May tem sete vidas. Mas o seu “Brexit” continua na incubadora
Primeira-ministra sobrevive a moção de desconfiança lançada pela ala eurocéptica do Partido Conservador e ganha imunidade durante um ano. Aprovação do acordo de saída no Parlamento mantém-se uma miragem. (...)

May tem sete vidas. Mas o seu “Brexit” continua na incubadora
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: Primeira-ministra sobrevive a moção de desconfiança lançada pela ala eurocéptica do Partido Conservador e ganha imunidade durante um ano. Aprovação do acordo de saída no Parlamento mantém-se uma miragem.
TEXTO: Mais um longo dia de “Brexit”, mais uma demonstração admirável de tenacidade por parte de Theresa May. A primeira-ministra britânica conquistou esta quarta-feira um salvo-conduto de 12 meses para continuar à frente dos destinos do Partido Conservador – e consequentemente do Governo –, depois de sair vitoriosa da moção de desconfiança lançada pelos deputados do seu partido. O feito permite-lhe sacudir, por enquanto, a pressão incómoda da ala eurocéptica dos conservadores, mas dificilmente lhe garante luz verde para fazer aprovar no Parlamento o acordo de saída do Reino Unido da União Europeia, alcançado com Bruxelas. O triunfo de May na votação interna do partido não foi extraordinário, mas confirmou os sinais que foram dados ao longo do dia, com mais de 180 manifestações públicas de apoio protagonizadas por deputados tories – até o ex-primeiro-ministro e organizador do referendo do “Brexit”, David Cameron, recorreu ao Twitter para pedir apoio para a sua sucessora. Segundo os regulamentos do Partido Conservador, a primeira-ministra precisava de pelo menos 159 votos (metade mais um dos 317 deputados conservadores) para evitar uma disputa pela liderança. Conseguiu 200 (63%) – contra 117 – e, com eles, o enésimo balão de oxigénio desde chegou a Downing Street, para enfrentar a montanha de obstáculos que ainda tem pela frente. Ao início do dia eram apenas necessários 158 votos, mas durante a tarde Charlie Elphicke e Andrew Griffiths – que se encontravam suspensos devido por alegadas ofensas de cariz sexual – foram autorizados a participar na votação, aumentando o número de deputados conservadores de 315 para 317. “Depois desta votação devemos prosseguir com o nosso trabalho para ofereceremos o ‘Brexit’ aos britânicos e construirmos um futuro melhor para este país”, afirmou May, numa curta declaração aos jornalistas, pouco depois de conhecidos os resultados, na qual assumiu estar consciente da oposição “considerável” dentro do partido. No sprint final antes da votação ao final da tarde, May acenou aos deputados com a promessa de que não concorrerá às próximas eleições, agendadas para 2022. Um gesto que pretende ser apaziguador e que foi recebido com satisfação pelos parlamentares conservadores. Talvez até tenha sido decisivo para o resultado da votação, juntamente com a ameaça de se ter de estender a aplicação do artigo 50. º do Tratado da UE e adiar a data de saída (29 de Março de 2019). Avançada há várias semanas pelos media britânicos como um cenário potencial, a votação de desconfiança em May só foi possível devido à campanha montada pela facção “hard-brexiteer” do Partido Conservador, que inclui nomes como o de Boris Johnson (ex-ministro dos Negócios Estrangeiros), David Davis (ex-ministro do “Brexit”) ou Ian Duncan Smith (ex-líder do partido). Foi, aliás, Jacob Rees-Mogg, líder do European Research Group (ERG) – que junta os tories eurocépticos –, que incitou os deputados a enviarem as 48 cartas necessárias (15% dos deputados) para o líder do grupo parlamentar Graham Brady, na sequência do anúncio do acordo alcançado com a União Europeia sobre o divórcio, no final de Novembro, que aqueles conservadores entendem como uma “capitulação” a Bruxelas. O movimento contestatário tornou a vida de May insuportável em Westminster, já que juntou uma fatia considerável de deputados do seu próprio partido à extensa lista de opositores ao ‘seu’ “Brexit”, que já incluía trabalhistas, liberais-democratas, nacionalistas-escoceses, verdes e unionistas norte-irlandeses. E pior do que a oposição incómoda dos eurocépticos, foi a incapacidade de May em fazer-lhes frente na Câmara dos Comuns. Esta votação – e o seu desfecho – funcionam, por isso, como uma demonstração de força de May e do partido sobre a ala brexiteer, que muitos conservadores acusam de querer levar o país para um cenário de saída sem acordo. Mesmo que um considerável número de 117 deputados tenha assumido querer vê-la pelas costas. Porque quando o objectivo é sobreviver, como May tem vindo a fazer, repetidamente, desde 2016, um ou 117 votos têm o mesmo efeito. “Acredito que este voto vai dispersar os extremistas que estão a tentar avançar com uma agenda que não é do interesse da população e da economia britânica. Sair da UE sem acordo seria mau para o Reino Unido”, acusava, ainda antes da votação, o ministro das Finanças, Philip Hammond. Rees-Mogg, no entanto, não tem a mesma opinião. “Aceito o resultado mas Theresa May ainda deveria ir ter com a rainha e demitir-se”, defendeu, depois de conhecer o resultado da votação. Ultrapassada a moção, May pode voltar a focar-se no processo de venda do tratado jurídico do “Brexit” aos deputados. Mas o desafio continua a ser enorme. A primeira-ministra até pode ganhar alguns apoios de conservadores para o acordo do “Brexit”, mas continua a contar com a oposição de representantes de todos os partidos com assento na Câmara dos Comuns, incluindo o núcleo duro do tories eurocépticos e o Partido Unionista Democrático da Irlanda do Norte, de cujos dez deputados depende a sobrevivência do Governo no Parlamento. O adiamento da votação do tratado jurídico do divórcio – inicialmente marcado para terça-feira e que May quer realizar até 21 de Janeiro –, deixou a oposição furiosa e levou os Liberais Democratas, o Partido Nacional Escocês, o Partido Verde e o Plaid Cymru a suplicarem ao líder do Partido Trabalhista que apresente uma moção de censura ao Governo. Jeremy Corbyn quer eleições, é certo, mas prefere lá chegar só depois de assistir ao chumbo do acordo do Governo na Câmara dos Comuns. “A fase da hesitação e da demora já acabou. A primeira-ministra negociou o seu acordo e disse-nos que é o melhor e o único acordo disponível. Por isso chega de desculpas e de fugas. Apresente-o ao Parlamento e vamos votá-lo”, exigiu esta quarta-feira na sessão de perguntas à primeira-ministra, mais irritado do que o habitual. Para evitar uma derrota humilhante em Westminster, May partiu na terça-feira para um périplo por Haia (Holanda), Berlim (Alemanha) e Bruxelas (Bélgica) – tinha previsto ir também a Dublin (República da Irlanda), mas a moção obriga-a a alterar os planos – para procurar, junto dos líderes europeus, garantias “legais e políticas” sobre a controversa solução para evitar uma fronteira física na ilha irlandesa (o backstop). E, ao mesmo tempo, encontrar uma forma de capacitar a Câmara dos Comuns para, quando for altura de se decidir sobre a eventual entrada em vigor do backstop, em 2020, ter uma palavra a dizer. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Entre os 27, que se reúnem em Conselho Europeu na quinta e sexta-feira, impera a indisponibilidade para renegociar a cláusula da garantia irlandesa, apesar de haver alguma abertura para ajudar Theresa May, que estará em Bruxelas, a conseguir aprovar o acordo. Certo é que o respaldo tory à sua líder continua a ser insuficiente para conseguir convencer amigos e inimigos do Parlamento de que o seu acordo do “Brexit” é único disponível. “O problema não é May, é o ‘Brexit’”, resume o colunista do Guardian Jonathan Freedland. Entre um no-deal, novas eleições, extensão do artigo 50. º ou convocação de um segundo referendo, não faltam aos deputados cenários mais apetecíveis do que aquele que May propõe com o seu acordo. O relógio é que não pára e com a data de saída a aproximar-se a passos largos, quem sabe se esta moção não será avaliada pela História como uma enorme perda de tempo na caminhada para um “Brexit” desgovernado. Mesmo que ainda não tenha sequer saído da incubadora.
REFERÊNCIAS:
Entidades UE
Museu do Fado vai abrir uma oficina de guitarra portuguesa em 2019
Cumpridos os 20 anos do Museu do Fado em 2018, anuncia-se para o novo ano de 2019 uma oficina de guitarra portuguesa, mais discos e duas exposições, uma sobre a guitarra e outra sobre José Pracana. (...)

Museu do Fado vai abrir uma oficina de guitarra portuguesa em 2019
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: Cumpridos os 20 anos do Museu do Fado em 2018, anuncia-se para o novo ano de 2019 uma oficina de guitarra portuguesa, mais discos e duas exposições, uma sobre a guitarra e outra sobre José Pracana.
TEXTO: A sigla Fado Património Vivo serviu de mote às celebrações, em 2018, pelo Museu do Fado, dos seus 20 anos de existência (1998-2018), a par dos sete anos da classificação do fado como Património da Humanidade (UNESCO, 27 de Novembro de 2011), assinaladas com um espectáculo de videomapping e uma exposição temporária festejando o centenário do nascimento de Maria Teresa de Noronha (1918-1993), aberta até 27 de Janeiro de 2019. Para o novo ano, o museu tem já várias iniciativas programadas e outras ainda em desenvolvimento. O que ficou para trás, porém, foi muito compensador, diz ao PÚBLICO a directora do museu, Sara Pereira: “As comemorações correram bastante bem. Apostámos num espectáculo diferente, um videomapping na fachada contando a história do fado em 12 minutos. Convidámos o Camané, o Carlos do Carmo, a Mariza e o José Manuel Neto a gravarem de propósito para este espectáculo, feito em parceria com o atelier Ocubo, que tem uma equipa muito jovem sem grande relação com o fado. Foi um desafio interessante, perceber como é que eles recebem estes legados, como é que os tratam e como se deixam entusiasmar. ” Com três sessões por noite, teve mais de 20 mil visualizações online e no local cerca de cinco mil, porque a chuva não ajudou. “Viam o espectáculo lá fora, entravam para ver a exposição da Maria Teresa de Noronha e a projecção que no interior replica o mesmo ‘enredo’ do videomapping mas com outro formato (em formato circular). ”Das actividades para 2019, há uma que sobressai: “Estamos a trabalhar na abertura da nossa oficina de construção de guitarra portuguesa, que vai ser inaugurada em 2019, nas imediações do museu. ” E terá a participação das duas escolas tradicionais de construtores, diz Sara Pereira: “O Óscar Cardoso, que descende do Álvaro da Silveira, e a oficina do mestre Grácio. Terão espaços distintos. A obra está praticamente concluída. ”As exposições temporárias, nos últimos dois anos, têm sido diversificadas. Em 2017 houve Por Trás do Espelho Quem Está – Mísia por C. B. Aragão (Março-Abril) e Fados de Carlos Saura – 10 anos (Maio-Outubro), transitando para 2018 Outros Fados – Imagens Musicais (Novembro-Março), a que se sucederam O Maravilhoso Mundo da Música Mecânica (Maio-Outubro) e Maria Teresa de Noronha (Novembro-Dezembro, prolongada até 27 de Janeiro de 2019, mês em que será editada num caixa com seis discos a integral da fadista). Para 2019, estão preparadas duas: “Queremos ter uma grande exposição sobre a guitarra portuguesa em si. Já fizemos uma com as guitarras do Óscar [Cardoso], agora queremos reunir as várias escolas e fazer uma exposição aqui e na oficina, isto no primeiro semestre. No segundo, será a vez da exposição do José Pracana, uma figura muito querida do fado. ”A par destas, existem exposições itinerantes, dentro e fora de Portugal. “Co-produzimos os festivais internacionais de fado em Espanha (Madrid, Barcelona, Sevilha) e na América Latina (Argentina, Colômbia, Peru, Chile), cada vez com mais público. Espanha foi o primeiro, em 2011, em Madrid, mas nos últimos anos tem havido uma aposta também nos mercados da América do Sul com resultados muito bons. Em três dias e três concertos temos quatro mil pessoas. E há sempre conferências e exposições, produzidas pelo museu, mas impressas localmente. O tema este ano foi a internacionalização do fado. Mas já houve temas como o fado e as mulheres, o fado e o cinema, o fado e as artes plásticas. ”Há uma parte menos visível do trabalho do museu e que, segundo Sara Pereira, foi também “bastante desenvolvida” este ano: o programa educativo. “Temos cada vez mais escolas, um público cada vez mais jovem e temos uma oferta já bastante diversificada de ateliers, de teatro de sombras. Neste momento está a Catarina Anacleto [violoncelista] a trabalhar, muito entusiasmada, com as Sombronautas num projecto que diz que está lindíssimo. Há os Sons do Baú, as Sombronautas, os Pregões, oficinas adequadas ao Plano Nacional de Leitura. Uma oferta muito diversificada, com cada vez maior adesão das escolas. ”Noutra área, a da edição discográfica, o Museu do Fado tem vindo a ampliar os títulos com chancela própria. Começou em 2017, primeiro com o disco de estreia do guitarrista José Manuel Neto, Tons de Lisboa, e depois com Terços de Fado, de Tânia Oleiro. Seguiu-se, ainda no mesmo ano, um disco com gravações históricas do arquivo do museu, no âmbito da Lisboa 2017 – Capital Ibero-Americana da Cultura, Canções de Ida e Volta. Em 2018, foram publicados mais três títulos: O Fado por Máquinas Automáticas, ligado à exposição da música mecânica e ao respectivo catálogo (mas com venda autónoma), e os discos de estreia de Gaspar Varela (Gaspar) e de Francisco Salvação Barreto (Horas da Vida). Por fim, o CD+DVD Fandóziando – Fados, Mandós e Fantasias Entre Goa e Lisboa. A estes sete títulos juntar-se-ão outros, já planeados, em 2019: “Haverá um disco de instrumentais com as guitarradas do Jaime Santos, que está a ser preparado pelo Eurico Machado, que é acompanhado à viola pelo filho do Jaime Santos; um da Matilde Cid; e um completamente distinto, de fado humorístico, do Manuel João Vieira, Fado Ao Lado. ”Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. No novo ano haverá ainda conferências e a continuação das Conversas do Museu (“foram um sucesso, queremos mantê-las”), enquanto Aldina Duarte mantém a sua comunidade residente: “É bimensal e faz parte da nossa oferta regular, como os cursos da escola. A nossa ideia é, no próximo ano, aprofundar toda a parte da guitarra portuguesa, até porque vamos abrir a oficina, e programar mais concertos instrumentais, também de guitarra. ”E haverá, como é hábito, os concertos do ciclo Fado no Cais, uma parceria com o Centro Cultural de Belém (CCB) iniciada em 2012: “É uma parceria que nos deixa bastante satisfeitos. Até porque, antes disso, o fado tinha uma presença bastante pontual no CCB. Hoje está no Grande Auditório, no Pequeno Auditório, temos os cursos do Rui Vieira Nery. ” Até meio do ano, os nomes anunciado são: Ana Sofia Varela (19 Janeiro), Katia Guerreiro (15 de Fevereiro), Fado Celeste – Tributo a Celeste Rodrigues (21 de Março), Marco Rodrigues e Carlos Leitão (5 de Abril), Pedro Jóia (31 de Maio) e Isabelinha (20 de Julho).
REFERÊNCIAS:
Entidades UNESCO
Arquitectos brasileiros vencem Prémio RIBA com residência estudantil feita com a ajuda dos alunos
Auxiliado pelo designer Marcelo Rosenbaum, o atelier Aleph Zero conquistou o júri deste importante prémio internacional com um projecto para uma zona rural e remota do Brasil. (...)

Arquitectos brasileiros vencem Prémio RIBA com residência estudantil feita com a ajuda dos alunos
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.8
DATA: 2018-12-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: Auxiliado pelo designer Marcelo Rosenbaum, o atelier Aleph Zero conquistou o júri deste importante prémio internacional com um projecto para uma zona rural e remota do Brasil.
TEXTO: Marcelo Rosenbaum, um dos mais importantes designers brasileiros, e o Aleph Zero, um jovem atelier de arquitectura, foram os vencedores do Prémio Internacional RIBA, atribuído de dois em dois anos pelo Royal Institute of British Architects (RIBA), a associação profissional de arquitectos do Reino Unido. O RIBA 2018, anunciado na terça-feira à noite, distinguiu uma residência para estudantes da Escola Canuanã, construída numa zona rural e remota do Brasil. O estúdio de Marcelo Rosenbaum é conhecido pelo seu design social que tem uma forte componente de intervenção na comunidade, o chamado “design de comunidade”. Já a dupla de jovens arquitectos do atelier Aleph Zero, Gustavo Utrabo e Pedro Duschenes, tem pouco mais de 30 anos e uma obra ainda escassa. O projecto dos arquitectos brasileiros “ilustra o valor imensurável da boa arquitectura educativa”, diz o comunicado de imprensa do prémio, cujo júri foi presidido pela arquitecta norte-americana Elizabeth Diller. A última edição do RIBA distinguira, também por uma escola, a Universidade de Engenharia e Tecnologia em Lima, no Peru, o atelier irlandês Grafton Architects, das arquitectas Yvonne Farrell e Shelley McNamara, curadoras da última Bienal de Arquitectura de Veneza. A residência estudantil agora premiada consiste num pavilhão construído em madeira e tijolo artesanal para uma escola no estado de Tocantins – encomenda da Fundação Bradesco, que tem uma acção de décadas dedicada ao apoio da escolaridade em comunidades rurais do Brasil. Situada numa fazenda do município de Formoso do Araguaia, a residência com 25 mil metros quadrados destina-se a albergar 540 crianças da Escola Canuanã, com idades entre os 13 e os 18 anos, que vivem em zonas distantes do estado. A metodologia utilizada pelos arquitectos, explicou Gustavo Utrabo ao PÚBLICO numa breve conversa telefónica, foi a do projecto A Gente Transforma, de Marcelo Rosenbaum, muito conhecido no Brasil. “Tentámos criar um engajamento nas pessoas, escutar as pessoas. ” Passou-se do design de comunidade à arquitectura de comunidade. Ouviram-se administradores, professores, mas principalmente os utilizadores futuros do edifício – as crianças. “O objectivo é criar um vínculo entre a comunidade e a ideia do projecto. A metodologia veio para colaborar com o entendimento do lugar. ”Na memória descritiva que encontramos no site do atelier Aleph Zero, Gustavo Utrabo e Pedro Duschenes citam “a imensidão do cerrado, a infinitude do céu e os saberes populares” como premissas do projecto. “Como intervir num lugar marcado pelo trabalho manual da lavoura e pela natureza indígena”, num mundo que, ao mesmo tempo, se globaliza e perde as memórias locais? O projecto, justificam, incentivou “técnicas construtivas locais”, como os tijolos moldados em terra, sublinhando a importância de novos modelos de habitação sustentável. O pavilhão é, na prática, uma grande cobertura metálica, capaz de criar uma extensa zona de sombra, sobre uma estrutura de madeira pré-fabricada com um núcleo central feito em tijolo. “Na verdade o projecto acaba virando uma grande varanda”, explica Gustavo Utrabo ao PÚBLICO. Uma grande varanda com dormitórios e espaços flexíveis de estudo e lazer adaptados ao clima tropical e às altas temperaturas que se sentem no Verão em Tocantins. O espaço da residência organiza-se de forma simétrica, com alas para raparigas e rapazes, à volta de três pátios. Os dormitórios deixam, no entanto, de ser grandes espaços colectivos para se dividirem em 45 quartos com capacidade para seis alunos cada um. “O projecto mostra como a arquitectura pode ser um instrumento de transformação social. [Os arquitectos] trabalharam de perto com as crianças para identificar as suas necessidades e desejos. Procuraram criar um ambiente que pudesse ser uma casa longe de casa, onde as crianças pudessem desenvolver, ao mesmo tempo, um forte sentido de individualidade e de pertença”, acrescenta o comunicado do RIBA. Os jovens arquitectos relatam que foi uma alegria ver as crianças a apropriarem-se do espaço: “Quisemos ser prescritivos sem ser arrogantes, dar apoio sem ser paternalistas, encorajar o crescimento e o desenvolvimento sem tornar as crianças mimadas. ”Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Rosenbaum e Benguela, também citados pelo comunicado de imprensa, explicam que o espaço facilita a interacção entre público e privado: “Uma socialização entre o colectivo, a natureza e o indivíduo, religando as crianças e os jovens com as suas origens e o ecossistema circundante”. O presidente do RIBA, Bem Derbyshire, citado pelo jornal brasileiro Folha de São Paulo, destacou o carácter “filosófico e cuidadoso” dos arquitectos e considerou o trabalho “impressionante”. O Prémio RIBA 2018 ganha novas leituras neste Brasil saído das últimas eleições presidenciais em que o futuro da educação foi um dos temas mais fracturantes.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave escola educação comunidade social estudo
Demissão de João Ribas expõe mal-estar “generalizado” em Serralves
Administração mantém silêncio sobre a saída do director do museu. Suzanne Cotter, a sua antecessora, não se revê nas acusações de ingerência feitas à presidente da fundação, mas ressalva que não pode falar pelos últimos meses. Entretanto, vários funcionários e ex-funcionários denunciam “totalitarismo” (...)

Demissão de João Ribas expõe mal-estar “generalizado” em Serralves
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: Administração mantém silêncio sobre a saída do director do museu. Suzanne Cotter, a sua antecessora, não se revê nas acusações de ingerência feitas à presidente da fundação, mas ressalva que não pode falar pelos últimos meses. Entretanto, vários funcionários e ex-funcionários denunciam “totalitarismo”
TEXTO: As restrições impostas pela administração de Serralves à apresentação do trabalho sexualmente explícito do fotógrafo norte-americano Robert Mapplethorpe, reunido desde quinta-feira numa retrospectiva que a instituição anunciou como um dos seus grandes acontecimentos para 2018, terão sido apenas a gota de água que levou João Ribas a apresentar a demissão, menos de oito meses depois de assumir o cargo. A tensão entre o director do museu – e curador da exposição Robert Mapplethorpe: Pictures – e a presidente do conselho de administração da fundação, Ana Pinho, cujo primeiro mandato expira em Dezembro e pode ser renovado por mais três anos, foi-se avolumando ao longo dos últimos meses e tornou-se explosiva na fase final da montagem da exposição, como testemunharam ao PÚBLICO, sob anonimato, diversos funcionários e ex-funcionários de Serralves. A interdição a menores de 18 anos de uma trintena de obras de Mapplethorpe, confinadas a duas salas reservadas do museu, veio contrariar publicamente a intenção manifestada por João Ribas ao PÚBLICO duas semanas antes da abertura da exposição, quando garantiu que “não haveria censura, obras tapadas, salas especiais ou qualquer tipo de restrição a visitantes de acordo com a faixa etária” na retrospectiva que estava prestes a inaugurar. E veio também expor o cada vez mais indisfarçável desacordo entre a administração presidida por Ana Pinho e o director do museu de Serralves, que se terá visto forçado a excluir pelo menos duas das imagens que deveriam integrar a exposição. “Era um barril de pólvora, ia rebentar mais cedo ou mais tarde”, disse ao PÚBLICO uma ex-funcionária da instituição que “já esperava” este desfecho. Ao longo do dia, de resto, foram chegando ao PÚBLICO vários relatos de trabalhadores e ex-trabalhadores que quiseram dar conta do clima de “mal-estar generalizado” que se vive na instituição desde a tomada de posse da actual administração, em 2015. “O problema em Serralves não reside numa exposição de Robert Mapplethorpe, mas na interferência diária da administração no dia-a-dia de trabalho dos seus colaboradores”, afirmou um deles. Outros quiseram sublinhar o “clima intimidatório” e “o nível de totalitarismo”, que dizem “assustador”, da actuação de Ana Pinho – desde que chegou à administração, em 2010, mas sobretudo desde que passou a presidir àquele órgão. “A ingerência é diária, na esfera da direcção artística e nas outras. A administração decide que quer fazer uma exposição e faz. Tudo é anti-estatutário”, resume uma colaboradora que há meses deixou a fundação. “A presidente exerce os seus poderes de forma autocrática e intrusiva, desrespeitando a autonomia e a responsabilidade de trabalhadores com anos de casa. É um poder ditatorial que se sobrepõe a todas as direcções, a todos os departamentos”, resume outra, que saiu recentemente de Serralves após nove anos de ligação à fundação, acrescentando ainda que nos últimos meses presenciou episódios de “interferência directa na escolha e na curadoria de vários projectos expositivos”. “Os programadores e os coordenadores de Serralves tinham identidade, tinham nome, investiam no projecto tudo o que sabiam; com a nova administração deixou de ser assim. Instalou-se um ambiente de violência extrema; a única lógica é obedecer a quem manda”, refere ainda outra ex-colaboradora que durante 15 anos coordenou um departamento. A forma como a administração terá imposto unilateralmente ao director do museu e curador da exposição a sua visão acerca dos cuidados a ter na apresentação do trabalho de Robert Mapplethorpe não surpreende, por isso, os funcionários ouvidos pelo PÚBLICO, que a entendem como “a primeira manifestação visível do que se passa em Serralves”. De resto, como um deles argumentou, se não tivesse explodido a pretexto da exposição de Robert Mapplethorpe a tensão iria muito provavelmente manifestar-se com a chegada a Serralves da grande exposição de Joana Vasconcelos inaugurada no final de Junho no Guggenheim de Bilbau, um projecto “negociado directamente” pela presidente da fundação e que se transformou numa das mais visíveis pedras no sapato de João Ribas – que, na sua recente entrevista ao PÚBLICO, evitou responder directamente às perguntas sobre o tema. Mas o director do museu, escolhido por concurso público internacional após a saída de Suzanne Cotter, que não quis renovar por mais um período de cinco anos a sua ligação a Serralves, é de resto apenas uma das inúmeras saídas que se vêm sucedendo na fundação ao ritmo de “uma por mês, quando não são duas”, segundo várias fontes ouvidas pelo PÚBLICO. “Da minha equipa de 12 pessoas, apenas uma ficou: é um referencial do estado a que as coisas chegaram lá dentro. A diferença é que as pessoas que saíram até aqui não tinham a presença mediática que tem um director artístico”, sublinha uma ex-funcionária. Até ao final deste sábado, a administração de Serralves manteve-se no mais absoluto silêncio em relação à demissão de João Ribas, limitando-se a reiterar, ao final da manhã, a garantia de que “não retirou nenhuma obra” e de que “todas” as 159 imagens de Robert Mapplethorpe incluídas na exposição (de uma lista inicial de 179 cuja redução nenhuma das partes explicou até ao momento) foram “escolhidas pelo curador”. Num comunicado enviado às redacções, a administração sublinhou ainda que "desde o início" estava previsto que "as obras de cariz sexual explícito" fossem instaladas "numa zona com acesso restrito”, “dado o teor de várias das obras expostas e sendo Serralves uma instituição visitada anualmente por quase um milhão de pessoas de todas as origens, idades e nacionalidades, incluindo milhares de crianças e centenas de escolas”. As várias perguntas enviadas pelo PÚBLICO à administração de Serralves na tarde de sexta-feira ficaram sem resposta. Já este sábado o PÚBLICO tentou repetidamente, e sem sucesso, obter esclarecimentos junto de quatro membros do conselho de administração, incluindo a sua presidente. João Ribas, que apresentou a sua demissão por considerar que “já não tinha condições para continuar à frente da instituição”, como confirmou ao PÚBLICO, também se mantém em silêncio, tendo reservado para mais tarde um esclarecimento das razões que o levaram a esta decisão. Este sábado, já não participou na visita guiada à exposição que deveria conduzir com o presidente da Fundação Robert Mapplethorpe, Michael Ward Stout – que, em declarações aos jornalistas, se mostrou “chocado” com a demissão, considerando-a um acto “egoísta” e “pouco profissional” lesivo do “respeito que Serralves conquistou no mundo e do talento do artista”. Michael Ward Stout disse também ter sido informado “por Ana Pinho” de que a decisão de retirar certas imagens da exposição – “não 20, mas apenas duas” – fora do próprio curador e não da administração: "Não sei por que é que o João retirou as fotografias, não faz sentido nenhum. Tudo isto deixa nos deixa envergonhados. "Já Suzanne Cotter, a antecessora de João Ribas, que chegou a Serralves para ser seu director-adjunto, lamentou que Serralves “tenha de passar por um processo destes apenas sete meses após a nomeação de um novo director”. “É uma pena”, disse ao PÚBLICO a actual directora do MUDAM, no Luxemburgo, ressalvando não ter “conhecimento suficiente acerca do que se passou” e negando que a sua própria saída, há quase um ano, tenha sido precipitada por dificuldades de relacionamento com a presidente do conselho de administração: “A minha saída foi uma decisão estritamente profissional. O conselho de administração sempre respeitou a minha autonomia. Mas, claro, não posso falar pelo período que se seguiu, e cada relação entre uma administração e um director artístico é uma relação diferente. E é um lugar muito difícil, como lhe dirão todos os meus colegas. ”Suzanne Cotter lamenta também que a retrospectiva de Robert Mapplethorpe em Serralves, “um grande acontecimento para a instituição”, cujas negociações se iniciaram ainda durante o seu mandato e com a sua intermediação, se veja “ofuscada por esta controvérsia”, confessando não conseguir perceber como é que “uma exposição que está a ser preparada há mais de um ano” pode ser palco de “dramas de última hora” como o braço-de-ferro público entre administração e direcção do museu. “O trabalho de Robert Mapplethorpe é extraordinário, é indiscutivelmente um dos fotógrafos mais influentes do século XX. E quando um museu e um curador se dispõem a preparar uma exposição destas, que têm obviamente uma dimensão provocadora atendendo à natureza sexualmente explícita de parte do material, é impensável que todas as questões não tenham sido internamente trabalhadas antes da abertura ao público. ”Já a ex-directora-geral Odete Patrício, que saiu de Serralves em 2016, passados mais de 25 anos na instituição, considera que o caso pode ter consequências danosas: “Se for verdade que houve interferência na escolha das obras, sem a concordância do director artístico, isso só desprestigia a instituição, e resultará numa perda para a imagem conquistada ao longo de todo este tempo”, afirmou ao PÚBLICO. “Um dos segredos do sucesso de Serralves”, acrescenta, está “na independência e na autonomia que o director artístico e os responsáveis pela programação sempre tiveram relativamente à administração” e que a instituição “respeitou sempre de forma exemplar, sem nunca impor, limitar, censurar ou proibir”. Odete Patrício lembra exposições muito discutidas internamente, como a do artista brasileiro Cildo Meireles, ou a de Nan Goldin, insistindo que não houve então “qualquer interferência nas escolhas da direcção artística”: “O Vicente Todolí, por exemplo, nunca aceitaria ter vindo dirigir o museu se não fosse assim, e o mesmo com o João Fernandes. ”“Censura inadmissível”Contados pelo PÚBLICO ao início da tarde, João Pinharanda, curador e conselheiro cultural da embaixada de Portugal em Paris, e Sérgio Mah, também ele curador, juntaram-se ao coro de protestos contra o sucedido na exposição Robert Mapplethorpe: Pictures. Em primeiro lugar, porque qualquer forma de censura é condenável, e depois, entre outros argumentos, porque a tendência das administrações das instituições culturais para interferir na programação é “preocupante” e, apesar de não ser nova, é cada vez mais “inaceitável”. “Censura sob qualquer forma e sob qualquer pretexto é inadmissível”, diz Pinharanda, mostrando-se “absolutamente solidário” com o director do Museu de Serralves: “Qualquer director que leve a sério o seu trabalho faria o que o João Ribas fez. Esta tendência para as administrações interferirem no que se programa está em todo o lado. ” França, garante, não é excepção, embora no país onde agora trabalha o mais notório seja a promoção do discurso do “politicamente correcto, outra forma de puritanismo” que é preciso combater, defende. Esta tentação de ingerência das administrações no que se mostra é ainda mais problemática, sublinha Sérgio Mah, porque elas são geralmente compostas por pessoas com “uma relação intermitente com a arte contemporânea e até com a cultura”, com “pouca sensibilidade” e “experiência” em ambas. Para este professor universitário que já foi o comissário da representação portuguesa na Bienal de Veneza (2011) e director do PhotoEspaña (2008-2010), é “totalmente incompreensível a desautorização de um director artístico” no pleno exercício das suas funções de curador, um director artístico que foi submetido a um longo processo de selecção e nomeado há menos de um ano. Sérgio Mah evoca o investimento do Estado em Serralves para defender que tanto a administração como Ribas têm a obrigação de esclarecer publicamente o sucedido: “Não pode haver uma neblina sobre o tema. João Ribas tem de falar sobre o que aconteceu e a administração tem de vir dizer o que entende ser a missão do museu de arte contemporânea mais importante e prestigiado do país. Mais, tem de vir dizer como entende o papel e a autonomia do director artístico. ”Tanto Mah como Pinharanda falam da importância de expor Mapplethorpe em Serralves e de como o norte-americano se tornou consensual, embora reconheçam que nalguns sectores mais conservadores a associação de arte e sexo ainda causa desconforto. “O que aconteceu em Serralves é revelador de um puritanismo bacoco disfarçado de pudor inconsequente”, diz o primeiro. “Afinal, isto quer dizer que se podem mostrar flores que parecem sexos mas não sexos que parecem flores?”, pergunta o segundo. Para Sérgio Mah, a administração de Serralves acabou precisamente por ser apanhada nas contradições que o trabalho do fotógrafo americano queria realçar. “Robert Mapplethorpe vem denunciar um olhar moral sobre o sexo e sobre o corpo, em particular o masculino. Estas fotografias seriam tão polémicas se dirigissem o nosso olhar sobretudo para o corpo feminino? É que ele cria imagens que mostram o corpo dos homens de maneira embelezadora e o das mulheres evocando força [no caso da bodybuilder e modelo Lisa Lyon], o que baralha. ”Entre os artistas e curadores que manifestaram o seu repúdio pelo sucedido está também o fotógrafo português Daniel Blaufuks, que deveria conduzir uma visita à exposição do artista norte-americano em Novembro, mas decidiu “por considerar absolutamente inaceitável as noticiadas restrições na exposição de Robert Mapplethorpe”, como escreveu nas suas páginas das redes sociais Facebook e Instagram. Também o galerista João Azinheiro saudou no Facebook a coragem de João Ribas, dizendo-se orgulhoso da sua demissão, que leu como “um alerta” público acerca do “ponto a que as coisas chegaram em Serralves”. Ao PÚBLICO, acrescentou que as semelhanças entre o que viu passar-se agora na fundação portuense e o que está acontecer no Brasil, onde diversas exposições com conteúdos de natureza sexual foram recentemente censuradas ou alvo de intensas polémicas, o deixam “assustado”. “Um museu de arte contemporânea não devia ser um lugar de proibição. Sobretudo em Portugal, onde isso significa um retrocesso impensável, um regresso à censura. ”Contactado pelo PÚBLICO ao final da manhã para que se pronunciasse sobre as alterações à exposição de Robert Mapplethorpe e a demissão de Ribas, o gabinete do ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, reagiu assim: “Trata-se de uma questão entre o director artístico do Museu de Serralves e a administração da Fundação. O Ministério da Cultura não comenta decisões que são da responsabilidade das fundações e das suas administrações. O Ministério da Cultura não comenta também as decisões e opções dos directores artísticos. ”Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Já António Filipe Pimentel, director do Museu Nacional de Arte Antiga e subdirector-geral do Património, está entre os que considerariam natural que o gabinete de Castro Mendes se pronunciasse. “Como cidadão aguardo melhor informação, porque me falta matéria para entender o que se passou", disse à Lusa, sublinhando "o facto de se tratar de uma fundação privada sim, mas com capitais públicos", e acrescentando que o ministério "investe mais [em Serralves] do que em todos os museus públicos nacionais. "É precisamente porque tem financiamento do Estado português, e porque se trata de um dos museus mais importantes do país, que este episódio em Serralves assume especial gravidade, defende também o Bloco de Esquerda (BE), que apresentou um requerimento para que o director demissionário seja ouvido na comissão parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto. Para os bloquistas, "o conservadorismo não é critério de avaliação artística" e "não pode substituir-se à curadoria de uma exposição". O conselho de administração de uma instituição, adverte ainda o BE, também não pode comportar-se como "um órgão de censura da direcção do museu" que tutela. Com Luís Miguel Queirós e Sérgio C. Andrade
REFERÊNCIAS:
Partidos BE
Um Messias para “encher a alma e o coração”
A Casa da Música acolhe esta terça-feira a produção Messias Participativo lançada pela Fundação La Caixa em Barcelona, em 1995. Mais de 200 vozes, profissionais e amadoras, vão cantar na Sala Suggia a obra-prima de Händel. (...)

Um Messias para “encher a alma e o coração”
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: A Casa da Música acolhe esta terça-feira a produção Messias Participativo lançada pela Fundação La Caixa em Barcelona, em 1995. Mais de 200 vozes, profissionais e amadoras, vão cantar na Sala Suggia a obra-prima de Händel.
TEXTO: Maria Calado está reformada, trabalhou longos anos numa empresa de comunicação social, e já tinha integrado, por mais do que uma vez, um coro comunitário na Casa da Música. Decidiu agora regressar para “embarcar numa aventura bem maior” e respondendo a um convite que considerou “irrecusável”, mais ainda porque gosta imenso de música. Alberto Guedes da Costa está também reformado, trabalhou na Sonae-Indústria e já experimentou igualmente cantar na Sala Suggia em mais do que uma ocasião. Como integra o coro daquela empresa, foi lá que soube do projecto Messias Participativo, e quis voltar. “Já conhecia a peça do Händel, que acho muito interessante, muito envolvente, e que exige um coro enorme, que nos enche a alma e o coração”, diz. Joana Castro, cantora no Ensemble Os Cupertinos, de Famalicão, e directora do Coro de Câmara de São João da Madeira, está também ligada à Casa da Música, onde trabalha com o recém-criado Coro Infantil, e foi agora a responsável pela preparação do naipe das sopranos para o Messias. E Miguel Leitão, tenor também com ligação à instituição portuense, onde integrou já o Estúdio de Ópera e o Coro, ocupou-se do naipe dos tenores. Estas são quatro das duas centenas de vozes, entre os 20 e os 70 anos, que este domingo de manhã subiram a escadaria de acesso aos bastidores da Sala Suggia para mais um ensaio – e o primeiro com o maestro holandês Daniel Reuss – de preparação do Messias Participativo, que esta terça-feira à noite, às 21h00, é apresentado na Casa da Música. É a primeira vez que este projecto lançado em 1995, em Barcelona, pela Fundação La Caixa sai de Espanha e chega a Portugal – ressalvando a réplica que a Fundação Gulbenkian montou da famosa oratória de Händel em Dezembro de 2016, e que então levou também à capital da Catalunha. Uma experiência imersivaEste Messias Participativo é apresentado pela instituição espanhola e pela Casa da Música como “uma experiência imersiva" única, já que o coro comunitário vai ficar distribuído pela plateia. E esta é uma das dificuldades maiores a gerir pelos preparadores dos naipes e pelo maestro, como o próprio Daniel Reuss notou ao PÚBLICO no intervalo do ensaio de domingo. “Com tanta gente, a distância entre as vozes é sempre grande, e isso exige um cuidado suplementar para controlar o som. Mas terça-feira teremos um bom concerto”, prometeu o maestro holandês, bem experimentado na condução deste projecto da La Caixa, que, de resto, já dirigiu em várias cidades espanholas, de Barcelona a Madrid, de Granada a Bilbau, de Palma de Maiorca a Santiago de Compostela. Joana Matos confirmou ao PÚBLICO que a preparação deste espectáculo “correu bem”. Através do seu serviço educativo, a Casa da Música endereçou o convite a uma dezena de coros amadores do distrito do Porto e abriu candidaturas para participantes individuais. Foi assim que se reuniram as duas centenas de vozes, que durante o mês de Novembro fizeram vários ensaios, primeiro apenas com os naipes respectivos, depois unindo-os. Até que, esta segunda-feira à noite, iriam ter finalmente o ensaio geral com as duas formações profissionais holandesas envolvidas no projecto Messias Participativo – o ensemble vocal Cappella Amsterdam, que desde 1990 é dirigido por Daniel Reuss, e a Orquestra do Século XVIII – e os solistas Ruby Hughes (soprano), Luciana Mancini (contralto), Andrew Tortise (tenor) e James Newby (baixo). “As pessoas estão a adaptar-se bem ao maestro. Mesmo se ele optou por andamentos um bocadinho mais rápidos do que aquilo de que estaríamos à espera”, explica Joana Matos também a meio do ensaio de domingo, que começou com Miguel Leitão a dirigir pequenos exercícios de relaxamento físico e vocal. “Vocalmente, o Messias não é uma obra fácil de interpretar, mas nós usámos alguns vídeos com partes diferentes desta obra, e passámo-los aos cantores para ensaiarem em casa, e isso ajudou no processo”, diz o tenor formado no Conservatório de Música do Porto, e que já trabalhou em Inglaterra (integrou coros nos festivais de Aldeburgh e de Glyndebourne) e Áustria (Festival de Bregenz). Joana e Miguel, como Raquel Couto e António Miguel, respectivamente responsáveis pelos naipes das contraltos e dos baixos, continuam nos ensaios finais a fazer a ponte entre o maestro holandês e os seus cantores, que visivelmente se deixaram conquistar pelo humor e comunicabilidade de Reuss. “Isto é uma aventura única, uma experiência fabulosa e inesquecível: conjugar um coro desta dimensão com uma orquestra e um maestro a sério”, testemunha Maria Calado, ao mesmo tempo que confessa que “há muito tempo não estudava tanto para poder corresponder minimamente” ao que lhe é exigido. “Vê-se que o maestro sabe muito e conhece esta peça como ninguém, mas os nossos ensaiadores foram óptimos, ensinaram-nos bem e creio que estamos bastante próximos daquilo que querem de nós”, confirma Alberto Guedes da Costa, à espera dos últimos detalhes de Daniel Reuss, que “são aquilo que faz a diferença”. Esta será a primeira vez que o maestro holandês actua no Porto e na Casa da Música, depois de ter já dirigido concertos em diferentes ocasiões no sul do país, como na digressão do Coro de Câmara Filarmónico da Estónia (de que é o maestro titular desde 2008), que em 2012 participou nos festivais Dias Da Música, no Centro Cultural de Belém, e Terras Sem Sombra, no Alentejo. Daniel Reuss conduziu já formações como o RIAS Kammerchor de Berlim e o Ensemble Vocal de Lausanne, e trabalhou, como maestro convidado, com a Filarmónica de Roterdão, o grupo de música contemporânea MusikFabrik, de Colónia, e a Akademie für Alte Musik, de Berlim. Em 2015, assumiu a direcção dos concertos anuais participativos com o Messias de Händel, que a Fundação La Caixa continua a apresentar em Dezembro em diferentes cidades de Espanha. Composta em 1741, sobre um libreto de Charles Jennens (1700-1773), e estreada no ano seguinte em Dublin, esta obra-prima da música barroca é normalmente vista como a mais famosa oratória – até pelo seu Aleluia – e um momento alto da prolífica criação de Georg Friedrich Händel (1685-1759), o músico nascido na Alemanha mas que se radicou e naturalizou em Inglaterra, onde inclusivamente se tornou compositor da corte. Não sendo uma obra sacra, no sentido em que não foi composta para celebrações litúrgicas, esta oratória narra contudo a vida de Cristo em três partes: o nascimento, a morte e a ressurreição. Inicialmente era interpretada na Quaresma, e com uma formação que normalmente não ultrapassava os 60 músicos e cantores, mas, com o tempo, passou a ser cantada em Dezembro, antes do Natal, e a envolver muitos mais intérpretes. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Daniel Reuss diz que não conhece as razões desta mudança, mesmo se realça que o Messias é também tocado “durante todo o ano” – “o que também acontece, de resto, com as Paixões de Bach”, nota o maestro –, e lembra que “o texto é um patchwork com um libreto feito a partir de excertos da Bíblia, uma história dramática que basicamente conta a vida do Messias, a história de Cristo”. Este Messias Participativo produzido pela La Caixa ganhou uma notoriedade inesperada desde a sua estreia há mais de duas décadas, e passou a integrar a programação anual de Dezembro de cada vez mais cidades no país vizinho. Chega agora ao Porto a estrear a sua saída das fronteiras espanholas. Aquando do anúncio da sua apresentação, em Setembro, no calendário da Música para o Natal da Casa da Música, a representante da Fundação La Caixa, Nuria Castells, estabeleceu uma curiosa comparação para explicar a singularidade deste espectáculo: será como colocar jogadores de futebol de campeonatos amadores a actuar ao lado dos craques do Barcelona e do Real Madrid…No caso portuense, os amadores vêm de uma dezena de coros do Grande Porto: Arquicoro, Cantare Coral, Mille Voci, Anonymus, Lira, Coro do Colégio do Rosário, Ensemble Vocal Notas Soltas, Grupo Coral do Porto do Clube Portugal Telecom e Orfeão de Rio Tinto. Duas centenas de vozes numa produção que envolveu bem mais participantes, e que será certamente a mais volumosa que alguma vez actuou na Sala Suggia.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave morte social cantora infantil
O risco de burnout é elevado nos alunos de Medicina — mas a universidade tem soluções
A Escola de Medicina da Universidade do Minho tem um programa de monitorização e acompanhamento de alunos em risco. Isto porque os estudantes do curso são um grupo especialmente vulnerável. Esta quarta-feira, 10 de Outubro, assinala-se o Dia Mundial da Saúde Mental, que, este ano, tem os olhos postos nos jovens. (...)

O risco de burnout é elevado nos alunos de Medicina — mas a universidade tem soluções
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.08
DATA: 2018-12-27 | Jornal Público
SUMÁRIO: A Escola de Medicina da Universidade do Minho tem um programa de monitorização e acompanhamento de alunos em risco. Isto porque os estudantes do curso são um grupo especialmente vulnerável. Esta quarta-feira, 10 de Outubro, assinala-se o Dia Mundial da Saúde Mental, que, este ano, tem os olhos postos nos jovens.
TEXTO: Francisca Santos, de 20 anos, não passou à primeira na unidade curricular de Moléculas e Células, uma das duas “principais cadeiras” do primeiro ano de Medicina na Universidade do Minho (UM). Hoje, no terceiro, recorda ter chumbado por duas décimas — o início de um problemático “acumular de situações”. Depois, no outro cadeirão do ano inicial do curso, voltou a ter dificuldades. “Vi-me à rasca para passar e pensei em desistir de Medicina”, recorda. No final do primeiro ano “só chorava” e aí começaram a surgir pensamentos negativos: “Questionava o meu lugar e pensava que não tinha função neste mundo. Não tinha pensamentos suicidas, mas não conseguia ver nenhuma porta a abrir-se, não tinha respostas”. Conta que ficou “esgotada a todos os níveis, sem conseguir estudar, sem vontade de sair de casa”. Estes são os sintomas que caracterizam a síndrome de burnout: por definição, é um estado de fadiga física e mental, que nasce da “exaustão emocional, despersonalização e falta de realização pessoal”. Normalmente é associada ao esgotamento profissional — um estudo da Deco conclui que um em cada três trabalhadores está em risco de burnout (a percentagem para os profissionais de saúde é de 39%). Relatos como o de Francisca apontam para um grupo especialmente vulnerável: os estudantes de medicina. O seu caso não é o único — e a UM tem andado a monitorizar “os níveis de depressão, ansiedade e burnout dos alunos desde 2009”, explica o professor e médico psiquiatra Pedro Morgado, de 34 anos, vice-presidente da Escola de Medicina. “O que temos vindo a observar é que aqueles níveis têm vindo a baixar, o que é bom, mas há alunos em maior risco. ” Que alunos são esses? “Quem entra neste curso por pressão dos pais ou interesses económicos”, responde o médico psiquiatra. É difícil saber quem entra por vocação e quem entra por pressão. E é ainda mais complicado falar sobre isto no meio estudantil. Sofia Ribeiro, 24 anos, está a preparar-se para o exame dos exames: o Harrison — que já tem fim anunciado para o próximo ano lectivo. Estuda para o exame desde Janeiro. Conta que o seu curso é “propenso a altos níveis de stress e ansiedade”, mas também aponta que a síndrome “é uma coisa da qual não se fala”, e quem passa por tal “tenta esconder”. Não é a única que pensa existirem mais casos do género ainda escondidos: também Francisca e Margarida Monteiro, sua colega de curso e de ano, afirmam existirem mais alunos com distúrbios mentais que “não procuram ajuda e não se identificam”. O exemplo de Francisca é um desses; não recorreu ao apoio da Escola de Medicina, os professores não souberam e muitos colegas também não. “Se virem isto no P3, vão ficar surpreendidos”, assegura. A estudante da academia minhota, natural de Vila Nova de Gaia, escolheu tratar do seu distúrbio com o médico de família. “Deu-me mais segurança e também não gosto muito de misturar as coisas com os professores. ” Chega a dizer que preferiu, na época, “não chatear” os docentes, mas o que o professor Pedro Morgado quer é que os alunos falem, “porque é assim que se resolvem os problemas”. Por isso, em 2013, foi criada a Comissão de Apoio ao Aluno, que “os orienta a nível académico, psicológico, psiquiátrico e financeiro”. Assim, se um aluno procurar o organismo para uma consulta de psiquiatria, será “reencaminhado para um hospital do Serviço Nacional de Saúde”. Margarida, de 21 anos, recorreu à comissão no início do seu segundo ano. Um ano depois ainda sente as réplicas de uma fase complicada. “Naquela altura, cheguei quase à exaustão, porque passei um mês a dormir duas horas por noite. ” Com o passar dos dias, o “humor, a motivação e a paciência foram-se revelando perturbadas”. Bastou-lhe o “inconveniente mínimo” de perder o telemóvel para se sentir “emocionalmente descontrolada, exausta e confusa”. Foi com a ajuda de antidepressivos que conseguiu regular o sono e nas férias consegue dormir sem preocupações. Em tempo de aulas, nunca mais conseguiu ter uma boa noite de sono e teme não ter mais nenhuma na futura carreira. Na mesma altura foi “diagnosticada com bruxismo, uma manifestação de nervosismo, com aumento de tensão nos músculos da mastigação”. Deste então usa “uma goteira para dormir”. Segundo o médico psiquiatra e professor, “aquilo que os dados [da Escola de Medicina da UM] mostram é que a ansiedade e a depressão diminuem ao longo do curso, havendo mais casos nos primeiros anos”; quanto ao burnout, Pedro Morgado diz que “a incidência aumenta nos anos finais”. Ao email enviado pelo P3 para os alunos de Medicina daquela academia apenas responderam alunas e isso tem uma justificação. “Primeiro, o curso tem mais mulheres. E, de facto, a depressão e a ansiedade são mais comuns nas mulheres, como confirmado em vários estudos”, resume. O professor não acredita que este seja um problema exclusivo de uma geração, mas reconhece que distúrbios desta ordem estejam “mais concentrados em jovens, mesmo naqueles que iniciam a carreira”. Em 2015, uma tese de mestrado da Faculdade de Medicina de Lisboa mostrava que 15% dos médicos avaliados estavam em burnout e atirava outras certezas: os médicos mais novos, em internato, “exibem níveis mais elevados de burnout”, adiantava o PÚBLICO. Mas esta síndrome não afecta só médicos: um outro estudo de 2016 adiantava que “47, 8% dos médicos e enfermeiros inquiridos apresentavam níveis de burnout elevados e que 21, 6% exibiam sintomas moderados”. O passar dos anos não melhorou o panorama no meio profissional – pelo menos foi a conclusão de outra investigação do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, divulgada em Abril passado, que aponta que o distúrbio “afecta todos os profissionais que trabalham em hospitais”. Em declarações à Lusa, Miguel Xavier, director do Programa para a Área da Saúde Mental, defendeu ser necessário torná-la prioritária e ser “proporcional ao sofrimento que causa nos doentes e nas famílias”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Margarida conta sempre com altos níveis de stress em Setembro, quando há exames pouco depois do arranque do ano lectivo. Para além disso, o sistema de ensino no curso é diferente de muitos outros: o próprio site da Escola de Medicina esclarece que “o professor é mais um orientador do trabalho do que um “instrutor” que transmite conhecimentos”; por isso, têm prioridade as “aulas de auto-aprendizagem”. Esse pode ser um condutor de stress e existe “muita pressão nos primeiros dois anos”, diz a estudante. “É suposto preparares as aulas e saberes a matéria; se não souberes, não tens represálias, mas ficas sempre com aquela culpa”, explica. A sua colega C. — que não quis ser identificada — diz preferir esta “pressão sustentada, com exames consecutivos”, porque estuda melhor assim. Acrescenta que, desta forma, “os alunos são obrigados a amadurecer”, mas reconhece que o método pode causar efeitos indesejáveis na saúde mental dos alunos. Também C. teve de recorrer a ansiolíticos no início do segundo ano. “Nunca pensei em desistir, mas senti desânimo”. Margarida pensou mudar de universidade. “Já vi colegas a chorarem depois da aula e há sempre quem peça a alguém para responder a determinada questão. Não vês isto com esta dimensão noutros cursos. ” No entanto, ambas concordam que o sistema e a exigência do curso lhes permitem “estar à frente de outros colegas de outras universidades”. Se por um lado há pressão e choque aos quais os alunos do primeiro ano são expostos — quando não há “aulas expositivas” —, por outro existe uma “habituação” ao método, que acaba por resultar para muitos. Margarida recorda-se, contudo, de ter ouvido que “em Medicina não há fins-de-semana” que possam salvar os alunos da leitura de centenas de páginas, mas também não poupa os elogios aos professores. “É complexo”, começa por dizer. “Há pressão, mas os professores estão sempre disponíveis para qualquer coisa. Os professores sabem o teu nome, há sentido de proximidade, e isso é muito bom. ” C. acrescenta: “Eles querem formar os melhores médicos do país. ”Para a estudante, o melhor “é relativizar o stress” e afirma que controla melhor a ansiedade. Já Margarida não acha correcto “normalizar a situação” e diz ter a certeza de que há colegas “a esconder isto porque têm medo” — algo que o professor Pedro Morgado corrobora: “Há um preconceito ainda muito grande relativamente a isto. ” Para Francisca, que ao contrário das duas colegas referidas não volta a casa todos os dias, há fases melhores e piores, mas já saiu “do poço há muito”. Pede-nos um favor: “Digam que faz bem fazer exercício físico, para complementar o desgaste mental. Sinto muitas vezes vontade de correr, mas não vou, porque tenho sempre tanto para estudar!”
REFERÊNCIAS:
Entidades DECO
Raquel Lourenço, a designer gráfica que é Killer Kelly nos ringues
A jovem lisboeta já foi “a primeira” em marcos importantes: estreou o título feminino de uma promoção de pro-wrestling alemã, a wXw, e já chegou aos palcos da World Wrestling Entertainment (WWE). Nas horas vagas, enquanto designer gráfica, luta contra os vectores, mas tanto é Raquel como Killer Kelly. (...)

Raquel Lourenço, a designer gráfica que é Killer Kelly nos ringues
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: A jovem lisboeta já foi “a primeira” em marcos importantes: estreou o título feminino de uma promoção de pro-wrestling alemã, a wXw, e já chegou aos palcos da World Wrestling Entertainment (WWE). Nas horas vagas, enquanto designer gráfica, luta contra os vectores, mas tanto é Raquel como Killer Kelly.
TEXTO: Raquel Lourenço poderia ter atendido a chamada do P3 a partir de qualquer cidade. Por estes dias, é preciso ter sorte para a apanhar fora dos treinos e combates e marcar uma conversa, já que a sua vida, desde Outubro de 2017, tem sido passada entre cá e lá — muitos “lás”, até. Calhou-nos Londres. “Se fosse um dia depois, era Birmingham. ” Recuássemos um mês e atenderia de Maryland, nos Estados Unidos, ou de Essen, na Alemanha, onde vive. Espanha, Bélgica e Holanda também entram no roteiro. A vida desta portuguesa de 26 passa por viajar, sim, mas os destinos são sempre os ringues de todas essas cidades. Raquel é pro-wrestler e, horas depois da chamada, num ringue, o seu nome será outro: Killer Kelly. Nos cartazes promocionais e nas lutas, vemo-la zangada, de protector bocal negro colocado e com o cabelo vermelho cruzado em tranças francesas. Há muitos exemplos para o comprovar, mas um dos cartazes representa o ponto alto (provisório) da sua carreira: aquele da WWE, a maior empresa do mundo de pro-wrestling, ladeada por Isla Dawn e Toni Storm. Para além disso, foi recentemente anunciada como participante no torneio de pro-wrestling feminino “Mae Young Classic”, também da empresa norte-americana. Isto faz de Killer Kelly a primeira portuguesa a lutar pela WWE. Por lá já vimos Shanna, mas não enquanto lutadora, “apenas” como figurante; Justin Credible (Peter Polaco) não conta, era filho de pais portugueses, mas nascido nos EUA; Carlos Rocha, o “Portuguese Champion”, lutou nas versões embrionárias daquilo que hoje é a WWE, a WWWF. Mérito todos têm, mas Raquel já leva um currículo sólido. É que Kelly foi a primeira campeã feminina da Westside Xtreme Wrestling (wXw), promotora alemã onde treina e luta desde que se mudou para a Alemanha, em 2017. “Quando me disseram que ia ser campeã, foi uma surpresa. Ganhei o título em Dezembro e só contava começar a lutar pela wXw em Janeiro”, conta, com o tom de voz a denunciar a importância do acontecimento. Perdeu o título para Toni Storm, um dos nomes mais sonantes na cena independente (para Raquel, “das melhores do mundo”), contra a qual realizou um dos “combates de sonho” que tinha em mente. Diz que lhe “faz impressão” já ter partilhado o ringue com nomes tão conhecidos como os de LuFisto ou Alpha Female, duas veteranas dos ringues, ou então Kay Lee Ray, por vezes dada a lutas hardcore, com cadeiras, mesas e tudo. Recorda ainda “a luta de dois minutos” com Alexander James nos EUA, em que se lesionou. “Já está tudo bem agora”, adianta. Antes do toque da campainha, no ringue, agacha-se a apoia os dois braços na corda superior, com os olhos zangados e semblante predatório. Tim-tim-tim, ouve-se; começa o combate. Vamos pô-lo em pausa. “O meu interesse pelo wrestling começou aos sete”, conta-nos, para depois culpar o irmão: “Ele estava a ver, e eu fui chateá-lo. Apaixonei-me quando vi a entrada do Kane”. O gigante de 2, 13 metros que, num gesto imperativo, baixando os braços, fazia com que cada canto do ringue cuspisse fogo, pode ter encantado a pequena Raquel. No entanto, o mesmo fogo vê-se nos fios de cabelo de Killer Kelly, a girar as tranças que parecem hélices de helicóptero. Antes disso, anos de treino no pro-wrestling, que começou aos 14, na academia do Wrestling Portugal. “Treinei até aos 16. O meu pai não me deixava ir por causa da escola”, recorda. Entretanto, a universidade: escolheu tirar Design Gráfico na Escola Superior de Tecnologia e Artes de Lisboa, e ainda hoje trabalha na área como freelancer. “Até depois da universidade, o wrestling não me parecia o objectivo real, e, por isso, os espectáculos e os treinos ficaram em segundo plano. ” “Há dois anos e meio” decidiu “dar uma última oportunidade”. Vê-se agora o resultado, de cada vez que aplica um side headlock no início de cada luta, para travar a adversária – ou o adversário. Ou quando corre e lança os pés, feitos flechas, à cara do oponente, com os dropkicks ao canto. É que “em Portugal, quase não há raparigas a treinar”. “Em Queluz, havia duas ou três”, explica, justificando o porquê da primeira parte do seu currículo nestas andanças se construir a partir de combates contra homens. “Até prefiro. Os homens aplicam os golpes com mais força, não têm medo de dar um soco ou de levar com um pontapé”, conta, dizendo que “há lutadoras que têm medo de acertar e que lhes acertem”. Toda a gente sabe (menos os mais novos, mas não lhes digam nada por enquanto) que o pro-wrestling é um desporto “falso”: os resultados dos combates são pré-determinados, o que acontece no ringue é quase uma coreografia, e, se prestarmos atenção, vemos que alguns golpes não são assim tão eficazes. Na verdade, tudo segue um roteiro, que opõe um vilão e um herói — heel e babyface, respectivamente, porque temos de tratar as coisas pelos nomes. Rótulos à parte, ouça palmas ou “boos!”, os objectivos mantêm-se: recuperar o título da wXw e ganhar o novo título feminino do WWE NXT UK. Trocando por miúdos: a WWE criou uma nova versão de um dos seus programas, o NXT, para o Reino Unido, com um plantel novo. Raquel conta que ainda não tem contrato, mas o facto de já ter participado em dois combates da promotora pode valer novas oportunidades no futuro. Como lutadora independente, não tem seguro, “só o pessoal”, e, para já, não é algo que lhe tire o sono. “Monetariamente compensa muito”, conta. Agora ainda mais: se dantes era Raquel a mandar o “currículo” de pro-wrestler (com vídeos e fotografias de combates e da própria personagem) para diversas empresas, depois da participação na WWE “já começa a ser ao contrário”. Apesar de “estar sempre nervosa e de ter medo que algo corra mal”, as coisas acabam por fluir dentro do ringue, fruto de um modo de vida totalmente dedicado ao pro-wrestling, com trabalhos esporádicos em design gráfico pelo meio. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Para ser uma pro-wrestler, há cuidados a manter. Conta ao P3 que o seu dia se preenche, em parte, com o ginásio, e que, “duas vezes por semana”, há treinos a cumprir. A alimentação também tem grande peso na balança, mas Raquel confessa não ter prestado “muita atenção a essa parte” nos últimos dias — e não é por comer o que não deve. “Devia estar a comer mais e também sou preguiçosa para contar todos os nutrientes. ”“Às vezes falto aos treinos porque tenho espectáculos com a promoção em várias cidades da Alemanha”, acrescenta. Um desses combates será o desempate entre Killer Kelly e Millie McKenzie, a rivalidade que já fez sair a portuguesa com a cara ensanguentada de uma das lutas. Para se abstrair do pro-wrestling, Raquel vê “muitas séries”, de preferência sem referências à luta livre. O pensamento, porém, está sempre lançado sobre o futuro. Para além dos campeonatos atrás referidos, a destemida Killer Kelly aponta dois nomes dentro da WWE como “adversárias de sonho”: Charlotte, a cara da revolução do wrestling feminino dentro da companhia e campeã por sete vezes, e Asuka, a japonesa que até há bem pouco tempo carregava a maior série de vitórias consecutivas de sempre, sem qualquer derrota. Lutar e aprender no Japão é, também, um dos objectivos da lutadora portuguesa: por lá, os “golpes são mais duros” (stiff, voltemos ao dicionário do pro-wrestling), e isso, na sua opinião, “dá mais legitimidade à luta”. A estimativa é “fazer isto até aos 35 anos”. Até ao “one, two, three” final, na vitória ou na derrota, saberemos que Killer Kelly já fez história antes. Tim-tim-tim, a carreira de Raquel Lourenço está só a começar.
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE
Maioria dos portugueses quer acabar com a mudança da hora
Estudo de opinião da Aximage para o Correio da Manhã mostra que apenas 32,9% dos portugueses quer manter a hora como está. Governo tem opção contrária. (...)

Maioria dos portugueses quer acabar com a mudança da hora
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.5
DATA: 2018-11-17 | Jornal Público
SUMÁRIO: Estudo de opinião da Aximage para o Correio da Manhã mostra que apenas 32,9% dos portugueses quer manter a hora como está. Governo tem opção contrária.
TEXTO: Os portugueses não querem acertar os relógios duas vezes por ano. Numa sondagem realizada pela Aximage, divulgada esta sexta-feira pelo Correio da Manhã, 60, 7% dos inquiridos manifestaram querer manter sempre a mesma hora. O inquérito, que contou com 601 inquiridos e que tem uma margem de erro de 4%, não perguntou que hora única deve ser instituída, se a de Verão ou a de Inverno. A Área Metropolitana do Porto e a Região Norte são as zonas do país onde mais pessoas querem o fim da mudança da hora, com percentagens que rondam os 68% favoráveis ao fim do actual regime horário. Segundo a sondagem, há mais homens (38, 6%) do que mulheres (27, 7%) a defender a actual situação. Num inquérito da Comissão Europeia, divulgado em Agosto, 85% dos votantes portugueses disseram querer acabar com a mudança de hora. Destes, 79% manifestou a preferência pela manutenção do horário de Verão durante o ano inteiro. Se a abolição da mudança da hora for avante, nos meses de Inverno, o Sol pode vir a nascer depois das 9h com a hora de Verão o ano inteiro (GMT +1), enquanto no Verão haverá menos Sol à tarde se ficarmos sempre com a hora de Inverno (GMT). O Observatório Astronómico de Lisboa (OAL) defende a continuação dos dois regimes horários como a melhor opção, prevendo “impactos negativos” caso a situação actual se altere. O observatório sustenta também que os impactos vão ser grandes “sobretudo nas crianças”, que no período de Inverno “vão entrar na escola ainda de noite”. Em declarações esta semana ao PÚBLICO, o director do OAL, Rui Agostinho, defende também que a actual mudança para a hora de Inverno ocorra no fim de Setembro, em vez de no fim de Outubro. Seria “mais benéfico para as pessoas”, acredita. A título de exemplo, uma pessoa que acabe o trabalho às 17h30 com a mudança da hora em Outubro “de sexta-feira para segunda-feira passa a sair de noite”, o que “tem grande impacto”. No entanto, se a hora mudar no final de Setembro, esse impacto será “reduzido”, uma vez que, à hora de saída do trabalho, continua a haver Sol. O primeiro-ministro garantiu, em entrevista à TVI, que a escolha do Governo português é manter tudo como está: “Não vejo razão para que se contrarie a ciência”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A decisão está agora nas instâncias europeias e deve ser tomada no próximo ano. No Conselho Europeu, onde o Governo Português se senta, o executivo deve defender que a hora se mantenha como está. Também o Parlamento Europeu vai ter de votar esta decisão. O fim da hora de Verão foi alvo de um inquérito online pela Comissão Europeia. O questionário teve mais de 4, 6 milhões de respostas, uma participação recorde para uma consulta pública a nível da União Europeia. Ainda assim, as respostas representam uma ínfima parte da população de toda a União Europeia, cerca de 500 milhões de pessoas.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homens escola mulheres
Feliz Natal, desejam os duques de Cambridge, Sussex e Cornualha
William e Kate optaram por um retrato de família e Harry e Meghan partilharam uma fotografia da recepção do casamento. (...)

Feliz Natal, desejam os duques de Cambridge, Sussex e Cornualha
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-15 | Jornal Público
SUMÁRIO: William e Kate optaram por um retrato de família e Harry e Meghan partilharam uma fotografia da recepção do casamento.
TEXTO: Carlos e os filhos já publicaram os seus postais de Natal. Os duques de Cambridge e da Cornualha apresentaram um retrato de família mais convencional, Harry e Meghan aproveitaram para partilhar uma fotografia da sua recepção de casamento; e Carlos e Camila recordam o Verão. Na imagem a preto e branco, os duques Sussex aparecem de costas, abraçados e a olhar para o fogo-de-artifício. Depois de uma cerimónia transmitida na televisão, na Capela de S. Jorge, em Maio, as celebrações dividiram-se em duas recepções privadas: uma organizada pela rainha Isabel II, logo após a cerimónia, no Castelo de Windsor, e outra pelo príncipe Carlos, ao final da tarde, em Frogmore House, para um número mais reduzido de convidados. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. William e Kate foram retratados com os três filhos — George, Charlotte e Louis — nos jardins da sua casa de campo de Anmer Hall, em Norfolk. Kate segura o filho mais novo, Louis, que tem quase oito meses, enquanto George e Charlotte se empoleiram no pai. Já Carlos e Camila seleccionaram uma fotografia tirada durante o Verão, na sua residência, em Clarence House, em Londres.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave campo filho rainha casamento
Sete em cada dez mochilas de Lídia e Paulo Branco andam às costas de miúdos estrangeiros
Empresários portugueses criaram a DKT, em Ermesinde, onde aliam a moda ao material escolar. (...)

Sete em cada dez mochilas de Lídia e Paulo Branco andam às costas de miúdos estrangeiros
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento -0.06
DATA: 2018-08-07 | Jornal Público
SUMÁRIO: Empresários portugueses criaram a DKT, em Ermesinde, onde aliam a moda ao material escolar.
TEXTO: Se na hora de comprar uma mochila, esta tiver de oferta um smartwatch, drone, óculos de realidade virtual ou telemóvel, não estranhe. É uma estratégia de marketing de Lídia e Paulo Branco, da empresa de produtos escolares DKT Representações. O objectivo é claro: agarrar os consumidores mais novos, mas não é em Portugal que mais vendem, 70% do peso da facturação chega do que comercializam para o exterior. Além das ofertas que causam furor entre os mais novos, o casal tem outro trunfo na manga. Procura sempre traduzir as tendências da moda nas várias linhas de mochilas, estojos, cadernos, carteiras e sacos de piscina que cria. “Como vínhamos do mundo de acessórios de moda, tentámos introduzir moda no escolar”, explica Lídia, rodeada de mochilas dos mais variados estilos e cores. E parece estar a resultar, porque, continua, “é o que nos vai distinguindo no mercado”. A empresa começou há 20 anos, mas na comercialização de gifts (presentes), acessórios de moda e bijuteria. O casal chegou a ter duas dezenas de lojas espalhadas pelo país e pelo estrangeiro, chamavam-se Dakota. O casal procura ainda utilizar matérias-primas diferentes como o poliéster, veludo e produtos do mundo do calçado, mas é na China que encontra maior variedade de materiais que não há em Portugal, continua a empresária, engenheira química de formação, mas que actualmente dá aulas de marketing. Aliás, é também na China que produzem os seus produtos. Paulo Branco garante que não é por causa do custo da mão-de-obra ser menor. “Já não é barato. Está a ficar complicado porque os preços estão a subir muito e há ainda a questão da poluição”, explica. Mas, simplesmente “não existe outra alternativa senão produzir na China, porque são muito eficientes, rápidos e têm mais matéria-prima”. Em 1998, o negócio era outro. Então, nas lojas Dakota vendiam isqueiros, relógios e canetas, além de bijuteria. “Éramos distribuidores em Portugal de uma marca espanhola da qual rapidamente nos tornámos sócios”, conta Paulo que sempre teve experiência na área das vendas. Por essa altura, o casal viu uma oportunidade no mercado. “Não havia lojas especializadas em prendas e decidimos abrir a primeira no Funchal”, lembra Lídia. Depois seguiram-se outras por todo o país, mas também em Moçambique, no Brasil e nas Canárias. Resolveram ainda entrar no segmento das licenças especializadas. “Começámos a comprar para as nossas lojas e a vender produtos da área do escolar”, recapitula o empresário. O negócio estava a correr bem até o mercado mudar com o “aparecimento de lojas com produtos semelhantes, mas sem marca, e mais baratos”, lembra Lídia. “Fomos encerrando as lojas porque os custos nos centros comerciais são elevadíssimos”, recorda. A última foi em 2014. Por essa altura, repensaram o negócio, mas sem pôr de lado o mercado dos produtos escolares. “Quisemos agarrar a oportunidade, porque era um mercado a explorar”, sublinha. Foi, então, que apostaram na produção de produtos escolares licenciados desde mochilas, cadernos, estojos e acessórios de moda de marcas como a Marshmallow e Miss Lemonade para rapariga e a Unkeeper para rapaz. “Temos uma parceria com uma empresa americana em que representamos essas três marcas”, explica Lídia. No entanto, é a DKT que trata do design e do desenvolvimento de produto, em Ermesinde, onde trabalham nove pessoas, incluindo o casal. “Até os fechos [das mochilas] desenhamos”, realça Paulo. Também são responsáveis pelo lançamento nos mercados nacional e internacional. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Os produtos são, então, produzidos na China para depois regressarem ao armazém de Ermesinde e serem distribuídos. Só, em 2017, a empresa facturou mais de cinco milhões de euros. Os mercados mais expressivos são o da Grécia, Espanha, Angola, Itália, França, Bélgica, Canadá e Marrocos. “O nosso melhor cliente é a Grécia que representa 20% da facturação”, informa Paulo. “Temos produtos no Carrefour e no E. Leclerc, em França”, orgulha-se. Já em Portugal vendem para as grandes superfícies do Continente e da Staples. As estratégias de marketing são uma das preocupações da empresa que, para o início do próximo ano lectivo, já desenhou a sua estratégia. Por exemplo, nos hipermercados do grupo Sonae (a que o PÚBLICO também pertence), o casal vai lançar mochilas com oferta de telemóvel, smartwatch e drone; já na Staples estarão outras mochilas com óculos de realidade virtual ou com headphones, informa o empresário. A DKT também já desenvolveu mochilas com colunas de som incorporadas, com GPS que permitia aos pais saber a localização das crianças, com skates e power bank. Uma mochila pode custar entre 24, 90 euros e 49 euros, e não ter estas ofertas.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave rapariga