Acusado de abusos sexuais, vice-presidente do Parlamento britânico demite-se
Procuradoria anunciou que Nigel Evans vai responder por oito crimes de natureza sexual, incluindo violação. Conservador quer continuar no Parlamento como deputado (...)

Acusado de abusos sexuais, vice-presidente do Parlamento britânico demite-se
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento 0.25
DATA: 2013-09-11 | Jornal Público
SUMÁRIO: Procuradoria anunciou que Nigel Evans vai responder por oito crimes de natureza sexual, incluindo violação. Conservador quer continuar no Parlamento como deputado
TEXTO: Um dos vice-presidentes da Câmara dos Comuns apresentou a sua demissão do cargo, depois de a procuradoria britânica ter decidido acusá-lo por oito crimes, incluindo abuso sexual e violação. Nigel Evans diz-se inocente e anunciou que não vai renunciar ao lugar de deputado. As acusações vieram a lume em Maio, quando o deputado conservador foi detido pela Scotland Yard, por suspeita de ofensas sexuais ocorridas entre 2009 e 2013, e o seu gabinete em Westminster chegou mesmo a ser alvo de buscas, após autorização do speaker (presidente) do Parlamento britânico, John Bercow. O deputado, que suspendeu o mandato até à conclusão das investigações, foi detido uma segunda vez, em Junho, e terça-feira acabou por ser acusado após novo interrogatório. “Apesar de triste por o caso não ter sido encerrado hoje, estou certo de duas coisas: a primeira é que sou inocente, a segunda é que a minha inocência ficará provada”, disse Evans, numa declaração aos jornalistas à saída da esquadra de polícia, em que classificou de “inacreditáveis” as acusações que lhe são feitas. O deputado conservador anunciou ter já informado os outros dois vice-presidentes dos Comuns da decisão de se demitir, mas assegurou que pretende continuar a representar o círculo eleitoral pelo qual foi eleito em 1992. É, no entanto, incerto se o Partido Conservador vai acatar a decisão ou em que circunstâncias poderá retomar o cargo. Num comunicado divulgado terça-feira à noite, o Ministério Público anunciou ter concluído, “após cuidada consideração”, que “existem provas suficientes e que é do interesse público” levar o deputado a tribunal. Segundo a procuradoria, Evans será acusado de dois crimes de actos indecentes, cinco crimes de abuso sexual e um crime de violação. Os factos em causa terão ocorrido entre 2004 e Março deste ano e as vítimas foram sete homens, com idades na ordem dos 20 anos. Deputado há duas décadas, Evans pertence à ala eurocéptica dos conservadores, partido onde ocupou vários cargos de liderança, tendo sido eleito pelos seus pares em 2010 para um dos três vice-presidentes da Câmara dos Comuns. Meses depois assumiu-se como homossexual num texto publicado nos jornais, dizendo não querer continuar a “viver uma vida de mentira”.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave crime homens tribunal violação sexual homossexual abuso
Papel da mulher na Igreja não é de servidão, diz o Papa
Um dos riscos que a mulher corre hoje é o de ver a maternidade reduzida a um papel social (...)

Papel da mulher na Igreja não é de servidão, diz o Papa
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-10-13 | Jornal Público
SUMÁRIO: Um dos riscos que a mulher corre hoje é o de ver a maternidade reduzida a um papel social
TEXTO: “Sofro quando vejo na Igreja ou em algumas organizações eclesiásticas que o papel de serviço que todos nós devemos ter fica relegado a um papel de servidão no caso da mulher”, disse o Papa, neste sábado, num encontro realizado no Vaticano, sobre a vocação e a missão da mulher hoje em dia. O encontro foi organizado pelo Conselho Pontifício para os Leigos, por ocasião do 25º aniversário da publicação da Encíclica de um de seus antecessores, João Paulo II, sobre a vocação da mulher (Mulieris Dignitatem). Segundo a agência I-Média, o Papa Francisco afastou-se do discurso preparado para a ocasião para expressar a sua posição relativamente à posição da mulher na Igreja. Sublinhando terem existido mudanças sociais e culturais, lembrou que é a mulher que continuará a ter a responsabilidade da maternidade. Existem, no entanto, dois perigos para a mulher. O primeiro é o de “reduzir a maternidade a um papel social”, ou seja, a uma tarefa que, “embora nobre”, diferencia a mulher e não valoriza todo o seu potencial na comunidade. O segundo risco é, “como reacção a este, no sentido oposto, promover uma espécie de emancipação que, para ocupar os espaços tomados pelo masculino, abandona o feminino e os preciosos traços que o caracterizam”. O reforço do papel das mulheres na Igreja foi um dos temas abordados pelo Papa numa entrevista ao jornal La Civiltà Cattolica, publicada no início do mês de Outubro. Na mesma entrevista, Francisco considerou que a Igreja Católica se tornou "obcecada" com os temas do aborto, do casamento homossexual e da contracepção.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave aborto mulher comunidade social espécie mulheres casamento homossexual
Racional, gestor, tímido, barítono: Pedro Passos Coelho é um líder natural
Usa a voz, a pose e as ideias controversas para se afirmar, e é, dizem os amigos, um gestor: sabe transformar os defeitos em qualidades. Vêem nele um líder natural. (...)

Racional, gestor, tímido, barítono: Pedro Passos Coelho é um líder natural
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento -0.2
DATA: 2010-04-09 | Jornal Público
SUMÁRIO: Usa a voz, a pose e as ideias controversas para se afirmar, e é, dizem os amigos, um gestor: sabe transformar os defeitos em qualidades. Vêem nele um líder natural.
TEXTO: Ele é forreta. Nisso os amigos estão de acordo. É agarrado ao dinheiro. Não à maneira de Manuela Ferreira Leite, que era a "dona de casa". Ele é mais do género de ir para a farra com os amigos. Já tinha esse hábito nos anos 80, quando era líder da JSD. Iam para a Adega do Ribatejo, no Bairro Alto, comer e beber até às tantas. Ele e Miguel Relvas e outros companheiros, nem todos da política. Gastavam o dinheiro todo e depois não chegava para o táxi. Iam para casa a pé. Mas valia a pena. Passos conversava muito, comia sopa de cenoura com feijão, bebia vinho tinto e cantava o fado. Por vezes à desgarrada, com outros cantores da fauna local, como era o caso de Quinzinho de Portugal, de quem ainda hoje é amigo. Tal como é ainda amigo de Relvas e dos outros. Era uma época de pândega, mas também de uma maneira diferente de viver a política: mais autêntica, mais afectiva. Forjavam-se relações e solidariedades políticas que perduravam, para além das conveniências de momento ou de divergências conjunturais. Passos entrou para a JSD por causa de um campeonato de cartas. Naquele ano de 1978, estava em Vila Real e era Verão, o que significava três meses de tédio. Não havia praia, não havia piscinas, não havia nada para fazer. Pedro tinha 14 anos. Aos 12, tinha ido a Lisboa participar num congresso da UEC (União dos Estudantes Comunistas). Mas não se divertiu. Não se conversava o suficiente, as pessoas pareciam ter todas a mesma opinião. Na JSD, tudo parecia ser mais interessante. Pedro sempre gostou de conversar. Em Angola, onde viveu entre os 5 e os 10 anos, costumava "infiltrar-se" nas conversas do pai, no palácio do governador do Bié. O pai, médico, era director do Serviço de Saúde e tinha por hábito falar com os amigos sobre a situação do país, os problemas do mundo. Numa altura em que a asfixia na metrópole era verdadeiramente antidemocrática, em Angola podia-se falar com relativa liberdade. Pedro, com 7 anos, gostava mais de ouvir as conversas sérias do que de brincar. Sempre foi assim: fazia tudo antes de tempo, ou depois de tempo. Aos 21 anos, foi viver com uma cantora das Doce, Fátima Padinha, por quem estava apaixonado, sem ter casado com ela. Ainda sem estar casado, teve a primeira filha. Depois foi trabalhar antes de terminar o curso. Não entrara em Medicina porque, para ficar próximo da política, não quis concorrer para longe de Lisboa. Matriculou-se em Matemática. Depois tornou-se deputado em vez de consolidar a carreira profissional. Só regressou à faculdade, para estudar Economia, depois dos 30. Andou para trás e para a frente, fez tudo ao contrário do que era esperado. "Não pelo prazer de ser do contra", diz ele. Mas a verdade é que até as causas que escolheu foram sempre as que poderiam provocar a discórdia. Como, na JSD, a recusa do serviço militar obrigatório, das propinas ou da penalização das drogas leves, o que irritava os líderes do partido. Liberal nos costumesÉ próprio da sua geração ser liberal em relação aos costumes. O casamento gay ou o aborto não podem ser tabus para quem cresceu já depois do 25 de Abril. É uma questão de modernidade, de civilização, como explica o seu amigo Vasco Rato. Não é possível ficar para trás no tempo. Mas, no caso de Passos Coelho, todo esse liberalismo surgiu mais por aggiornamento do que por formação, acha outro grande amigo, Ângelo Correia. No âmago, é um conservador, como bom transmontano que é. Seja como for, Passos esgrimiu com convicção as "causas fracturantes". Não deverá fazê-lo agora, pensam os amigos. Há outras mais importantes. Outro defeito: é teimoso. Rígido e orgulhoso, faltam-lhe rins para quando é preciso driblar. É racional, talvez frio. Muito analítico. Gosta de decidir e gosta de mandar. E gosta de ter razão. É assertivo. E ainda mais este defeito: não tem capacidade de síntese. Perguntam-lhe por um assunto, e ele fica uma hora a explicar. Se não lhe dão uma hora, não consegue fazer-se entender, e passa por pouco inteligente. Pior: passa por artificial. E aquela voz e aquele bom aspecto não ajudam nada. Há quem diga que é um político de plástico. Mas talvez se engane. "Passos é um gestor", diz Relvas. Está habituado ao Deve & Haver das empresas, "a trabalhar com Excel". Por isso sabe aproveitar, rentabilizar, transformar os defeitos em qualidades. Extraiu benefícios de ter feito tudo na altura errada. Andou pelas frestas da existência e espreitou quanto pôde. E de tudo fez capital. É um gestor. Com ele, nada se perde. Por ter vivido em África tornou-se mais aberto, mais tolerante para com a diferença. E também mais interessado e mais informado sobre os temas da política, que nas colónias se discutiam abertamente. E proporcionou-lhe ainda a perspectiva de alargar a economia portuguesa ao mundo lusófono (Angola, Brasil), onde considera que o país goza de vantagens competitivas. Ter estado oito anos da sua juventude no Parlamento prejudicou-lhe a vida académica e profissional, mas ensinou-lhe muito sobre a política. E o hábito das jantaradas e da conversa criou-lhe o gosto pelo debate de ideias e a capacidade de ouvir e aprender. Ter ido tardiamente para a faculdade permitiu-lhe contactar com pessoas mais jovens, e absorver muito da sua forma de pensar e sentir. Ter casado cedo, ter tido duas filhas desse casamento, deu-lhe um sentido de responsabilidade e uma estabilidade emocional que os jovens da sua idade não tinham. "O Pedro é um homem de família", dizem todos os seus amigos. Os antigos companheiros da JSD lembram-se de como ele chegava atrasado às reuniões porque tinha estado a dar banho às filhas. Hoje, casado com Laura, de quem tem uma terceira filha, continua a dar a mesma importância à família, às tarefas domésticas, até à cozinha. O espírito analítico e a teimosia fizeram com que Passos escrevesse um livro (Mudar, editado pela Quetzal), antes de se candidatar à liderança do partido. Demorou meses a redigi-lo, nas horas vagas, em casa ou nos tempos mortos da Fomentinvest, reflectindo, informando-se com especialistas de diferentes áreas. Agora tem nas mãos um documento claro e consistente sobre as suas propostas. Alguns amigos, como Ângelo Correia, acharam que escrever o livro era uma perda de tempo. Mas Passos perseverou e meteu-se ao trabalho. Poucos sabiam que o estava a fazer. Antes de entregar o original à editora, deu-o a ler a alguns amigos. Vasco Rato foi um deles e assinalou alguns pontos de que discordava. Passos ouviu-o com atenção, mas não mudou uma linha. É esse o seu hábito: ouve todos e depois decide sozinho. "O livro foi importante para sistematizar ideias e para o responsabilizar por aquilo que defende", diz Vasco Rato. "A maior parte dos políticos portugueses não faz isso. Quando muito, escreve um artigo de jornal com as suas propostas". "Um bom melão"Aos políticos, é útil poder dar o dito por não dito. Passos deu-se ao trabalho de escrever um livro, e agora vai ter de ser fiel à sua palavra. "Estamos num período de grande mudança. Chegámos ao fim da linha", explica Ângelo Correia, administrador da Fomentinvest, a empresa de que Passos acaba de se demitir, ao assumir as funções de líder do PSD. "E as pessoas estão fartas de estereótipos". Não querem um político superficial, que fale por sound bites. Precisam de alguém de "narrativa mais longa". Alguém que explique os problemas, com tempo e profundidade. "E as pessoas vão descobrir que Passos Coelho é um homem profundo". Um homem que perfilha valores um pouco antiquados, como a honestidade, a honra, a fidelidade à palavra dada, a temperança, até a forretice. Mas são esses os valores, depois da crise dos últimos anos, que voltam a estar em alta. E Passos tem essa faceta de transmontano de boa cepa, que vai jogar a seu favor. Essa marca de provincianismo que afinal foi a mola que o fez saltar para a proeminência, para a liderança. Porque Passos é um tímido. Segundo Ângelo Correia, é mesmo essa a característica dominante da sua personalidade. Sofre de uma timidez que lhe vem da noção de pertencer a um mundo diferente. Ele nunca se adaptou ao "consumismo, relativismo moral, hedonismo" que encontrou em Lisboa. Talvez tenha apenas fingido adaptar-se e, no processo, teve de recalcar uma parte de si. Por isso não é capaz, em público, de exprimir sentimentos, e dizem que é frio. Ângelo Correia não quer chamar a isto um complexo de rapaz provinciano, mas reconhece que explica muito da sua necessidade de afirmação. A voz, a pose de actor de cinema são os veículos que usa para, distanciando-se, se aproximar. É uma voz de barítono. Na ópera, género que Passos aprecia, os barítonos nunca representam o papel de herói nem de galã, geralmente reservados aos tenores. Entregam-lhes antes partes de marido traído. "Mas também de amigo fiel, monarca sereno ou adversário terrível", diz Passos. "É uma voz quente, possante, altiva. O barítono, pela textura vocal, tem geralmente um papel grave. E também por ser uma voz natural. A dos tenores é mais artificial". Passos chegou a estudar canto lírico e até a inscrever-se num casting de Filipe La Féria, em que foi admitido. "Ele educa e cultiva a sua bela voz", diz Ângelo Correia. É um dos instrumentos da sua liderança natural. A beleza física é outro. Miguel Relvas diz que, desde jovens, ele era o líder porque era quem atraía as miúdas. "Eu sempre lhe disse: "Tu, um dia, vais ser líder do PSD"". Vasco Rato lembra-se de que, no grupo de amigos, sempre houve a consciência de que Passos era o líder. "Ele era o melhor de nós todos, politicamente. Impunha-se. Era uma coisa natural. Faz-me lembrar aquele filme, The Natural, com o Robert Redford [sobre um jogador de basebol com um talento natural para o jogo]. O Pedro era assim. O natural". "Ele consegue dar ordens falando baixinho", diz um amigo. "Ele impõe-se sem dizer nada", explica outro. "Na JSD, tinham-lhe um temor reverencial". E estas características vão acentuar-se, ao exercer a liderança, primeiro no partido, e em breve como primeiro-ministro, acredita Ângelo Correia. "O poder vai-lhe trazer autoritas". Os apoiantes no partido acreditam firmemente que ele, ao contrário dos anteriores líderes, se vai aguentar. Miguel Relvas usa um melão para exemplificar. É um fruto que só revela as suas qualidades quando aberto, na mesa. Antes, é difícil saber. Mas um especialista sabe interpretar os sinais - o toque, a cor, o cheiro, podem ser indicadores fiáveis sobre o conteúdo. Pois Passos também transmite os seus sinais, e Relvas está em condições de garantir: "É um bom melão. Estamos em presença de um bom melão".
REFERÊNCIAS:
Da Cool Britania ao Iraque, o legado do New Labour
Era um Tony Blair com um aspecto impossivelmente jovem para quem o vê hoje - passaram-se 13 anos, mas olhando para as rugas e o cabelo branco dele parecem ter sido pelo menos 20. "Uma nova era chegou", dizia o novo primeiro-ministro trabalhista, que punha um ponto final em 18 anos no poder do Partido Conservador. (...)

Da Cool Britania ao Iraque, o legado do New Labour
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento 0.243
DATA: 2010-05-06 | Jornal Público
SUMÁRIO: Era um Tony Blair com um aspecto impossivelmente jovem para quem o vê hoje - passaram-se 13 anos, mas olhando para as rugas e o cabelo branco dele parecem ter sido pelo menos 20. "Uma nova era chegou", dizia o novo primeiro-ministro trabalhista, que punha um ponto final em 18 anos no poder do Partido Conservador.
TEXTO: "As coisas só podem melhorar" era o refrão da música da campanha eleitoral, que era também uma promessa de optimismo. Cumprida? Hoje a relação dos britânicos com a herança de Tony Blair - e com Gordon Brown, o herdeiro a quem em 2007 ele deixou o número 10 de Downing Street- não é nada pacífica. A invasão do Iraque, em 2003, e a relação de Blair com George W. Bush e os neoconservadores norte-americanos marcaram o quebrar dos laços entre o primeiro-ministro e o povo. Estranhamente, pois, apesar de existir uma comissão de inquérito sobre o processo que levou o Reino Unido a entrar na guerra do Iraque, este tema esteve quase ausente da campanha. Os tories não querem recordar aos eleitores que apoiaram a guerra. Mas antes destes tempos difíceis, que marcaram o período em que Blair pareceu envelhecer anos em meses, e em que começou a sofrer do coração, foi um governante muito popular. Quando chegou ao poder, a Ben&Jerrys tinha acabado de lançar no Reino Unido um novo sabor de gelado, chamado Cool Britannia (baunilha com morangos e bolacha com cobertura de chocolate), que foi adoptada pelos media como o espírito de Londres na altura. O espírito dos anos 1990, marcado pelas Spice Girls ou pelas bandas do movimento britpop, com os Blur ou os Oasis, designers e artistas gráficos de sucesso, como Alexander McQueen ou Damien Hirst, conjugados com um primeiro-ministro que conseguiu captar a imaginação do mundo serviram de bandeira, durante uns anos, para uma nova swinging London. Dívida e desigualdadeMas, para além desta espuma efervescente que coloriu o New Labour, o primeiro mandato de Tony Blair, recorda a revista The Economist, foi marcado por uma série de revisões constitucionais. Estas abriram portas à autonomia da Escócia e do País de Gales e, através de negociações mais delicadas, à Irlanda do Norte, após os acordos de paz da Sexta-feira Santa, em 1998. Outra medida do primeiro mandato foi a introdução de um salário mínimo, em 1999 - uma medida muito contestada pelos conservadores e pelos industriais, mas hoje pacífica. Porém, durante este período, os britânicos endividaram-se como nunca - em 2007, tinham o nível mais alto de endividamento pessoal do G7, 175 por cento, num fenómeno relacionado com a compra de casa própria, segundos dados da Economist. Quererá isto dizer que os britânicos estão mais ricos, vivem numa sociedade mais justa na distribuição da riqueza, como prometia Blair? Há algumas variações consoante o modo de cálculo, e algumas dizem que o Governo do New Labour conseguiu suavizar os desfiladeiros de desigualdades - mas estes são verdadeiros Grand Canyons. O estudo oficial “Anatomia da Desigualdade Económica no Reino Unido”, que é alvo de uma recensão na “London Review of Books”, conclui que os lares britânicos que estão entre os 10 por cento que mais ganham têm quase 100 vezes mais dinheiro do que os que ficam logo acima dos dez por cento mais pobres do país. Mas o New Labour foi largamente gastador nos serviços públicos - a educação foi a paixão confessa de Tony Blair, inspirando António Guterres em Portugal, e uma das promessas do líder trabalhista foi modernizar e melhorar o Serviço Nacional de Saúde (esta última com sucesso, diz a “Economist”). Segundo as tabelas divulgadas online pela revista “Prospect”, a despesa pública cresceu em média 4, 4 por cento ao ano com o Labour entre 1997 e 2010 - e apenas 0, 7 por cento com os tories, entre 1979 e 1997. Mas os trabalhistas deixam uma herança difícil, uma dívida pública a rondar os 12 por cento do produto interno bruto, mais elevada ainda que a da Grécia. Só que a paixão pela educação, nota a “Economist”, não foi plenamente consumada: a proporção de jovens entre os 16 e os 18 anos que não estão na escola, em formação ou empregados continua estável, nos dez por cento. E muitos continuam a deixar a escola sem saber ler e escrever adequadamente. Nos costumes, no entanto, os anos Blair e New Labour deixam uma marca indelével. "Em 1997, Bem Bradshaw era o único deputado gay. Na quinta-feira, só os tories apresentam 20 candidatos abertamente gay e 44 candidatos de minorias étnicas, e um número recorde de candidatos são mulheres", escreve o jornalista Gary Younge no “Guardian”. "O New Labour e Tony Blair são exactamente a mesma coisa. Alguém imagina que o fenómeno tivesse acontecido sem ele?", opinou, no “Guardian”, o escritor Philip Pullman. Tony Blair liderou o Reino Unido durante dez anos, mas é Gordon Brown quem defende hoje o legado do New Labour
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave guerra escola educação estudo mulheres gay salário
Barack Obama nomeia Elena Kagan para o Supremo Tribunal
O Presidente Barack Obama nomeou Elega Kagan, advogada de 50 anos actualmente a trabalhar para a Administração, para o Supremo Tribunal. (...)

Barack Obama nomeia Elena Kagan para o Supremo Tribunal
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-05-10 | Jornal Público
SUMÁRIO: O Presidente Barack Obama nomeou Elega Kagan, advogada de 50 anos actualmente a trabalhar para a Administração, para o Supremo Tribunal.
TEXTO: Obama pediu aos democratas e aos republicanos no Senado para confirmarem a sua nomeação rapidamente. O juiz John Paul Stevens, de 90 anos, anunciou em Abril que pretendia sair após 35 anos no tribunal, um recorde de longevidade. Kagan, com 50 anos, fez carreira como professora e não nos tribunais, ao contrário dos oito juízes com que poderá vir a trabalhar no Supremo. Todos vieram de tribunais de recurso federais. A sua escolha é, por isso, uma quebra na tradição. Kagan foi reitora da Faculdade de Direito de Harvard e foi na universidade que passou quase toda a sua vida profissional. A única experiência profissional nas salas de audiência aconteceu logo no início da sua carreira, quando passou pelo tribunal de recurso de Washington, o mais prestigioso, e trabalhou com o primeiro juiz negro do Supremo, Thurgood Marshall. Reconhecida por democratas e republicanos pelas suas sólidas capacidades jurídicas, fez uma passagem pela Casa Branca entre 1995 e 1999 como conselheira de polícia interna de Bill Clinton. Obama, de quem é próxima, levou-a para chefiar os advogados da Administração perante o Supremo, um dos postos jurídicos mais prestigiados do país que nunca tinha sido desempenhado por uma mulher. Os conservadores consideram que o aspecto mais controverso do seu passado é a defesa de que a política “don’t ask, don’t tell” dos militares (segundo a qual os homossexuais podiam integrar as Forças Armadas desde que mantivessem em segredo a sua orientação sexual) significava que as acções de recrutamento no interior de Harvard violariam a política anti-discriminação da universidade. Kagan é a quarta mulher nomeada para o Supremo. E se for confirmada, pela primeira vez três mulheres vão sentar-se ali em simultâneo: Sonia Sotomayor foi nomeada por Obama o ano passado e está no Supremo desde Agosto, ao lado da juíza Ruth Bader Ginsburg, escolhida por Clinton em 1993.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave tribunal mulher negro sexual mulheres discriminação
Reportagem: Se "a maioria dos católicos não fala católico", os vaticanistas explicam
Para todo o lado onde vai, o Papa leva atrás uma estranha comitiva, de cronistas não-oficiais. Os vaticanistas são os correspondentes do Vaticano, mas muito mais do que isso. São eles que interpretam para o mundo as mensagens cifradas do Pontífice. São uma elite e o Vaticano não poderia viver sem eles, mesmo que não saiba disso. (...)

Reportagem: Se "a maioria dos católicos não fala católico", os vaticanistas explicam
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento 0.25
DATA: 2010-05-14 | Jornal Público
SUMÁRIO: Para todo o lado onde vai, o Papa leva atrás uma estranha comitiva, de cronistas não-oficiais. Os vaticanistas são os correspondentes do Vaticano, mas muito mais do que isso. São eles que interpretam para o mundo as mensagens cifradas do Pontífice. São uma elite e o Vaticano não poderia viver sem eles, mesmo que não saiba disso.
TEXTO: O vaticanista-tipo é homem, usa fato preto italiano, está na casa dos 50, fala línguas e gosta de uma boa discussão teológica. É claro que, hoje, há mulheres e alguns jovens (na casa dos 40) entre esta trupe de jornalistas que segue o Papa. Mas são a excepção. Ser vaticanista não é para qualquer um. É preciso ser culto, experiente, e possuir um tipo muito especial de inteligência intuitiva e especulativa. Uma arte, dizem alguns. Tecnicamente, os vaticanistas são os correspondentes dos órgãos de comunicação social no Vaticano. Ao todo, são cerca de 500, embora o núcleo principal, que viaja com o Papa para todo o lado, a verdadeira elite, não ultrapasse os 50. Reportam sobre o Vaticano, da mesma forma que um correspondente, por exemplo, da Casa Branca, escreve sobre o Presidente e a política americana. Tecnicamente é isto. Na realidade, não é nada disto. "Em Washington, o talento de um jornalista é convencer os políticos a calarem-se. No Vaticano é fazer com que eles digam qualquer coisa", explica o americano John Allen, jornalista da CNN, um dos mais famosos vaticanistas. A razão é simples: "Os políticos de Washington têm de preocupar-se em ser reeleitos. Os do Vaticano não. " Por isso não falam, e quando falam poucos os entendem. "Um vaticanista tem de entender três línguas", diz John Allen. "Italiano, a língua da liturgia e a língua da Cúria. " Ou seja, é preciso conhecer os termos técnicos, mas também a gíria do Vaticano. "A maioria dos católicos não fala católico", diz Allen. Só nos intermináveis corredores do Vaticano se fala esse linguajar esquisito, que não muda com os tempos. "Eles acham que são culturalmente diferentes, e que não têm de se adaptar a este mundo pós-moderno, que abominam. "Uma das funções essenciais dos vaticanistas é a interpretação. O Papa fala quase sempre por enigmas, por metáforas ou por frases ambíguas. E é preciso traduzir. Mas antes é preciso compreender, o que não é fácil. "Não é necessário ser católico, mas convém saber Teologia, História e História da Igreja", diz Andrea Tornielli, 46 anos, vaticanista do italiano Il Giornale. E "é preciso ter contactos privilegiados e relações de confiança". Isso nem sempre acontece. Apesar de todo o estatuto de que se orgulha, um vaticanista não possui livre-trânsito nos corredores do Vaticano. "Eles têm medo e uma desconfiança sistemática em relação aos jornalistas", diz Tornielli, que é autor de várias biografias de Papas e um livro sobre o terceiro segredo Fátima. "Temem ser mal interpretados e têm uma tendência para a vitimização: quando as coisas correm mal, dizem sempre que a culpa é dos jornalistas. "Por via dessa apreensão, o clima na sala de imprensa do Vaticano é de grande respeitinho. Não há perguntas agressivas nem insistência em temas incómodos. "É uma questão de estilo", diz Valentina Alazraki, 55 anos, da estação televisiva mexicana Televisa. "Se as perguntas forem agressivas, eles não respondem. Por isso habituamo-nos a fazê-las de outra forma. " Mas fazem-nas. Recentemente, com os escândalos da pedofilia, o Vaticano está a ganhar alguma humildade nas respostas. Valentina é a vaticanista que fez mais viagens papais - 115, ao todo, as primeiras com Paulo VI. Como todos os seus colegas, Valentina é perita na arte da interpretação. "Devemos informar-nos sobre os países das visitas, para podermos perceber as palavras que o Papa lá profere. Por exemplo, ele ontem referiu-se ao casamento entre um homem e uma mulher, porque a questão do casamento homossexual está na ordem do dia em Portugal. "No fim de uma das conferências de imprensa em Fátima, Federico Lombardi, o porta-voz do Vaticano, criticou os vaticanistas: "Aquele tema eram escusado! Duvido que as 500 mil pessoas que estiveram aqui hoje se interessem por isso. " O tema era o Terceiro Segredo e o facto de o Papa ter usado a palavra "profético" para se referir a ele. "O terceiro segredo falava do assassínio do Papa", diz ao PÚBLICO Tornielli, muito excitado. "Ora João Paulo II sobreviveu ao atentado. Se agora Bento XVI diz que o segredo é profético. . . " Mas "a palavra profético, segundo a Bíblia, significa apenas iluminado pela fé", argumentou Lombardi. A discussão prolongou-se até ao fim da conferência e facilmente se imagina que deve ser sempre assim, nas longas sessões do Vaticano. Eles adoram isto. "Tem tudo o que apaixona um jornalista", diz John Allen. "Intriga, mistério, política, história, arte. Não há nada de interessante no mundo que não tenha uma ligação com o Vaticano. "
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Partidos LIVRE
Antevisão da Pública: As estrelas espanholas contra o franquismo
Virgilio Peret Ruiz fala-nos de além-tumba. Oficial aviador, chefe das forças aéreas espanholas em Marrocos, foi fuzilado pelos seus próprios companheiros, na madrugada de 18 de Julho de 1936, por ter recusado juntar-se ao golpe de Estado nacionalista que abriu caminho à Guerra Civil Espanhola. (...)

Antevisão da Pública: As estrelas espanholas contra o franquismo
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-06-25 | Jornal Público
SUMÁRIO: Virgilio Peret Ruiz fala-nos de além-tumba. Oficial aviador, chefe das forças aéreas espanholas em Marrocos, foi fuzilado pelos seus próprios companheiros, na madrugada de 18 de Julho de 1936, por ter recusado juntar-se ao golpe de Estado nacionalista que abriu caminho à Guerra Civil Espanhola.
TEXTO: “Não tive julgamento, nem advogado, nem sentença. As minhas filhas continuam a procurar-me. Até quando?”Francisco Escribano fala-nos de além-tumba. Pastor de cabras, tinha apenas 18 anos quando foi fuzilado, a 1 de Julho de 1941, por ter roubado comida, roupa e dinheiro para os republicanos. Com ele foram fuzilados o seu pai, dois tios e um primo. “Não tive julgamento, nem advogado, nem sentença. Os meus familiares continuam a procurar-me. Até quando?”Balbina Gayo Gutíerrez fala-nos de além-tumba. Professora, republicana, foi detida a 9 de Setembro de 1936 e fuzilada no dia seguinte. O seu marido, também professor, foi preso quando foi saber notícias suas e fuzilado menos de 24 horas depois. O casal deixou três filhas pequenas. “Não tive julgamento, nem advogado, nem sentença. As minhas filhas continuam a procurar-me. Até quando?”A pergunta repete-se 15 vezes: uma por cada um(a) dos 15 homens e mulheres que nos falam de além-tumba perante a câmara da cineasta Azucena Rodríguez. O seu crime? Serem republicanos, em alguns casos meros simpatizantes, ou apenas defenderem a cultura, a instrução, a justiça social. A mulher de Antonio Parra Ortega, ganhão assassinado nos primeiros dias da Guerra Civil e um destes 15, enterrou todos os livros que havia em casa porque “sabia que o tinham matado por ler”. O seu destino? Morrerem às mãos dos nacionalistas, dos falangistas, das forças do regime. Acabarem, muitas vezes, em valas comuns. Virgilio Leret Ruiz fala-nos de além-tumba através do rosto e da voz do cineasta Pedro Almodóvar. Francisco Escribano através do actor Javier Bardem. Balbina Gayo Gutiérrez através de María Galiana, veterana actriz de composição. São três dos 15 nomes da cultura espanhola que se manifestam Contra a Impunidade neste vídeo de dez minutos divulgado no dia 14 de Junho, encarnando outras tantas vítimas do franquismo. Sem música nem encenação, apenas com os seus depoimentos intercalados pelo som de tiros de espingarda, sem outra informação que não as histórias que contam. Histórias que, como Emilio Silva, presidente da Associação para a Recuperação da Memória Histórica (ARMH, www. memoriahistorica. org) e um dos impulsionadores da Plataforma Contra a Impunidade do Franquismo que está na origem do vídeo, disse ao jornal El País, justificam a sua existência: “Não estão nos manuais escolares, não são ouvidas. Ninguém sabe o que esta gente sofreu. ”Os 15 nomes que deram o seu contributo ao vídeo fizeram-no graciosamente, como diz Emilio Silva por telefone à Pública. “Alguns ofereceram-se mesmo sem os termos contactado. ” Para além de Almodóvar, Bardem e Galiana, são eles as actrizes Maribel Verdú, Carmen Machi e Aitana Sánchez-Gijón, a actriz e realizadora Pilar Bardem (mãe de Javier), a escritora Almudena Grandes, os actores Paco León, Juan Diego, Juan Diego Botto, José Manuel Seda e Hugo Silva, o cantor Miguel Ríos e o escritor Juan José Millás. Silva evoca um concerto realizado há seis anos nos arredores de Madrid em memória de vítimas republicanas do franquismo, onde alguns deles já haviam participado, para explicar porque crê que o empenho nesta causa vai prosseguir. “Há momentos em que as gentes da cultura saem para o espaço público com todo o seu capital simbólico — fizeram-no contra a guerra do Iraque, quando foi do derrame do Prestige na Galiza, fazem-no agora. Mas creio que o seu empenho nesta causa é diferente. É um dever de cidadão ocupar-se das e preocupar-se com as vítimas dos crimes do franquismo. ” Alguns viveram os tempos do franquismo, outros perderam familiares (o actor Paco León, por exemplo, é bisneto do desaparecido a que dá voz no vídeo). Juntos são uma pequena amostra dos milhares de espanhóis que se ergueram “contra a impunidade” dos crimes cometidos durante o regime de direita que saiu vencedor da Guerra Civil e controlou Espanha com mão de ferro a partir de 1939; contra o esquecimento de 113 mil vítimas desaparecidas durante os quase 40 anos do franquismo. É uma ferida que continua por sarar na sociedade espanhola, em parte devido à tardia criação de estruturas estatais de apoio. Foram precisos quase 30 anos para se lavrar uma lei em favor das vítimas — só em 2004 foi aprovada a primeira comissão governamental para as vítimas do franquismo, só em 2007 foi passada a Lei da Memória Histórica de Espanha, que reconhece oficialmente os crimes cometidos pelo “antigo regime” e coordena a busca e exumação de valas comuns. Tudo isto enquanto a ARMH, associação privada formada por Silva e pelo colega jornalista Santiago Macias para recolher testemunhos sobre as vítimas e ajudar na recuperação e identificação dos seus corpos, existia desde 2000. . . Mas a ferida continua a existir, como diz Emilio Silva à Pública, também porque o medo continua presente na sociedade espanhola e porque o interesse político não tem sido o que deveria ser. Afinal, o PSOE de José Luis Zapatero tem-se mantido nitidamente distante destas manifestações sociais, e Mariano Rajoy, do maior partido da oposição, o PP, acusou a campanha de apoio ao juiz Baltasar Garzón de “brutal e antidemocrática”. O presidente da ARMH diz-nos que “nenhum presidente da democracia realizou um acto público que terminasse com o medo das vítimas, e é muito curioso ver a pouca importância que os dois principais partidos espanhóis dão à situação. . . ”. A acusação de abuso de autoridade e jurisdição a Garzón por parte do Supremo Tribunal de Espanha, na sequência de uma acção judicial levantada por organizações de extrema-direita identificadas com os ideais franquistas, foi, assim, a “gota de água”. Em 2008, Garzón — que desmantelara o grupo terrorista GAL, investigara dezenas de casos contra a ETA e condenara o ex-dirigente do Atlético de Madrid Jesús Gil — lançou um controverso inquérito sobre os crimes do regime durante e após a Guerra Civil, declarando os actos de repressão franquista como crimes contra a humanidade. O inquérito foi encerrado ao fim de um mês, depois de se terem levantado dúvidas sobre a validade da jurisdição de Garzón sobre actos cometidos havia mais de 50 anos, por acusados já falecidos, e perdoados ao abrigo de uma amnistia de 1977, anterior à aprovação da Constituição espanhola. No entanto, as autoridades só acusaram o juiz dois anos depois do inquérito, na sequência de uma acção judicial de três associações de extrema-direita. O Conselho Geral do Poder Judicial, na sequência da anuência do Supremo Tribunal de avançar com o caso, suspendeu Garzón a 14 de Maio, embora o tenha autorizado a exercer no interim funções de consultor no Tribunal Criminal Internacional na Haia. Foi da indignação sentida pela sociedade espanhola perante as acusações a Garzón que nasceu a Plataforma Contra a Impunidade do Franquismo (www. contralaimpunidad. com). Primeiro, com nove dias de acções na Universidade Complutense de Madrid, com a presença de Almodóvar e Almudena Grandes entre outros, durante os quais se recolheram assinaturas, se projectaram documentários históricos e se ouviram testemunhos de vítimas do franquismo, culminando numa manifestação em defesa de Garzón convocada para o dia 24 de Abril e que reuniu, em 24 cidades espanholas, centenas de milhares de pessoas. Entre elas, muitos espanhóis que nunca haviam participado em iniciativas do género — mas, sintomaticamente, poucos ou nenhuns políticos. Depois, houve a apresentação pública do vídeo em Madrid no passado dia 14 de Junho, com a presença de familiares das vítimas evocadas: Hilda Farfante, filha da professora Balbina Gayo Gutiérrez, justificou na ocasião a importância do vídeo como um “grito contra um silêncio tão longo e vergonhoso. Nunca ninguém havia feito nada assim pelos nossos mortos”. Nos últimos dez dias, o vídeo, disponível no site oficial da Plataforma (www. contralaimpunidad. com), já somou perto de 80 mil visitas no YouTube (www. youtube. com/watch?v=Xf8oZKEejD8) e é o mais partilhado pelos leitores da edição online do El País (www. elpais. com/videos). No entretanto, já outras acções públicas tiveram lugar, como a leitura dos nomes de 1500 fuzilados no cemitério madrileno de La Almudena por 20 artistas (entre os quais, alguns envolvidos no vídeo) e outros tantos familiares de vítimas, no passado domingo. Nas últimas palavras do manifesto que Almodóvar leu na manifestação de Madrid, “investigar os crimes do franquismo não é delito”. Mas Garzón vai mesmo ser posto no banco dos réus — e por organizações que estão longe de reunir o consenso dos espanhóis. Uma delas, a organização de extrema-direita franquista Falange Española de las JONS, apenas reuniu 14 mil votos nas últimas eleições legislativas espanholas — e uma contramanifestação convocada por uma outra organização apenas logrou reunir cem pessoas. . . Não admira, por isso, que tantos espanhóis se tenham erguido em armas, indignados pelo que consideram ser uma operação de “branqueamento” de uma história sangrenta que continua a ter repercussões contemporâneas. Ao El País, Pilar Bardem, 71 anos, “primeira dama” da primeira dinastia do cinema espanhol, considerou todo este caso “a coisa mais grave que aconteceu à democracia espanhola” desde o golpe de Estado falhado de 1981. Emilio Silva concorda e diz que a manifestação de 24 de Abril “foi algo de muito importante, porque pela primeira vez foram representados aqueles que até aqui não eram representados, que eram considerados pelo poder como gente insignificante. Agora, essa insignificância chega ao seu fim. E nesse aspecto isto é algo de revolucionário”. O processoRegressemos ao vídeo. Primitiva Rodríguez, apoiante das guerrilhas antifranquistas, foi detida a 6 de Setembro de 1947, violada em frente do seu sobrinho e fuzilada. Quem lhe dá voz é Maribel Verdú, que interpretava a governanta republicana de um impiedoso oficial franquista em O Labirinto do Fauno, de Guillermo del Toro. A sua voz ressoa-nos nos ouvidos quando lança a pergunta: “Até quando?” Emilio Silva diz não ser futurólogo. “Mas entrámos num processo social que não é único na história da humanidade. E todos sabemos que estes processos não param. ”Outros temas da Pública de DomingoNatália de Andrade, a diva tragicómica de Portugal, por Catarina Gomes- Natália de Andrade no Passeio dos Alegres de Júlio IsidroEntrevista: O fabuloso destino de Alfredo Casimiro, um casapiano milionário aos 30 anos, por Anabela Mota RibeiroBanda Desenhada: Os “conspiradores” de Barney & Clyde, por Gene Weingarten
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave crime homens guerra filha lei cultura tribunal mulher social medo género mulheres abuso
Suspeito de triplo homicídio presente às 14h00 ao Tribunal de Torres Vedras
O homem suspeito da prática de três homicídios é presente às 14h00 de hoje no Tribunal de Torres Vedras, disse uma fonte ligada ao processo. (...)

Suspeito de triplo homicídio presente às 14h00 ao Tribunal de Torres Vedras
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-07-21 | Jornal Público
SUMÁRIO: O homem suspeito da prática de três homicídios é presente às 14h00 de hoje no Tribunal de Torres Vedras, disse uma fonte ligada ao processo.
TEXTO: A mesma fonte adiantou que é “previsível que o interrogatório seja demorado”. A Polícia Judiciária (PJ) deteve ontem um homem suspeito de ter morto duas raparigas e um rapaz. O homem tem 40 anos e foi detido na zona de Torres Vedras, sob suspeita da autoria do homicídio de três jovens, cujos corpos ainda não foram encontrados. De acordo com uma fonte do processo referida “Expresso” online, o suspeito "é homossexual" e "matava qualquer pessoa que se aproximasse dos rapazes de quem gostava". Uma outra fonte ligada ao processo disse que o suspeito será interrogado por um juiz de instrução criminal em Torres Vedras. A fonte adiantou que o suspeito agia por "motivos passionais" num "contexto de desolação" afectiva e confirmou que "não há corpos", mas que a detenção resultou de um trabalho das autoridades de investigação.
REFERÊNCIAS:
Entidades PJ
A diferença entre matar por compulsão ou por uma razão
O psicólogo Rui Abrunhosa Gonçalves recusou ontem denominar o suspeito dos três crimes na zona de Torres Vedras como um assassino em série, visto que "as vítimas tinham uma ligação directa" com o alegado criminoso, que também teve "um motivo para eliminar pessoas", o que indica um crime passional. Já o professor de Psicologia Criminal da Universidade Lusófona Carlos Poiares observou que esta série de crimes "está num campo probabilístico", pois "ainda não há provas concretas que digam que estas pessoas estejam mesmo mortas". (...)

A diferença entre matar por compulsão ou por uma razão
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-07-22 | Jornal Público
SUMÁRIO: O psicólogo Rui Abrunhosa Gonçalves recusou ontem denominar o suspeito dos três crimes na zona de Torres Vedras como um assassino em série, visto que "as vítimas tinham uma ligação directa" com o alegado criminoso, que também teve "um motivo para eliminar pessoas", o que indica um crime passional. Já o professor de Psicologia Criminal da Universidade Lusófona Carlos Poiares observou que esta série de crimes "está num campo probabilístico", pois "ainda não há provas concretas que digam que estas pessoas estejam mesmo mortas".
TEXTO: "O princípio dos assassinos em série é a compulsão para executar crimes e não o número de mortes. Embora haja uma série de três mortes, aqui existe um motivo para as eliminar", explicou Rui Abrunhosa Gonçalves. "Nos assassinos em série há um padrão de funcionamento, ou seja, o assassino mata pessoas que tenham um elo de ligação entre as mesmas, como prostitutas ou homossexuais. Mas neste caso era apenas um pensamento do indivíduo racional", acrescentou o psicólogo, argumentando que a qualificação de assassino em série deve-se ao facto de "não haver este tipo de mortes em Portugal e assim colocam-se rótulos sem se avaliar os casos antes". Segundo Rui Abrunhosa Gonçalves, o último crime aconteceu porque "a terceira vítima descobriu os anteriores assassinatos e o suspeito teve a necessidade de aniquilá-la, antes que fosse denunciá-lo à polícia. Logo é um crime passional, pois toda a estrutura do crime foi organizada". Também Carlos Poiares afirma que "não se pode classificar o suspeito de assassino em série, porque ainda não se realizaram os testes psíquicos e entrevistas necessárias para se avaliar um diagnóstico". "Para termos a certeza que o suspeito é um assassino em série, temos que perceber o modo como ele actuou: se deixou elementos de assinatura, se as vítimas têm um fio condutor e principalmente compreender as razões que levaram ao acto", esclareceu. Porém, Carlos Poiares declarou que "ainda não há provas concretas que digam que as pessoas estão mesmo mortas" e que por isso o suspeito pode "estar a ser condenado por engano". Quanto aos vídeos do suspeito no YouTube, o professor de Psicologia Criminal defende que, "mesmo que se prove a culpabilidade dos delitos, o alegado criminoso deve ser objecto de intervenção terapêutica". "É uma pessoa que gosta de se exibir, mas deve-se ter em atenção que pode ser apenas uma simulação, e por isso é obrigatório fazer-lhe uma avaliação psicológica", rematou.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave crime
Peritagens do laboratório da PJ incriminam Ghob, rei dos Gnomos
A Polícia Judiciária (PJ) recolheu, na segunda-feira, provas documentais e testemunhais que permitiram à equipa da Unidade Nacional de Combate ao Terrorismo (UNCT) indiciar o sucateiro de Carqueja, Lourinhã, e também conhecido como "Ghob, o Rei dos Gnomos", como autor material da morte, e posterior ocultação dos cadáveres, dos três jovens desaparecidos naquela região em Junho de 2008 e Março deste ano. (...)

Peritagens do laboratório da PJ incriminam Ghob, rei dos Gnomos
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-07-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: A Polícia Judiciária (PJ) recolheu, na segunda-feira, provas documentais e testemunhais que permitiram à equipa da Unidade Nacional de Combate ao Terrorismo (UNCT) indiciar o sucateiro de Carqueja, Lourinhã, e também conhecido como "Ghob, o Rei dos Gnomos", como autor material da morte, e posterior ocultação dos cadáveres, dos três jovens desaparecidos naquela região em Junho de 2008 e Março deste ano.
TEXTO: No Laboratório de Polícia Científica (LPC), onde foram feitas peritagens a inúmeros objectos apreendidos, também se recolheram elementos que permitem fundamentar as acusações. As provas recolhidas pelos inspectores da UNCT foram determinantes para o veredicto, pronunciado na quinta-feira, pelo juiz de Instrução do Tribunal de Torres Vedras, o qual decretou a prisão preventiva do suspeito. Trata-se de comprovativos de compras de cartões de telemóveis e também o testemunho de pessoas que agora confirmam o relacionamento próximo, e de há anos, do sucateiro com as três pessoas desaparecidas. Fontes policiais garantem igualmente que, pelo menos no caso da morte de Joana Correia, de 16 anos, ocorrida a 3 de Março deste ano, o suspeito se dirigiu, de carro, à casa da jovem já com o intuito de a matar. O homicídio ocorreu alguns minutos depois de lhe ter dado boleia, e suspeita-se que possam ter sido utilizadas armas brancas. De resto, no LPC já foram analisados diversos objectos apreendidos na casa do sucateiro, o "Castelo de Carqueja". Existe material que servirá para provar a tese de que as vítimas eram frequentadoras habituais da casa e, supostamente, podem provar a existência de aproximações homossexuais do suspeito a uma das vítimas. Para além das provas materiais, a PJ já recolheu o testemunho de pessoas que garantem as relações de "muita proximidade" entre o detido e as três pessoas desaparecidas. Em Carqueja, várias pessoas garantem ter visto os jovens entrar na casa do suspeito durante a noite, sendo frequentes os comentários dando conta de comportamentos "muito estranhos". Também o rapaz por quem uma das vítimas se teria apaixonado já terá confirmado aos investigadores todas as suspeitas, nomeadamente o desejo de vingança em resultado das rejeições amorosas (em 2008 o casal foi assassinado depois de ter iniciado uma relação, desprezando um deles as propostas amorosas do sucateiro). A UNCT continua a procurar os corpos das alegadas vítimas nos terrenos compreendidos entre Torres Vedras, Peniche e Lourinhã. Mesmo na hipótese de não serem encontrados, tal não significa que em tribunal não possa ser proferida uma condenação. Até hoje, apenas no caso de Joana Cipriano o corpo não foi encontrado. Mas as provas apresentadas serviram para condenar a mãe e o tio da menina desaparecida da aldeia de Figueira, no Algarve.
REFERÊNCIAS:
Entidades PJ