Três escolas e um edifício de Habitação distinguidos com o Prémio Valmor
Prémios municipais de arquitectura são entregues nesta segunda-feira e referem-se aos anos de 2010 a 2012. (...)

Três escolas e um edifício de Habitação distinguidos com o Prémio Valmor
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-05-12 | Jornal Público
SUMÁRIO: Prémios municipais de arquitectura são entregues nesta segunda-feira e referem-se aos anos de 2010 a 2012.
TEXTO: A requalificação de três escolas, pela empresa Parque Escolar, e a alteração de um edifício de habitação na Calçada do Combro, projectada pelo arquitecto João Luís Carrilho da Graça, são os mais recentes vencedores do Prémio Valmor e Municipal de Arquitectura, atribuído pela Câmara de Lisboa. A entrega dos prémios, referentes aos anos de 2010, 2011 e 2012, realiza-se esta segunda-feira, às 19h, numa cerimónia presidida pelo presidente da Câmara de Lisboa. O júri avaliou um total de 572 obras, tendo decidido atribuir quatro prémios e oito menções honrosas. Relativamente ao ano de 2010, foi premiada a “alteração de um edifício de habitação”, situado na Calçada do Combro, projectada por Carrilho da Graça. Na memória descritiva, o arquitecto explica que a obra abrangeu dois prédios distintos (um na calçada e outro na Travessa Condessa do Rio) que eram contíguos e se encontravam “interligados funcionalmente”, que passaram a constituir “uma só unidade orgânica e funcional, com características morfológicas e construtivas comuns”. “Sem nunca deixar de assumir a contemporaneidade da intervenção, procurou-se minimizar o impacto das alterações propostas, criando um diálogo positivo com as pré-existências”, descreve Carrilho da Graça, acrescentando que essas alterações “permitiram sobretudo resolver e requalificar situações e espaços, que se apresentavam descaracterizados”. Quanto aos usos, na antiga unidade industrial, onde funcionava uma gráfica, existem agora habitações, dotadas de estacionamento subterrâneo. O arquitecto Carrilho da Graça já tinha sido distinguido com o Prémio Valmor em 1998, com o Pavilhão do Conhecimento dos Mares, e em 2008, com a Escola Superior de Música de Lisboa. Em relação a 2010, foram ainda atribuídas duas menções honrosas: uma à requalificação da Escola Básica e Secundária de Passos Manuel, da autoria de Victor Mestre e Sofia Aleixo, e outra à ampliação de um edifício de habitação na Calçada do Galvão, da autoria de Manuel Aires Mateus. Quanto ao ano seguinte, o júri distinguiu a requalificação, pela Parque Escolar, de duas escolas secundárias com 3. º ciclo e de uma escola básica. Os estabelecimentos de ensino premiados foram as escolas Vergílio Ferreira (Atelier Central), em Carnide, Rainha D. Leonor (Atelier dos Remédios), em Alvalade, e Francisco Arruda (arquitecto José Simões Neves), em Alcântara. Esta última obra já tinha sido distinguida, em 2012, com o Prémio Secil de Arquitectura. Esta é a primeira vez que o Prémio Valmor e Municipal de Arquitectura foi entregue a estabelecimentos de ensino não superior. Quatro projectos receberam menções honrosas: a alteração de um edifício de habitação na Rua de São Bento (da autoria de Sara Oliveira Ribeiro), a Fundação Champalimaud (de João Pedro Fernandes Abreu e Paulo Daniel Amorim Teixeira), a expansão do Oceanário de Lisboa (de Pedro Campos da Costa) e a Escola Secundária António Damásio (de Manuel Taínha). Em relação a 2012, o júri decidiu não atribuir o prémio. Foram distinguidas com menções honrosas a construção de um edifício de habitação na Rua Conde das Antas, da autoria de Samuel Ruiz Torres de Carvalho, e a ampliação de um edifício de habitação na Rua Rosa Araújo, da autoria de Frederico Valsassina e Manuel Aires Mateus. Integraram o júri os arquitectos António Marques Miguel (pela Academia Nacional de Belas Artes), Duarte Nuno Simões (nomeado pelo presidente da Câmara de Lisboa), Luís Afonso (pela Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa) e Manuel Graça Dias (pela Ordem dos Arquitectos Portugueses), a vereadora Catarina Vaz Pinto e o director municipal de Planeamento, Reabilitação e Gestão Urbanística, Jorge Catarino Tavares (como comissário técnico-científico, sem direito de voto). O Prémio Valmor é atribuído desde 1902 (na sequência de indicações deixadas no testamento do último visconde de Valmor, Fausto Queiroz Guedes), ano em que foi distinguido o Palácio Lima Mayer, na Avenida da Liberdade. Em 1982 este galardão foi associado ao Prémio Municipal de Arquitectura e 11 anos depois o regulamento foi reformulado, para passar a incluir a área de arquitectura paisagista.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave escola rainha
Mesmo sem a ajuda de crowdfunding, filme de Nuno Markl vai ser rodado
A ideia original era que fosse o público a financiar o filme através de crowdfunding. Não foi possível, mas muitos continuam a fazer doações para que o filme aconteça, e Nuno Markl pode já dizer com certeza: Por Ela, o filme com César Mourão, Tónan Quito e Ana Bacalhau, vai mesmo tornar-se realidade. (...)

Mesmo sem a ajuda de crowdfunding, filme de Nuno Markl vai ser rodado
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-05-13 | Jornal Público
SUMÁRIO: A ideia original era que fosse o público a financiar o filme através de crowdfunding. Não foi possível, mas muitos continuam a fazer doações para que o filme aconteça, e Nuno Markl pode já dizer com certeza: Por Ela, o filme com César Mourão, Tónan Quito e Ana Bacalhau, vai mesmo tornar-se realidade.
TEXTO: À procura de patrocínios para o seu filme, Nuno Markl recebeu um contacto do presidente da Câmara do Fundão pondo-se à disposição para o que fosse preciso, o que é fácil de explicar: no pouco que Nuno Markl revelou sobre o seu filme, há cerejas, e o Fundão é a capital das cerejas. “Ainda bem que ele se disponibilizou, porque eu ia pedir-lhe ajuda”, conta o guionista ao PÚBLICO. É assim que Nuno Markl vai levar avante o filme Por Ela, que escreveu: pedindo ajuda a todos aqueles que quiserem apoiar na concretização do filme, tendo já pequenas empresas a apoiá-lo para filmar a história de Luísa, uma rapariga "simples" que morre deixando o seu noivo, Henrique, e o seu melhor amigo, Pedro, a tentarem criar uma amizade, em sua memória. O projecto ficou conhecido quando Nuno Markl e a sua equipa o submeteram à plataforma de crowdfunding portuguesa PPL, em que o público pode dar dinheiro, muitas vezes pequenas quantias, para financiar projectos que queira ver concretizados. Estabeleceu como meta os cem mil euros e para incentivar os donativos fez diversas provas e transmitiu-as em directo na Internet: aos 4500 euros filmou-se a fazer uma dança tribal, aos oito mil, deu um mergulho nocturno numa piscina, em pleno Março, aos 20 mil, subiu os 240 degraus da Torre dos Clérigos, no Porto. Em 45 dias, juntou cerca de 40 mil euros, o que apesar de ser o recorde de dinheiro angariado na PPL, teve de ser devolvido àqueles que contribuíram, embora muitos tenham insistido em doar o dinheiro – no crowdfunding, quando os projectos não reúnem o total do dinheiro de que precisam, não podem ficar com o montante angariado. “Havia um lado em mim que sabia que era pouco provável”, conta Nuno Markl. Esta quantia nunca tinha sido atingida e o humorista lembra que o processo de doação de dinheiro nesta plataforma envolve alguma burocracia, o que sabia poder dissuadir o público. Apesar de não ter ganho dinheiro com esta campanha online, o filme ganhou publicidade e fãs, antes mesmo de ser rodado. “Houve pessoas que me mandaram mensagens e estavam mais tristes do que eu por não termos conseguido”, conta o humorista, lembrando a história de um seguidor no Facebook que sugeriu que, enquanto não há filme, se vão filmando pequenas curtas sobre as personagens, para que o público possa ir vendo qualquer coisa. É uma sugestão que a equipa está a ponderar. Desde que acabou o prazo de financiamento no crowdfunding, em Abril, a equipa está continuamente a receber ofertas, algumas delas na sua página de Facebook: são pequenas empresas que emprestam as suas instalações para cenários, como foi o caso da Funerária Clássica, ou os diversos restaurantes que já se propuseram a oferecer as refeições à equipa. Também são frequentes os comentários de pessoas que oferecem a sua própria casa para ser o espaço de uma das personagens – num dos últimos posts, pergunta-se quem tem uma casa em tons de azul para a personagem interpretada pela cantora Ana Bacalhau. Para além daqueles que oferecem a sua casa, há também os que dizem que a podem pintar para que entre no filme. Nuno Markl não quis candidatar-se a apoios públicos por ser um processo demorado e burocrático. “Ando há cinco anos a tentar financiamentos públicos para um filme mais caro com o Luís Galvão Teles e sei bem o quão perro é todo o sistema”, conta. Enquanto escrevia o argumento para o filme em Agosto passado, foi-se apercebendo de que esta não era uma história que precisasse de tantos recursos e que seria uma oportunidade para fazer um projecto financiado de uma forma alternativa. O guião surgiu por isso a par com a ideia do crowdfunding, que apesar de não se ter traduzido em dinheiro, continua no seu conceito – afinal, boa parte dos recursos já reunidos continua a vir do público. Nesta altura, só falta um patrocinador maior, sendo que já há contactos promissores. Nuno Markl diz não querer no entanto financiar-se junto de um canal de televisão, por exemplo – “queremos ficar o mais independentes possível e não queremos fazer um telefilme”. A meta já não são os cem mil euros, que seriam suficientes para fazer um filme “em espírito guerrilha”, mas sim “o máximo que pudermos reunir, para que o filme tenha o melhor aspecto possível”. Com as pequenas ajudas, e embora a equipa ainda não esteja a ser paga, Nuno Markl já pode dizer com certeza que o filme vai acontecer. Se não for rodado neste Verão, como estava previsto, será no próximo ano. Os ensaios já acontecem, aliás, desde Março, altura em que foi lançado o apelo na PPL, e estão a ser uma experiência fora da zona de conforto para todos: Nuno Markl está mais habituado a fazer rádio e televisão. Assim como o realizador do filme, Jorge Vaz Gomes, que dirigiu programas como ShowMarkl, ou foi o repórter mudo no programa Os Culturistas, ambos no Canal Q. César Mourão é um dos protagonistas, tem trabalhado a comédia de improviso e aqui aparece num registo dramático. Tónan Quito, outro protagonista, é um actor mais experimentado no teatro, e Ana Bacalhau, vocalista dos Deolinda, tem aqui a sua primeira experiência na representação depois das aulas de expressão dramática do secundário.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave ajuda rapariga cantora
O mínimo que podemos exigir
Falar simplesmente de “uma sociedade mais justa” ganhou foros de radicalismo. (...)

O mínimo que podemos exigir
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento -0.3
DATA: 2014-05-13 | Jornal Público
SUMÁRIO: Falar simplesmente de “uma sociedade mais justa” ganhou foros de radicalismo.
TEXTO: 1. A campanha eleitoral para as europeias já começou e agora vamos ter de aturar doze dias de mentiras descaradas, de reescrita da história recente e de provocações do PSD e do CDS e doze dias de discursos absolutamente vazios de conteúdo do PS, dando uma no cravo e outra na austeridade, sempre empenhado em atacar o Governo com veemência ma non troppo, num daqueles exercícios de hipocrisia e de língua de trapos que são a razão do crescente desencanto dos cidadãos com a democracia. Vamos ver Paulo Rangel com a irritação descabelada que se compreende em quem passou a ser mais magro que Nuno Melo (Nuno Melo é aquele candidato que aparece ao lado de Paulo Rangel), e Francisco Assis, sempre preocupado em dar de si mesmo uma imagem de grande sentido de responsabilidade, a tentar mostrar como qualquer política com o mínimo cheirinho a esquerda pode conduzir a um cenário dantesco e como não seria preciso muito para que o PS fizesse uma vaquinha com os partidos do Governo. À esquerda vamos ver o Bloco a mostrar como a inclusão de independentes nas suas listas prova o seu empenho numa audaciosa política de amplas alianças à esquerda e a desencantar argumentos que explicam como a crescente contestação popular da austeridade e o reforço social da esquerda se deverão traduzir naturalmente numa perda de mandatos. E ao lado vamos ter a CDU, cujo esperado aumento de votos irá caucionar a sua pose isolacionista e reforçar a sua convicção de que é imprudente e precipitado sonhar com uma solução governativa à esquerda antes de 2060. 2. O espectáculo da campanha vai ser triste, mas o que será mais desolador será ver a quantidade de votos que os partidos do Governo vão, apesar de tudo, recolher, ilustrando as limitações da democracia. Assim como é desoladora a prevista vitória do PS, cujas promessas eleitorais e prática política se situam não no domínio da real alternativa e da construção de uma sociedade mais justa mas no domínio da nuance em relação ao PSD. As poderosas máquinas de propaganda do poder (construídas para eternizar o que está), dos media à escola, as reais interdependências do mundo globalizado, o consumismo comodista produzido pelo mundo industrial e as esperanças políticas frustradas conjugaram-se para criar um espartilho de onde nos é difícil sair. Já não se deixou apenas de acreditar nas utopias libertárias que nos prometiam a paz e a felicidade e nas revoluções sociais transformadoras que nos prometiam a liberdade e a igualdade. A esmagadora maioria parece ter deixado de acreditar na possibilidade de um progresso radical da sociedade, de tal maneira que falar simplesmente de “uma sociedade mais justa” ganhou foros de radicalismo. Veja-se a timidez bem-comportada e a asséptica linguagem tecnocrática dos partidos que foram em tempos da social-democracia, do PS ao Labour e ao SPD alemão, apenas levemente distinguível do discurso da direita. As vias de acção política trilhadas parecem estreitar-se cada vez mais e, mesmo dentro do espectro partidário disponível, os cidadãos concentram os seus votos num estreito caminho, numa tendência tão marcada para o conservadorismo e para o recuo civilizacional que em Portugal até se criou um leque partidário especial, um lequezinho de escolhazinhas mais pequenininho, um pequenino directório de partidos convenientes, bem-comportados, atentos, venerandos e obrigados, genuflectidos e súcubos, a que se chama “arco da governação”, para sublinhar bem que quem votar fora do penico desperdiça o seu voto e que tudo o que é possível escolher nesta pobre democracia é a cor das senhas dos centros de emprego e que para isso temos três opções diferentes: rosa, laranja e azul-bebé. 3. E, no entanto. . . No entanto, há razões para continuar a ter esperança e, mais do que esperança, não faltam razões e objectivos para lutar, porque aquilo que queremos para os nossos filhos e para os seus filhos não é diferente do que queriam os homens e as mulheres de há cem anos e ninguém pode ter como ambição ser um escravo com um telemóvel no bolso. Apesar da lavagem ao cérebro a que somos submetidos dia a dia, minuto a minuto, apesar da atracção do “sucesso” e das maravilhas do “mercado” e dos sorteios de Audis, a liberdade não nos parece hoje menos valiosa do que ontem nem a justiça menos urgente. E a liberdade continua a ser possível e a justiça continua a ser possível, porque não nos esquecemos do que representam. Perante os que ridicularizam os sonhos de uma sociedade mais justa e falam em nome do império dos mercados e da finança internacional e da Realpolitik da submissão, temos de dizer coisas simples: uma criança não pode ser condenada à pobreza, à doença e à ignorância por ter nascido nesta família e não naquela. Todos temos o mesmo direito a participar na vida da cidade, ao trabalho, à saúde, à educação. A pobreza é inadmissível porque não é só uma escassez de recursos mas uma condenação à exclusão, à escravidão e ao sofrimento, um roubo da liberdade. Ninguém deve passar fome. A justiça tem de ser igual para todos. Sonhos? Sim. São os sonhos que temos o dever de exigir que os partidos realizem. Estes sonhos são a democracia. São o mínimo que podemos exigir. jvmalheiros@gmail. com
REFERÊNCIAS:
Partidos PS PSD
Estado de sítio
Bem podemos considerar o crédito barato como a droga mais dura do nosso tempo. (...)

Estado de sítio
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-05-13 | Jornal Público
SUMÁRIO: Bem podemos considerar o crédito barato como a droga mais dura do nosso tempo.
TEXTO: Portugal está cercado. Não por tropas estrangeiras que se preparam para violar as fronteiras e controlar as instituições e os órgãos de soberania, mas cercado por fora e por dentroPor fora, por grupos de exploradores que sabem como acumular capital à distância. Por dentro, pelos homens e mulheres de mão que esses grupos comandam e que instalaram nos centros de decisão política, económica, financeira e nos media. Esses autênticos robots ou drones mortíferos sem moral nem outros princípios que não sejam os da cega obediência aos novos senhores do capital terão a breve trecho a sua recompensa em cubos de açúcar dourado extraído à custa do nosso labor e das nossas penas. Em tempos de guerra como estes em que vivemos não podemos absolutamente acreditar na propaganda deles nem perder tempo com a desinformação. A riqueza do nosso país medida em termos do PIB era, em 2007, de 169 mil milhões de euros; em 2013, após estes anos de crise financeira e económica que nos sufoca, não produzimos mais de 166 mil milhões de euros. Ou seja, Portugal perdeu seis anos! Andámos para trás. Claro que nestes seis anos os juros dos empréstimos contraídos foram prestimosamente pagos pelo país aos seus credores, ajudando a manter e continuar o negócio do capital. Isto é, o capital financeiro internacional ganhou seis anos! Safou-se. O euro não saiu mais fraco, está bem forte, pelo contrário, afirmou Jean-Claude Trichet numa reunião na Fundação Calouste Gulbenkian, em Paris, no passado dia 30 de Abril. Não conseguiu, é certo, tornar-se uma moeda de referência como o dólar. Mas não entrou em colapso e está de boa saúde outra vez. O que se passou, então?Passou-se que a Europa (e não só Portugal, evidentemente) se tornou mansamente numa semiperiferia do sistema-mundo capitalista. Sofre, pois, com os desmandos do centro, onde se acumula o capital a sério (o centro é hoje também uma rede), nos mesmos termos que as outras semiperiferias. Vive, contudo, em democracia, convivendo como pode com as ditaduras mais ou menos benignas que a acompanham na vassalagem ao centro. Porque nas duras periferias do sistema os ditadores não se escondem. Foi o capital que fomentou que vivêssemos "acima das nossas possibilidades", seduzindo-nos com duches perfumados de crédito barato para aumentar o consumo interno, durante os anos loucos da introdução do euro. Assim embalado, conseguiu o capital ir vivendo "muito acima das suas possibilidades", num clima de festa brava. Mas como já ninguém sabe fazer milagres neste pobre planeta, num belo dia de 2008 o negócio "gripou". Houve uns tremores no sistema financeiro internacional, uns quantos senhores e senhoras foram considerados "más companhias" e sumiram-se. . . Os que ficaram, mais fortes após esta eliminação profiláctica, resignaram-se a ter de continuar o negócio no imediato em termos clássicos e seguros. Decidiram, pois, sem surpresa, começar por punir os mais fracos, obrigando-os a continuar a assegurar o bolo da acumulação do capital, desta vez humilhando-os publicamente, fazendo-os baixar a cabeça de envergonhados por precisarem de pedir dinheiro emprestado a juros. Este é um "tratamento" que a história mostra que resulta. O capital continuou a render. Qual foi a novidade? Foi, apenas, a de a Europa não se ter apercebido a tempo de que já não era o centro da acumulação e que tinha "evoluído" talvez sem remissão para uma simples coutada, onde agora se usa caçar quando dá na real gana. O que importa no mundo passa-se lá longe. O problema residiu, pois, neste conjunto sem estrutura definida a que se chama Europa. Não no facto de os políticos não nos terem avisado da coisa. Isso não espanta: o esplendor da noite do passado ofusca sempre a luz fresca do amanhecer. Se a religião era o ópio do povo no século XIX, bem podemos considerar o crédito barato como a droga mais dura do nosso tempo. Quem o promove merece a cadeia!Não vale a pena, portanto, argumentar muito mais. A racionalidade fria, nua, livre de preconceitos e despida de princípios, é uma arma de destruição maciça. Só se elimina pelo calor. Cada um de nós deve fazer o que é preciso, de acordo com a sua consciência. O futuro de Portugal e da Europa não se vislumbra nos almanaques, nos ecrãs, nem no ciberespaço. Na guerra em que estamos envolvidos cada qual tem de escolher o seu campo. O meu está escolhido há muito tempo. Professor universitário, físico
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Partidos LIVRE
PSP cria quatro equipas para apoiar turistas em Lisboa
Aposta da capital no turismo passa também pelas forças de segurança, que querem oferecer uma melhor qualidade de atendimento assim como uma maior prevenção de crimes que têm como alvo aqueles que passam pela cidade. (...)

PSP cria quatro equipas para apoiar turistas em Lisboa
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-05-13 | Jornal Público
SUMÁRIO: Aposta da capital no turismo passa também pelas forças de segurança, que querem oferecer uma melhor qualidade de atendimento assim como uma maior prevenção de crimes que têm como alvo aqueles que passam pela cidade.
TEXTO: A PSP anunciou nesta terça-feira a criação de quatro patrulhas de turismo na cidade de Lisboa para prestar mais apoio aos turistas nacionais e estrangeiros. As patrulhas vêm complementar as esquadras de turismo já existentes na área metropolitana: uma em Lisboa, nos Restauradores e outra em Cascais. O comando metropolitano diz que as equipas prestam um serviço diferente do das esquadras de turismo por fazerem acções de policiamento e porque a sua mobilidade lhes permite agir na prevenção de crimes e no apoio às vítimas. As quatro equipas operarão na Baixa, Parque das Nações, Benfica e Belém, e outras áreas onde venham a ser necessários. Serão 16 agentes a trabalhar em equipas de dois. Estas equipas funcionarão em vários turnos e estarão disponíveis todos os dias durante 24 horas. Com esta iniciativa, o comando metropolitano vem dar resposta ao crescimento do turismo na capital, cujo aeroporto tem vindo a bater recordes (no ano passado passaram pela cidade cerca de 10 milhões de turistas, o equivalente à população portuguesa actual) e que tem ganho prémios atribuídos por agentes do sector, que vão desde a gastronomia à simpatia dos seus habitantes. Para além do mais, com o aumento de certos tipos de turismo, como o de cruzeiro, torna-se cada vez mais importante prestar apoio àqueles que chegam a uma cidade desconhecida sem falar a língua. O comandante Jorge Maurício destacou ainda que o turismo em Lisboa não é sazonal, o que justifica a existência de equipas que actuem todo o ano. Os espanhóis são os que mais apreciam e visitam a cidade, com os ingleses e os franceses logo atrás. Os alemães também descobriram os encantos de Portugal e, recentemente, tem também havido um aumento de turistas vindos da Ásia, especialmente da China (um dos países que mais gasta em termos de turismo mundialmente) e do Japão, pelo que o comando está também a considerar incorporar formações em mandarim ou japonês para os agentes destas equipas. Para além das quatro zonas que irão patrulhar, os agentes serão ocasionalmente destacados para eventos específicos como a final da Liga dos Campeões no Estádio da Luz, que é já no próximo dia 24 de Maio, dia em que acaba a formação inicial dos agentes. Estes homens e mulheres que irão integrar as patrulhas vêm de todas as áreas da Polícia de Segurança Pública, como é o caso da agente Celina Veiga, de 38 anos, que integrava o departamento de Armas e Explosivos. “Em termos profissionais é uma mais-valia”, assegura, contando que já fazia atendimento ao público e que fala três das línguas incluídas na formação dos vários agentes, e ainda o crioulo. A formação em línguas destes agentes está a cargo do IEFP, estando a decorrer uma formação inicial de Espanhol, que será seguida pelo Inglês, ambas com módulos de 50 horas, e seguidamente pelo Francês e Alemão, línguas que requererão mais horas de formação. Estas novas equipas terão três carros-patrulha eléctricos. Lisboa é a segunda cidade portuguesa a apostar numa patrulha de turismo, a seguir ao Porto, que tem agentes em patrulha identificados como “Tourism Patrol” nos locais turísticos mais relevantes. A esquadra de turismo nesta cidade foi criada em 1998. O projecto foi iniciativa do Comandante Jorge Maurício, que tinha estado na origem de uma acção semelhante no distrito de Faro - “Algarve – Destino Seguro” - mas avisa que apenas a filosofia é igual, pois os projectos envolvem componentes muito diferentes. Texto editado por Ana Fernandes
REFERÊNCIAS:
Entidades PSP IEFP
Lagarde desiste de discursar em conferência depois de protesto das alunas
Estudantes de uma universidade feminina nos Estados Unidos lançaram petição online contra a intervenção da directora-geral do FMI. (...)

Lagarde desiste de discursar em conferência depois de protesto das alunas
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-05-13 | Jornal Público
SUMÁRIO: Estudantes de uma universidade feminina nos Estados Unidos lançaram petição online contra a intervenção da directora-geral do FMI.
TEXTO: Christine Lagarde, directora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), desistiu de discursar na abertura de uma cerimónia de fim de curso da Universidade de Smith, Massachusetts, nos Estados Unidos, depois de centenas de alunas terem assinado uma petição online em protesto contra a sua presença. Para as estudantes desta universidade feminina, Christine Lagarde representa “um sistema corrupto, que incentiva a opressão e o abuso de mulheres no mundo”. O FMI apoia “sistemas patriarcais” e, mesmo sendo liderado, pela primeira vez, por uma mulher, não é bem-vindo à universidade. O protesto das alunas levou Lagarde a recusar o convite para fazer a primeira intervenção da cerimónia. Um porta-voz do FMI, citado pela Reuters, esclareceu que a directora-geral preferiu não marcar presença para não desviar as atenções do evento, agendado para domingo. “Não queríamos que a participação do FMI desviasse as atenções do desempenho notável dos alunos finalistas, no seu dia especial”, sublinhou fonte oficial. Na petição online, com 479 assinaturas, as alunas da Universidade de Smith — uma instituição privada — defendem que o FMI “foi o maior responsável pelo falhanço das políticas de desenvolvimento aplicadas em alguns dos países mais pobres do mundo”, o que “levou a um reforço do sistema imperialista e patriarcal que incentiva a opressão e o abuso de mulheres no mundo”. Kathleen McCartney, presidente da instituição, lamentou o sucedido numa declaração publicada no site oficial da universidade. “Aqueles que contestaram [a presença de Lagarde] ficarão satisfeitos pelo seu protesto ter tido efeito. Mas a que custo para a Universidade de Smith? Esta é uma questão sobre a qual, como comunidade, devemos reflectir nos meses que se seguem”, disse. A universidade anunciou, entretanto, que o discurso inaugural será feito por Ruth J. Simmons, a nona presidente da instituição e líder da Universidade de Brown. Foi a primeira afro-americana a liderar uma das instituições mais importantes dos Estados Unidos.
REFERÊNCIAS:
Entidades FMI
Nicole Kidman no principado da irrelevância
Ouvir o realizador Oliver Dahan falar do filme Grace de Mónaco é ouvi-lo falar de outro filme, aquele que ele não conseguiu fazer. (...)

Nicole Kidman no principado da irrelevância
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-05-14 | Jornal Público
SUMÁRIO: Ouvir o realizador Oliver Dahan falar do filme Grace de Mónaco é ouvi-lo falar de outro filme, aquele que ele não conseguiu fazer.
TEXTO: Num jantar num luxuoso restaurante de Cap d’Antibes, perto de Cannes, o realizador italiano Dino Risi estava sentado à mesa de uma ex-actriz que era princesa do Mónaco, Grace. Tocavam três orquestras e Risi, já bebido, arriscou perguntar-lhe se ela, podendo voltar atrás, se casaria de novo com o príncipe dos monegascos, Rainier. “É uma pergunta indiscreta”, respondeu a princesa. E riu-se. Mas foi na altura da mousse de chocolate que Grace do Mónaco voltou atrás: “Não”. Isto conta Dino Risi nas suas memórias, I Miei Mostri (2004). Grace de Mónaco, de Olivier Dahan, filme de abertura da 67. ª edição do festival de Cannes (fora de concurso) nada tem a ver com Risi, nem com a ferocidade da vida. Mas esse “não” é um fantasma que paira. Até é uma expectativa que se leva para dentro da sala depois das declarações dos príncipes do Mónaco, Alberto, Carolina e Stephanie, que se distanciaram do filme, considerando que ele se baseia “em referências históricas e literárias erradas e duvidosas”, fazendo por isso saber que não estariam presentes na sessão de gala, quarta-feira à noite, para verem o filme sobre os pais, Grace e Rainier. A revelação de um “não”, promessa de escândalo palaciano na Côte D’Azur, talvez até espreite no primeiro terço, quando, há apenas seis anos no principado, Grace (Nicole Kidman) é tentada por Alfred Hitchcock para regressar ao cinema interpretando a frígida cleptomaníaca de Marnie. Mãe de já dois filhos, um palácio propício à solidão conjugal que a afastava cada vez mais de Rainier (Tim Roth), Grace vacila, pergunta-se o que está ali a fazer. Há aquela legenda inicial, citação da própria: “A ideia de que a minha vida é um conto de fadas é ela própria um conto de fadas”. Grace de Mónaco começa por parecer que vai revelar o embuste do fairy tale, mas logo se percebe que a legenda é apenas arabesco e que tudo, até as liberdades ficcionais que Dahan assume, são apenas guarda-roupa para o conto de fadas a que o filme quer ir como quem vai ao baile. Esta é a história de uma actriz que deixou de ser actriz para se casar com um príncipe (mais ou menos) encantado e que afinal descobriu que a sua verdade não era deixar de ser actriz mas continuar a sê-lo, vestindo a camisola do Mónaco, construindo hospitais e organizando bailes, como aquele da Cruz Vermelha com que salvou o principado das garras do general De Gaulle que se preparava para o anexar – manobra de sedução num pequeno território sem exército que faz de Grace uma pioneira das princesas peritas na guerrilha da manipulação que teria em Diana de Gales, anos depois, a sua verdadeira rainha. E no fim disso tudo, Grace ganha de volta o príncipe. E ela fica sereníssima. É uma love story – por isso Nicole Kidman dizia, em conferência de imprensa, que entendendo a ausência dos Grimaldi, porque é “incómodo” ver-se um filme sobre os pais, e porque num filme há um potencial de invasão da privacidade, quer que os filhos de Grace e Rainier saibam que não existiu “malícia” e que foi tudo “feito com amor”. Mas também com fôlego infantil. E sem talento para tornar palpável a complexidade com que, diz o realizador, quis abordar a história. Ou então esconde-a a fotografia tipo cobertura de bolos assinada por Éric Gautier, que copia o tecnicolor da época para pintar as figuras de papelão que, de Kidman aos secundários, estão imobilizadas no seu décor de convenção (excepção feita ao Rainier de Roth, única personagem onde reside enigma ou que, mérito do actor, não tem a pretensão de resolver o seu enigma). Ouvir Dahan falar do filme é ouvi-lo falar de outro filme, aquele que ele não conseguiu fazer. Referiu-se, por exemplo, ao plano-sequência de abertura, que parte da rodagem de um plano de Ladrão de Casaca (Hitchcock, 1955) e acompanha Grace até ao camarim, terminando com o reflexo do seu rosto ao espelho. Que é o rosto de Kidman, obviamente. Dahan fala assim: passar de Grace Kelly a Nicole Kidman sem cortar, “sem mudar de assunto”. Isso é que era bom… mas não é. Nicole até parece que ajuda, quando diz que há coisas comuns na sua história e na história de Grace – sobre isso falou muito com o realizador, revelou –, embora nunca se tenha casado com um príncipe (imediatamente corrige, sim, Keith Urban é um príncipe, da country). Nicole ajuda com a conversa, mas não ajuda com o seu “jogo”, sem densidade ou mistério – sem passar, nem ela nem o filme, de uma, Nicole, a outra, Grace. Fica tudo em conversa, o filme é o pequeno principado da irrelevância.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave rainha ajuda princesa infantil
Portugal é o terceiro país da OCDE com mais desemprego entre os jovens
Espanha e Itália têm a taxa de desemprego mais elevada entre os 34 países membros da organização. (...)

Portugal é o terceiro país da OCDE com mais desemprego entre os jovens
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.05
DATA: 2014-05-14 | Jornal Público
SUMÁRIO: Espanha e Itália têm a taxa de desemprego mais elevada entre os 34 países membros da organização.
TEXTO: Portugal é o terceiro país da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) com a taxa de desemprego jovem mais elevada, depois de Espanha e de Itália. Em Março, 34, 5% da população activa entre os 15 e os 24 anos não tinha emprego, um aumento em relação aos meses de Fevereiro e Janeiro. Em Espanha, 53, 9% dos jovens estão nesta situação (a mesma percentagem que em Fevereiro). Já em Itália, o problema afecta 42, 7% dos jovens. A taxa de desemprego jovem em Março situa-se nos 15, 5% (15, 4% no primeiro trimestre), enquanto a da União Europeia chega perto dos 23%. Na OCDE, há 45, 9 milhões de pessoas desempregadas, mas a taxa (de 7, 5%) mantém-se desde o início do ano. Em Portugal, a organização indica que 15, 2% da população activa está no desemprego, o mesmo valor de Janeiro e Fevereiro e um recuo face aos 16, 5% registados no ano de 2013. A maior parte dos países manteve os mesmos níveis em Março e Espanha é o elemento da organização com mais pessoas sem trabalho (25, 3% nesse mês). Há mais mulheres no desemprego que homens (a taxa cresceu 0, 1 pontos percentuais em Março), ainda que entre os desempregados do sexo masculino se tenha registado um ligeiro recuo, de 15% em Fevereiro, para 14, 9% em Março. A média da OCDE é de 7, 7% de desemprego entre as mulheres e de 7, 4% entre os homens.
REFERÊNCIAS:
Entidades OCDE
Bem-vindo a Cannes, senhor Ferrara
Nicole Kidman como Grace do Monaco é uma promessa de petit scandale sazonal. Os Dardenne, Egoyan, Mike Leigh, Ken Loach ou Cronenberg são os suspeitos de costume. A coisa que apetece agora é Abel Ferrara e Dominique Strauss-Kahn. (...)

Bem-vindo a Cannes, senhor Ferrara
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.8
DATA: 2014-05-14 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20140514183905/http://www.publico.pt/1635550
SUMÁRIO: Nicole Kidman como Grace do Monaco é uma promessa de petit scandale sazonal. Os Dardenne, Egoyan, Mike Leigh, Ken Loach ou Cronenberg são os suspeitos de costume. A coisa que apetece agora é Abel Ferrara e Dominique Strauss-Kahn.
TEXTO: “Vous savez qui je suis?” Dominique Strauss-Kahn, antigo director do FMI acusado em Maio de 2011 de violar uma empregada de um hotel nova-iorquino? Não é ele a personagem por trás de Mr. Deveraux em Welcome to New York, de Abel Ferrara?Quem quer que seja, é uma personagem de Abel Ferrara: está em queda. Dominique Strauss-Kahn é de Abel Ferrara. “Um homem que lida com mil milhões de dólares por dia, que controla o destino económico das nações, um homem que sonhou salvar o mundo mas não pode salvar-se a si mesmo”, segundo a sinopse. O trailer de Welcome to New York, que termina com a voz de Gerard Depardieu/Mr. Deveraux (“Vous savez qui je suis?”), esclarece de início: “Este filme é inspirado num processo judicial, que teve as suas fases públicas filmadas, retransmitidas e comentadas pelos media de todo o mundo, mas as personagens do filme e as sequências que os representam na sua vida privada são ficção. ”Ao lado de Gerard Depardieu/Mr. Deveraux/Strauss-Kahn, há Jacqueline Bisset/Simone Deveraux/Anne Sinclair, a mulher (voz exaurida: “c’est un desastre!”). Sábado, dia 17, Depardieu (“the real McCoy”, segundo Ferrara), Bisset e o realizador vão dar uma conferência de imprensa em Cannes a seguir a uma projecção especial no festival, no mesmo dia em que Welcome do New York estará disponível em video on demand. Foi essa a forma que a distribuidora Wild Bunch escolheu para lançar o filme em França, onde as leis impedem a distribuição simultânea online e em sala, que é o que vai acontecer, por exemplo, nos EUA e em outros territórios. Com o online, explicou Vincent Maraval, um dos produtores do filme e co-fundador da Wild Bunch, quer-se chegar ao maior número de espectadores no mais curto espaço de tempo. Veja-se: em França, 4. 44 Último Dia na Terra, o filme anterior de Ferrara, fez 20 mil espectadores em sala; mas teve três milhões de visionamentos no YouTube, segundo Maraval. “Isso obriga-nos a reflectir”, acrescentou. É uma decisão que está a ter consequências. Maraval tem falado das "relações incestuosas" em França entre as elites, os políticos, os media, o que, segundo ele, explica uma resistência em filmar o presente. Welcome to New York é hoje um filme americano porque ninguém em França quis financiar o projecto. "Em qualquer parte do mundo podem fazer-se filmes como O Caimão de Nanni Moretti sobre Berlusconi ou Fahrenheit 9/11 sobre George Bush. Em França nunca se chega a falar do nosso presente. " Mas a questão agora, revela, é que a UGC, importante grupo europeu de distribuição cinematográfica, "tenta impedir a estreia do filme nos ecrãs belgas fazendo pressão sobre os exibidores". O director-geral da UGC, Alain Sussfeld, disse à AFP que "a partir do momento em que uma obra não coloca a sala em prioridade" a UGC não assegura a difusão "em qualquer território que seja. "E eis como a 67ª edição de Cannes acena com uma possibilidade de acontecimento que não é só coisa mediática – como o é Grace de Mónaco, de Olivier Dahan, com Nicole Kidman, o filme que nesta quarta-feira abre o festival e de que a família real monegasca se distancia por considerar que trata uma página da história do principado baseando-se “em referências históricas e literárias erradas e duvidosas” –, o filme, promessa de petit scandale sazonal, “apanha” Grace em 1962, na altura em que Hitchcock convidou a princesa para um comeback como actriz, para filmarem Marnie (papel que seria para Tippi Heddren). Dahan disse ao Journal de Dimanche sentir-se "insultado" pelas declarações dos príncipes e precisa que nunca quis fazer um filme biográfico, que o seu filme não apresenta qualquer revelação em primeira mão e que não há "razão para dramas. " "Há acontecimentos reais e outros imaginados, é o meu direito à ficção. " E o seu interesse por uma mulher "que inventou a noção da princesa moderna. "Mas apesar destes mimos é com Ferrara que Cannes 2014 nos põe a salivar de expectativa perante o reencontro com um cineasta. É que, e com a possibilidade de surpresas que devem ser generosamente mantidas em aberto, a reunião dos suspeitos do costume na competição tem o sabor da manutenção do património lá de casa: Olivier Assayas, os irmãos Dardenne, Nuri Bilge Ceylan, Atom Egoyan, Mike Leigh, Ken Loach, David Cronenberg, que põe Hollywood e o culto da celebridade a arder em Map to the Stars, até Godard, com Adieu au Langage, a fazer o papel de “contra” de prestígio, ou Xavier Dolan, que foi amamentado por Cannes e que agora, com Mommy, salta das secções paralelas para a competição principal – a ver se a energia de Tom a la Ferme, promessa de o canadiano ter sido atingido pela maturidade, se cumpre. O júri, presidido pela cineasta Jane Campion (Palma de Ouro em Cannes 1993: O Piano, ex-aequo com Adeus Minha Concubina, de Chen Kaige), é composto por Sofia Coppola, Gael García Bernal, Willem Dafoe, Carole Bouquet, Jia Zhangke, a actriz iraniana Leila Hatami, a actriz sul-coreana Jeon Do-yeon e o realizador dinamarquês Nicolas Winding Refn.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA FMI
Número de equilibrismo a três com uma party girl sexagenária
Party Girl, um filme com três realizadores, abriu a secção Un Certain Regard do Festival de Cannes. Timbuktu, de Abderrahmane Sissako, uma das longas em competição, é baseado num episódio real. Mr Turner, de Mike Leigh reconstitui os últimos anos da vida do pintor J.M.W. Turner (...)

Número de equilibrismo a três com uma party girl sexagenária
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-05-15 | Jornal Público
SUMÁRIO: Party Girl, um filme com três realizadores, abriu a secção Un Certain Regard do Festival de Cannes. Timbuktu, de Abderrahmane Sissako, uma das longas em competição, é baseado num episódio real. Mr Turner, de Mike Leigh reconstitui os últimos anos da vida do pintor J.M.W. Turner
TEXTO: É um número de equilibrismo a três com uma party girl . Foi assim que Marie Amachoukeli, Claire Burger e Samuel Thesis se viram. São amigos na vida. Dizem que foi isso que lhes permitiu avançar para Party Girl e contar a história de Angélique, que é interpretada pela própria Angélique, de apelido Litzenburger. Tem 60 anos, mas continua a atrair os clientes, mesmo se agora eles são mais raros, para as garrafas de champanhe. Porque a noite não se despega dos seus dias. (Angélique, já agora, é a mãe, na vida real, de um dos realizadores do filme, Samuel. )Um dia, um antigo cliente e eterno apaixonado, Michel, propõe casamento a Angélique. O horizonte de nova vida começa a avistar-se, o que motiva os quatro filhos, todos eles filhos da personagem Angélique e filhos da actriz Angélique. Mas Party Girl, o filme que abriu a secção Un Certain Regard do Festival de Cannes, talvez seja o relato de uma mulher sob influência, de uma pulsão que não se mascara de generosidade, de uma exuberância que não maquilha a solidão. Angélique não consegue fechar para balanço. A perícia de equilibristas dos realizadores, Marie Amachoukeli, Claire Burger e Samuel Thesis, fá-los aguentarem-se nesta vertigem da ficção pela realidade e do real pelo romanesco caminhando vigilantes sobre um fio. Há melodrama, há uma história de família e um acontecimento real a partir do qual se ficcionou (a partir de um casamento atípico de Angélique há anos. . . ). Há retrato de personagem e retrato de grupo proletário numa zona do Nordeste de Franca, a Lorraine, fronteira com a Bélgica, Luxemburgo e Alemanha. Há personagens que interpretam os seus próprios papéis e não profissionais que interpretam personagens secundárias. Há relações afectivas à solta, entre as personagens, os actores (e os realizadores, um dos quais, Samuel, filho, também é actor). A vigilância é aquela que impede que o excesso, a intimidade e o sentimentalismo se peguem ao espectador criando zona de reconhecimento fácil, ficando pegajoso como um docudrama. Há uma ética feroz perante a intimidade das personagens, respeito pelo seu espaço vital: quando a coisa ameaça a facilidade, a montagem corta e o espectador tem de começar de novo. Não podemos ter a pretensão de ter conhecido Angélique, felizmente. Apenas estivemos perto dela. No caso de um filme como Timbuktu, de Abderrahmane Sissako (concurso), essa ética dá-se a ver com uma elegância que várias vezes leva à comoção. Timbuktu é baseado num episódio real: em 2012, numa pequena cidade do Norte do Mali, um casal foi apedrejado até à morte. O crime, segundo os fundamentalistas islâmicos que ocupavam parte da cidade, era não serem casados. Timbuktu filma uma cidade onde não há música, onde não há alegria, onde as mulheres são sombras de negro, onde não há cigarros, onde não há futebol – aquela sequência, uma coreografia-fantasma, em que um grupo de adolescentes joga sem bola, continua a ser evocada em Cannes horas e horas depois da primeira apresentação do filme. Eis como o cineasta do Mali se instala no filme de denúncia e responde à questão de como filmar o insuportável: em vez do grito, o silêncio, que é aquilo que sobra depois do fim. Uma das coisas mais bonitas, e isto sem ironia alguma, é a forma como o filme trata os maus da fita: como o cinema clássico filmava as suas personagens. Isto diz sobre o pacto que liga o espectador a Timbuktu. A propósito de Party Girl, os seus criadores evocaram o nome de Maurice Pialat. Lembrámo-nos dele ao ver Mr Turner, de Mike Leigh (concurso), que reconstitui os últimos anos da vida do pintor fascinado por barcos, tempestades e pela revolução industrial J. M. W. Turner (1775-1851). Lembrámo-nos do Van Gogh de Pialat (1991), porque em Mr. Turner também há um percurso, uma via, de contacto com as matérias e da experiência do corpo, e da doença, até à morte. Sem transcendência à vista pela Arte que alivie o encontro brutalista do humano com a sociedade. Como disse Leigh numa entrevista ao PÚBLICO: “O que me interessa sempre é saber quem somos, onde é que dormimos na noite passada, que infância tivemos, o que comemos ao pequeno-almoço e o que é que acontece quando vamos à casa de banho. Para mim, esses são os assuntos decisivos da vida. ”
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave crime morte filho mulher negro doença mulheres corpo casamento