Pais consideram "desadequado" inquérito sobre orientação sexual de alunos do Porto
“Sinto-me atraído/a por: Homens, Mulheres, Ambos” é uma das questões da ficha entregue a uma turma do 5.º ano, segundo uma imagem que circula nas redes sociais. Ministério da Educação diz estar a investigar junto do estabelecimento escolar. (...)

Pais consideram "desadequado" inquérito sobre orientação sexual de alunos do Porto
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 9 Homossexuais Pontuação: 13 | Sentimento 0.5
DATA: 2018-10-11 | Jornal Público
SUMÁRIO: “Sinto-me atraído/a por: Homens, Mulheres, Ambos” é uma das questões da ficha entregue a uma turma do 5.º ano, segundo uma imagem que circula nas redes sociais. Ministério da Educação diz estar a investigar junto do estabelecimento escolar.
TEXTO: A Escola Básica Francisco Torrinha, no Porto, entregou a uma turma de alunos do 5. º ano uma “ficha sociodemográfica” em que pergunta se se sentem atraídos por homens, mulheres ou por ambos, questionando ainda se namoram ou se já namoraram anteriormente. O Ministério da Educação está a investigar o caso junto do estabelecimento escolar. O caso tornou-se público esta quarta-feira depois de ter sido divulgada nas redes sociais uma fotografia dessa ficha. Ao PÚBLICO, fonte da escola Francisco Torrinha — que tem alunos do 5. º ao 9. º ano — disse nesta quarta-feira que os responsáveis “não prestavam declarações” sobre o assunto. A escola Francisco Torrinha pertence ao Agrupamento de Escolas Garcia de Orta. Na ficha divulgada online, o aluno inquirido tem nove anos. Além da orientação sexual, são também feitas outras questões, como a nacionalidade, qual a pessoa com quem vive e outras informações sobre o encarregado de educação. Ao PÚBLICO, o Ministério da Educação disse que não sabia de antemão da existência do documento. "Sabe-se que é um caso isolado e [o Ministério da Educação] está a apurar informação junto do estabelecimento escolar em causa", afirmou fonte do gabinete de comunicação. Em declarações ao PÚBLICO através do Facebook, um representante da Associação de Pais da Escola Básica Francisco Torrinha afirma que o inquérito é “desadequado à idade”, mas acredita que o “tema tomou proporções ainda mais desadequadas do que o próprio inquérito” – até porque “está previsto no programa do Ministério da Educação”, na estratégia nacional para a Cidadania e Igualdade de Género. “Trata-se de um caso isolado que está a ser devidamente tratado, tudo está a decorrer dentro da normalidade”, refere ainda o representante que já se reuniu com os responsáveis da escola, dizendo que o inquérito não fere susceptibilidades e assegurando a sua confiança no estabelecimento escolar. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. À Lusa, um encarregado de educação confirmou à agência de notícias ter recebido um papel a autorizar a participação do filho na disciplina "Cidadania", em que "se abordariam temas como as relações interpessoais e violência no namoro", mas refere que não esperava que fossem colocadas questões deste género. “Aquilo que ao ver esta notícia nos preocupa mais é perceber, por um lado, qual é a motivação, a intenção por trás destas perguntas. Acreditamos que possa ter sido boa, mas desadequada”, diz ao PÚBLICO o sociólogo e coordenador de projectos da ILGA (Intervenção Lésbica, Gay, Bissexual, Trans e Intersexo). “Já enviámos um pedido de esclarecimento e informação à escola, mostrando-nos disponíveis para colaborar de uma forma construtiva para desenhar estratégias, de que forma estes assuntos podem ser incluídos salvaguardando sempre a segurança e o bem-estar das pessoas, nomeadamente os jovens que estão neste contexto”, refere ainda. Telmo Fernandes diz ainda que “as temáticas não devem ser evitadas” e que devem até “ser abordadas desde muito cedo, quando se começa a falar sobre identidade, sobre diversidade, sobre as famílias, sobre a realidade humana”. O que pode acontecer já no pré-escolar, admite, dizendo que já foram desenvolvidas actividades que abrangiam esta faixa etária, falando-se sobre “diferentes tipos de família, usando ilustrações e linguagem adequada”. com Aline Flor
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homens escola violência filho educação igualdade género sexual mulheres gay bissexual lésbica
Tribunal aceita abandono escolar de jovem cigana em nome da tradição
Rapariga de 15 anos frequentava o 7º ano. Juíza concede que jovens de hoje sigam “caminhos diversos e igualmente recompensadores que não simplesmente a frequência da escolaridade até à maioridade” (...)

Tribunal aceita abandono escolar de jovem cigana em nome da tradição
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 9 Ciganos Pontuação: 18 | Sentimento 0.1
DATA: 2018-09-05 | Jornal Público
SUMÁRIO: Rapariga de 15 anos frequentava o 7º ano. Juíza concede que jovens de hoje sigam “caminhos diversos e igualmente recompensadores que não simplesmente a frequência da escolaridade até à maioridade”
TEXTO: Pode um tribunal encolher os ombros perante uma rapariga de 15 anos que não quer ir à escola, alegando que é cigana, que cumpre as suas tradições, que prefere ficar em casa a ajudar a mãe dela? O Juízo de Competência Genérica de Fronteira, da Comarca de Portalegre, acha que sim. O entendimento está longe de ser único, a avaliar pela quantidade de pessoas que continuam a não cumprir a escolaridade obrigatória. Mas contraria a prática que vem ganhando força, com recomendações internacionais e nacionais e decisões judiciais que se tornaram exemplares. O absentismo e o abandono escolar (que não são um exclusivo das comunidades ciganas) constituem a terceira maior porta de entrada para as comissões de protecção de crianças e jovens (CPCJ). Quando não obtêm a anuência das famílias para actuar, essas estruturas locais remetem os processos para o Ministério Público (MP). Foi o que aconteceu em Avis, no Alto Alentejo. Alertada pelo agrupamento de escolas para as faltas persistentes daquela aluna do 7º ano, a CPCJ convocou as partes. “Os pais e a criança não deram consentimento, invocando as suas razões culturais”, esclarece Sérgio Lopes, presidente daquela estrutura. Que tradição? A honra das famílias ciganas está centrada no comportamento das raparigas, que se devem manter virgens até ao casamento, amiúde celebrado em idades precoces. O Juízo de Competência Genérica de Fronteira ouviu a rapariga, os pais e a técnica da CPCJ. O MP propôs o arquivamento. E a juíza concluiu que “inexiste de todo em todo, e muito claramente, perigo actual assaz necessário para a intervenção judicial”. “A menor não demonstra motivação para frequentar a escola, ajudando a mãe nas tarefas domésticas, na medida em que esta, por doença, não as pode realizar”, lê-se na decisão, que é de 5 de Janeiro de 2017, mas só agora veio a público. O facto de ser “de etnia cigana, e de cumprir com as suas tradições”, leva-a “a considerar que não necessita de frequentar a escola”. A juíza Joana Gomes refere que a rapariga “já tem 15 anos e que possui as competências escolares básicas, por necessárias, ao desenvolvimento da sua actividade profissional” e à “integração social no seu meio de pertença”. E que não está “minimamente motivada” para continuar na escola. E concede que “o desenvolvimento da personalidade e capacidades dos jovens, actualmente, para o prosseguimento de uma vida digna, adequada às regras sociais e jurídicas, se molda, por vezes, por caminhos diversos e igualmente recompensadores que não simplesmente a frequência da escolaridade até à maioridade, como precisamente sucede neste caso”. Este ano lectivo, tudo começou de novo. A rapariga não apareceu nas aulas, a escola avisou a CPCJ, que a convocou e aos pais e remeteu o caso para o MP. “O acesso à educação é um direito básico das crianças e um alicerce fundamental para o desenvolvimento destas como pessoas e membros de uma sociedade”, salienta a secretária de Estado para a Igualdade e a Cidadania, Rosa Monteiro. “Permitir que uma rapariga de 15 anos não cumpra a escolaridade obrigatória é negar-lhe o acesso à vida plena, condenar o seu futuro profissional e cidadão. ”O Alto Comissariado para as Migrações escusa-se a comentar a decisão concreta, mas também não deixa de dizer que o direito à educação “não é compaginável com quaisquer abordagens que relativizem esse princípio à luz de quaisquer interpretações ‘culturais’”. E garante que “encetará diligências” junto da comissão nacional e da local “por forma a procurar formas de garantir esse mesmo direito”. Maria José Casa-Nova, professora universitária e actual coordenadora do Observatório das Comunidades Ciganas, já esteve no Centro de Estudos Judiciários a explicar que as raparigas até dizem mais ter vontade de estudar do que os rapazes, mas são mais cedo “orientadas” para o abandono. E que em Portugal há cada vez mais ciganas a continuar o seu percurso escolar. “O facto de não ‘demonstrar motivação para frequentar a escola’ ou de ‘ser de etnia cigana’ e ter ‘de cumprir com as suas tradições’ (sendo que no caso escolar isso significa uma gritante desigualdade de género) não pode ser razão para decidir pela não frequência escolar, negando um direito humano fundamental à formação de cidadãos e cidadãs conscientes e críticos/as”, reage Casa-Nova, agora. Como é que se pode considerar que ‘possui as competências escolares básicas, por necessárias, ao desenvolvimento da sua actividade profissional, bem como pela integração social no meio de pertença”?”, questiona aquela especialista. Que profissão? Não seria mais indicado decretar medida que garantisse condições para “a adolescente continuar a sua formação”?É essa a linha de uma decisão da Relação de Lisboa de 2012. Uma rapariga e os pais justificaram o abandono escolar com a primeira menstruação. Disseram que, pela cultura cigana, tinha de deixar a escola para preservar a sua “pureza”. A primeira instância concluiu que a cultura se sobrepunha à educação. O MP recorreu, alegando que o abandono escolar colocava em risco o desenvolvimento e a integração profissional futura. E a Relação deu-lhe razão. “As realidades sociológicas não são estáticas e não é aceitável que a justificação para a menor deixar de frequentar o ensino obrigatório seja a preservação da sua 'pureza'”, escreveu o desembargador Afonso Henrique Cabral Ferreira. “Há que explicar aos pais da menor que uma coisa não exclui a outra e que a escolaridade obrigatória visa defender as crianças e os jovens, evitando que entrem prematuramente no mercado de trabalho com prejuízo para o seu normal desenvolvimento psicossocial. Esse trabalho pedagógico deve ser exercido junto dos pais da menor. ”Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A solução nem sempre passa pelo ensino regular. Muitos frequentam outras ofertas educativas, nomeadamente percursos curriculares alternativos ou cursos profissionais. Há também outras modalidades de ensino. Maria José Casa-Nova lembra que existe, por exemplo, o ensino doméstico, leccionado em casa do aluno, por um familiar ou por pessoa que com ele habite com habilitação suficiente. E o ensino individual, ministrado por um professor a um único aluno fora do estabelecimento de ensino, por exemplo, num centro de explicações. Uma e outra modalidade implicam apresentação na escola nos dias certos para fazer os exames. Bruno Gonçalves, dirigente da Letras Nómadas, uma das associações de ciganos que mais se têm batido pelo direito à educação, também considera que é melhor ajudar a encontrar alternativas do que desistir. “Medidas escolares muito em voga, como o ensino à distância ou o ensino doméstico”, parecem-lhe “males menores”. Resolvem o abandono escolar, embora não promovam contacto intercultural. O ensino doméstico desponta como uma possibilidade de conciliar o dever de cumprir a escolaridade obrigatória com o tradicional recato das ciganas até ao dia do casamento. No último ano lectivo, havia pelo menos 92 estudantes nessa modalidade, a maior parte na Grande Lisboa. O Perfil Escolar da Comunidade Cigana, que caracteriza os alunos matriculados nas escolas públicas do continente no ano lectivo 2016/2017, foi divulgado em Abril. O levantamento tem por base respostas de 563 escolas (246 não responderam). Foi a primeira vez, desde os anos 1990, que o Ministério da Educação procurou conhecer, à escala nacional, a situação escolar dos alunos ciganos. O levantamento indica que o número de ciganos a frequentar a escola obrigatória duplicou em 20 anos. A sua presença diminui à medida que a escolaridade sobe. E o encaminhamento para outras ofertas educativas começa logo no primeiro ciclo. Nesse âmbito, o ensino doméstico está a despontar: no ano lectivo 2016/2017, havia 17 no primeiro ciclo, 64 no segundo ciclo, nove no terceiro ciclo e dois do secundário. E a Área Metropolitana de Lisboa dominava, com 11 no primeiro ciclo, 48 no segundo e oito no terceiro. A opção não serve qualquer um, porque exige que haja um familiar ou outra pessoa lá em casa que tenha habilitações um grau acima do que se propõe ensinar. A avaliação, no ensino básico, processa-se por provas de equivalência. No secundário, a aprovação decorre da realização das provas no fim do ciclo de estudos de cada disciplina.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave escola cultura tribunal educação comunidade adolescente social criança doença igualdade género casamento rapariga
Morreu a cantora Esma Redzepova, "a rainha dos ciganos"
Um dos nomes da música do mundo da Macedónia morreu aos 73 anos. (...)

Morreu a cantora Esma Redzepova, "a rainha dos ciganos"
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 9 Ciganos Pontuação: 13 | Sentimento 0.0
DATA: 2016-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Um dos nomes da música do mundo da Macedónia morreu aos 73 anos.
TEXTO: Esma Redzepova, a mais celebrada cantora cigana da Macedónia, morreu neste domingo em Skopje. Redzepova, a diva conhecida como “rainha dos ciganos”, morreu aos 73 anos, segundo noticiaram os media locais, citados pela AFP. Originária de Skopje, a sua voz, descrevia o PÚBLICO numa crítica de discos em 2000, é “um sopro apontado aos extremos, sempre à beira das convulsões e dos abismos das emoções”. A cantora esteve nas Festas de Lisboa em 2001. O início da longa carreira de Redzepova, com mais de cinco décadas, não foi fácil. Teve que enfrentar uma dupla discriminação: a cultura cigana não ser bem vista nas Balcãs e não ser suposto uma mulher cigana cantar em público. Para mais, Esma Redzepova casou fora da comunidade, com o compositor Steve Teodosievski, que a descobriu. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Ela, que foi uma das primeiras a cantar em romani, misturava a tradição cigana e macedónia com sonoridades mais modernas, colaborando nos últimos anos com jovens artistas dos balcãs. Foi uma militante da emancipação da mulher romani e adoptou mais de 40 crianças vítimas de abusos e da guerra dos Balcãs.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave guerra cultura mulher rainha comunidade cantora discriminação
Governo chinês quer mulheres mais vestidas e preocupa empresas de videojogos
A nona edição da ChinaJoy Expo, a feira de jogos online mais popular de Xangai – conhecida tanto pelos jogos em exposição como pelas showgirls que promovem os produtos – está mais “vestida”. Uma directiva governamental chinesa contra a vulgaridade está na origem desta novidade. (...)

Governo chinês quer mulheres mais vestidas e preocupa empresas de videojogos
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 9 Asiáticos Pontuação: 12 | Sentimento 0.074
DATA: 2011-07-29 | Jornal Público
SUMÁRIO: A nona edição da ChinaJoy Expo, a feira de jogos online mais popular de Xangai – conhecida tanto pelos jogos em exposição como pelas showgirls que promovem os produtos – está mais “vestida”. Uma directiva governamental chinesa contra a vulgaridade está na origem desta novidade.
TEXTO: Biquinis não entram. Roupas que mostrem mais de dois terços das costas também são barradas à porta. Logotipos colados em “lugares sensíveis” (sobre os seios, por exemplo) também são interditos. As regras estão incluídas numa directiva governamental contra a “vulgaridade” e preocuparam algumas das empresas de jogos presentes na nona edição da feira de jogos online de Xangai, a decorrer naquela cidade desde Junho. O Shangai Daily, jornal citado pela agência Reuters, diz que a directiva do Governo está a forçar as raparigas a taparem-se. Os representantes das marcas em exibição – promovidas tradicionalmente por showgirls – temeram que esta alteração legal diminuísse a afluência da ChinaJoy Expo. A directiva limita os comprimentos da roupa, mas também quer ver reduzido o número de pessoas contratadas que cada empresa pode ter no seu expositor. As empresas têm a percepção de que as showgirls são uma atracção tão relevante como os jogos em exposição. Não são novas as campanhas do Governo chinês contra o que considera como comportamento básico e obsceno. Uma delas exigia a eliminação de “sons sexualmente provocantes” da televisão. A Reuters sublinha, esta quinta-feira, que Xangai, uma cidade cosmopolita, continua a contornar as barreiras da lei. As mulheres em trajes curtos a promover bebidas são habituées em bares da cidade. A pornografia, com mulheres e homens chineses, também circula na Internet e em DVDs pirateados. A organização da feira – encabeçada pelo Ministério da Tecnologia da Informação e da Indústria – não comenta a nova directiva explicitamente, mas introduziu no site da ChinaJoy Expo uma recomendação sobre o assunto, no sentido da directiva do Partido Comunista Chinês, partido único no país: “Para erradicar a vulgaridade e cultivar uma boa atmosfera na exposição e evitar um impacto negativo na ChinaJoy por meio de más acções, a comissão [organizadora] vai conduzir inspecções restritas ao número, às roupas e ao conteúdo das performances in loco”. A contrastar com a intransigência da mensagem oficial, podem ver-se na Internet fotografias do evento, com decotes e coxas à mostra. O recente código de conduta tem, inclusive, um precedente. No ano passado, um edital do Governo liderado pelo primeiro-ministro Wen Jiabao dissuadia as empresas a operar no ramo dos jogos electrónicos de recorrerem a um imaginário sexual e violento para promover os seus produtos. Entre os patrocinadores oficiais da ChinaJoy encontram-se vários organismos estatais, como o Gabinete Nacional dos Direitos de Autor da China e a Administração Geral da Imprensa e das Publicações da República Popular da China.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos homens lei sexual mulheres chinês
Presidente da Nigéria pede ajuda internacional para encontrar raparigas raptadas
O Governo não consegue travar a insurreição dos islamistas. Alunas podem ter sido vendidas fora do país. (...)

Presidente da Nigéria pede ajuda internacional para encontrar raparigas raptadas
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 9 Africanos Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-05-05 | Jornal Público
SUMÁRIO: O Governo não consegue travar a insurreição dos islamistas. Alunas podem ter sido vendidas fora do país.
TEXTO: O Presidente da Nigéria pediu a ajuda dos Estados Unidos para encontrar as 223 raparigas raptadas em Fevereiro pelo grupo islamista Boko Haram. “Apelamos aos países que nos podem ajudar (…) os Estados Unidos surgem em primeiro lugar”, disse Goodluck Jonathan. Foi a primeira vez que o Presidente nigeriano falou no rapto de 14 de Abril. Fê-lo pressionado. Por toda a Nigéria têm-se realizado manifestações contra os islamistas, além de surgirem muitas críticas ao Governo, que se tem mostrado incapaz para travar os Boko Haram. “Prometemos a estas jovens raparigas que, estejam onde estiverem, serão encontradas”, disse Jonathan, admitindo que pediu também ajuda ao Reino Unido e à China, e solicitou a cooperação nas investigações dos vizinhos Camarões, Chade, Níger e Benin. Numa declaração registada em vídeo, o líder do grupo islamista, Abubakar Shekau, ameaçou vender as estudantes raptadas como noivas. A gravação, que foi obtida pela AFP, é a primeira prova concreta do envolvimento do Boko Haram (que literalmente quer dizer “A educação ocidental é proibida”) no rapto. “Deus instruiu-me a vender as raparigas”, diz Abubakar Shekau. “Elas são sua propriedade, eu seguirei as suas instruções”, prossegue o radical islamista, que se insurge contra a educação das raparigas na escola, sublinhando que o seu destino é o casamento. Vários comentadores notaram, porém, que o video é invulgarmente omisso no que diz respeito aos detalhes do caso: Shekau não refere o número de alunas que ainda mantém sequestradas, onde se encontram ou quem serão os seus noivos. A verdade é que as autoridades da Nigéria não fazem a menor ideia do que aconteceu às raparigas, que têm entre 12 e 18 anos. Vai-se sabendo, por testemunhos de algumas das que conseguiram fugir, o que aconteceu no liceu de Chibok. “Eles entraram na nossa escola e nós pensámos que eram soldados. Eles tinham uniformes militares", disse ao jornal Sunday Punch Thabita Walse, uma rapariga que fugiu quando o grupo já seguia viagem, dentro de camiões. Diz outra das que conseguiram escapar, Amina Sawok: “Eles gritaram e foram grosseiros e então percebemos que eram rebeldes. Mas já era tarde de mais”. Logo a seguir ao rapto, o Exército nigeriano chegou a anunciar ter conseguido libertar todas as raparigas, o que não aconteceu. A Nigéria é, desde 2009, quando o Boko Haram se instalou e começou a intensificar a sua luta armada pela criação de um estado islâmico no Norte, um país com um grave problema de segurança que as autoridades não conseguem gerir. Só este ano a insurreição dos Boko já fez 1500 mortos. A região dos raptos (Boro) é conhecida por ser um dos terrenos de actividade do grupo islamista, que ao longo dos anos tem feito reféns, assim como realizado atentados à bomba. O que o Presidente Jonathan fez agora foi admitir a sua incapacidade para controlar o grupo e seguir-lhe as pisadas. Quanto às raparigas, podem estar ainda na Nigéria ou terem sido levadas para um país vizinho. O governador de Boro disse, logo após o rapto, que se as autoridades não conseguissem salvar as raparigas elas seriam obrigadas a ser “escravas sexuais e domésticas”. O que coincide com relatos na imprensa nigeriana segundo os quais algumas das raparigas do grupo terão sido vendidas como esposas muçulmanas (mesmo as que não o são). Relatos de outras raparigas raptadas noutras alturas, e que conseguiram fugir, contam a mesma história: vendidas em casamento e escravizadas. Perante a pressão e as críticas à actuação do Governo, do exército e da polícia, e percebendo que se está a criar uma campanha internacional pela libertação das raparigas, Goodluck Jonathan pediu a ajuda internacional, mais de duas semanas depois do rapto. Os Estados Unidos, pela voz do secretário de Estado (chefe da diplomacia), John Kerry, prometeram fazer o que estiver ao seu alcance para as ajudar a encontrar.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave escola educação ajuda casamento rapariga rapto
Morreu Sharon Jones, a guarda prisional que se tornou uma fera da soul e rainha do funk
Cantora de 60 anos era a “voz poderosa” da banda The Dap-Kings. Vinte anos de carreira bastaram para que fosse considerada uma referência da soul e do funk. (...)

Morreu Sharon Jones, a guarda prisional que se tornou uma fera da soul e rainha do funk
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 9 Africanos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2016-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Cantora de 60 anos era a “voz poderosa” da banda The Dap-Kings. Vinte anos de carreira bastaram para que fosse considerada uma referência da soul e do funk.
TEXTO: Quis estar em palco praticamente até ao fim. Mesmo quando uma neuropatia lhe afectava os pés e as pernas, restringindo-lhe os movimentos. O cancro que tinha no pâncreas não a impedira de cantar quando apareceu, não iria fazê-lo agora que estava de regresso. Sharon Jones, cantora soul, senhora de uma voz poderosa e vocalista da banda funk/soul The Dap-Kings morreu na sexta-feira rodeada de amigos e familiares, confirmou a sua agente, Judy Miller Silverman. Tinha 60 anos. No obituário que lhe dedicou o diário norte-americano The New York Times, Steve Kenny e Joe Coscarelli recuperam uma entrevista que a intérprete deu em Julho, quando a doença começava já a ganhar terreno. Nele lembram que nasceu no Sul, na Geórgia, onde a comunidade negra sofria diária e severamente com a discriminação, que cresceu em Brooklyn e que só se tornou famosa quando já estava na casa dos 40. Até então, os executivos da indústria discográfica consideravam-na “demasiado baixa, demasiado gorda, demasiado negra e demasiado velha” para apostarem nela. “Subir ao palco é a minha terapia” disse no Verão ao New York Times. “Temos de olhar para a vida como ela é. Ninguém sabe quanto tempo me resta, mas agora tenho força e quero continuar. ”A luta de Jones contra o cancro que lhe foi diagnosticado em 2013 está documentada no filme Miss Sharons Jones!, da realizadora americana Barbara Kopple. É Kopple quem diz à BBC que a intérprete chegava a deixar ao rubro alas do hospital quando fazia os seus tratamentos de quimioterapia – “quando as pessoas estão à sua volta ou há público, ela fica com energia e esquece-se da dor”. É também neste documentário que Sharon Jones lembra que, na Geórgia, quando a mãe precisou de uma cesariana e foi levada para o hospital, a equipa médica não a operou nas salas convencionais, mas numa arrecadação. Chegada a Nova Iorque, a segregação era menos violenta, mas continuava lá, a marcar o seu dia-a-dia, assim como as drogas e a violência. Cantar era coisa que fazia apenas no coro da igreja e em casamentos. Jones, que publicou o seu último álbum no ano passado, juntou-se aos Dap-Kings em 1996 e, em meados dos anos 2000, atingiram o êxito com 100 Days, 100 Nights (Daptone Records, 2007), o seu terceiro álbum de estúdio, gravado com recursos analógicos de forma a criar o som “old school” do funk e do afrobeat originais dos anos 1960. Foi a partir deste álbum, que tem na faixa tema – uma canção sobre o amor que nos diz que são precisos 100 dias e 100 noites para abrir o coração de um homem – um dos seus maiores sucessos, que houve quem passasse a referir-se à vocalista como “rainha do funk”. Há já anos que a mulher que fora funcionária dos serviços prisionais (na famosa prisão de Rikers Island, em Nova Iorque) e segurança em bancos até ter ser descoberta pelo produtor e líder dos Dap-Kings, Gabriel Roth (também conhecido como Bosco Mann), se transformara numa cantora profissional. Em 2007 tornou-se uma estrela. Cinco anos antes, o primeiro disco que Jones e os Dap-Kings gravaram com a Daptone Records, Dap Dippin’ Whith Sharon Jones & The Dap-Kings, deixara já a crítica rendida, escreve o jornalista Nacho Ruiz no jornal El Mundo. Os especialistas reconheciam-lhe “um timbre vocal poderoso, com um carisma e uma profundidade inauditos”. Em 2005 saiu Naturally e, antes do álbum de 2010, I Learned the Hard Way, veio o tal 100 Days, 100 Nights, cuja popularidade beneficiou certamente do facto dos Dap-Kings, formação cujo percurso se mistura com o da discográfica Daptone Records, terem entretanto participado em metade das faixas do álbum Back in Black, de Amy Winehouse, lançado em 2006. Por vezes comparada com James Brown (1933-2006), que costumava imitar em adolescente e que era vizinho da família na cidade de Augusta, na Geórgia, onde a mãe da cantora começou por criar sozinha seis filhos depois de se separar, Sharon Jones sempre deixou claras as suas influências entre as divas clássicas da soul, como Aretha Franklin, mas soube imprimir “paixão” às canções, fazendo da interpretação muito mais do que um exercício de estilo, escreve ainda Nacho Ruiz. “[Jones] tornou-se uma das vozes fundamentais da soul dos nossos dias, revitalizando o género e resgatando a sua versão mais pura e contundente. ”O produtor britânico Mark Ronson, citado pela BBC, junta-se aos que a elogiam: “Sharon Jones tinha uma das mais magníficas e desesperadas vozes dos últimos tempos. ”A essa voz, que por vezes rugia e outras sussurrava, juntavam-se, em palco, “movimentos electrizantes”, numa “assombrosa entrega física”, mesmo quando a doença a debilitava, garante o crítico do diário El País, Fernando Navarro. Jones chegou a dizer numa entrevista, em género de balanço de uma vida que sabia estar a chegar ao fim em que teve oportunidade de cantar ao lado de Lou Reed ou David Byrne, que a música e o seu público lhe tinham permitido fazer tudo aquilo que mais desejara – tirar a mãe do bairro social e comprar-lhe uma casa a que ela pudesse chamar sua. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Quando regressou dos primeiros tratamentos para gravar o seu álbum de 2014, Give The People What They Want, nomeado para os Grammys, tinha a cabeça rapada e o olhar orgulhoso de sempre, escreve ainda o espanhol El País. “A música é a minha felicidade, a minha alegria”, afirmou então a este diário. “Quando me concentro nela, o meu espírito e o meu corpo entram em comunhão. ” Ficar em casa, seguindo o conselho dos médicos, seria morrer em vida. "A voz é um dom de Deus. Agradeço-Lhe ter-me dado este dom. E sei que Ele vai guiar-me até eu não poder mais", dizia ao PÚBLICO em 2014 esta mulher que passara, quatro anos antes, como um furacão pelo palco do Super Bock Super Rock, no Meco, e que voltara logo no ano seguinte para o Cool Jazz Fest, em Cascais. "E eu vou continuar a lutar e a cantar até não poder mais. Darei sempre tudo o que tenho. ” Nós agradecemos. Notícia actualizada às 15h25
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave violência mulher rainha prisão homem comunidade adolescente social doença género corpo negra cantora discriminação
Menina de dez anos morre na Somália após mutilação genital
Jovem morreu na sequência de uma hemorragia. A Somália tem uma das taxas mais altas desta prática que não é punida criminalmente no país. (...)

Menina de dez anos morre na Somália após mutilação genital
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 9 Africanos Pontuação: 12 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-07-20 | Jornal Público
SUMÁRIO: Jovem morreu na sequência de uma hemorragia. A Somália tem uma das taxas mais altas desta prática que não é punida criminalmente no país.
TEXTO: Uma criança de dez anos morreu após uma mutilação genital feminina na Somália, o país que tem uma das taxas mais altas desta prática. A jovem foi levada pela mãe a uma circuncisadora tradicional no dia 14 e morreu dois dias depois no hospital devido a uma hemorragia. “Suspeita-se de que a circuncisadora lhe tenha cortado uma veia importante”, disse Hawa Aden Mohamed, que dirige um grupo local de mulheres, o Galkayo Education Center for Peace and Development (GECPD). "A mulher que fez a operação não foi detida mas, mesmo que fosse, não há lei que assegure que seria punida pelo acto. Este é apenas um dos casos diários que acontecem na Somália”, afirmou. Cerca de 200 milhões de raparigas e mulheres no mundo passaram pela mutilação genital feminina, o que envolve a remoção parcial ou total da genitália e pode causar uma série de problemas de saúde, dizem as Nações Unidas. A Somália tem uma das taxas mais altas desta prática, com 98% das mulheres entre os 15 e 49 anos a serem sujeitas a este ritual. Muitos dos circuncisadores tradicionais usam facas ou lâminas não esterilizadas. Apesar de ser proibida pela Constituição da Somália – um país assolado por décadas de guerra civil –, os esforços para aprovar legislação que puna os que a praticam têm sido boicotados pelos parlamentares, com medo de perderem votos. Os activistas dizem que há muito trabalho a ser feito para dar a conhecer as consequências da mutilação genital feminina e criminalizar o acto pode ser um dissuasor forte. “Os lobistas da mutilação genital feminina muitas vezes insistem numa visão sem sentido de que não tem consequências para a saúde mas isso é completamente falso”, disse Brendan Wynne da Donor Direct Action, um dos grupos que ajudam as associações locais. “Não temos mais tempo para qualquer debate sobre os malefícios da mutilação genital feminina e este caso, como outros, prova-o. A mutilação genital feminina só terminará quando os governos tomarem medidas fortes para proteger as raparigas em risco”.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave guerra lei mulher criança medo mulheres feminina
Ellen Johnson-Sirleaf, a mãe da esperança africana
Ela diz que tem os pés em dois mundos. Um pé no campo, no mundo das mulheres africanas, que trabalham duramente e sem descanso na terra da Libéria, e outro no mundo dos profissionais cosmopolitas, para quem os Estados Unidos são uma segunda pátria. E Ellen Johnson-Sirleaf conhece de facto bem estes dois mundos. Texto publicado a 28 de Outubro de 2007. (...)

Ellen Johnson-Sirleaf, a mãe da esperança africana
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 9 Africanos Pontuação: 12 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-10-07 | Jornal Público
SUMÁRIO: Ela diz que tem os pés em dois mundos. Um pé no campo, no mundo das mulheres africanas, que trabalham duramente e sem descanso na terra da Libéria, e outro no mundo dos profissionais cosmopolitas, para quem os Estados Unidos são uma segunda pátria. E Ellen Johnson-Sirleaf conhece de facto bem estes dois mundos. Texto publicado a 28 de Outubro de 2007.
TEXTO: Nos dias 8 e 9 de Dezembro, quando tiver lugar em Portugal a anunciada cimeira União Europeia-África, Ellen Johnson-Sirleaf deverá ser uma das participantes e cabe-lhe uma honra singular, que ela ostenta com a maior simplicidade: a de ser a primeira mulher eleita democraticamente a ocupar a Presidência de um país africano. Ellen Johnson-Sirleaf é Presidente da Libéria desde Janeiro do ano passado, depois de uma eleição (contra o antigo futebolista George Weah, estrela do AC Milan) onde arrebatou quase 60 por cento dos votos. Johnson-Sirleaf encontrou-se assim à frente de um país destruído por duas décadas de guerras civis e por uma sucessão de ditaduras marcadas pela violência étnica e pela corrupção. Ellen Johnson (tornou-se Sirleaf pelo casamento, aos 17 anos) nasceu em Monróvia, capital da Libéria, onde fez os seus estudos secundários. Em 1961, partiu com o marido para os Estados Unidos para estudar Contabilidade em Madison (Wisconsin). O destino era óbvio, pois a Libéria sempre manteve com os Estados Unidos laços particularmente estreitos. O país, que nunca foi uma colónia, foi fundado em 1847 por escravos libertos americanos. A sua capital, Monróvia, foi assim baptizada em homenagem a James Monroe, quinto Presidente americano. Nos EUA, Johnson-Sirleaf trabalhou como empregada de mesa para custear os estudos, que prosseguiu com um master em Administração Pública em Harvard. Regressou à Libéria em 1972 para participar no Governo de William Tolbert como ministra-adjunta das Finanças. Quando Tolbert foi derrubado (e morto) num golpe de Estado dirigido por Samuel Doe, Johnson-Sirleaf conheceu o seu primeiro exílio, no Quénia, onde trabalhou para o Citibank. Regressou em 1985 mas a sua oposição a Doe valeu-lhe duas prisões uma delas com uma condenação a dez anos de cadeia e uma ameaça de execução. Só cumpriu um ano de prisão, tendo a pena sido transformada em novo exílio, desta vez nos EUA, onde trabalhou para o Banco Mundial. De 1992 a 1997 dirigiu o gabinete regional de África do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas. Em 1997 regressou para concorrer às eleições (contra Charles Taylor), após o que teve de fugir de novo, acusada de traição por Taylor, que lançaria o país numa violenta guerra civil que provocou centenas de milhares de mortos. Johnson-Sirleaf regressou em 2003, após a queda de Taylor (hoje a ser julgado num tribunal internacional), para dirigir a Comissão de Boa Governação, cuja missão consistiu em preparar as eleições democráticas e em dar início a um combate contra a corrupção endémica. Depois, seguiu-se a eleição presidencial e a tomada de posse, à qual veio assistir a mulher do Presidente americano, Laura Bush, e a secretária de Estado, Condoleezza Rice num sinal de apoio de Washington. Ellen Johnson-Sirleaf tem entre os seus antepassados os antigos escravos americanos que fundaram a Libéria o que faz dela parte da casta de elite do país, os américo-liberianos, um grupo que representa três a cinco por cento da população mas não gosta que refiram esse facto, que lhe parece alimentar as divisões étnicas que dividem o país. "Se essa classe existiu, já foi apagada ao longo dos anos, através de casamentos e da integração social", diz. A sua determinação e a sua guerra sem tréguas contra a corrupção que é, ainda hoje, a par da educação, a sua grande batalha valeu-lhe o epíteto de "Dama de Ferro", mas a sua pose não tem nada a ver com Thatcher. A luta contra a corrupção é essencial para a atracção de capital e de meios técnicos que a Libéria não possui apesar dos seus ricos recursos em diamantes, madeira e borracha.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
Menina de 12 anos violada por padrasto pode ou não abortar?
Grávida de cinco meses, menor já não pode interromper a gravidez por ter sido violada, pois ultrapassou prazo legal. Mas há quem defenda que é possível invocar a irreversível lesão psíquica que ter o filho pode representar. (...)

Menina de 12 anos violada por padrasto pode ou não abortar?
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20150501172134/http://www.publico.pt/1693832
SUMÁRIO: Grávida de cinco meses, menor já não pode interromper a gravidez por ter sido violada, pois ultrapassou prazo legal. Mas há quem defenda que é possível invocar a irreversível lesão psíquica que ter o filho pode representar.
TEXTO: Uma menina de 12 anos, que engravidou depois de ter sido alegadamente violada pelo padrasto, está internada no Hospital de Santa Maria (Lisboa) à espera de uma decisão sobre o seu futuro e a eventual interrupção da gravidez. É um caso limite e muito complicado porque a menina, que era abusada sexualmente pelo padrasto desde os 10 anos, está já grávida de cinco meses, o que significa que ultrapassou o prazo previsto na lei portuguesa para poder abortar por ter sido vítima de violação. De acordo com o Código Penal, uma gravidez resultante de violação pode ser interrompida até às primeiras 16 semanas de gestação, mas admite-se o aborto até às 24 semanas se existirem razões para crer que o nascituro sofrerá de grave e incurável doença e não se fixa qualquer prazo se estiver em causa a grave e irreversível lesão física ou psíquica da mulher. Ao que o PÚBLICO apurou, neste caso a gestação está avançada porque a menina não se terá apercebido sequer de que estava grávida. Foram funcionários da escola que frequenta que perceberam o que estava a acontecer e a levaram ao hospital de Santa Maria, segundo adiantou segunda-feira o "Correio da Manhã". "Não me lembro de casos de uma menor grávida com apenas 12 anos. Com 13, sim, e com 14 e 15 anos até é banal", diz o director do serviço de obstetrícia do hospital de Santa Maria, Luís Graça. Se há especialistas que consideram que não será possível interromper a gravidez neste caso, por estar ultrapassado o referido limite de 16 semanas, há outros que sustentam que é possível invocar a primeira alínea do artigo artigo 142 do Código Penal (que prevê despenalização da interrupção voluntária de gravidez) e que não especifica qualquer prazo quando está em causa um risco grave e irreversível para a saúde física ou psíquica da mulher (ver caixa). Luís Graça afirma que terá que haver uma avaliação por psiquiatras para se perceber se há risco de perturbação psíquica grave e irreversível e, consequentemente, motivo para avançar para um aborto. Esta razão "terá que ser invocada por psiquiatras, não por obstetras”, frisa o médico que afirma que todo o cenário "é muito complicado". A menina está "psicologicamente doente, é incapaz de se defender e não pode decidir por ela própria", nota, acrescentando que ainda é necessário consentimento da mãe, porque ela é menor. De acordo com a lei portuguesa, a partir dos 16 anos uma rapariga pode decidir, por si só, interromper uma gravidez, mas, até essa idade, necessita de autorização de quem a tutela e a representa. Neste caso, porém, se se verificar que a mãe, que a tem acompanhado no hospital, foi de alguma forma conivente com o abuso sexual, poderá ser ela a pronunciar-se? Esse tipo de decisão já competirá ao tribunal, sustenta Luís Graça, que lamenta toda a situação: "Seja qual for a decisão, vai representar outro trauma". A menina já tinha sido retirada à família com apenas três anos, por outros motivos (a família é desestruturada e vive graças ao apoio de terceiros), e viveu mesmo um ano e meio numa instituição. Acabou por regressar a casa, onde, com cerca de seis anos, terá sido já abusada sexualmente pela primeira vez pelo padrasto (sem penetração). Na altura, a polícia chegou a investigar a situação, mas o caso foi arquivado porque ela negou ter sido alvo de abusos. As primeiras relações sexuais com penetração terão começado aos dez anos e continuaram sem que a criança dissesse nada a ninguém. “É uma miúda que não se queixa, muito sofrida, triste. É introvertida e tímida, ainda infantil”, descreve uma pessoa que a conhece. Padrasto em prisão preventivaDenunciado por suspeita de abuso sexual da menor, o padrasto, que já tinha antecedentes por abuso sexual de menores, foi detido no fim-de-semana pela Polícia Judiciária (PJ) e ficou em prisão preventiva, após interrogatório judicial, esta segunda-feira. Em comunicado, a PJ adianta que foi a Directoria de Lisboa e Vale do Tejo que deteve o homem, de 43 anos, e sublinha que ele está “fortemente indiciado" pela prática de crimes de abuso sexual de crianças. “A investigação apurou que os abusos já decorriam desde há dois anos, sendo que dos mesmos resultou a actual gravidez da vítima”, revela ainda a PJ. O suspeito tem “antecedentes por crimes de idêntica natureza e cometeu os factos na residência que partilhava com a vítima e a mãe desta”, acrescenta. Sem se referir a este caso em concreto, a directora do departamento de pediatria do Hospital de Santa Maria, Maria do Céu Machado, admitiu ao "Correio da Manhã" que, "num sentido geral prevalece o princípio ético de proteger o supremo interesse da criança", mas lembrou que, quando existem duas crianças, "é necessário proteger o interesse de ambas". Se os profissionais de saúde do hospital acharem que devem avançar para a interrupção de gravidez, têm de pedir à comissão de ética que se pronuncie, frisou um médico que pediu o anonimato .
REFERÊNCIAS:
Entidades PJ
Patricia Arquette vence Óscar de Melhor Actriz Secundária
A actriz norte-americana venceu o seu primeiro Óscar e fez um discurso de defesa da igualdade de género. "É a nossa vez de ter igualdade salarial de uma vez por todas e igualdade de direitos para as mulheres nos EUA." (...)

Patricia Arquette vence Óscar de Melhor Actriz Secundária
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 9 | Sentimento 0.516
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20150501175228/http://www.publico.pt/1686999
SUMÁRIO: A actriz norte-americana venceu o seu primeiro Óscar e fez um discurso de defesa da igualdade de género. "É a nossa vez de ter igualdade salarial de uma vez por todas e igualdade de direitos para as mulheres nos EUA."
TEXTO: Patricia Arquette venceu esta noite o Óscar de Melhor Actriz Secundária pelo seu papel em Boyhood, um filme rodado ao longo de 12 anos por Richard Linklater e um dos favoritos na corrida para o Óscar de Melhor Filme. A actriz, favorita também ao longo de toda a temporada de prémios, protagonizou uma das mensagens políticas da noite que já está a ser marcada pelas alusões à polémica racial que envolveu a colheita Óscar deste ano. Mas dedicou-se às mulheres. Esta foi a primeira vitória da noite para Boyhood na cerimónia e o primeiro Óscar para a actriz norte-americana. "É a nossa vez de ter igualdade salarial", invectivou a actriz no seu discurso de agradecimento, recebendo aplausos de pé e sinais de apoio das suas colegas nomeadas, entre as quais uma fervorosa Meryl Streep (que estava nomeada para um Óscar pela 19. ª vez). Numa referência à paridade na sociedade em geral, agradecendo também a "todas as mulheres que deram à luz", Arquette fez a primeira alusão da noite dos 87. ºs prémios da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas a uma das polémicas do último ano - não só as estatísticas que provam a subrepresentação das mulheres na indústria cinematográfica, mas também questões vindas a lume na esteira do escândalo da Sony que mostrou a desigualdade salarial entre actores e actrizes em Hollywood. "Para cada mulher que deu à luz, para cada contribuinte e cidadão deste país, lutámos pela igualdade de direitos de todos os outros. É a nossa vez de ter igualdade salarial de uma vez por todas e igualdade de direitos para as mulheres nos Estados Unidos da América", disse Arquette. Estavam também nomeadas Keira Knightley por O Jogo da Imitação, Emma Stone por Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância), Meryl Streep por Caminho da Floresta e Laura Dern por Livre. A lista completa de vencedores pode ser consultada aqui.
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE