Já há apresentador para os próximos Óscares: Kevin Hart
O cómico anunciou no Instagram que iria ser o anfitrião da cerimónia de prémios da Academia de Hollywood, a 25 de Fevereiro de 2019. (...)

Já há apresentador para os próximos Óscares: Kevin Hart
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-07 | Jornal Público
SUMÁRIO: O cómico anunciou no Instagram que iria ser o anfitrião da cerimónia de prémios da Academia de Hollywood, a 25 de Fevereiro de 2019.
TEXTO: Esta terça-feira, Kevin Hart, um dos cómicos mais populares dos Estados Unidos, anunciou no Instagram que iria ser, a 25 de Fevereiro do próximo ano, o apresentador da 91ª edição dos Óscares da Academia de Hollywood. Será a segunda edição dos prémios desde que rebentou o escândalo de assédio e abuso sexual #MeToo. Hart sucede assim a Jimmy Kimmel, o anfitrião da edição do ano passado, numa tarefa para a qual, segundo um artigo publicado também na terça-feira na The Hollywood Reporter, estava a ser complicado encontrar alguém. Além de poucos dos apresentadores dos últimos anos, como Ellen Degeneres, o próprio Kimmel, Chris Rock – que, no Instagram, aquando do anúncio do novo apresentador, gozou: "Raios, perdi mais um trabalho para o Kevin Hart. " –, Hugh Jackman ou Jon Stewart, terem voltado ao palco do Dolby Theatre (antigo Kodak Theatre) mais do que uma vez, ninguém chegou a mais do que duas rondas. É um número bem menor do que as 19 vezes que Bob Hope, noutra era, esteve à frente da cerimónia. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A Hollywood Reporter mencionava também que nomes como Tina Fey e Amy Poehler, que fizeram dupla aos comandos dos Globos de Ouro três anos seguidos, entre 2013 e 2015, recusaram a tarefa, que pagará pouco para muito trabalho que não tem o retorno, em termos de prestígio e fama, que teria há uns anos. Outros nomes sonantes que declinaram o convite, de acordo com a publicação, incluem Oprah Winfrey, Julia Louis-Dreyfus, Jerry Seinfeld ou Justin Timberlake. Kevin Hart, que esgota regularmente arenas com a sua comédia de stand-up, pôde ser visto, este ano, ao lado de Tiffany Haddish na comédia A Turma da Noite, realizada por Malcolm D. Lee, que teve estreia nas salas portuguesas no final de Setembro. No ano passado, foi um dos protagonistas de Jumanji: Bem-Vindos à Selva, que terá direito a uma sequela em 2019. É também dono da sua própria plataforma de streaming de comédia, Laugh Out Loud, não disponível em Portugal. Em termos de apresentações de cerimónias, tem no currículo, por exemplo, os BET Awards de 2011, os MTV Video Music Awards de 2012 e os MTV Movie Awards de 2016, além do Comedy Central Roast de Justin Bieber.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave sexual abuso assédio
Sindicato ameaça com providência cautelar contra medidas para reduzir descanso na PSP de Braga
A hipótese dos polícias trabalharem em dias de folga e não poderem pedir dispensa de serviços remunerados em 17 dias do mês de Agosto levou o Sinapol a ameaçar o recurso ao tribunal, caso o Comando Distrital não recue na decisão. (...)

Sindicato ameaça com providência cautelar contra medidas para reduzir descanso na PSP de Braga
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-08-13 | Jornal Público
SUMÁRIO: A hipótese dos polícias trabalharem em dias de folga e não poderem pedir dispensa de serviços remunerados em 17 dias do mês de Agosto levou o Sinapol a ameaçar o recurso ao tribunal, caso o Comando Distrital não recue na decisão.
TEXTO: A hipótese de os polícias que pertencem ao comando distrital de Braga terem de trabalhar em dias de folga durante parte deste mês de Agosto levou o Sindicato Nacional de Polícia (Sinapol) a ameaçar recorrer ao tribunal caso não haja um recuo na decisão. Segundo um despacho deste comando distrital, no período entre 4 e 16 de Agosto e ainda nos dois fins-de-semana seguintes os agentes da PSP podem sujeitos a medidas excepcionais que incluem, além do serviço em dias de folga, a obrigatoriedade de prestarem serviço remunerado. O mesmo documento fala ainda num período máximo de uma hora de descanso entre o horário normal de serviço e um serviço remuneradoReagindo ao despacho, o Sinapol anunciou, em comunicado, que pretende interpor uma providência cautelar no Tribunal Administrativo, caso o comando de Braga não revogue a decisão até à próxima quinta-feira. O presidente do sindicato, Armando Ferreira, diz que começou a receber queixas logo no dia em que o despacho foi emitido, a 2 de Agosto. E considera que as suas orientações contrariam os “direitos laborais consagrados quer na Constituição, quer ainda na Declaração Universal dos Direitos do Homem e na Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia”. O comando de Braga impôs estas regras aos seus agentes sem negociar primeiro com os sindicatos, acusa, comparando esta situação com o que se passou em Lisboa durante o festival da Eurovisão, em Maio passado: “Estava previsto que os agentes chamados trabalhassem sete dias seguidos. Mas após negociações com o comando metropolitano de Lisboa os polícias trabalharam os cinco dias seguidos em que o festival se realizou e tiveram folgas antes ou depois”. A emissão do despacho não é confirmada pelo comando distrital de Braga. Um dos comissários desta força de segurança, Ricardo Amaral, referiu que o último despacho a impor tais condições de trabalho foi emitido a 12 de Julho e visava assegurar o policiamento do Campeonato Mundial de Ciclismo Universitário. Segundo o responsável, normas como o trabalho não voluntário, o trabalho em dias de folga e a impossibilidade de dispensa de serviços remunerados aplicam-se sempre em “eventos de interesse público, de acordo com a lei”. Contactada pelo PÚBLICO, a direcção nacional da PSP não deu qualquer esclarecimento sobre a situação até à hora de fecho desta edição. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Polícias não são super-homensNo sábado, durante o patrulhamento de uma das provas de estrada daquele campeonato, um agente da PSP de Braga desmaiou e teve de ser conduzido ao Hospital de Braga, como noticiou o Jornal de Notícias. O presidente do Sinapol assinala que não há qualquer esforço para adaptar o trabalho policial às situações de calor extremo e que a direcção nacional da PSP devia tomar medidas para proteger os agentes. “Um polícia cansado não serve a segurança pública”, avisa o dirigente sindical. “São pessoas que sucumbem ao calor como quaisquer outras. Os polícias são profissionais e cumprem com o que têm de fazer. Não são super-homens ou super-mulheres”, acrescenta.
REFERÊNCIAS:
Entidades PSP
O juiz e a matrícula
Um juiz a quem foram furtadas as matrículas do carro foi mandado parar pela GNR tem alimentado uma novela na imprensa e na vida sindical dos juízes. (...)

O juiz e a matrícula
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-08-13 | Jornal Público
SUMÁRIO: Um juiz a quem foram furtadas as matrículas do carro foi mandado parar pela GNR tem alimentado uma novela na imprensa e na vida sindical dos juízes.
TEXTO: Um juiz a quem foram furtadas as matrículas do carro foi mandado parar pela GNR precisamente naquela situação de decaimento administrativo e isso, porque o juiz desmatriculado e quatro agentes em busca delas se desentenderam algures em Loures, tem alimentado uma novela na imprensa e na vida sindical dos juízes, depois de ter alimentado uma novela judicial. Claro que o facto do juiz “quase sexagenário” em causa ter dito que seria da sua experiência que geralmente os polícias mentem em tribunal e nos documentos que produzem não ajudou. Como não sou juiz, não faço ideia, felizmente, se isto é verdade ou não. Admito que tenha importância sabê-lo. Admito até que possa ser a única coisa importante a retirar deste processo. Mas não é efectivamente sobre isso a demanda e ninguém parece muito preocupado com isso, a começar pelo juiz que esperou para ser desembargador, viajar sem matrículas e entrar em crise com a autoridade policial para se lembrar que afinal era um dado da experiência comum que os polícias “geralmente” mentem em tribunal e nos documentos oficiais. Nunca na sua vida anterior tal provavelmente o tinha chocado tanto como naquela fatídica rotunda de Loures, quando foi incomodado pela brigada, apenas porque tal nunca antes fora por si percebido com tanta clarividência. Merece bem, portanto, choruda indemnização cível, não só porque foi eventualmente enxovalhado – para além do já certo e magno vexame que um passeio sem as duas matrículas lhe causava interiormente – como se tornou só então claro para si, com grave e notório dano, que boa parte da sua vida decorrera a ouvir e ler mentiras de polícias e até provavelmente a condenar outros com base nelas. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O último acórdão sobre esta complexa questão da indemnização cível pedida pelo juiz aos polícias usa não menos de 70 páginas sobre tão alta problemática, que dura, note-se, desde 2012. Confesso que aqui o que também me choca desde logo é a extensa cobertura com que a justiça trata o problema. Depois, também me coloca sérias dúvidas, para não dizer que assusta, lendo o acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa que a Associação Sindical dos Juízes Portugueses colocou no seu website, uma passagem mais obscura em que o mesmo juiz, enquanto assistente no processo, afirma que “Entre o juízo de probabilidade (próprio da fase de instrução) e o juízo de certeza (da fase de julgamento) não existe uma diferença essencial, pois a decisão do juiz que pronuncia, porque se constitui como um pre-juízo fundado na mesma teleologia, há-de basear-se já num juízo muito próximo do que preside à decisão do juiz que julga”. Pode parecer quase neutro e evidente o que se diz aqui, eventualmente por defeito, mas sejamos um pouco mais exigentes. Ora se entre um juízo de probabilidade e um juízo de certeza não houver “diferença essencial” - seguramente mais um piscar de olho nada envergonhado ao aristotelismo e até à sua releitura patrística que o mesmo juiz já demonstrou conhecer em abundância na sua fundamentação de sentença sobre adultério e mulheres adúlteras –, talvez possamos prescindir de boa parte do processo penal, e até de muitos dos juízes e dos procuradores e dos advogados, já para não falar dos professores de direito, esses seres menores, e seguramente de acórdãos de 70 páginas, porque afinal basta uma rápida decisão instrutória, tantas vezes sem testemunhos ou apreciação de qualquer prova, para antecipar a verdade. Com ou sem matrículas, isto está bonito, está.
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Entidades GNR
Taxistas recebidos pelo assessor económico de Costa
Centenas de taxistas estão concentrados na Praça do Comércio, em Lisboa. PSP preparada para o protesto dos taxistas, independentemente do tempo que durar. (...)

Taxistas recebidos pelo assessor económico de Costa
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.2
DATA: 2018-09-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: Centenas de taxistas estão concentrados na Praça do Comércio, em Lisboa. PSP preparada para o protesto dos taxistas, independentemente do tempo que durar.
TEXTO: Representantes dos taxistas foram recebidos esta segunda-feira à tarde pelo assessor económico do primeiro-ministro, em Lisboa. “Costa, urgente, ouve o presidente” foi um dos principais gritos de ordem do percurso que levou cerca de 45 minutos a fazer, desde os Restauradores até à Praça do Comércio, onde se encontra instalado o gabinete provisório de António Costa. A liderar o desfile, que junta centenas de pessoas, estavam mais de uma dezena de mulheres taxistas. Entre os gritos, ouvia-se este: “Plataformas ilegais não pagam impostos em Portugal. ”Os taxistas mantêm-se firmes no protesto junto aos seus táxis, que, em Lisboa, segundo os últimos dados divulgados, estão estacionados desde os Restauradores até ao Campo Pequeno. Para quarta-feira está agendada uma nova marcha até à Assembleia da República, coincidindo com a presença do ministro do Ambiente, que tutela o sector, no plenário. Segundo o intendente Alexandre Coimbra, a PSP “tem tudo preparado” para fazer face a estas acções, nomeadamente “o policiamento adequado para a próxima quarta-feira”. Inicialmente, os representantes dos taxistas exigiam que os partidos fizessem, junto do Tribunal Constitucional, um pedido de fiscalização sucessiva da constitucionalidade do diploma. Na sexta-feira, o processo teve um desenvolvimento, com o PCP a pedir a revogação da lei, uma decisão que os taxistas consideram estar no “caminho correcto”, mas que ainda não é suficiente. As associações de taxistas foram recebidas no sábado pelo chefe da Casa Civil da Presidência da República e decidiram manter o protesto, até serem recebidos pelo primeiro-ministro. Depois do encontro, a delegação de representantes dos taxistas, encabeçada pelos presidentes da ANTRAL, Florêncio de Almeida, e da Federação Nacional do Táxi, Carlos Ramos, entregou uma carta no gabinete do primeiro-ministro no Terreiro do Paço, em Lisboa, a pedir uma intervenção com urgência para resolver as suas reivindicações. A PSP assegurou esta segunda-feira que está preparada e com capacidade de resposta, “independentemente do tempo que durar” o protesto dos taxistas, que cumprem esta segunda-feira o sexto dia de luta contra a lei das plataformas electrónicas de transporte. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. “Até ao momento não tivemos necessidade de reforçar o nosso dispositivo. Naturalmente que, estando a acompanhar esta situação desde a passada quarta-feira, já foram envolvidos alguns milhares de polícias nesta operação e temos de fazer uma gestão rigorosa dos nossos recursos, até porque temos várias valências no terreno, mas temos tido a capacidade de resposta e vamos ter a capacidade de resposta, independentemente do tempo que durar este protesto”, disse o porta-voz da Direcção Nacional da PSP, intendente Alexandre Coimbra. Em declarações à agência Lusa, o director das Relações Públicas da Direcção Nacional da PSP acrescentou que a polícia está a acompanhar o protesto desde o seu início, “vinte e quatro horas por dia”, salientando que, até ao momento, não há registo de qualquer incidente em Lisboa, no Porto ou em Faro, cidades nas quais os protestos se têm feito sentir, com a concentração de taxistas. “Temos feito reuniões regulares com as associações promotoras desta concentração e posso sublinhar que têm sido muito positivas, tem havido um espírito de colaboração muito especial por parte dos promotores, o que revela efectivamente que querem exercer o seu direito de manifestação e reunião dentro daquilo que está definido na lei. Posso adiantar que, até ao momento, não foi registado qualquer incidente ou qualquer ocorrência digna de relevo relativamente a esta concentração”, afirmou o porta-voz da Direcção Nacional da PSP.
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Partidos PCP
Lisboa é um donut com chantilly
O aviso é do arquitecto Walter Rossa, especialista na Lisboa pombalina: o centro da capital está cheio, mas o que a enche não é sólido. (...)

Lisboa é um donut com chantilly
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-11-25 | Jornal Público
SUMÁRIO: O aviso é do arquitecto Walter Rossa, especialista na Lisboa pombalina: o centro da capital está cheio, mas o que a enche não é sólido.
TEXTO: Primeiro saiu o Filipe, depois o João, a seguir a Maria, na mesma altura o André, mais tarde a Rita, pelo meio a Teresa, o António e a Leonor. Estas são pessoas do meu bairro que se foram embora desde que Lisboa passou a estar na moda. Nuns casos as rendas aumentaram 200%, noutros os apartamentos foram vendidos a 3600 euros/m2 e transformados em Alojamento Local ou pequenos hotéis. Adoramos falar em smart cities, mas arriscamos chegar ao fim deste boom com tristes smart deserts, cidades sem residentes. No célebre ensaio O Labirinto da Saudade, Eduardo Lourenço fala da tendência portuguesa para ver o presente como uma “ofuscante decadência”. Dantes é que era bom. Quando os conventos de Lisboa foram extintos e convertidos em hospitais, escolas, quartéis, tribunais e até no parlamento, Alexandre Herculano protestou. Quando a Câmara de Lisboa decidiu destruir o Passeio Público para abrir a Avenida da Liberdade, Ramalho Ortigão e mais 1316 lisboetas protestaram e escreveram num abaixo-assinado que “o projecto do boulevard do Passeio ao Campo Grande é de uma concepção bem tristemente pretensiosa [. . . ], não serve senão para espalhar os maus hábitos dos cafés e do trottoir [prostituição], o amor da ostentação, a ociosidade, o boulevardismo, a cocotice, o luxo pelintra da toilette”. Quando Frederico Ressano Garcia projectou a construção das Avenidas Novas, o cepticismo foi geral. Descobri estas histórias da “negatividade absoluta” da elite portuguesa em relação à transformação de Lisboa no ensaio da historiadora de arte Raquel Henriques da Silva que faz parte do livro Projecções de Lisboa (com coordenação do “urbanólogo” João Seixas e acabado de lançar pela Caleidoscópio e a CML). Mas, como diz a anedota, “está a ver aquela rua. . . ? É na outra”. Falar do problema da habitação em Lisboa não tem nada a ver com a “negatividade absoluta” portuguesa. Muito menos com a ideia de que as qualidades da cidade e da pátria só existiram no passado e nunca existirão no presente. O que importa é o que vamos fazer — hoje — com o nosso donut. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Os geógrafos falam do donut que Lisboa era nos anos 1970-80 e 90 e explicam que é “um modelo de crescimento metropolitano caracterizado pelo esvaziamento do centro urbano e crescimento populacional nas coroas suburbanas e periurbanas” (do mesmo livro, no ensaio de Isabel André e Mário Vale). Em 2011, Lisboa tinha 50 mil apartamentos vazios — quase 16% da habitação da cidade —, dos quais 78% estavam fora do mercado. Com o boom, muitas casas regressaram ao mercado, mas não para os residentes permanentes da cidade. O problema não é só do centro histórico, nem é só dos pobres do Castelo, da Mouraria e de Alfama, bairros onde para nove mil “alojamentos familiares clássicos” há quase três mil alojamentos locais, segundo o Estudo Urbanístico do Turismo em Lisboa. O problema já atinge a classe média e até a classe média-alta e inclui grupos de pessoas que até há um ano nem faziam parte desta conversa: os estudantes universitários. Os quartos na cidade passaram de 200 para 500 euros e hoje nenhuma universidade tem camas para mais de 10% dos seus alunos deslocados. A Câmara de Lisboa acaba de aprovar a suspensão de novos alojamentos locais nos bairros mais pressionados e não se pode dizer que seja mau. Mas a suspensão vem tarde e não inclui medidas preventivas para bairros onde se antecipa a replicação do problema. O concelho de Lisboa já tem 17 mil casas destinadas a Alojamento Local (AL). Como previsto, a lei desencadeou uma corrida. Em média, foram registados 145 AL por dia entre o Verão e a semana passada. Só nas ruas à minha volta houve quase 400 novos registos. Prédios inteiros a seguir a prédios inteiros onde não mora ninguém. Os turistas saem à rua, cruzam-se com turistas, falam com turistas, almoçam e jantam com turistas. Foi já no fim do debate de lançamento do livro Projecções de Lisboa, na Biblioteca do Palácio Galveias, que o arquitecto Walter Rossa, especialista na Lisboa pombalina, fez o aviso: “Hoje o donut tem chantilly, mas o chantilly derrete facilmente e pode desaparecer. ” Ser smart não é vender a alma ao turismo. Ser smart é encontrar formas de garantir que as pessoas gostam de viver em Lisboa e que conseguem viver em Lisboa. E que, em vez de chantilly, o centro do donut tem residentes.
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Palavras-chave lei campo prostituição estudo
Febre do Pokémon Go contagiou outros jogos da Nintendo
Lucro da multinacional disparou 122% no último trimestre, em parte graças ao sucesso de jogos Pokémon para a consola portátil 3DS. (...)

Febre do Pokémon Go contagiou outros jogos da Nintendo
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento -0.12
DATA: 2017-07-17 | Jornal Público
SUMÁRIO: Lucro da multinacional disparou 122% no último trimestre, em parte graças ao sucesso de jogos Pokémon para a consola portátil 3DS.
TEXTO: A febre do jogo Pokémon Go, criado por uma empresa americana com base na famosa personagem da Nintendo, não se traduziu directamente em muito dinheiro nos cofres da multinacional japonesa. Mas o jogo acabou por impulsionar as vendas, e as contas, da empresa. No mais recente relatório financeiro, a Nintendo apresenta um lucro de 64, 7 mil milhões de ienes (529 milhões de euros) para o último trimestre, mas 122% do que nos mesmos meses do ano anterior. A grande aposta para 2016 era a estreia no mundo dos videojogos móveis, através de Super Mario Run, o jogo para smartphone protagonizado pelo famoso carpinteiro corajoso que salva princesas nos tempos livres. Contudo, os jogos Pokémon Sun e Pokémon Moon, ambos para a consola portátil 3DS , é que foram identificados como o grande sucesso do ano. Juntos, venderam cerca de 14, 6 milhões de unidades desde o lançamento, em meados de Novembro. A empresa atribuiu o desempenho de vendas à popularidade de Pokémon Go, uma aplicação que foi desenvolvida pela Niantic, uma empresa especializada em realidade aumentada e que paga uma licença à Nintendo pelo uso da personagem. "O lançamento da aplicação para smartphone Pokémon Go levou a um aumento nas vendas de jogos da série Pokémon e elevou a venda de consolas da família Nintendo 3DS, em particular, fora do Japão, ” lê-se no relatório. Super Mario Run, disponível para iPhone e outros dispositivos iOS, também mereceu destaque no relatório, embora apenas tenha sido lançado há seis semanas: “A resposta foi fantástica, ultrapassando os 40 milhões de downloads em apenas quatro dias após o lançamento. ” Segundo valores avançados em entrevista ao The Wall Street Journal, Super Mario Run foi descarregado gratuitamente mais de 78 milhões de vezes em todo o mundo, com mais de 5% dos jogadores a pagarem para ter acesso à totalidade do jogo (algo que custa dez euros na Europa, um valor elevado no universo dos jogos móveis). Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Em 2017, o foco nos smartphones vai continuar. Além do lançamento do jogo Fire Emblem Heroes, já no dia 2 de Fevereiro, Super Mario Run vai também ter uma versão Androide, com lançamento previsto para Março. Já as vendas da consola doméstica Wii U, que foi um fracasso desde que chegou às lojas, continuam abaixo das expectativas da empresa. Em 2016, a Nintendo previa vender 800 mil unidades, mas apenas conseguiu vender cerca de 760 mil, uma quebra de 75% em relação ao ano anterior. Uma das apostas da Nintendo para 2017 é o lançamento em Março da consola híbrida Switch, que funciona simultaneamente como consola doméstica e portátil. Texto editado por João Pedro Pereira
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Palavras-chave doméstica
Há cada vez mais gente a meditar em grupo. E a pagar para isso
Este domingo, em Lisboa, o festival Wanderlust recebe cerca de 3500 participantes para correr, fazer ioga e meditar. Outras 850 pessoas estão reunidas num retiro de silêncio no Alentejo. O que os atrai? (...)

Há cada vez mais gente a meditar em grupo. E a pagar para isso
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.5
DATA: 2018-10-12 | Jornal Público
SUMÁRIO: Este domingo, em Lisboa, o festival Wanderlust recebe cerca de 3500 participantes para correr, fazer ioga e meditar. Outras 850 pessoas estão reunidas num retiro de silêncio no Alentejo. O que os atrai?
TEXTO: Chegam a ser centenas (e por vezes milhares) as pessoas que acorrem a eventos em que se prometem horas de meditação, relaxamento e paz interior. Podem durar um dia ou uma semana e, diz quem está envolvido na organização destas reuniões e retiros em Portugal, há cada vez mais gente interessada. Logo na primeira edição, no ano passado, a organização do Wanderlust, um festival com um “triatlo” de corrida, ioga e meditação que acontece este domingo, em Lisboa, viu-se a braços com uma afluência superior à estimada. “Esperávamos 1500 pessoas e tivemos 2250”, recorda Nuno da Silva Carvalho, responsável pelo evento. Nesta edição contam com 3500 participantes. E é possível traçar-lhes o perfil: no ano passado, 89% eram mulheres, tinham em média 33 anos, curso superior e um “elevado nível de rendimento”, de acordo com a organização. Por exemplo, este ano, os primeiros bilhetes a esgotar foram os mais caros (82, 50 euros). Também este domingo, cerca de 850 pessoas participam num retiro de silêncio no Zmar, um eco resort em Odemira. Sri Mooji, um guru inspirado pela filosofia hindu, é o motivo da afluência de pessoas de mais de 50 nacionalidades. O jamaicano vive há oito anos em Portugal, organizando retiros e encontros uma ou duas vezes por ano. Num evento em Fevereiro, em Lisboa, atraiu 1500 pessoas. É também ao seu nome que está associado “um centro de retiros”, o chamado Monte Sahaja, em São Martinho da Amoreiras, Odemira, onde vivem regularmente 40 a 60 pessoas, diz Shree Montenegro, directora-geral da Fundação Mooji. Um dos momentos altos destes encontros são os chamados satsang, em que os participantes se reúnem com o mestre e pedem-lhe conselhos. “Há pessoas que chegam a um ponto na vida em que procuram algum significado e as grandes respostas sobre a vida e a paz interior”, explica Shree Montenegro. Algumas pessoas colocam perguntas, as restantes ouvem. “É ‘comida’ que se pode engolir e digerir”, compara Montenegro, referindo-se à forma clara, simples e com humor com que Mooji fala. “Não é algo esotérico e que não se entenda. "Esta tendência é, “sem dúvida, uma resposta aos tempos acelerados e fragmentados em que vivemos”, diz a socióloga Maria Rosário Tomás Rosa. "Práticas, como a meditação e o ioga, que as pessoas podem fazer sozinhas, nos seus tempos livres, acabam por ser âncoras de equilíbrio. " Mas não só. Há outras justificações para o sucesso destas práticas: viajar e conhecer mais, um maior questionamento da medicina ocidental, e podem ser também resultado de uma “quase pressão para sermos e parecermos saudáveis”, enumera a investigadora no Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais da Universidade Nova de Lisboa, cuja tese de doutoramento (de 2013) em Sociologia da Saúde investiga práticas de terapias alternativas. Entre aqueles que praticam a meditação com mais frequência, a motivação associa-se também à identificação com uma filosofia de vida. Faz com que, muitas vezes, se construam estilos de vidas diferentes, resultado de “uma pluralidade de referências, de conhecimentos e experiências”, sustenta a socióloga. Os retiros, encontros e feiras alternativas demonstram isso mesmo. Nada disto é alheio às lógicas de consumo. E tem um preço. Segundo o site da Fundação Mooji, o retiro que dura sete dias custa entre 600 e mil euros. O satsang tem um preço fixo para os sete dias: 375 euros. O que varia é o alojamento. É mais barato para quem leva ou aluga tenda (238 e 280 euros, respectivamente). Mais caro para quem quer ficar num quarto privado com casa de banho (693 euros). Também é possível assistir a partir de casa, por 145 euros. “Há bolsas para quem não consegue pagar”, assegura Shree Montenegro. “É uma trend [tendência] e tudo o que é bom torna-se negócio”, constata Nuno da Silva Carvalho. A experiência completa do Wanderlust custa 82, 50 euros e o espaço acolhe diversas marcas – da alimentação à beleza passando pela roupa e os carros eléctricos, por exemplo –, que publicitam uma vida saudável. Ainda que o organizador não conheça concorrência em Portugal, esta “é inevitável”. Nos EUA, onde o festival surgiu em 2009, já há mais de 20 festivais de ioga, diz. O factor “moda” pode, no entanto, trazer riscos e até desvirtuar a filosofia original daquilo que se está a praticar, alerta Beatriz Katchi, dirigente da Associação Yoga Integral de Portugal, que forma professores de ioga. Também ela mestre de ioga, praticante há mais de 40 anos, acredita que, cada vez mais, há o risco de as técnicas serem dadas por pessoas sem formação adequada. “Agora qualquer baiuca tem aulas de ioga”, critica. A escola que dirige, em Lisboa, é procurada tanto por futuros professores, como por quem quer aprofundar conhecimentos para a prática individual. A formação completa demora dois anos – há a hipótese de fazer em apenas um – com aulas dois dias por mês. Há avaliação escrita e prática e as turmas são pequenas. “A equipa trabalha muito de perto com as pessoas para que se sintam seguras no que vão depois ensinar”, esclarece Beatriz Katchi. No seu ponto de vista, “as coisas em massa não funcionam tão bem”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. É diferente dar-se uma aula para dezenas, até centenas, de pessoas? “Absolutamente. A formação que se dá em cima de um palco pode ser entendida de várias formas pelas pessoas que lá estão, consoante os seus conhecimentos anteriores ou a falta deles. E não é possível corrigir os movimentos. Isso é um grande risco”, responde. Vítor Bertocchini, psicólogo e presidente da Sociedade Portuguesa de Meditação e Bem-Estar (SPM) — que funciona como uma plataforma internacional de instrutores —, explica que há alguns elementos que quem quer fazer meditação ou mindfulness deve ter em conta. “Procurar professores com experiência” e que investem na formação profissional, aconselha. No mindfulness, diz o responsável da SPM, há “guidelines internacionais” para o seu ensino. No caso da meditação é que “não existe nada que a regule”. Aí a confiança será baseada na experiência. "Ainda existem pessoas, a quem a vida não corre muito bem e que procuram os 'gurus'. " A proposta da SPM é baseada em "conhecimento científico". "São formas diferentes de subir a montanha", conclui.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
Socialistas já pensam no depois da votação de hoje da eutanásia - e no veto
Marcelo tem dito que só falará depois de ver o diploma, mas no PS já se admite o veto. Votação desta tarde é uma incógnita devido aos deputados do PSD e às faltas e desalinhados à esquerda, mas os diplomas do BE, PEV e PAN deverão ficar pelo caminho. (...)

Socialistas já pensam no depois da votação de hoje da eutanásia - e no veto
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-06-14 | Jornal Público
SUMÁRIO: Marcelo tem dito que só falará depois de ver o diploma, mas no PS já se admite o veto. Votação desta tarde é uma incógnita devido aos deputados do PSD e às faltas e desalinhados à esquerda, mas os diplomas do BE, PEV e PAN deverão ficar pelo caminho.
TEXTO: Mesmo que a despenalização da morte assistida consiga ser aprovada no final da tarde de hoje no Parlamento, os socialistas estão já a contar com o veto do Presidente da República e começam a olhar para uma solução para voltar ao assunto no início da próxima legislatura. Porque nesta nunca conseguiriam chegar ao número mínimo de 116 deputados necessários para confirmar a lei, já que o PCP vota contra por princípio. Já os deputados do PSD que votam contra também contam com Marcelo Rebelo de Sousa para o veto. No entanto, a contagem de cabeças para aprovar hoje pelo menos a proposta do PS parece ser suficiente com a ajuda de, no mínimo, sete deputados do PSD que já afirmaram publicamente que vão votar a favor – bancada onde vai faltar pelo menos Rui Silva, em viagem à China – e apesar de um voto contra já assumido do socialista Ascenso Simões. Ao PÚBLICO, o deputado socialista Renato Sampaio – um dos nomes que era avançado como contra – contou que votará a favor do projecto do PS mas contra os restantes do BE, PEV e PAN e é essa também a sensibilidade entre alguns deputados do PSD que apoiam a despenalização da eutanásia, como é o caso de Margarida Balseiro Lopes. O CDS vota contra, a maioria do PSD também. Sendo um contratempo para as expectativas de muitos apoiantes da causa da despenalização da morte assistida, esse cenário do veto presidencial permitiria que os quatro partidos que agora apresentaram projectos de lei pudessem levar o tema para a campanha eleitoral. Ou pelo menos três deles, já que o PEV – Partido Ecologista Os Verdes não deverá conseguir inscrever o assunto no programa eleitoral da CDU, a coligação com o PCP em que os ecologistas participam desde sempre, já que os comunistas são, por princípio, contra a eutanásia. Marcelo Rebelo de Sousa, que em dois anos e quatro meses não enviou nenhum diploma para o Tribunal Constitucional, poderá usar diversos argumentos para vetar a lei sem precisar entrar pela análise jurídica. Entre eles estão o facto de o diploma não ter uma votação expressiva no Parlamento, de o processo legislativo efectivo se fazer em apenas dois meses (se for a votação final global antes das férias de Verão, como querem PS, BE e PAN) ou por não ter tido um significativo debate público envolvendo toda a sociedade. Embora seja normal que muitos projectos de lei sejam levados a votação na generalidade antes de serem pedidos os pareceres às entidades competentes, o tema em discussão tem um peso maior do que o normal e este momento há entidades como o Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (que deu parecer negativo à proposta do PAN) que ainda não se pronunciaram sobre todos os projectos. Limite da legitimidade dos deputados é a ConstituiçãoEntre PS, Bloco, PEV e PAN, que apresentaram projectos de lei para a despenalização da morte assistida, apenas o último incluiu o tema no seu programa eleitoral, dizendo apenas querer “abrir a discussão” sobre a legalização da eutanásia “criando fóruns de discussão” – e não referindo o processo legislativo. A socialista Isabel Moreira contesta a crítica de que os deputados não estarão, por isso, legitimados para legislar sobre o assunto. “Os programas eleitorais são as linhas essenciais de compromisso dos partidos, mas nós estamos eleitos para o que está definido na Constituição e a matéria de direitos, liberdades e garantias é da competência exclusiva da Assembleia. ” E dispara contra a direita, que acusa de ter alterado, no último dia da legislatura, a lei do aborto, “matéria que foi alvo de referendo, obrigando as mulheres a consultas com objectores de consciência e acabando com a sua liberdade de escolha e privacidade”. A deputada, que é a segunda subscritora da proposta, admite que o resultado de hoje “é uma incógnita” mas está “optimista” na aprovação por uma pequena margem. A votação será nominal, o que implica que cada um dos 230 deputados será chamado individualmente para anunciar o seu sentido de voto em cada um dos quatro projectos – e que o processo demore pelo menos uma hora. Isabel Moreira diz que será preciso fazer um “trabalho muito apurado na especialidade nestes dois meses até às férias de Verão”, aproveitando toda a bagagem de audições feitas para as petições a favor e contra a eutanásia que já foram debatidas no Parlamento. A última reunião plenária do Parlamento está marcada para 18 de Julho. “Antecipar um cenário de veto em Belém é prematuro”, vinca a deputada, que diz estar concentrada no debate “sereno, com honestidade intelectual, e concreto sobre o que está efectivamente nos projectos”. De direita ou de esquerda?É por aí que Margarida Balseiro Lopes também quer ir esta tarde e confessa que “foi a decisão mais difícil” que teve que tomar nestes dois anos e meio. A questão não é “responder se somos a favor ou contra a eutanásia em geral, mas especificamente sobre o que está em votação e quais são as condições em que o acto médico é possível”. Vai votar a favor apenas do diploma do PS e contra os outros. Porque, no caso do PS permite que o processo seja interrompido se o doente ficar inconsciente; a comissão de verificação tem um leque alargado de especialistas além de médicos; há garantia de que é uma decisão ponderada, livre, consciente; e não inclui crianças nem doentes com depressão, descreve a deputada. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O debate terá cerca de duas horas e meia e o Governo não estará presente. Pelo PS, serão pelo menos Maria Antónia Almeida Santos e Isabel Moreira a defender o projecto. Já no PSD, a falta de uma posição oficial e o facto de o líder da bancada e o do partido terem visões opostas sobre o tema levanta a Fernando Negrão um problema para distribuir os 27 minutos a que a bancada tem direito no debate. Negrão confirmou ao PÚBLICO que fará uma intervenção e que haverá mais “um ou dois” deputados a falar, sem especificar se serão apoiantes do não ou do sim. “Teremos um debate construtivo e de esclarecimento de dúvidas”, prometeu. Esta notória divisão do Parlamento mostra que a eutanásia não é um tema de que a direita ou a esquerda se possam apropriar. Isabel Moreira recusa essa “simplificação” porque defender ou rejeitar a morte assistida atravessa as ideologias políticas e religiosas. Margarida Balseiro Lopes também e coloca a questão no plano da “consciência, da experiência e das crenças mais profundas”. Mas o politólogo do ICS António Costa Pinto discorda: “Globalmente a divergência em relação à eutanásia exprime-se quanto mais à direita se posicionar a pessoa e quanto maior for a sua consciência católica e a prática religiosa. ” Mas há sempre excepções dentro dos partidos quando toca a “temas divisivos”. Este é um deles. A votação, por volta das 18h, seja ela qual for, provará isso mesmo.
REFERÊNCIAS:
Partidos PS PAN PSD LIVRE PCP BE PEV
Endireitem as costas dos vossos assentos
Foi de Belém que num dia de 1922 partiram Gago Coutinho e Sacadura Cabral num pequeno hidroavião. Cabeças entre as nuvens e olhos postos no Brasil. Só tinham de conseguir passar o oceano. (...)

Endireitem as costas dos vossos assentos
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2019-06-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: Foi de Belém que num dia de 1922 partiram Gago Coutinho e Sacadura Cabral num pequeno hidroavião. Cabeças entre as nuvens e olhos postos no Brasil. Só tinham de conseguir passar o oceano.
TEXTO: Da próxima vez que entrar num aeroporto vou pensar neles. Vou pensar neles quando passar pela segurança, mostrando malas, abrindo estojos de produtos de higiene, ligando computadores para provar que não vão explodir. Vou pensar neles quando ouvir as recomendações de segurança, endireite as costas da cadeira e a mesa à sua frente, o colete insufla-se assim, as saídas de emergência estão indicadas por luzes no chão, ponha a sua máscara de oxigénio antes de ajudar a criança ao seu lado. Vou pensar neles quando me perguntarem se quero peixe ou carne ou se prefiro sumo ou vinho. Gago Coutinho e Sacadura Cabral partiram de Lisboa — mais exactamente de Belém — no dia 30 de Março de 1922. Entraram os dois no avião que tinha sido criado especialmente para a viagem, um hidroavião monomotor Fairey F III-D, com um motor Rolls-Royce e o nome Lusitânia. Sacadura Cabral era o piloto, Gago Coutinho o navegador e levava consigo um horizonte artificial adaptado a um sextante — um instrumento de navegação que ele próprio criara. Tinham um destino: o Brasil. Seria a primeira travessia aérea do Atlântico Sul. Paro junto à Torre de Belém para olhar a réplica do pequeno avião junto ao Tejo. Uma hélice, dois pares de asas, uma estrutura frágil, um interior com espaço apenas para os dois tripulantes, de cabecinhas de fora, protegidas com uns simples capacetes e uns óculos, como se fossem dar uma volta de moto. Há várias imagens de Coutinho e Cabral preparando a viagem. Numa delas, discutem calmamente o trajecto, fazendo medições com réguas sobre mapas. Noutra, sobem para o hidroavião, que é retirado de um hangar por um grupo de homens, experimentando os respectivos lugares. Separava-os do Brasil todo um oceano e um número de horas de voo que, somadas, totalizariam três dias no ar, mas nada disso parecia assustá-los. A primeira etapa da viagem levou-os até Las Palmas, nas Canárias. Daí partiram, a 5 de Abril, para a ilha de São Vicente, Cabo Verde onde ficaram por 12 dias, largando depois da ilha de Santiago com destino ao Brasil. Já com os rochedos do arquipélago de São Pedro e São Paulo à vista, o Lusitânia perde um dos flutuadores e afunda-se, mas Gago Coutinho e Sacadura Cabral são auxiliados pelo cruzador República, da Marinha Portuguesa, que os leva a Fernando de Noronha. Os dois homens eram já, por essa altura, heróis em Portugal e no Brasil e tinham decidido não desistir da viagem, pelo que o Governo português lhes envia um segundo hidroavião, que é levado até Fernando de Noronha pelo paquete brasileiro Bagé, a bordo do qual seguem vários jornalistas portugueses (O Século, Diário de Notícias, Diário de Lisboa, A Imprensa da Manhã, O Comércio do Porto e O Dia), um fotógrafo e uma equipa de imagens da Invicta Film dirigida pelo realizador Henrique Alegria. Vale a pena ver nesse filme (disponível na Internet) as imagens dos jornalistas, descontraídos, a escrevinhar as suas notas de reportagem, sentados no navio. E, em pose sorridente, a “formosíssima rapariga que viaja connosco, a mesma linda rapariga brasileira que tanto impressionou os que ficaram [em Lisboa]”, nas palavras do jornalista Tomás Ribeiro Colaço. O novo hidroavião recebeu o nome de Pátria e nele partiram de Fernando de Noronha. Mas rapidamente sofreram um problema no motor que os obrigou a fazer uma amaragem de emergência. Durante nove horas esperaram ajuda no mar, até que um cargueiro inglês os socorreu. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Novamente em Fernando de Noronha, esperaram o terceiro avião, o Santa Cruz — é isto que explica que a réplica que se vê em Belém tenha um nome diferente do verdadeiro avião, que se pode ver no Museu da Marinha, em Lisboa. Foi o Santa Cruz que levou finalmente os dois homens até à recepção apoteótica em várias cidades brasileiras, culminando no Rio de Janeiro. Isto é o que a história nos conta. É possível encontrar imagens de Gago Coutinho e Sacadura Cabral em Belém, antes da partida, e, consagrados heróis, nas chegadas. Mas só eles sabem como foram aquelas horas no ar, sobrevoando o oceano, encaixados num espaço mínimo e com a cabeça de fora, entre as nuvens, calculando distâncias e atentos ao som do motor único que os mantinha no ar. Sem hospedeiras simpáticas a fazer avisos de segurança e sem sequer poderem escolher se queriam chá ou café. PUB
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homens ajuda carne criança rapariga
Nudez ou beijos por shots? Na Queima do Porto, fecharam-se barracas que promoviam comportamentos “indignos”
“Se daqui queres sair, tens de me fazer vir”, escrevia-se numa das barraquinhas que a Federação Académica do Porto sancionou por “incentivar” e “divulgar” online comportamentos e vídeos “indignos”. Os profissionais do Ponto Lilás avisam que “há muito” a fazer. (...)

Nudez ou beijos por shots? Na Queima do Porto, fecharam-se barracas que promoviam comportamentos “indignos”
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento -0.1
DATA: 2019-06-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: “Se daqui queres sair, tens de me fazer vir”, escrevia-se numa das barraquinhas que a Federação Académica do Porto sancionou por “incentivar” e “divulgar” online comportamentos e vídeos “indignos”. Os profissionais do Ponto Lilás avisam que “há muito” a fazer.
TEXTO: Na porta de uma barraca na Queima das Fitas do Porto, escreveu-se: “Se aqui queres entrar/ Um calipo tens de chupar/ Se daqui queres sair/ Tens de me fazer vir. ” À quarta noite da festa académica, esta porta não se abriu. A “quadra” estava visível para quem pedia uma bebida ao grupo de estudantes que, na noite de 8 para 9 Maio, já não esteve atrás do balcão. A “Jabardar” foi um dos pontos de venda de bebidas alcoólicas que a Federação Académica do Porto (FAP) encerrou, por agora de forma temporária, depois de reincidirem “os comportamentos sem civismo observados (. . . ) e a divulgação dos mesmos levando, de alguma forma, à sua promoção e incentivo”. A organização do evento condenou “os atentados à dignidade da pessoa humana” e obrigou os responsáveis de todos os espaços a apagar todos esses conteúdos até então divulgados. Falam dos vídeos publicados nas contas de Instagram das próprias barraquinhas e em órgãos de comunicação onde se vêem várias jovens mulheres a beijarem-se, alegadamente, para em troca receberem shots grátis, ou que mostram raparigas (e também alguns rapazes) deitadas nos balcões, em alguns casos seminuas ou seminus, enquanto outras pessoas bebem shots a partir de várias zonas do corpo delas e outras filmam. No balcão onde Catarina Ferreira se inclina para nos ouvir melhor, só se espraiam copos. E, assegura, “vendem-se bem”, mesmo que o tema seja uma série de televisão que se desenrola no início do século XX. As boinas, as camisas e os coletes que usam dentro das paredes forradas com papel de parede a simular tijolo imitam o pub em Peaky Blinders, série que todos os estudantes que trabalham na “Garrison’s" acompanharam. Durante o dia, a FAP passou por eles, tal como passou por todas as outras barracas, para pedir que não gravassem nada, que não deixassem pessoas subir para o balcão e que como pagamento para as bebidas só aceitassem dinheiro, enumeram. Estes já eram os princípios seguidos pela estudante de Ciências de 23 anos. “Não aceito que façam nada disso na barraca”, garante, agora séria. “Já há tantas assim!”, observa uma amiga. Foi uma das barracas geridas por grupos de amigos de diferentes faculdades que cumpriram a recomendação no regulamento escrito pela FAP e não recorreram a qualquer tipo de “uso de imagens/escrita sexista, e/ou que promova o discurso de ódio ou incentivo a qualquer tipo de violência”. Para Cristiana Vale Pires, a partilha dos vídeos, que lhe chegam através de denúncias no Ponto Lilás (estrutura dentro do Queimódromo onde estão especialistas prontos a prevenir situações de violência sexual), “é uma forma de violência, porque se expõe completamente um comportamento que uma pessoa teve num estado alterado de consciência”. A investigadora, que testemunhou estes comportamentos tanto durante as intervenções da equipa de profissionais experientes em violência sexual e no namoro, no Queimódromo, em Matosinhos, como online, na manhã a seguir, sublinha que o consentimento “é sóbrio” — “activo e dinâmico” também, ou seja, pode ser revogado. E que, mesmo que a pessoa tenha tomado uma opção de forma autodeterminada, reproduzir e “dar continuidade a este comportamento que acontece num espaço de tempo e numa decisão muito contextualizada é uma forma de humilhar”. “Por vezes, um acto que pode nem ser humilhante, descontextualizado e sujeito aos escrutínio do público mais alargado passa a ser degradante”, alerta. Ainda mais numa “cultura de culpabilização da vítima, em que as pessoas são mais rápidas a escrutinar, observar e imaginar qual terá sido o comportamento da pessoa abusada que possa justificar o que lhe aconteceu”, como demonstram alguns comentários às notícias de uma possível violação (entretanto, a PJ não encontrou indícios de crime). “Neste processo de culpabilização muito pouco empático, reparamos que o sexismo não tem género, e que as mulheres também podem ser extremamente duras com as suas pares”, partilharam os responsáveis pelo Ponto Lilás, nas redes sociais. E sim, Cristiana sabe que a “hiper-sexualização”, na maior partes das vezes do corpo feminino, “não é novidade” nos nomes e na imagética escolhidos para fazer sobressair as diferentes barraquinhas em contexto académico — mas a “normalização” é “precisamente um dos problemas da violência sexual”, lembra. Os vídeos partem, normalmente, de “desafios”. Como os que estão escritos numa das barracas que, depois da tomada de posição da FAP, admite deixar de realizar alguns dos “challenges” que ainda publicitam nas paredes. Como o flash — expor as mamas — ou os body shots. “No seguimento da discussão que tem havido eu percebo que a imagem que passa é má”, diz o responsável pelo espaço. “Mas há barracas que têm a fama disso há muitos anos e é isso que as pessoas esperam”, explica, referindo-se a casos em que o preçário não discrimina só preços, mas sim actos de teor sexual. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A André Guerra, 25 anos, perguntaram-lhe: “O que é que eu preciso de fazer para ter um shot?”. “Precisas de pagar um euro”, terá respondido. Passa as noites na Queima e, quando acorda, tem em grupos do WhatsApp vídeos em que as pessoas, suas conhecidas, “estavam conscientes do que faziam”, mas onde conseguia perceber que “estavam obviamente a serem incentivadas”. Já há cinco anos que trabalha na barraca “Cabra Cega”, com colegas de Economia, e observa que “de ano para ano as coisas vão tomando proporções diferentes”. No entanto, assegura que “10% das barracas estão a passar uma imagem errada da Queima” e que a “FAP começou a ter um controlo apertado” que “surtiu efeitos”, mas que também “deveria ter sido feito desde o início”. “Esta tem de ser uma semana para os estudantes recordarem — pelos bons motivos, não pelos piores. ”
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