-feira pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) num comunicado, onde se anuncia que Poul Thomsen, passará a ser agora, de forma interina, o director do departamento europeu da instituição. Foi no auge da crise da dívida na zona euro, com o FMI a ser chamado a participar na troika que realizou intervenções na Grécia, Irlanda e Portugal, que Reza Moghadam substituiu António Borges à frente do departamento europeu. A partir desse momento, desempenhou um papel fundamental na definição das políticas do FMI (e da troika) em relação a esses países, nomeadamente com a aplicação de medidas de austeridade que tinham como objectivo uma redução rápida do défice público. O impacto que essas medidas acabaram por ter nas economias dos países periféricos forçaram a troika a rever por diversas vezes as suas projecções e a exigir ainda mais medidas de austeridade. Na Grécia, foi ainda realizada em 2012 uma reestruturação da dívida, que o próprio FMI já assumiu que deveria ter sido feita logo no início do programa. Reza Moghadam abandona o FMI ao fim de 22 anos em que ocupou cargos onde desempenho cargos relevantes na acção do Fundo na crise asiática e, nos últimos anos, na Europa. No comunicado divulgado esta quarta-feira, a directora executiva do FMI, Christine Lagarde, afirma que Reza Moghadam "liderou o nosso relacionamento com os responsáveis políticos europeus, foi responsável pelas nossas operações de crédito na zona euro e esteve na linha da frente em diversas crises, incluindo o mais recente desafio na Ucrânia". Para já, ainda com um carácter apenas interino, será o dinamarquês Poul Thomsen, que irá ocupar o cargo de director do departamento europeu. Thomsen, para além de ter sido até agora o vice director do departamento, foi o primeiro chefe de missão do FMI em Portugal após a chegada da troika no país e tem ocupado esse mesmo cargo na Grécia ao longo dos últimos quatro anos.
REFERÊNCIAS:
Entidades TROIKA FMI
Apostas desportivas servem para branquear mais de 130 mil milhões
Jogo ilegal movimenta fatia superior a 80% do total. Lisboa recebe cimeira sobre políticas de integridade no desporto (...)

Apostas desportivas servem para branquear mais de 130 mil milhões
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.5
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Jogo ilegal movimenta fatia superior a 80% do total. Lisboa recebe cimeira sobre políticas de integridade no desporto
TEXTO: As notícias têm vindo a tornar-se cada vez mais frequentes e fazem soar os alarmes: o flagelo da manipulação de resultados desportivos em relação com esquemas de apostas ilegais está presente um pouco por toda a parte, afirmou ontem, em Lisboa, Emanuel Medeiros, director na Europa do Centro Internacional para a Segurança no Desporto (ICSS). “Não tenho, nem nunca tive, uma visão apocalíptica das coisas. Mas há ameaças preocupantes, hoje mais do que nunca visíveis. O que vem a público é a ponta do icebergue. Tem havido desenvolvimentos positivos, mas não há nenhum país nem nenhuma modalidade desportiva que esteja imune”, acrescentou Medeiros na apresentação de uma cimeira que abordará estas e outras questões a 16 e 17 de Março. O ex-director executivo da Associação das Ligas Europeias de Futebol Profissional frisou ainda que “a parte que fica fora do radar é assustadora”. “O sudeste asiático é um foco de problemas aflitivo, e os riscos aumentaram com as apostas online”, exemplificando com dois números de um estudo sobre o tema conduzido pelo ICSS e pela universidade Sorbonne: o valor bruto estimado das receitas de apostas desportivas a nível mundial ronda os 500 mil milhões de euros por ano, período durante o qual haverá cerca de 140 mil milhões de dólares (132 mil milhões de euros) em capitais branqueados. “É uma lesão patrimonial aos estados e as autoridades não devem esperar que os crimes aconteçam para agir. Pede-se uma acção preventiva”, reforçou. A Sorbonne e o ICSS delinearam um conjunto abrangente de recomendações para os governos, as organizações desportivas, as autoridades reguladoras do sector das apostas e os operadores de jogo, com o objectivo de harmonizar práticas e salvaguardar a integridade das competições. A lei que regula o jogo online e as apostas desportivas em Portugal foi aprovada no dia 27 de Fevereiro pelo Conselho de Ministros, e está agora pendente de promulgação pelo Presidente da República. O Orçamento do Estado para 2015 prevê um encaixe de 25 milhões de euros em receitas adicionais com esta iniciativa legislativa. “É um diploma histórico, mas que chega com 15 anos de atraso. Ainda há muito por fazer”, considerou Emanuel Medeiros. Tráfico de menoresOutro dos temas em que o ICSS vem a trabalhar e que será abordado na cimeira de Lisboa é a integridade financeira e a transparência no desporto. Estarão na capital portuguesa elementos da FIFA e da UEFA mas, embora o ICSS reconheça o mérito de algumas iniciativas destas organizações, considera que é preciso fazer mais. “Respeitamos a autonomia do movimento desportivo, mas ela não é ilimitada. O movimento desportivo não vive acima nem à margem da lei”, sublinhou Emanuel Medeiros. O sistema de licenciamento de clubes da UEFA ou o Transfer Matching System (que organiza as transferências internacionais) da FIFA são “respostas curtas pela jurisdição das organizações”, acrescentou o dirigente português. Na cimeira de 16 e 17 de Março também serão debatidas formas de protecção para jovens desportistas. O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras tem vindo a investigar práticas abusivas relacionadas com a chegada de jovens futebolistas a Portugal. “É um problema sério e dramático que não é novo, há muito que está identificado. Não podemos enterrar a cabeça na areia e fingir que os problemas não existem, trata-se de tráfico de menores”, afirmou Emanuel Medeiros, revelando que o ICSS está a colaborar com o governo português, cabo-verdiano, brasileiro e com a UNESCO para elaborar um guia de boas práticas. A Cimeira Inter-Regional de Política Desportiva realiza-se no Palácio Foz a 16 e 17 de Março e trará a Lisboa representantes de variados blocos linguísticos (CPLP, Commonwealth, francofonia e países ibero-americanos) para discutir a cooperação internacional no desporto. O que é o ICSS?Criado em Doha, no Qatar, em Março de 2011, o Centro Internacional para a Segurança no Desporto (ICSS) faz investigação, formação e consultoria em segurança e integridade de competições desportivas. Na origem deste organismo está Mohammed Hanzab, antigo tenente-coronel das forças armadas do Qatar que também passou pelos serviços de informação. Um homem “visionário e apaixonado pelos valores do desporto”, diz o português Emanuel Medeiros, director na Europa do ICSS. A fortuna pessoal do fundador ajudou a criar o ICSS, que embora seja uma entidade privada tem “60 a 70%” do seu financiamento garantido por fundos públicos, admite Medeiros.
REFERÊNCIAS:
Entidades UNESCO CPLP