Morreu Franco Zeffirelli, o homem da ópera que conquistou o cinema
Confidente de Maria Callas, discípulo de Luchino Visconti e vistoso encenador operático, foi também um dos cineastas mais populares do mundo nos anos 60 e 70, com Romeu e Julieta ou Jesus de Nazaré. (...)

Morreu Franco Zeffirelli, o homem da ópera que conquistou o cinema
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2019-06-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: Confidente de Maria Callas, discípulo de Luchino Visconti e vistoso encenador operático, foi também um dos cineastas mais populares do mundo nos anos 60 e 70, com Romeu e Julieta ou Jesus de Nazaré.
TEXTO: Franco Zeffirelli, encenador de teatro e de ópera e realizador de cinema, morreu este sábado em Roma, aos 96 anos, na sequência de doença prolongada. Aclamado nos palcos, aos quais fez subir, na década de 50, várias óperas com Maria Callas (incluindo a Traviata de Verdi e a Tosca de Puccini), e onde dirigiu também outras fulgurantes estrelas operáticas do século XX como Joan Sutherland, foi discípulo (e amante) de Luchino Visconti, é hoje mais recordado pelo seu Romeu e Julieta que conquistou multidões em 1968, ou pelo Jesus de Nazaré que dirigiu para televisão nos anos 1970. Segundo o jornal italiano La Repubblica, Zeffirelli morreu “serenamente” em sua casa, “depois de uma longa doença”. Citando os seus filhos adoptivos, Pippo e Luciano Zeffirelli, o mesmo diário adianta que o corpo do cineasta estará em câmara ardente esta segunda-feira no Capitólio, em Roma. A sua fundação despede-se no seu site com um singelo "Ciao maestro”. Natural de Florença, onde nasceu em 1923, foi o filho ilegítimo de um affaire escandaloso entre um homem e uma mulher casados, o comerciante de lãs e de sedas Ottorino Corsi, que nunca o perfilhou, e a estilista Alaide Garosi, que morreu quando Gianfranco tinha apenas seis anos. Por não poder dar-lhe o sobrenome do pai, a mãe decidirá registá-lo com o apelido Zeffiretti (as brisas mencionadas numa ópera que adorava, o Idomeneu de Mozart), que um erro na transcrição deturpará irreversivelmente. Após a morte de Alaide, será criado pela tia materna; o amor à arte, dizia tê-lo herdado do avô maestro. Adoptado pela comunidade britânica expatriada na Florença pré-Segunda Guerra Mundial, terá uma singular adolescência que em 1999 virá a ficcionar no seu penúltimo filme autobiográfico, Chá com Mussolini, em que Cher, Joan Plowright, Judi Dench, Lily Tomlin e Maggie Smith interpretam o círculo de imigradas que tomou o jovem Franco como “mascote”. Após um período de estudos na Academia de Belas-Artes, Zeffirelli quis ser arquitecto, e chegou a ingressar na universidade, mas o projecto seria interrompido pela Segunda Guerra Mundial, e por um filme que o despertou para o poder da representação: o Henrique V de Laurence Olivier. Descobriu a sua verdadeira vocação com um gigante do cinema (e da ópera), Luchino Visconti. De passagem por Florença com a sua companhia de teatro, Visconti abriu as audições a actores locais e Gianfranco tentou a sua sorte, mas acabou rejeitado por causa do “sotaque toscano”. Visconti interessou-se porém por uns desenhos que trazia (trabalhava como pintor de cenários) e acabou por contratá-lo como assistente de cenografia – “porque ele nem sequer num pincel sabia segurar”, contará mais tarde Zeffirelli, aqui citado pelo La Repubblica. Visconti fez dele seu assistente de realização (toda uma “universidade de cinema”, assumirá) em A Terra Treme (1948), Belíssima (1951) e Sentimento (1954), e depois seu cenógrafo – enquanto mantinham uma longa relação romântica. O primeiro grande trabalho de Zeffirelli seria, aliás, uma cenografia para a estreia italiana da peça de Tennessee Williams Um Eléctrico Chamado Desejo, encenada por Visconti. As décadas de 50 e de 60, dedicou-as sobretudo à ópera, com encenações de obras de Rossini e Donizzetti para o Scala de Milão, mas também com produções para a londrina Royal Opera House e a nova-iorquina Metropolitan Opera, por vezes recebidas com desagrado pelos críticos. O sucesso que então obteve, de resto com encenações que ainda hoje são repostas regularmente, prolongou-se até ao século XXI: o seu último trabalho como encenador de ópera (“um sonho cultivado durante dez anos”, escreve o La Repubblica) é uma nova Traviata que terá a sua estreia, póstuma, já na próxima sexta-feira, dia 21, na Arena de Verona. Tinha já um novo projecto em mãos, um Rigoletto para a Royal Opera House de Mascate, em Omã, a estrear a 17 de Setembro de 2020. No teatro, encenou Shakespeare no Old Vic, tendo assinado um Romeu e Julieta com Judi Dench e John Stride que ficou para a História. O trabalho reiterado com Maria Callas, de quem foi confidente, marcou profundamente a sua carreira: dirigiu de resto a sua última aparição em palco, numa Tosca produzida pelo Covent Garden, em 1965. Foi também com uma homenagem a Callas que se despediu como cineasta: Callas Forever, de 2002, com Fanny Ardant, foi a última longa-metragem que dirigiu, mas arrepender-se-ia, pelo menos comercialmente, do gesto ("Esse filme foi um erro do ponto de vista das regras que governam o cinema comercial. Não se pode evocar uma personagem extraordinária sem a mostrar no seu momento mais alto; eu, pelo contrário, mostrei-a no fim, quando já não tinha voz. O público queria ver a Callas triunfar e não gostou do filme”, disse então, em frase também agora recordada pelo La Repubblica). A sua carreira nos palcos foi regularmente interrompida por incursões no cinema, quase sempre com enorme êxito. A sua primeira longa-metragem, que se estreou em 1967, quando tinha já passado os 40 anos, foi A Fera Amansada, uma adaptação de Shakespeare originalmente pensada para Sofia Loren e Marcello Mastroianni, mas que acabaria por ter como estrelas o casal Elizabeth Taylor/Richard Burton, então no pico da sua fama global. Seria nomeado para o Óscar de Melhor Realizador pelo filme seguinte, Romeu e Julieta (1968), um enorme êxito popular durante muito tempo considerado a melhor versão cinematográfica da tragédia clássica, filmada em cenários naturais com dois jovens actores nos papéis principais, Olivia Hussey e Leonard Whiting. Depois de uma biografia de S. Francisco de Assis em 1972, Zeffirelli filmou para televisão a história de Jesus Cristo numa popularíssima minissérie de seis horas com a colaboração no argumento de Anthony Burgess e um elenco liderado por Robert Powell que incluia ainda Claudia Cardinale, James Mason, Laurence Olivier, Anthony Quinn ou Ralph Richardson. No cinema obteve ainda grandes sucessos com O Campeão (1979), remake de um clássico dos anos 1930 com Jon Voight e Faye Dunaway, ou Um Amor Infinito (1981), romance adolescente com Brooke Shields no papel principal cuja montagem final Zeffirelli desautorizou. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Rodou Hamlet com Mel Gibson e Glenn Close em 1990, e a Jane Eyre de Charlotte Brontë com William Hurt e Charlotte Gainsbourg em 1996. Levou também ao cinema várias óperas, numa longa colaboração com o tenor Plácido Domingo durante a década de 1980, incluindo Pagliacci, Cavalleria Rusticana, La Traviata (todos de 1982) e Otello (1986). Armado Cavaleiro do Império Britânico em 2004 pela rainha Isabel II, Zeffirelli experimentou também a política: entre 1994 e 2001, cumpriu dois mandatos no Senado italiano ao serviço da Forza Italia de Silvio Berlusconi, de quem era muito amigo, tendo assumido posições muitas vezes ultra-conservadoras. Homossexual discreto que não gostava de usar a palavra gay e católico devoto, Franco Zeffirelli era pai adoptivo de dois jovens, Giuseppe e Luciano, igualmente seus assistentes e secretários
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave morte guerra filho mulher rainha homem comunidade adolescente doença corpo homossexual gay
Português condenado em Inglaterra a 15 anos de prisão por sexo com homens fingindo ser mulher
Tribunal britânico considerou português culpado de seis crimes de actividade sexual com homens. Duarte fingia ser uma mulher chamada “Ana”. (...)

Português condenado em Inglaterra a 15 anos de prisão por sexo com homens fingindo ser mulher
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-11-21 | Jornal Público
SUMÁRIO: Tribunal britânico considerou português culpado de seis crimes de actividade sexual com homens. Duarte fingia ser uma mulher chamada “Ana”.
TEXTO: Um português que teve relações sexuais com quatro homens fingindo ser uma mulher foi esta sexta-feira condenado a 15 anos de prisão por um tribunal britânico. Duarte Xavier, que vai completar 34 anos no domingo, conheceu a sentença no tribunal criminal de Kingston upon Thames, perto de Londres, após ter sido declarado culpado no início de Outubro de seis crimes por actividade sexual com homens com mais de 13 anos, alguns dos quais envolvendo penetração. Os crimes foram cometidos entre Fevereiro de 2016 e Abril de 2018, quando, em quatro ocasiões, o português usou aplicações de telemóvel e sites de Internet para marcar encontros com homens heterossexuais que iludia, fingindo ser uma mulher chamada “Ana”. As vítimas, com idades compreendidas entre 26 e 45 anos e cujas identidades foram protegidas pelo tribunal, eram instruídas a usar vendas nos olhos durante os encontros, três dos quais em moradas em Wandsworth, bairro no Sul de Londres, e outro num parque público na mesma área. Antes, “Ana”, prometendo relações sexuais e enviando fotografias provocadoras de mulheres, impunha aos homens uma série de condições, incluindo que usassem vendas nos olhos durante os encontros e que não poderiam tocar no parceiro. O juiz Michael Hunter descreveu o caso como uma “campanha de mentira para obter relações sexuais, ao fingir que era uma mulher atraente, sexualmente aventureira”. Em vez de ter relações com outros homens homossexuais, o magistrado criticou Duarte Xavier por “escolher deliberadamente ter relações sexuais com heterossexuais” e de o ter feito com um “grau elevado de planeamento cuidado”. Em vez de remorsos, manifestou até “algum grau de desprezo por uma das vítimas”, continuou, e como agravante teve o facto de só ter parado após uma terceira detenção. A advogada de defesa, Helen Butcher, ainda alegou como circunstâncias atenuantes que Duarte Xavier, natural da Madeira, foi “criado numa sociedade muito conservadora, intolerante com homossexuais” e que a sua orientação sexual foi mantida em segredo, o que foi uma “experiência difícil”. A opção por “relações abertas”, continuou, “não foi, porventura, o melhor modelo” para encontrar parceiros. A duração da sentença, uma combinação de penas entre quatro e 11 anos por cada um dos seis crimes, a cumprir em simultâneo e consecutivamente, foi justificada pelo juiz como necessária para demover a autoria de outros crimes semelhantes “na era da Internet”. “Um homem heterossexual enganado a penetrar outro homem deve considerar essa uma experiência horrível”, comentou Hunter, que admoestou a polícia por ter libertado Duarte Xavier duas vezes, após as quais continuou a cometer crimes, sem ter iniciado procedimentos judiciais. O primeiro encontro conhecido teve lugar em 17 de Fevereiro de 2016 com um homem de 45 anos, a quem “Ana” convidou para um apartamento e instruiu que colocasse uma venda nos olhos à chegada, antes de se encontrarem no quarto. Após iniciar relações sexuais, a vítima apercebeu-se de algo estranho e removeu a venda, descobrindo Duarte Xavier, o que o fez sair do local em fúria. No ano seguinte, em 15 de Outubro de 2017, um homem de 29 anos contactou “Ana” através de uma aplicação de telemóvel e recebeu a resposta de que esta seria solteira e disponível para “um pouco de diversão”. Orientado por uma pessoa com uma voz que parecia feminina, a vítima foi levada para um quarto, onde “Ana” começou a fazer sexo oral, mas a vítima removeu a venda e viu Duarte Xavier. Após sair do local, denunciou a situação à polícia, ignorando as mensagens do português a pedir desculpas e a renovar os pedidos para se encontrarem de novo. Um terceiro incidente teve lugar em 4 de Abril de 2018, quando um homem de 26 anos que colocou um anúncio em busca de relações sexuais com mulheres recebeu uma resposta de uma “Ana” que se identificava como uma mulher de 35 anos e casada. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A vítima compareceu a um encontro numa morada, que à chegada estava completamente escurecida, e, desconfiado, usou a lanterna do telemóvel, percebendo que era um homem que lhe estava a fazer sexo oral, acabando por denunciar o caso à polícia. Uma quarta vítima, um homem de 29 anos, foi identificada através de registos telefónicos. Num depoimento lido no tribunal na condição de anonimato, a vítima contou como o caso ocorrido há três anos o deixou perturbado e causou um impacto no quotidiano e na personalidade. Em vez de “feliz e sociável”, passou a sofrer de stress elevado, ataques de pânico, ansiedade e depressão e foi diagnosticado com síndroma pós-traumático, encontrando-se a ser medicado.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homens tribunal mulher prisão homem sexo sexual mulheres feminina pânico ansiedade
Assombrados pelo sexo
A assombração do sexo e o seu recalcamento continuam a suscitar manifestações de hipocrisia e negação no seio do poder político e religioso. (...)

Assombrados pelo sexo
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-10-19 | Jornal Público
SUMÁRIO: A assombração do sexo e o seu recalcamento continuam a suscitar manifestações de hipocrisia e negação no seio do poder político e religioso.
TEXTO: Eis um tema tão velho como o mundo e que regressa regularmente ao primeiro plano das notícias, envolvendo agora os protagonistas mais desencontrados, como o Papa Francisco e Donald Trump. Mas há coincidências sintomáticas. Na sua visita à Irlanda – país conhecido pelo seu catolicismo atávico que, nos últimos anos, conheceu uma verdadeira revolução em matéria de costumes, ao referendar o direito ao aborto depois de reconhecer o casamento entre pessoas do mesmo sexo e tendo actualmente como primeiro-ministro um homossexual assumido – o Papa foi de novo confrontado com o fantasma que mais o tem perseguido nos últimos tempos e está já na origem do maior abalo sofrido pelo seu pontificado: o da pedofilia na Igreja. Ora, à Irlanda, para além dos casos internos, chegam sobretudo, pelo seu número e afinidades de raiz nacional, os ecos transatlânticos dos numerosos (e longamente recalcados) escândalos pedófilos pondo em causa a hierarquia católica da Pensilvânia, na sequência do que acontecera recentemente no Chile. Por duas vezes, Francisco vê-se empurrado contra a parede. O velho puritanismo católico irlandês cruza-se culturalmente com o puritanismo protestante americano nos casos que agora ameaçam inesperadamente a presidência Trump – para além da ingerência russa na campanha eleitoral – como outrora o caso de Monica Lewinsky abalara a presidência Clinton. Aqui não se trata, é claro, de casos de pedofilia mas de mero tráfico sexual que envolvem antigos colaboradores de Trump, acusados de terem pago a duas mulheres para silenciarem as suas antigas relações com o Presidente. Colaboradores esses dispostos a depor perante a Justiça em troca de um aligeiramento das suas penas noutros negócios escuros, o que tem provocado um nervosismo crescente de Trump face à hipótese – embora ainda remota – de um impeachment. A assombração do sexo e o seu recalcamento continuam a suscitar manifestações de hipocrisia e negação no seio do poder político e religioso. O que não espanta no caso de Trump – conhecida que é a baixa dimensão moral da personagem – mas se mostra chocante no caso de Francisco – protagonista de um esforço verdadeiramente notável de humanização da Igreja Católica. De facto, o Papa levou anos a admitir aquilo que era já conhecido há décadas, começando mesmo por negar as evidências clamorosas do que acontecera no Chile (provocando assim uma revolta entre a comunidade católica chilena e, posteriormente, a demissão em massa dos bispos que haviam persistido em ocultar o escândalo). Só que não chega de todo penitenciar-se, tendo em conta a insuportável gravidade dos crimes pedófilos cometidos por clérigos em flagrante abuso do seu poder sobre vítimas inocentes e indefesas. E não chega, sobretudo se pensarmos que esses actos nauseabundos beneficiaram mesmo da cumplicidade directa ou indirecta de membros do governo da Igreja, essa nefasta Cúria Romana que Francisco não soube e/ou não pôde renovar de alto a baixo. Nunca como hoje o divórcio entre os crentes e o poder eclesiástico foi tão profundo, a ponto de assistirmos, apesar do esforço redentor de Francisco, à iminência de um sismo nas profundezas da Igreja. Já não é possível mascarar por mais tempo a evidência de que a pedofilia constitui a expressão mais perversa da longa relação doentia da Igreja Católica com o sexo – e que, como tem sido lembrado por tantas vozes, o celibato dos padres constitui um dos factores decisivos dessa doença. Daí que a revitalização e a própria sobrevivência da Igreja dependam tão fortemente da sua libertação desse fantasma. Tal como a transparência e o carácter igualitário dos relacionamentos sexuais – sem tráficos, submissões ou quaisquer comércios sórdidos – são também fundamentais para a saúde das sociedades e o exercício do poder político.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave aborto comunidade doença sexo sexual mulheres casamento homossexual abuso divórcio
A arrogância das cliques culturais
Se pensam que o mundo da política é o protótipo de intriga, então, se conhecerem melhor os meios “culturais”, tudo isso empalidece. (...)

A arrogância das cliques culturais
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento 0.1
DATA: 2018-10-19 | Jornal Público
SUMÁRIO: Se pensam que o mundo da política é o protótipo de intriga, então, se conhecerem melhor os meios “culturais”, tudo isso empalidece.
TEXTO: Eu sou administrador de Serralves pelo que tenho um conflito de interesses em falar aqui sobre o “caso” da demissão do antigo director do Museu de Serralves e curador da exposição Mapplethorpe (duas funções diferentes e com regras diferentes), que todos podem (e devem) ver para não falarem de cor. Não falarei do “caso” por muita vontade que tinha (e tenho) de o fazer. Mas posso falar dos contorni, expressão italiana para designar os “acompanhamentos” do prato principal — porque os contorni são muito reveladores de algo que não é de agora: a insuportável presunção e arrogância de muitos “homens e mulheres da cultura”, “artistas” e “intelectuais”, e jornalistas “culturais” que face a eles têm todas as complacências e são incapazes de um reporting que siga as regras de distanciamento e equilíbrio da profissão. Todos acham que só eles podem falar da “cultura” e da “arte” e sem ser eles só há ignorantes, boçais, provincianos, censores, que violam uma frase bíblica que serviu de mote para vários quadros renascentistas: “Noli me tangere. ” (Que ninguém me toque. ) Querem citações eruditas, também sei fazer. Na escolha dos adjectivos gentis com que estas cliques me classificaram nos últimos dias eu não quis usar todos no parágrafo anterior. E não quis porque sou saloio (aliás, seria mais rigoroso “tripeiro”), provinciano, pacóvio, não tenho “mundo”, não colecciono arte, só papéis efémeros, tenho a cabeça na Idade Média, sou homofóbico e detesto ver expostas as partes anatómicas do corpo humano como pénis e vaginas, ânus e bocas, arrepio-me com correntes, couro e látex, e sou submisso à ordem moral estabelecida, dominado pela Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana. Muito bem, estamos entendidos, é melhor deixarem de ler o resto do artigo, porque vem de alguém particularmente desclassificado para tratar destas coisas da “cultura”. Sucede que uma das coisas piores deste mundo é esta arrogância, a que se associa muita inveja e ressentimento, que é, como se sabe, uma combinação muito poderosa. E, se pensam que o mundo da política é o protótipo de intriga, facas nas costas, má-língua, pequenas cortes que se digladiam e geral mediocridade, então, se conhecerem melhor os meios “culturais”, tudo isso empalidece face às práticas dominantes nas casas dessas cliques. Seria injusto dizer que não há ninguém que escape, mas são a excepção à regra. Legenda: Leaf, uma das 20 obras “censuradas” na exposição de Serralves. Não quero aqui incomodar o PÚBLICO escolhendo uma das fotografias que estão expostas na sala reservada, e que não são nem torsos nus, mesmo com sexo, nem pénis erectos fotografados a confortável distânciaSou defensor de um “Estado mínimo” nas áreas em que as opções de financiamento derivam de opções de gosto, e gostaria de ver o Estado (e os governos) bem longe dessas opções, como acontece em particular na tradição anglo-saxónica. Nunca fui um defensor da política Malraux-Lang, para transformar (como governos e muito autarcas sabem) a cultura como instrumento intocável de propaganda nacional, política e local. Eles sabem bem usar o noli me tangere, para fazer muita coisa sem que haja escrutínio e crítica. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Eu, por estranho que pareça, até sou defensor do “1% para a Cultura”, só que talvez não o gastasse nos mesmos sítios e nas mesmas coisas, e sou de há muito defensor de uma política, reaccionária sem dúvida, sobre a concentração dos recursos escassos na salvaguarda do nosso património artístico e cultural, num país que tem muito património construído a “desconstruir-se”, faz pouca arqueologia, e não tem sequer um corpus da sua grande literatura disponível quer em edições críticas, quer em edições populares de qualidade e dá pouca atenção ao ensino artístico, quer nas escolas de Arte, Design e Arquitectura, quer nos conservatórios. Parte desses 1% devem também ir para as indústrias culturais, que ganhariam em ser tratadas também pelo seu valor económico. E também para instituições, pela sua reputação internacional (e por muito que custe a muitos só Serralves tem e não é fácil consegui-lo) e pelo seu trabalho de colocar à disposição dos portugueses o melhor da arte internacional contemporânea, pela salvaguarda desse mesmo património e pelo efectivo esforço pela democratização da cultura não só no Porto, mas numa dimensão crescentemente nacional. Acresce que Serralves também não é o melhor exemplo do “1% para a Cultura”, porque é uma instituição única em Portugal pela parte do seu financiamento pela sociedade civil. Não é por acaso que é uma instituição do Porto, onde as elites empresariais desde antes do 25 de Abril tinham um genuíno interesse em apoiar a cultura da cidade, como mostram os exemplos da Árvore, do Teatro Experimental, de encomendas a arquitectos no Porto, que tem múltiplos exemplos de construção moderna pagos por privados, enquanto em Lisboa a maioria das encomendas eram estatais e privilegiavam os arquitectos próximos do regime. É, o Porto é diferente, como Serralves é diferente. A arrogância cultural dos últimos dias veio ao de cima, mas está sempre lá. É, disfarçadamente, um conflito por recursos e território que ganhava em ser enunciado com clareza, porque isso permitia uma discussão mais séria, mas para o fazer a jactância cultural não serve, nem o toque a rebate, quando sentem o cheiro a sangue. Mas serve para intimidar muita gente que devia falar, mas que tem medo de perder a medalha de bom comportamento “cultural”, de passarem também eles próprios por saloios. Sucede que eu não quero fazer parte desse clube covarde e para mim vem de carrinho.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homens cultura concentração sexo medo mulheres corpo pénis
Os liberais portugueses e Bolsonaro
Há muito que se percebeu bem que, quando a extrema-direita ganha escala e atrai uma parte tão significativa da direita clássica, esta não hesita em colar-se-lhe. (...)

Os liberais portugueses e Bolsonaro
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2019-03-14 | Jornal Público
SUMÁRIO: Há muito que se percebeu bem que, quando a extrema-direita ganha escala e atrai uma parte tão significativa da direita clássica, esta não hesita em colar-se-lhe.
TEXTO: Por uma vez, estou de acordo com António Araújo: “Bolsonaro e Trump revelaram que há uma direita que, em parte se julgava liberal, mas que tem traços muito mais autoritários do que propriamente liberais” (PÚBLICO, 31. 10. 2018). Há quinze anos, Freitas do Amaral chegou à mesma conclusão. Não surpreende que Jaime Nogueira Pinto apoie Bolsonaro, ou que, entre este e o PT, Nobre Guedes opte pelo homem que acha que polícia que “matar dez, quinze ou vinte [bandidos], com dez ou trinta tiros cada um, ele tem que ser condecorado e não processado” (Bolsonaro, 28. 8. 2018). Ou até que Paulo Portas não tenha encontrado na “vida pública do capitão Bolsonaro nenhum indicador eticamente reprovável em termos pessoais” (TVI, 29. 10. 2018). Há muito que se percebeu bem que, quando a extrema-direita ganha escala e atrai uma parte tão significativa da direita clássica, esta não hesita em colar-se-lhe. Aquilo, contudo, para que já não há paciência é para a tese de que quem “fabricou” Bolsonaro e é culpado do seu triunfo, é a esquerda! “Tantas vezes a esquerda gritou pelo fascismo, que o fascismo finalmente apareceu” (João Miguel Tavares, PÚBLICO, 25. 10. 2018). A tese, que explica História com fábulas, baseia-se na ideia de que “o obsessivo anúncio [da chegada do fascismo] ajudou, e muito, a que [a profecia] viesse a concretizar-se”. Claro que JMT sabe (deduz-se) que o fascismo chega com as crises. Para ele, contudo, o fascismo não vem pela mão daqueles que, criando e beneficiando com as elas, se reservam a carta do fascismo para atrair o descontentamento das classes médias e de uma parte das classes populares (no Brasil, a grande maioria destas virou-lhe as costas) e, simultaneamente, optar por uma transição autoritária para suprimir as formas mais perigosas de contestação social. Não: JMT acha que Bolsonaro é culpa de uma “esquerda que se tornou profundamente conservadora, recusando qualquer mudança no statu quo”, deixando aberto o “espaço revolucionário” (sic) para aqueles que “anunciam mudanças radicais e o combate aos interesses instalados”. Estranho: esta mesma direita andou os anos da troika a queixar-se da resistência dos “profissionais dos serviços e empresas públicas [que] são hoje a aristocracia ofendida do regime democrático”, e que, “privilegiados a quem os regime deixou de satisfazer as expectativas”, “com os seus diplomas, contratos coletivos, ordens e sindicatos”, e que, “na sua compreensível irritação, podem ser tentados a deitar tudo abaixo” (Rui Ramos, Expresso, 14. 7. 2012) - isto é, fazerem revoluções, sinónimo, pelos vistos, de defesa de direitos e da dignidade social. Agora, queixa-se a mesma direita de que a esquerda que representa estes “contratos coletivos” e estes “sindicatos”, afinal, já não querem fazer revolução alguma e deixam a bandeira aos fascistas… Não se queixem, portanto, professores, operários, empregados, mulheres, indígenas, LGBTs, estudantes, que os fascistas venham atrás deles, que os intimidem no emprego, na rua, nas redes sociais, que os processem juízes tão independentes quanto Sérgio Moro - e que os espanquem e ameacem literalmente de morte. Queixam-se estes liberais (assim se dizem eles) da “oligarquia” da esquerda e do que chamam (que lata!) uma “elite” de “escritores, comentadores, historiadores, músicos ou jornais a criar vídeos, e manifestos (…) e o diabo a quatro, onde do alto da sua imensa sabedoria tentam explicar ao povo brasileiro (…) em quem ele deve votar” (JMT, PÚBLICO, 29. 10. 2018). Quem usa esta retórica (que muito fascista, dos anos 30 ou de hoje, subscreveria) que denuncia o elitismo dos “intelectuais” relativamente ao “povo”, parece esquecer-se de quem desde há mais de trinta anos, desde os anos do cavaquismo, dispõe de quantas páginas e microfones quiser (os Barretos, as Mónicas, os Ramos, os Espadas, os Valentes, os Césares das Neves, os Nogueiras Pintos…, querem que prossiga?), pontificando nas universidades e nos media públicos e privados contra o 25 de Abril, o “totalitarismo” socialista, a descolonização, as políticas sociais, a educação pública, as ciências sociais, os portugueses que vivem à custa do Estado e não aprendem… Não lhes perguntem pelo passado deles mesmos, nem das suas relações com o Estado. O que lhes interessa agora é dizer que Bolsonaro está “muito em consonância com o povo e nada em consonância com os professores da Universidade de São Paulo ou com os letristas das maravilhosas canções brasileiras” (F. Bonifácio, PÚBLICO, 1. 11. 2018). Isso. Profes e músicos. Pelos vistos eram quem mandava no Brasil. O autor escreve segundo o novo Acordo Ortográfico
REFERÊNCIAS:
Entidades TROIKA
Em 2017 houve mais casamentos e menos divórcios
A idade média do primeiro casamento em 2017 situou-se em 33,2 anos para os homens. O divórcio acontece em média aos 45,6. (...)

Em 2017 houve mais casamentos e menos divórcios
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento 0.5
DATA: 2018-11-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: A idade média do primeiro casamento em 2017 situou-se em 33,2 anos para os homens. O divórcio acontece em média aos 45,6.
TEXTO: O número de casamentos em Portugal aumentou 3, 8% em 2017 face ao ano anterior e o número de divórcios diminuiu 3, 4%. De acordo com as estatísticas demográficas, divulgadas pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), em 2017 realizaram-se em Portugal 33. 634 casamentos, dos quais 523 entre pessoas do mesmo sexo. Houve mais 1235 casamentos do que em 2016 (que teve um total de 32. 399 matrimónios celebrados), em resultado do acréscimo da nupcialidade quer entre pessoas do sexo oposto (mais 1134 casamento) quer entre pessoas do mesmo sexo (mais 101). O valor da taxa bruta de nupcialidade aumentou para 3, 3 casamentos por mil habitantes (3, 1 em 2016). Segundo as estatísticas, o adiamento da idade do casamento é uma tendência que se tem mantido ao longo das últimas décadas e para ambos os sexos. A idade média do primeiro casamento em 2017 situou-se em 33, 2 anos para os homens e 31, 6 anos para as mulheres, o que compara com 32, 8 anos e 31, 3 anos, respectivamente, em 2016. Relativamente aos divórcios, as estatísticas demográficas do INE indicam que em 2017 foram decretadas 21. 930 dissoluções de casamentos, menos 719 do que em 2016. Ainda segundo o INE, 21. 577 divórcios dizem respeito a casais residentes em território nacional (22. 340 em 2016) e 353 (309 em 2016) a residentes no estrangeiro. O aumento do número de divórcios de casais residentes em território nacional, que se vinha a verificar desde 2006, foi interrompido a partir de 2011, passando a uma diminuição em 2014. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Em 2015, de acordo com o INE, registou um aumento, para voltar a descer e 2016 e 2017. A maior redução foi verificada em 2013, com menos 2855 divórcios decretados em relação ao ano anterior e em 2017 o decréscimo foi de 763. A idade média para o divórcio foi de 45, 6 anos para ambos os sexos, superior à verificada no ano anterior, que se situou nos 44, 9 anos. As mulheres divorciaram-se em média aos 44, 5 anos e os homens aos 46, 7 anos.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homens sexo mulheres casamento divórcio
Palcos da semana
Os próximos dias trazem conversas em palco, actores ouvidos, projecções Queer, noise em dose dupla e música no coração (de uma cidade). (...)

Palcos da semana
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-18 | Jornal Público
SUMÁRIO: Os próximos dias trazem conversas em palco, actores ouvidos, projecções Queer, noise em dose dupla e música no coração (de uma cidade).
TEXTO: TeatroRambert à escutaEm Julho, esteve no 35. º Festival de Almada com a sua Actriz. Agora, Pascal Rambert mostra o seu Teatro. O foco do autor e encenador francês torna a estar sobre quem representa, mas com uma incidência ligeiramente diferente. Se ali contava a história de uma actriz-vedeta moribunda a receber visitas no hospital (interpretada por Marina Hands, Molière para Melhor Actriz), aqui o enredo vira-se para "a família (a que se escolhe e a que não se escolhe), a dedicação a um ofício, a violência, o desamor e até o INEM", explica o texto de apresentação. Replicando com intérpretes portugueses experiências que fez com um grupo do Teatro de Arte de Moscovo, Rambert escutou histórias e memórias dos actores para criar um espectáculo a partir delas. Beatriz Batarda, Rui Mendes, Cirila Bossuet, João Grosso e Lúcia Maria compõem o elenco – e fonte – desta "peça em loop, para ouvir como uma canção". LISBOA Teatro Nacional D. Maria IIDe 15 de Setembro a 14 de Outubro. Quinta e sexta às 21h; quarta e sábado às 19h (excepto dia 15, às 20h, no âmbito do programa Entrada Livre); domingo, às 16h. Conversa com a equipa artística no dia 13 de Outubro, após o espectáculo. Bilhetes de 7, 50€ a 12, 75€MúsicaNo Age regressadosOito anos depois da primeira aparição na Zé dos Bois, o duo californiano No Age volta à galeria lisboeta com as suas derivas power-rock-noise-punk experimentais e melódicas acabadas de renovar em Snares Like a Haircut. É o quarto capítulo da discografia de Randy Randall e Dean Allen Spunt, e o primeiro fora da alçada da SubPop (agora o selo é da Drag City). Nessa noite, dividem atenções com os riffs dos britânicos Pigs Pigs Pigs Pigs Pigs Pigs Pigs e o tom lo-fi de Sun Blossoms (projecto de Alex Fernandes); na seguinte, vão ao Porto para um concerto só deles. LISBOA Galeria Zé dos BoisDia 11 de Setembro, às 21h. Bilhetes a 15€PORTO Hard ClubDia 12 de Setembro, às 21h30. Bilhetes a 12€CinemaDe Diamantino a LinnO Queer Lisboa prepara-se para exibir, na sua 22. ª edição, uma centena de obras de 32 países, a maior parte feita nos EUA, com o Brasil logo a seguir. Para abrir, Diamantino, a saga decadente e mirabolante de um futebolista, co-realizada por Gabriel Abrantes e Daniel Schmidt; para fechar, Bixa Travesty, o percurso performativo e activista da transexual brasileira Linn da Quebrada documentado por Kiko Goifman e Claudia Priscilla. Entre eles, espaço para uma retrospectiva sobre a sida no cinema, debates, uma oficina com o realizador Rob Eagle, lançamentos, exposições, um programa musical dividido entre a cantora Janelle Monáe e o Festival Eurovisão da Canção, e várias festas. Depois de Lisboa, as projecções seguem para o Porto, onde o Queer se instalará, pela quarta vez, entre 10 e 14 de Outubro. LISBOA Cinema São Jorge e outros locaisDe 14 a 22 de Setembro. Bilhetes de 3, 20€ a 4€/sessãoTeatroFuga para o palcoEducação, envelhecimento, telemóveis, chico-espertismo, tiques, neologismos, hábitos irritantes, ementas, turismo, liberdade, amor… No programa Fugiram de Casa de Seus Pais, emitido entre Dezembro e Fevereiro pela RTP, Miguel Esteves Cardoso e Bruno Nogueira encontraram-se na sala do primeiro para debater as grandes e pequenas questões, ao ritmo da ironia, das opiniões e do sentido de observação de cada um – e do contributo de um convidado especial por episódio. Agora, estão a transpor a experiência para o palco, num espectáculo em que o público ocupa esse terceiro lugar e não se livra de ser chamado à conversa entre o escritor e o humorista. BRAGA Theatro CircoDia 15 de Setembro, às 21h30. Bilhetes de 15€ a 18€Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. MúsicaNo fim do Verão, Bate FortePelo terceiro ano consecutivo, Viana do Castelo contribui para esticar a época alta festivaleira com dois dias abertos a sons dos mais diversos espectros e holofotes sobre a produção nacional. No Viana Bate Forte, vão estar a dar música ao coração da cidade o jazz de Salvador Sobral, o blues-rock de The Legendary Tigerman, o fado de Gisela João, o hip-hop de Mundo Segundo & Sam The Kid, o funk dos HMB, a cantautoria de Manel Cruz, a rouquidão reggae de Bezegol, as batidas de Vibe, o rock alternativo dos Linda Martini, o Odeon Hotel dos Dead Combo, Ana Bacalhau em Nome Próprio e muitos mais. VIANA DO CASTELO Centro históricoDias 14 e 15 de Setembro, às 20h30. Grátis
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE
Spotify altera novo regulamento após ameaça da editora de Kendrick Lamar
Serviço de streaming tinha decidido remover das suas listas a obra de artistas envolvidos em "controvérsias", deixando ainda no ar a possibilidade de censurar canções com linguagem considerada imprópria. Protestos de músicos e editoras levaram a uma clarificação das regras. (...)

Spotify altera novo regulamento após ameaça da editora de Kendrick Lamar
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento 0.136
DATA: 2018-07-13 | Jornal Público
SUMÁRIO: Serviço de streaming tinha decidido remover das suas listas a obra de artistas envolvidos em "controvérsias", deixando ainda no ar a possibilidade de censurar canções com linguagem considerada imprópria. Protestos de músicos e editoras levaram a uma clarificação das regras.
TEXTO: O serviço de música online Spotify anunciou na sexta-feira a revisão da sua política de combate a conteúdos impróprios, que tinha levado recentemente à remoção das canções de R Kelly das suas listas de reprodução (playlists). A empresa recua na implementação do regulamento, que tinha sido apresentado em Maio, na sequência dos protestos de vários nomes da indústria musical. Concretamente, o Spotify admite que a linguagem do texto, que previa a remoção de conteúdos de músicos envolvidos em "controvérsias", era "demasiado vaga". O recuo era previsível tendo em conta uma entrevista concedida pelo CEO do Spotify, Daniel Ek, à revista Billboard, em que o co-fundador do serviço de streaming admitia que a implementação das novas regras não tinha corrido como esperava. A plataforma de streaming admite que as directrizes contra o conteúdo de apologia ao ódio criaram “confusão e preocupação”. “Não passámos tempo suficiente a recolher as opiniões da nossa própria equipa e parceiros-chave antes de partilharmos as nossas novas directrizes”, lê-se num comunicado da empresa. O regulamento comportava duas partes. A primeira previa que artistas que estivessem implicados em controvérsias não teriam as suas músicas nas playlists. Dois músicos viram as suas obras serem 'despromovidas' desta forma: o rapper norte-americano R Kelly, suspeito de assédio e abuso sexual, e XXXTentacion, acusado de agredir um mulher. Na prática, as músicas continuavam disponíveis no serviço, mas perderam lugar de destaque. Agora, a empresa admite o risco de meras "alegações" terem um "impacto negativo" na exposição da obra de outros músicos. "Alguns artistas começaram a temer que os erros cometidos na juventude pudessem ser usados contra si. O Spotify não é isso. Não queremos fazer de juiz nem júri", lê-se no comunicado da empresa. "O nosso papel não é o de vigiar o comportamento dos artistas. Portanto, estamos a abandonar a implementação de uma política relativa à conduta dos artistas", acrescenta. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A segunda vertente do regulamento dizia respeito directamente a conteúdos de apologia ao ódio. Essa regra vai ser mantida, mas clarifica-se que "conteúdo ofensivo, explícito ou vulgar" não equivale necessariamente a "discurso de ódio", pelo que o recurso a calão ou termos ofensivos, por exemplo, não será punido. "O Spotify não permite conteúdo cujo principal propósito seja incitar ódio ou violência contra pessoas por causa da sua raça, religião, deficiência, identidade de género ou orientação sexual. É o que temos feito antes e iremos remover conteúdo que viole esse padrão", lê-se. A decisão do Spotify segue-se a ameaças por parte de várias editoras, que indicaram a possibilidade de retirarem as canções dos seus artistas daquela plataforma de streaming. O nome de maior peso foi o da Top Dawg Entertainment, que representa músicos como Kendrick Lamar, vencedor de um Pulitzer, e SZA. O CEO da produtora, Anthony Tiffith, questionou a estratégia do Spotify, sugerindo que estava em causa uma campanha de perseguição com um alvo definido. “Porque é que não vão atrás de qualquer outro artista de outro género? Parece-me que estão sempre a implicar com a cultura do hip hop”, disse, citado pela britânica BBC.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave violência cultura mulher género sexual abuso perseguição raça assédio
Defesa de “Rei Ghob” não requereu abertura de processo
O advogado de Francisco Leitão, conhecido por “Rei Ghob”, disse nesta segunda-feira que a defesa decidiu não requerer a abertura do processo em que o cliente é acusado do homicídio e ocultação de cadáver de quatro pessoas. (...)

Defesa de “Rei Ghob” não requereu abertura de processo
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-08-23 | Jornal Público
SUMÁRIO: O advogado de Francisco Leitão, conhecido por “Rei Ghob”, disse nesta segunda-feira que a defesa decidiu não requerer a abertura do processo em que o cliente é acusado do homicídio e ocultação de cadáver de quatro pessoas.
TEXTO: “A equipa da defesa decidiu não abrir a instrução por uma questão estratégica”, disse hoje Fernando Carvalhal, advogado de Francisco Leitão. O prazo para a defesa requerer a abertura da instrução termina na quarta-feira, 20 dias depois de ter sido deduzida a acusação pelo Ministério Público (MP). Na acusação do MP, o arguido Francisco Leitão é acusado de quatro crimes de homicídio (três deles qualificados), outros quatro de ocultação de cadáver, um de falsificação de documentos e outro de detenção de arma proibida. O alegado homicida mantém-se em prisão preventiva a aguardar julgamento. Os crimes referem-se a duas raparigas, de 16 e 27 anos, e a um rapaz, de 22 anos, que estão desaparecidos, respectivamente, desde Março de 2010 e Junho de 2008, que levaram a Polícia Judiciária a suspeitar há um ano de um triplo homicídio. A quarta morte é a de um idoso, conhecido por “Pisa Lagartos”, dado como morto em 1995 após o arquivamento de um inquérito por alegado homicídio, no qual Francisco Leitão chegou a ser ouvido. O sucateiro da Carqueja, como também é conhecido, foi detido pela Polícia Judiciária a 20 de Julho de 2010, após uma investigação que durava há mais de um ano e intensificada em Março de 2010, após o desaparecimento de Joana Correia, a última vítima. As duas raparigas foram mortas alegadamente por questões passionais, porque eram namoradas de jovens com quem o alegado homossexual queria ter um caso amoroso. Um dos jovens era Ivo Delgado, alegadamente morto depois de Rei Ghob perceber que Ivo não pretendia ter qualquer envolvimento amoroso com ele após a morte da namorada, Tânia Ramos. O arguido publicava vídeos na Internet em que anunciava o fim do mundo e se auto-intitulava “Rei Ghob”. Em relação a outro processo, de alegados abusos sexuais, em fase de inquérito no MP da Lourinhã, o advogado Fernando Carvalhal adiantou que a defesa desconhece ainda essas suspeitas e que Francisco Leitão “não foi constituído arguido nesse processo”.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave morte homicídio prisão homossexual morto desaparecimento
HUC já tem 16 cirurgias programadas para mudança de sexo
Os Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC) realizam este mês as primeiras cirurgias para mudança de sexo, estando 16 já autorizadas pela Ordem dos Médicos, revelou hoje o coordenador da equipa multidisciplinar criada para o efeito. (...)

HUC já tem 16 cirurgias programadas para mudança de sexo
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-09-10 | Jornal Público
SUMÁRIO: Os Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC) realizam este mês as primeiras cirurgias para mudança de sexo, estando 16 já autorizadas pela Ordem dos Médicos, revelou hoje o coordenador da equipa multidisciplinar criada para o efeito.
TEXTO: António Reis Marques, director do Serviço de Psiquiatria dos HUC e responsável por este programa de cirurgias único no país, disse à agência Lusa que já foram seleccionados os primeiros quatro pacientes que pretendem mudar de sexo. “Mas mais 12 pessoas já obtiveram a necessária autorização da Ordem dos Médicos, havendo ainda outros pedidos”, acrescentou. Por proposta de Reis Marques, os HUC decidiram criar este ano a Unidade de Cirurgia Reconstrutiva Genito-Urinária e Sexual, que integra 15 médicos com diferentes especialidades. “Vários colegas, da Urologia e da Cirurgia Plástica, estiveram algum tempo num país da Europa para ver como se faz”, designadamente para “saber qual a sequência” das diferentes cirurgias a que pode obrigar uma mudança de sexo, referiu. Reis Marques, que já presidiu à comissão da Ordem dos Médicos que analisa os pedidos na área da transexualidade, avançou com a proposta para a criação deste serviço nos HUC, na sequência da aposentação de Décio Ferreira, do Hospital de Santa Maria, o único cirurgião que fazia estas operações em Portugal. A criação da Unidade de Cirurgia Reconstrutiva Genito-Urinária e Sexual foi primeiro aprovada pelo conselho de administração dos HUC, presidido por Fernando Regateiro, e obteve depois o aval do Ministério da Saúde. “Havia competência nos HUC para isso”, sublinhou António Reis Marques. A unidade reúne três ginecologistas, três urologistas, três cirurgiões plásticos e vários especialistas em Psiquiatria e Endocrinologia. A partir de agora, as cirurgias para mudança de sexo que antes eram feitas em Lisboa, no Hospital de Santa Maria, passam a ser asseguradas em Coimbra, sendo encaminhados pacientes de todo o país para este novo serviço dos HUC. “É no âmbito da sexologia que estes problemas se colocam”, afirmou o director do Serviço de Psiquiatria dos HUC, onde existe há três décadas uma consulta de sexologia iniciada há cerca de 30 anos pelo psiquiatra Allen Gomes. Nos HUC, segundo Reis Marques, da actual lista de pessoas que pretendem mudar de sexo, “há mais mulheres que querem ser homens” do que pacientes do sexo masculino que pedem para ser mulheres.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homens sexo sexual mulheres