Menino que sobreviveu aos maus tratos em Loures deverá ser retirado à mãe
Comissão de protecção procura familiar capaz de acolher irmão da menina morta no Bairro do Zambujal. (...)

Menino que sobreviveu aos maus tratos em Loures deverá ser retirado à mãe
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Comissão de protecção procura familiar capaz de acolher irmão da menina morta no Bairro do Zambujal.
TEXTO: O menino de quatro anos que sobreviveu aos maus tratos do padrasto, que terá morto a irmã de dois anos, no Bairro do Zambujal, em Loures, deverá ser retirado à mãe. Ainda não existe uma decisão final, mas essa é a posição da Comissão Nacional de Protecção de Crianças e Jovens em Risco (CNPCJR). “A mãe não vai ficar com a criança. Foi omissa nos deveres de proteger as crianças. A mãe via os sinais, as nódoas negras, e não fez nada. Na minha opinião, não deve ficar com a criança”, disse ao PÚBLICO Maria de Fátima Duarte, a técnica da CNPCJR que está acompanhar o processo de promoção e protecção em curso na comissão local de Loures. Em paralelo corre o processo-crime por homicídio e maus tratos contra o padrasto, mas em que a mãe também será ouvida. A denúncia anónima, que chegou à Comissão de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ) de Loures em Setembro, dizia respeito a “negligência da mãe e à possibilidade de as duas crianças serem vítimas de maus tratos”. A queixa não referia maus tratos graves, mas descrevia uma situação em que “as crianças ficavam entregues, que a mãe não dava os cuidados básicos essenciais, que tinha tido vários companheiros”, explica Fátima Duarte. A retirada pode ser decidida pela CPCJ, se houver o consentimento da mãe, ou por um juiz, no caso de não haver consentimento ou de o Ministério Público decidir chamar a si o processo e propuser essa medida. “Até agora”, o Ministério Público não chamou a si o processo, confirma a responsável. A denúncia não preveniu a tragédia, como reconhece Fátima Duarte. A técnica confirma que não houve nenhuma visita à casa da família por parte dos elementos da CPCJ de Loures mas explica que a instituição iniciou diligências para encontrar a mãe e obter o seu consentimento. “Mas foi muito difícil. O tempo foi passando e aconteceu esta tragédia. ”O caso estava entretanto a ser acompanhado pelo Núcleo de Crianças e Jovens em Risco no Centro de Saúde de Loures e a CPCJ local deciciu não avançar com nenhum tipo de intervenção. “Nalguns casos, a intervenção de primeira linha consegue resolver as situações e não é necessária a intervenção da comissão”, explica. “Neste caso, e em concordância com o Núcleo de Crianças e Jovens em Risco no Centro de Saúde de Loures, não houve intervenção. ” As conclusões do inquérito aberto para esclarecer as razões da não intervenção da CPCJ deverão ser conhecidas na próxima semana, disse o secretário executivo da CNPCJR Paulo Macedo. A GNR, a força de polícia que está presente junto do Bairro do Zambujal em São Julião do Tojal, “não tem registo de qualquer situação” de violência doméstica, maus tratos a crianças ou outros crimes “que envolvam a família em questão”, disse o major Marco da Cruz, das Relações Públicas. O PÚBLICO tentou também ouvir o Núcleo de Crianças e Jovens em Risco no Centro de Saúde de Loures, sem sucesso. Sobre o destino do menino, que continua no Hospital de Santa Maria, o objectivo será encontrar quem, na família alargada, esteja em condições de o acolher. Diligências serão iniciadas depois da reunião de ontem entre a equipa da CPCJ de Loures e os procuradores-coordenadores (de ligação entre o MP e esta CPCJ), em que a mãe será ouvida. Existem várias possibilidades, disse ao PÚBLICO Maria de Fátima Duarte. E nenhuma delas contempla a permanência da criança de quatro anos com a mãe. “Podem ser os avós, os tios. Há várias possibilidades, mas as pessoas terão de ser ouvidas. ” O processo vai demorar. Terão de ser feitas visitas ao domicílio para avaliar a ligação da criança aos possíveis cuidadores. “A criança está muito traumatizada”, continua Maria de Fátima Duarte, que nega que seja o Hospital de Santa Maria, em Lisboa, a fazer diligências para procurar acolhimento para a criança. O acolhimento na família alargada ou na instituição é decidido pela comissão de protecção ou por um juiz.
REFERÊNCIAS:
Entidades GNR
Quem está contra e a favor das taxas moderadoras na IVG?
A principal proposta de alteração da lei do aborto passa pela introdução de taxas moderadoras no caso das mulheres que interrompem a gravidez por opção, até às 10 semanas. A proposta é polémica e muitos já tomaram posição. A favor ou contra. (...)

Quem está contra e a favor das taxas moderadoras na IVG?
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-10-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: A principal proposta de alteração da lei do aborto passa pela introdução de taxas moderadoras no caso das mulheres que interrompem a gravidez por opção, até às 10 semanas. A proposta é polémica e muitos já tomaram posição. A favor ou contra.
TEXTO: NÃOUnião de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR)A UMAR considera que a revisão da lei põe em causa “o direito ao sigilo”, mas, acima de tudo, empurra “de novo as mulheres para o aborto clandestino”. Introduzir taxas moderadoras seria “colocar em causa a gratuitidade da saúde sexual e reprodutiva”. Conclui que o que pode acontecer com a introdução de taxas moderadoras é o protelamento, “através de procedimentos sem sentido, da decisão de interrupção da gravidez com risco de se ultrapassar o prazo legal das 10 semanas, já de si tão escasso, e empurrar as mulheres a abortar de forma insegura e ilegal”. Acusa a a iniciativa legislativa dos cidadãos Pelo Direito de Nascer de tentar “culpabilizar as mulheres” com a proposta de assinatura das ecografias. Movimento Democrático de Mulheres (MDM)Para o MDM, a alteração na lei do aborto constitui uma “ofensa aos direitos das mulheres”, “uma ofensa ao progresso e aos direitos humanos”. As taxas moderadoras serão “mais um obstáculo para as mulheres com poucos recursos financeiros” . Muitas “ver-se-iam empurradas para o aborto clandestino”. Explica que não faz sentido aplicar as taxas moderadoras, já que a IVG faz parte de “um pacote de direitos sexuais e reprodutivos”. Lembra tratar-se de um serviço barato já que a maioria das vezes não necessita de intervenção cirúrgica, realizando-se por via medicamentosa. Insurge-se também contra a ILC Pelo Direito de Nascer. O direito da mulher à IVG foi conquistado em 2007 e para o MDM “é um direito que não pode voltar atrás”. Conselho Regional do Sul da Ordem dos MédicosDepois do bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel da Silva, ter emitido um parecer em que afirmava ser a favor da alteração da lei, o conselho regional do sul disse sentir-se surpreendido. Em comunicado, notou que estas opiniões "nunca foram discutidas ou sequer abordadas pelo conselho nacional executivo da Ordem dos Médicos”. O conselho regional do sul contrapôs e explicou que “as consultas de IVG devem ser gratuitas e de livre acesso, garantindo assim que ninguém será discriminado ou atrasará a sua ida à consulta por motivos económicos”. Os médicos afirmaram que o crescimento sustentável através do aumento da natalidade não se consegue com o aumento da gravidez indesejada, que está “associada a problemas de integração social, potenciando e perpetuando um ciclo de pobreza”. Associação para o Planeamento da Família (APF)Para a APF “a IVG não pode ser um acto médico considerado menor ou sujeito a punições e a outras formas de estigmatização”. Em comunicado, sublinhou que não se verifica qualquer banalização da IVG e que as mulheres portuguesas não estão a usar o aborto como forma de contracepção. “Os dados existentes revelam que nos últimos anos aumentou o uso de contraceptivos em Portugal, aumentou o recurso às consultas de planeamento familiar e diminuiu o número de IVG realizadas”. Alertou ainda para a necessidade de uma audição prévia dos profissionais de saúde, da Direcção-geral da Saúde e das organizações da sociedade civil que têm estado envolvidas no assunto antes de efectuar qualquer mudança na lei. O director executivo da APF, em declarações à TSF, considerou as taxas moderadoras “punitivas e exigências ignóbeis”. Plataforma portuguesa para os direitos das mulheres (PpDM)A PpDm é clara quando acusa, em comunicado, a ILC Pelo Direito a Nascer de “atentar contra os direitos das mulheres”. Relembra que a actual lei da IVG entrou em vigor depois de um debate prolongado de nove anos, objecto de dois referendos. Se desde 2014 o número de IVG tem vindo a diminuir, considera não fazer sentido qualquer alteração na lei. “Esta iniciativa não promove nenhum destes objectivos, limitando-se a tentar alterar, sem fundamento, uma lei que é um marco na história dos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres em Portugal e propondo, de caminho, formas inaceitáveis de coacção contra as mulheres”, acusa. Sociedade Portuguesa da Contracepção (SPC)A Sociedade Portuguesa da Contracepção alerta para o risco da aprovação do fim da isenção das taxas moderadoras que pode significar um “desvio de mulheres para o aborto clandestino e não seguro”. E realça a importância de intervir no aconselhamento contraceptivo, defendendo qie com a introdução das taxas “perde-se a oportunidade de intervir”. Além das taxas moderadoras, critica as propostas da ILC Pelo Direito a Nascer, referindo que durante a realização da ecografia para a interrupção da gravidez, é perguntado à mulher se quer ou não ver a imagem, “a obrigatoriedade de ver o ecrã ou assinar a imagem ecográfica constitui um atentado ao princípio ético da autonomia: o doente tem o direito de saber tudo que quiser e de tomar livremente uma decisão, também tem o direito a querer ser informado”.
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE
O Porto foi da “menina Catarina”, carago!
Francisco Louçã ainda teve tempo de dar um abraço e um beijo à porta-voz do Bloco, antes de a candidata ter sido levada repentinamente da Rua de Santa Catarina. A rua, nesta tarde, foi de outra Catarina. (...)

O Porto foi da “menina Catarina”, carago!
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-10-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: Francisco Louçã ainda teve tempo de dar um abraço e um beijo à porta-voz do Bloco, antes de a candidata ter sido levada repentinamente da Rua de Santa Catarina. A rua, nesta tarde, foi de outra Catarina.
TEXTO: A rua da Santa Catarina, no Porto, foi nesta sexta-feira, último dia de campanha, o palco da mais calorosa arruada do Bloco de Esquerda. A porta-voz demorou cerca de 40 minutos a fazer um percurso que normalmente levaria cinco. Beijos, abraços emocionados, elogios. A “menina Catarina”, como a tratam algumas vezes no Norte, foi a protagonista numa cidade que conhece tão bem. E até havia outros actores ao lado, como António Capelo, bem conhecido da televisão. E havia a cabeça de lista por Lisboa Mariana Mortágua, que também foi chamada pelas pessoas na rua, para que “nunca” deixe de falar, que fale “sempre”. Havia ainda o número dois pelo Porto, José Soeiro. E a eurodeputada Marisa Matias. Mas foi para Catarina Martins que todas as atenções se viraram. Alguns membros da caravana do Bloco de Esquerda tiveram mesmo de dar as mãos e fazer um pequeno cordão humano para que a porta-voz tivesse espaço. Entre os transeuntes que a queriam cumprimentar e dar palavras de encorajamento e os jornalistas que a rodeavam, para ouvir as conversas que a número um pelo Porto ia tendo, a confusão era grande. Bandeiras, máquinas de filmar, de fotografar, microfones, pessoas de todas as idades, crianças, adultos, gente mais nova e mais velha. E Catarina Martins a fazer questão de falar com cada uma das pessoas. A arruada teve mesmo de terminar abruptamente. O ex-coordenador do Bloco Francisco Louçã chega, aproxima-se da primeira fila, dá um grande beijo e um abraço à porta-voz e, subitamente, um, dois, três, alguns membros da caravana pegam em Catarina Martins e ela desaparece a correr. Toda a gente queria mais. A justificação dada foi a de que, se não a tirassem dali assim, nunca mais o conseguiriam fazer e, à noite, ainda há jantar e discursos. Naquela rua, em pleno coração do Porto (Catarina Martins vive entre o Porto e Lisboa), a porta-voz ouviu todos os elogios, que é “gente de fibra”. Dizem-lhe o que já lhe disseram muitas vezes no Norte: que “as mulheres têm mais consciência do que os homens”. Era quase impossível perguntar o nome, a idade e a profissão às pessoas que se aproximavam de Catarina Martins. A senhora que lhe disse que as mulheres têm mais compreensão do que os homens, garantiu-lhe: “Desta vez, vou votar na senhora. ” Aliás, já disse ao marido, que é socialista, lá em casa: “Vou votar Bloco de Esquerda. ” O marido respondeu-lhe: “Fazes bem, mulher. ” Ela está decidida: “Os homens não têm consciência nenhuma, esta senhora vai fazer bem. ”Paulo Portas “devia ter vergonha”E o alento que lhe dão continua, Catarina Martins não dá um passo sem ouvir frases como “uma mulher pequenina tão grande”. Gritam-lhe: “Catarina, Catarina!”. Ou: “São precisas muitas Catarinas no Parlamento!”. Até lhe pedem autógrafos. Na rua, as críticas às políticas de direita do Governo sucedem-se. “As pessoas estão fartas de injustiças”, nota Catarina Martins. E vai repetindo, àqueles com quem se cruza, uma das frases mais ouvidas nesta campanha: “Desta vez, vai ser Bloco. ”Porque o Bloco, argumenta, é o partido que tem as políticas e as propostas mais claras em torno de temas como as pensões, que não admitem ver reduzidas, seja por via do corte ou congelamento; do emprego, porque não aceitam que o desemprego seja facilitado ou flexibilizado; da Segurança Social, que não aceitam que seja descapitalizada. Catarina Martins acredita que as pessoas sabem que o Bloco tem feito toda a oposição possível à direita e às suas políticas. A porta-voz admite que “a força do Porto é muito importante”, mas não só. O Bloco quer que Braga, Coimbra, Santarém, e Leiria, voltem a eleger deputados. Em 2011, o Bloco elegeu dois deputados pelo Porto – Catarina Martins e João Semedo. No meio da confusão, um dos jornalistas ainda lhe consegue perguntar o que tem a dizer sobre o facto de o líder do CDS Paulo Portas ter dito que PSD e CDS-PP devem impedir que governem “os Syrizas cá do sítio”. Catarina Martins mostrou, como se diz no Porto, a “fibra” de que é feita. Ao vice-primeiro-ministro – que garantiu “defender” os contribuintes e pensionistas e, depois, cortou nas pensões, no Complemento Solidário de Idosos e subiu os impostos – respondeu: “Muito sinceramente, devia ter vergonha. ”As três condições do BE para negociar com o PS não são o “programa todo”
REFERÊNCIAS:
Partidos PS PSD BE
Recorde: 60 anos de apresentações de A Cantora Careca no mesmo teatro
O Théatre de la Huchette, em Paris, acolhe de forma ininterrupta desde 1957 a obra de Eugène Ionesco. (...)

Recorde: 60 anos de apresentações de A Cantora Careca no mesmo teatro
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-02-18 | Jornal Público
SUMÁRIO: O Théatre de la Huchette, em Paris, acolhe de forma ininterrupta desde 1957 a obra de Eugène Ionesco.
TEXTO: É um recorde. No Théatre de La Huchette, em Paris, desde 16 de Fevereiro de 1957, ou seja há 60 anos, que é apresentado sem interrupções o espectáculo A Cantora Careca de Eugène Ionesco. Todos os dias a peça é apresentada, com excepção dos domingos. São mais de 18 mil apresentações e mais de 2 milhões de espectadores. São estes os números de A Cantora Careca, que comemorou nesta quinta-feira os seus 60 anos de apresentações ininterruptas no tradicional Teatro de La Huchette, em Paris, espaço consagrado às peças do autor francês Eugène Ionesco, desde 1957. O teatro chegou a receber um prémio Molière honorífico, a maior recompensa do teatro em França, graças à sua fidelidade ao autor do teatro do absurdo. O mítico teatro, de apenas 90 lugares, foi comprado pelos actores em 1975. O espectáculo mantém a mesma montagem, assinada por Nicolas Bataille, desde 1957. Mas a decisão de montar A Cantora Careca não foi fácil, segundo conta um antigo testemunho de Bataille, que morreu em 2008, em Paris, e era amigo próximo de Ionesco: “dei a peça para algumas pessoas lerem, mas elas disseram que o texto era impossível de ser encenado”, relatou. Ionesco criou A Cantora Careca em 1950, mas a peça terminou a temporada em menos de um mês, depois de 25 apresentações. O lado absurdo do texto foi fortemente rejeitado pelo público da época. Felizmente para o escritor franco-romeno, o seu estilo acabou por agradar ao mundo literário, com escritores e intelectuais como André Breton, Raymond Queneau ou Albert Camus a transmitirem-lhe apoio e, em poucos anos, Ionesco tornou-se num escritor celebrado em França. Nesse contexto, no final da década de 1950, o mundo artístico e intelectual de Paris pressionou o Teatro de La Huchette a remontar dois textos do autor, A Cantora Careca e A Lição. “Orgulhamo-nos do facto dos dois espectáculos terem visto passar oito presidentes da República e testemunharam a guerra da Argélia, o Maio de 68, a queda do Muro de Berlim, o nascimento do euro ou o colapso das torres gémeas”, diz a comunicação da celebração dos 60 anos de Ionesco no La Huchette. "Foram 60 anos de calafrios, ultimatos, ataques, aplausos e felicidade. "Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave guerra cantora
Onde vivem as princesas quando acaba o conto de fadas?
No seu auto-exílio, Cristina já andou por Washington e Genebra. Em Espanha diz-se que se segue Lisboa. A Fundação Aga Khan em Lisboa desconhece. (...)

Onde vivem as princesas quando acaba o conto de fadas?
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 9 | Sentimento 0.136
DATA: 2017-02-18 | Jornal Público
SUMÁRIO: No seu auto-exílio, Cristina já andou por Washington e Genebra. Em Espanha diz-se que se segue Lisboa. A Fundação Aga Khan em Lisboa desconhece.
TEXTO: Onde vivem as princesas quando acaba o conto de fadas? Cristina de Borbón escolheu Lisboa. Em menos de hora e meia, poderá cruzar a fronteira e regressar ao país que já não é a sua casa — é no que acredita, que ali foi traída — mas onde terá que voltar, muitas vezes. Cristina acreditou até ao fim que iria viver feliz para sempre. Enganou-se muitas vezes no caminho. Esta sexta-feira, foi absolvida no processo Nóos que envolvia corrupção e desvio de dinheiro público. Uma vitória que não é uma vitória — a vida, como diz o jornal espanhol El País, nunca mais será a mesma. O jornais espanhóis dão a mudança para Lisboa como certa. Será mesmo assim?Quando o escândalo começou (o caso foi aberto em 2009), a infanta de Espanha e o marido previram o perigo e refugiaram-se em Washington. Queriam sair dos holofotes até o ruído passar, poupar os filhos à opinião pública e, sobretudo — dizem os comentadores espanhóis —, Iñaki Urdangarin queria manter-se na alta roda dos empregos de prestígio e muito bem remunerados. Iñaki, duque de Palma e genro de um rei — o genro perfeito, escreveu-se sobre ele durante anos — foi transferido pela Telefonica, onde era conselheiro internacional, para Washington. Quando o processo acelerou (Urdangarín foi indiciado no final de 2011) e a Telefonica se ressentiu da presença do duque que caía a grande velocidade em desgraça, os Urdangarin ensaiaram um regressa a casa (Barcelona), mas perceberam que a vida estava a mudar drasticamente. O palacete do bairro de Pedralbes sugava o dinheiro que já escasseava, os advogados levavam outra fatia e a opinião pública não estava disposta a esquecer as suspeitas de enriquecimento ilícito do casal e exigia justiça igual para todos. Nova fuga — para Genebra, em 2013. O crime dos Urdangarin apanhou a monarquia num momento débil. A conduta do rei era posta em causa, com as polémicas das caçadas em África e a relação com uma aristocrata alemã que fazia tráfico de influência usando a relação com o rei espanhol. Acrescia o grande escândalo do genro, acusado de desviar dinheiro público. Juan Carlos propõe à filha o "mal menor" — salvar-se e preservar a monarquia, divorciando-se. Cristina recusa. Em 2014, Juan Carlos abdica. Será ele a mediar as negociações entre o novo rei, Felipe VI, e a irmã. Cristina ofende-se, recusa abdicar do seu direito dinástico — permanece a 6. ª na linha da sucessão, mas o irmão retira-lhe o título; não será mais duquesa de Palma, não fará mais parte da família real, agora reduzida ao núcleo do monarca (Felipe, a mulher, as duas filhas e os reis eméritos, Juan Carlos e Sofia). Cristina nunca perdoou ao pai por este abandono; mal se falam dizem as revistas do coração e confirmam os jornais de referência; a Felipe VI não dirige a palavra e quando visita a Zarzuela (o palácio real) só está autorizada a entrar na ala habitada pela mãe. Graças ao pai, porém, deve o seu emprego bem pago na Fundação Aga Khan — Juan Carlos e o actual líder espiritual dos ismailitas são amigos desde a adolescência, quando estudaram juntos no internato suíço Le Rosey. Cristina, a única que recebe salário entre os Urdangarin, trabalha na Suíça para a Fundação Aga Khan. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Em Espanha circula que vai mudar-se para Lisboa, para onde a Fundação vai mudar a sua sede. Porém, o PÚBLICO sabe que a Fundação Aga Khan em Portugal não tem conhecimento de planos para a mudança de cidade ou de funções da infanta, que em Genebra é responsável pela ligação às agências da ONU ali sediadas. A casa onde Cristina vive no centro de Genebra é a Fundação que a paga, a escola dos quatro filhos, é custeado por Juan Carlos. Cristina nunca acreditou neste desfecho, têm contado algumas fontes à imprensa. Nunca acreditou que se tornaria uma figura tóxica, abandonada pelos seus. Urdangarin vai cumprir pena — seis anos e três meses. Esteja em Lisboa, em Genebra ou noutra parte do mundo, a filha de um rei que ajudou a empurrar para a abdicação e irmã de outro que não lhe fala, será um passageiro frequente para Espanha, onde tem um marido na prisão.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU
IKEA pede desculpa por catálogo sem mulheres em Israel
Catálogo destinado à comunidade judia ultra-ortodoxa foi “um erro”, diz a marca sueca, alegando que a decisão foi local e que não partiu da sede. (...)

IKEA pede desculpa por catálogo sem mulheres em Israel
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-02-18 | Jornal Público
SUMÁRIO: Catálogo destinado à comunidade judia ultra-ortodoxa foi “um erro”, diz a marca sueca, alegando que a decisão foi local e que não partiu da sede.
TEXTO: A publicação pela IKEA Israel de um catálogo dirigido especificamente à comunidade judia ultra-ortodoxa está a dar dores de cabeça ao grupo sueco de decoração e mobiliário. Como em qualquer outro catálogo da marca, as cenas do quotidiano familiar multiplicam-se na publicação israelita, mas é um quotidiano distorcido, onde abundam os pais e os filhos, e não se vê uma única mãe ou irmã. Por outras palavras, o catálogo da IKEA (em versão impressa e digital) destinado a uma comunidade que representa cerca de 11% da população israelita seguiu a prática habitual dos judeus ultra-ortodoxos: a de suprimir as imagens femininas das publicações. Foi isso que fez, por exemplo, o diário HaMevaser que apagou a chanceler alemã Angela Merkel e a presidente da Câmara de Paris Anne Hidalgo, entre outras, da fotografia de capa com que retratou a manifestação realizada contra o terrorismo, depois dos ataques de Novembro de 2015, na capital francesa. Esta imagem distorcida das famílias provocou críticas à IKEA dentro e fora do país (além de piadas nas redes sociais sobre o número de famílias monoparentais entre os ultrarreligiosos israelitas, como relata o El País), obrigando a empresa a justificar-se. “A IKEA defende a igualdade de direitos” entre homens e mulheres, disse a porta-voz da empresa sueca, Josefin Thorell, citada pelo Le Monde. Haredi IKEA catalogue is a no-ma'am's landWomen are conspicuously out of stock, creating all-male familieshttps://t. co/0HiBwAtJbz pic. twitter. com/y2WyoFIQkUA brochura da IKEA israelita “não respeita esse princípio” e foi “um erro”, disse ainda Thorell, sublinhando que a iniciativa foi local, para se destinar a um determinado público-alvo, e não chegou a ser validada pela sede. “Temos sido muito claros; não é isto que a marca IKEA representa”, afirmou, citada pela Associated Press. Curiosamente, esta não é a primeira vez que a IKEA tem de se desculpar por censurar imagens de mulheres nos seus catálogos: aconteceu o mesmo em 2012, na Arábia Saudita, onde as mães de família, irmãs e filhas foram sistematicamente apagadas da publicação, fazendo jus à política de segregação daquele país muçulmano. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O jornal israelita Haaretz nota que o catálogo da IKEA (que tem três lojas em Israel, onde habitualmente distribui a mesma publicação que nos outros países onde está presente) destaca mobiliário que aparentemente poderia ser do interesse das famílias ultrarreligiosas (Haredim, como são conhecidas em hebraico), que são habitualmente numerosas: berços, beliches, grandes mesas de refeição e estantes para acomodar os livros religiosos. “Compreendemos que as pessoas estejam incomodadas com a situação e consideramos que a publicação não corresponde àquilo que a IKEA defende. Pedimos desculpa por isso”, afirmou o responsável da empresa em Israel, Shuky Koblenz, num comunicado citado pelo Times of Israel. “Queremos assegurar que publicações futuras vão reflectir os valores da IKEA e ao mesmo tempo respeitar a comunidade Haredi”, afirmou Koblenz.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos homens comunidade igualdade mulheres
É recorde: 60 anos de apresentações de A Cantora Careca no mesmo teatro
O Théatre de la Huchette, em Paris, acolhe de forma ininterrupta desde 1957 a obra de Eugène Ionesco. (...)

É recorde: 60 anos de apresentações de A Cantora Careca no mesmo teatro
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-02-21 | Jornal Público
SUMÁRIO: O Théatre de la Huchette, em Paris, acolhe de forma ininterrupta desde 1957 a obra de Eugène Ionesco.
TEXTO: É um recorde mudial dizem os franceses. No Théatre de La Huchette, em Paris, desde 16 de Fevereiro de 1957, ou seja há 60 anos, que é apresentado sem interrupções o espectáculo A Cantora Careca de Eugène Ionesco. Todos os dias a peça é apresentada, com excepção dos domingos. São mais de 18 mil apresentações e mais de 2 milhões de espectadores. São estes os números de A Cantora Careca, que comemorou nesta quinta-feira os seus 60 anos de apresentações ininterruptas no tradicional Teatro de La Huchette, em Paris, espaço consagrado às peças do autor francês Eugène Ionesco, desde 1957. O teatro chegou a receber um prémio Molière honorífico, a maior recompensa do teatro em França, graças à sua fidelidade ao autor do teatro do absurdo. O mítico teatro, de apenas 90 lugares, foi comprado pelos actores em 1975. O espectáculo mantém a mesma montagem, assinada por Nicolas Bataille, desde 1957. Mas a decisão de montar A Cantora Careca não foi fácil, segundo conta um antigo testemunho de Bataille, que morreu em 2008, em Paris, e era amigo próximo de Ionesco: “dei a peça para algumas pessoas lerem, mas elas disseram que o texto era impossível de ser encenado”, relatou. Ionesco criou A Cantora Careca em 1950, mas a peça terminou a temporada em menos de um mês, depois de 25 apresentações. O lado absurdo do texto foi fortemente rejeitado pelo público da época. Felizmente para o escritor franco-romeno, o seu estilo acabou por agradar ao mundo literário, com escritores e intelectuais como André Breton, Raymond Queneau ou Albert Camus a transmitirem-lhe apoio e, em poucos anos, Ionesco tornou-se num escritor celebrado em França. Nesse contexto, no final da década de 1950, o mundo artístico e intelectual de Paris pressionou o Teatro de La Huchette a remontar dois textos do autor, A Cantora Careca e A Lição. “Orgulhamo-nos do facto dos dois espectáculos terem visto passar oito presidentes da República e testemunharam a guerra da Argélia, o Maio de 68, a queda do Muro de Berlim, o nascimento do euro ou o colapso das torres gémeas”, diz a comunicação da celebração dos 60 anos de Ionesco no La Huchette. "Foram 60 anos de calafrios, ultimatos, ataques, aplausos e felicidade. "Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave guerra cantora
Debbie Reynolds: a graça da rapariga da porta ao lado
A actriz era a antítese dos sex symbols femininos que a década de 1950 impôs no cinema americano, de Marilyn à hiperbólica Jayne Mansfield. (...)

Debbie Reynolds: a graça da rapariga da porta ao lado
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-01-01 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20170101012514/https://www.publico.pt/n1756529
SUMÁRIO: A actriz era a antítese dos sex symbols femininos que a década de 1950 impôs no cinema americano, de Marilyn à hiperbólica Jayne Mansfield.
TEXTO: Acabou por ser um desfecho muito triste, esta história da morte, num intervalo de escassas horas que certamente deve pouco a uma simples coincidência, da filha Carrie Fisher e da mãe Debbie Reynolds. Talvez esta sequência trágica para o que em si mesmo já era uma tragédia – a morte, ainda jovem, da Princesa Leia – amplie a dimensão da comoção provocada pela morte de Debbie, que hoje, em termos “globais”, era provavelmente muito menos célebre do que Carrie. Continuava a ser uma “instituição americana”, com presenças recorrentes na televisão e na imprensa, e esporadicamente nos círculos do teatro e do music hall, que foram os que sobretudo a acolheram a partir dos anos 70, quando começaram a rarear as ofertas de bons papéis em produções cinematográficas. Em todo o caso, a ligação entre mãe e filha, assim tragicamente confirmada pela morte de ambas, era um dado evidente, atestado por décadas de um relacionamento complexo por vezes publicamente vivido, e que de algum modo também se ofereceu em “espectáculo”, num filme de Mike Nichols, Recordações de Hollywood (Postcards from the Edge, estreado em 1990), com um argumento semi-autobiográfico assinado por Carrie Fisher e onde de forma mais ou menos velada se reflectia a história da relação entre mãe e filha. Mas quem foi, no cinema, Debbie Reynolds? Terá sido uma das melhores intérpretes daquele tipo de figura a que os americanos chamam a “girl next door”, a “rapariga da porta ao lado”, uma idealização de uma figura feminina do quotidiano, sem nenhuma característica extraordinária mas investida de todas as virtudes que esse quotidiano tem enquanto símbolo do famoso “modo de vida americano”. Uma espécie de simplicidade animada por uma energia descomunal, tanto quanto por uma graça discreta. Debbie, que se impôs nos anos 50, era a antítese dos sex symbols femininos que essa década impôs no cinema americano, de Marilyn à hiperbólica Jayne Mansfield. E a sua graça era essa: uma desenvoltura que se afirmava pela acção, não apenas pela presença. Como o confirma que tenha sido o grande cinema de acção dos anos 50 americanos – obviamente, o cinema musical – a descobri-la e a impô-la. Debbie era praticamente uma desconhecida quando se viu a contracenar com Gene Kelly e Donald O’Connor, actores e bailarinos famosíssimos, naquele que foi o momento decisivo da sua carreira, o Serenata à Chuva, dirigido a meias por Kelly e por Stanley Donen (que já agora registe-se, num ano com tantas mortes célebres, tem 92 anos e ainda é vivo). Aquela cena final com a canção You’re My Lucky Star é capaz de quebrar o coração a qualquer um, e é o momento em que nasce porventura, um perfil de actriz que então ainda não existia ou estava em desuso, feita duma mistura nada espampanante de verticalidade e fragilidade. Como um anúncio de uma figura com a aura de uma Shirley MacLaine, porque também podíamos imaginar Debbie no Apartamento ou no Deus Sabe Quanto Amei. Talvez a Debbie tenham faltado, na sua carreira futura, os Wilders e os Minnelis do mesmo calibre, mas houve Mulligans e Hathaways. Já não foi nada mau. E no tal filme de Nichols, a actriz que interpreta o papel da mãe foi mesmo Shirley MacLaine.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave morte filha espécie princesa feminina rapariga
Morreu Carrie Fisher, princesa das estrelas e de Hollywood
Aos 60 anos, desaparece uma actriz cuja carreira foi definida por um blockbuster e uma escritora que criticava o seu papel na sua própria vida – e na indústria do entretenimento. (...)

Morreu Carrie Fisher, princesa das estrelas e de Hollywood
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2016-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Aos 60 anos, desaparece uma actriz cuja carreira foi definida por um blockbuster e uma escritora que criticava o seu papel na sua própria vida – e na indústria do entretenimento.
TEXTO: Carrie Fisher, a actriz que ficará conhecida como a princesa Leia de Star Wars, morreu em Los Angeles aos 60 anos de idade. Em parte estrela relutante e voz de um certo sarcasmo sobre a indústria na qual se lançou e foi lançada, era também escritora e argumentista. Era "única", disse Harrison Ford sobre a sua eterna co-protagonista. Fisher tinha sofrido um ataque cardíaco na sexta-feira durante um voo entre Londres e Los Angeles e estava internada desde então. A notícia da sua morte, na manhã desta terça-feira (hora de Los Angeles), foi confirmada por um porta-voz da família. Fisher estava a filmar a série de comédia Catastrophe, de cuja rodagem estava a regressar na sexta-feira de Londres. O seu estado foi dado como estabilizado nos últimos dias, mas a actriz terá sofrido um novo enfarte e não sobreviveu. A actriz é membro de uma família com raízes na era de ouro de Hollywood - filha do cantor Eddie Fisher e da actriz Debbie Reynolds, a sua meia-irmã é Joely Fisher, também actriz. A sua fama tornou-se planetária aos 19 anos, quando se encarnou a jovem princesa Leia, uma das personagens centrais de Star Wars - A New Hope, ou A Guerra das Estrelas em português. Além dos filmes da trilogia original de Star Wars – A Guerra das Estrelas, de 1977, O Império Contra-Ataca e O Regresso de Jedi – Fisher voltou para o papel de Leia em O Despertar da Força, um dos filmes mais rentáveis de sempre. Nele partilhou algumas cenas emotivas com Harrison Ford, o rosto com o qual a cultura popular irá sempre emparelhá-la. Ela, petulante e corajosa nos filmes, tinha-lhe dito "I love you". Ele, ainda mais arrogante e bravo no espaço, respondera-lhe com um improvisado "I know". Quase 40 anos depois, ela ainda o cumprimentava com um beijo nos lábios fora do ecrã. Foi o que fez em Londres há um ano, quando descrevia Star Wars como uma “família” e assinava uma boneca Leia de um fã. Era esta a vida de uma princesa ficcional eternamente jovem no plástico dos brinquedos dos geeks, à margem de uma conferência de imprensa. Mas Carrie Fisher era mais do que a princesa Leia, versão heroína feminista ou ícone sexual das gerações de 1970 e 80. Ou do que a filha de Eddie Fisher, que cuidou do cantor nos últimos anos da sua vida – o casamento com Debbie Reynolds, que tem hoje 84 anos e que também se lançou em Hollywood aos 19 anos como a solar Kathy de Serenata à Chuva, terminou depois de um caso muito público dele com Elizabeth Taylor. Actriz de comédia bem sucedida com Um Amor Inevitável, de Rob Reiner, ou em The 'Burbs, trabalhou com realizadores como Woody Allen (Hannah e as suas irmãs) ou John Landis (O Dueto da Corda/Blues Brothers). Usava quase sempre a sua voz, cada vez mais rouca com a idade, para brincar com a indústria, contar histórias da sua própria vida mais ou menos dignificantes ou para denunciar o que lhe desagradava. no words #Devastated pic. twitter. com/R9Xo7IBKmh"Carrie era única. . . brilhante, original. Engraçada e emocionalmente destemida. Viveu a sua vida corajosamente", disse Harrison Ford esta terça-feira em comunicado em reacção à morte da sua co-protagonista. Da dieta forçada ao famoso biquini dourado de O Regresso de Jedi, a sua admiração por George Lucas, o homem que a escolheu em detrimento de Sissy Spacek, Jodie Foster ou Terri Nunn (a vocalista dos Berlin) para o papel que definiria a sua carreira, não a impediu de defender a sua posição enquanto actriz num filme e numa indústria dominada por visões masculinas. "Carrie redefiniu o herói feminino da nossa era há mais de uma geração", postulou Kathleen Kennedy, presidente da Lucasfilm e produtora dos filmes Star Wars. A sua luta com as drogas e com a doença bipolar tornou-se pública, a sua frontalidade com elas deu-lhe reconhecimento e alimentou parte da sua carreira enquanto escritora. Admirava Dorothy Parker e distinguiu-se nesse campo, não só com o seu muito publicitado livro de memórias lançado há um mês, The Princess Diarist, em que revelou ter tido um romance "intenso" com Harrison Ford durante a rodagem da trilogia original de Star Wars, mas também com obras como a elogiada Postcards from the Edge (um romance de 1987 com traços autobiográficos em que falava da dependência de drogas nos anos 1970 ou da relação intempestiva com a mãe). O livro seria transformado em filme em 1990 – Recordações de Hollywood, realizado por Mike Nichols, pôs Meryl Streep e Shirley McLaine nesses papéis, que em 2016 Carrie abraçou de frente e em nome próprio com o documentário Bright Lights: Starring Carrie Fisher and Debbie Reynolds. Neste filme, que apresentou no Festival de Cannes este ano, presta homenagem à turbulenta e apaixonada relação com a mãe, que ainda actua ocasionalmente. Como argumentista, assinou episódios televisivos de séries como Roseanne ou As crónicas do Jovem Indiana Jones e entre os seus livros está outro tomo autobiográfico, Wishful Drinking, que teve por base um espectáculo ao vivo. A figura da mãe foi determinante na sua vida, sobretudo na perspectiva por vezes ácida que tinha quanto ao star system descartável de Hollywood – "Não tinha qualquer desejo de entrar" no show business, disse ao New York Times em 2006, porque viu de perto como ele danificou Debbie Reynolds. Mas não lhe resistiu e foi com a mãe que entrou em palco na peça Irene. Tinha 15 anos. Quatro anos depois, Star Wars "foi o motor que impeliu tudo o resto", como disse há um mês à Rolling Stone. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Deu-lhe a fama e uma carreira cujos papéis nunca teriam a visibilidade de Leia. O melhor do sucesso "é o dinheiro, viajar e as pessoas que conhecemos. A pior parte é, mais uma vez, o dinheiro, viajar e as pessoas que conhecemos", brincou na mesma entrevista. "Mas a parte pior é ser criticado", admitiu. Participou na cultura do entretenimento também na vida amorosa e social – casou-se com Paul Simon, que escreveu sobre o curto romance, dançou com os Rolling Stones, sofreu uma overdose que quase a matou no início dos anos 1990. Fazia vozes em Family Guy e teve inúmeras participações no cinema e na televisão. Algumas "as herself", Carrie Fisher a fazer de Carrie Fisher de O Sexo e a Cidade a A Teoria do Big Bang, passando pelo filme Fanboys. Em The Princess Diarist, que coligiu a partir dos diários que escrevia durante o final da década de 1970 e das filmagens do então estranho projecto de uma ópera espacial feita pelo realizador de American Graffiti, escreveu: “A celebridade perpétua – aquele tipo em que qualquer menção do nome interessará a uma percentagem significativa do público até ao dia em que morremos, mesmo que esse dia venha décadas depois do nosso último contributo real para a cultura – é muitíssimo rara, reservada para pessoas como Muhammad Ali”. Leia, que adorava por ser "vivaça", foi o seu papel definidor e será provavelmente o seu último (em Rogue One, a princesa aparece na tela ainda jovem, mas graças efeitos especiais que recuperam imagens antigas). O Episódio VIII da saga, previsto para Dezembro de 2017, já foi filmado e encontra-se em fase de pós-produção. Carrie Fisher retoma o seu papel como Leia, mas a princesa há muito não morava ali – tinha sido promovida a general.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave morte guerra filha cultura campo ataque homem social doença sexo sexual princesa casamento feminista
O poder das mulheres numa ópera do século XVII
La liberazione di Ruggiero dall’isola d’Alcina, de Francesca Caccini, foi a primeira ópera composta por uma mulher. Sobe hoje ao palco do Grande Auditório do CCB. (...)

O poder das mulheres numa ópera do século XVII
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-09-15 | Jornal Público
SUMÁRIO: La liberazione di Ruggiero dall’isola d’Alcina, de Francesca Caccini, foi a primeira ópera composta por uma mulher. Sobe hoje ao palco do Grande Auditório do CCB.
TEXTO: Estreada em Florença em 1625 no âmbito das sumptuosas festas organizadas pela corte dos Médici para receber o príncipe herdeiro da Polónia Vladislau Vasa, La Liberazione di Ruggiero dall’isola d’Alcina, de Francesca Caccini (1587-1640), foi a primeira ópera da história da música composta por uma mulher. Apesar de hoje ser pouco conhecida, à época foi um êxito e a música é de uma notável qualidade e variedade, sendo ilustrativa das principais inovações dos inícios do Barroco. Hoje, às 17h, será possível ouvi-la no Grande Auditório do CCB, numa versão de concerto dirigida pelo maestro belga Paul Van Nevel, que reúne o seu próprio agrupamento, Huelgas Ensemble, e dois grupos portugueses: o Ludovice Ensemble e o Officium Ensemble. No século XXI, as mulheres continuam a estar em minoria no campo da composição e, dentro desse grupo, as que escreveram óperas são ainda menos. Que Francesca Caccini tenha recebido uma encomenda tão importante nos inícios do século XVII é aparentemente surpreendente mas um pouco menos se pensarmos que das cortes e dos conventos italianos dessa época de efervescência cultural emergiu talvez o maior número de mulheres compositoras de sempre (Madalena Casulana, Barbara Strozzi, Isabella Leonarda são apenas alguns outros exemplos). Filha de Giulio Caccini, um dos primeiros compositores de ópera, Francesca recebeu formação nas áreas do canto e da composição e aprendeu a tocar cravo, alaúde e guitarra. Em 1623 era a cantora mais bem paga da corte de Florença, onde exercia também funções de professora e compositora. A solicitação para escrever a música de La liberazione di Ruggiero dall’isola d’Alcina veio também de uma mulher, a grã-duquesa regente da Toscânia, Maria Madalena de Áustria (1589-1631), que casara em 1608 com Cosme II de Médicis e que procurava assim abrir caminho a uma união da sua filha com o príncipe polaco. Tal não chegou a acontecer, mas Vladislau Vasa gostou tanto da ópera que a fez representar em Varsóvia em 1628. “Há muito tempo que queria fazer a ópera de Francesca Caccini, por isso quando o CCB nos pediu programas para esta temporada pensei de imediato que seria uma boa ocasião”, disse Paul Van Nevel ao Público. Acrescentando: “Já conhecia o Offcium Ensemble e o seu maestro Pedro Teixeira, ouvi-os pela primeira vez há cinco anos e fiquei impressionado com a boa técnica e a compreensão da música. O Ludovice Ensemble [dirigido por Miguel Jalôto] é novo para mim, mas tenho muito boas referências em relação às suas interpretações de música do primeiro barroco. ”Nos próximos meses, Van Nevel vai dirigir a obra em Bruxelas, Antuérpia, Versalhes e Munique (apenas com o Huelgas Ensemble) e em Janeiro a Sony fará uma gravação ao vivo. “O background psicológico e filosófico desta ópera é muito interessante”, diz o maestro. “A grã-duquesa da Toscana tinha uma personalidade muito forte e a ópera reflecte isso. As personagens mais importantes são mulheres. A personagem masculina, Ruggiero, mostra uma certa fragilidade, apesar de se tratar de um guerreiro sarraceno. Maria Madalena tinha esperança de que a ópera desse confiança ao príncipe da Polónia para casar com a sua filha. Logo no Prólogo, Neptuno louva o rio Vístula, que é um rio polaco. Há uma intenção política por trás”, explica Van Nevel. O libreto de Ferdinando Saracinelli inspira-se no romance épico Orlando Furioso, de Ludovico Ariosto, mas integra também aspectos do Orlando Enamorado, de Matteo Boiardo, e da Jerusalém Libertada, de Torquato Tasso. Melissa, a feiticeira boa, vai montada num golfinho até à ilha onde o guerreiro Ruggiero foi seduzido e enfeitiçado por Alcina, a feiticeira má, com o intuito de o libertar, assim como aos antigos amantes de Alcina entretanto transformados em plantas. A ira de Alcina faz incendiar o mar. “Pensa-se que Alcina representava os turcos, que tinham sido derrotados pelo exército polaco cristão, e que Melissa representava a própria grã-duquesa que, desta forma, procurava recuperar a sua reputação manchada por algum excesso de arrogância”, acrescenta o maestro. Quanto à música, Van Nevel é muito entusiasta. “Monteverdi conhecia muito bem Francesca Caccini, escreveu nas suas cartas que a ouviu cantar as suas próprias composições e que ficou muito impressionado. Nesta obra, o conceito de ópera ainda não é o da grande ópera veneziana, contendo ainda alguns aspectos da Renascença tardia. Podemos ouvir de vez em quando ecos do espírito da famosa peça La Pellegrina, de 1589. ” O maestro refere que La liberazione di Ruggiero dell’isola di Alcina tem personagens muito diferentes, o que proporciona tensão e variedade dramática, um importante papel do coro e vários interlúdios instrumentais. “Tudo é conjugado num grande arco, que engloba muitos momentos de deleite, mas também de dor e tristeza. Alcina personifica o mal e ouvimos isso, Melissa é a boa feiticeira e isso é notório na música. ”
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