Meghan já tem um brasão e neste é uma ave canora
A rainha já aprovou o brasão criado para a nova duquesa de Sussex. Biografia de Meghan na página oficial da família real foi actualizada. (...)

Meghan já tem um brasão e neste é uma ave canora
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-05-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: A rainha já aprovou o brasão criado para a nova duquesa de Sussex. Biografia de Meghan na página oficial da família real foi actualizada.
TEXTO: Uma ligação entre o Reino Unido e a Califórnia, o estado onde Meghan Markle cresceu, foi a forma encontrada por quem faz a heráldica britânica para desenhar o brasão para a nova duquesa de Sussex. A rainha, assim como Thomas Woodcock, o especialista em heráldica do London’s College of Arms, já o aprovaram, anuncia o Palácio de Kensington. De um lado, as armas reais britânicas com o leão, que representam Harry e a sua ascendência, e o outra metade do escudo está pintada de azul, com duas riscas e três penas de pássaro, sustentadas por uma ave canora – que simbolizam Meghan. Cada uma das cores e dos desenhos têm significados e a elaboração deste brasão foi acompanhado de perto pela ex-actriz. Assim, o escudo tem um fundo azul que representa o Oceano Pacífico, que banha a costa californiana; as duas riscas douradas simbolizam os raios de sol; e as três penas, que intercalam com os raios de sol, representam "a comunicação e o poder das palavras". Aliás, a ave, que enverga uma coroa ao pescoço, está de bico aberto representando "o poder da comunicação". Debaixo do escudo, na relva, há uma colecção de papoilas douradas, a flor do estado da Califórnia, e de outras flores que crescem nos jardins do Palácio de Kensington. Thomas Woodcock, o responsável pela heráldica real, informou que a duquesa teve "grande interesse" no design do brasão e que estes, quase sempre, são desenhos "simples". Para o especialista, as armas da duquesa de Sussex "estão bem ao lado da beleza histórica" das armas britânicas. A heráldica, como meio de identificação, floresceu na Europa por quase novecentos anos e está associada a pessoas individuais, da nobreza, assim como a grandes corporações, como cidades ou universidades, lembra ainda Woodcook. Se, logo a seguir ao casamento, a casa real lançou uma pequena biografia de Meghan Markle, onde omitia a participação da ex-actriz na série Suits; a biografia foi, entretanto, actualizada e esse apontamento foi incluído, assim como outras informações. Assim, ficamos a saber qual foi o percurso académico feito pela mulher do príncipe Harry, sexto na linha de sucessão, desde o pré-escolar à universidade. Meghan fez um estágio na embaixada norte-americana em Buenos Aires, Argentina, aprendeu espanhol e teve seis anos de francês. Sobre o seu percurso profissional não se fala dos papéis menores que Meghan fez na televisão ou no cinema, mas a biografia centra-se em Suits, nas suas sete temporadas e nos seus mais de cem episódios. Lembra ainda que a actriz, por causa desta série, mudou-se para o Canadá, viveu em Toronto, que se tornou na sua segunda casa – não esquecer que o país de Justin Trudeau faz parte da Commonwealth. Aliás, a primeira vez que o casal se apresentou em público, foi precisamente por lá, nos Invictus Games, em Setembro passado. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Além da sua "carreira de sucesso como actriz", segundo diz a casa real, a passagem de Markle pelas redes sociais não foi esquecida. Meghan tinha um blogue de lifestyle, The Tig, que depois de anunciado o noivado acabou por apagar. Ali escrevia sobre viagens, moda, comida, assim como questões de género, enumera o comunicado. Questões essas que lhe são muito queridas desde tenra idade – já sabíamos na primeira biografia como a pré-adolescente Meghan, aos 11 anos, conseguiu mudar um anúncio a detergente para a louça que era sexista; assim como é uma embaixadora das Nações Unidas. A informação sobre as suas preocupações sociais e de caridade não foram muito alterada do início para o final desta semana. Contudo, foram acrescentados os seus compromissos reais.
REFERÊNCIAS:
Meghan Markle será orientada por assistente da rainha Isabel II
Samantha Cohen acompanhará a duquesa de Sussex nos próximos tempos, enquanto esta começa o trabalho oficial em representação da coroa. (...)

Meghan Markle será orientada por assistente da rainha Isabel II
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-05-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: Samantha Cohen acompanhará a duquesa de Sussex nos próximos tempos, enquanto esta começa o trabalho oficial em representação da coroa.
TEXTO: Ainda os ânimos acalmavam após a cerimónia que juntou cerca de 100 mil pessoas em Windsor, quando os duques de Sussex surgiram, esta terça-feira, no Palácio de Buckingham, para a festa de celebração do patronato do príncipe Carlos – o primeiro compromisso de Meghan Markle enquanto membro da família real. Pela frente (depois da lua-de-mel), avizinha-se uma agenda cheia e meses de treino. A duquesa de Sussex será orientada, durante os primeiros tempos por Samantha Cohen, que trabalhou como assistente da rainha Isabel II e serve actualmente como secretária privada interina dos duques de Sussex, no Palácio de Kensington, de acordo com o The Times. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Cohen deverá acompanhar a duquesa, enquanto esta viaja pelo país, visitando diferentes intituições. "Serão seis meses a escutar", adianta uma fonte ao jornal britânico. "Ela está à procura de conselhos de uma variedade de pessoas. Vai proceder com humildade. " Terá uma agenda cheia, acrescenta a mesma fonte – algo que, comenta, não será um grande desafio para Meghan, já que a ex-actriz "está habituada a um horário exigente". No site da família real, Meghan já tem um perfil que indica qual será o papel dentro da família real. Para já, está previsto que o casal viaje até Sydney, em Outubro, para a quarta edição dos jogos Invictus. Recorde-se que foi neste evento, em 2017, que Harry e Meghan surgiram juntos pela primeira vez em público. É provável que viajem para outros países de que Commonwealth, já que o príncipe foi recentemente nomeado embaixador da juventude desta organização internacional – um trabalho que, avisou logo num discurso, será partilhado com a mulher. De acordo com o The Times, a duquesa de Sussex já se reuniu múltiplas vezes com Samantha Cohen, que tinha planeado abandonar o Palácio de Buckingham durante o Verão de 2018 – devido a conflitos internos –, mas concordou em permanecer junto da família real até 2019, para substituir temporariamente o secretário privado Edward Lane Fox, no Palácio de Kensington.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave mulher rainha
Mulheres, corrida e nutrição
Quando falamos de desporto e nutrição na mulher há um tópico que sobressai: a Tríade Feminina. (...)

Mulheres, corrida e nutrição
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-09-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: Quando falamos de desporto e nutrição na mulher há um tópico que sobressai: a Tríade Feminina.
TEXTO: De uma forma geral, a equidade entre homens e mulheres tem vindo a ser conquistada progressivamente. No caso particular do desporto, os Jogos Olímpicos de 1900 em Paris constituíram um marco histórico por serem os primeiros a permitir a participação de mulheres. As mulheres podiam competir em 5 modalidades: ténis, vela, croquet, equestre e golfe. A participação feminina nos Jogos tem vindo a aumentar ao longo dos tempos; nas últimas Olimpíadas (Londres, 2012) 44% dos participantes eram do sexo feminino. No que diz respeito ao atletismo, os Jogos Olímpicos de 1928 em Amesterdão marcaram uma nova era para as atletas femininas por serem os primeiros Jogos a permitirem a participação de mulheres em eventos de atletismo. Durante os 32 anos seguintes, a distância máxima permitida para mulheres era de 200 m, uma vez que a Comissão Olímpica Internacional era da opinião que distâncias maiores eram demasiado extenuantes para a constituição da mulher. Só em 1960 houve permissão para as mulheres competirem nos 800 m, seguida da inclusão dos 1500 m em 1972. A primeira maratona feminina viria a acontecer nas Olimpíadas de 1984, no mesmo ano em que foram introduzidos os 3000m. Os Jogos Olímpicos de 2012 em Londres, com a adição do boxe feminino, foram os primeiros Jogos a terem participação feminina em todas as modalidades do programa olímpico. Actualmente (e desde 1991), qualquer novo desporto terá de obrigatoriamente abranger eventos femininos caso queira ser incluído no programa olímpico. Quando falamos de desporto e nutrição na mulher há um tópico que sobressai: a Tríade Feminina (ou Tríade da Mulher Atleta, ou ainda Tríade da Atleta Feminina, apesar da redundância). O Colégio Americano de Medicina Desportiva define-a como a inter-relação entre três componentes: disponibilidade energética, função menstrual e densidade mineral óssea. As manifestações clínicas mais extremas são o desenvolvimento de distúrbios alimentares, amenorreia (ausência do ciclo menstrual por um tempo superior a 90 dias) e osteoporose. Este Colégio defende que as atletas estão distribuídas ao longo de um espectro entre a saúde (óptima disponibilidade energética, eumenorreia (ciclos menstruais regulares) e óptima saúde óssea) e doença (já enumeradas em cima), sendo que as condições clínicas enumeradas poderão não se manifestar em simultâneo. Mais recentemente, o Comité Olímpico Internacional sugeriu alterar a denominação deste conceito para Deficiência Relativa em Energia no Desporto (Relative Energy Deficiency in Sport, RED-S), por considerar ser um termo mais abrangente, que melhor espelha a complexidade envolvida e pelo facto de atletas masculinos também poderem ser afectados. A RED-S é um conceito expandido da Tríade que, para a além da disponibilidade energética, função menstrual e saúde óssea, inclui outros aspectos fisiológicos que poderão ser afectados, nomeadamente a taxa metabólica, imunidade, síntese proteica, e saúde cardiovascular e psicológica. Assim, considera-se que o fenómeno clínico não é apenas uma tríade, mas uma síndrome, que poderá afectar vários aspectos fisiológicos, a saúde e o rendimento desportivo. Independentemente da definição, a causa desta síndrome parece ser a baixa disponibilidade energética. A disponibilidade energética refere-se à energia ingerida menos a energia despendida no exercício físico e é a quantidade de energia que fica disponível para outras funções fisiológicas que não o exercício. Uma baixa disponibilidade energética pode, assim, ser causada por uma redução na energia ingerida ou por aumento da energia despendida. A maioria dos efeitos negativos parece ocorrer quando a disponibilidade energética é inferior a 30 kcal/kg de massa isenta de gordura/dia. Assim sendo, uma parte crucial do tratamento da RED-S passa por aumentar a disponibilidade energética, aumentando a ingestão alimentar, reduzindo o exercício físico, ou através uma combinação de ambas as estratégias. Outras intervenções específicas poderão ser necessárias, como o ajuste das quantidades diárias de proteína e hidratos de carbono, a inclusão de exercícios com impacto e exercícios de força, suplementação em cálcio, vitamina D e vitamina K e terapia farmacológica. Apesar desta descrição muito simplista, a RED-S é um fenómeno complexo e em ampla discussão. Assim que identificada, o atleta deverá ser acompanhado por uma equipa multidisciplinar e experiente em desporto, incluindo médico, nutricionista, psicologista, fisioterapeuta e fisiologista. O reconhecimento, o tratamento, mas também a prevenção do desenvolvimento da RED-S deverão ser uma prioridade para quem trabalha com atletas. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. *Mónica Sousa, nutricionista na componente desportiva, colaborou com a Federação Portuguesa de Atletismo. Foi nutricionista da equipa de futebol sénior do Vitória de Setúbal e colaborou com a Federação Portuguesa de Natação, entre outras modalidades. Doutorada em Ciências do Desporto, especificamente na área de nutrição no desporto de alto rendimentoQualquer dúvida ou questão pode ser enviada por email para monicasousa. ionline@gmail. comconteúdos produzidos por Pressinform
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homens mulher doença sexo mulheres feminina
Mudanças nas prisões: reclusos são mais velhos, mais escolarizados e há mais mulheres
Número de jovens internados em centros educativos cai 40% entre 2010 e 2016. (...)

Mudanças nas prisões: reclusos são mais velhos, mais escolarizados e há mais mulheres
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 9 | Sentimento 0.388
DATA: 2017-06-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: Número de jovens internados em centros educativos cai 40% entre 2010 e 2016.
TEXTO: O número de reclusos nos estabelecimentos prisionais aumentou 18, 7% entre 2010 e 2016, passando de 11. 613 para 13. 779. Este aumento “não é uniforme”, uma vez que se registou uma subida de mulheres reclusas de 38, 6%, enquanto o número de homens subiu 17, 5%. Os dados sobre os reclusos nos estabelecimentos prisionais divulgados pela Direcção-Geral da Política de Justiça (DGPJ) indicam que, nos últimos seis anos, se verificou um ligeiro aumento dos detidos com mais de 40 anos e uma diminuição nos restantes escalões etários, apesar de as idades mais representativas se situarem entre os 25 e os 39 anos, seguido da faixa etária dos 40 aos 59 anos. A DGPJ adianta ainda que, em seis anos, se registou uma ligeira redução dos reclusos com graus de instrução inferiores ao do ensino básico: representavam 9, 3% em 2010; passaram para 6, 6%, em 2016. Esta redução é compensada sobretudo pelo aumento verificado nos detidos com habilitações literárias correspondentes ao ensino superior, que passaram de 1, 2%, em 2010, para 2, 6%, em 2016. As estatísticas da DGPJ indicam ainda que os reclusos que cometeram crimes por tráfico de droga e contra pessoas sofreram uma ligeira descida em seis anos e, por sua vez, aumentaram os presos por crimes contra o património e contra a vida em sociedade. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Foram igualmente divulgados dados sobre o número de jovens internados em centros educativos: diminuiu quase 40% entre 2010 e 2016, passando de 226 para 138. Aquele organismo do Ministério da Justiça refere que esta descida contabiliza uma redução de 39, 4% entre os jovens do sexo masculino e de 34, 8% no sexo feminino. Em relação aos escalões etários dos jovens internados em centros educativos, a DGPJ refere que se registou uma tendência de decréscimo das idades até aos 17 anos, tendo o peso destas categorias sofrido uma redução de dois pontos percentuais entre 2010 e 2016. Esta redução é compensada pelo aumento de cerca de dois pontos percentuais nos jovens com mais de 18 anos.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homens sexo mulheres
O desejo sexual da Menina Júlia
Depois de abordar Romeu e Julieta por esse prisma, Daniel Gorjão aplica o mesmo olhar a outro clássico do teatro: Júlia, a partir de Strindberg, está em cena no São Luiz até 7 de Maio. (...)

O desejo sexual da Menina Júlia
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 9 | Sentimento 0.5
DATA: 2017-06-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: Depois de abordar Romeu e Julieta por esse prisma, Daniel Gorjão aplica o mesmo olhar a outro clássico do teatro: Júlia, a partir de Strindberg, está em cena no São Luiz até 7 de Maio.
TEXTO: Em 2015, parcialmente inspirado pelos seus trabalhos como barman na noite lisboeta, o encenador Daniel Gorjão colocava a lupa sobre o desejo ao abordar Romeu e Julieta, de William Shakespeare. Desta Carne Lassa do Mundo, assim se chamava o espectáculo, ia atrás das personagens essenciais à edificação do derradeiro amor romântico, mas procurava-lhes os corpos, a entrega descontrolada a um prazer dos sentidos. Em fundo, ouvíamos música de discoteca, banda sonora que lhes empurrava as mãos para as coxas e as bocas no sentido uma da outra. Desafiado pela actriz Teresa Tavares, com quem fundou o Teatro do Vão, a pegar noutro clássico dos palcos, Menina Júlia (1888), de August Strindberg, Gorjão decidiu adoptar as mesmas ferramentas contemporâneas, lançando Júlia e Jean (João Villas-Boas) num vórtice de desejo que discorre sem freios, enquanto o baile descrito pelo autor sueco é servido numa bandeja de batidas que poderiam animar qualquer pista de dança actual. Júlia, em cena na Sala Mário Viegas do Teatro São Luiz, em Lisboa, até 7 de Maio (e já com apresentação marcada no Centro Cultural de Ílhavo a 30 de Setembro), “vem mesmo no seguimento de Carne Lassa, na pesquisa e nesta coisa de procurar o que é fazer um texto clássico hoje, trazê-lo para o palco com um ponto de vista de agora”. E o ponto de vista, esclarece Gorjão, é novamente “o de onde o desejo nos leva”. No caso, “leva as personagens a perderem-se nas suas vidas”. Na peça de Strindberg, a sedução entre Júlia e Jean, respectivamente dama aristocrata e criado, é sempre atravessada por uma tentativa de dominação de um sobre o outro. De forma consciente, Daniel Gorjão quis esbater ao máximo todas as diferenças de classe que poderiam sobrevir dos figurinos e de quaisquer códigos que cavassem de imediato um fosso entre os dois. Em vez disso, veste-os quase de igual, despe-os mesmo, uniformiza-os para que as diferenças saiam amplificadas. “A frase que mais retenho de toda a peça”, diz, “é quando ela lhe diz que podem tentar fugir, mas que as recordações irão sempre acompanhá-los na carruagem do comboio. As memórias, a educação, o passado condicionarão sempre e não se podem apagar. Nunca nos livramos de nós próprios”. Se os dois projectam no outro a sua salvação, é uma salvação momentânea, condenada ao fracasso ao dobrar do primeiro embate. E é por isso que no palco vemos um relvado que sobe em direcção ao céu, sem fim à vista. “Não existe horizonte”, resume o encenador. “Quando imaginei o cenário pensei que podia ser um espaço confinado onde quem está a observar não visse uma saída. Há sempre uma barreira que envia para trás, cíclica, impedindo de sair. ” Quer no cenário quer na movimentação de Júlia e Jean, fechados num espaço de intimidade que descarta a terceira personagem (Cristina) de Strindberg, tudo decorre num loop de relação visceral, em que os dois se rodeiam e encurralam na segurança de que o sonho da fuga conjunta para a Suíça é apenas um sonho que ambos sabem não passar para lá da porta de casa. E é por isso que Júlia se lê como um arroubo de desejo sexual, como se a única união possível entre estes dois fosse aquela que, por instantes, junta os seus corpos e logo em seguida se extingue, sem qualquer outra possibilidade de encontro. Cada acção é impelida por esse desejo. A Júlia de Daniel Gorjão “tem um lado selvagem e cru de querer muito uma coisa”. Se nas abordagens a que assistiu até hoje (de Katie Mitchell ou Christiane Jatahy) o sexo está mais escondido, aqui está sempre presente. O desejo é a pulsão inescapável que determina cada gesto e cada acção. As consequências são assunto para mais tarde.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave educação carne sexo sexual
Karen Armstrong vence Prémio Princesa das Astúrias para as Ciências Sociais
Especialista em história comparada das religiões, a investigadora inglesa lançou o movimento Carta pela Compaixão em 2008. (...)

Karen Armstrong vence Prémio Princesa das Astúrias para as Ciências Sociais
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 9 | Sentimento 0.166
DATA: 2017-06-02 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20170602192834/https://www.publico.pt/n1774115
SUMÁRIO: Especialista em história comparada das religiões, a investigadora inglesa lançou o movimento Carta pela Compaixão em 2008.
TEXTO: A investigadora Karen Armstrong, especialista inglesa em história comparada das religiões, venceu o Prémio Princesa das Astúrias para as Ciências Sociais, anunciado esta quarta-feira em Oviedo. Autora de documentários para televisão e de livros como Uma História de Deus (1993), Jersusalém: Uma Cidade, Três Religiões (1996), O Islamismo. História Breve (2000), Buda (2002), Grandes Tradições Religiosas (2006) ou Doze Passos para Uma Vida Solidária (2009), todos eles publicados em Portugal pela Temas e Debates, Armstrong é uma das mais lidas e discutidas pensadoras actuais do fenómeno religioso. É também responsável pelo lançamento do projecto Carta pela Compaixão, um movimento que criou com a dotação monetária do prémio TED, que lhe foi atribuído em 2008. Pensado para unir pessoas de diferentes nacionalidades e credos em torno do princípio fundamental da chamada regra de ouro, uma ética da reciprocidade formulada de diversos modos nos textos canónicos das principais religiões do mundo (“Tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-o também a eles”, diz Jesus, segundo Mateus, no Sermão da Montanha), a organização agrega já pessoas de mais de uma centena de países. Numa breve declaração de agradecimento do prémio – que inclui um cheque de 50 mil euros e uma escultura de Joan Miró –, a investigadora lembra que “vivemos em tempos perigosos” e que a crescente interligação entre as populações do planeta aos mais diversos níveis está a ser paradoxalmente acompanhada de “um regresso agressivo ao nacionalismo e a guetos religiosos e culturais”. Para Armstrong, “é essencial compreendermos as aspirações religiosas, políticas e ideológicas dos nossos vizinhos globais”, que não correspondem necessariamente ao que imaginamos que sejam. “Temos de reexaminar urgentemente as ideias feitas e os preconceitos e ver, para lá dos soundbites dos media, as complexas realidades que estão a dilacerar o nosso mundo, percebendo, a um nível profundo, que não partilhamos o planeta com seres inferiores, mas com iguais”, escreve ainda a premiada. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Nascida em 1944 em Wildmoor, no Reino Unido, numa família com origens irlandesas, Karen Armstrong ingressou aos 18 anos num convento católico e foi como noviça, e depois já como freira professa, que estudou Inglês na Universidade de Oxford. Mas em 1969, aos 25 anos, deixou o convento, no qual teria sofrido abusos físicos e psicológicos que mais tarde relatou ao jornal The Guardian”. Após ter abandonado o convento, licenciou-se em Literatura Contemporânea e foi professora e investigadora no Bedford College da Universidade de Londres e no Colégio Feminino James Allen. Em 1982 escreveu o seu primeiro livro, Through the Narrow Gate, um relato da sua própria experiência, e logo no ano seguinte escreveu e apresentou um programa de televisão sobre a vida de S. Paulo e o impacto do pensamento paulino no cristianismo, ao qual se seguiram outros documentários para o Channel Four, um canal inglês de serviço público. Desde meados dos anos 80 do século passado, tem-se dedicado sobretudo a escrever sobre religião, e em particular sobre o património comum do judaísmo, cristianismo e islamismo.
REFERÊNCIAS:
Religiões Cristianismo Judaísmo Islamismo
Violência
Permitam-nos sentir alguma “fúria” (palavra equivalente a “violência”) perante a súbita sensibilidade e grande empenho dos órgãos de soberania para um problema que parecem ter descoberto só agora. Nunca os vimos assim comovidos com as vítimas de violência doméstica ou com a ainda mais invisível violência contra idosos. (...)

Violência
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-06-21 | Jornal Público
SUMÁRIO: Permitam-nos sentir alguma “fúria” (palavra equivalente a “violência”) perante a súbita sensibilidade e grande empenho dos órgãos de soberania para um problema que parecem ter descoberto só agora. Nunca os vimos assim comovidos com as vítimas de violência doméstica ou com a ainda mais invisível violência contra idosos.
TEXTO: Palavra recorrente (e prática também), “violência” já foi por nós aqui descodificada em momentos anteriores. Todos lamentáveis. Uma das definições: “Facto de obrigar alguém pela força ou pela intimidação a praticar actos que de outro modo não praticaria. ” Seguem-se os sinónimos “brutalidade”, “opressão” e o exemplo “acto de violência física”. A semana começou (14 de Maio) com “violência” na Faixa de Gaza. “O dia da festa em Jerusalém afinal foi o dia dos mortos em Gaza”, título de notícia que dava conta de ter sido “o dia mais mortífero do conflito desde 2014, desviando as atenções da inauguração da embaixada dos EUA”. Morreram 60 pessoas. Seguiu-se (15 de Maio) “violência” em Alcochete (com as devidas proporções), na academia do Sporting. “Grupo de pessoas de cara tapada entra em Alcochete e agride jogadores”, título de notícia que informava que “Bas Dost (o holandês teve de ser suturado na cabeça) e Misic foram agredidos, assim como Mário Monteiro, do corpo técnico. Houve também uma tentativa de agressão a Jorge Jesus”. A fechar a semana (18 de Maio), “violência” numa escola norte-americana. “Atirador de 17 anos faz pelo menos dez mortos em escola no Texas”, título de notícia que descrevia: “Polícia deteve o principal suspeito e uma segunda pessoa. Autoridades afirmam ter localizado engenhos explosivos. ”A cada um destes episódios poder-se-ia atribuir, respectivamente, os sinónimos “crueldade”, “brutalidade” e “desumanidade”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. “Violência” para leitores, ouvintes e telespectadores é também o tempo e o espaço desmedidos que nós, comunicação social, demos ao que se passou com o Sporting (e ainda vai durar). Permitam-nos sentir alguma “fúria” (palavra equivalente a “violência”) perante a súbita sensibilidade e grande empenho dos órgãos de soberania para um problema que parecem ter descoberto só agora. Nunca os vimos assim comovidos com as vítimas de violência doméstica ou com a crescente e ainda mais invisível violência contra idosos. A rubrica Palavras, expressões e algumas irritações encontra-se publicada no P2, caderno de domingo do PÚBLICO
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
Harvey Weinstein entregou-se e foi acusado de violação e abuso sexual
Este é o primeiro processo criminal a visar Weinstein na sequência das investigações de Outubro de 2017. O produtor na origem do momento #MeToo está a ser investigado noutras cidades e pelo FBI. Pagará um milhão para se manter em liberdade com pulseira electrónica. (...)

Harvey Weinstein entregou-se e foi acusado de violação e abuso sexual
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 9 | Sentimento 0.5
DATA: 2018-05-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: Este é o primeiro processo criminal a visar Weinstein na sequência das investigações de Outubro de 2017. O produtor na origem do momento #MeToo está a ser investigado noutras cidades e pelo FBI. Pagará um milhão para se manter em liberdade com pulseira electrónica.
TEXTO: O produtor norte-americano Harvey Weinstein foi acusado de violação, acto sexual de relevo, má conduta sexual e abuso sexual num tribunal em Nova Iorque. Este é o primeiro processo criminal a formalizar-se contra Weinstein após as investigações de Outubro de 2017 e das denúncias de dezenas de mulheres que dizem ter sido alvo de assédio ou violência sexual e originaram o que ficou conhecido como o momento #MeToo. Duas queixas apresentadas recentemente por duas alegadas vítimas, uma das quais parte das investigações da imprensa, precipitaram esta decisão judicial. Weinstein tinha-se entregado na manhã desta sexta-feira na 1. ª Esquadra da Polícia de Nova Iorque, em Manhattan, na sequência de duas acusações distintas de duas alegadas vítimas e foi entretanto ouvido em tribunal, escreve o diário britânico The Guardian. Negou as acusações de que é alvo e saiu da esquadra para o tribunal algemado. Chegou ao tribunal já sem algemas e ladeado por dois agentes. No tribunal, a sua fiança foi fixada num milhão de dólares em dinheiro — o que já estava negociado com as autoridades, escreve o New York Times. O produtor pagará essa fiança e ficará em liberdade, mas sob vigilância e com pulseira electrónica. Entregou o seu passaporte e não pode sair dos estados de Nova Iorque e Connecticut. Será presente em tribunal a 30 de Julho. Weinstein, de 66 anos, apresentou-se pelas 7h30 locais na esquadra em Manhattan, chegando de carro e entrando no edifício em silêncio. Levava alguns livros debaixo do braço — um deles sobre o realizador Elia Kazan, outra figura de Hollywood caída em desgraça por ter testemunhado contra vários colegas por serem militantes comunistas durante o mccarthismo, nos anos 1950 (e acusado por uma actriz de agressão sexual numa audição). Era esperado por dezenas de jornalistas e alguns transeuntes. O nome de uma das mulheres que apresentaram queixa contra Weinstein não é conhecido, mas a segunda é Lucia Evans, que faz parte do grupo de mulheres que, em Outubro de 2017, contou a sua história com o produtor à revista New Yorker. “O Departamento de Polícia de Nova Iorque agradece a estas corajosas sobreviventes pela sua coragem ao avançar e procurar justiça”, lê-se num comunicado das forças de segurança. As acusações remontam a incidentes ocorridos em 2004 e 2013, segundo a polícia. “A presença de Weinstein numa esquadra é simbólica por ser a primeira consequência policial pós-escândalo, mas também porque em 2015 uma das suas alegadas vítimas recorreu à polícia de Nova Iorque depois de alegadamente Weinstein a ter apalpado durante uma reunião. O mesmo gabinete do procurador de Manhattan decidiu então não formalizar qualquer queixa. Lucia Evans queria ser actriz, mas hoje trabalha como consultora de marketing, e, como contou ao jornalista Ronan Farrow nessa investigação — que, tal como a do New York Times, recebeu o Prémio Pulitzer de jornalismo há semanas —, diz ter sido forçada por Harvey Weinstein a fazer-lhe sexo oral. Uma reunião no gabinete do então poderoso produtor na Miramax, em 2005, tinha como pretexto uma espécie de audição, e como outra suposta participante uma directora de casting. Mas afinal mais ninguém estava presente e as sugestões de que ela poderia participar num programa de televisão que produzia ou em alguns filmes deram lugar a um alegado ataque: “Atacou-me. Forçou-me a fazer-lhe sexo oral. ”A decisão de avançar agora criminalmente contra Weinstein, que já está a ser alvo de investigações também em Los Angeles e em Londres, mas não tinha ainda sido formalmente acusado de qualquer crime — e que até agora sempre negou ter tido relações sexuais não consensuais —, deveu-se à sua necessidade de fazer justiça. “A certa altura, temos de pensar no bem maior da humanidade, das mulheres”, disse Evans à New Yorker. Diz ter sido avisada pela polícia de que, se não apresentasse queixa, “Harvey podia safar-se”. A notícia da sua acusação foi saudada por várias das suas alegadas vítimas, nomeadamente a actriz Rose McGowan, que espera poder estar no tribunal quando do julgamento do produtor e, tal "como muitas outras vítimas, poder olhá-lo nos olhos". Asia Argento, que descreveu como Weinstein lhe terá forçado sexo oral num hotel em Cannes, disse sexta-feira: "Nós, as mulheres, finalmente temos uma esperança real de justiça". Segundo a New Yorker, a polícia de Nova Iorque tem estado a ouvir várias outras mulheres no âmbito desta investigação e uma delas é uma das suas denunciantes, a actriz Paz de la Huerta, que confirmou ter sido inquirida pelas autoridades e que acusa Weinstein de a ter violado. A secção que investiga o caso é a Special Victims Division Cold Case Squad e o seu trabalho começou imediatamente após a publicação das investigações jornalísticas sobre Weinstein. Há dias, a produtora Alexandra Canosa, que trabalha actualmente com o Netflix, acusou formalmente junto da Justiça Harvey Weinstein de violação, agressão sexual e abusos verbais que terão sido cometidos ao longo de cinco anos. Os alegados crimes de Harvey Weinstein remontam a mais de três décadas, segundo os relatos de muitas mulheres e algumas potenciais acusações podem já ter prescrito — em Nova Iorque os crimes sexuais não prescrevem desde que em 2008 houve uma alteração legal, mas o seu efeito só é retroactivo até 2001. O caso de Lucia Evans, esclarece a BBC, pode permitir um cenário semelhante ao que originou a recente condenação de Bill Cosby pela violação de Andrea Costand: um juiz pode admitir que outras queixosas testemunhem contra o réu com o objectivo de confirmar ou dissipar um padrão de crimes e de comportamento. Segundo o New York Times, além dos crimes sexuais, os investigadores estão também a avaliar se há crimes financeiros “relacionados com a forma como pagou a mulheres pelo seu silêncio” ou se “usou empregados da sua antiga produtora para identificar mulheres para atacar”. O número de mulheres que acusaram Harvey Weinstein de assédio ou violência sexual é superior a 75 e os primeiros testemunhos foram revelados em duas investigações da imprensa de Nova Iorque, no New York Times e na New Yorker. Weinstein era uma figura com poder laboral sobre as pessoas que agora o acusam, mas também mediático — os mesmos dois órgãos de informação relataram depois a existência de uma rede de intimidação e advogados que tentavam condicionar possíveis denunciantes. Entre elas estão McGowan, Asia Argento, Annabella Sciorra ou Ashley Judd. Gwyneth Paltrow, Angelina Jolie e outras estrelas acusaram-no também de assédio sexual. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Desde então, e depois da associação de nomes de muitas actrizes conhecidas a muitas alegadas vítimas desconhecidas, todas queixando-se de um padrão sistémico de abuso de poder e violência sexual, um verdadeiro dilúvio de denúncias originou um movimento social contra o assédio sexual e a discriminação de género em todo o mundo. No desporto, na política ou na agricultura, o tema foi discutido e nomes foram denunciados. O advogado do produtor, Benjamin Brafman, diz que Harvey Weinstein “não violou a lei conscientemente” e que as acusações de abuso sexual “não têm qualquer fundamento”, cita a Associated Press a partir de documentos legais. Continuou a defender o seu cliente à saída do tribunal e comentou quão antigas são as queixas das mulheres. E rematou: “Weinstein não inventou o casting couch em Hollywood e se há mau comportamento naquela indústria, o que está aqui em causa não é isso. . . o mau comportamento não está a ser julgado neste caso. ” “Casting couch” é a expressão depreciativa e equivalente no meio do cinema à igualmente degradante “subir na horizontal”, que veio a resumir histórias de que as actrizes eram forçadas a ter relações sexuais com os patrões dos estúdios ou seus superiores hierárquicos para conseguir papéis e singrar na indústria. O FBI também está a investigar os alegados crimes de Weinstein a nível federal.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave crime lei violência tribunal ataque social violação sexo género espécie sexual mulheres abuso assédio discriminação
Entre o saber e o trajar
Lembrei-me desta cerimónia depois de ler as críticas à princesa Leonor de Espanha que aos 11 anos gosta de cinema japonês. (...)

Entre o saber e o trajar
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-08-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Lembrei-me desta cerimónia depois de ler as críticas à princesa Leonor de Espanha que aos 11 anos gosta de cinema japonês.
TEXTO: Há uns anos, uma amiga contava-me que estando numa terra fortemente religiosa como então era Timor-Leste, a dar os primeiros passos depois da independência, e assistindo a uma missa onde todas as pessoas se levantaram e foram comungar, sentiu que não poderia fazer outra coisa senão repetir o mesmo gesto. Não fazê-lo seria ofender aquela comunidade que a acolhera. Mas estar numa missa, contava-me, não era novidade. “Uma pessoa é ateia, mas vai à missa”, dizia-me. Faz parte da nossa herança judaico-cristã, digo eu. Uma pessoa vai à missa numa festa, num baptizado, num casamento, numa cerimónia de bênção das fitas… E, por isso, não é uma coisa assim tão estranha. E lá fui eu assistir a uma cerimónia de bênção das fitas. O padre entra no auditório ao som de um cântico religioso que o coro entoa e mal se ouve a última nota, a sala inteira bate palmas. Surpreende-me, mas penso que é uma moda, há tempos, no Teatro Camões, num bailado clássico, o público também batia palmas mal a orquestra se calava, estivéssemos a meio de uma cena com a bailarina ainda no ar, estivéssemos à beira do intervalo. As palmas vão continuar a ouvir-se durante toda a bênção, assim como assobios. E o sacerdote lá vai adaptando-se à plateia e pede-lhe para que se levante ou para que se sente nos momentos certos. Estranho é haver quem esteja ali trajado a preceito, com a pasta das fitas na mão e não se mexa do lugar, permanecendo sentado. Serão os contestatários? Os ateus? Os mata-frades? Mas foram obrigados a estar ali? Como farão no seu dia-a-dia, quando em termos profissionais tiverem de assistir a uma bênção de outra coisa qualquer? É que o que não falta são cerimónias do Estado laico que metem a Igreja à mistura. Vão permanecer sentados de pernas abertas com um ar displicente e com a mão no rabo da namorada, que está de pé?Eles não sabem estar numa cerimónia religiosa porque ninguém os preparou para tal. As famílias também batem palmas, conversam ao telefone ou actualizam-se no Facebook enquanto o padre está lá em baixo a dizer umas coisas sobre o futuro, os valores, etc. E o barulho da sala não parece incomodar a direcção da escola nem os professores que ocupam as primeiras filas do auditório. Finalizada a cerimónia religiosa começam os discursos dos representantes dos finalistas de cada curso. Eles são engraçados, elas tentam ser – é um mal de género. Um deles disseca, professor a professor, as fraquezas e os defeitos. O rapaz pergunta directamente à professora x porque não tiveram todos 20 na frequência quando todos copiaram; ou ao professor y porque passou 1500 slides e eles não apanharam nada da cadeira. Tudo num tom jocoso e na primeira fila os professores riem-se, desvalorizando a crítica implícita ao seu modo de ensinar. Elas contam aos pais, aos irmãos mais novos, aos tios e aos avós que beberam até cair, até não se lembrarem, até irem parar aos bombeiros ou ao hospital, até não saberem como conseguiram ir às aulas no dia seguinte ou o ano todo. É isto a igualdade de género para elas, não é lutar por direitos e salários iguais, mas por beber até cair. Não sabem como passaram os três anos do curso, mas sabem que ganharam amigos para a vida – algumas emocionam-se. E os pais riem-se – claro que elas estão a brincar, apesar de as imagens projectadas no palco serem de festas, de jantares, de saídas à noite, de praia e de garrafas. Aquilo das bebedeiras é um exagero, uma hipérbole, sorriem os pais. Sim, porque nós não andamos a pagar jantares, bebedeiras e admissões em hospitais. Não, o que nós pagamos foi propinas, livros, transportes, o quarto, o traje, então podia lá a nossa doutora, que fica tão bem com a sua capa e a sua pasta, beber até cair?Seguem-se os veteranos que estão “a ver por ali muita gente que não sabe como se usa o traje”. Ui, muito mais importante do que saber que não se bate palmas, não se fala, não se está ao telemóvel… “Quero-vos bem trajados para honrarem a nossa instituição”, diz um deles – será o dux, o rex, o max? Não sei, sei que o rapaz que admite já andar por ali há vários anos – é sempre assim, não é? Ou se dedicam à escola ou às praxes e, mais tarde, à política – passa 20 minutos a fazer um discurso vazio como o próprio admite quando declara, num tom elegante, que já está farto de dizer “piçadas” (sic), frente aos professores, aos pais, aos avós e aos irmãos mais novos dos finalistas. Mais palmas e assobios, os mesmos com que se brindaram o coro e o padre. É tudo a mesma coisa. Por fim a cerimónia acaba e as famílias vão almoçar, houve quem reservasse mesa num restaurante, o salão dos bombeiros da terra ou alindasse a garagem para receber a família, ouço. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Saio angustiada. São a geração mais bem preparada dizem os próprios depois de confessarem as bebedeiras e o que não aprenderam em três anos. O que farão? Quem os contratará? A direcção daquela escola, sentada na fila da frente, que elogiou a praxe porque precisa da associação de estudantes para se manter no poder, não se sente responsável pelos seus alunos?Lembrei-me desta cerimónia depois de ler as críticas à princesa Leonor de Espanha que aos 11 anos gosta de cinema japonês. A democratização do ensino chegou, é certo, 43 anos depois do 25 de Abril todos podem chegar ao doutoramento e ainda bem, mas, enquanto ninguém chamar a si a educação integral das crianças e dos jovens – convencido que está que a educação pertence às famílias e o ensino aos professores – continuaremos a fazer distinção entre aqueles que têm conhecimento e sabem estar e os que só sabem trajar. Ainda há muito a fazer e ninguém parece estar preocupado. Esta Crónica é uma rubrica do P2, caderno de domingo do PÚBLICO
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Palavras-chave direitos escola educação comunidade igualdade género princesa japonês casamento
Morreu Irena Szewinska, a "rainha do sprint" e tricampeã olímpica
Atleta da Polónia morreu na sexta-feira com cancro. Participou em cinco edições dos Jogos Olímpicos, de 1964 a 1980, nas quais conquistou três medalhas de ouro, duas de prata e outras tantas de bronze. (...)

Morreu Irena Szewinska, a "rainha do sprint" e tricampeã olímpica
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-06-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: Atleta da Polónia morreu na sexta-feira com cancro. Participou em cinco edições dos Jogos Olímpicos, de 1964 a 1980, nas quais conquistou três medalhas de ouro, duas de prata e outras tantas de bronze.
TEXTO: Irena Szewinska, conhecida como a "rainha do sprint" da Polónia e vencedora de sete medalhas em Jogos Olímpicos, três delas de ouro, morreu na sexta-feira em Varsóvia, com 72 anos, anunciou o marido e antigo treinador, Janusz Szewinski. "Irena morreu às 23h30, em Varsóvia, no hospital militar. Ela lutava há muito tempo contra um cancro, mas tinha estado relativamente bem nos últimos dias", disse Janusz Szewinski à agência polaca PAP. Como atleta, Irena Szewinska, que foi Irena Kirszenstein até ao casamento, participou em cinco edições dos Jogos Olímpicos, de 1964 a 1980, nas quais conquistou três medalhas de ouro, duas de prata e outras tantas de bronze. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Os títulos olímpicos foram arrebatados nos 4x100 metros, em 1964, nos 200 metros, em 1968, e nos 400 metros, em 1976, sendo que também ganhou medalhas nos 100 metros e no salto em comprimento. A polaca coleccionou ainda sete títulos europeus, dois dos quais em pista coberta.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave rainha casamento