Jornal judeu ultra-ortodoxo apaga mulheres da manifestação de Paris
Angela Merkel, Ewa Kopacz, Anne Hidalgo e Federica Mogherini foram deliberadamente retiradas da fotografia publicada pelo diário israelita HaMevaser. (...)

Jornal judeu ultra-ortodoxo apaga mulheres da manifestação de Paris
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-04-29 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20150429091924/http://www.publico.pt/1682188
SUMÁRIO: Angela Merkel, Ewa Kopacz, Anne Hidalgo e Federica Mogherini foram deliberadamente retiradas da fotografia publicada pelo diário israelita HaMevaser.
TEXTO: Um dos debates que por estes dias mais tem ocupado os meios de comunicação e as redes sociais é se somos ou não todos Charlie, e porquê. Mas há quem não se comova com a discussão. Em Israel, um jornal judeu ultra-ortodoxo decidiu, apesar dos aspectos muito particulares do momento, aplicar a sua linha editorial sem concessões e apagou todas as mulheres da fotografia dos líderes políticos na manifestação de domingo, em Paris. O HaMevaser – cujo proprietário, Meir Porush, é um antigo membro do Parlamento – publicou na primeira página de segunda-feira uma fotografia adulterada em que a chancelar alemã, Angela Merkel, a primeira-ministra polaca, Ewa Kopacz, a presidente da câmara de Paris, Anne Hidalgo, e a alta-representante da União Europeia para Política Externa e Segurança, Federica Mogherini, as quatro mulheres que figuravam na imagem original, foram apagadas. Não é a primeira vez que uma publicação dirigida por e para judeus ultra-ortodoxos retira as mulheres de fotografias colectivas. Em 2011, foi Hillary Rodham Clinton, então secretária de Estado norte-americana, que desapareceu da Situation Room da Casa Branca, juntamente com a directora de contraterrorismo, Audrey Tomason, na fotografia publicada pelo Die Tzeitung para ilustrar a caça ao homem de que foi alvo Osama Bin Laden e que culminou com a sua morte. O New York Times explica que estes jornais “geralmente evitam imagens de mulheres por uma questão de modéstia, e o seu público-alvo é conhecido por riscar os rostos de mulheres nos anúncios dos autocarros e de as impedir de concorrer a cargos políticos pelos seus partidos”. Mas, dada a situação, e tal como a maioria dos muçulmanos se distanciaram publicamente das acções dos terroristas, também há judeus a fazê-lo neste caso. Mesmo em Israel. “É muito embaraçoso que, numa altura em que o mundo ocidental está a marchar contra manifestações de extremismo religioso, os nossos extremistas encontrem uma forma de tomar conta do palco”, escreve Allison Kaplan Sommer no Haaretz, diário hebraico que se assume como liberal. A colunista lamenta a negação da importância das mulheres no mundo. O trabalho de manipulação da imagem é “bastante desajeitado”, segundo o Mediaite, que identifica alguns dos problemas do resultado final. O site norte-americano nota que até a Presidente da Suíça, Simonetta Sommaruga, cujo perfil mal se percebe no original, à direita, foi retocada. As restantes mulheres foram cortadas e os homens aproximados, para encobrir a falta de pessoas. Um dos efeitos curiosos dessa acção é a aproximação do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e do Presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas. O ex-Presidente francês Nicolas Sarkozy, que está a ser ridicularizado nas redes sociais por ter quebrado o protocolo para se juntar à fila da frente da marcha, ficou na fotografia deturpada do HaMevaser. A manipulação – que foi denunciada por um outro órgão de informação israelita, o Walla – já teve resposta de uma publicação satírica irlandesa, o Waterford Whispers News, que ainda na terça-feira pôs a circular a versão da fotografia de um “jornal feminista”: o grupo de líderes é reduzido a três pessoas – Federica Mogherini, Anne Hidalgo e Angela Merkel –, que ficam absolutamente sós na rua de Paris. O que levanta outra questão: o diminuto número de mulheres em lugares de destaque na cena política mundial.
REFERÊNCIAS:
Étnia Judeu
Nasceu a princesa de Cambridge, quarta na linha da sucessão do trono britânico
O segundo filho de William e Kate nasceu num momento particular: dentro de dias há eleições legislativas. (...)

Nasceu a princesa de Cambridge, quarta na linha da sucessão do trono britânico
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: O segundo filho de William e Kate nasceu num momento particular: dentro de dias há eleições legislativas.
TEXTO: A nação – representada pelas centenas de pessoas concentradas à porta do hospital St. Mary, em Londres – queria uma princesa. E é rapariga a segunda filha dos duques de Cambridge, William e Catherine. Nasceu às 8h44, duas horas depois de a mãe ter chegado à maternidade. Mal se soube que Kate (como é tratada) chegara à maternidade – à ala Lindo do St. Mary –, a multidão começou a juntar-se. Alguns levaram sacos de cama, preparando-se para uma longa espera, mesmo para passar a noite, se preciso fosse. Kate esteve dez horas em trabalho de parto quando nasceu o primeiro filho, George, que tem agora 21 meses. Quando George nasceu, a multidão era bem maior. “Foi diferente porque o nascimento de George foi o nascimento de um rei, o que não é agora o caso”, disse à Sky News o especialista em assuntos reais Alastair Bruce. Ainda assim, a multidão, entre ela alguns turistas, estava emocionada. Um grupo decidiu fazer uma aposta informal sobre o nome que William e Kate escolherão para a filha. Alice estava em primeiro lugar, Charlotte a seguir. Pode demorar alguns dias até saber-se o nome. O de George foi divulgado três dias depois de a criança ter nascido, o que foi um enorme progresso em relação ao passado – só se soube que o príncipe Carlos se chamava Carlos um mês depois de ter nascido. O anúncio do nascimento foi feito pela maneira tradicional, mas também via redes sociais. À porta da maternidade, um funcionário do palácio vestido a rigor, gritou à multidão: “oh yey, oh yey, oh yey. Neste dia, o segundo dia de Maio do ano 2015, damos as boas vindas com humildade ao segundo filho do duque e da duquesa de Cambridge. A princesa é a quarta na linha de sucessão do trono, desejamos-lhes felicidades. Que Deus proteja a rainha”. Numa das portas do Palácio de Buckingham será afixada uma proclamação. Termina tradição com 300 anos A nova princesa de Cambridge é a quarta na linha de sucessão, atrás do avô, Carlos – que tinha dito que queria muito uma neta –, do pai William e do irmão mais velho George. No passado dia 28 de Março, o governo britânico anunciou a entrada em vigor de uma lei que pôs fim a uma tradição de 300 anos da primogenitura masculina. Consequência: a herdeira que agora nasceu não pode ser afastada por eventuais irmãos mais novos do sexo masculino. Ou seja, ela mantém-se no quarto lugar na ordem de sucessão ao trono. No entanto, os eventuais filhos de George irão ultrapassá-la na linha de sucessão. Até agora, as princesas subiam ao trono por defeito, na ausência de irmãos mais novos. A rainha Isabel II, bisavó da herdeira que agora nasceu, chegou ao trono porque tinha uma irmã mais nova mas não um irmão. Depois de anos de debates para pôr fim a esta desigualdade, a mudança legislativa foi precipitada pelo casamento de William e Kate em 2011. A nova lei só se aplica aos herdeiros nascidos “depois de 28 de Outubro de 2011” o que exclui da linha sucessória a princesa Ana, segunda filha da Rainha Isabel e do príncipe Philip. O Reino Unido não é o primeiro país a modernizar as suas regras de sucessão. Suécia, Bélgica, Dinamarca, Holanda, Luxemburgo e Noruega já o fizeram antes. Espanha e o Mónaco ainda mantêm a primogenitura masculina. Legislativas na quinta-feiraA nova princesa nasceu num momento muito particular no Reino Unido. Na quinta-feira há legislativas e um dos temas no topo da agenda eleitoral é a composição futura da união, com o partido nacionalista escocês, que defende a independência da Escócia, a preparar-se para ter um resultado histórico e a dizer que um segundo referendo sobre a separação vai acontecer – no primeiro, realizado no ano passado, o “não” à independência ganhou por curta margem. “A monarquia existe para defender o processo democrático”, considerou Alastair Bruce, que espera que este nascimento não perturbe o processo eleitoral. O facto de ser um segundo filho irá fazer com que o nascimento desta princesa não domine a agenda dos media, disse. “É uma excelente notícia darmos as boas vindas a uma nova vida. Mas nada pode interferir no processo da nação tomar decisões. Claro que eles [os duques] não têm culpa de a filha ter nascido neste momento”, disse o comentador. Mas os líderes fizeram uma pequena pausa na campanha para darem os parabéns ao casal – Ed Miliband, David Cameron e um entusiasta Nick Clegg que numa sessão de campanha pediu aplausos par a nova princesa. Farage também desejou felicidades. William, que assistiu ao parto, saiu do hospital ao fim da tarde, para ir buscar o filho para ver a mãe e a irmã. “Estamos muito felizes”, disse, acrescentando que a mulher e a filha estão “bem”. Ainda antes da hora do jantar, os duques de Cambridge deixaram o hospital em direcção ao palácio de Kensington.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave filha lei filho mulher rainha criança sexo princesa casamento rapariga
Morreu Sonia Rykiel, “rainha das malhas” e ícone da moda parisiense
Aos 86 anos, desaparece a criadora conhecida pelo seu trabalho no knitwear, libertador da silhueta feminina nos anos 1960, e na boémia da Rive Gauche e Saint-Germain-des-Prés. Em 2004, esteve na ModaLisboa. (...)

Morreu Sonia Rykiel, “rainha das malhas” e ícone da moda parisiense
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2016-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Aos 86 anos, desaparece a criadora conhecida pelo seu trabalho no knitwear, libertador da silhueta feminina nos anos 1960, e na boémia da Rive Gauche e Saint-Germain-des-Prés. Em 2004, esteve na ModaLisboa.
TEXTO: As malhas, as cores, o conforto e uma versão boémia do je ne sais quoi parisiense – esse é, em parte, o legado de Sonia Rykiel, criadora de moda francesa que morreu esta quinta-feira aos 86 anos. “A filosofia Rykiel é que o luxo é para sonhar mas também é importante que não seja uma frustração”, resumia ao PÚBLICO a filha da designer, Nathalie Rykiel, sua herdeira criativa e responsável pela sua marca desde que a doença limitou o trabalho da chamada “rainha das malhas”. Não era só Rive Gauche e Saint-Germain-des-Prés, mas estava lá parte da sua raiz emocional e do seu chic. Estávamos em Dezembro de 2009, em Paris, e Sonia Rykiel apresentava a sua colecção especial de colaboração com a marca de moda rápida H&M. Nathalie Rykiel, que chegara a ser modelo da Rykiel, recebia os jornalistas numa sala ricamente decorada e pontuada pelas cores, do negro às riscas rosa, rosa-velho, amarelo ou púrpura, que se tornaram sinónimo de “Sonia Rykiel” no dicionário da moda. Representava a mãe, a ruiva dos cabelos fartos de corte geométrico que começara a trabalhar em 1962 quando procurava, como tantos designers fazem na sua profissão, resolver um problema – não encontrava malhas suaves para usar durante a gravidez (teve dois filhos, Nathalie, em 1955, e Jean-Philippe). Sonia Rykiel era filha de um relojoeiro romeno, de apelido Flis. A sua mãe era russa e o seu local de nascimento a cidade satélite de Paris, Neuilly, em 1930. O seu apelido vem do seu marido, o lojista de vestuário Sam, mas a loja Laura não tinha nada de que Sonia, que achava que a moda era uma coisa “para os outros”, como disse ao Guardian em 2013, gostasse. Lá pediu a um fornecedor que ajustasse umas camisolas de malha que achou que serviriam à sua figura esguia, e “à sétima [tentativa] estava perfeita”. A sua peça-chave é a primeira – a camisola que ficou conhecida como a Poor Boy Sweater, mangas longas mas um corte mais cingido ao corpo e também mais curto que o costume à época. O que agora parece uma simples camisola de malha justa, às riscas rosa, vermelho, rosa-pálido e negro, com pontos visíveis e uma gola elevada mas folgada, tornou-se um sucesso na capa da revista Elle. A edição francesa da revista juntou dois elementos combustíveis: Françoise Hardy aos 19 anos e um novo estilo. No fim de 1963, a camisola colou-se ao corpo das estrelas pop francesas do momento, de Brigitte Bardot a Sylvie Vartan. Audrey Hepburn foi às compras em Paris em busca da famosa camisola com ligeiro canelado que se tornaria uma peça replicada, imitada e integrada no guarda-roupa mundial. A camisola de malha das riscas Rykiel foi importante porque, além de se ajustar ao espírito da década em que foi fervorosamente usada, "na altura as malhas eram sempre num ponto espesso que criavam roupa pesada", contextualizava Marie Ricki, directora da escola de moda Studio Berçot, ao Guardian. Caíam de forma rígida, eram pouco versáteis. A reinvenção de Sonia Rykiel foi torná-las mais femininas. Vendia-as na boutique Laura e via a sua criação misturar-se com o que faziam Courrèges ou Mary Quant, com o que se vendia na Rive Gauche mas também em King's Road, em Londres. Com o que vestiam, mais confortáveis, as mulheres – e os homens – sixties. Esta quinta-feira, o Presidente francês, François Hollande, lembrou-a como uma "pioneira" que "deu às mulheres a liberdade de movimento". Passados seis anos, em 1968, Sonia fundava a casa homónima e continuaria a desenhar até 2009, quando recebeu a Legião de Honra francesa, viu inaugurar-se a “sua” exposição monográfica no Museu das Artes Decorativas de Paris e assistiu à homenagem que 30 criadores de moda de todas as origens fizeram ao seu trabalho para celebrar os 40 anos da maison Rykiel. “Este trabalho caiu-me em cima. Não queria fazê-lo. Foi um acidente. Nos primeiros dez anos, eu dizia: ‘Amanhã vou parar. ’ Primeiro fiz um vestido porque estava grávida e queria ser a grávida mais bonita. Depois fiz uma camisola porque queria ter uma camisola que não fosse como a de todos os outros. Tornei-me a rainha das camisolas de malha sem sequer saber como se faz uma”, disparou numa entrevista à revista Interview em 2009, quando recordou ter de explicar ao seu correligionário e admirador Jean Paul Gaultier: “Sabe que eu não sei tricotar?” “E ele disse: ‘Ainda não sabe?’ É verdade. Não sei fazer malha. ” Nesse ano, retirou-se oficialmente. Foi-lhe diagnosticada a doença de Parkinson logo nos anos 1990, mas não limitou a capacidade de trabalho a não ser muitos anos mais tarde, quando passaria o testemunho à filha, que em 2007 já era presidente da marca. A doença provocou as complicações que originaram a sua morte, disse na manhã desta quinta-feira Nathalie Rykiel à agência de notícias AFP, confirmando que Sonia faleceu pelas 5h em sua casa, na capital francesa. pic. twitter. com/WU29LKLhkcVestia de negro, quase sempre, em contraste com a explosão colorida dos anos 1960 que alimentou a fundação da sua marca e da sua abordagem à moda. Em Março de 2004, esteve na ModaLisboa a convite da organização para fazer desfilar uma das suas colecções. "Foi um convite simbólico a alguém que fazia já parte da história da moda", recorda Eduarda Abbondanza, presidente da Associação ModaLisboa. Com ela veio Nathalie Rykiel e muitas "camisolas com corações", diz ao PÚBLICO, obras de uma "pioneira que continuava activa" e que veio cumprir um papel na plataforma lisboeta, o de "misturar quem iniciou uma série de processos na passerelle" mundial com os criadores nacionais. Várias peças Sonia Rykiel integram também a colecção Francisco Capelo do Museu do Design e da Moda (Mude) em Lisboa. Escreveu diversos livros, aventurou-se na decoração, e tinha um lado de actriz – aliás, é inspiração para a protagonista (e participante em nome próprio) de Prêt-à-Porter de Robert Altman, sobre o sector da moda. “Acho que sou uma boa ladra – o que significa que tudo o que ouço, tudo o que vejo se torna parte do que faço”, disse à mesma Interview, com a filha Nathalie ao lado, no final de 2009. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Além do traço criativo, Sonia Rykiel distinguia-se por outro elemento: o seu posicionamento no mercado. O negócio da moda, a indústria, é dominado pelos grandes grupos, de moda rápida ou de luxo, fundos de investimento ou empresas de várias áreas de actividade, que detêm marcas como a Dior, John Galliano ou Gucci. Eram poucos, como Giorgio Armani, ou Sonia Rykiel, os designers e criadores donos da sua marca, da sua casa, do seu nome. Em 2012, a Rykiel acabou por se aliar a um fundo para se financiar. A sua sede continua a ser no Boulevard Saint-Germain, na zona de Saint-Germain-des-Prés e na Rive Gauche com que sempre a identificaram, mas Sonia não gostava de se limitar a isso, a essa “ideia intelectual” da margem esquerda do Sena; a filha, porém, assume: “A Rykiel encarna o chique francês. Não só isso, é o chique de Paris, é o chique da Rive Gauche. E, para ser mais precisa, é sobre Saint-Germain des Prés. ”Em Janeiro de 2014, Julie de Libran, que abandonou o cargo de directora das linhas femininas na Louis Vuitton, assumiu a função de directora criativa da casa Sonia Rykiel e manteve-se fiel à assinatura da fundadora. Nathalie Rykiel continua a ser consultora da marca nas suas várias áreas de negócio, dos acessórios à perfumaria.
REFERÊNCIAS:
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Japão reforça apoio a menores após morte chocante de menina de cinco anos
Yua Funato morreu em Março, depois de ter pedido ajuda contra o abuso continuado dos pais, um caso que abalou o país. (...)

Japão reforça apoio a menores após morte chocante de menina de cinco anos
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 9 | Sentimento -1.0
DATA: 2018-07-20 | Jornal Público
SUMÁRIO: Yua Funato morreu em Março, depois de ter pedido ajuda contra o abuso continuado dos pais, um caso que abalou o país.
TEXTO: O Governo japonês liderado por Shinzo Abe (conservador) decretou medidas urgentes para reforçar a rede de apoio a menores, na sequência de um caso de abuso infantil que abalou o Japão. Yua Funato, de cinco anos, morreu em Março, por complicações de saúde induzidas por uma série de abusos e de negligência e malnutrição. Quando morreu, pesava 12 quilos, peso habitual em crianças de dois anos. A morte dela "é de partir o coração", admitiu o primeiro-ministro japonês, que deu a cara por um plano que passa pela contratação de mais 60% de assistentes sociais nos próximos cinco anos e uma maior vigilância sobre crianças do pré-escolar. Os pais de Yua Funato foram detidos em Junho e acusados de negligência, devendo responder judicialmente pela morte da filha, que implorou por ajuda, por escrito. Os pedidos foram ignorados, o que aumentou ainda mais o choque num país cioso de valores tradicionais como a defesa do bem-estar dos menores. Yua Funato tinha um caderno em casa, que usava para exercícios de escrita sob coacção do padrasto, que também lhe batia. Numa das páginas, deixou um pedido: "Mamã, vou portar-me melhor, muito melhor amanhã do que hoje, sem ser preciso que me digam. Desculpa-me, peço-te que me perdoes. " Quando alguém viu o que tinha escrito, já era tarde de mais. "O Governo vai trabalhar para garantir que a sociedade protege a vida das crianças", prometeu o principal porta-voz do executivo, Yoshihide Suga, citado pela Reuters, durante a conferência de imprensa desta sexta-feira, que decorreu em Tóquio, para anunciar o plano governamental. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Em concreto, o executivo quer contratar cerca de dois mil assistentes sociais, até 2022, que se juntarão aos actuais 3250 existentes no país. Três semanas antes de morrer, Yua Funato foi visitada por alguns destes profissionais, cuja entrada em casa da família foi recusada pela mãe. O porta-voz do Governo explicou que, na altura, os assistentes sociais não insistiram em ver a criança porque a família já não estava sob vigilância da Segurança Social. Queriam estabelecer uma relação amigável com a família e, por essa razão, acabaram por deixar a casa sem ver a menina. Além da contratação de mais profissionais — uma lacuna que tem sido fortemente criticada no Japão, diz a Reuters — o executivo de Tóquio também muda as regras sobre visitas de assistentes sociais, que passam a estar autorizados a entrar em casa, num prazo de 48 horas após serem notificados de queixas de abusos ou negligência envolvendo menores. Se a entrada deles for rejeitada, a polícia passa a prestar auxílio. E as autarquias estão agora mandatadas a fazer um levantamento das situações de menores que possam estar em situação de risco.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave morte filha ajuda social criança japonês abuso infantil
Coreia do Norte põe reunião de famílias em risco ao exigir repatriamento de 12 mulheres
Trabalhavam num restaurante norte-coreano na China e foram levadas para a Coreia do Sul sem saberem para onde iam. Mas o repatriamento é complicado. (...)

Coreia do Norte põe reunião de famílias em risco ao exigir repatriamento de 12 mulheres
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-07-20 | Jornal Público
SUMÁRIO: Trabalhavam num restaurante norte-coreano na China e foram levadas para a Coreia do Sul sem saberem para onde iam. Mas o repatriamento é complicado.
TEXTO: A Coreia do Norte fez saber nesta sexta-feira que uma reunião de familiares que ficaram divididos pela guerra e que estava agendada para Agosto pode não acontecer se 12 mulheres que chegaram ao Sul há dois anos não lhe forem devolvidas. As 12 mulheres eram empregadas de um restaurante norte-coreano na China e chegaram à Coreia do Sul em 2016. Pyongyang acusou Seul de as ter raptado, a Coreia do Sul responde que entraram no país de livre vontade. Não fazem parte do grupo de 31 mil pessoas que fugiu do Norte para Sul desde que a guerra (1950-53) acabou. Este grupo de mulheres tem sido usado pelo Norte para rejeitar os pedidos do Sul para a realização de encontros entre familiares que foram separados após a divisão da Península Coreana em dois países. Porém, nota a Associated Press, agora – e pela primeira vez – o governo de Pyongyang relaciona directamente as mulheres com os encontros familiares. Estas reuniões foram faladas na cimeira histórica Norte-Sul, quando o diálogo entre os dois lados foi reaberto. O processo culminou com outra cimeira histórica, entre os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da Coreia do Norte, Kim Jong-un, que desanuviou a tensão regional ao prometer a desnuclearização da península. Nos últimos meses surgiram notícias sobre a possibilidade de as mulheres terem de facto entrado no Sul sem perceberem. Um especialista em direitos humanos na Coreia do Norte das Nações Unidas, Tomas Ojea Quinatana, disse aos jornalistas em Seul que falou com as 12 mulheres e que estas lhe disseram que algumas desconheciam que iam para a Coreia do Sul quando deixaram a China. “Pode ter havido crime se foram levadas contra a vontade", disse Quinatana. "O governo da República da Coreia tem o dever de investigar o que se passou". Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Artigos na imprensa sul-coreana citando algumas das mulheres e o gerente que as acompanhou têm defendido que as mulheres não sabiam para onde iam quando saíram da China. As 12 mulheres chegaram à Coreia do Sul quando o país era governado pelos conservadores, que tinham uma abordagem distinta em relação a Pyongyang e ao seu programa nuclear. O actual Presidente, Moon Jae-in, é favorável à reaproximação e ao diálogo. Mas os analistas dizem que o repatriamento destas mulheres é um assunto delicado - algumas podem querer ficar onde estão, outras poderão recear que os familiares no Norte sofram represálias. Desde o final da guerra, as duas Coreias proibiram visitas a familiares no outro lado. É preciso autorização especial e os dois governos já promoveram encontros. O programa começou em 2000 e, desde então, perto de 20 mil pessoas participaram nestas reuniões familiares. Segundo o Ministério para a Reunificação de Seul, das 132 mil pessoas que se inscreveram no programa, 75 mil já morreram (os participantes são escolhidos por lotaria). A última reunião familiar teve lugar em 2014.
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE
Terre de Femmes está à procura de projectos ambientais assinados por mulheres
Se és mulher, tens mais de 18 anos e um projecto amigo do ambiente já implementado, o Prémio Terre de Femmes é para ti. Candidaturas abertas até 8 de Outubro. (...)

Terre de Femmes está à procura de projectos ambientais assinados por mulheres
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-07-18 | Jornal Público
SUMÁRIO: Se és mulher, tens mais de 18 anos e um projecto amigo do ambiente já implementado, o Prémio Terre de Femmes é para ti. Candidaturas abertas até 8 de Outubro.
TEXTO: Estão abertas as candidaturas para o Prémio Terre de Femmes, iniciativa promovida pela Fundação Yves Rocher que anualmente distingue projectos na área do ambiente com assinatura feminina. Por isso, se és mulher, tens mais de 18 anos e um projecto amigo do ambiente já implementado — seja de forma independente, através de uma estrutura sem fins lucrativos ou via entidades com objecto comercial —, este concurso é para ti. Na edição deste ano, o número de premiadas e o valor a atribuir a cada um dos lugares do pódio aumentaram. Em vez de uma, passam agora a ser três as distinções e, em vez de 10. 000 euros, o donativo passa a ser de 18. 000: 10. 000 para a primeira classificada, 5000 para o segundo lugar e 3000 para a terceira mulher distinguida. Além do prémio atribuído em Portugal, a primeira classificada fica também habilitada ao internacional, igualmente no valor de 10. 000 euros, conseguido pela portuguesa Milene Matos em 2015 com um projecto direccionado para a Mata Nacional do Buçaco. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Estrela Matilde e Cristiana Costa foram as premiadas na edição deste ano. O período de candidaturas ao Prémio Terre de Femmes — que tem como principal objectivo o reforço da liderança e a autonomização das mulheres, ao mesmo tempo que dá visibilidade e apoia financeiramente projectos amigos do ambiente — termina a 8 de Outubro e as propostas devem ser submetidas para a morada da Yves Rocher Portugal ou para terredefemmes. portugal@yrnet. com. Em 2017, a vencedora do Terre de Femmes Portugal foi Estrela Matilde, uma alentejana a viver na Ilha do Príncipe que criou a Cooperativa de Valorização dos Resíduos, através da qual orienta um grupo de dez mulheres que desenvolvem jóias a partir de garrafas de vidro recicladas, o que tem contribuído para o desenvolvimento económico e social de muitas famílias de São Tomé e Príncipe. Em segundo lugar ficou Cristiana Costa, que aos 23 anos criou a Näz, uma marca de roupa portuguesa que utiliza excedentes da indústria têxtil.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave mulher social mulheres feminina
Malala diz que não merece o Nobel da Paz
A activista paquistanesa pelo direito das mulheres à educação defende que ainda precisa de trabalhar muito. Vencedor é conhecido na sexta-feira. (...)

Malala diz que não merece o Nobel da Paz
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-04-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: A activista paquistanesa pelo direito das mulheres à educação defende que ainda precisa de trabalhar muito. Vencedor é conhecido na sexta-feira.
TEXTO: No dia em que se assinala o aniversário do ataque que poderia ter-lhe custado a vida, a jovem paquistanesa Malala Yousafzaï afirmou não merecer o Prémio Nobel da Paz, para o qual é uma das favoritas. A activista de 16 anos considera que “há muito mais gente que merece o Prémio Nobel”. “Penso que ainda preciso de trabalhar muito. Na minha opinião, ainda não fiz assim tanto para ganhar o Prémio Nobel da Paz”, realçou Malala, em declarações à rádio paquistanesa City89 FM, citada pela AFP. Malala é uma das favoritas para receber o Prémio Nobel da Paz, atribuído na sexta-feira, pela sua luta pelos direitos das crianças e das mulheres. A jovem está também nomeada para o Prémio Sakharov, atribuído pelo Parlamento Europeu, cujo vencedor é conhecido esta quinta-feira. A 9 de Outubro de 2012, um grupo de talibans lançou um ataque à aldeia paquistanesa de Mingora, no Vale de Swat, na fronteira com o Afeganistão, que tinha como objectivo assassinar a jovem, numa altura em que a sua luta pelo direito à educação começava a fazer manchetes em todo o mundo. O ataque saiu gorado e, desde então, Malala tornou-se um símbolo dos direitos das crianças. Logo após ter sobrevivido ao ataque, uma petição para que Malala fosse nomeada para o Prémio Nobel da Paz juntou mais de 60 mil pessoas em apenas um mês. Na altura, uma representante desse movimento referiu ao The Guardian que “Malala não representa apenas as jovens mulheres, ela fala em nome de todos a quem lhes é negada a educação apenas por causa do género”. Shahida Choudhary sublinhava que a entrega do Nobel à paquistanesa “vai mandar uma mensagem clara de que o mundo está atento e que apoia aqueles que defendem os direitos das mulheres à educação”. Recentemente, Malala, discursando na sede das Nações Unidas em Nova Iorque, apelou ao acesso à educação para todas as crianças. “Um aluno, um professor, um livro e uma caneta podem mudar o mundo. A educação é a única solução. Educação primeiro”, destacou a jovem. Malala começou o seu activismo mais cedo do que o comum. Aos 14 anos já era um símbolo nacional: venceu o National Peace Award for Youth, no Paquistão, e foi nomeada para o International Children’s Peace Prize, da Dutch Kids Rights Foundation. A sua luta começou em 2009 quando os taliban começaram a impor a sharia (lei islâmica) na região do Vale de Swat, onde vivia. Desobedecendo à proibição de frequentar a escola, Malala insistiu. Dizia, apenas com 11 anos, numa reportagem to New York Times: “No caminho para a escola eles podem matar-nos, atirar-nos com ácido para a cara, fazer o que entenderem. Mas eles não podem parar-me, eu vou ter a minha educação”. A “insurreição” de Malala era acompanhada por um diário que actualizava diariamente para o site da BBC Urdu. Nele denunciava o domínio dos taliban sobre a sua aldeia e de como impediam as mulheres de aceder à educação. Aos poucos, os seus relatos começaram a ter eco e os taliban viram na jovem um perigoso foco de rebelião que precisava de ser contido. O ataque que faz hoje um ano era apenas uma questão de tempo.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos lei escola educação ataque género mulheres
Sete anos de prisão para antigo catequista da Azambuja por abuso sexual de crianças
Homem foi condenado por 16 crimes de abuso de crianças entre os nove os 11 anos. (...)

Sete anos de prisão para antigo catequista da Azambuja por abuso sexual de crianças
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 9 | Sentimento 0.25
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Homem foi condenado por 16 crimes de abuso de crianças entre os nove os 11 anos.
TEXTO: Um antigo catequista da freguesia de Aveiras de Baixo, concelho de Azambuja, foi esta quinta-feira condenado a sete anos de prisão por 16 crimes de abuso sexual de quatro crianças, com idades entre os nove e os 11 anos. O arguido estava inicialmente acusado pelo Ministério Público (MP) de 14 crimes, mas em julgamento - que decorreu à porta fechada - o Tribunal do Cartaxo decidiu acrescentar mais dois crimes aos 14, pelos quais estava anteriormente acusado. O colectivo de juízes condenou o arguido, agora com 29 anos, a um ano e oito meses de prisão por cada um dos 16 crimes de abuso sexual de crianças, tendo aplicado, em cúmulo jurídico, a pena única de sete anos de prisão.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave tribunal prisão sexual abuso
Tupperware já não é um negócio exclusivo de mulheres e as vendas não param de aumentar
Fábrica de Abrantes continua a ser a mais produtiva da Europa e Janeiro o mês em que mais se vende. (...)

Tupperware já não é um negócio exclusivo de mulheres e as vendas não param de aumentar
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Fábrica de Abrantes continua a ser a mais produtiva da Europa e Janeiro o mês em que mais se vende.
TEXTO: Cerca de 1500 mulheres, e alguns homens, encheram este sábado o auditório do Europarque, em Santa Maria da Feira, para mais um encontro da Tupperware. Com música alta e palmas efusivas da plateia, as melhores vendedoras das últimas semanas receberam presentes, as melhores chefes de grupo também, e a festa durou mais de duas horas. Inácio Almeida é polícia municipal e chefe de um grupo de 12 demonstradoras Tupperware do distrito do Porto. Também subiu ao palco para receber um chocolate com o seu nome gravado porque o seu grupo esteve no top de vendas da semana 43. “Em vez de ir para o café, resolvi ajudar a minha mulher nas demonstrações”, conta. Não tardou a ser convidado para chefiar um grupo e garante que tem sempre o cuidado de explicar, antes de qualquer demonstração, o que faz um homem entre mulheres. E diz isso mesmo: que em vez de ir para o café, prefere ocupar o tempo a demonstrar as qualidades dos artigos Tupperware. “Os produtos têm de ser bem demonstrados, os produtos têm valor e uma garantia de dez anos”, refere. Com 51 anos, leva o trabalho extra a sério e já planeou todas as semanas de Janeiro. Esse é o mês que a Tupperware mais factura, embora não avance com números. A estratégia é ser diferente e mostrar que o primeiro mês do ano pode ser mais lucrativo do que o último. E o próximo Janeiro será diferente. No catálogo de vendas estará uma panela de pressão para cozinhar em microondas, apresentada como novidade a nível mundial. Além disso, o ano de 2015 será especial porque a Tupperware faz 50 anos em Portugal. Certamente, haverá mais novidades. José Pedro é informático, tem 41 anos, e entrou no mundo Tupperware há sete anos. A mulher saiu, ele entrou. Hoje chefia um grupo de quatro vendedoras. “É um extra e é evidente que temos de ter uma relação muito boa com as pessoas que trabalham connosco”. Confessa que há uma ligeira surpresa quando veste a pele de demonstrador, impacto que rapidamente desaparece. O importante é demonstrar todas as potencialidades dos produtos, saber tudo sobre ele para cativar clientes. Por isso, há formações todas as semanas. “Dá algum trabalho na fase de lançamento dos artigos novos, mas chega-se ao fim e compensa”. José Pedro sabe que tem de dar o exemplo. “Se eu não cumprir os objectivos, elas também não cumprem”. A música continua a sair das colunas. Anunciam-se mais prémios e não tardará muito a revelar-se que em Janeiro haverá uma viagem de incentivo, um cruzeiro por algumas cidades do Mediterrâneo, a quem mais vendas fizer nesse mês. Pedro Araújo é vendedor de peças automóveis de dia e chefe de um grupo da Tupperware nos tempos livres. Tem 43 anos, está no grupo das “Divas” do distrito de Braga, há oito anos entrou para a Tupperware por incentivo da mulher. Não se arrepende. “É um extra para ajudar nas lides financeiras”, diz. Garante que não há observações por ser homem no mundo dominado por mulheres. “Há cada vez mais homens”. O colega José Fernandes, 57 anos, também de Braga, funcionário público, concorda. Entrou para ajudar a mulher, passados dez anos continua a ser demonstrador. “É mais dinheiro que entra. Todas as semanas temos formação, falamos dos novos artigos”. Vendas a crescerO director nacional de vendas, Jorge Santos, abre a sessão e fala de um “ano fantástico”. Os números saltam à vista: as vendas da Tupperware Portugal cresceram 19% de 2012 para 2013 e 21% no primeiro mês deste ano em comparação com Janeiro de 2013, prevendo-se um crescimento acima dos 10% no final deste ano. Em 2013, havia 10. 700 demonstradores, a maioria mulheres. Em 2014, são 12. 500. A fábrica portuguesa, em Abrantes, tem 400 funcionários, e é a mais produtiva da Europa com 97% dos produtos a serem exportados. Jorge Santos salienta a vertente do contacto directo para explicar parte do sucesso da Tupperware. “Quando os produtos são demonstrados em casa das pessoas, quando vêem ao vivo como o artigo funciona, o contexto muda completamente”, refere. Há uma equação que, na sua opinião, faz a diferença. “Demonstra-se o artigo para que o produto mais a demonstração seja um super-produto”. Os ingredientes trabalho, preparação e transpiração, juntam-se e funcionam. O número de homens na família Tupperware tem aumentado nos últimos anos. Não se fizeram cálculos sobre essas percentagens, mas confirma-se que o mundo da Tupperware não tem apenas demonstradoras, chefes mulheres ou coordenadoras. “Cada vez mais, os homens vêem na Tupperware uma oportunidade de negócio”, comenta Jorge Santos.
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Monserrate: A casa de um milionário inglês que competia com o rei de Portugal
Eram praticamente da mesma idade (quatro meses de diferença) e os dois apaixonados por Sintra e por arte. Um casou com a rainha de Portugal e construiu o Palácio da Pena. O outro era um comerciante inglês que fez de Monserrate a sua Downton Abbey. Estavam sempre a competir. (...)

Monserrate: A casa de um milionário inglês que competia com o rei de Portugal
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-12-04 | Jornal Público
SUMÁRIO: Eram praticamente da mesma idade (quatro meses de diferença) e os dois apaixonados por Sintra e por arte. Um casou com a rainha de Portugal e construiu o Palácio da Pena. O outro era um comerciante inglês que fez de Monserrate a sua Downton Abbey. Estavam sempre a competir.
TEXTO: Olhando as fotografias que dele se conhecem em Monserrate, não é difícil imaginá-lo a percorrer a quinta de burro com os amigos para apreciar os jardins cheios de espécies exóticas, cascatas e ruínas aos gosto da época. A Sintra romântica dos escritores e poetas britânicos, sobretudo a de Lord Byron e de William Beckford, que chegou a arrendar o palacete que ali existia antes da chegada de Francis Cook, fascinava este homem de negócios que fez fortuna pegando na empresa do pai, que negociava em tecidos, e viajando pela Europa e pelo Médio Oriente. Os jardins eram também o cenário ideal para as festas em que os donos desta casa de Verão e os seus convidados se mascaravam, retirando para o interior do palacete quando a noite se aproximava, para jantar e passar o serão nas salas do bilhar ou da música, onde hoje já está montada a árvore de Natal, junto ao piano. É para celebrar os 200 anos do nascimento de Francis Cook (1817-1901), o inglês que comprou a quinta de Monserrate em 1856 e reformou o palacete onde Beckford tinha vivido, que abre hoje a exposição Monserrate Revisitado – A Colecção Cook em Portugal (até 31 de Maio). Reúne no pequeno palácio mais de 50 obras de arte (pintura, escultura, mobiliário, porcelana, têxteis ou ourivesaria) que pertenceram ao seu valioso recheio, disperso por uma série de colecções públicas e privadas na sequência de um grande leilão ali realizado em 1946. Peças vindas de colecções particulares, do Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), da Casa-Museu Medeiros e Almeida e da Fundação Ricardo Espírito Santo Silva, entre outros, ajudam a recriar o ambiente que ali se vivia nos quase cem anos em que o palácio pertenceu à família Cook, e que antecederam décadas de abandono (de 1949 ao início dos anos 2000), até que em 2005 a Parques de Sintra – Monte da Lua, a empresa criada para gerir o património do Estado na paisagem cultural de Sintra classificada como Património Mundial, começou a restaurá-lo. “A nossa ideia é reconstituir, tanto quanto possível, o interior da casa quando os Cook aqui passavam férias. Queremos fazer deste palácio um museu, à imagem da Pena”, diz ao PÚBLICO António Nunes Pereira, que acumula a direcção de Monserrate com a do palácio sonhado pelo rei D. Fernando II, marido de D. Maria II. Para isso, e com a orientação de Maria João Neto, professora da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa que desde 2010 estuda o palácio e os Cook, a Parques de Sintra está a levar a cabo um projecto de investigação que tem nesta primeira exposição e no volumoso catálogo que a acompanha dois importantes marcos. A exposição e esta edição, que inclui estudos individuais das peças expostas e textos que contextualizam a evolução da quinta de Monserrate ou traçam o perfil de Francis Cook, são “pontos de partida” para um “trabalho ainda mais ambicioso” que, garante o director, quer devolver às salas do andar nobre do palácio (o rés-do-chão), já inteiramente restauradas, um “ar habitável”. Até aqui, explica António Nunes Pereira, os visitantes de Monserrate (121 mil em 2016) têm visto um palácio vazio, com as suas paredes cobertas de estuques decorativos e a magnífica porta esculpida da biblioteca, que apetece ver sempre fechada para que não passe despercebida a ninguém. A partir de 31 de Maio poderão começar a ver objectos nas salas e, progressivamente - graças a novas aquisições, empréstimos, depósitos ou réplicas de pinturas, tapetes e mobiliário -, sentir que passeiam por uma casa romântica de gosto inglês. “É preciso dizer que Francis Cook segue o manual de criação de uma grande propriedade senhorial britânica. Uma propriedade agrícola que é auto-suficiente, com centenas de pessoas a trabalhar, com uma casa que responde, embora mais pequena do que o habitual, a todos os requisitos de uma família riquíssima da época, com espaços separados para mulheres e homens, com grande inovações tecnológicas. ”Em Monserrate, garante, há uma transposição do modelo inglês da casa senhorial, por oposição ao Palácio da Pena, “marcada por símbolos nacionalistas”, como convém à casa dos reis. “Francis Cook e D. Fernando estão sempre a competir, como se dissessem 'a minha colecção é melhor que a tua, o meu palácio é melhor que o teu…'. Quando Francis Cook compra o Convento dos Capuchos – compra também umas 15 outras quintinhas para fazer crescer a de Monserrate –, o rei compra logo o terreno do lado [hoje a Tapada de D. Fernando] para que o inglês não consiga ligar as duas propriedades”, lembra Nunes Pereira, acrescentando que, se em tamanho, a Pena supera Monserrate, em conforto, passa-se o oposto. “Aqui havia ‘águas correntes’, como se dizia, aquecimentos nas salas e até luz eléctrica", graças a um gerador instalado no parque. "A Pena, que se saiba, não teve electricidade no tempo de D. Fernando, e o telefone que lá está chegou com D. Carlos [o neto]. ”Há até um elevador para ligar a cozinha à copa da sala de jantar e o mesmo sistema para chamar os criados aos quartos que vimos recentemente na famosa série Downton Abbey. “Também em Monserrate temos um ‘upstairs/downstairs’, aquele ambiente que separa senhores e criados. ”Esta exposição que Maria João Neto comissaria tem num relevo de mármore do Renascimento florentino, representando a Virgem com o Menino e esculpido por Gregorio di Lorenzo (conhecido como o mestre das madonas de mármore), comprado recentemente pela Parques de Sintra, uma das suas estrelas. “Seria óptimo que pudéssemos localizar e aceder a outras peças como esta, de elevadíssima qualidade, que por aqui passaram”, diz a historiadora, lembrando que Francis Cook, que chegou a ser o terceiro homem mais rico do Reino Unido, tinha uma das melhores colecções privadas de arte do mundo, exposta numa galeria que mandou acrescentar à propriedade onde vivia a maior parte do ano, Doughty House, e que funcionava como um pequeno museu, visitável mediante o pagamento de bilhete. Em Sintra, garante Maria João Neto, o multimilionário do têxtil fez o mesmo: “À boa maneira inglesa, Francis Cook quis que a sua colecção e o seu palácio pudessem ser visitados. A receita dos bilhetes que vendia aqui era depois entregue à Misericórdia de Sintra, de que foi um grande benfeitor. ”Esta professora da Faculdade de Letras está há sete anos a estudar o palacete no tempo da família Cook, encabeçada por um homem de negócios “recatado, pacato”, que só em 1886 recebeu um título no Reino Unido, o de baronete (D. Luís I deu-lhe o de visconde de Monserrate). “Sabemos ainda pouco sobre as peças que Cook traz de Inglaterra ou compra em Portugal para pôr em Monserrate, em parte porque o leilão de 1946, que se saiba, não teve catálogo. Mas o que tinha em Doughty House é muito conhecido e percebe-se, pelas colecções a que as peças foram parar, a qualidade excepcional do que comprava. Tinha vários Rembrandts de grande qualidade, obras de Rubens, Murillo, Velázquez, El Greco, um Turner muito conhecido [A Quinta Praga do Egipto], um Antonello da Messina incrível…”O peso da pintura espanhola na sua colecção deve-se ao facto de ter tido como consultor de aquisições um coleccionador que era um grande conhecedor da pintura italiana e ibérica – John Charles Robinson. É precisamente sob sugestão de Robinson, a quem compra dezenas e dezenas de obras, que Cook se interessa por Grão Vasco (Vasco Fernandes), autor do chamado Tríptico Cook (1510-1530) e pelo Pentecostes originalmente feito para o Convento da Madre de Deus, em Lisboa, cujo paradeiro é hoje desconhecido, explica Maria João Neto. Esta obra, reproduzida no catálogo graças a uma fotografia antiga, é agora, segundo o texto nele escrito por Vera Mariz, atribuído pelo historiador de arte Vítor Serrão à oficina de Vicente Gil e do seu filho Manuel Vicente, pintores régios. “Estamos agora à procura desta obra do Convento da Madre de Deus e de outras que aqui estiveram e esperamos que esta exposição alerte as pessoas que eventualmente as terão sem saber de onde vieram. Cada peça que encontramos põe-nos mais perto do Monserrate dos Cook, desta casa de Verão de um grande, grande coleccionador. ” A relação de Francis Cook com a quinta de Sintra está, na opinião de Neto, intimamente ligada a este seu hobby, que consome recursos astronómicos: “Eu costumo dizer que é Monserrate que impulsiona o seu gosto coleccionista. É por isso que o vejo como a primeira peça da colecção de Francis Cook. ”Uma colecção que tem, pode ler-se no catálogo num texto do consultor de arte John Somerville, obras como Cabeça de Cristo, de Antonello da Messina (hoje no Museu do Louvre); As Três Marias no Sepulcro, de Jan van Eyck (Museu Boijmans van Beuningen); A Adoração dos Magos, começada por Fra Angelico e terminada por Fra Filippi (National Gallery de Washington), Velha Fritando Ovos, de Velázquez (National Gallery da Escócia), A Virgem e o Menino Entronizada, com um Doador, de Crivelli (National Gallery de Washington), e o Salvator Mundi de Leonardo da Vinci que foi recentemente vendido em leilão pela soma recorde de 382 milhões de euros, sem que se saiba ainda a quem pertence (a sua atribuição ao pintor de Mona Lisa, ainda hoje contestada por alguns, não era conhecida à época em que estava em Doughty House, para onde Robinson a comprou pensado tratar-se de um dos seus seguidores, Bernardino Luini). Ainda que tenha reunido um impressionante acervo com mais de 500 pinturas, cuja unidade procurou manter em testamento, a sua memória como amante da arte perdeu-se um pouco, diz a comissária, em parte porque a sua colecção se dispersou em vendas sucessivas no pós-Segunda Guerra Mundial, quando os negócios da família, entretanto nas mãos de um bisneto que não gozava de grande reputação, dado que tinha casado sete vezes, entraram em derrocada. “Em Monserrate, Francis Cook tem obras de gosto muito mais exótico, e é por isso que aqui reuniria uma mistura muito interessante de arte europeia, com escultura clássica e obras do Renascimento, por exemplo, e de arte oriental. ” Nesta casa de Verão misturava-se, por isso, uma mesa indo-portuguesa com uma Vénus e Meleagro italianos do século XVII, ou uma armadura indiana do século XIX com um relevo flamengo em alabastro, do século XVI, “que durante muito tempo se pensou ser italiano por causa da sua linguagem, mas que é uma obra de enorme qualidade”, diz Anísio Franco, conservador do museu de Arte Antiga, ao qu a peça pertence, apontando para os lugares na parede da escadaria nobre de acesso ao primeiro andar onde ficariam pendurados tapeçarias orientais e relevos semelhantes aos do mestre das madonas de mármore. “Os Cook andavam com as peças de um lado para o outro na casa. Este relevo de alabastro nem sempre esteve aqui [junto às escadas]. O Estado veio a comprá-lo a Medeiros e Almeida, exercendo o direito de preferência. Isto porque em 1946 o Estado está presentado no leilão, aqui em Monserrate, mas não compra nada. ” Explica Anísio Franco que já antes os Cook tinham proposto ao governo de António de Oliveira Salazar que comprasse o palacete com todo o recheio e que o Estado opta por não o fazer, adquirindo a quinta três anos mais tarde, sem nada lá dentro, por um preço superior. A personalidade de Francis Cook é outro dos temas em que a investigação deve apostar de futuro, defende Neto, para que se possa dar um verdadeiro rosto a este coleccionador que, muitas vezes, se vê “eclipsado” pela personalidade exuberante da sua segunda mulher, a norte-americana Tennessee (Tennie) Claflin, 28 anos mais nova do que ele. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Tennie, com quem o empresário casa menos de um ano depois da morte da sua primeira mulher, vinha de uma família insólita – o pai arrastava a mulher e os filhos pelo país em espectáculos que envolviam espiritismo e chegou a ser acusado de gerir um bordel – e era uma feroz sufragista, tal como a irmã Victoria Woodhull. Juntas abriram, em Nova Iorque, a primeira agência de corretagem dirigida por mulheres, com sucesso, chegando a candidatar-se a primeira a um lugar no Congresso e a segunda à Presidência dos Estados Unidos. “É graças a esta mulher algo indomável que Francis Cook se dedica muitíssimo a obras sociais em Sintra. Fundam duas escolas para os filhos dos seus trabalhadores, apoiam a Misericórdia com generosas doações e fazem festas para as crianças que viviam nas sua propriedades, dando tecidos às mães para que as vestissem condignamente. ” Mas nem assim Tennie se livrou de ser acusada, pelos filhos de Francis Cook, de ter envenenado o marido. “Gostava de saber mais sobre ela e sobretudo sobre o que fez em Monserrate. Há ainda tanto que não sabemos. ”
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