A Guerra dos Tronos: ele morreu e agora nem o livro temos para nos guiar
Quase um ano depois, a sexta temporada daquela que é actualmente a série de televisão mais mediática está de regresso. A estreia é este domingo; segunda-feira em Portugal. Falámos com 12 actores do elenco. Não nos querem contar muito mas garantem: vem aí a melhor temporada de sempre. (...)

A Guerra dos Tronos: ele morreu e agora nem o livro temos para nos guiar
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento -0.4
DATA: 2019-07-10 | Jornal Público
SUMÁRIO: Quase um ano depois, a sexta temporada daquela que é actualmente a série de televisão mais mediática está de regresso. A estreia é este domingo; segunda-feira em Portugal. Falámos com 12 actores do elenco. Não nos querem contar muito mas garantem: vem aí a melhor temporada de sempre.
TEXTO: Nem parece que passou quase um ano desde que vimos o último episódio da quinta temporada de A Guerra dos Tronos, a série da HBO que é actualmente um dos maiores fenómenos da televisão. Aquele episódio em que tivemos de engolir em seco com tudo o que se estava a passar — a caminhada de Cersei Lannister, a reviravolta de Arya Stark, a cena de Sansa Stark, a mudança de Daenerys Targaryen, e claro, tudo o que aconteceu a Jon Snow. Foi em Junho mas a série continuou a ser notícia quase todos os dias e as redes sociais não a abandonaram. A tão desejada sexta temporada estreia-se finalmente este domingo (em Portugal, a estreia é amanhã às 22h10 no Syfy) e, pela primeira vez, os fãs estão perdidos. Se até agora os livros As Crónicas de Gelo e Fogo davam pistas para o que aí vinha, a série alcançou agora o fim da história escrita e George R. R. Martin não acabou The Winds of Winter a tempo desta nova temporada. Os actores dizem não ter sentido diferença na rodagem porque o argumento é a sua bíblia, mas admitem ter ficado mais nervosos porque também eles estavam a zero. Quando nos sentamos com alguns dos actores do elenco e jornalistas vindos de todo o mundo, o trabalho pode ser frustrante. Fazemos perguntas que não levam respostas e não é porque não queiram responder. mas porque o secretismo em torno da série assim o exige. Há respostas que parecem ensaiadas e também não é por mal, é para o bem dos fãs, dizem. Nesta temporada, nem o primeiro episódio foi disponibilizado aos jornalistas. Só o Presidente norte-americano teve direito a um exclusivo — Obama tem uma agenda preenchida e não pode acompanhar o ritmo da televisão, alegou a Casa Branca. Antecipar o que aí vem seria por isso apenas especulação, embora teorias não faltem. Uma coisa é certa, os próximos dez episódios serão os maiores e possivelmente os melhores de sempre. Dizem-no os actores e os números comprovam: dez milhões de dólares (aproximadamente nove milhões de euros) é o orçamento-recorde para cada episódio desta temporada da série criada pela dupla D. B. Weiss e David Benioff. “É assim que se faz a diferença”, diz o actor Liam Cunningham (Davos Seaworth). “Quando as produções atingem um certo nível de sucesso e começam a dar dinheiro, as pessoas que as fazem acham que descobriram a fórmula e limitam-se a repeti-la. Torna-se aborrecido fazer e aborrecido ver”, explica. “Aqui, acontece o contrário. A HBO pôs ainda mais dinheiro nesta temporada e D. B. Weiss e David Benioff criaram ainda mais problemas criativos”, continua, defendendo que “é preciso arriscar ou todos se acomodam”. Iwan Rheon, o temível e assustador Ramsay Bolton, não tem dúvidas de que a HBO é responsável por uma mudança na televisão. Cada vez vemos mais e melhores produções — ajuda também o aparecimento de serviços de streaming como o Netflix, decididos a apostar em conteúdos originais, sem olhar a orçamentos. “É bom ver o dinheiro voltar à televisão. É preciso dinheiro para fazer melhor. A HBO põe o dinheiro e isso vê-se”, sublinha o actor de 30 anos, argumentando que o sucesso planetário de A Guerra dos Tronos é um incentivo para que outros canais e outras produtoras façam melhor. Mas se agora, cinco anos depois da estreia da série, parece fácil falar, nem sempre foi assim. O veterano Jonathan Pryce é exemplo disso. Teve a oportunidade de entrar para A Guerra dos Tronos logo na primeira temporada mas recusou a oferta. “Fiquei muito nervoso com a forma como me foi descrita. Não era o tipo de coisas que veria, li o argumento e todos os nomes estranhos e passei”, conta. “Depois tornou-se este enorme sucesso”, diz, sem esconder a surpresa — A Guerra dos Tronos é a série mais pirateada de sempre, uma das mais vistas na televisão e também das mais influentes nas redes sociais. “Na quinta temporada voltaram a falar comigo e ofereceram-me o papel de Alto Pardal/Alto Septão [o líder da Fé dos Sete, a religião predominante de Westeros]. Aí li o argumento em condições e fiquei mesmo atraído”, explica. “O Alto Septão é uma personagem muito forte, que criou um novo mundo na história. Ter dito sim desta vez foi uma das melhores decisões que alguma vez tomei”, admite, revelando no entanto que continua a não seguir a série na televisão. Até para quem está na produção desde o início, o fenómeno em que A Guerra dos Tronos se tornou continua difícil de explicar. “Nunca imaginei que isto se tornasse tão grande”, diz, em resposta ao PÚBLICO, Alfie Allen, ou Theon Greyjoy, como agora tantas vezes o chamam na rua. “A ideia de uma série de fantasia à maneira da HBO nunca antes tinha sido feita. Viemos preencher uma lacuna. Ao mesmo tempo é uma série muito real. E acho que tudo se deve aos maravilhosos valores de produção, com cenários incríveis, guarda-roupa. . . É algo com que toda a gente se consegue relacionar”, justifica. Para a holandesa Carice Van Houten, a sinistra Melisandre, A Guerra dos Tronos tem tanto de Shakespeare como das tragédias gregas. “É intemporal. ” E dá como contraponto o exemplo de Breaking Bad, a série de Vince Gilligan, sobre um professor de liceu (Bryan Cranston) tornado fabricante de metanfetaminas que passou na televisão entre 2008 e 2013, considerada por muitos como uma das melhores de sempre: “Eu adoro Breaking Bad, mas essa é uma história mais contemporânea. ”“Não tenho dúvidas de que vamos deixar um legado e daqui a 50 anos as pessoas vão continuar a olhar para A Guerra dos Tronos com respeito. É eterno”, intromete-se na conversa Liam Cunningham — os actores sentaram-se aos pares connosco num quarto de hotel em Londres e Cunningham veio com Van Houten. “Uma das razões é a qualidade do argumento, é incrivelmente bem desenvolvido”, aponta. Michael McElhatton, aliás Roose Bolton, o pai de Ramsay, que tem tanto de diabólico quanto o filho, explica-o de outra forma: “Muitas vezes apanhas uma desilusão quando, depois de leres os argumentos, filmas e vês as coisas editadas. Mas em A Guerra dos Tronos é exactamente o oposto. As coisas estão sempre a melhorar. É tão bem filmada, e de forma tão bonita. As cenas são sempre tão boas como as fizeste, se não melhores. E isso é pouco comum. ”Tão incomum que à medida que o fim desta saga se aproxima os actores já se questionam como é que conseguirão superar este marco nas suas carreiras. Esta semana, a HBO anunciou o que já se esperava: em 2017 teremos nova temporada. Mas ao contrário do que é habitual desta vez o canal não revelou quantos episódios terá, e não será por acaso. Numa entrevista à Variety, D. B. Weiss e David Benioff equacionaram a hipótese de as novas temporadas serem mais curtas. “Acho que estamos a chegar aos nossos 13 episódios finais. Estamos a caminho da última volta”, disse Benioff, clarificando, porém, que “é apenas um palpite” porque nada está fechado. Antes, já Michael Lombardo, presidente de programação na HBO, tinha revelado à imprensa norte-americana que os dois showrunners queriam fazer apenas mais duas temporadas, depois desta sexta. A Variety escreve que em 2017 devemos ter então oito episódios e por fim, em 2018, apenas sete. Parece definitivo: A Guerra dos Tronos está a chegar ao fim, na televisão e nos livros. George R. R. Martin ainda não acabou de escrever a saga — são sete os livros a publicar e até agora só saíram cinco (a versão portuguesa da editora Saída de Emergência divide os cinco capítulos existentes em dez volumes) —, mas está a tratar disso. “Todos nós temos medo de morrer na série, mas como mulher nesta indústria dou por mim a pensar no que haverá depois”, questiona-se Carice Van Houten, queixando-se da falta de argumentos de qualidade para as mulheres, principalmente no cinema. “As mulheres são habitualmente mães que ficam em casa a tomar conta das crianças. É muito frustrante para mim. É o meu maior medo. O que acontece se eles me mataram? Onde é que vou acabar?”, prossegue, contando que habitualmente os argumentos descrevem as personagens femininas pela aparência e pela idade, enquanto os homens têm sempre um background qualquer. “Quase não me apetece voltar a fazer filmes. E essa é a parte triste disto tudo. ”Maisie Williams tem hoje 19 anos, tinha 14 quando tudo começou. Ela é Arya Stark, a miúda que vimos crescer às suas custas, depois de ficar sozinha num mundo tão brutal. Foi o seu primeiro papel mas cinco anos na indústria chegam para concordar com Van Houten. “Acho que nunca tinha percebido quão sortuda sou, ou fui, quando comecei a interpretar a Arya, que é tão real, credível, honesta, imperfeita. Não é assim tão comum conseguir personagens destas”, explica. “Só quando comecei a ler outros projectos percebi que isto é praticamente único”, insiste. “Agora sinto que não tenho de aceitar uma personagem em que não acredite totalmente. Isto deu-me confiança para dizer não”, acrescenta, para nos dizer que continua com os pés assentes na terra, apesar de hoje ser reconhecida em todo o mundo. “Ainda tenho muito para aprender e muito para trabalhar e ganhar. Isto não é uma corrida. O meu plano não passa por correr todos os estúdios de cinema ou trabalhar com todas as estrelas. ”Se o quisesse, provavelmente conseguiria, como comprova Tom Wlaschiha, o enigmático Jaqen H’ghar. O actor alemão, que apareceu pela primeira vez na segunda temporada e voltou na quinta para surpresa de todos — a sua história já não constava do livro —, conta que a série da HBO lhe abriu muitas portas, mas recusa-se a antecipar o que poderá acontecer quando tudo acabar. “Hoje estou em muito mais listas do que estava. Claro que um dia vai acabar, mas veremos depois o que acontece. ”Para John Bradley (Samwell Tarly, fiel companheiro de Jon Snow na Patrulha da Noite), A Guerra dos Tronos “é um óptimo mostruário” das capacidades dos actores. “Dá um sentido mais amplo dos teus poderes de representação”, diz o actor, para quem é difícil ignorar o sucesso da série quando se sabe que, por exemplo, Obama é fã. “Um dos melhores elogios é as pessoas chegarem ao pé de ti e dizerem que não têm tempo para ver muita televisão, mas quando o fazem é para ver A Guerra dos Tronos. É incrível porque mostra o compromisso que têm”, explica. “São os espectadores que tornam a série grande, não é uma preocupação nossa. Nós só temos de fazer uma boa série. Mas não seria grande se não fosse boa. ”Se continuar no ritmo em que tem estado, é possível que a série acabe primeiro do que os livros. Foi há cinco anos que Martin editou o último capítulo da história; o lançamento do novo devia ter acontecido algures entre o ano passado e este mas a data da sua chegada às lojas permanece um mistério. George R. R. Martin, de 67 anos, continua a escrever, e para provar que o está a fazer tem revelado pontualmente páginas de The Winds of Winter ou trechos das histórias de algumas personagens. Até já deixou pistas sobre o fim desta luta pelo Trono de Ferro: “Vai ser uma vitória, mas uma vitória agridoce. ”“É estranho termos apanhado o livro, é como se tivéssemos chegado ao fim do que está escrito”, diz-nos Ellie Kendrick Meera Reed, a aliada de Bran Stark —, lembrando que Geoge R. R. Martin é produtor executivo da série e nada é feito sem que seja consultado. “Ele adiantou algumas das coisas do livro que está a escrever, as direcções que a história vai seguir. Mas é estranho, eles [Weiss e Benioff] estão a escrever as ideias dele ainda antes de ele as escrever. ”E foi diferente fazer esta temporada sem livro?, perguntamos. Foi só mais uma questão de nervos, concordam muitos dos actores. “É muito excitante porque genuinamente não sabemos nada. Os livros costumavam ser uma espécie de mapa. ” A maioria confessa, porém, nunca os ter lido, fazendo questão de marcar a diferença: a série tem de valer por si. Alguns revelam até que já nem os argumentos das outras personagens lêem, para depois acompanharem pela televisão. Maisie Williams reitera que filmar não foi diferente, mas a leitura do argumento sim. “É tudo material novo. Eu nem estava nervosa mas definitivamente devia ter ficado. Esqueci-me que agora tudo pode acontecer. Sempre me senti confiante porque a Arya ainda estava viva nos livros. . . Esqueci-me que tudo está em risco. ”E se A Guerra dos Tronos ficou conhecida por ser tão imprevisível e matar tantos dos seus protagonistas sem que nada faça antever tais tragédias, a sexta temporada promete ainda mais desenvolvimentos inesperados. E é aqui que entramos na parte difícil. Perguntas sobre o que aí vem ficam praticamente sem resposta. Não há um actor que não fuja ao que lhe é perguntado ou que não responda com um: “Temos de esperar para ver. ” Claro fica que esta vai ser a temporada mais épica até agora. E se não tem os episódios em dia, então o ideal será parar por aqui para não encontrar spoilers. “Se todos soubermos o que vai acontecer, qual é o sentido da série? As pessoas esforçam-se tanto para fazer a série, há tanto trabalho”, diz Iwan Rheon, criticando duramente aqueles que procuram a todo o custo sacar informações. “É muito difícil manter tudo em segredo, especialmente agora com toda a tecnologia que existe, como os drones. ” O exemplo não é casual. No ano passado, um drone apanhou o actor Kit Harington durante as filmagens. Depressa as imagens correram mundo. A última vez que vimos Jon Snow foi a esvair-se em sangue, depois de esfaqueado pelos seus camaradas da Patrulha da Noite. Ninguém quis acreditar que morresse mas as teorias só ganharam força com estas imagens. “As pessoas fazem de tudo, é uma vergonha. Os verdadeiros fãs querem ser surpreendidos e por isso não é justo. ”Mas se dúvidas existem, Snow morreu. O primeiro a dizer-nos isso é Isaac Hempstead Wright, um dos irmãos mais novos de Snow, Bran Stark. Ele que esteve ausente na última temporada e que volta agora com destaque, com os seus poderes mais apurados. Já John Bradley elabora um pouco mais: “Foi devastador. ” A morte de Snow acontece quando este abandona a Patrulha da Noite com a mulher que decidiu acolher e por quem se apaixonou, Gilly, interpretada por Hannah Murray, que também nos diz que Snow morreu. “No momento em que Sam sente que as coisas se estão a compor, algo acontece. Se ele descobrir que Snow morreu, vai culpar-se por acreditar que se lá estivesse podia ter feito alguma coisa para evitar. Mas o melhor é que ele não saiba o que aconteceu. ”Carice Van Houten diz que toda a discussão à volta de Snow a diverte. Uma das teorias põe-na a ressuscitá-lo. A actriz ri-se e conta até que já foi alvo de ameaças por parte dos fãs pelas coisas terríveis que fez na série. Curiosamente as mensagens mudaram: “Só lia: ‘Morre, morre, cabra, morre. Depois, quando Snow morreu, recebi mensagens a dizer que me perdoavam se o ressuscitasse”, diz entre risos, contando que a preocupação de Melisandre será outra. “Ela tem de encontrar o chão outra vez porque Stannis [Baratheon] está morto. O que é que ela vai fazer agora? Em quem é que vai confiar? Está completamente confusa. ”Os trailers e as imagens até agora divulgadas vão deixando algumas pistas também, mas pouco adiantam. Num dos teasers, vimos nas paredes da Casa do Preto e Branco, onde figuram todos os mortos, a cara de muitos dos protagonistas actuais como se mortos também estivessem. Tom Wlaschiha, que é quem cuida daquela casa, é peremptório: “As pessoas morrem. É uma coisa normal. A pergunta é quando. ” Resta saber a quem se refere, tal como está por confirmar a morte de Snow. Vimos também que há uma guerra prestes a estalar, vimos imagens da destruição, sem perceber do que se trata. Uma batalha épica está prometida por D. B. Weiss e David Benioff. Dean-Charles Chapman, o jovem rei Tommen Baratheon, resume: “Esta temporada vai ser maior, melhor, vai ter mais mortes, mais agitação. ” E Liam Cunningham reforça: “Desde o início até ao fim, esta série vai ser maior, mais corajosa, e mais marada. ”Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. “D. B. Weiss e David Benioff sabem para onde vão e como fechar este belo círculo”, não hesita Cunningham, com a certeza de que ninguém na série “vai relaxar e recolher os frutos do sucesso”. O PÚBLICO viajou a convite do Syfy Portugal
REFERÊNCIAS:
No novo recinto do Meo Marés Vivas, o Porto continua a ser a estrela quando a música se cala
A uma semana do festival fomos conhecer o novo recinto. Provisoriamente nos terrenos da antiga Seca do Bacalhau, o espaço e a capacidade do evento que quer afirmar-se na rota dos maiores festivais de Verão duplicaram. A paisagem é quase a mesma. (...)

No novo recinto do Meo Marés Vivas, o Porto continua a ser a estrela quando a música se cala
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.068
DATA: 2018-12-03 | Jornal Público
SUMÁRIO: A uma semana do festival fomos conhecer o novo recinto. Provisoriamente nos terrenos da antiga Seca do Bacalhau, o espaço e a capacidade do evento que quer afirmar-se na rota dos maiores festivais de Verão duplicaram. A paisagem é quase a mesma.
TEXTO: Ainda falta uma semana para que a música se ouça e se veja no Meo Marés Vivas e já fizemos uma paragem frente ao palco principal do festival de Gaia que este ano se realiza pela primeira vez nos terrenos da antiga Seca do Bacalhau. As únicas pessoas que lá estão carregam outros instrumentos que pouco servem para se fazer música, mas que são ferramentas indispensáveis para que ela possa ser entregue ao público nas melhores condições. Trabalha-se para que entre 20 e 22 deste mês se abram as portas do recinto à animação feita nos últimos anos com casa esgotada por cerca de 25 mil pessoas. Este ano há espaço para mais 15 mil e mais um palco – agora são cinco -, e há sobretudo mais amplitude. Motivo para termos parado frente ao palco principal, mesmo sem nenhum dos cabeças de cartaz que lá vão tocar, foi a vista desafogada sobre o Porto, espectáculo que até há pouco tempo não seria possível de se ver a partir daquele ponto. Durante anos, as instalações daquela unidade industrial desactivada há algumas décadas esteve entregue ao abandono. Já recuperada, ainda sem um propósito de utilização final definido, servirá pelo menos este ano e talvez nos próximos dois de base para o festival que está a negociar com a autarquia um local definitivo. E é para a cidade que dá nome ao vinho que é guardado nas caves da frente ribeirinha gaiense que o palco maior vira costas, oferecendo ao público a frente desse ângulo que começa a ser traçado na ponte da Arrábida, com o Douro por baixo, e termina na Foz Velha, onde o mar empurra o rio que vence essa luta e abraça o Atlântico. Pintado este cenário, pode parecer que no recinto anterior, a cerca de 600 metros do novo, numa zona mais baixa do Cabedelo encostada ao rio, não havia já motivos para se admirar a vista. Não foi por isso que o festival mudou de sítio. No recinto antigo vai nascer uma urbanização. Já lá está um prédio a ganhar altura. Dali o evento passaria para o Parque de São Paio, junto à Reserva Natural Local do Estuário do Douro (RNLED). Pelo menos era a vontade da autarquia em 2016. Não era a de alguns grupos ambientalistas e movimentos cívicos que se manifestaram contra essa mudança de local por entenderem que a fauna e flora estariam em risco. Após alguma celeuma e alguns processos abertos na justiça, chegou-se a um consenso e o Marés Vivas faz-se pela primeira vez na Antiga Seca do Bacalhau, local que era apontado como alternativa pelo SOS Estuário do Douro, movimento que se opunha à realização do evento na RNLED. De 8 para 20 hectaresLogo à partida, é possível constatar que este espaço ganha em dimensão. De acordo com a organização, são cerca de 20 hectares contra os 8 hectares do recinto anterior. É também um espaço mais aberto e mais largo. De comprimento terá a mesma medida que tem em largura. É uma área verde, coberta quase na totalidade por relva, o que pressupõe menos pó no ar. Um dos pontos que ganha em qualidade é a zona frente ao palco principal. Se a anterior era exígua esta é mais larga, contribuindo para a fluência do tráfego entre palcos que se espalham pelo recinto a uma distância que permite a fluidez nas deslocações. Outro sector que foi melhorado é o das casas de banho, já parcialmente montado. Para as mulheres, em vez de cabines individuais, serão disponibilizados contentores ligados à rede de águas públicas, com condições semelhantes a um WC doméstico. Para os homens, além desta modalidade, continuarão a existir algumas cabines. Os acessos e vias para chegar ao recinto continuam a ser praticamente as mesmas dos anos anteriores. A distância entre recintos é curta. Para quem leva o carro tem disponível nas imediações mais do que um parque de estacionamento. Parte do antigo recinto servirá para esse efeito. Continuará a existir o serviço de boleias entre alguns pontos de ligação. Quem se deslocar de transportes públicos pode optar pelos autocarros 11 e 12 (Porto – Lavradores) e o 13 (St. Ovídio – Lavradores), da Espirito Santo ou pelo 902, da STCP. De metro a saída poderá ser feita em General Torres, onde haverá um transfer de ligação ao recinto. Mais um palco e mais confortoEste ano há um palco novo dedicado ao digital, por onde vão passar alguns youtubers e o palco Moche separa-se do da Santa Casa. Cada um terá o seu espaço individual. A praça de alimentação, com cerca de uma dezena de bancas, será montada junto à torre que sobra da construção original da fábrica. No primeiro dia, além do resto das actuações espalhadas pelo recinto divididas por espectáculos de música, comédia ou sets de DJs, nesta edição mais dedicados ao Hip-Hop, tocam no palco principal Jamiroquai, Goo Goo Dolls, Richie Campbell e Manel Cruz. No dia seguinte é a vez de Kodaline, David Guetta, Carolina Deslandes, e The Black Mamba. O último dia encerra com Rita Ora, D. A. M. A, Joss Stone e LP. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Um cartaz que para o organizador encontra o equilíbrio perfeito entre actuações nacionais e internacionais num festival que após “não ter mais por onde crescer”, agora com maior capacidade, se quer afirmar no circuito dos maiores festivais nacionais. O orçamento ronda os três milhões de euros. Cerca de 200 mil são apoio da Câmara de Gaia. A meta de poderem receber mais público está atingida. Falta encontrar o espaço definitivo, que, segundo Jorge Lopes, está em vias de ser fechado com a autarquia. Ainda não pode adiantar pormenores. Certo é que continuará a ter a mesma paisagem como pano de fundo. O salto deste ano a nível de espaço, que permite quase duplicar o número de público – a capacidade sobe para 40 mil -, servirá sobretudo para dar melhores condições a quem lá vai: “Poderíamos ter subido ainda mais a capacidade, mas preferimos dar mais conforto e condições de circulação ao nosso público”.
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Palavras-chave homens mulheres
Grammys aumentam número de nomeados nas categorias principais
Gravação do ano, álbum do ano, música do ano e melhor artista jovem são as categorias que, a partir de 2019, verão aumentados os nomeados de cinco para oito. (...)

Grammys aumentam número de nomeados nas categorias principais
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.062
DATA: 2018-12-07 | Jornal Público
SUMÁRIO: Gravação do ano, álbum do ano, música do ano e melhor artista jovem são as categorias que, a partir de 2019, verão aumentados os nomeados de cinco para oito.
TEXTO: Os Grammys, prémios de música, vão ter um aumento do número de nomeados, nas suas categorias principais, passando de cinco para oito artistas, anunciou esta quarta-feira a Recording Academy, academia da indústria musical dos EUA que atribui os galardões. As categorias em que estas alterações vão ter efeito, já a partir de 2019, são a gravação do ano, álbum do ano, música do ano e melhor artista jovem, permanecendo as restantes 80 categorias com as cinco nomeações tradicionais. “A modificação reflecte mais de perto o grande número de candidatos [possíveis] nessas categorias, e permitirá uma maior flexibilidade na votação para os melhores do ano”, disse a instituição, no comunicado enviado aos seus membros. A imprensa especializada, como a Billboard, que avançou o comunicado da academia, sustenta, no entanto, que a decisão tem a ver com a controvérsia sobre o pequeno número de mulheres nomeadas na última edição dos Grammys. Entre os nomeados nas principais categorias estavam nomes como os de Jay-Z, Kendrick Lamar, Bruno Mars, Childish Gambino, Khalid, SZA e No ID, produtor de Jay-Z, tendo sido notado o menor número de nomes femininos nos candidatos aos prémios da indústria musical, entregues no passado mês de Janeiro. Na altura, em resposta às críticas, o presidente da academia, Neil Portnow, disse que as mulheres precisavam de “dar um passo em frente”, afirmação de que se retractou de imediato, em Fevereiro. “Depois de ouvir muitos amigos e colegas, percebo os danos causados pela minha má escolha de palavras, após a última edição dos Grammys”, disse então Portnow. Na altura, o dirigente da Recording Academy também anunciou a constituição de um grupo de trabalho para rever todos os aspectos da instituição, relacionados com “o progresso das mulheres na comunidade musical”. “Colocar-nos-emos sob o microscópio e lidaremos com qualquer verdade revelada”, disse Neil Portnow, em declarações recordadas agora pelas agências de notícias. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Um estudo publicado este ano pela Universidade do Sul da Califórnia (USC) defende que, de 2013 a 2018, apenas 9, 3% das indicações para os Grammys foram para mulheres, enquanto as restantes 90, 7% foram para homens. A alteração aos Grammys verifica-se 60 anos depois da primeira cerimónia de entrega dos prémios, realizada em 1959, relativa às edições discográficas do ano anterior. Em 2009, a Academia das Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood duplicou o número de nomeações para o Óscar de Melhor Filme, de cinco para dez.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
No Eurosonic é impossível escapar à música portuguesa
Portugal é o país em destaque na montra da música europeia e isso sente-se na cidade holandesa de Groningen, num evento que começou esta quarta-feira com Best Youth, Batida e The Gift e se prolongará até sexta-feira. (...)

No Eurosonic é impossível escapar à música portuguesa
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento -0.66
DATA: 2017-07-17 | Jornal Público
SUMÁRIO: Portugal é o país em destaque na montra da música europeia e isso sente-se na cidade holandesa de Groningen, num evento que começou esta quarta-feira com Best Youth, Batida e The Gift e se prolongará até sexta-feira.
TEXTO: Por estes dias, em Groningen, na Holanda, a cidade que acolhe o Eurosonic, evento que serve de montra para a música europeia, os cerca de 5 mil profissionais da indústria das mais diversas proveniências que aqui estão presentes não têm como escapar à realidade musical portuguesa. São eles – mais do que os cerca de 40 mil holandeses que costumam aderir ao evento – o alvo da embaixada lusa, constituída por 23 bandas e outros profissionais do sector, entre agentes, managers, produtores, editores, programadores ou promotores de festivais. No total deverão estar em Groningen cerca de 70 profissionais, naquela que é provavelmente a maior acção concertada no sentido de dar a conhecer a actual realidade musical portuguesa. O objectivo alinhado pela Why Portugal?, que se tem vindo a assumir como plataforma para a internacionalização da música portuguesa, em conjunto com parceiros como o AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal), é esse: dar a conhecer ao mundo, e em particular à Europa, um dinamismo musical multifacetado e vibrante, não só do ponto de vista criativo, mas também enquanto fenómeno capaz de gerar riqueza. Uma dinâmica que nunca conseguiu ultrapassar um obstáculo anímico: a exportação e a procura de novos mercados, apesar das excepções que todos conhecem (Ana Moura, Madredeus, Mariza, Rodrigo Leão, Buraka, Moonspell, Gift, Paus, Legendary Tigerman, Príncipe DJs, entre outros) que apenas confirmam a regra. Talento existe. Envolvimento profissional também. Falta activar essa mais-valia e saber comunicá-la aos agentes certos. Não será apenas porque este ano, no Eurosonic, Portugal é o país em evidência que isso será alcançado. Mas pode bem ser um princípio. Essa operação começou esta quarta-feira, prolongando-se até sexta. E essa presença portuguesa sente-se, ao pequeno-almoço, por exemplo, no toalhete onde é pousado o prato transformado em jornal improvisado com informações actualizadas sobre concertos, conferências ou recepções da embaixada lusa. Vislumbra-se também nas ruas, no perímetro central da cidade, onde é fácil descobrir rostos conhecidos. E essencialmente nos cerca de 15 espaços que funcionam em simultâneo, entre teatros, auditórios, clubes ou bares, onde é possível ver espectáculos ao vivo. Foi isso que aconteceu na primeira noite do evento com os Best Youth a terem a sorte de actuar num dos melhores clubes da cidade – o Vera. Nas informações disponibilizadas à imprensa internacional vinham referenciados como um dos projectos a ter debaixo de olho e não desiludiram, impondo a sua pop sonhadora, apesar de alguns problemas técnicos. No mesmo espaço, bem mais tarde, haveria de estar Batida, em versão DJ. Mas não um DJ qualquer. Em palco um boneco, personificando a figura do DJ, e um bailarino, enquanto Pedro Coquenão estava numa das laterais, invisível para o público, fazendo comentários e lançando música, enquanto se dançava ao som de ontem e de hoje, do rap ao kuduro. Menos sorte tiveram os The Gift. Ou porque actuaram a uma hora tardia, ou por qualquer outra razão, o espaço onde tocaram – uma das principais salas, Grand Theatre – estava longe de estar cheio, o que acabou por afectar o ambiente geral. Não pelo que aconteceu em palco, com os músicos e a cantora Sónia Tavares no seu melhor, mas porque o veio de transmissão com a plateia nunca funcionou verdadeiramente. E foi pena, até porque havia essa novidade de irem tocar os temas (como o primeiro single, Love without violins, que soou muito bem ao vivo) que já se conhecem do álbum que sairá em Abril, com produção de Brian Eno. Mas nem só de portugueses se faz o festival – e, para além dos referidos, actuaram também os Holy Nothing, We Bless This Mess e Sam Alone & The Gravediggers –, com um cardápio de escolhas infindável, por norma feito de nomes emergentes, como os londrinos Shame, um quinteto adolescente que tem tudo para dar que falar. A sua música possui o lado primitivo e selvagem do punk, mas povoada também com doses de melodia, espaço e crescendos de intensidade. E depois têm um vocalista que é uma espécie de Mark E. Smith (The Fall), mas apenas com 20 anos, tão provocador quanto generoso na sua prestação. Prometem. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Um dos concertos mais festejados da noite foi certamente o da inglesa Anna Meredith, que em Outubro actuou no Centro Cultural de Belém em Lisboa, o que não nos surpreendeu. Uma das revelações do ano passado no campo da pop mais livre de espartilhos, com o álbum Varmints, e com um passado recente ligado à composição clássica, é capaz de libertar nos seus espectáculos uma energia retemperadora com uma formação que se divide por entre elementos electrónicos, acústicos e eléctricos, impondo um ambiente que por vezes fica próximo do saudável desvario. Esta quinta-feira, no que concerne apenas à representação nacional, e para além de uma conferência que abordará o passado e o presente da música feita em território português, haverá espectáculos de Gisela João, Rodrigo Leão, Throes & The Shine, Moonshiners, Neev, Marta Ren ou Octa Push. O PÚBLICO viajou a convite da Why Portugal
REFERÊNCIAS:
Amor e nenhuma cabana
O bardo virou bardo ciborgue, mas continua no domínio do sublime. Justin Vernon encontrou nas pessoas a solução para as suas dúvidas existenciais. E fez um disco “radical”. (...)

Amor e nenhuma cabana
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.5
DATA: 2018-11-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: O bardo virou bardo ciborgue, mas continua no domínio do sublime. Justin Vernon encontrou nas pessoas a solução para as suas dúvidas existenciais. E fez um disco “radical”.
TEXTO: ____45_____, a penúltima canção de 22, A Million, não seria a mesma se os Bon Iver não tivessem inventado um instrumento a que chamaram Messina. Em ____45_____, o Messina liga o saxofone de Michael Lewis ao teclado de Justin Vernon. É o teclado que comanda o fluxo do saxofone, é o saxofone que alimenta o teclado. Um instrumento sem o outro é só um objecto mudo – são as pessoas que lhes dão voz. O Messina é uma poderosa metáfora do que foi preciso para que Bon Iver, Bon Iver (2011) tivesse um sucessor. O Messina não funciona sem duas pessoas. Também 22, A Million só existe porque Justin Vernon, o líder dos Bon Iver, se rodeou de pessoas. Bon Iver, Bon Iver ganhou o Grammy de Melhor Álbum Alternativo e levou as canções frágeis de Vernon e companhia, tratados de melancolia e sensibilidade indie, ao grande público. Vernon agradeceu o sucesso, mas fartou-se das suas consequências negativas: dias passados ao telefone com jornalistas, retratos fotográficos atrás de retratos fotográficos, festival atrás de festival. Exausto, farto do comércio, chegou a anunciar que Bon Iver ficaria em pousio. Autoria:Bon Iver Jagjaguwar distri. PopstockApostado em limpar a cabeça, decidiu fazer umas férias sozinho em Santorini, uma ilha grega. Mas deu por si isolado, cercado pelos seus problemas. Mais tarde, ser-lhe-ia diagnosticada uma depressão. “Foi um período muito mau. Estava incrivelmente aborrecido, em constante pânico, às voltas numa cidade no meio do oceano durante uma semana”, contou à revista Uncut. Foi numa destas voltas em Santorini que lhe surgiu uma frase: “It might be over soon”. O que queria isso dizer? “As coisas más podem acabar em breve, mas talvez as coisas boas também acabem em breve”, revelou ao New York Times. “Por isso, o melhor é descobrires como podes aproveitar esta vida e participar nela. ”Gravou a frase num sampler portátil, manipulando-a muitas vezes nos meses seguintes. Estava ali a semente de 22, A Million. Ouvimo-la no início de 22 (OVER S∞∞N). É um quadro só aparentemente estável em que se vão colocando as peças: a voz de Vernon, hoje com 35 anos, tão imaculada como dantes, mesmo que frequentemente processada, breves detalhes de guitarra, um pedaço orquestral que dura pouco, um saxofone solto, um sample da cantora gospel Mahalia Jackson e a espaços, aquele aviso: “It might be over soon”. Há aqui uma canção, mas seria igualmente certo chamar-lhe o fantasma de uma canção. 22, A Million é uma colecção de canções como esta: estranha, de retalhos, feita na corda bamba da glória e do colapso. Em vez de se esconder do mundo e fazer canções numa cabana rural de Wisconsin (For Emma, Forever Ago, de 2007, nasceu assim), Justin Vernon rodeou-se de pessoas. Os Bon Iver enfiaram-se no estúdio April Base, propriedade de Vernon nos arredores de Eau Claire, e tocaram, tocaram sem parar numa torrente de criatividade. Com horas de gravações, parte importante do trabalho esteve na edição, no corte e na costura – uma labuta de equipa com pontos de contacto como a que Vernon experimentou em Yeezus (2013), disco de Kanye West no qual o líder dos Bon Iver é uma das vozes mais fortes. 22, A Million usa e abusa do Auto-Tune e outros truques de manipulação, particularmente audíveis na voz de Vernon – o outrora bardo em falsete é hoje um bardo ciborgue em falsete em só aparente auto-sabotagem, alguém que é capaz de gravar uma canção em cima de uma cassete de Neil Young para garantir um certo nível de distorção, alguém que, jura, multiplicou por 150 as camadas de saxofone numa faixa. O resultado não são bizarrias: são canções triunfantes e ricas, um vocabulário inteiramente novo, 100% Bon Iver. Ouça-se 33 “GOD”, uma das melhores canções de sempre dos Bon Iver: um piano guia-nos, ouvimos um banjo, Vernon ocupa o primeiro plano e há vozes marcianas a querer cantar com ele até que a canção se agiganta com bateria e baixo tempestuosos e o que parecem ser sintetizadores a perderem-se numa nuvem de hélio (ufa!). 29 #Strafford APTS, belíssima cantiga de guitarra acústica e chuvinha de piano, é um momento de beleza quase impoluta, não fossem os segundos em que a voz parece querer desaparecer – será a cassete de Neil Young a dar de si?Foi com 10 d E A T h b R E a s T ? ? que percebeu por onde queria ir. A canção, que parte de um loop de bateria distorcidíssimo, constrói uma ponte entre as batidas esculpidas a partir de maciços de ruído de Yeezus e o gospel, imaginando o que poderiam ser hoje os TV on the Radio. “A batida fez-me levantar da cadeira, fez-me querer parti-la, esmagar alguma coisa ou fazer algo que tivesse um som agressivo”, disse numa conferência de imprensa, no início de Setembro, em Eau Claire, a sua terra-natal, no estado do Wisconsin. Três anos depois, a canção estava feita. Não partiu cadeiras, mas podia tê-lo feito se isso servisse uma canção – “samplou” gospel, Lonnie Holley, uma cantoria de bastidores de Stevie Nicks apanhada no YouTube, trompetes free jazz (gravados em Portugal). “Precisava que soasse um pouco radical para que me sentisse bem por lançar algo de novo para o mundo”, explicou. “Não os acho embaraçosos, mas os discos antigos têm uma natureza triste – estava a curar-me através daquela música. Estar triste com algo é normal. Chafurdar nisso, repetir os mesmos círculos emocionais torna-se apenas aborrecido. Neste novo disco, há ainda algumas coisas negras, mas penso ser mais sobre partir coisas, sobre fazer coisas bombásticas e excitantes e também novas. Misturar coisas, explosividade e gritar mais, acho que era essa a zona. Gritar. Sussurrar era talvez o que fazia antes. ”Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Se antes parecia querer estar sozinho, agora quer estar com pessoas, ser parte de comunidades: a de músicos que o ajudaram a fazer este disco; a dos quase 70 mil habitantes de Eau Claire, cidade na qual acredita (organizou a conferência de imprensa num novo hotel em que investiu; fez uma listening party do novo álbum numa loja de discos local); a de fãs, que procura reunir anualmente no festival de música e artes Eaux Claires – foi lá que, em Agosto, os Bon Iver apresentaram o álbum pela primeira vez, ao lado de experimentalistas indonésios, gente do black metal, Erykah Badu, entre outros. 00000 Million fecha o disco em triunfo: é uma sublime peça de piano e voz, um hino. “O último álbum era sobre sítios”, explicou Justin Vernon à Uncut. “Este é sobre pessoas. Onde quer que esteja, a única coisa que faz esse sítio bonito são as pessoas. Em vez da majestosidade da natureza, este disco vive mais da majestosidade das nossas naturezas. ”
REFERÊNCIAS:
Partidos BE
O intimismo de Tim Bernardes e Saxophones iluminaram a Avenida
Na segunda noite de Super Bock em Stock, a Avenida da Liberdade, em Lisboa, foi contaminada pela quietude radical do brasileiro Tim Bernardes e dos americanos The Saxophones. (...)

O intimismo de Tim Bernardes e Saxophones iluminaram a Avenida
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-11-25 | Jornal Público
SUMÁRIO: Na segunda noite de Super Bock em Stock, a Avenida da Liberdade, em Lisboa, foi contaminada pela quietude radical do brasileiro Tim Bernardes e dos americanos The Saxophones.
TEXTO: Foi como estar no quarto deles. O brasileiro Tim Bernardes trouxe a guitarra, o piano e um candeeiro de mesa para palco, o Tivoli envolto na escuridade, imerso naquelas canções cheias de alento, projectadas por uma voz imensa. Por sua vez, os californianos The Saxophones levaram cantigas de um desnudamento radical ao cinema São Jorge, apenas a voz, os acordes soltos de uma guitarra e aquela percussão mínima escoltada por linhas de baixo. Lá fora, na Avenida da Liberdade iluminada, chovia, e a última coisa que apetecia era sair dali, do fundo das palavras, daquela forma cúmplice e generosa, quase silenciosa, de comunicar connosco. Foram deles os dois momentos mais emocionantes da segunda noite do Super Bock em Stock. Claro que também houve festa — e muitos problemas técnicos — com Jungle, U. S. Girls ou Dino d’ Santiago, mas por uma vez deixemos de lado o lugar-comum de que em clima de festival não é possível criar intimismo. Claro que é. Haja talento e canções para isso. Tim Bernardes tem as duas coisas. E carrega consigo também aquela coisa meio indefinível chamada verdade, que por norma aflora em quem não receia “se conhecer, estar só, muito vivo”, haveria de dizer. As canções, disse ele, foram compostas, à noite, no silêncio do quarto. E foi como se o Tivoli repleto tivesse tido a oportunidade de voltar a vê-lo nesse ambiente, enquanto ele ia interagindo de forma segura e divertida com o público. De repente, uma multidão havia invadido o seu quarto e ele quis recebê-la condignamente. Apresentou-nos canções de amor e de desamor, todas simples, sensíveis e transcendentes, com cada palavra ou nota em suspenso, como a respiração do público que, silencioso, apenas no final, irrompia em aplausos. O que é interessante nele é que apesar do traçado emocional das canções ser muito semelhante, nunca se repete. Há versatilidade na forma como estica ou reduz a voz, existem subtilezas na maneira como aborda o tecido instrumental, tanto optando por investidas mais aveludadas ao piano ou encorpadas na guitarra eléctrica. Pelo meio trouxe várias versões (Black Sabbath, Gilberto Gil ou da sua banda O Terno) e canções como A história mais velha do mundo, com o som do piano a envolver palavras simples (“O que a gente quer é gostar de alguém / E quer que esse alguém goste da gente também”), ditas por muitos outros, mas não daquela forma, naquele cerimonial intimo, que acabou como havia começado, com Recomeçar, os dedos acariciando o piano, a voz expandindo-se pelo espaço, num momento arrepiante. No final, uma estrondosa ovação. Chama-se Tim Bernardes. Lançou o ano passado o álbum a solo Recomeçar. E está pronto para voltar. O mesmo deverá acontecer com o casal Alexi Erenkov e Alison Alderdice, os The Saxophones, acompanhados pelo baixista Richard Laws. No caso dos americanos, quem não ficou nas primeiras filas do cheio São Jorge é capaz de ter perdido alguma coisa. É que a sua música é de uma quietude extrema. Poder-se-ia pensar que o romantismo e a voluptuosidade de parte das suas canções (do EP If You’ re on the Water de 2016, e do álbum deste ano, Songs Of The Saxophones), seria torneada por mais dinamismo ao vivo, mas nada disso. Pelo contrário. Ficou a ideia que, em palco, o minimalismo é ainda mais austero. Por vezes pensa-se nos Young Marble Giants, grupo dos anos 1980 de vida breve, que apostava em instrumentação mínima, originando uma pop solene, fora de tempo. No caso dos Saxophones chega a ser hipnótico vê-los, esforçando-se por manter a combustão lenta, com a percussão apenas afagada, enquanto o dedilhar da guitarra é amplo e a voz grave de Alexi vai convocando humanidade, mas sem que se perceba exactamente se regressamos ao passado, ou se estamos afinal imersos numa possibilidade de futuro, onde volta a existir espaço e tempo para que a comunicação seja possível. No final, em Just you — original de Badalamenti da série de TV Twin Peaks — ela sai da bateria e junta-se ao marido na frente do palco e ali ficam os dois, e o público com eles, magnetizados por aquela ode ao romance. Estes foram os concertos em que apeteceu ficar do início ao fim. De outros, ficaram impressões. Algumas delas fortes, como a folk distintiva, tão sonhadora quanto sombria, dos portugueses April Marmara, de Bia Diniz, quatro mulheres e um homem em palco, no ex-Maxime, para uma música que respira uma inquieta serenidade, tocada por palavras que têm essa capacidade de ser tão introspectivas quanto universais. Com uma ressonância algo semelhante merece também destaque o americano Conner Youngblood que, na sala mais pequena do São Jorge, exibiu boas canções folk, envoltas por electrónica ambiental, que por vezes mais parecem esboços, mas que procuram sempre um ângulo muito singular. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Para aproximações mais fulgurantes à realidade era preciso contar com o projecto U. S. Girls, desenvolvida pela americana Meg Remy a residir no Canadá, que, acompanhada por um naipe de sete cúmplices, se apresentou no Coliseu. O centro do concerto foi o magnífico álbum deste ano, In A Poem Unlimited, mas nem tudo correu bem, já que a qualidade do som foi sofrível. Mas deu para perceber que a sua pop elaborada, com laivos de psicadelismo, jazz-funk ou electrónicas, tem músicos e performers à altura, num todo teatralizado que resulta surpreendente para quem toma contacto com a sua veia artística pela primeira vez. Quem acha que valem mesmo a pena — é o nosso caso — e ficou com a ideia de que a coisa não funcionou totalmente no Coliseu, tem este domingo, pelas 19h, uma hipótese de absolvição, já que as U. S. Girls vão actuar na galeria ZDB. Também acidentado foi o concerto dos britânicos Jungle, com várias interrupções por motivos técnicos. Eram de longe o nome mais conhecido para a maior parte e o Coliseu a abarrotar comprovou-o, com muita gente de fora, porque nas restantes salas também já haviam terminado os concertos. Quem já os viu em palco inúmeras vezes, como no nosso caso, sabe que são fiáveis e eficazes. Mas a verdade é que o último álbum, For Ever (2018), está a léguas do primeiro e isso acaba por se fazer sentir no resultado final. São ainda as canções do primeiro registo homónimo de 2014 que fazem a festa junto de um público que se balançou ao som de vozes soul e elementos funk, com sete músicos em palco a mostrarem sentido de espectáculo, mas em muitas alturas pressente-se que o som agora está mais domesticado e a vibração dos tempos recentes já nem sempre mora lá. Fica aliás a ideia de que faltaram à edição deste ano do festival nomes mais estimulantes em termos de cabeças-de-cartaz, embora seja verdade que a identidade do festival faz-se de muitas variáveis, entre elas a aposta em figuras a irromper, como aconteceu com o português Pedro Mafama na sexta-feira, ou em ascensão, como no caso de Tim Bernardes e dos The Saxophones.
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Palavras-chave homem mulheres
Eras tu que ainda não tinhas uma #Marcelfie?
A Marcelfie é uma aplicação móvel gratuita que põe o Presidente da República em todas as tuas fotografias. (...)

Eras tu que ainda não tinhas uma #Marcelfie?
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-09-04 | Jornal Público
SUMÁRIO: A Marcelfie é uma aplicação móvel gratuita que põe o Presidente da República em todas as tuas fotografias.
TEXTO: Há uma app que promete pôr “um pouco mais de Marcelo na tua vida”. Falam não da reconhecida energia do Presidente da República, mas da sua própria figura de Marcelo Rebelo de Sousa, de braço esticado, pronto para uma selfie. A qualquer momento. A aplicação móvel Marcelfie, já disponível gratuitamente para iOS e Android, foi disponibilizada no final de Agosto pela Mosca Digital, uma agência criativa de Lisboa. A mesma que, em Julho último, te “pôs a ajudar a rainha do pop a estacionar”. No jogo interactivo, para computador, o utilizador pode estacionar o carro num dos lugares cedidos pela câmara, “a título muito precário”, enquanto o palacete de Madonna na Rua das Janelas Verdes estivesse em obras. Para tirar uma selfie com Marcelo, basta apontar a câmara e escolher uma pose — e, desta vez, há mais do que uma oportunidade para conseguir a imagem perfeita. O grande objectivo da Mosca Digital é que o próprio Marcelo Rebelo de Sousa tire uma selfie, usando a aplicação. Uma #Marcelfie dentro de uma #Marcelfie. Até que nenhum português fique sem uma fotografia com o presidente. Ideias para a pose?
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Um livro ilustrado sobre apaixonados no Eléctrico 28
Com ilustrações de Magalie Le Huche e escrito por Davide Cali, Eléctrico 28 apresenta um condutor de eléctricos que também dá "uma mãozinha a muitos apaixonados tímidos". Livro é agora editado em Portugal (...)

Um livro ilustrado sobre apaixonados no Eléctrico 28
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-09-04 | Jornal Público
SUMÁRIO: Com ilustrações de Magalie Le Huche e escrito por Davide Cali, Eléctrico 28 apresenta um condutor de eléctricos que também dá "uma mãozinha a muitos apaixonados tímidos". Livro é agora editado em Portugal
TEXTO: O eléctrico 28 e as viagens sinuosas pelas ruas de Lisboa são o pretexto para uma história de enamorados que o autor suíço Davide Cali escreveu, num livro ilustrado a editar na próxima semana em Portugal. Com ilustrações de Magalie Le Huche, Eléctrico 28 apresenta Amadeo, um condutor de eléctricos que, além de transportar passageiros naquela carreira — entre Campo de Ourique e o Martim Moniz —, também "deu uma mãozinha a muitos apaixonados tímidos", numa demanda de Cupido entre manobras em subidas íngremes e curvas apertadas. Eléctrico 28 sai em Portugal com selo da Nuvem de Letras, cerca de um ano depois da edição francesa, pela ABC Melody Éditions. Prolífico autor com mais de 50 livros para crianças e jovens, Davide Cali contou à agência Lusa que foi o editor da ABC Melody que o desafiou a escrever uma história sobre o eléctrico lisboeta, no Inverno de 2015, quando soube que ele estava em Lisboa a participar num colóquio. "Só estive uns dias em Lisboa, mas apaixonei-me de imediato e quis passar isso para o livro", contou. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Toda a história acontece em Lisboa, há panorâmicas da cidade e do rio, algumas referências a azulejos e à arquitectura. Há um músico de rua a tocar guitarra portuguesa, há cafés, onde se bebe uma bica com um pastel de nata. Eléctrico 28 é a primeira colaboração entre Davide Cali e a ilustradora francesa Magalie Le Huche, com o livro a ser editado, na versão original, numa editora que privilegia histórias sobre viagens. Nascido na Suíça, em 1972, Davide é escritor, ilustrador e autor de banda desenhada. Apesar de ter publicado também para adultos, grande parte da obra é identificada para crianças e alguma dela está publicada em Portugal. São dele livros como Eu espero, com Serge Bloch, A rainha das rãs não pode molhar os pés, com Marco Somà, Um dia um guarda-chuva, com Valerio Vidali, A casa que voou, com a ilustradora portuguesa Catarina Sobral, e Cheguei atrasado à escola porque. . . , ilustrado por Benjamin Chaud. Em 2015, quando visitou Lisboa para um colóquio na Fundação Calouste Gulbenkian e se inspirou para Eléctrico 28, Davide Cali contou à agência Lusa que não dá importância à idade dos leitores: "Eu escrevo histórias para mim, depois para o público, que é enorme e não está limitado pela idade. Se, na teoria, os meus livros são destinados às crianças, as histórias são para todos". A sua obra, reconhece, é marcada por um sentido de humor desafiador e pelo que é politicamente incorrecto: "Acho que aprendi com Roald Dahl".
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Palavras-chave escola campo rainha
Boa noite e bem-vindos à Bola Maciça
A Bola Maciça é apenas uma crítica ao mundo dos média. É um exemplo de humor inteligente e montypythiano no qual vale praticamente tudo. (...)

Boa noite e bem-vindos à Bola Maciça
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.5
DATA: 2018-09-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: A Bola Maciça é apenas uma crítica ao mundo dos média. É um exemplo de humor inteligente e montypythiano no qual vale praticamente tudo.
TEXTO: Todos nós já nos demos por vencidos depois de uma má semana, sem saber se se pagou a conta da EPAL ou quando vence a oitava prestação da torradeira. Em dias desses quase nunca nos lembramos que uma das melhores coisas da vida é rir dela, pelo menos até onde a nossa imaginação o permitir. Foi mais ou menos isso que fizeram os criadores da nova série cómica da SIC Radical, A Bola Maciça, que se não anda a causar desassossego e vontade de rir no público português é porque há algo de errado com a nossa sensibilidade. Tenho-me fartado de rir com este noticiário distópico e opressivo aparentemente inserido num universo em que o tom e o aspecto da televisão dos anos 70 temperam os problemas absurdos de um futuro próximo. Se acompanharem as peculiares publicações do Facebook e Instagram d’A Bola Maciça verão como se parece tratar de uma emissora que controla a disseminação de toda informação com notícias que reflectem uma sociedade bizarra, cheia de problemas viscerais e com filtros cuidadosamente avariados. Um pouco como a nossa, mas despreocupadamente aleatória. António Safra-Nelson e a forma como faz jornalismo sério num mundo onde nada se salva (nem a juventude), Lena, a repórter sexualmente reprimida cuja linguagem corporal é tão descontrolada quanto a sua concentração, o Gajo do Ultramar e o modo absurdo como testemunha as notícias mais agressivas escarrando naturalidade para cima delas. Dante Rogério e a delicadeza ofensiva com que descreve a estrela televisiva Narciso Jackson, a genial rubrica “Mundos Culturas” de Vendegardo Cunha, o dócil jornalista-de-secretária cujo vício em cocaína e prostitutas o torna um alvo fácil para as chantagens da sua própria emissora, e o ex-tenista Carlos Moncada que, depois de 15 anos preso no Vietname, se dedica à carreira de magistratura para se tornar juiz de reality tv. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Estes são apenas alguns dos jornalistas, repórteres e personagens dos primeiros dois episódios (de seis) d’A Bola Maciça, que não é apenas uma crítica ao mundo dos média tanto quanto é um exemplo de humor inteligente e montypythiano no qual vale praticamente tudo. A escrita de Hugo Simões e Luís Francisco Sousa é deliciosa por ser cuidadosamente desarticulada, como se o universo fantástico d’A Ilha do Dia Antes se unisse à linguagem densa e acelerada d’O Outono do Patriarca e Umberto Eco se tivesse juntado a García Marquez para escrever comédia, sem darem o braço a torcer à sua eventual falta de jeito. Ademais, a série beneficia de um elenco promissor no qual se incluem os autores e nomes como Catarina Raimundo, José Manuel Sousa e Inês Silva Dias, a quem não falta versatilidade, timing e rigor no manusear das suas interpretações. Notem que provavelmente nada disto seria tão bom sem a qualidade técnica da produção encabeçada pela Rita Cabrita, da qual resultou um programa com uma estética apurada sob o crivo de um excelente trabalho de edição. A Bola Maciça começa todas as sextas-feiras por volta da 00h10 na SIC Radical, depois do Irritações. Eu não vou perder os próximos episódios, a não ser que o universo sofra alguma anomalia que o deixe à beira de uma catástrofe e nos ponha a andar ao toque de caixa de um regime de censura que me impeça de ligar a televisão a essa hora. Estejam atentos ao noticiário, nunca é demais estar informado.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave concentração
Beyoncé vai actuar no casamento da filha do homem mais rico da Índia
Os convidados do casamento têm acesso a uma aplicação onde estão assinaladas todas as actividades. (...)

Beyoncé vai actuar no casamento da filha do homem mais rico da Índia
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-07 | Jornal Público
SUMÁRIO: Os convidados do casamento têm acesso a uma aplicação onde estão assinaladas todas as actividades.
TEXTO: A cantora norte-americana Beyoncé vai actuar no casamento da filha do homem mais rico da Índia, Mukesh Ambani, ao lado de estrelas de Bollywood. Há 100 voos fretados para os que foram convidados para marcar presença no evento. Isha Ambani, de 27 anos, vai casar-se com Anand Piramal, 33 anos, na capital financeira de Bombaim, na próxima terça-feira, mas as festividades começam já este fim-de-semana na cidade de Udaipur, com três dias de música, dança e rituais pré-nupciais. Os convidados do casamento têm acesso a uma aplicação onde estão assinaladas todas as actividades, incluindo um concerto privado de Beyoncé. Estrelas de Bollywood, incluindo Priyanka Chopra, que se casou na semana passada, também estarão presentes. Mais de 100 voos fretados estão a chegar ao aeroporto de Udaipur, disse uma fonte no local. E os media locais já especularam que da lista de convidados faz parte o ex-presidente dos EUA Bill Clinton, juntamente com sua esposa e candidata democrata nas eleições presidenciais de 2016, Hillary Clinton.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA