O sexo dos “anjos”
Como qualquer outro adolescente a passar pela puberdade, os jovens com deficiência devem ter acesso a educação sexual, com metodologia adequada à severidade da deficiência. Hoje é Dia Internacional das Pessoas com Deficiência. (...)

O sexo dos “anjos”
MINORIA(S): Homossexuais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-12-04 | Jornal Público
SUMÁRIO: Como qualquer outro adolescente a passar pela puberdade, os jovens com deficiência devem ter acesso a educação sexual, com metodologia adequada à severidade da deficiência. Hoje é Dia Internacional das Pessoas com Deficiência.
TEXTO: Sexualidade é afeto, é partilha, é contacto, é intimidade e faz parte da vida de todos nós, influenciando a nossa saúde física e mental. Quando falamos de sexualidade, falamos também de muitos mitos e crenças a ela associados. Hoje, 3 de Dezembro, Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, vamos falar em sexualidade na deficiência intelectual. Numa sociedade em que desde muito cedo se questiona às crianças se já têm namorado, que sentido faz a determinada altura do desenvolvimento deixar de se falar sobre isso na expectativa de que não aconteça ou aconteça mais tardiamente? Agora, imaginem uma criança com deficiência intelectual?! Quando falamos de sexualidade na deficiência, deparamo-nos com muitas inquietações: desde o medo dos familiares de que o seu filho(a), que vêm como criança em corpo de homem ou mulher, sofra com uma experiência para a qual não está preparado(a) – envolvimento sexual, inadequação, abuso, gravidez, exposição pública – à carência de informação sobre as características gerais e sexuais de cada uma das deficiências e preconceitos e crenças erradas que conduzem à privação de educação sexual a estes jovens. As famílias dos jovens com deficiência tendem a acreditar que os mesmos são “assexuados” e ficam, por vezes, aterrorizadas com as suas manifestações sexuais. A verdade é que a sexualidade na deficiência intelectual tem contornos próprios. As dificuldades específicas da pessoa com deficiência intelectual ao nível do desenvolvimento da maturidade emocional e social, da auto-regulação, da interacção social e das competências na resolução de problemas não lhe permitem por vezes ler e compreender pensamentos e emoções dos outros e até expressar os seus sentimentos adequadamente. Por norma, nas pessoas com deficiência existe um défice nos mecanismos de autocrítica, que leva a agir de forma impulsiva – “directa ao assunto” e pouco consciente dos limites. Por outro lado, os seus conhecimentos nessa matéria são insuficientes, até porque, muito provavelmente, terão sido privadas de acesso a educação sexual. Da mesma forma que ensinamos sobre as regras e comportamentos correctos a ter em sociedade, é de extrema importância treinar sobre os comportamentos sexuais e a sua adequação social. Essa tarefa cabe aos pais, professores de ensino especial e a todos nós que temos o privilégio de nos cruzarmos com algumas destas pessoas. As pessoas com deficiência intelectual estão muitas vezes isoladas no seu meio familiar ou institucional, ficando desta forma privadas de um contexto social normativo que lhes permita adquirirem um bom desenvolvimento psico-sexual. É importante também ressalvar que as pessoas com deficiência intelectual raramente têm os seus momentos de privacidade onde possam ter comportamentos sexuais de auto-erotismo ou com outras pessoas, apesar de lhes ser dito que existem espaços e momentos específicos para isso. Como qualquer outro adolescente a passar pela puberdade, os jovens com deficiência devem ter acesso a educação sexual, com metodologia adequada ao grau/severidade da deficiência. Esta deve ser um espaço para:Respeitando a cultura e a sensibilidade particular de cada um, com as famílias da pessoa com deficiência será necessário:Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Para além de tudo isto, é importante pôr os médicos a abordarem proactivamente as questões relacionadas com a vida sexual, muito em particular noções elementares de sexo e métodos contraceptivos, envolvendo nesta discussão não apenas a pessoa com deficiências mas também, naturalmente, os seus familiares. É fundamental que familiares e prestadores de cuidados tenham sempre presente que a aparente ausência de preocupação com a sexualidade não significa de modo algum que tudo esteja bem ou que não haja necessidade de pensar sobre isso. Júlia Vinhas é psicóloga clínica e coordenadora da Unidade CADIn de Setúbal. A autora segue o novo Acordo Ortográfico. A rubrica Estar Bem encontra-se publicada no P2, caderno de domingo do PÚBLICO
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave cultura filho educação mulher homem adolescente social criança sexo medo sexual corpo sexualidade abuso
Maçonaria: transparência e opacidade
A maçonaria tem que sair da clandestinidade e ser o que é: uma sociedade de homens livres que não tem medo de se medir com o mundo. (...)

Maçonaria: transparência e opacidade
MINORIA(S): Homossexuais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-06-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: A maçonaria tem que sair da clandestinidade e ser o que é: uma sociedade de homens livres que não tem medo de se medir com o mundo.
TEXTO: A maçonaria universal faz este ano 300 anos, os 300 anos em que a história da humanidade mais mudou, incomensuravelmente mais que nos vários milhares de anos anteriores. Estes últimos 300 anos, desde 1717, foram os anos de quase todas as grandes revoluções políticas, sociais, tecnológicas e sociais: deram-se a revolução americana, a francesa, a eletricidade, a energia atómica, o controle da natalidade e da sexualidade, a declaração universal dos direitos do homem, a engenharia genética, a inteligência artificial, a neurobiologia, a democracia e a comunicação globais (ou a sua perspetiva). Na verdade, estamos nos alvores de uma humanidade nova, de um novo ser humano que não se imagina ainda o que possa vir a ser. Que tem a maçonaria a ver com isto? Para além de ter estado presente no caldo das revoluções americana e francesa, da declaração universal dos direitos do homem e da democracia, a maçonaria preconiza que há um irredutível humano que, enquanto é humano, não pode ser invadido ou tocado. Esse irredutível humano é o segredo maçónico. Neste sentido, esse irredutível, secreto, simbólico e indizível humano, para ser o que é, recusa render-se à ambição de total transparência, controlo, manipulação e alienação, que é o caminho de toda a tecnologia e das suas possibilidades infinitas. Não que a maçonaria seja tecnofóbica. Longe disso. Mas na medida em que aposta na lentidão, na distância, na obscuridade, no analógico, no corporal, no gestual e no ritual, a maçonaria é uma coisa antiga que resiste ao deslizamento infinito de toda a informação, criando-se como um espaço de infinita interpretação, infinito atrito e infinito significado. Simplificando: a maçonaria é uma coisa antiga que quer ser moderna quando o moderno dá humanidade ao homem, mas que se recusa à inevitabilidade de um pós-humano. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O que isto não quer dizer é que a maçonaria seja uma coisa distante do mundo, da sua realidade, dos seus problemas. A maçonaria não quer “salvar” apenas os maçons. Como Camus, a maçonaria pergunta-se de que valeria a salvação de um só se não pudessem salvar-se todos os seres humanos. Por isso é que a maçonaria tem que estar no mundo, ainda que com um pé dentro outro fora. Com um pé fora, fugindo à alienação da vulgaridade mediática, ao crime da geofinança e da opacidade negocista; mas com um pé dentro do mundo, cruzando os seus saberes com os saberes profanos, dados a tempos curtos, rápidos, vagos, lisos, finos, de modo a torná-los mais longos, mais lentos, mais densos, mais áridos, mais espessos, mais verdadeiros, ou se se quiser, mais autênticos, contra toda a inautencidade. Por isso é que o segredo da irredutibilidade humana não pode confundir-se com clandestinidades orgânicas, sociedades de advogados negocistas, agitprops tabloides ou falsários de província ou, pior ainda, de capital. Por isso é que a maçonaria tem que sair da clandestinidade e ser o que é, que é aquilo que deve ser: uma sociedade de homens livres e de bons costumes, de palavra achada e respeitada, que não tem medo de se medir com o mundo, porque o estado do mundo será sempre a medida da sua glória ou desastre. O autor escreve segundo as normas do novo Acordo Ortográfico
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave crime direitos homens humanos homem medo sexualidade
O que é que a construção da Ponte da Arrábida tem que ver com a Selminho?
Faz agora 60 anos que as obras da Ponte da Arrábida se iniciaram. Nesse feito da engenharia nacional está a origem da controvérsia sobre os terrenos que pertencem, de igual modo, à empresa Selminho e à Câmara do Porto. (...)

O que é que a construção da Ponte da Arrábida tem que ver com a Selminho?
MINORIA(S): Homossexuais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-06-02 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20170602180109/https://www.publico.pt/n1774109
SUMÁRIO: Faz agora 60 anos que as obras da Ponte da Arrábida se iniciaram. Nesse feito da engenharia nacional está a origem da controvérsia sobre os terrenos que pertencem, de igual modo, à empresa Selminho e à Câmara do Porto.
TEXTO: À data do início da obra, em Março de 1957, a Ponte da Arrábida, entre Porto e Vila Nova de Gaia, batia um recorde invejável: era aquela que tinha o maior arco em betão armado do mundo. O projecto era do engenheiro Edgar Cardoso e a arte da construção pertencia ao engenheiro José Pereira Zagallo, o empreiteiro geral, e aos seus operários e mestres, muitos deles, tal como o patrão, originários de Aveiro. Atendendo à envergadura excepcional da empreitada, que se prolongou por seis anos, um dos bicos de obra da firma J. P. Zagallo foi o alojamento do pessoal. Entre os mais afortunados, aqueles que ficaram junto aos estaleiros, encontrava-se o mestre Álvaro Nunes Pereira. Já tinha corrido ceca e meca a erguer ponte e viadutos, mas as vistas do Douro e da Foz prenderam-no para sempre à escarpa da Arrábida. À semelhança do que aconteceu em muitas outras obras públicas, com aqueles que as erguiam, foi nos terrenos contíguos à ponte, expropriados para esse fim ou não, que Álvaro Pereira acabou por se fixar. Como foi ao certo já ninguém se lembra, mas foi para lá, na Calçada da Arrábida n. º 7, numa velha casa com um terreno a cair para o rio e seguro por socalcos que davam couves e feijões, que trouxe a família de Aveiro. Foi de lá que a filha Maria Irene foi à escola e foi lá, numa pequena casa junto à do pai, que ela continuou a viver quando se casou com o taxista João Baptista Ferreira, transmontano de Mirandela. Em nome deste, em 1975, foi feito o contrato de fornecimento de electricidade à habitação que foram arranjando e, um pouco mais acima, na modesta Rua da Arrábida, não longe do que viria a ser o Bairro do Aleixo, Maria Irene tomou de trespasse uma mercearia. Nem ao pai nem a ela, ao longo destes 60 anos, alguma vez alguém perguntou fosse o que fosse sobre a propriedade das casas e dos mais de dois mil m2 de terra e pedras de que dispunham como seus. Só em 1998, com as obras do condomínio Douro Foz, ali por baixo, a fazer tremer a escarpa, é que os Pereiras perceberam que tinham de descer do céu à terra. Pelo caminho pediram ajuda ao jovem advogado Nuno Carvalhinhas e foi graças a uma veneranda figura do direito romano, a usucapião, que em Março de 2001 se tonaram donos daquilo que, pela lei fundada nos usos e costumes, já era seu. O que eles não sonhavam é que o seu quinhão já tinha dono e que este também não sonhava que o tinha. E foi por isso que o terreno que era da Câmara do Porto desde 1950, mas do qual esta nunca tinha cuidado como se fosse, passou a ser de João Batista e da mulher, cumpridas as formalidades legais inerentes à sua aquisição e registo. Mas as vistas que meio século antes tinham deslumbrado o pai de Maria Irene, e outros construtores de pontes que por ali ficaram, eram as mesmas que já então levavam muitos fazedores de dinheiro a bater-lhes à porta, em busca de negócio. Com os terrenos, escarpados ou não, a atingirem preços nunca vistos, a oportunidade estava à mão. O advogado que tinha tratado da legalização da propriedade e que garante nunca ter tido qualquer contacto anterior com a família de Rui Moreira fez o resto. Menos de um mês depois da publicação de um anúncio a duas colunas nas páginas do Jornal de Notícias, com o número de telefone do advogado, a venda estava apalavrada com a empresa Inteplacas. Foi então, relata Nuno Carvalhinhas, que lhe apareceu no escritório Luis Miguel Moreira, gerente da firma Selminho, de que eram sócios os seus sete irmão, entre os quais Rui Moreira, o actual presidente da Câmara do Porto. Ainda que um dos sócio da Selminho tenha memória de um agente imobiliário francês então estabelecido no Porto, Bernard Fouquet, a intermediar o contacto, o advogado mantém que não houve qualquer intermediação. Certo é que a proposta da Selminho cobriu a da Interplacas e esta ficou fora de jogo. A escritura foi lavrada logo em Julho de 2001 e com os 35 mil contos que recebeu, segundo reza a escritura, o casal Ferreira, que o PÚBLICO não conseguiu ouvir, comprou a moradia em que ainda vive do outro lado da ponte, em Gaia. Para as silvas e para os gatos ficaram o terreno e as casas, agora em ruínas, que tinham sido do taxista, da mulher e do sogro. Para a burocracia camarária e judicial ficaram as guerras em que a Selminho e o município se envolveram depois. Guerras em que a câmara sempre reconheceu a propriedade como sendo da Selminho, mas que acabaram por revelar que afinal a propriedade era, na sua maior parte, do próprio município. Não fosse o abandono, em termos de limpeza de matos, a que a imobiliária da família Moreira votou a parcela em que queria construir 12 apartamentos topo de gama, com projecto do arquitecto Alcino Coutinho, e a batalha que se anuncia pela propriedade do terreno e que já está a pôr o Porto político ao rubro nunca teria começado. É que foram as silvas e a bicharada que o abandono traz que, em anos sucessivos, levaram os gestores do vizinho condomínio Douro Foz a requerer à câmara, por motivos de salubridade e segurança, a limpeza dos terrenos cujo proprietário desconheciam. E enquanto os serviços jurídicos e de Urbanismo da autarquia pelejavam em tribunal desde 2005 por causa das pretensões da Selminho para construir no terreno que tinha comprado, os serviços de Ambiente da mesma autarquia gastavam quase dois mil euros por ano para desmatar o mesmo terreno que sabiam ser do município. Já em 2015, senão antes, os responsáveis destes serviços tinham investigado a dominialidade da parcela para saber a quem deveriam apresentar a conta da limpeza. A conclusão foi a de que ela era maioritariamente da câmara, que pagou a factura à empresa Suma. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O mesmo aconteceu em 2016. Para azar de quem os tribunais vierem a decidir, desta vez, os serviços de património do município aperceberam-se, casualmente, que a propriedade também estava registada em nome da Selminho. A culpa foi da polémica gerada em torno do litígio existente entre a autarquia e a empresa da família Moreira quanto aos direitos de construção que esta tem, ou não, no local. Por causa dela saiu num jornal a planta dos terrenos da Selminho e os serviços da Direcção Municipal de Finanças e Património somaram dois mais dois e fizeram o trabalho que lhes compete. Agora só falta saber quem é que vai este Verão pagar a limpeza do terreno.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos filha lei escola tribunal mulher ajuda
O terror de The Perfection chegou ao Netflix e a conversa começou
Quando o #MeToo se torna um filme de terror — e o que torna o horror viral? (...)

O terror de The Perfection chegou ao Netflix e a conversa começou
MINORIA(S): Homossexuais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2019-07-10 | Jornal Público
SUMÁRIO: Quando o #MeToo se torna um filme de terror — e o que torna o horror viral?
TEXTO: Como se fala de um filme em processo viral e que ao mesmo tempo se estraga com spoilers? Depois de meses ziguezagues por entre os spoilers de A Guerra dos Tronos, Vingadores: Endgame e até à carta de Quentin Tarantino pedindo que não se estrague parte da história de Once Upon a Time in Hollywood, The Perfection é um filme de terror e de outras coisas. Vai-se transmutando de tal forma que falar da sua intriga é um terreno minado. Mas uma coisa se pode dizer sobre o filme candidato ao pódio do passa-palavra deste final de Primavera: “Cada plot twist é uma afirmação feminista”, como explica a actriz Logan Browning. Para evitar os spoilers, uma sucessão de referências de filmes e documentários que podem vir à mente quando se vê The Perfection: Cisne Negro, A Criada, A Mosca, Saw, Foge, Eyes Wide Shut, The Keepers. The Perfection desenrola-se sobre o pano de fundo da disciplina férrea das instrumentistas de música clássica e desemboca numa história de sedução, de horror gore, de manipulação e de violência sexual. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Logan Browning (Dear White People) e Allison Williams (Foge, Girls) são as protagonistas de um filme Netflix que convenientemente encontrou os seus espectadores num fim-de-semana prolongado nos EUA e que assenta numa versão distorcida de uma premissa #MeToo. Foi filmado por alturas do escândalo Weinstein e a mensagem do realizador Richard Shepard é que “os filmes de género conseguem falar sobre temas que talvez sejam demasiado difíceis de abordar de outras formas”, como disse ao New York Times. Os contributos das actrizes resultaram em mudanças de cenas para contemplar prismas raciais ou de género e o filme escrito por Eric C. Charmelo, Nicole Snyder e Shepard não se coíbe de manipular, trocar voltas, estilizar. Há quem lhe encontre defeitos estilísticos e más interpretações do movimento contra o assédio ou das visões sobre a sexualidade, e o público, a avaliar pelos comentários no Twitter e nas críticas, está entre o estarrecido e entusiasmado, mas também entre o galvanizado e o desagradado. É que The Perfection tem os ingredientes da surpresa e espanto (para o bem e para o mal) à medida da experiência de segundo ecrã que é um comentário no Twitter a pedir um meme. A crítica tem-lhe sido relativamente favorável, com elogios do New York Times, Los Angeles Times ou Rolling Stone e mais reservas no The Guardian, por exemplo. No meio de tanta conversa, entretanto o filme faz o seu caminho na viralidade.
REFERÊNCIAS:
Adolescentes portugueses estão exaustos. Os que não gostam da escola triplicaram nos últimos 20 anos
Mais de metade dos alunos portugueses dizem-se maus alunos. O novo inquérito sobre o estilo de vida dos adolescentes mostra-os cada vez mais exaustos, tristes e medicados. (...)

Adolescentes portugueses estão exaustos. Os que não gostam da escola triplicaram nos últimos 20 anos
MINORIA(S): Homossexuais Pontuação: 2 | Sentimento -0.2
DATA: 2018-12-25 | Jornal Público
SUMÁRIO: Mais de metade dos alunos portugueses dizem-se maus alunos. O novo inquérito sobre o estilo de vida dos adolescentes mostra-os cada vez mais exaustos, tristes e medicados.
TEXTO: A matéria nas aulas é demasiada, aborrecida, difícil. A avaliação é um stress. E o pior mesmo é a comida do refeitório. Em cada 100 adolescentes portugueses, quase 30 (29, 6%) dizem que não gostam da escola. Mas o que mais surpreendeu os autores do novo grande inquérito sobre os estilos de vida dos adolescentes portugueses foram os níveis de exaustão e de tristeza: 17, 9% dos adolescentes inquiridos disseram-se cansados e exaustos “quase todos os dias”, 12, 7% acusaram dificuldades em adormecer e 5, 9% confessaram que se sentem “tão tristes que não aguentam”. Se recuarmos a edições anteriores deste inquérito, que vem sendo repetido de quatro em quatro anos desde 1998, houve agravamentos em todos aqueles indicadores. Quanto à má relação dos alunos com a escola, “é um problema crónico” que triplicou nos últimos 20 anos. “É uma desgraça continuada”, constata Margarida Gaspar de Matos, a investigadora que coordena a equipa que faz esta análise aos adolescentes portugueses para a Organização Mundial de Saúde (OMS) - este ano com inquéritos distribuídos a 6997 jovens de Portugal continental, do 6º, do 8º e do 10º ano de escolaridade. Em 1998, 13, 1% dos alunos diziam não gostar da escola. Vinte anos depois, essa percentagem aumentou para os referidos 29, 6%. E se, no primeiro inquérito, apenas 3, 8% acusavam a pressão com os trabalhos da escola, este ano foram 13, 7%. Por outro lado, quando os investigadores perguntaram aos alunos do 8º e do 10º ano se pretendiam ir para a universidade, apenas 54, 8%, pouco mais de metade, portanto, responderam que sim. Em 2010, as respostas positivas tinham sido 69, 3%. Pior: mais de metade dos alunos (51, 8%) consideram-se maus alunos. “Quando lhes perguntamos porquê, a resposta é chapa um: 'Não tenho boas notas', ‘não tenho boas notas', 'não tenho boas notas'. Não falam da dificuldade em aprender, eles estão é stressadíssimos com as notas. Parece que a escola toda se centrou na questão da avaliação em vez de no gosto pela aprendizagem”, acrescenta a investigadora, para quem o combate a “este cancro que é o desgosto pela escola” exige que se dê mais atenção à flexibilização curricular. Afinal, 87, 2% dos alunos queixam-se que a matéria é demasiada, aborrecida (84, 9%) e difícil (82%). “Parece que o ensino está todo virado para a nota em vez de para o conhecimento académico e das pessoas. E isto é uma escola muito punitiva. É uma escola que existe para enfardar conhecimento e não para fazer com que as pessoas desabrochem do ponto de vista da cultura e do conhecimento do meio”, insiste a investigadora, reivindicando a recuperação, nas escolas, dos espaços em que os “os adultos de referência possam contactar com as crianças sem que seja numa troca à volta das matérias”. É que, como se não bastasse, 56, 9% dos alunos acusaram a pressão também dos pais para que tenham boas notas. Recolhidos através de um questionário online, preenchido em contexto de aula, por alunos de 387 turmas de escolas públicas, estes resultados hão-de integrar o grande retrato internacional da adolescência, chamado Health Behaviour in School-Aged Children, da OMS, que congrega dados semelhantes de 44 países e que deverá ser divulgado dentro de mais ou menos um ano. Na altura, será possível comparar os estilos de vida dos adolescentes portugueses com os dos outros países, em áreas como o apoio familiar, a escola, saúde, bem-estar, sono, sexualidade, alimentação lazer, sedentarismo, consumo de substâncias e violência. Por enquanto, o retrato que se afigura aos investigadores portugueses é preocupante, com os indicadores reveladores de mal-estar a equipararem-se (e a agravarem-se, nalguns casos), aos de 1998, depois de vários anos de aparente melhoria. As respostas revelam, por exemplo, que, apesar de a grande maioria (81, 7%) dos jovens se considerar feliz, tem aumentado a percentagem dos que se dizem sentir tão tristes que não aguentam… quase todos os dias: eram 3, 5% em 2006 e subiram para os 5, 9% em 2018. Ao mesmo tempo, os que se dizem tristes quase todos os dias aumentaram de 5, 3% para 9, 2%, depois de em 2006 terem recuado aos 4, 6%. Já nos comportamentos autolesivos houve “uma diminuição tão ligeirinha que é quase um empate técnico”: 19, 6% dos alunos do 8º e do 10º ano assumiram ter-se magoado de propósito pelo menos uma vez nos 12 meses anteriores ao inquérito. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O que deixou “apavorada” a coordenadora deste estudo foi a quantidade de jovens que se declararam exaustos: 17, 9% em 2018, acima dos 10, 3% de 2014 e dos 9, 5% de 2010. Nem 2002, que “foi o ano terrível em que tivemos alguns dos piores indicadores”, foi tão mau. Nesse ano, o valor foi de 16, 8%. O estudo não permite estabelecer nexos causais. Mas Margarida Gaspar de Matos, que além de investigadora é psicóloga clínica, recorre à sua experiência profissional para arriscar algumas explicações susceptíveis de ajudarem a perceber para o cansaço e a exaustão dos jovens: “O stress por causa das notas, o abuso do ecrã e as poucas horas de sono”. Notas de rodapé: 56, 6% dos alunos do 8º e 10º ano declararam passar várias horas por dia ao telemóvel. E cerca de metade do total de inquiridos apontou problemas como dificuldades em adormecer, sono agitado, e acordar cedo demais e a meio da noite. Outros indicadores de mal-estar decorrem dos 27, 6% dos que se disseram preocupados "todos os dias, mesmo várias vezes ao dia".
REFERÊNCIAS:
Entidades OMS
E no entanto ele também fez grandes filmes...
Sim, Bertolucci fez filmes tão desastrados ou mesmo horrendos como 1900, O Pequeno Buda ou Beleza Roubada. Mas também foi grande, às vezes mesmo grandíssimo. (...)

E no entanto ele também fez grandes filmes...
MINORIA(S): Homossexuais Pontuação: 2 | Sentimento 0.8
DATA: 2018-11-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: Sim, Bertolucci fez filmes tão desastrados ou mesmo horrendos como 1900, O Pequeno Buda ou Beleza Roubada. Mas também foi grande, às vezes mesmo grandíssimo.
TEXTO: As perfomances sexuais de O Último Tango em Paris e os nove Óscares de O Último Imperador, ganhando em todas as categorias para o qual estava nomeado, feito antes apenas ocorrido com Gigi de Vincente Minnelli (“Signor Oscar”, assim mesmo, em italiano, foi a capa da Time), eis as imagens de marca que ficam associadas a Bernardo Bertolucci (1941-2018). A responsabilidade é em grande parte sua, claro que sim, mas este selo é tremendamente injusto para um cineasta que quando foi grande foi por vezes mesmo grandíssimo. Antes da Revolução, O Conformista, A Estratégia da Aranha ou A Tragédia de um Homem Ridículo são obras-primas. E, contra a generalidade das opiniões (estou bem isolado neste caso, sei-o bem), acho que mesmo O Último Tango em Paris é muito mais do que as tais performances sexuais. No seu confronto de homem que com a idade quer provar a si próprio a virilidade com uma jovem atraente, Marlon Brando é comovente (isso mesmo, comovente) – basta lembrar o incrível monólogo em grande plano em que o olhar parece vaguear para uma qualquer altura (de facto Brando estava a ler o texto num cartão colocado frente a si). “Quem não viveu antes da revolução não sabe o que é a doçura de viver” é uma frase de um homem célebre pelo modo como foi sobrevivendo ao longo de regimes e disso se tornou um arquétipo, Charles Talleyrand (1754-1838), Um Homem Diabólico no título português do admirável filme sobre ele de e com Sacha Guitry. Como sobreviver ou, mais prosaicamente, como passar de uma idade a outra, necessariamente confrontando-se também com a sexualidade, é o tema de Antes da Revolução, que Bertolucci fez na sua cidade – e de Verdi –, Parma. De como sobreviver ou “simplesmente” considerar banal o quotidiano de participar no fascismo italiano tratou depois em O Conformista. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Tema do Traidor e do Herói se chama o conto de Borges que inspirou A Estratégia da Aranha – e o filho que descobre que o pai, supostamente um herói resistente morto pelos fascistas, foi afinal um traidor. Inversamente, houve o pai que suspeita que o filho, supostamente raptado pelas Brigadas Vermelhas a troco de um resgaste, é afinal um traidor que montou um estratagema para o extorquir, em A Tragédia de um Homem Ridículo. Sim, Bertolucci fez filmes tão desastrados ou mesmo horrendos como 1900, em que Gérard Depardieu é o filho de camponeses e Robert de Niro o dos proprietários, épico da luta de classes vista do ângulo do “compromisso histórico” representado pelo líder dos comunistas italianos, Enrico Berlinguer (ao qual, quando da morte daquele, o cineasta dedicou um documentário), no que ele próprio designou o seu “período Mosfilm”. Ou como os três sucessivos filmes produzidos por Jeremy Thomas, O Último Imperador, Um Chá no Deserto e O Pequeno Buda, que vão indo da mega-produção histórica e exótica “de prestígio” ao desastre mais total. Ou ainda o ridículo do seu regresso a Itália mas com actores internacionais, Beleza Roubada. E no entanto, convém repeti-lo agora, Bertolucci também fez grandes filmes, e chegou a ser grandíssimo.
REFERÊNCIAS:
Palavras, expressões e algumas irritações: “Para maiores de 18”
Se, no caso de Serralves, todo este ruído à volta de contradições, disputas de poder e egos dilatados servir para que haja bom senso, mantendo-se a liberdade de o adulto escolher aquilo a que expõe os menores a seu cargo, protegendo-os, parece-nos bem. Muito. (...)

Palavras, expressões e algumas irritações: “Para maiores de 18”
MINORIA(S): Homossexuais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-11-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: Se, no caso de Serralves, todo este ruído à volta de contradições, disputas de poder e egos dilatados servir para que haja bom senso, mantendo-se a liberdade de o adulto escolher aquilo a que expõe os menores a seu cargo, protegendo-os, parece-nos bem. Muito.
TEXTO: Descubra as diferenças. O primeiro aviso à entrada das duas salas reservadas na exposição Robert Mapplethorpe: Pictures, em Serralves, era este: “Alertamos para a dimensão provocatória e o carácter eventualmente chocante da sexualidade contida em algumas obras expostas. A admissão nesta sala está reservada a maiores de 18 anos. ” Depois, passou a ser este: “Dado o carácter sexualmente explícito de obras expostas nesta área, o acesso à mesma é reservado a maiores de 18 anos e a menores acompanhados dos respectivos representantes legais. ”Preferimos ater-nos às semelhanças. A expressão, presente nas duas advertências, “maiores de 18”. Parece-nos bem. Acrescente-se-lhe o “para” e obteremos a classificação etária mais elevada para “os espectáculos de natureza artística e os divertimentos públicos”. Esta classificação “de obras e conteúdos culturais é da competência da Inspecção-Geral das Actividades Culturais”, escreve-se no site da IGAC. Mas, segundo o seu inspector-geral, Luís Silveira Botelho, “as exposições de arte não carecem de classificação etária”. Os outros escalões são “para maiores de 3 anos”, “de 6 anos”, “de 12 anos”, “de 14 anos” e “de 16 anos”. Para que servem? “A classificação etária é norteada pelos princípios de protecção de menores e de defesa do consumidor, consistindo em aconselhar a idade a partir da qual se considera que o conteúdo do espectáculo ou do divertimento público não é susceptível de provocar dano prejudicial ao desenvolvimento psíquico ou de influir negativamente na formação dos menores em causa. ” Parece-nos bem. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Sobre o escalão mais elevado, diz-se: “Sempre que o espectáculo ou divertimento público possua conteúdo considerado pornográfico, de acordo com os critérios fixados pela Comissão de Classificação, o mesmo é classificado ‘Para maiores de 18 anos – Pornográfico’. ”Se todo este ruído à volta de contradições, disputas de poder e egos dilatados servir para que haja bom senso, mantendo-se a liberdade de o adulto escolher aquilo a que expõe os menores a seu cargo, protegendo-os, parece-nos bem. Muito. A rubrica Palavras, expressões e algumas irritações encontra-se publicada no P2, caderno de domingo do PÚBLICO
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave sexualidade
Mais de 300 alunos da António Arroio comem no chão em protesto frente ao Parlamento
Alunos queixam-se da falta de infra-estruturas na escola, onde as obras pararam há seis anos. Não têm refeitório, biblioteca, auditório nem ateliers para trabalhar. (...)

Mais de 300 alunos da António Arroio comem no chão em protesto frente ao Parlamento
MINORIA(S): Homossexuais Pontuação: 2 | Sentimento 0.5
DATA: 2018-11-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: Alunos queixam-se da falta de infra-estruturas na escola, onde as obras pararam há seis anos. Não têm refeitório, biblioteca, auditório nem ateliers para trabalhar.
TEXTO: Mais de 300 alunos e professores da Escola Secundária António Arroio, em Lisboa, concentraram-se esta sexta-feira em frente à Assembleia da República em protesto por o estabelecimento de ensino estar degradado e sem condições, e as obras previstas estarem paradas. Para demonstrar a falta de condições da escola, em Lisboa, os alunos almoçaram sentados no chão, em frente à escadaria principal do Parlamento. Os alunos da escola artística gritaram palavras de ordem como "Assembleia egoísta é a morte do artista", "comemos no chão graças à corrupção" ou "Arroio unida jamais será vencida". Segundo a associação de estudantes, existem apenas sete microondas para cerca de 1. 300 alunos e não há um refeitório onde consigam sentar-se para comer. Por isso, acabam "por comer na rua" e muitas vezes nem aquecem o almoço que levam de casa porque "as filas são de 40 minutos" para usar os microondas, quando têm uma hora de almoço, contaram os alunos. Xavier Lousada, aluno do 12. º ano e presidente da Associação de Estudantes da Escola Secundária António Arroio, afirmou à Lusa que houve a necessidade de protestar "porque existem muitos problemas que estão relacionados com as obras", que "começaram há oito anos, mas estão paradas há seis". "Há entulho, material das obras que está a apodrecer à volta da escola e está a chamar bicharada, há ratos nas oficinas de gravura, os aquecedores não funcionam, o edifício principal está com a estrutura mal feita, foi acabada à pressa, e no ginásio, com as infiltrações da água, rebentou o tecto", referiu o aluno. O presidente da associação de estudantes precisou que "não há refeitório, o que há é um contentorzinho com um bar que vende aos alunos umas caixinhas com comida". Segundo Xavier Lousada, não é apenas o refeitório que faz falta na escola. "Não temos biblioteca, não temos ateliês para trabalhar, não temos um auditório", elencou, acrescentando que estes equipamentos funcionam actualmente em "salas improvisadas". Por tudo isto, os alunos dizem estar "fartos de não receber respostas concretas". "No início dos anos dizem sempre que as obras vão começar, mas nunca começam. Ou libertam a verba e a verba depois desaparece, ou existe um empreiteiro, mas o empreiteiro desaparece [. . . ]. É muita coisa", referiu o estudante. Além das palavras de ordem entoadas, os alunos exibiram cartazes em que se lia "obras já" (com a letra 'o' feita com um prato, um garfo e uma faca), "1. 300 alunos, sete microondas", "não vamos calar até a obra acabar", "não vamos ficar calados", "mãos à obra" e "não vamos parar". Uma das alunas exibia um cartaz a referir estar "farta de calos no rabo" por ter de comer sentada no chão, pedindo por isso o "refeitório já, sff [se faz favor]". Rute Garcia foi uma das professoras que se juntaram ao protesto organizado pelos estudantes. À Lusa, a docente do 10. º ano falou numa "realidade que afecta toda a comunidade escolar". "É um problema que toca a todos e por isso estamos todos solidários", acrescentou. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Também a deputada Rita Rato, do PCP, marcou presença na acção, apontando que os comunistas estão solidários com a "luta dos estudantes pela conclusão das obras na Escola António Arroio, uma luta que quase que já tem uma década". A deputada considerou estar em causa "o funcionamento normal da escola", que "continua a funcionar sem refeitório" e "não garante condições mínimas", numa situação que a seu ver é "inaceitável". Lembrando que, "já por proposta do PCP, foi aprovada a importância da conclusão das obras", Rita Rato salientou que "não é por falta de proposta" que as obras não se concluem, mas sim "por falta de vontade política e agilização de processos".
REFERÊNCIAS:
O novo Pérola Negra: "igualitário e inclusivo"
Foi bar de striptease, em 2016 tornou-se discoteca. Em Novembro deste ano, mantendo intacto o glamour dos seus interiores, reabriu com o objectivo de ser um pólo musical dinâmico. Novas ideias, novas propostas, novos objectivos. (...)

O novo Pérola Negra: "igualitário e inclusivo"
MINORIA(S): Homossexuais Pontuação: 2 | Sentimento -0.09
DATA: 2018-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Foi bar de striptease, em 2016 tornou-se discoteca. Em Novembro deste ano, mantendo intacto o glamour dos seus interiores, reabriu com o objectivo de ser um pólo musical dinâmico. Novas ideias, novas propostas, novos objectivos.
TEXTO: “Gostava que o Pérola Negra fosse uma plataforma assente em dois eixos muito importantes”, diz Jonathan Tavares, o gestor do ex-histórico bar de striptease do Porto que em 2016 se tornou discoteca e agora quer ser um pólo musical dinâmico. “Oferecer uma casa em que músicos, promotoras ou editoras mais independentes possam trabalhar e, ao mesmo tempo, ter uma programação que lhes permita internacionalizar-se, através de parcerias com outros clubes” – e a ponte está já criada com agentes da cena clubbing holandesa, por exemplo. Mais do que ser um mostruário para músicos, bandas ou DJ, o novo Pérola Negra pretende, através da identidade múltipla da sua programação – onde caberão uma diversidade de géneros, da música experimental ao hip-hop, do techno e a da house ao jazz exploratório –, constituir um espaço de colaboração, igualitário e inclusivo. Editoras como a portuense Favela Discos e a lisboeta Príncipe já iniciaram ali uma parceria, tal como as promotoras Ouro Bravo e Ill Pitched. Já houve a noite Tetris, onde se cruzaram expressões artísticas (sets DJ, performance, instalação) para, aproveitando a história do espaço, reflectir sobre questões da sexualidade. Quem quiser antecipar o que será o novo Pérola Negra terá na noite de passagem de ano uma boa oportunidade para o fazer, assegura Jonathan Tavares. Isto porque a festa estará a cargo de muitos daqueles que, em 2019, farão a vida da velha casa de cara nova.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave sexualidade negra
O Brasil, a conveniência da esquerda lusa e o postulado “Assis-Vicente”
O conteúdo deste postulado “Assis-Vicente” é surpreendente e é ele próprio um resultado do simplismo maniqueísta para que o populismo dos Bolsonaros deste mundo nos quer empurrar. (...)

O Brasil, a conveniência da esquerda lusa e o postulado “Assis-Vicente”
MINORIA(S): Homossexuais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-11-18 | Jornal Público
SUMÁRIO: O conteúdo deste postulado “Assis-Vicente” é surpreendente e é ele próprio um resultado do simplismo maniqueísta para que o populismo dos Bolsonaros deste mundo nos quer empurrar.
TEXTO: 1. Não creio que precise de repetir que, se tivesse direito a voto na segunda volta das presidenciais brasileiras, teria votado em Fernando Haddad. Não hesitaria um segundo, mas também digo que o faria por simples exclusão de partes, optando pelo mal menor. Não tinha nem tenho qualquer ilusão acerca de Haddad e do PT. Repugna-me, aliás, que o candidato do PT não se tenha distanciado da máquina de corrupção política brasileira (em que o seu partido tem grandes responsabilidades) e que não tenha renunciado a um possível indulto de Lula. É, no entanto, evidente que o programa e o discurso de Bolsonaro punham em xeque princípios básicos do respeito pelos direitos humanos e pela democracia. E que isso se afigura inaceitável. Oxalá, ele não ponha ou consiga pôr em prática algumas dessas promessas. Infelizmente, porém, a experiência histórica (e contemporânea) ensina-nos que estes líderes populistas levam mesmo por diante algumas das suas mais implausíveis ameaças. Por outro lado, a destituição de Dilma e a eleição presidencial que agora culmina ilustram bem que o PT de Haddad, apesar de um padrão de governação profundamente negativo, não destruiu as instituições democráticas, não corroeu a independência judicial, não controlou a liberdade de expressão e de imprensa. E isso constitui uma diferença de natureza, de qualidade e de substância entre as duas propostas políticas. 2. Isto dito e esclarecido, compreenda-se bem o que afirmo e escrevo: felizmente não tinha o direito e o dever de votar nas eleições brasileiras. Felizmente. Não queria estar na pele dos cidadãos brasileiros e ser forçado a uma escolha deste tipo. A primeira obrigação de qualquer comunidade política é, na verdade, assegurar a paz e garantir a segurança. Basta olhar para as estatísticas criminais, que são apenas uma parte dos dados relevantes, para atestar o grau de violência e de insegurança que grassa na sociedade brasileira. Numa sociedade marcada pelo clima “hobbesiano” de guerra de todos contra todos, é compreensível que a preocupação das famílias e dos cidadãos com alguns valores democráticos deixe de ser prioritária. De resto, sem um módico de segurança não há liberdade; não é por acidente que grande parte das declarações de direitos – incluindo a da constituição portuguesa – reúnem num único artigo o direito à liberdade e à segurança (art. 27. º da Constituição de 1976). É, por outro lado, também compreensível que os partidos e as personalidades que foram protagonistas de um sistema de corrupção generalizado sejam objecto de uma onda popular de rejeição. E que, em se tratando de uma democracia, muitos estabeleçam a ligação demagógica entre a corrupção e o regime democrático. Não se trata de nenhuma estreia ou novidade política. Note-se bem, explicar estas causalidades não implica em nada transigir ou apoiar declarações ou posições chocantes ou repulsivas. Estas cadeias de causalidades são, aliás, extremamente simplistas, mas convém não olvidar que é precisamente por causa do seu imediatismo e simplismo que elas vingam e prevalecem em certas correntes de opinião. 3. Feito este ponto de ordem – que poderia alargar-se a outras dimensões (designadamente, a da deterioração acelerada da situação económico-social) –, convém despender alguns caracteres com uma posição recentemente defendida por Francisco Assis e Vicente Jorge Silva. Ambos são militantes de esquerda, bem conhecidos pela sua independência e moderação. Ambos assumiram com desassombro e até brilho a denúncia dos perigos e riscos da candidatura e (agora) da eleição de Bolsonaro. Justamente porque independentes e moderados, nem sempre foram figuras benquistas de alas mais esquerdistas do PS e, em especial, dos seus parceiros de entendimento parlamentar. Neste caso, e muito naturalmente, foram fortemente saudados por esses sectores. Entretanto, e com alguma surpresa, ambos enveredaram por uma qualificação muito crítica de uma série de personalidades de quadrantes mais centrais ou de centro-direita, que tomaram posições mais tímidas, que ficaram silentes ou que declaradamente não quiseram alinhar uma posição. E, para além destas, de todas aquelas que, de uma forma ou de outra, procuraram, como acabo de fazer, esboçar uma tentativa de compreensão e de explicação da deriva eleitoral de dezenas de milhões de brasileiros. Nisto seguiram, de resto, o rasto e o rastilho da esquerda mais radical. Esquerda radical essa a quem convém, a todo o transe, inventar um fantasma de uma velha direita lusitana que esteve sumida e disfarçada durante quarenta anos, mas que agora, por magia “bolsonárica”, renasceu das cinzas. Chega a ser caricato ouvir, pela primeira vez, dirigentes do Bloco e do PC derramar lágrimas de crocodilo pela derrocada da direita moderada e democrática, quando passaram a vida inteira a dizer que a dita direita, por definição, não podia ser nem moderada nem democrática. E, já agora, que o centro não passava de um disfarce dessa “direita” dinossáurica e passadista. Não faltou por aí, em quiosques e esquinas, proclamasse que a direita reacionária, repressiva, antiliberal e antidemocrática finalmente tinha voltado a sair do armário. 4. O conteúdo deste postulado “Assis-Vicente” é surpreendente e é ele próprio um resultado do simplismo maniqueísta para que o populismo dos Bolsonaros deste mundo nos quer empurrar. É altamente conveniente para a estratégia de médio-prazo da esquerda radical e para a táctica de curto prazo do PS. Mas é enganador e não passa ele próprio de um artefacto ou subproduto sofisticado do populismo. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Marcelo e Costa, com sentido institucional e sem estados de alma, felicitaram Bolsonaro. Ninguém tugiu nem mugiu. Do meu ponto de vista, bem. Outros não felicitam, limitam-se a expressar uma visão mais complexa de uma realidade de que nem sequer são parte. Mas quase ficam no grupo dos filo-fascistas. Do meu ponto de vista, mal. Mesmo mal. NÃO. Emmanuel Macron. Dois erros: defender um exército único europeu; admitir que os EUA se possam tornar um inimigo. Uma forte cooperação europeia na defesa é benvinda, mas sem prescindir da NATO. NÃO. Donald Trump. Ao demitir o Procurador Geral Jeff Sessions, cuja isenção na investigação russa se afigurou exemplar, Trump mostra a sua indiferença às garantias do Estados de Direito.
REFERÊNCIAS: