Administração de Serralves em silêncio sobre demissão de João Ribas
O presidente da Fundação Robert Mapplethorpe considerou "egoísta" e "pouco profissional" a decisão de João Ribas. Artistas e académicos protestam numa carta aberta contra a "censura" da exposição dedicada ao fotógrafo norte-americano. (...)

Administração de Serralves em silêncio sobre demissão de João Ribas
MINORIA(S): Homossexuais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: O presidente da Fundação Robert Mapplethorpe considerou "egoísta" e "pouco profissional" a decisão de João Ribas. Artistas e académicos protestam numa carta aberta contra a "censura" da exposição dedicada ao fotógrafo norte-americano.
TEXTO: A administração da Fundação de Serralves mantém o mais absoluto silêncio sobre o pedido de demissão que ao princípio da noite de sexta-feira lhe foi enviado por João Ribas, o director do museu de arte contemporânea da instituição, na sequência de desentendimentos graves acerca das limitações impostas ao acesso dos visitantes a imagens de "carácter eventualmente chocante" incluídas na retrospectiva Robert Mapplethorpe: Pictures, que o próprio comissariou. A interdição de uma parte da exposição a menores de 18 anos e a exclusão forçada de algumas obras levaram João Ribas a considerar que "já não tinha condições para continuar à frente da instituição". A notícia, avançada pelo PÚBLICO em primeira mão, não mereceu até ao momento qualquer comentário daquele órgão, presidido desde 2015 por Ana Pinho. A administração limitou-se a reiterar, pelas 13h deste sábado, a garantia de que "não retirou nenhuma obra" e de que "todas" as 159 imagens de Robert Mapplethorpe incluídas na exposição foram "escolhidas pelo curador". Num comunicado enviado às redacções, a administração sublinha ainda, contrariando declarações de João Ribas feitas ao PÚBLICO ainda antes da inauguração da retrospectiva, que "desde o início" estava previsto que "as obras de cariz sexual explícito" fossem instaladas "numa zona com acesso restrito": "Dado o teor de várias das obras expostas e sendo Serralves uma instituição visitada anualmente por quase um milhão de pessoas de todas as origens, idades e nacionalidades, incluindo milhares de crianças e centenas de escolas, a Fundação considerou que o público visitante deveria ser alertado para esse efeito, de acordo com a legislação em vigor", lê-se no referido comunicado. João Ribas, que também permanece incomunicável, tendo reservado para mais tarde um esclarecimento detalhado das razões por trás da sua decisão, já não participou esta manhã na visita guiada à exposição que deveria conduzir com o presidente da Fundação Robert Mapplethorpe. Em declarações aos jornalistas no final da visita, Michael Ward Stout mostrou-se "chocado" com a demissão do director do Museu de Serralves, que assumiu as funções há menos de oito meses, considerando "egoísta" e "pouco profissional" o timing da sua saída. Michael Ward Stout disse também ter sido informado pela administração de que a decisão de retirar certas imagens da exposição fora do próprio director artístico e não do órgão presidido por Ana Pinho: "Não sei por que é que o João retirou as fotografias, não faz sentido nenhum. "Recorde-se que, numa conversa com o PÚBLICO a propósito da exposição, Ribas dissera há mais de duas semanas que esta mostraria 179 obras de Mapplethorpe, número reiterado pela própria instituição num comunicado de imprensa enviado na sexta-feira às redacções, já após a inauguração da retrospectiva. Afinal, são apenas 159 as imagens expostas, tendo 20 das obras inicialmente previstas ficado de fora. As razões da sua exclusão permanecem por explicar, tendo as perguntas enviadas pelo PÚBLICO à administração de Serralves na tarde de sexta-feira ficado sem resposta. Já este sábado o PÚBLICO tentou repetidamente, e sem sucesso, obter esclarecimentos junto de quatro membros do conselho de administração, incluindo a sua presidente. Entretanto, está a circular na Internet uma carta aberta dirigida a Ana Pinho, em que os signatários (a meio desta tarde eram já cerca de 200), entre os quais se contam o artista João Pedro Vale e o cineasta João Pedro Rodrigues, protestam contra a “censura” da exposição Robert Mapplethorpe: Pictures, patente na exclusão de 20 trabalhos do conjunto inicialmente previsto pelo comissário e director João Ribas e na interdição da entrada de menores de 18 anos em certos espaços da exposição. A carta lembra a Ana Pinho que foi precisamente explorando os temas do erotismo, do sexo e da sexualidade que Mapplethorpe, sempre disposto a experimentar tendo a fotografia como meio e linguagem, se tornou uma figura canónica da arte americana da segunda metade do século XX. Evocando as duas grandes exposições recentes da obra de Mapplethorpe em Los Angeles, os signatários desta carta promovida por João Florêncio, professor de História de Arte e de Cultura Visual Moderna e Contemporânea na Universidade de Exeter, no Reino Unido, lamentam que a obra do artista volte a ser “censurada” à semelhança do que aconteceu nos Estados Unidos nas décadas de 1980 e 90, durante as chamadas “guerras culturais” promovidas por políticos conservadores, com o senador republicano Jesse Helms à cabeça. “É com tristeza que continuamos a ver o seu trabalho ser censurado por instituições como Serralves com base em critérios que, suspeitamos, são puramente morais. ”A carta aberta, escrita em inglês para que mais facilmente chegue a potenciais signatários estrangeiros, defende ainda que “decisões executivas destinadas a censurar” nada contribuem para o “debate legítimo” em torno das fronteiras da arte e da pornografia. “Vivemos numa época de profunda incerteza política com a emergência de um populismo de direita, do ultranacionalismo e de ameaças às liberdades artísticas e académicas. Neste contexto, é profundamente triste que a Fundação de Serralves tenha perdido a oportunidade de manter os valores que deviam sustentá-la enquanto casa de cultura, pensamento e liberdade e tenha escolhido sucumbir ao puritanismo moral e ao conservadorismo social”, conclui a carta. Entre os artistas e curadores que já manifestaram o seu repúdio pelo sucedido no Museu de Serralves está o fotógrafo português Daniel Blaufuks, que deveria conduzir uma visita à exposição do artista norte-americano em Novembro, mas decidiu agora não o fazer. "Por considerar absolutamente inaceitável as noticiadas restrições na exposição de Robert Mapplethorpe, venho por este meio cancelar a visita guiada", escreveu nas suas páginas das redes sociais Facebook e Instagram. Ao semanário Expresso, Blaufuks mostrou-se surpreso com a atitude do museu, sobretudo depois de o curador ter dito já que a exposição não teria zonas interditas. Lembrando em seguida que na quinta-feira à noite houve uma visita guiada durante a inauguração feita pelo próprio João Ribas, o fotógrafo questionou-se ainda por que nada foi então dito e por que razão o comissário e director do museu esperou até ao dia seguinte para anunciar a sua demissão. Contactado pelo PÚBLICO ao final da manhã para que se pronunciasse sobre as alterações à exposição de Robert Mapplethorpe e a demissão de Ribas, o gabinete do ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, reagiu assim: “Trata-se de uma questão entre o director artístico do Museu de Serralves e a administração da Fundação. O Ministério da Cultura não comenta decisões que são da responsabilidade das fundações e das suas administrações. O Ministério da Cultura não comenta também as decisões e opções dos directores artísticos. ”A avaliar pelas declarações feitas à Lusa, António Filipe Pimentel, director do Museu Nacional de Arte Antiga e subdirector-geral do Património, está entre os que considerariam natural que o gabinete de Castro Mendes se pronunciasse. "Acho peculiar tudo isto [em Serralves], e como cidadão aguardo melhor informação, porque me falta matéria para entender o que se passou", disse à Lusa, sublinhando "o facto de se tratar de uma fundação privada sim, mas com capitais públicos", e acrescentando que o ministério "investe mais [em Serralves] do que em todos os museus públicos nacionais. "É precisamente porque tem financiamento do Estado português, e porque se trata de um dos museus mais importantes do país, que este episódio em Serralves assume especial gravidade, defende também o Bloco de Esquerda (BE), que este sábado apresentou um requerimento para que o director demissionário seja ouvido na comissão parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto. Para os bloquistas, "o conservadorismo não é critério de avaliação artística" e "não pode substituir-se à curadoria de uma exposição". O conselho de administração de uma instituição, adverte ainda o BE, também não pode comportar-se como "um órgão de censura da direcção do museu" que tutela. Ana Pinho termina o seu primeiro mandato como presidente do conselho de administração de Serralves dentro de pouco mais de três meses. Segundo os estatutos da fundação, pode ser reconduzida por apenas mais um triénio. Para este domingo, às 11h, está marcado um encontro na porta do Museu de Serralves para a entrega de uma segunda carta aberta, desta vez dirigida a todo o conselho de administração da fundação. Nela se exige aos oito membros que o compõem que se demitam ou, caso considerem não haver “censura”, procedam ao contraditório. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Esta última carta, que diz ainda que a administração mentiu ao afirmar que foi Ribas quem decidiu retirar algumas obras da exposição, deixa também um recado ao curador: “O Director Artístico não deveria ter permitido a prévia censura a uma exposição da qual assumiu a curadoria, mesmo que tenha sido coagido a fazê-lo. A exposição não poderia ter inaugurado desta forma. Há falta de coragem. ”Acrescentando que é público que a actual Presidente está a transformar Serralves num "espaço acrítico", os signatários são peremptórios: “Não queremos uma administração que censura, mente e coage. Não queremos um museu que não assegura o Estado de direito democrático nem os direitos fundamentais dos cidadãos [. . . ]. Este museu também é nosso. ”Notícia alterada às 22h20: o "manifesto" a entregar este domingo em Serralves é, afinal, uma segunda carta aberta, e o seu conteúdo foi já dado a conhecer.
REFERÊNCIAS:
Partidos BE
Bispo espanhol compara gala drag com acidente de aviação
Familiares dos 154 mortos do acidente aéreo de 2008 em Madrid estão indignados. (...)

Bispo espanhol compara gala drag com acidente de aviação
MINORIA(S): Homossexuais Pontuação: 2 | Sentimento -0.05
DATA: 2017-06-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: Familiares dos 154 mortos do acidente aéreo de 2008 em Madrid estão indignados.
TEXTO: Em 2008 um avião da Spanair com destino às Canárias despenhou-se no aeroporto de Barajas, em Madrid, causando a morte de 154 pessoas. O acidente chocou a Espanha e o bispo das Canárias, Francisco Cases, declarou o dia do acidente como o mais triste da sua vida. Porém, as últimas festas de Carnaval causaram tristeza ainda maior ao mesmo responsável, segundo disse o próprio, agastado com uma gala drag queen do carnaval de Las Palmas, em que a vencedora, Drag Sethalas, surgiu vestida com as suas versões da Virgem Maria e de Cristo na cruz. “Em conversas com jornalistas e com pessoas disse que o dia mais triste da minha vida tinha sido o do acidente de Barajas, com um avião das Canárias. A partir de hoje direi que que estou a viver agora o dia mais triste. Triunfou a frivolidade e a blasfémia na gala Drag do Carnaval da Canária Grande. Triunfou no número de votos e nos aplausos de uma multidão enfurecida", escreveu num comunicado o bispo. Uma declaração polémica que rapidamente se espalhou e que indignou a associação das famílias das vítimas da Spanair. Os responsáveis da associação mostram-se-se “indignados” com as declarações, acusando Francisco Cases de “ignorar” que também eles “estão mortos em vida” desde o acidente e “a lutar contra um sistema que lhes nega a justiça”, manifestando-se “feridos” com as palavras do bispo. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A polémica, claro, estendeu-se às redes sociais, com opiniões a favor e contra, e motivou também um comentário no Twitter do arcebispo de Madrid, cardeal Carlos Osorio, que se solidarizou com o bispo das Canárias. “Generosidade, o diálogo com Deus e o jejum despertam-nos para a verdade. Como o bispo Francisco de Canarias eu digo hoje: não vale tudo”, escreveu na rede social. A actriz vencedora da gala, Drag Sethalas, afirmou ao jornal ABC que “não queria ofender ninguém”, confessando, porém, que “pretendia ser polémica” e que tal objectivo foi alcançado. Entretanto, o jornal espanhol Publico revela que a RTVE, a televisão estatal, retirou o vídeo da actuação da sua página online o a pedido da Conferência Episcopal. O canal foi de imediato criticado pela secção sindical da UGT que representa os trabalhadores da estação, acusando os seus responsáveis “de se colocarem de joelhos perante as criticas da Conferência Episcopal”. “A RTVE não se pode colocar ao lado de uma das partes”, afirmam.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave morte social
Duplo Espaço: o atelier de João Pedro Vale e Nuno Alexandre Ferreira
Laura Sequeira Falé gosta de ateliers e mostra-os no blogue Duplo Espaço. Desta vez, visitou o atelier de João Pedro Vale e Nuno Alexandre Ferreira. (...)

Duplo Espaço: o atelier de João Pedro Vale e Nuno Alexandre Ferreira
MINORIA(S): Homossexuais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-10-19 | Jornal Público
SUMÁRIO: Laura Sequeira Falé gosta de ateliers e mostra-os no blogue Duplo Espaço. Desta vez, visitou o atelier de João Pedro Vale e Nuno Alexandre Ferreira.
TEXTO: Andava há mais de um ano a tentar ir ao atelier do João Pedro Vale (Lisboa, 1976) e do Nuno Alexandre Ferreira (Torres Vedras, 1973). Quando nos encontrámos no final de Setembro, apanhei-os praticamente de saída para Paris. Subversivos e activistas, consideram-se à margem do meio artístico, mas nem tão à margem assim. A nossa conversa centrou-se nesse equilíbrio. Este atelier nas Olaias, em Lisboa, é uma garagem que os próprios terminaram de construir numa zona complicada da cidade. O seu exterior, fechado, com lixo à porta que é atirado pelos vizinhos não deixa adivinhar que por dentro há um atelier que faz lembrar os bastidores de um teatro de revista. Assim que entrei, tive logo vontade de trabalhar só de olhar para a quantidade de adereços, material de pintura, acessórios, mesas e sobretudo espaço, muito espaço, para circular ou para dançar se for preciso. O que mais impressiona é a distância que é possível ter de cada trabalho e a facilidade com que somos engolidos por aquele ambiente colorido que é capaz de nos pôr rapidamente a reflectir. Senti que tinha sido sugada para um sítio mágico, de onde podiam sair palhaços por trás das paredes ou majorettes com chapéus de purpurina. Naquele espaço parece que se pode tudo. Fui recebida por duas caras ternurentas num dia de calor. Ao longo da nossa conversa, as ideias de um e de outro foram-se completando mutuamente. São quase 22 anos a namorar e dez a assinarem os mesmos trabalhos, por isso é natural que o discurso seja semelhante. Mas mesmo assim, a forma como se referem às situações dos seus quotidianos dá a sensação que estou a ouvir uma única pessoa muito articulada. Pensam em simultâneo mas não se interrompem e quando discordam, não se atacam, dizem só que sobre tal assunto há outra perspectiva que devia ser explorada. São sobretudo cordiais entre si e terra-a-terra quando conversam. É raro entrevistar duplas de artistas e ainda mais raro é entrevistar pessoas que fazem questão de dizer que são namorados, que não são só artistas a trabalhar em conjunto. Vivem equilibrados, mas isso só acontece porque não se sentem, nem se querem sentir, no centro. Esse equilíbrio excêntrico é o que lhes permite viver do trabalho que fazem. Não estão absolutamente "dentro do sistema", quero dizer, não são representados em exclusividade por qualquer galeria, mas trabalham com galerias ocasionalmente, participam em bienais e trabalham muito e com regularidade, sempre com a perspectiva de que nenhum trabalho é para ficar guardado no atelier. É curioso ouvi-los falar porque o João Pedro sente que desde que deixou de ser representado exclusivamente por galerias trabalha mais livremente. Pagam caro por essa liberdade porque agora têm a seu cargo todo o trabalho de logística e de auto-gestão para além do trabalho plástico, mas dizem que vale a pena porque já nada interfere no que desejam fazer. Quando começaram a assinar em conjunto, o trabalho tornou-se diferente e sentiram que criaram uma coisa nova, diferente daquela que o João Pedro fazia a solo. Compreenderam que se se autorizassem a mudar a forma como se apresentavam e aos seus trabalhos, podiam beneficiar mais do que se só confiassem em galerias para geri-los. Agora conseguiram um equilíbrio entre o que querem fazer e o que se espera que façam. Medem o sucesso como a capacidade de conseguirem concluir um projecto para ser visto e compreendido por pelo menos uma pessoa. A noção geral de sucesso, dizem, é heteronormativa, machista, cisgénera e branca. Normalmente mede-se o sucesso pela capacidade de construir família, ter uma casa, um emprego, um carro, e naquilo que é considerado "útil" não entram obras de arte ou ser artista. Diz o Nuno que nós somos tão mais bem sucedidos quanto mais compactuarmos com "a máquina" e que é fácil destruir esta ideia fechada e autofágica de sucesso. Sabe mais no blogue Duplo Espaço. A verdadeira medida de sucesso é mais alargada do que tendemos a considerar. O seu sucesso passa a ter em conta a capacidade de fazer os outros pensar e ter liberdade para concretizar as suas ideias, apesar de também considerarem que a liberdade artística é um mito porque também querem fazer as coisas para os outros perceberem. E mais uma vez se levanta a questão da margem: não podem nem querem estar assim tão longe. Não se pode ser demasiado marginal porque senão não se é visto. De momento, este é o seu único espaço de trabalho, mas há algum tempo tinham o Bregas, um atelier em Xabregas que usaram para construir peças grandes, mas que depois deixou de ser necessário. Então pensaram que poderia ser um sítio aberto ao público onde os seus amigos exporiam e fariam residências. Desejaram criar um espaço onde se pudesse criar conhecimento de uma forma descontraída, independentemente do resultado final. O problema foi que nunca pensaram que se tornasse tão popular e, a determinada altura, em vez de serem eles a propor quem lá expunha, recebiam propostas. O seu trabalho é sempre curatorial no sentido em que seleccionam e escolhem o que querem mostrar, mas não estavam preparados nem queriam desempenhar um papel destes em relação a outras pessoas. De repente eram curadores e sentiram que tinham entrado num território onde não queriam estar — não queriam ser as pessoas que autorizam ou não autorizam. Por isso. o Bregas acabou por fechar. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Tanto o Nuno como o João Pedro falam num tom doce, sem nunca deixar de olhar nos olhos. A nossa conversa desenrolou-se com o meu silêncio gradual, até que eu passei a sentar-me noutra zona da mesa para fotografar melhor e fiquei defronte de dois grandes charriots com fatos coloridos pendurados que contrastavam com a parede preta. Nesta altura, ambos conversaram entre si sobre como era importante trabalhar em equipa. Os mesmos temas são abordados por áreas diferentes e se querem ser ouvidos não faz sentido utilizar só a sua linguagem para falar acerca dos seus assuntos. É por isso que colaboram muitas vezes com companhias de teatro, de dança ou de outras áreas que sintam que possam acrescentar ao seu discurso. O João Pedro e o Nuno são artistas estabelecidos e referências importantes, por isso estava curiosa por saber que medos tinham. Responderam-me que têm receio de não compreender o trabalho e as preocupações de gerações que se alimentaram e que tomaram os seus trabalhos como referência. Ao fim ao cabo, têm medo de ficar conformados e não querem ser "bichas assimiladas", como os próprios disseram. É bom fazer parte de uma geração que puxa os limites e é bom que a geração a seguir faça coisas diferentes, que puxe além dos limites e que force a mudança. Ainda bem que continua a acontecer porque o centro tem sempre o seu limite em conta — não o quer, mas alimenta-se dele para se definir e por isso vai buscar quem vive nessa linha. A oportunidade para ser visto e compreendido está aí.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave medo
"O erro de Serralves foi não termos falado logo forte e feio"
Pacheco Pereira foi o rosto mais combativo do conselho de administração na crise que se seguiu à demissão do director do Museu de Serralves. Na primeira entrevista que dá sobre o assunto, diz que não era possível gerir a situação de outra forma. E que Serralves "não é uma instituição fofinha". (...)

"O erro de Serralves foi não termos falado logo forte e feio"
MINORIA(S): Homossexuais Pontuação: 2 | Sentimento 0.006
DATA: 2018-11-12 | Jornal Público
SUMÁRIO: Pacheco Pereira foi o rosto mais combativo do conselho de administração na crise que se seguiu à demissão do director do Museu de Serralves. Na primeira entrevista que dá sobre o assunto, diz que não era possível gerir a situação de outra forma. E que Serralves "não é uma instituição fofinha".
TEXTO: Não houve censura na retrospectiva de Robert Mapplethorpe, e se a administração de Serralves impôs a deslocação de algumas fotografias para uma sala reservada, fê-lo num contexto em que já perdera a confiança no director do museu, João Ribas, também curador da exposição. Foi essencialmente isto que José Pacheco Pereira quis sublinhar nesta entrevista, exclusivamente dedicada aos contornos da demissão de João Ribas, anunciada um dia depois da inauguração da exposição. O historiador e comentador político, que se mostrou um dos administradores da fundação mais intervenientes nesta crise, explica pela primeira vez com detalhe a situação em que foi pedido ao director para retirar, horas antes da inauguração, duas fotografias da parede, Dennis Speight (1980) e Larry (1979), uma delas com um pénis erecto: "Tenho muita dificuldade em perceber que o nefando acto de censura da administração tenha sido 'ponha duas daqui para ali'. [. . . ] Houve discussão e houve um pedido para mudar duas obras para a sala reservada. Ele resolveu tirá-las. "Foram duas horas de entrevista, que não raro derrapou para o debate, e de que aqui fica um resumo. Pacheco Pereira acusa a imprensa, e o PÚBLICO em particular, de fazer campanha contra Serralves. Na sua interpretação dos acontecimentos, João Ribas demitiu-se porque numa entrevista que deu ao PÚBLICO na semana antes da inauguração entrou em contradições insanáveis com os compromissos anteriormente assumidos com a administração. “Pode parecer arrogância, mas acho que não fizemos nenhuma asneira. ”Por que é que sugerir ao curador retirar duas fotografias da parede no próprio dia da inauguração não é uma interferência grave? Ou mesmo “censura”, repetindo o termo utilizado por João Ribas na Comissão Parlamentar de Cultura? Não é uma coisa nem outra. O director do museu deu uma entrevista ao PÚBLICO na qual mudou de posição em relação à forma de organização da exposição: tinha proposto que haveria uma sala com um determinado conjunto de obras, e que se colocariam avisos, matéria que nunca foi controversa e que o próprio, aliás, não negou na audição parlamentar. A partir do momento em que deu uma entrevista dizendo exactamente o contrário, isso criou uma grande preocupação, que se traduziu na necessidade de lhe recordar que havia um compromisso. E a seu convite, e saliento isto, a parte executiva da administração fez uma coisa que nunca tinha feito em relação a nenhuma exposição, que foi visitá-la com antecedência. Foi Ribas quem convidou…… sim, e nessas visitas, que não testemunhei, ter-lhe-ão chamado a atenção para a necessidade de colocar algumas obras na sala reservada, o que aceitou. Não sabemos por que razão, tendo aceitado, depois não as colocou. A responsabilidade é dele. Acresce que seria absurdo proibir, ou censurar, duas obras que são muito mais pacíficas do que aquelas que se encontram na sala reservada. Quando se fala em Mapplethorpe, as pessoas acham normal que haja um problema de censura, mas a exposição, desde os tempos da Suzanne Cotter, foi vista com muito entusiasmo pela administração. Há outras fotografias cuja localização na exposição será da responsabilidade da administração. Não, é do responsável do museu e curador, que aceitou colocá-las. Aceitou como?Não digo que não tenha havido discussão, mas aceitou. Vão-me convencer de que esta tempestade toda se deve à circunstância de duas fotografias, bastante pacíficas em relação às que estão expostas no interior, não terem sido colocadas?Não sabemos se são pacíficas ou não. Quem decide?Há aqui duas funções que infelizmente estavam sobrepostas. O director do museu tem funções que são também administrativas, ou seja, tem de colaborar com a administração. O curador é inteiramente livre. Se não quisesse apresentar a exposição, não o tinha feito. Mas há filmes e relatos do que ele disse na apresentação, com grande prazer, a jornalistas e a convidados, aceitando as felicitações. A partir desse momento, assinou a exposição como curador e a responsabilidade do que lá está é dele. Pegando nas suas palavras, as tais duas obras serão comparativamente pacíficas. Mas alguém na administração quis que fossem para a sala reservada. . . E foi por isso que tivemos este problema e fomos à Assembleia?O ex-director diz que o obrigaram a deslocar várias obras, mas invoca o acordo de confidencialidade para não identificar quem deu a instrução. Foi uma decisão colegial da administração?O director fez as declarações que quis e só quando foi confrontado com as suas contradições é que chamou à colação o acordo de confidencialidade. Não conheço esse acordo, que é anterior a esta administração, mas nunca ninguém em Serralves foi perseguido por causa do acordo de confidencialidade. Aqui tivemos dois problemas: o do director do museu e o de uma campanha de imprensa na qual o PÚBLICO teve um papel importante. Estou a exprimir as minhas opiniões, que não comprometem a administração. Insistindo: houve duas fotografias, pelo menos, que a administração. . . Pediu para serem colocadas na sala reservada, e o director aceitou. Mas tenho dificuldade em perceber que o nefando acto de censura da administração tenha sido dizer “ponha duas daqui para ali”, depois de o director se ter contradito em praticamente tudo. Houve uma discussão porque já havia uma quebra de confiança suscitada pela entrevista. A cronologia é evidente. E reparem que ele apresentou a exposição, e até justificou a existência da sala, contrariando o que dissera ao PÚBLICO. Não temos culpa destas contradições. A culpa de Serralves é ter havido um pedido para pôr duas obras noutra sala? É só isso?Mas essas duas obras são o último momento…Não vale a pena continuar, o que já disse é a verdade. Houve discussão e houve um pedido para mudar duas obras para a sala reservada. Ele resolveu tirá-las. Se considerava que aquilo violava a narrativa da exposição, não a tinha assinado. E ele a seguir apresenta-a, portanto tudo o que aconteceu antes é invalidado pela atitude seguinte. Se era tão importante para o equilíbrio narrativo, não assinava. Se fosse consigo, tinha-se demitido na hora?Depende da gravidade das coisas e das contradições existentes. Acho que a principal razão pela qual o director do museu se demite não é qualquer espécie de censura sobre as obras, é porque depois de dar a entrevista e do que aconteceu era muito difícil permanecer na função, mas essa é a minha interpretação subjectiva. Na tal entrevista, em que Ribas diz que não haverá “salas especiais” nem “restrição etária”, ele também sugere que existirá algum tipo de aviso. A interdição a menores de 18 anos já estava acordada? A fórmula inicial da proibição a menores de 18 anos foi copiada da legislação dos espectáculos, que rapidamente se verificou que não se aplicava. Foi imediatamente substituída por outra, que nos serve perfeitamente, e que até é mais meiga, chamemos-lhe assim, do que a forma que o próprio director do museu tinha proposto antes. Há uma proposta do director. . . … em que está explícita essa interdição. Em Serralves há um rasto de papel e um rasto electrónico, e a preparação destas coisas está materializada num vasto conjunto de documentação. Existe inclusivamente um desenho das salas feito pelo director. Por que não mostram esses documentos?Acham que se mostrarmos a situação se altera? Já demos variadíssimos dados que nunca ninguém tem em conta. Após a demissão do director, tentámos diversas vezes ouvir a administração e não houve resposta durante muito tempo. Não estou com nenhuma teoria conspirativa, mas no PÚBLICO as palavras de Ribas nunca são classificadas e as palavras da administração são-no sempre: ou não têm novidade ou são “a versão”. Nesses primeiros dias Ribas esteve sempre calado. Não esteve nada calado. Fez uma declaração. Mais calados estivemos nós. O erro que cometemos foi não termos falado logo forte e feio. Referiu-se há pouco a um desenho das salas feito pelo director. Nós vimos uma maqueta 3D da fase de montagem e reparámos que o ecrã onde passa o filme com a Patti Smith era muito mais pequeno. . . Houve aí certamente alterações, mas por uma razão muito simples: o ecrã não impedia a visualização da sala. Foi meramente uma questão de garantir que a sala ficava preservada. E não acha que essa tentativa de manter a continuidade visual pode sugerir que Ribas, quando dá a entrevista, ainda acreditava ser possível defender apenas uma zona mais contida?Conheço esse mecanismo de discussão em política. A gente vai aos detalhes para não perceber. A entrevista diz que não há áreas reservadas. Portanto, é contraditória com o compromisso anterior e com os posteriores, porque ele faz a apresentação da exposição, e mesmo na audição falou do espaço reservado. E não há contradições da administração? Na semana inicial parece ter havido algum nervosismo, com os sucessivos comunicados lacónicos, as mudanças na sinalética. E é isso que suscita a tempestade? Ter um aviso que depois foi substituído por outro? Com franqueza. Esses dias em que ambos os lados se mantêm em silêncio não podiam ter sido aproveitados para se chegar a um desenlace menos danoso com o director?Era muito difícil, com as declarações à imprensa da demissão. Isso implica vontade das duas partes, e essa vontade já não existia pela maneira como aquilo tinha corrido. A tensão é anterior à exposição de Mapplethorpe?Discussões há sempre nestas instituições. Mas nunca se centraram na censura ou em qualquer interferência ilegítima. Em Julho, quando o director dá a sua primeira entrevista de fundo ao PÚBLICO, as respostas relativas à exposição de Joana Vasconcelos já mostravam algum desconforto. Não é possível preparar para 2019 uma exposição que está no Guggenheim [de Bilbau] sem haver um processo, e esse processo foi conduzido pelo director do museu. Mas foi ele que a programou?Há muitas coisas que já vinham de antes. A anterior directora também já disse que não a programou. Estamos de novo com detalhes. Ele estava a prepará-la. Ponto. Isso é contraditório com não querer fazê-la, como se escreveu. A pergunta é simples: se Ribas e Cotter dizem que não programaram, quem programou?A responsabilidade da programação é sempre do director do museu em conjunto com a administração. Tem de se alocar meios financeiros, espaços, datas. Voltando a Mapplethorpe. Era assim tão impossível a exposição ficar como Ribas a quis?Era. Creio que não vale a pena discutir a maioria dos detalhes, mas uma questão que há mérito em discutir é esta: deve uma exposição concreta como aquela ser acessível a crianças de quatro, seis, oito ou dez anos? A única questão séria aqui não é a da censura, é a de saber se uma exposição com aquelas fotografias devia estar aberta sem limites a crianças, e essa discussão só o DN a fez. Mas é uma discussão que não pertence nem a artistas nem a curadores, nem administradores, pertence aos especialistas em psicologia infantil, aos pedopsiquiatras…Isso são razões extra-artísticas, mas há também razões artísticas para as expor. Por isso, a discussão pertence também aos curadores. Não há razões especificamente artísticas para as expor a crianças. Qual é a sua preocupação com o público infantil? O que justifica, ao certo, a sala interdita?De outro modo estaríamos a ter uma polémica doutra natureza. Teríamos pais e professores a queixarem-se de Serralves por mostrar obras que eles entendem ser – fique claro que nunca usámos essa palavra – pornográficas. Mas não há nenhuma tradição desse problema em museus portugueses. Porque também não houve nenhuma exposição como a do Mapplethorpe. Mesmo em Serralves, houve outras não menos difíceis, como a da Nan Goldin. Não. É que a questão das obras que estão na sala reservada não é, insisto, a da sexualidade explícita. As obras de Mapplethorpe têm outras dimensões, de violência, de morte. Mas não acha uma limitação inaceitável que um museu de arte contemporânea não possa expor aquilo que acha importante mostrar em função da sua tradição de receber determinados públicos?A maioria dos grandes museus do mundo fez o mesmo que Serralves, e por alguma razão. Outros não fizeram…Os que não o fazem também não expõem aquelas obras. Não quero discutir casos concretos. Mas a gente está nesta tempestade – que se está a desvanecer, como acontece sempre, por boas e más razões – porque houve uma acusação de censura. E depois, em anexo, falou-se de interferências indevidas no trabalho do director. Houve um director do museu que se demitiu, ninguém inventou isso…Isso é um facto e deve ser noticiado, e deve-se procurar as razões, mas não é líquido que os motivos que Ribas atribui à sua demissão sejam a palavra da Bíblia. E como justifica o silêncio da administração nos primeiros dias?Há ali duas culturas, a cultura empresarial, que acha que não se deve mexer em nada e as coisas morrem por si, e há a minha e a da Isabel [Pires de Lima, também administradora da fundação em representação do Estado], que é a de achar que é preciso responder. Uma pergunta acerca das 20 obras que ficaram de fora. O curador terá tido de mudar várias fotografias para a zona reservada. Não parece plausível que isso o levasase a retirar outras obras relacionadas com essas, que deixaram de fazer sentido onde estavam mas também não fazia sentido levar para a sala resguardada?Estou de acordo, embora tenha lido nos jornais, e praticamente até hoje, que essas 20 obras foram censuradas. E então é razoável que a administração diga, como o fez na conferência de imprensa, que foi por exclusiva vontade do curador que essas 20 obras saíram?E foi, até porque a gente as pagou. Sim, também sugeriram que era um perdulário por andar a escolher obras que depois não usou. Não é um golpe um pouco baixo?Porquê?Porque sabiam que não era verdade. Sabe o que é um golpe baixo? É o Ribas ter acusado a administração de censura…Nessa altura Ribas não tinha acusado ninguém de censura. Até à conferência de imprensa da administração esteve sempre calado, só envia um comunicado depois e mesmo aí não fala de censura. A administração também parte logo para o ataque, ou não?Não, a gente não atacou coisa nenhuma. Eu até achava que desde o primeiro minuto devíamos ter tido uma reacção mais forte. Porque as contradições do director são evidentes e são documentais. Não é a versão deste contra a versão daquele. O que me encanita é haver permanentemente dois pesos e duas medidas para tratar as declarações do director do museu e da administração, porque o que a administração diz não encaixa na narrativa. Diz que a imprensa está a danificar a reputação de Serralves, mas isso não pode ser critério para não falar das coisas. Falar da demissão e esclarecer os motivos tem todo o sentido. Continuar a manter a narrativa do antigo director como algo que pode ser equilibrado por uma "versão" da administração é usar dois pesos e duas medidas. E os factos essenciais aqui são incontroversos: desde o início que estava prevista uma sala reservada. A partir do momento em que sai a entrevista e perde a confiança em Ribas, a administração entende ter legitimidade para intervir na exposição e decidir que obras tinham de ir para a zona reservada. Foi isto que aconteceu?Digo isso de outra maneira: a administração tem toda a legitimidade de considerar que as propostas iniciais do director do museu devem ser aplicadas. E como este aceitou aplicá-las sem grande estardalhaço e, enquanto curador, assinou a exposição, o que mais querem? Estão a ver porque é que digo que há uma narrativa e que o que não encaixa nela não existe? Há ou não valor no dia da inauguração, no que Ribas disse, nos aplausos que recebeu, na felicidade que manifestou? Pelos vistos não há nenhum. Mas se Ribas estava tão feliz e correu tudo bem, por que é que se demite?A conclusão não é que tudo tenha corrido bem. Correu tudo mal desde que deu aquela entrevista. E não pensem que tenho algum conflito com João Ribas. Tenho respeito intelectual por ele, mas nem sempre isso serve para se compreender o comportamento de uma pessoa. Dado que caiu a restrição dos 18 anos e qualquer pai pode hoje levar um filho menor a ver toda a exposição, ter-se cortado a continuidade visual com a sala reservada e deslocado para lá algumas fotografias – e nem sequer as do X Portfolio, que já lá estavam – constitui uma diferença assim tão significativa em relação à exposição que Ribas terá tentado fazer? Justifica esta trapalhada? Claro que é diferente. Porquê?Na entrevista não há sala reservada e o acesso é livre. São diferenças fundamentais. E as obrigações de Serralves respeitam também aos seus públicos. Uma parte importante são crianças, nem sequer pré-adolescentes, e temos a responsabilidade de fazer o que praticamente todos os museus fizeram. Aliás, muitas obras expostas em Serralves nunca foram mostradas noutros museus. Por isso não me venham falar de censura e puritanismo… E reparem que as declarações do presidente da Fundação Mapplethorpe também nunca entraram na narrativa. Claro que entraram. Eu sei que vocês publicaram uma notícia detalhada, mas estou sempre a responder em geral. As declarações dele, que era amigo do Mapplethorpe, são muito explícitas e muito críticas do director do museu. Disse atrás que não esteve nas visitas da administração à montagem. Quais são as suas fontes?É testemunhal, porque assisti a muitas das coisas, e também documental. A comissão executiva teve o principal papel, mas tivemos conhecimento do que estava a acontecer. As coisas estavam inquinadas pela entrevista. Correu tudo como eu desejava que corresse? Não. A responsabilidade é da administração? Não. Lamento, pode parecer arrogante, mas não é. Não é um pouco injusto pretender que a administração explicou correctamente o que aconteceu e os jornais é que não quiseram ouvir?Foi assim desde o início. As declarações de alguém da administração são tidas sempre como tendo menos valor. A administração veio dizer que João Ribas expôs o que quis e como quis, que não houve nenhuma interferência, que ninguém sabe porque resolveu tirar 20 obras…… E é verdade. Há uma enorme diferença entre dizer “você não coloca estas obras” e dizer “você tira estas obras e ponha-as na outra sala”. No primeiro caso, estamos perante um acto de censura. Outra coisa é existir um compromisso que foi rompido pela entrevista do PÚBLICO. E depois houve o problema de saber se as obras que ali estavam correspondiam ou não aos critérios. Que critérios?Os critérios têm um elemento de subjectividade. Todos. Há um factor de subjectividade em querer manter as obras e em querer tirá-las. Mas insisto: foi isso que provocou esta tempestade? Nós temos um furacão de nível cinco, e depois houve apenas uma tempestade. Mas o que fez estragos foi o furacão. Não o preocupa o potencial impacto em exposições futuras? Que se receie que essa subjectividade possa voltar a ser invocada pela administração para mudar obras de sítio?Não, porque isso se deveu apenas a uma ruptura de confiança gerada pela entrevista. E depois acharam que não tinham confiança no director para o deixar decidir e decidiram por ele?Não, isso também não aconteceu, porque ele concordou com a maioria das decisões. Ou então não tinha inaugurado a exposição. Voltando à alegada campanha. Mesmo que tivesse razão, o alvo seria esta administração, e não Serralves. Não são coisas diferentes?Sim, mas essa distinção não é evidente para quem lê as coisas. E não acha que também esta administração pode eventualmente não ter uma noção muito clara dessa diferença?É natural que haja uma identificação subjectiva entre quem tem a responsabilidade de administrar e a instituição. E é ainda mais natural quando há uma tentativa de cerco e de ataque, mas isso não altera nada. Não há censura em Serralves. Serralves não tem director artístico, não tem director-geral, não tem director do Parque há três anos, e terão saído 18 pessoas desde que esta administração tomou posse. Há ainda uma carta assinada por 20 e tal funcionários do museu e enviada à administração após a demissão de Ribas. Não é preciso ser-se muito suspeitoso para se achar que se vive hoje em Serralves um clima sem precedentes na história da fundação. Isso é a chamada questão de substituição, quando a primeira não cola, passa-se para a segunda. Esse clima pode ajudar a explicar uma das estranhezas deste processo, que é não se perceber bem como é que as coisas chegaram a este ponto. Pronto, eu respondo-lhes a isso. Acho que Serralves não é uma instituição fofinha – não devia usar este termo, que corre o risco de ir para o título –, é uma instituição rigorosa, exigente e dura com quem lá está. É dura com a administração e com quem lá trabalha, mas isso é que explica os resultados. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Como é que entende o seu papel de representante do Estado em Serralves?Os representantes do Estado não recebem nenhuma espécie de instrução. Temos o mesmo estatuto dos outros, a não ser em qualquer matéria que envolva o apoio do Estado. Não lhe dá responsabilidades especiais?Não. Daria se tivesse havido censura. Como não houve, a responsabilidade é defender Serralves e a administração. Uma última pergunta: olhando para trás, teriam feito alguma coisa diferente?Se a entrevista do director não tivesse acontecido, ou tivesse sido dada uma semana antes, com certeza que teria sido possível fazer as coisas de outra maneira. Em cima do acontecimento, nem sempre se consegue. Pode parecer arrogância, mas acho que não fizemos nenhuma asneira. A única coisa que acho que se poderia ter feito era responder forte e feio desde o primeiro minuto.
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Partidos LIVRE
Festival Intercéltico de Sendim ganha estatuto europeu
O Festival Intercéltico de Sendim (FIS) foi incluído pelo Fórum Europeu de Festivais de Música Folk, no roteiro dos principais festivais do género que se realizam na Europa. (...)

Festival Intercéltico de Sendim ganha estatuto europeu
MINORIA(S): Homossexuais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-07-25 | Jornal Público
SUMÁRIO: O Festival Intercéltico de Sendim (FIS) foi incluído pelo Fórum Europeu de Festivais de Música Folk, no roteiro dos principais festivais do género que se realizam na Europa.
TEXTO: Em declarações à Lusa, o director do FIS, Mário Correia, disse que, por muitos que sejam os prémios e distinções acumuladas ao longo de todos estes anos, o que mais o satisfaz e motiva é a adesão e a fidelização de públicos que todos os anos marcam presença no festival. O 12. º Festival Intercéltico de Sendim realiza-se nos dias 5 e 6 de Agosto, com produção e organização da responsabilidade do Centro de Música Tradicional Sons da Terra. “A edição deste ano do FIS decorre sob o signo das línguas minoritárias, o que não acontece, de modo algum, por acaso, já que o evento decorre em pleno coração da Terra de Miranda, baluarte da língua mirandesa, onde vão ouvir-se cantos em asturiano (Corquieu), em basco (Xabi Aburruzaga), em bretão (Gwennyn) e em gaélico (Altan), estando o mirandês nas mãos de gente da terra (Célio Pires e Lenga-Lenga: Gaiteiros de Sendim)”, acrescentou Mário Correia. Né Ladeiras será outra presença já assegurada na festa da folk que decorre em pleno planalto mirandês. O Festival Intercéltico de Sendim apresenta ainda um programa de actividades paralelas que são já “uma marca do evento”, tais como as rotas de descoberta da paisagem das arribas do Douro, os encontros informais de músicos e instrumentistas nas praças e esplanadas e a divulgação dos produtos locais. “Damos ainda continuidade ao convívio entre os mais jovens gaiteiros das Terras de Miranda, através da realização do Gaiteiricos e do seu desfile pelas ruas de Sendim, e realizamos uma oficina de danças mirandesas, sem faltar a tradicional e outrora muito apreciada dança da bicha”, destacou o responsável. No total são doze anos de realização “ininterrupta” de um festival “consagrado” às músicas folk e tradicionais, que é hoje já uma “referência obrigatória” no panorama musical europeu. “Para os mais distraídos ou para aqueles que ainda pensam que no verão os festivais são todos consagrados ao pop/rock e seus derivados, vamos cumprir uma dúzia de anos que em Sendim, em pleno coração das Terras de Miranda, no Nordeste Transmontano, acontece um festival de música folk e tradicional, o FIS”, concluiu Mário Correia.
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Palavras-chave bicha
Nova Iorque impõe educação sexual no ensino básico e secundário
Os alunos das escolas públicas de Nova Iorque, nos Estados Unidos, vão passar a ter educação sexual tanto no ensino básico como no secundário. A medida surge com o objectivo de evitar o número crescente de gravidezes indesejadas. (...)

Nova Iorque impõe educação sexual no ensino básico e secundário
MINORIA(S): Homossexuais Pontuação: 2 | Sentimento 0.078
DATA: 2011-08-11 | Jornal Público
SUMÁRIO: Os alunos das escolas públicas de Nova Iorque, nos Estados Unidos, vão passar a ter educação sexual tanto no ensino básico como no secundário. A medida surge com o objectivo de evitar o número crescente de gravidezes indesejadas.
TEXTO: Os alunos vão estudar durante dois semestres como usar um preservativo e como prevenir as doenças sexualmente transmissíveis, adianta o diário espanhol El País. A medida vai entrar em vigor já no próximo ano lectivo, depois de décadas de oposição à educação sexual por parte de grupos religiosos e conservadores, que a conseguiu eliminar das escolas públicas. O presidente da Câmara de Nova Iorque, Michael Bloomberg, argumenta agora que o elevado número de gravidezes em adolescentes e o aumento das infecções sexualmente transmissíveis – sobretudo nas comunidades mais desfavorecidas – justificam que se avance com esta medida. Em causa estão mais de um milhão de alunos de 1700 estabelecimentos de ensino que vão passar a contar com educação sexual em dois semestres: um entre o sexto e o sétimo ano de escolaridade e outro entre o nono e o décimo – ou seja, a partir dos 11 anos. Até ao momento, apenas 20 dos 50 estados norte-americanos incluem algum tipo de educação sexual nos currículos das suas escolas. No entanto, o mais comum é que esses tempos lectivos sejam dedicados a promover a abstinência, o que tem favorecido o crescimento de gravidezes indesejadas e o que faz com que 25 por cento dos alunos saia da escola sem ter tido qualquer informação sobre como utilizar métodos contraceptivos ou como evitar doenças sexualmente transmissíveis, segundo dados do Instituto Guttmacher, citados pelo mesmo jornal. “Devemos esforçar-nos para ter a certeza que os alunos do secundário são expostos a este tipo de informação tão valiosa, para que aprendam a manter-se sãos e seguros antes e durante a iniciação da vida sexual. Creio que o sistema educativo tem um papel muito importante em termos de educação sexual das crianças e nas respectivas consequências de manterem relações de risco”, lê-se numa carta enviada recentemente aos directores das escolas públicas de Nova Iorque pelo responsável pela educação sexual local, Dennis Walcott. Para acalmar as organizações conservadoras e religiosas, o departamento de educação de Nova Iorque já informou os pais da mudança em termos de educação sexual, autorizando-os a dispensarem os seus filhos das aulas em que se fale sobre métodos contraceptivos, se assim o entenderem. A situação em PortugalEm Portugal, desde 2010 que falar de sexualidade nas escolas passou a ser obrigatório do 1. º ao 12. º ano, mas em muitas escolas a medida ainda não foi concretizada, nomeadamente por atrasos na formação aos professores e por oposição de alguns pais. A legislação portuguesa prevê seis horas para os alunos até ao 2. º ciclo e 12 horas para os estudantes do 3. º ciclo e secundário. Do 1. º ao 4. º ano, os conteúdos passam pela noção do corpo e da família, entre outros. Por exemplo, no 2. º ano “o professor deve esclarecer os alunos sobre questões e dúvidas que surjam naturalmente, respondendo de forma simples e clara”. E nos 3. º e 4. º anos as informações recaem na importância da “protecção do corpo e noção dos limites, dizendo não às aproximações abusivas”. Para os 5. º e 6. º anos mantém-se o mínimo de seis horas anuais de educação sexual. Os professores devem prestar esclarecimentos sobre os aspectos biológicos e emocionais da puberdade. Incluem-se aqui noções de “diversidade e respeito; sexualidade e género; reprodução humana e crescimento; contracepção e planeamento familiar; compreensão do ciclo menstrual e ovulatório; prevenção dos maus tratos e das aproximações abusivas”, etc.
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Palavras-chave escola educação género sexual corpo sexualidade
José Tolentino Mendonça nomeado para consultor de Cultura no Vaticano
O papa Bento XVI nomeou o padre português José Tolentino Mendonça consultor do Conselho Pontifício da Cultura, divulgou o serviço de imprensa do Vaticano. (...)

José Tolentino Mendonça nomeado para consultor de Cultura no Vaticano
MINORIA(S): Homossexuais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-12-11 | Jornal Público
SUMÁRIO: O papa Bento XVI nomeou o padre português José Tolentino Mendonça consultor do Conselho Pontifício da Cultura, divulgou o serviço de imprensa do Vaticano.
TEXTO: A nomeação do actual director do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura foi feita sob proposta do cardeal italiano Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifício da Cultura, organismo do Vaticano, acrescenta uma nota da Pastoral da Cultura. As nomeações para este conselho incluem ainda o arquitecto e engenheiro espanhol Santiago Calatrava, o compositor estoniano Arvo Pärt e o filósofo francês Jean-Luc Marion, discípulo de Jacques Derrida. De acordo com a nota da Pastoral, José Tolentino Mendonça diz que a nomeação para consultor reconhece trabalho desta entidade em Portugal. O poeta, autor de Os Dias Contados e A Estrada Branca, também biblista, que escreveu As estratégias do desejo: um discurso bíblico sobre a sexualidade, diz que recebeu a notícia “com alegria”, na nota divulgada pela Pastoral portuguesa, uma vez que a nomeação “também é um reconhecimento por todo o trabalho que está realizado em Portugal há uma década e que vai ganhando uma expressão cada vez maior”. O director do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura disse que encara a missão com “sentido de responsabilidade” e vontade “de estar disponível e ser útil para assessorar naquilo que for necessário”, ainda segundo a mesma nota. Se eu quiser falar com Deus, textos pastorais, Baldios e De Igual para Igual são algumas das obras de Tolentino Mendonça, reunidas na colectânea A Noite abre os meus Olhos.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave cultura sexualidade
Alberto João Jardim diz que vai convidar Merkel a visitar a Madeira
O presidente do governo regional da Madeira, Alberto João Jardim, afirmou neste sábado que vai escrever na próxima semana uma carta à chanceler alemã Angela Merkel para a convidar a visitar a região. (...)

Alberto João Jardim diz que vai convidar Merkel a visitar a Madeira
MINORIA(S): Homossexuais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-02-12 | Jornal Público
SUMÁRIO: O presidente do governo regional da Madeira, Alberto João Jardim, afirmou neste sábado que vai escrever na próxima semana uma carta à chanceler alemã Angela Merkel para a convidar a visitar a região.
TEXTO: Ao criticar a aplicação dos fundos comunitários no arquipélago da Madeira, a chanceler “enganou-se e confundiu a Madeira com uma região industrial do centro da França”, disse Alberto João Jardim aos jornalistas no Aeroporto da Madeira, no regresso à região depois de várias reuniões em Bruxelas. “Esta semana vou enviar uma carta à senhora convidando-a a visitar a Madeira para que então possa falar com conhecimento de causa, porque fica mal falar-se quando não se tem conhecimento de causa. ” Segundo o governante, as declarações de Angela Merkel são “um absurdo” que “espantou toda a gente na União Europeia” e argumentou: “como uma região que passa de um 40% do PIB per capita da UE para 106%, que é elogiada pelo aproveitamento que fez dos fundos comunitários em todos os relatórios, e de um momento para outro aquela senhora porque lhe bichanaram alguma coisa ao ouvido diz disparates”. “Todos temos momentos infelizes”, rematou Jardim. O líder madeirense realçou ainda que a “Madeira é um território autónomo”, acrescentando que está “hoje até muito separado politicamente do Continente” e apontou que “a chanceler alemã disse os disparates que disse e ficaram caladinhos, mas no dia seguinte levaram uma sova de um outro alemão e foi um ‘aqui del-rei’”. Jardim disse que a região da Madeira vive hoje praticamente separada do continente. “O programa que se aplica à Madeira não é o mesmo que se aplica a Portugal no caso do resgate financeiro, de maneira que estamos hoje cada um para o seu lado”, sublinhou. Quando questionado se será necessário Portugal renegociar o programa de ajustamento financeiro, Jardim afirmou que sempre considerou que os 78 mil milhões solicitados “não eram suficientes” face ao valor da dívida portuguesa que em Outubro/Novembro estava avaliada em 348 mil milhões. “Não sei se dará, mas tenho é que me preocupar com a Madeira, vivemos muito separados uns dos outros, penso que vai ser uma experiência muito interessante para o futuro dos madeirenses”, apontou. Para o líder insular, nesta matéria “o erro foi do Governo socialista porque para uma dívida daquele tamanho foi muito pouco o volume do resgate solicitado e entre terem que ser exigidos sacrifícios fortíssimos aos portugueses e renegociar no sentido do esforço ser atenuado”, preferia a segunda opção.
REFERÊNCIAS:
Entidades UE
Adolescentes do Alentejo e Algarve com mais comportamentos de risco
São os mais tristes, os mais irritados, dos que menos fazem exercício físico diário, dos que menos gostam da escola. São apenas exemplos de uma tendência que se repete: são os adolescentes alentejanos e algarvios os que tendem a apresentar mais comportamentos de risco, referem dados do estudo português sobre comportamentos em saúde de jovens em idade escolar (Health Behaviour in School-Aged Children), que é feito no âmbito da Organização Mundial de Saúde e em que participam mais 43 países. (...)

Adolescentes do Alentejo e Algarve com mais comportamentos de risco
MINORIA(S): Homossexuais Pontuação: 2 | Sentimento 0.5
DATA: 2012-03-16 | Jornal Público
SUMÁRIO: São os mais tristes, os mais irritados, dos que menos fazem exercício físico diário, dos que menos gostam da escola. São apenas exemplos de uma tendência que se repete: são os adolescentes alentejanos e algarvios os que tendem a apresentar mais comportamentos de risco, referem dados do estudo português sobre comportamentos em saúde de jovens em idade escolar (Health Behaviour in School-Aged Children), que é feito no âmbito da Organização Mundial de Saúde e em que participam mais 43 países.
TEXTO: À excepção da melhor comunicação com os amigos e menos lesões sofridas, é a sul do Tejo que estão os resultados mais negativos, admite Margarida Gaspar de Matos, a coordenadora do estudo que inquiriu uma amostra representativa da população nacional (e regional) de 5050 adolescentes portugueses dos 6. º, 8. º e 10. º anos de escolaridade, com uma média de idades de 14 anos. Antes de mais, as boas notícias: comparando os dados deste estudo, cujo inquérito é de 2010, mas que já tinha sido feito em 1998, 2002 e 2006, constata-se que a saúde dos adolescentes tem vindo a melhorar desde 2002, o que se traduz na diminuição do consumo de tabaco, na sexualidade mais responsável, na diminuição da violência, no bem-estar físico e psicológico, na satisfação com a vida e na saúde oral. Mas as respostas dos inquiridos de 2010 vistas à lupa dão conta de diferenças dentro do país que, defende a coordenadora, têm que ser tidas em linha de conta. Desde logo, no Alentejo há 11, 3% de miúdos que dizem estar tristes ou deprimidos e 9, 4% de algarvios que dão a mesma resposta. Em Lisboa esse valor é de 8, 8%, no Norte de 8, 2% e, no Centro, de 6, 4%. O Alentejo e o Algarve são as duas regiões onde foram registados maiores índices de obesidade - 3, 6% destes jovens estarão nesta situação, contra uma média nacional de 3, 4% (era de 2, 3% em 1998). No consumo de substâncias, é no Alentejo que mais os adolescentes dizem ter ficado embriagados mais de dez vezes na vida (6, 1%) e 5, 8% reportam mesmo o consumo semanal de bebidas destiladas. No resto do país, estes números ficam em torno dos 2 a 3%. É também naquela região que há mais jovens (31, 6%) a dizer que não gostam da escola (a média nacional é de 23, 5%). O estudo sinaliza o problema, mas não estudou as causas da concentração destes resultados nas duas regiões. Mas Margarida Gaspar de Matos, que é psicóloga, deixa algumas pistas. "Estas são regiões em que há menos jovens, estão mais espalhados e isolados", o que potencia efeitos de grupo. "Se há um grupo que adere [a um dado comportamento], é mais fácil criar uma moda de grupo - há menos espaço para a diferença". As diferenças regionais encontradas são uma chamada de atenção para o facto de as medidas nesta área terem que ser pensadas localmente, o que passa pela "autonomia das escolas e a valorização das autarquias". "Uma boa solução para o Norte pode não ser uma boa solução para o Sul. "Há especificidades nas várias regiões. "O Norte tem, em geral, melhores resultados", mas, apesar de ter menos jovens que iniciaram relações sexuais (19, 3% face aos 21, 8% de média nacional), os que a iniciaram são os que menos dizem usar preservativo (79, 1% face aos 82, 5% em termos nacionais) e, por isso, estão em maior risco. Educação Sexual traz ganhosO Centro está melhor na prática de actividade física e pior na higiene oral e em Lisboa e Vale do Tejo há índices de obesidade menor, mas "há maior violência interpessoal". Por exemplo, são 7, 3% os jovens desta região que dizem ter estado envolvidos em lutas no último ano, o valor mais alto no país, e 4, 5% os que dizem ter provocado alguém na escola nos últimos dois meses anteriores ao inquérito (a média do país fica-se pelos 2, 7%). Em termos nacionais, Margarida Gaspar de Matos, que dirige a equipa de investigadores da Faculdade de Motricidade Humana e Centro de Malária e Doenças Tropicais, em Lisboa, sublinha que os adolescentes que mais tiveram Educação Sexual tendem a ser os que iniciam a sua vida sexual mais tarde e os que menos têm relações sexuais desprotegidas. "A Educação Sexual só tem vantagens", conclui. A maioria (65, 9%) diz que os seus professores abordaram estes conteúdos nas aulas.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave escola violência concentração educação consumo estudo sexual sexualidade
Sylvia Kristel, a eterna Emmanuelle, internada em estado crítico
A actriz holandesa que, aos 22 anos, se tornou um ícone da libertação sexual dos anos de 1970 com um clássico do cinema erótico, “Emmanuelle”, foi internada no fim-de-semana em Amesterdão depois de sofrer um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Sylvia Kristel, actualmente com 59 anos, está em estado crítico. (...)

Sylvia Kristel, a eterna Emmanuelle, internada em estado crítico
MINORIA(S): Homossexuais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-07-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: A actriz holandesa que, aos 22 anos, se tornou um ícone da libertação sexual dos anos de 1970 com um clássico do cinema erótico, “Emmanuelle”, foi internada no fim-de-semana em Amesterdão depois de sofrer um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Sylvia Kristel, actualmente com 59 anos, está em estado crítico.
TEXTO: Ao jornal belga Het Laatste Nieuws, o filho de Kristel, Arthur – fruto da relação com o escritor belga Hugo Claus –, confirmou o estado de saúde da mãe, explicando que neste momento “só se pode desejar que tenha uma recuperação rápida”. Mas não tem ilusões. “Temos de ser realistas”, acrescentou Arthur, falando da gravidade do caso. Sylvia Kristel sofreu o AVC em casa e foi imediatamente internada de urgência num hospital de Amesterdão, onde permanece sem grande alteração. Nos últimos anos, o estado de saúde da actriz tem sido alvo de alguma de atenção. Pouco antes deste acidente, a actriz estava a fazer uma nova sessão de tratamento contra um cancro na garganta, que se estendeu depois a um pulmão, diagnosticado há dez anos. No entanto, devido ao débil estado de saúde, Kristel teve de parar os tratamentos por uns tempos. Desaparecida dos ecrãs há alguns anos, Sylvia Kristel é para sempre lembrada como Emmanuelle, protagonista do filme com o mesmo nome, sobre uma jovem decidida a desafiar os limites da sua sexualidade. Adaptado do romance homónimo de Marayat Bibidh Andriane, o filme, realizado pelo francês Just Jaeckin, chegou aos cinemas numa época em que a nudez era ainda censurada. O filme, que rompeu muitos tabus ligados ao sexo, é ainda hoje um dos grandes clássicos do cinema erótico, tendo arrecadado em todo o mundo mais de 100 milhões de dólares. Ao clássico de 1974, seguiu-se depois “Emmanuelle a Antivirgem", de Francis Giacobetti e Francis Leroi (1975), e "Good bye Emmanuelle", de François Leterrier (1977). Mas nem só do cinema erótico se fez a carreira de Sylvia Kristel, que entrou também em filmes de Claude Chabrol, Roger Vadim e Alain Robbe-Grillet. Em 2006 a actriz escreveu a sua autobiografia, "Nua", editada em Portugal pela Ambar, na qual fala sobre a fama que alcançou ainda jovem e as suas consequências. Os excessos com o álcool e a cocaína, as suas relações amorosas, os luxos e as desilusões e mais recentemente o cancro, são alguns dos temas abordados.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave filho sexo sexualidade