Irlanda elege Presidente em eleições com desfecho imprevisível
Há muito que não se viam presidenciais tão animadas na Irlanda. A crise que forçou o recurso à ajuda externa deixou os irlandeses descrentes nos partidos, criando espaço para o aparecimento de candidaturas improváveis, como a de Martin McGuinness, o antigo comandante do IRA e actual vice-primeiro-ministro da Irlanda do Norte. E o desfecho tornou-se ainda mais imprevisível depois de o favorito nas sondagens ter sido acusado de receber dinheiro de um empresário com cadastro. (...)

Irlanda elege Presidente em eleições com desfecho imprevisível
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento -0.16
DATA: 2011-10-27 | Jornal Público
SUMÁRIO: Há muito que não se viam presidenciais tão animadas na Irlanda. A crise que forçou o recurso à ajuda externa deixou os irlandeses descrentes nos partidos, criando espaço para o aparecimento de candidaturas improváveis, como a de Martin McGuinness, o antigo comandante do IRA e actual vice-primeiro-ministro da Irlanda do Norte. E o desfecho tornou-se ainda mais imprevisível depois de o favorito nas sondagens ter sido acusado de receber dinheiro de um empresário com cadastro.
TEXTO: O último dia da campanha foi de pressão para Sean Gallagher, dono de uma empresa tecnológica que se tornou conhecido como júri de um reality show. Catapultado pela fama, apresentou-se aos eleitores como o mais apartidário dos sete candidatos na corrida à sucessão de Mary McAleese, mas rapidamente veio a lume a sua antiga filiação no Fianna Fáil (FF). A associação ao partido que os irlandeses culpam pela especulação e desgoverno do país - e que foi quase varrido do Parlamento nas legislativas de Fevereiro - era incómoda, mas a situação agravou-se quando segunda-feira, no último debate da campanha, McGuinness o acusou de ter recebido, em nome do FF, um donativo de 5000 euros de um empresário condenado por evasão fiscal e contrabando. Na versão do empresário, teria sido Gallagher a sugerir a doação, a troco de um encontro com o então primeiro-ministro, Brian Cowen. Indignado com os ataques à sua integridade, Gallagher negou ter sido tesoureiro do FF e acusou McGuinness de "tentativa de assassinato político" - escolha de palavras pouco inocente face ao passado do candidato do Sinn Féin. É incerto como o caso poderá afectar o resultado das eleições de hoje, tanto mais que só foi conhecido depois de divulgadas as últimas sondagens, que atribuíam a Gallagher 40% das intenções de voto, 15 pontos acima de Michael Higgins, poeta e antigo ministro trabalhista. Por ter ocorrido tarde na campanha, alguns analistas pensam que a vitória não fugirá a Gallagher, mas depois do debate televisivo as casas de apostas dão o favoritismo a Higgins que, aos 70 anos, é o mais velho dos candidatos, reputado pela sua independência e desprezo pelo capitalismo desregulado. Apesar do mediatismo da sua campanha, as sondagens dão apenas a McGuinness o terceiro lugar, com 15% dos votos. Um resultado que, a confirmar-se, não deixa de ser um sucesso para os nacionalistas que, depois de décadas como párias da política irlandesa, souberam capitalizar o desmoronamento do FF. Em Fevereiro, o Sinn Féin triplicou o número de deputados no Parlamento de Dublin e ambiciona ser alternativa à coligação entre o Fine Gael (centro) e os trabalhistas. E se a incerteza faz prever uma afluência às urnas acima da média, a diversidade dos candidatos ajuda a explicar o interesse dos eleitores por uma eleição habitualmente pouco concorrida - na Irlanda o cargo de Presidente é sobretudo cerimonial. Nos boletins há espaço para David Norris, o primeiro senador assumidamente homossexual num país tradicionalista, ou Dana Scanllon, cantora que em 1970 deu à Irlanda a primeira vitória no festival da Eurovisão e é hoje voz dos que se opõem à legalização do aborto. A eleição presidencial na Irlanda segue o método de voto preferencial - os eleitores listam os candidatos por ordem de preferência e, durante a contagem, os votos dos candidatos em pior posição vão sendo distribuídos pelos restantes até que um obtenha maioria absoluta. Os votos dos 3, 2 milhões de eleitores só amanhã começam a ser contados, devendo os resultados oficiais ser conhecidos no sábado. Notícia actualizada às 12h37
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Palavras-chave aborto ajuda assassinato homossexual cantora
Rei Ghob: Julgamento marcado para 9 de Janeiro
O Tribunal de Torres Vedras marcou hoje para 9 de Janeiro o início do julgamento de Francisco Leitão (Rei Ghob), acusado do homicídio de quatro pessoas. (...)

Rei Ghob: Julgamento marcado para 9 de Janeiro
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-01-08 | Jornal Público
SUMÁRIO: O Tribunal de Torres Vedras marcou hoje para 9 de Janeiro o início do julgamento de Francisco Leitão (Rei Ghob), acusado do homicídio de quatro pessoas.
TEXTO: Os crimes referem-se a duas raparigas, de 16 e 27 anos, e a um rapaz, de 22 anos, que estão desaparecidos desde Março de 2010 e Junho de 2008, respectivamente. Estes desaparecimentos levaram a Polícia Judiciária a suspeitar, há um ano, de um triplo homicídio, sem ter até à data descoberto os respextivos corpos. A quarta morte de que Rei Ghob é acusado é a de um idoso, conhecido por "Pisa Lagartos", dado como morto em 1995, após o arquivamento de um inquérito por alegado homicídio no qual Francisco Leitão chegou a ser ouvido. O colectivo de juízes do Tribunal de Torres Vedras vai efectuar hoje o sorteio de oito pessoas, entre 18, para compor o tribunal de júri, depois de ter iniciado em Setembro a selecção entre cem cidadãos, escolhidos de forma aleatória nos cadernos eleitorais do concelho. O Rei Ghob, nome com que se auto-intitulava nos vídeos que publicava na Internet a anunciar o fim do mundo, mantém-se em prisão preventiva a aguardar julgamento. O sucateiro da Carqueja, como também é conhecido, foi detido pela Polícia Judiciária a 20 de julho de 2010, após uma investigação que durava há mais de um ano e que foi intensificada em março de 2010, após o desaparecimento de Joana Correia, a última vítima. As duas raparigas foram mortas alegadamente por questões passionais, porque eram namoradas de jovens com quem o alegado homossexual queria ter um caso amoroso, um dos quais Ivo Delgado, outra das vítimas, alegadamente morto depois do "Rei Ghob" perceber que mesmo após a morte da namorada, Tânia Ramos, não pretendia ter qualquer envolvimento amoroso com ele.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave morte homicídio tribunal prisão homossexual morto desaparecimento
Caso "Rei Ghob": Tribunal selecciona cidadãos para tribunal de júri na sexta-feira
O Tribunal de Torres Vedras agendou para sexta-feira uma sessão para escolher cidadãos para constituírem o tribunal de júri que vai julgar o “Rei Ghob”, o homem acusado do homicídio de quatro pessoas, disse hoje fonte judicial. (...)

Caso "Rei Ghob": Tribunal selecciona cidadãos para tribunal de júri na sexta-feira
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-01-08 | Jornal Público
SUMÁRIO: O Tribunal de Torres Vedras agendou para sexta-feira uma sessão para escolher cidadãos para constituírem o tribunal de júri que vai julgar o “Rei Ghob”, o homem acusado do homicídio de quatro pessoas, disse hoje fonte judicial.
TEXTO: Fonte do tribunal disse à agência Lusa que está agendada uma sessão para sexta-feira, às 14h15, para que sejam sorteados os cidadãos que vão formar o tribunal de júri, requerido pelo Ministério Público. O tribunal de júri vai ser composto por três juízes de Direito e quatro cidadãos e é requerido em casos cuja pena máxima seja superior a oito anos de prisão, de acordo com o Código do Processo Penal. Estes cidadãos vão ter como competência julgar, segundo a sua consciência, sobre a eventual culpa do arguido. Na acusação do Ministério Público, o arguido Francisco Leitão é acusado de quatro crimes de homicídio (três deles qualificados), outros quatro de ocultação de cadáver, um de falsificação de documentos e outro de detenção de arma proibida. O alegado homicida mantém-se em prisão preventiva a aguardar julgamento. Os crimes referem-se a duas raparigas, de 16 e 27 anos, e a um rapaz, de 22 anos, que estão desaparecidos, respectivamente, desde Março de 2010 e Junho de 2008, que levaram a Polícia Judiciária a suspeitar há um ano de um triplo homicídio. A quarta morte é a de um idoso, conhecido por “Pisa Lagartos”, dado como morto em 1995 após o arquivamento de um inquérito por alegado homicídio, no qual Francisco Leitão chegou a ser ouvido. O sucateiro da Carqueja, como também é conhecido, foi detido pela Polícia Judiciária a 20 de Julho de 2010, após uma investigação que durava há mais de um ano e intensificada em Março de 2010, após o desaparecimento de Joana Correia, a última vítima. As duas raparigas foram mortas alegadamente por questões passionais, porque eram namoradas de jovens com quem o alegado homossexual queria ter um caso amoroso, um dos quais Ivo Delgado, outra das vítimas, alegadamente morto depois do “Rei Ghob” perceber que mesmo após a morte da namorada, Tânia Ramos, não pretendia ter qualquer envolvimento amoroso com ele. O arguido publicava vídeos na Internet em que anunciava o fim do mundo e se auto-intitulava “Rei Ghob”.
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Palavras-chave morte homicídio tribunal prisão homossexual morto desaparecimento
Professor fazia-se passar por mulher na Internet para conquistar outros homens
À frente do computador, ele deixava de ser homem. Passava a chamar-se Ana. Ana Sofia Sá Magalhães, um nome que condizia com o rosto de uma mulher loura, com ar nórdico e sotaque de Cascais. Era com uma fotografia desta personagem que inventara que se apresentava no mundo virtual onde “mergulhava” à procura de relações amorosas com outros homens. (...)

Professor fazia-se passar por mulher na Internet para conquistar outros homens
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento 0.337
DATA: 2012-01-13 | Jornal Público
SUMÁRIO: À frente do computador, ele deixava de ser homem. Passava a chamar-se Ana. Ana Sofia Sá Magalhães, um nome que condizia com o rosto de uma mulher loura, com ar nórdico e sotaque de Cascais. Era com uma fotografia desta personagem que inventara que se apresentava no mundo virtual onde “mergulhava” à procura de relações amorosas com outros homens.
TEXTO: O problema é que não se ficou pelas fantasias. Quando os seus interlocutores manifestavam o desejo de se encontrar com ele pessoalmente, faltava sempre. E quando, impacientes, acabavam por se afastar perseguia-os, ameaçando-os, chantageando, devassando a sua vida privada e provocando danos psicológicos e materiais, refere a acusação. O homem, de 40 anos, professor na Universidade de Évora e na Escola Superior de Educação, a fazer um doutoramento na área da Paleontologia, foi apanhado e está agora a ser julgado, no Campus da Justiça, em Lisboa, juntamente com outros nove arguidos, agentes da PSP e da PJ e detectives privados que, segundo o despacho de acusação terão colaborado nas perseguições e nas ameaças. Ontem realizou-se uma nova audiência, a que não compareceu por se encontrar de baixa médica. O professor de Évora é acusado dos crimes de denúncia caluniosa na forma continuada, de gravações e fotografias ilícitas, de ameaça na forma continuada, de coacção agravada na forma tentada e de perturbação da vida privada. Por vezes, também se fazia passar por um irmão que nunca teve, de nome Francisco, este com sotaque alentejano. Diz a acusação que “pelo menos desde 2001 até Junho de 2008” o arguido estabeleceu “contactos virtuais, através da Internet e telefonicamente com outros homens”. Nos “chats” iniciava “relações semelhantes a relações amorosas pessoais com alguns deles”, nunca revelando a sua identidade e fazendo-lhes crer que era mulher. Nalgumas das conversações telefónicas “simulava actos sexuais com os seus interlocutores, fazendo-se passar por uma mulher”. Em regra, os homens que escolhia para estes relacionamentos virtuais “passavam por períodos conturbados e difíceis nas relações com as suas mulheres, namoradas ou companheiras ou que haviam terminado alguma relação amorosa (. . . )”Não se sabe ao certo quantas pessoas encantadas com a fantasia, terão estabelecido este tipo de relações virtuais com o arguido. Mas foi sobretudo por causa de um deles que o processo avançou para julgamento: um jovem empregado de uma editora de Lisboa que se relacionou com o professor durante cerca de dois anos. No escritório do advogado Emanuel Pamplona que o representa no julgamento, há notícia de outros ofendidos e de pedidos de acusações particulares. Também se sabe de vítimas que nunca se queixaram, como um oficial da PSP que acabou por se divorciar em consequência da traição com a mulher que nunca existiu. A partir da altura em que as relações terminavam – relata a acusação – “o arguido começava a ameaçá-los, a ofender a sua honra junto dos próprios e de terceiros, nomeadamente junto das entidades hierárquicas e de tutela das suas profissões ou junto de entidades fiscalizadoras da sua actividade profissional, remetendo cartas anónimas para estas entidades”. Nestas dizia que “estes homens e suas mulheres praticavam os mais variados crimes, que os mesmos tinham doenças graves como o HIV, que eram homossexuais, procedendo também a outras acções, nomeadamente de vandalização dos seus pertences e outras (. . . )”O arguido ía mais longe nas suas acções de intimidação, adianta ainda a acusação. Solicitou “vários serviços de transporte funerário a agências funerárias, encaminhando vários carros funerários para as residências destes homens e seus familiares”. Chegou também a contactar “vários serviços de emergências, nomeadamente da EDP, dos Bombeiros e do INEM simulando que havia emergências nas residências de alguns destes homens (. . . )”Como precisava de conhecer com pormenor a vida e as rotinas daquelas pessoas, “o arguido contratava detectives particulares” (dois estão sentados no banco dos réus) pedindo-lhes, “a troco de uma remuneração que vigiassem e seguissem alguns daqueles homens, respectivos familiares e amigos (. . . )”
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Entidades PSP PJ
“O Artista” foi o grande vencedor nos Critics' Choice Award
O filme mudo “O Artista”, de Michel Hazanavicius, voltou a destacar-se na temporada de prémios de cinema, afirmando-se como o principal candidato na corrida aos Óscares, depois de ter vencido quatro galardões na cerimónia deste ano dos Critics' Choice Awards, entre eles o de melhor filme e melhor realizador. (...)

“O Artista” foi o grande vencedor nos Critics' Choice Award
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-01-13 | Jornal Público
SUMÁRIO: O filme mudo “O Artista”, de Michel Hazanavicius, voltou a destacar-se na temporada de prémios de cinema, afirmando-se como o principal candidato na corrida aos Óscares, depois de ter vencido quatro galardões na cerimónia deste ano dos Critics' Choice Awards, entre eles o de melhor filme e melhor realizador.
TEXTO: Teve estreia mundial em Cannes, onde deu que falar, e triunfou junto da crítica internacional e norte-americana que, nas últimas semanas, lhe atribuiu vários prémios, “O Artista” – rodado a preto e branco e como um filme mudo (recriando o cinema da era de ouro de Hollywood) – venceu ainda nas categorias de melhor guarda-roupa e melhor banda sonora. O filme francês é protagonizado por Jean Dujardin e Berenice Bejo e é sobre a transição do cinema mudo para o falado em Hollywood no final da década de 1920, mostrando o impacto que essa evolução teve na vida de um actor. Desde que se estreou em Maio, "O Artista" já arrecadou os galardões de alguns dos principais círculos de críticos norte-americanos, entre eles de Nova Iorque, Boston, Las Vegas, St. Louis, Indiana, Washington DC e Phoenix. O filme lidera ainda as nomeações aos Globos de Ouro, cujos vencedores são conhecidos este domingo, além de ser também um dos nomeados aos BAFTA, aos Independent Spirit Awards e aos Directors Guild Awards. “Eu fiz um filme mudo. Não gosto muito de falar”, disse Hazanavicius, ao receber um dos galardões, convidando todo o elenco a subir ao palco. Em destaque esteve também o filme “As Serviçais”, de Tate Taylor, que arrecadou três prémios, incluindo o de melhor elenco. A protagonista Viola Davis foi distinguida com o prémio de melhor actriz e Octavia Spencer foi considerada a melhor actriz secundária. “É uma honra para mim prestar homenagem a estas mulheres que, neste período, não podiam sonhar e perseguir os seus objectivos”, disse Viola Davis ao receber o galardão, referindo-se à história do filme. George Clooney venceu na categoria de melhor actor pelo papel em “The Descendants”, no qual representa um pai que tenta reatar a ligação com as duas filhas, depois de a mulher ficar em coma na sequência de um acidente de barco. Christopher Plummer, de 81 anos, que representa em “Assim é o Amor” um homem que assume a homossexualidade depois de a mulher morrer, foi premiado na categoria de melhor actor secundário. O novo trabalho de Martin Scorcese, o filme 3D de aventura e fantasia “A Invenção de Hugo”, sobre um rapaz que vive sozinho numa estação de comboios de Paris, levou para casa um galardão, o de melhor direcção artística. O prémio de melhor argumento original foi para “Meia-Noite em Paris”, de Woody Allen, e “Moneyball – Jogada de Risco”, de Bennett Miller, venceu na categoria de melhor argumento adaptado. “A Melhor Despedida de Solteira” foi considerado a melhor comédia, “Drive - Risco Duplo” venceu na categoria de melhor filme de acção e “Rango” arrecadou o galardão de melhor animação. “Uma Separação”, filme iraniano de Asghar Farhadi, que tem estado em destaque entre a crítica norte-americana, venceu o prémio de melhor filme estrangeiro. Os Critics Choice Awards são votados por mais 250 membros da Broadcast Film Critics Association, uma organização que reúne críticos de televisão, de rádio e de meios online. Os prémios são atribuídos desde 1995.
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Sete mensagens, críticas e um milhão e meio de seguidores na estreia papal no Twitter
Abrir contas no Twitter em oito línguas permitiu ao Vaticano um novo canal de comunicação que já chegou a um milhão e meio de seguidores, mas que também serviu de mote para críticas e chacota. (...)

Sete mensagens, críticas e um milhão e meio de seguidores na estreia papal no Twitter
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento -0.16
DATA: 2012-12-16 | Jornal Público
SUMÁRIO: Abrir contas no Twitter em oito línguas permitiu ao Vaticano um novo canal de comunicação que já chegou a um milhão e meio de seguidores, mas que também serviu de mote para críticas e chacota.
TEXTO: O Papa estreou-se no Twitter em oito línguas (entre as quais, o português), que são usadas noutras tantas contas, separadas, mas réplicas exactas umas das outras. A conta em inglês é, de longe, a que atraiu mais pessoas: já tem mais de 900 mil seguidores à data de publicação deste artigo. A conta em português ronda os 36 mil seguidores. A operação foi montada em parceria com o próprio Twitter e a equipa do Vaticano que gere as contas (a Igreja reconhece que não é o próprio Bento XVI a escrever as mensagens) decidiu, porém, não retribuir e não vai seguir ninguém, com excepção das próprias contas papais nas noutras sete línguas – e sete é também o número de mensagens por ora publicadas. Para lá da mensagem original, a conta deu respostas a questões colocadas por utilizadores, que podem utilizar as hashtags #askpontifex ou #B16 para interagir com o Papa (uma hashtag é uma expressão precedida pelo símbolo cardinal, que ajuda a pesquisar e agrupar mensagens no Twitter). Entre as perguntas endereçadas ao líder religioso estão questões que vão desde a pedofilia na Igreja Católica até aos personagens favoritos em séries televisivas – o Vaticano não respondeu nem a umas, nem a outras e resolveu abordar assuntos mais espirituais. Apesar de abertos à interacção, os responsáveis decidiram manter o perfil do Papa limpo de qualquer menção a quem interpela Bento XVI. A técnica é a de publicar a pergunta seleccionada (nas oito línguas), logo seguida de uma mensagem com a réplica papal. “Como viver a fé em Jesus Cristo em um mundo sem esperança?”, foi uma das perguntas. A resposta: “Com a certeza de que a pessoa crente nunca está sozinha. Deus é a rocha segura sobre a qual construir a vida, e o seu amor é sempre fiel. ”O recurso à ferramenta já deu azo a inúmeras mensagens que oscilam entre a chacota e a crítica. Foram também publicadas várias caricaturas e imagens satíricas. Por exemplo, um jornal americano publicou uma caricatura de Bento XVI, com um telemóvel na mão, a enviar uma mensagem: “Oh meu Deus! Esta tecnologia do século XXI é excelente para espalhar as minhas ideias do século XV sobre gays, mulheres e contracepção! LOL”. Houve também quem criasse um gif animado (uma animação de curta duração, que se repete ininterruptamente) com o momento em que o Papa, durante a cerimónia da estreia, teve dificuldades em premir o botão do Twitter no iPad.
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Ben Affleck: "Nunca pensei estar ao lado destes nomes"
O prémio de melhor filme dramático foi para Argo, cujo realizador também saiu vencedor. Lincoln, de Spielberg, é um dos derrotados da noite, com apenas um dos sete prémios para que estava nomeado. Os Miseráveis vence em musical/comédia. Na TV, ganharam Segurança Nacional e Girls. (...)

Ben Affleck: "Nunca pensei estar ao lado destes nomes"
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento -0.12
DATA: 2013-01-15 | Jornal Público
SUMÁRIO: O prémio de melhor filme dramático foi para Argo, cujo realizador também saiu vencedor. Lincoln, de Spielberg, é um dos derrotados da noite, com apenas um dos sete prémios para que estava nomeado. Os Miseráveis vence em musical/comédia. Na TV, ganharam Segurança Nacional e Girls.
TEXTO: A 70. ª edição dos Globos de Ouro, atribuídos em Los Angeles, no domingo à noite (madrugada de segunda-feira em Portugal), ficou marcada pela vitória de Argo na categoria de melhor filme. O actor Ben Affleck, que interpreta uma dos personagens e realizou o filme, bateu uma concorrência feroz e levou o prémio de melhor realizador. O triunfo de Affleck entre realizadores é ainda mais significativo se se tiver em conta que não está nomeado nessa categoria para os Óscares, que serão atribuídos a 24 de Fevereiro. Talvez por isso, escreve o New York Times, quando o realizador foi chamado ao palco para receber o prémio, ouviu-se na sala uma das maiores ovações da noite. "Não me interessa que prémio é. Quando põe o teu nome ao lado dos nomes que se acabaram de ler é uma coisa extraordinária", disse Affleck, fazendo referência aos realizadores que estavam nomeados consigo (Steven Spielberg, Ang Lee, Kathryn Bigelow e Quentin Tarantino). “Nunca pensei estar ao lado deles”, acrescentou Affleck, que agradeceu ainda às pessoas talentosas que não foram nomeadas como o realizador de O Mentor, Paul Thomas Anderson, “que é como Orson Welles”. Não esquecendo a mulher, a actriz Jennifer Garner, e os filhos, o actor e realizador dedicou o prémio a Tony Mendez, o agente da CIA que Affleck representa em Argo. Os Globos de Ouro são encarados como uma espécie de barómetro dos prémios da Academia, mas o júri dos Globos, composto por cerca de 100 jornalistas internacionais que trabalham em Hollywood, não elegeu nenhum dos que concorrem aos Óscares, nem os "consagrados" Ang Lee e Steven Spielberg. Com Tina Fey e Amy Poehler no papel de anfitriãs, a noite fica de resto marcada pela pobre prestação do filme dirigido por Spielberg, Lincoln. Apontado como favorito em sete categorias, leva para casa uma estatueta, a relativa à de melhor actor em filme dramático, atribuída a Daniel Day-Lewis, que destacou a amizade e o companheirismo de Spielberg, "um mestre humilde". "Deu-me uma experiência que vou guardar para toda a vida", disse o actor. Argo, filme sobre a crise dos reféns norte-americanos no Irão, tinha um total de cinco nomeações e triunfou como melhor filme dramático e melhor realizador. A melhor actriz num filme dramático é Jessica Chastain, pelo desempenho em 00h30: A Hora Negra, realizado por Kathryn Bigelow, que também perdeu para Ben Affleck na categoria de melhor realizador. Na categoria de melhor filme musical ou de comédia ganhou Os Miseráveis. Hugh Jackman e Anne Hathaway, que desempenham ambos um papel neste filme, ganharam os prémios de interpretação. O filme arrecadou assim três prémios, o que o tranformou num dos vencedores da noite. Django Libertado, de Quentin Tarantino, recolheu dois títulos, o de melhor argumento e melhor actor secundário, atribuído a Christopher Waltz. "Isto é uma grande surpresa, e estou muito contente por ter sido surpreendido", disse Tarantino ao receber o Globo de Ouro de argumento. A cantora Adele levou para casa o prémio para a melhor canção orginal, por Skyfall, tema do filme da saga James Bond. E Amor, de Michael Haneke, foi considerado o melhor filme estrangeiroExtra-concurso, a noite ficou ainda marcada pela presença do antigo Presidente americano, Bill Clinton, que subiu ao palco para apresentar Lincoln. "Uau, que noite excitante. . . Aquele era o marido da Hillary Clinton", gracejou uma das anfitriãs da noite. Clinton elogiou o filme de Spielberg, destacando que a luta do presidente Lincoln para abolir a escravidão deve servir como exemplo para as lutas nos dias de hoje. "Este filme brilhante mostra-nos como ele fez isso e dá-nos esperança de que podemos fazer tudo isso de novo. "Outra mulher em destaque foi a actriz Jodie Foster. Não só porque recebeu o prémio pelo seu contributo para o cinema como também pelo facto de ter confirmado publicamente a sua homossexualidade. Ao receber o prémio Cecil B. Demille, Foster aproveitou o discurso para dizer que era "gay", uma verdade há muito conhecida entre familiares e amigos da actriz e que ela apenas tinha referido indirectamente. Noite de GirlsOs Globos de Ouro também premeiam os melhores trabalhos televisivos e nesta área o destaque vai para a série Segurança Nacional que, tal como em 2012, ganhou o prémio principal - batendo nesta 70. ª edição dos Globos de Ouro o sucesso de época Downton Abbey, a nova série de Aaron Sorkin The Newsroom, a duradoura e arrojada Breaking Bad e a viagem à Atlantic City da Lei Seca Boardwalk Empire. Os dois protagonistas de Segurança Nacional, Damian Lewis e Claire Danes, levaram os prémios de interpretação. Na categoria de actores secundários (que junta nomeados por séries de comédia e drama, mini-séries ou telefilmes) os Globos foram para Maggie Smith (Downton Abbey) e para Ed Harris (Game Change). Julia Louis Dreyfus, com toda a sua experiência de Seinfeld e afins séries de comédia, já o tinha dito à entrada da cerimónia: não contava ganhar o prémio para que estava nomeada, na categoria de melhor actriz de comédia, porque ele pertenceria a Amy Poehler (co-apresentadora da cerimónia e protagonista de Parks and Recreation) ou a Lena Dunham. E foi mesmo a jovem actriz, realizadora, produtora e argumentista da série Girls, da HBO, que venceu o Globo. A série fenómeno, tanto pelo multitasking de Dunham quanto pelo peso que carrega na representação de uma certa juventude feminina americana do início do século XXI, com sexo e crueza à mistura, foi ainda considerada a melhor série de comédia televisiva pela Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood. Bateu a concorrência das favoritas e muito vistas Uma Família Muito Moderna e A Teoria do Big Bang, da mais recente e musical Smash e do veículo de regresso do actor de Friends Matt LeBlanc, Episodes. Notícia actualizada às 15h51: Acrescentadas reacções dos vencedores
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“É um bom negócio levar os cristãos a sério”
Para o produtor e consultor de televisão Phil Cooke o impacto da série A Bíblia protagonizada por Diogo Morgado deve-se à sua neutralidade: "é apenas a história da Bíblia sem tomar qualquer posição" (...)

“É um bom negócio levar os cristãos a sério”
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento 0.183
DATA: 2013-03-29 | Jornal Público
SUMÁRIO: Para o produtor e consultor de televisão Phil Cooke o impacto da série A Bíblia protagonizada por Diogo Morgado deve-se à sua neutralidade: "é apenas a história da Bíblia sem tomar qualquer posição"
TEXTO: Hollywood só fica a ganhar se prestar atenção ao público cristão. Quem o diz é Phil Cooke, produtor e consultor de televisão norte-americano, que explica parte do sucesso da série A Bíblia com a simplicidade da história. A outra parte tem obviamente a ver com a grande audiência cristã que existe nos Estados Unidos. Ao PÚBLICO, numa entrevista por e-mail, Phil Cooke, especialista em temas religiosos na televisão e autor do livro One Big Thing: Discovering What You Were Born to Do, falou do fenómeno que se gerou nos Estados Unidos com a série protagonizada por Diogo Morgado e tentou antecipar o efeito que terá por cá. A Bíblia estreia já neste fim-de-semana na SIC, estando os dez episódios divididos entre as tardes de sábado e domingo. O que faz esta série ser tão popular? Existem várias razões para A Bíblia ter tido tanto sucesso nos Estados Unidos. Primeiro, é popular porque está livre de uma agenda. Não é a abordagem normal de “Jesus: Casou secretamente com Maria Madalena?” ou “Jesus: Foi gay?”. É apenas a história da Bíblia sem tomar qualquer posição. Em segundo, é popular porque é unificador. Estiveram envolvidos no aconselhamento à produção mais de 40 investigadores, teólogos e pastores de todo o espectro do cristianismo. É popular porque não só cada episódio tem um ângulo arrebatador da história, como toda a série conta a meta-narrativa de Deus e de como Ele lida com a humanidade. Por fim, nos Estados Unidos, as pessoas estão sedentas de histórias da Bíblia. Os EUA têm uma separação tão rígida entre a Igreja e o Estado, que a maioria dos administradores das escolas não está nem disposta a assumir o risco de ensinar a Bíblia. Apesar do incrível impacto que teve na literatura ocidental, na arte, na música e na educação, a Bíblia está a perder a sua influência. Como resultado, temos uma geração que conhece pouco ou mesmo nada sobre a Bíblia, e que parece ter fome dela. Esta série de televisão está a alimentar essa fome. Qual é a sua opinião sobre esta série? Eu próprio sou produtor de televisão, e qualquer produtor faria as coisas de forma diferente. Comparada com um típico filme ou um programa de televisão em prime time, esta série tem um orçamento limitado. Mas a verdade é que Mark Burnett é o produtor mais bem-sucedido da televisão porque ele conhece a audiência. Independentemente do que se possa pensar sobre a série, Mark fez um trabalho brilhante ao chegar a uma audiência mainstream de uma forma poderosa. Sempre existiram filmes e séries sobre a Bíblia, de que forma é que esta é diferente? É a história simples da Bíblia. Os produtores que não estão familiarizados com ela pensam que têm de criar programas baseados na Bíblia com um ângulo provocador ou controverso. Eles não percebem que as histórias em si são poderosas. São histórias épicas que resistiram ao teste do tempo. Não precisam de uma agenda, não têm de ser actualizadas. A Bíblia é ainda o maior best-seller de todos os tempos. Não percebo porque é que alguém há-de ser tão arrogante ao ponto de pensar que pode melhorar estas histórias. Esta é uma série apenas para crentes? Claro que não. Sabemos que uma ampla variedade de pessoas está a ver a série. Ainda na semana passada vi no Twitter um tweet de um muçulmano a defendê-la. Crentes de todas as fés, e até mesmo não crentes, parecem vê-la regularmente e estão a gostar muito. Qual é a importância deste tipo de séries para a nossa sociedade? Nós esquecemo-nos que existem milhares de referências bíblicas na obra de Shakespeare. Centenas de romances como Moby Dick têm temas da Bíblia por base. Nos Estados Unidos, nem sequer se perceberia o famoso discurso de Martin Luther King, “Eu tenho um sonho”, se não se entendesse a Bíblia. Para os ocidentais em especial, a Bíblia teve um impacto indelével. O facto de a maioria da população americana ser religiosa, contribuiu para o sucesso da série? O Pew Research Center diz que existem mais de 90 milhões de cristãos evangélicos nos Estados Unidos. Isso significa que o público cristão é o maior grupo de interesse na América. Acho que Hollywood finalmente reconheceu que é simplesmente um bom negócio levar esta audiência a sério. Mas como já disse atrás, isto não se resume ao público cristão. Neste caso, trata-se de simplesmente grandes histórias que qualquer pessoa aprecia. Considerando as diferenças entre os Estados Unidos e a Europa, como é que acha que a série vai ser recebida aqui? Os Estados Unidos e a Europa têm a mesma herança cultural, embora a Europa se tenha afastado mais desta herança. Mas uma viagem por qualquer grande cidade europeia vai revelar o impacto e a influência que o cristianismo teve na sua história. A verdade é que eu acho que a Europa vai sentir para sempre a sombra do cristianismo, quer tenha reconhecimento público ou não. Muitas das suas maiores instituições, desde hospitais, orfanatos, serviços sociais, universidades, e muito mais foram fundados por homens e mulheres incumbidos por princípios cristãos. Muito do nosso sistema legal é baseado nos Dez Mandamentos. Mas a grande ironia é que a grande liberdade que o cristianismo traz para uma cultura, é a mesma liberdade que dá à cultura a escolha de fugir desta fé.
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Religiões Cristianismo
O vozeirão de Brittany Howard neste tão quente Paredes de Coura
Brittany Howard conquistou o público, Bombino pô-lo em transe furioso, os Unknown Mortal Orchestra deliciaram-se e deliciaram. Paredes de Coura, dia 2, quarta-feira, um dia antes do arranque em pleno. (...)

O vozeirão de Brittany Howard neste tão quente Paredes de Coura
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento 0.125
DATA: 2013-08-15 | Jornal Público
SUMÁRIO: Brittany Howard conquistou o público, Bombino pô-lo em transe furioso, os Unknown Mortal Orchestra deliciaram-se e deliciaram. Paredes de Coura, dia 2, quarta-feira, um dia antes do arranque em pleno.
TEXTO: Já começou? Claro que sim. Ainda não tínhamos ouvido concertos mas Paredes de Coura, ou melhor a praia fluvial do Taboão, vivia uma alegre azáfama na tarde de quarta-feira, o segundo dia do festival. Os membros da organização atarefavam-se ainda a arranjar os últimos pormenores para que tudo estivesse operacional hoje, quinta-feira, dia em que a 21. ª edição do Paredes de Coura arranca em pleno, com o já clássico Jazz na Relva durante a tarde, com concertos de The Knife, Hot Chip, Jagwar Ma, Toy ou Vaccines divididos entre os palcos Vodafone e Vodafone FM. Antes, porém, a noite de quarta-feira teve muito para mostrar: os aguardadíssimos Alabama Shakes, os óptimos Unknown Mortal Orchestra, o contagiante Bombino. Horas antes dos concertos, olhávamos em volta e víamos: muita, tanta gente na relva, uma multidão de colchões e barcos insufláveis no rio e campismo já repleto (“Welcome to the jungle”, escrevera alguém num pano à entrada, mas era selva sem perigos e com todo o prazer que a sombra oferece quando o calor é tão intenso, tão acima dos 30ºC)A noite não caíra ainda, mas a música que ouvíamos pedia-a. Era música de banda, era música para pista de dança: a Discotexas Band, o combo da Discotexas que reproduz as canções da editora e que, com Xiboni ou Moullinex dividindo-se entre baixos e guitarras, teclados e sintetizadores e demais parafernália sonora, oferecia a Da Chick, meio rapper, meio punk, sempre a carregar na estridência, a base disco e funk e house mesclado de rockabilly (também aconteceu) que faria as delícias de uma madrugada e daqueles que nela dançassem. Ainda que, como os próprios cantaram, via Moullinex, “24 hours a day, take my pain away”, e ainda que a muito lúdica versão de Maniac (sim, a da banda sonora de Flashdance), pedaço de elegância, muito lúdica e muito efusiva, ou não estivesse em palco Da Chick (que continuamos sem compreender porque insiste em comunicar em inglês quando fala para portugueses), tenha sido recebida como prazer para acabar com estrondo com as “sunset parties” deste mundo. Começou então com a Discotexas Band o segundo dia de Paredes de Coura, o último antes do arranque em pleno, quinta-feira. Aquele em que o Palco Vodafone FM, o da tenda, não do famoso anfiteatro natural, transbordou para cantar o soul-rock de Hold on com os Alabama Shakes e que entrou em histeria de crowd-surf e bamboleio furioso com o concerto feito rave tuaregue do magnífico Bombino – e onde vimos também uma banda admirável, Unknown Mortal Orchestra, acrescentar ao psicadelismo solar, introspectivo, dos seus dois álbuns, uma explosão rock’n’roll que terá feito a Jimi Hendrix Experience, onde quer que estejam Hendrix, Mitch Mitchell e Noel Redding, aplaudir em aprovação. Horas depois no concerto, a banda de Ruban Nielson publicava uma foto na sua conta de Instagram e escrevia que em Paredes de Coura tinha encontrado “provavelmente o melhor público" da sua carreira. E sim, o público foi generoso com a banda, ao vivo um power trio portentoso em que as canções, pérolas pop de psicadelismo em suspensão, quais reflexos dos Beatles (os de Revolver) transformados em veículo para Nielson cantar, estranhamente dolente, neurose e fragilidade: “Isolation, it can put a gun in your head”, ouvimo-lo em From the sun. Mas ali, no palco de Paredes de Coura, tudo isso é sublimado. Quer So good at being in trouble, quer a última canção do concerto, essa Ffunny ffrends com melodia entoada pelo público, quer, no limite, todas as canções, são prolongadas em sequências de rock cósmico, em êxtase “Hawkwindeano”, “Hendrixiano”, “Ruban Nielsoniano”. Vemos o vocalista largar o microfone e trocar a voz andrógina pela expressividade da guitarra que zumbe, que levita, que explode em mil direcções. Vemo-lo mover-se como que respondendo à descarga eléctrica do instrumento, ouvimos o extraordinário baterista (Riley Geare) entregar-se algures a um solo que é mais um elemento para prazer sónico e não desnecessária demonstração de ego e devolvemos o elogio aos autores de um dos melhores álbuns de 2013, II: um grande concerto perante uma plateia que, pouco depois, cresceria como em nenhum outro momento da noite. Responsáveis: os Alabama Shakes. Ou melhor, essa mulher de voz poderosa e guitarra a tiracolo chamada Brittany Howard. A banda de Athens, no sul dos Estados Unidos, fenómeno recente da música de raiz americana, tem um amor declarado pelo soul clássica, pelo gospel e pelo rock’n’roll dos primórdios. Começaram como banda de versões e isso nota-se, para o bem e para o mal. Ou seja, conhecem intimamente as expressões musicais que idolatram, e isso é bom, mas agem como se estivessem ofuscados por esse brilho, e isso não é necessariamente bom, já que os torna demasiado conservadores. Felizmente têm Brittany Howard, discípula sábia dos seus mestres: canta com a alma na garganta (e todos a acompanham na canção que os revelou, Hold on), mostra sageza soul ao falar de Heartbreaker (“não é uma canção triste, é uma canção sobre aprender lições”) e revela-se um furacão ao apresentar essa Hang loose que ouvimos como vívida homenagem a um dos pais do rock’n’roll, Chuck Berry. Os Alabama Shakes “são” Brittany Howard. A banda acompanha-a com competência mas é nela que, literal e metaforicamente, se concentram todos os focos de luz. Tem vozeirão e espírito soul (curiosamente, apesar de nos recordarmos de Big Mama Thornton ao longo do concerto, as suas referências parecem ser masculinas: Otis Redding, Sam Cooke, Marvin Gaye). O público adora-a e, através dela, adora estas canções soul que encontramos em Boys & Girls. Quando se tornar cantora de corpo inteiro, de alma preenchida, será um caso sério. E falando de caso sério…À tarde, víramos um guitarrista tuaregue tocar na aldeia das Porreiras sob um sol abrasador para 50 privilegiados (um dos “concertos surpresa” que a Vodafone FM tem promovido diariamente nas redondezas do festival). À noite esse mesmo guitarrista, acompanhado pelos mesmos três músicos, mas agora em versão eléctrica, ateou fogo sob a multidão e foi ver como a música de Bombino, tuaregue do Níger que absorveu a música do seu povo e a complementou com o visionamento de vídeos de Jimi Hendrix, suscitou este cenário surpreendente: público em crowd-surfing como em concerto punk, o mesmo público acompanhando a furiosa cadência rítmica da música como em ritual transe de que toda a gente sai viva, mas necessariamente diferente. O autor do celebrado Nomad, produzido pelo Black Keys Dan Auerbach, é um músico sábio. Tacteia o público perante si e experimenta o que será mais indicado para quem o vê. Começou dolente, com a guitarra serpenteando e o ritmo quebrado da bateria a apalpar terreno. Vinte minutos depois do início, estava decidido: as canções seriam uma torrente interminável, com a bateria a fazer corar de vergonha a caixa de ritmos mais eficiente (a sabem-se lá quantas centenas de batidas por minuto), com o baixo e a guitarra ritmo presos num loop encantatório e Bombino, à uma, a conduzir e a ser conduzido pela banda. No palco do Paredes de Coura, este tuaregue foi como que uns Tinariwen com uma injecção de adrenalina, foi os contratempos dos Skatalites atirados ao espaço sideral, foi festa tão festa e tão intensa que, pela primeira vez nesta edição do festival, houve direito a encore. Hoje, quinta-feira, o calor continua. O festival prosseguirá. Venham os Jagawar Ma, os Hot Chip, os The Knife, os Vaccines ou os Toy.
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Palavras-chave mulher corpo cantora vergonha
Mais de 70 pessoas acompanhadas em dois anos para mudar de sexo
Unidade especializada que funciona no Hospital de Coimbra desde Setembro de 2011 tem 68 processos. Em Lisboa, num hospital privado fizeram-se este ano duas mudanças de sexo e há mais três planeadas. (...)

Mais de 70 pessoas acompanhadas em dois anos para mudar de sexo
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-08-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: Unidade especializada que funciona no Hospital de Coimbra desde Setembro de 2011 tem 68 processos. Em Lisboa, num hospital privado fizeram-se este ano duas mudanças de sexo e há mais três planeadas.
TEXTO: Têm entre 18 e 60 anos e vêm de todo o país. A maioria está "perfeitamente enquadrada na sociedade e tem companheiros". A Unidade Reconstrutiva Genito-Urinária e Sexual (URGUS), no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, nasceu em Setembro de 2011 depois de o único médico que até então fazia cirurgias de reatribuição de sexo no Serviço Nacional de Saúde (SNS) se ter reformado. Balanço de actividade? O serviço acompanhou até agora 68 transexuais. São pessoas que nasceram com um corpo com o qual não se identificam. Em dois anos de vida, 26 estão em avaliação psicológica, 15 já iniciaram o processo (terapia hormonal) para a reatribuição de sexo e 25 passaram à fase das cirurgias, diz Celso Cruzeiro, o médico cirurgião plástico que dirige a URGUS. Apenas em duas situações "a mudança de sexo não foi recomendada pelo elevado risco trombótico". Quase sempre estamos a falar de homens e mulheres muito acompanhados pelas famílias - "São pessoas que tiveram infâncias terríveis, que sofreram, que foram frequentemente vítimas de bullying nas escolas. . . As famílias compreendem a necessidade da intervenção. "Um transexual é alguém que nasce com um corpo de um sexo e com um cérebro de um género contrário. Ou seja, nasce com corpo de homem mas com cérebro de mulher ou vice-versa, como descreve João Décio Ferreira, que, durante anos, fez tratamentos cirúrgicos de pessoas com diagnóstico de Perturbação de Identidade de Género (transexualidade) no Hospital de Santa Maria, em Lisboa. Actualmente fá-los no privado, no Hospital de Jesus. Não lhe passou, por isso, despercebido que, na semana passada, Bradley Manning, o soldado norte-americano de 25 anos condenado a 35 anos de cadeia por passar documentos secretos à Wikileaks, tivesse anunciado ao mundo que iria passar a viver como mulher. "Face ao que sinto e senti desde a infância, quero começar um tratamento hormonal logo que possível", declarou Manning num depoimento escrito. Explicou ainda que o passo seguinte será a consumação da mudança de sexo. "Se fosse em Portugal, só poderia acontecer com um diagnóstico feito por uma equipa multidisciplinar", explica Décio Ferreira. "Ou seja, psicólogo, psiquiatra, endocrinologista, sexólogo. . . este diagnóstico, por sua vez, tem de ser confirmado por uma segunda equipa. Se isso acontecer, até eu o opero se ele quiser", continua o cirurgião que tem sido convidado por pares de vários países a mostrar a sua técnica. No Hospital de Jesus realizou, em Dezembro do ano passado, uma mudança do sexo masculino para o feminino, este ano fez mais duas intervenções e até ao final do ano tem planeadas mais três. Não é um processo rápido. "O tempo varia. Existem casos sob observação e orientação desde a infância enquanto outros apenas na vida adulta despertam para este problema de saúde", diz Celso Cruzeiro. Depois do pedido expresso e da primeira observação pela psiquiatria podem passar dois, três anos. Até porque, "antes de assumir a mudança, é feita uma prova de vida em que o indivíduo vive, pelo período de um ano, com o género que vai adoptar". A terapia hormonal é a segunda fase do tratamento. E só depois - não sem a Ordem dos Médicos dar luz verde - os cirurgiões operam. O número, tipo e complexidade das cirurgias varia de caso para caso. Uma pessoa que nasceu "erradamente" com o sexo feminino, por exemplo, poderá querer fazer uma mastectomia (remoção das mamas), uma histerectomia (remoção do útero), uma faloplastia (formação de um pénis com tecidos de outras zonas do corpo). Mas há doentes que optam por não realizar, por exemplo, a faloplastia. Inicialmente, apareciam mais pessoas que queriam mudar do sexo feminino para o masculino - Portugal sempre foi considerado peculiar, com cerca de três cirurgias de mudança de feminino para masculino para cada uma de masculino para feminino, o que é o contrário da tendência internacional. "Mas agora os números estão mais aproximados. "Todos as intervenções feitas na URGUS são comparticipadas pelo SNS. No privado, é bem mais caro. Mas Décio Ferreira garante que no hospital onde opera o que se cobra é, muitas vezes, metade ou menos do que o preço de tabela, porque as pessoas têm situações económicas difíceis. "São pessoas que me procuram. Algumas não gostam das técnicas cirúrgicas utilizadas em Coimbra. " O cirurgião faz ainda questão de deixar uma crítica ao Governo. Há dois anos, o Hospital de Jesus entregou ao Ministério da Saúde uma carta onde propunha "um protocolo para a realização destas cirurgias através do SNS". Nunca teve resposta. A opção do Governo, depois do fim das cirurgias em Santa Maria, foi centralizar os casos em Coimbra.
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