A guerra colonial causou mais danos físicos do que psicológicos
Ao fim de 37 anos, depois de um milhão de soldados recrutados, 10 mil mortos e 30 mil feridos, Portugal descobre agora que os ferimentos físicos e não stress crónico são o que mais aflige os ex-combatentes na Guiné-Bissau, Angola e Moçambique. (...)

A guerra colonial causou mais danos físicos do que psicológicos
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.166
DATA: 2011-01-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: Ao fim de 37 anos, depois de um milhão de soldados recrutados, 10 mil mortos e 30 mil feridos, Portugal descobre agora que os ferimentos físicos e não stress crónico são o que mais aflige os ex-combatentes na Guiné-Bissau, Angola e Moçambique.
TEXTO: É o fim de um tabu”, diz a Lurdes Ferreira o coronel na reserva Andrade da Silva, coordenador de um estudo inédito a que a Pública teve acesso e cujos resultados o deixaram espantado. “Nada haveria de surpreendente se o grosso das queixas configurasse stress pós-traumático tardio. Mas, em vez disso, mais de metade referem-se a ferimentos simples e múltiplos. ” O coordenador acrescenta que “o dado mais inesperado é andarmos ainda a tratar de queixas do foro biológico” ao fim destes anos. Uma equipa envolvendo o Ministério da Defesa, o Instituto Superior de Tecnologias Avançadas (Istec), a Academia Militar, a Escola do Serviço de Saúde Militar, o Centro de Psicologia Aplicada do Exército e o Arquivo Geral do Exército, com elementos das áreas da psicologia, sociologia, direito, engenharia e economia, dedicou-se durante dois anos a este tema e encontrou uma realidade diferente da imaginada. Desta vez, o grupo encontrou, num conjunto de 3020 queixas de ex-combatentes do exército, todas com decisão superior, casos de doença de stress pós-traumático crónico que não passam os nove por cento do total, enquanto mais de metade, 52 por cento, reportaram ferimentos simples não tratados (36 por cento) ou múltiplos (16 por cento). O artigo completo na revista Pública à venda com o jornal PÚBLICO de domingo, dia 30 de Janeiro, ou na edição de assinantes online. Pode ler ainda na Pública:Numa altura em que a Associação Psicanalítica Internacional faz cem anos, Anabela Mota Ribeiro visitou as casas de Sigmund Freud em Londres e Viena, e depois entrevistou o psicanalista João Seabra Diniz, que revela ser o medo e o desamor o que mais passa pelo seu divã;David Pinheiro Silva e Joana Amaral Cardoso entraram no mundo dos “hipsters” – um estilo, uma escolha de visual com base cultural que define parte de uma geração e a sua busca do que é mais “cool” e individual. Rita Pimenta dá-nos a conhecer um jogo de tabuleiro para brincar com a história de Lisboa e do Castelo de S. Jorge. Mesmo que os jogadores nunca tenham ouvido falar de D. Afonso Henriques ou do general romano Decimus Junius Brutus, podem transformar-se nessas personagens. E divertir-se. Porque o castelo não é só um miradouro. Com Sílvio Berlusconi mergulhado num escândalo que envolve o alegado pagamento a prostitutas em festas privadas, Nicola Vendola, governador da conservadora Apúlia tem ambições de ser primeiro-ministro. Ex--comunista e católico, acredita que os italianos, cansados do poder de “Il Cavalieri” e da impotência da oposição de esquerda, olham para ele como “o Obama Branco”. Silvio controla os “media”, mas ele domina a Web. Nenhum político europeu tem tantos fãs no Facebook. Em cinco anos, “Nichi” tornou-se num fenómeno.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave escola doença medo estudo
Farmácias: oito detidos saem em liberdade
Todos os oito detidos no âmbito de uma operação relacionada com fraudes no sector das farmácias e da distribuição de medicamentos saíram em liberdade, depois de terem sido ouvidos ontem pelo juiz. (...)

Farmácias: oito detidos saem em liberdade
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.4
DATA: 2011-01-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: Todos os oito detidos no âmbito de uma operação relacionada com fraudes no sector das farmácias e da distribuição de medicamentos saíram em liberdade, depois de terem sido ouvidos ontem pelo juiz.
TEXTO: Dois dos arguidos saíram mediante o pagamento de cauções e os restantes foram apenas sujeitos à medida de coacção menos grave (termo de identidade e residência), disse à Lusa fonte ligada ao processo. Remeteram-se ao silêncio três dos oito arguidos do inquérito relacionado com uma fraude de dois milhões de euros ao Serviço Nacional de Saúde, através do empolamento de despesas com receitas usadas em mais do que uma farmácia da área da Grande Lisboa. Aqueles arguidos limitaram-se a identificar-se perante o juiz Carlos Alexandre, do Tribunal Central de Instrução Criminal, recusando-se a prestar qualquer esclarecimento, noticia hoje o PÚBLICO. Oito pessoas foram detidas anteontem no âmbito da operação da Polícia Judiciária (PJ) denominada "esquizoFarma". As oito pessoas - quatro homens e quatro mulheres - foram detidas por suspeitas de associação criminosa, fraude qualificada e falsificação de documento. Entre os detidos estão o proprietário e um ajudante técnico de uma farmácia da zona de Sacavém, afirmou à Lusa fonte ligada ao processo. A investigação levou a PJ a fazer, na última quarta-feira, 11 buscas na zona da Grande Lisboa e a apreender quatro viaturas. A operação foi conduzida pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal e resultou de denúncias feitas pelo Ministério da Saúde relacionadas com comparticipações fraudulentas de medicamentos.
REFERÊNCIAS:
Entidades PJ
Espanha acorda para o drama do tráfico de bebés
As histórias repetem-se: depois do parto o obstetra dizia que a criança tinha morrido e os pais nunca mais viam o bebé. Acabavam a enterrar urnas fechadas com cadáveres inexistentes. A Espanha começa agora a descobrir um passado aterrador: durante o Franquismo, e mesmo já em democracia, até à década de 1980, o país terá testemunhado o rapto generalizado de bebés. (...)

Espanha acorda para o drama do tráfico de bebés
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-01-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: As histórias repetem-se: depois do parto o obstetra dizia que a criança tinha morrido e os pais nunca mais viam o bebé. Acabavam a enterrar urnas fechadas com cadáveres inexistentes. A Espanha começa agora a descobrir um passado aterrador: durante o Franquismo, e mesmo já em democracia, até à década de 1980, o país terá testemunhado o rapto generalizado de bebés.
TEXTO: Ontem, em Madrid, mais de 250 pessoas pertencentes à Anadir - Asociación Nacional de Afectados por Adopciones Ilegales juntaram-se frente à procuradoria-geral pedindo justiça. Os manifestantes vinham de diferentes regiões espanholas e empunhavam cartazes onde se liam mensagens como “Vítimas do Tráfico de Bebés - Queremos justiça” e “Se duvidas da tua identidade une-te a nós. Nós podemos ajudar”. A maioria destas pessoas interroga-se, há vários anos, o que aconteceu realmente aos seus recém-nascidos ou questiona-se sobre a sua verdadeira identidade. O fundador da Anadir, Antonio Barroso, é uma dessas pessoas. Descobriu há três anos ter sido comprado por 200 mil pesetas (o preço de um apartamento, nessa altura) a uma freira, em Saragoça. “Por detrás desta denúncia há uma luta de muitos anos para conhecer a verdade e uma esperança de reencontro com as nossas famílias biológicas”, disse Barroso à saída do edifício do procurador-geral, que não quis receber os representantes da Anadir, indica o “El País”. Análises de ADN vieram a provar, mais tarde, que Barroso não era, de facto, o filho biológico do casal que o criou. Noemí González, actualmente com 82 anos, foi outra das pessoas que ontem se deslocou à procuradoria-geral. A sua história é perturbadoramente parecida com muitos relatos de outras mulheres: “Dei à luz no dia 16 de Julho de 1961 na Clínica Santa Cristina, na rua O'Donnell, em Madrid. Levaram a minha filha para ser pesada e já não a voltei a ver mais. Tomei conhecimento que ela tinha morrido quando me disseram que já a tinham enterrado”, conta Noemí, citada pelo “El País”. “O médico disse ao meu marido que Deus nos tinha feito um grande favor. Não sei a que é que se referia. Sempre tive dúvidas. Sempre pensei que me pudessem ter enganado e alimentei a esperança que ma devolvessem. Acredito muito em Deus e é para mim insuportável pensar que havia freiras e padres implicados nisto”. Máfia de médicos e intermediáriosEnrique Vila, o advogado das vítimas, descreve o que se passou entre as décadas de 1930 e 1980 como uma “máfia” de médicos e de intermediários que trocavam crianças por dinheiro. Muitos destes bebés foram retirados a famílias pobres e simpatizantes da esquerda republicana e entregues a famílias mais em linha de pensamento com o regime. A Anadir indica, porém, que alguns bebés foram raptados já depois da morte de Franco, em 1975. “Tudo começou por motivos políticos mas no final qualquer criança podia ser alvo. As pessoas viram nisto um negócio em potência”, indicou o advogado Enrique Vila, citado pela BBC. Durante décadas, a Anadir estima que milhares de mulheres foram pôr flores a campas vazias e que milhares de bebés cresceram com cédulas de nascimento falsificadas. Aquilo que as vítimas destes actos “condenáveis” pedem agora é que os culpados sejam castigados: “Médicos, religiosos, trabalhadores de agências funerárias, intermediários. . . ”, indicou Vila, citado pelo “El País”. “E os pais que compraram os seus filhos também cometeram um delito, porque falsificaram um documento público ao registarem-nos como próprios”, embora - ressalve o jurista - “a maioria não soubesse que eram roubados”. “Está na mão desses falsos filhos actuar, ou não, contra eles”. “Mais do que tudo, queremos que se saiba a verdade. Muitos espanhóis são filhos roubados e não o sabem ou morreram sem o saber”, assegurou o advogado. A Anadir quer igualmente que o Executivo espanhol estabeleça um banco de ADN ara ajudar mães e filhos roubados a encontrarem-se. A Associação já conseguiu meio milhão de assinaturas para pedir ao Congresso essa base de dados genética. Caso o procurador-geral considere que os delitos cometidos tenham já prescrito, a Anadir pretende levar o caso ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos morte filha humanos filho tribunal criança mulheres
Escolas públicas dizem que privadas fazem concorrência
Que relação têm escolas vizinhas, públicas e privadas pagas pelo Estado, que disputam os mesmos alunos? O PÚBLICO olhou para quatro casos. (...)

Escolas públicas dizem que privadas fazem concorrência
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-01-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: Que relação têm escolas vizinhas, públicas e privadas pagas pelo Estado, que disputam os mesmos alunos? O PÚBLICO olhou para quatro casos.
TEXTO: As escolas privadas com contratos de associação fazem concorrência às públicas? As primeiras dizem que não, as segundas argumentam que sim. Mais: dizem mesmo que os colégios escolhem os melhores alunos. No entanto, reconhecem que são os pais os primeiros a procurar as privadas. O PÚBLICO falou com quatro escolas públicas e com quatro com contrato de associação, que são vizinhas, para perceber se estes contratos - que permitem a qualquer aluno frequentar um destes colégios, financiados pelo Estado, por não haver oferta pública na região - continuam a fazer sentido. Mais uma vez, as opiniões divergem: as públicas dizem que há escolas vazias que podem receber os alunos dos colégios; estes lembram que têm mais procura. E são também estes que, por regra, surgem melhor classificados nos rankings dos exames nacionais do ensino secundário, quando comparados directamente com as escolas públicas vizinhas com as quais partilham o mesmo território educativo. Criado em 1964, o Colégio Paulo VI, em Gondomar, fica a menos de um quilómetro do antigo liceu da cidade, a secundária de Gondomar, fundada em 1916. Foi em 1994 que a tutela propôs ao colégio que assinasse um contrato de associação para o secundário. A directora Dulce Machado diz que cumpre os critérios de selecção do ensino público e que ficam dezenas de alunos de fora. "Os que não têm vaga no Paulo VI vêm para aqui", reconhece Lília Silva, subdirectora da secundária de Gondomar. Mas os que não entram nesta preferem ir para o Porto, em vez de escolher as outras duas escolas públicas do concelho, que "poderiam levar mais alunos", diz Lília Silva. "Sentimos que há concorrência desleal. Os alunos do Paulo VI têm melhores notas. Logo, os pais escolhem-no primeiro. "O mesmo acontece em Resende. António Carvalho, director da secundária D. Egas Moniz, começa por dizer que tem "boas relações" com o Externato D. Afonso Henriques - criado 24 anos antes da escola pública. Reconhece que os "melhores alunos inscrevem-se no externato". São os filhos dos "pais com maior ambição e que também foram lá alunos". Por isso, "há concorrência desleal". "Uma coisa é trabalhar com os melhores, outra é ser uma escola inclusiva. " Se o externato fechasse, a secundária podia ser mais rentabilizada, diz. José Augusto Marques, director do externato, teme o seu encerramento porque o apoio definido pelo Estado é "insuficiente". Contrato "oferecido"No centro de Coimbra, os colégios de São Teotónio e da Rainha Santa Isabel estão perto de várias públicas: Infanta D. Maria, Quinta das Flores, Avelar Brotero, José Falcão, enumeram as directoras Rosário Gama, da Infanta, e Maria da Glória, do Colégio Rainha Santa Isabel. O contrato de associação foi "oferecido" em 1995/1996 ao Rainha Santa Isabel pela tutela. "Os pais aceitaram com muita alegria e a escola passou a ser frequentada por alunos que não tinham possibilidade de pagar, mas que mostram o seu potencial, como se vê pelos exames nacionais", orgulha-se Maria da Glória, admitindo que tem poucos alunos com acção social, ao contrário dos outros três colégios ouvidos pelo PÚBLICO. Rosário Gama reconhece que a zona é bastante povoada e que tem muita procura. Mas, este ano lectivo, a Infanta deixou de fora 80 alunos. "Não me deixaram abrir mais turmas e os colégios estão nesta área. A Jaime Cortesão está às moscas, o que quer dizer que há ensino público disponível", avalia a directora do Infanta, para quem faz sentido o ministério manter os contratos em locais onde não existe oferta pública, como em Fátima. O Colégio Rainha D. Leonor, nas Caldas da Rainha, nasceu há seis anos. "Não há concorrência, não fazemos selecção", explica a directora Paula Renda. Para José Pimpão, director da secundária Raul Proença, quem sofreu com a criação do colégio foi a secundária Rafael Bordalo Pinheiro, que passou a ter maior oferta de cursos profissionais.
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Este fenómeno que se chama Deolinda
DeolindaLisboa, Coliseu dos RecreiosSábado, às 21h45Sala cheia4 (...)

Este fenómeno que se chama Deolinda
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-01-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: DeolindaLisboa, Coliseu dos RecreiosSábado, às 21h45Sala cheia4
TEXTO: Comecemos assim: Tão longe chegou a Deolinda. Escrevemos “a” Deolinda, e não “os” Deolinda, porque é ela a ideia que originou o grupo, porque foi precisamente essa personagem indefinida entre os tempos de ontem e a vida de hoje, ela que não sabe se há-de ser cosmopolita ou bairrista de espírito, a que esteve a ser celebrada ontem e anteontem num quase esgotado Coliseu dos Recreios (e há uma semana em duas datas no Coliseu do Porto). E começámos por dizer “tão longe chegou a Deolinda” porque nos lembramos do início, quando do grupo existia apenas um par de vídeos no YouTube e a memória de pequenos concertos publicitados de boca em boca, qual segredo mal guardado prestes a tornar-se conhecido de todos. A Deolinda, portanto. Chegou tão longe que hoje tem os dois álbuns que constam do seu currículo, “Canção ao Lado” e o mais recente “Dois Selos e um Carimbo”, nos topes. Tão longe que em três anos já viajou mundo fora e anda agora por Portugal a apresentar-se nesses locais de habitual consagração que são os Coliseus. E eles, os Deolinda (passemos para o plural, que agora é da banda que falamos), merecem essa consagração e essa euforia. Na sala nas Portas de Santo Antão, em Lisboa, vimo-los em fatiotas catitas (a vocalista Ana Bacalhau surgiu qual versão “haute couture” de rainha de marcha popular), com um apoio cénico simples e eficiente (“animaram-se” as ilustrações que João Fazenda lhes desenhou) e com a colaboração esporádica de convidados como o baterista Sérgio Nascimento, a pianista Joana Sá ou um quarteto de cordas (acrescentaram novas texturas a canções como “Passou por mim e sorriu” ou a célebre “Fon fon fon”). Nada disso, porém, maculou o que lhes é essencial. A banda que, no seu início, ensaiava na Damaia, no restaurante dos pais de Pedro da Silva Martins, guitarrista e compositor, e Luís da Silva Martins, guitarrista, é exacta e precisamente aquela que, às 21h45, vimos ontem entrar no palco do Coliseu lisboeta. A Deolinda são as canções que os Deolinda compuseram para ela e tocam através dela: Retratos, construídos de dorida melancolia e de sorrisos traquinas, de aquilo que somos hoje aqui, Portugal 2011, e do que nos fez aqui chegar. Por aí se explica que cheguem a toda a gente: um pai com a filha à nossa frente, trintões a toda a volta e um grupo de miúdos ali ao lado, bem próximos do casal sexagenário impecável no fato (o dele) e penteado armado (o dela). A intensa rodagem em palco do último par de anos transformou-os num grupo que domina na perfeição os ritmos e a dinâmica das melodias – as duas guitarras trocando dedilhados com intuição e sabedoria, o contrabaixo de José Pedro Leitão a dar peso ao conjunto e Ana Bacalhau impecável na forma como “gere” as variações de intensidade -, mas são as canções, como antes e como agora, que fazem deles um caso especial: percebem as contradições deste sítio que habitamos e constroem a partir delas pedaços de música popular tão empolgante quanto transversal. Tudo explicado no país temente a Deus que ganha santinha acossada em procissão por sentimentos profanos - “Contado ninguém acredita”, uma das primeiras da noite -, nos fanfarrões fiéis ao clássico “segurem-me que eu vou-me a ele” que se mostram latagões de coração mole - “Fado Toninho”, a meio de concerto -, na melancolia que espreita a cada passo – a impecável “Clandestino” é um bom exemplo – e na auto-ironia utilizada como arma poderosa – disparam-na em “A problemática colocação de um mastro”, antes do encore, e na canção resumo de toda a postura, “Movimento perpétuo associativo”, cujo mote comunal, “vão andado que eu vou lá ter”, finalizou o concerto enquanto caíam confetis e a banda atravessava a plateia, cantando com o público.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave filha rainha
Despiste no Cadaval causa três mortos e dois feridos graves
Um despiste de um veículo ligeiro de passageiros fez hoje no Cadaval três mortos e dois feridos graves, todos entre os 18 e os 24 anos, disse o comandante do Destacamento de Trânsito da GNR de Torres Vedras. (...)

Despiste no Cadaval causa três mortos e dois feridos graves
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento -0.26
DATA: 2011-01-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: Um despiste de um veículo ligeiro de passageiros fez hoje no Cadaval três mortos e dois feridos graves, todos entre os 18 e os 24 anos, disse o comandante do Destacamento de Trânsito da GNR de Torres Vedras.
TEXTO: “O acidente resultou de um despiste contra uma árvore de um veículo ligeiro de passageiros, fazendo três mortos e dois feridos graves”, afirmou João Amorim, comandante do Destacamento de Trânsito da GNR de Torres Vedras. O acidente ocorreu às 07h45 na estrada nacional 366, junto à localidade de Figueiros, concelho do Cadaval. Os cinco jovens, quatro rapazes e uma rapariga, têm idades entre os 18 e os 24 anos e residem na zona do Carregado e de Vila Franca de Xira. Na sequência do despiste, três dos jovens, entre os quais o condutor, que fazia hoje 23 anos, tiveram morte imediata, confirmou o comandante dos bombeiros do Cadaval, Luís Gaspar. Os restantes dois ocupantes, um homem e uma mulher, foram transportados em estado grave um para um dos hospitais centrais em Lisboa e o outro para a urgência do Hospital Distrital de Caldas da Rainha. As causas do acidente vão ser apuradas pelo Núcleo de Investigação Criminal de Viação de Torres Vedras. No local, estiveram as viaturas médicas de emergência e reanimação dos hospitais de Caldas da Rainha e Torres Vedras, uma ambulância dos bombeiros de Alcoentre e quatro ambulâncias e um veículo de desencarceramento e mais 17 homens dos bombeiros do Cadaval. Devido ao acidente, a estrada nacional 366 esteve cerca de duas horas cortada ao trânsito, mas já foi reaberta.
REFERÊNCIAS:
Entidades GNR
O voluntariado já chegou ao Facebook, uma estratégia para captar cada vez mais jovens
A propósito do Ano Europeu do Voluntariado e da Cidadania Activa, Isabel Jonet, presidente do Banco Alimentar Contra a Fome e da Entrajuda, lança esta semana o Volunteerbook, uma plataforma que utiliza a base de dados da Bolsa de Voluntariado e que vai correr directamente no Facebook. (...)

O voluntariado já chegou ao Facebook, uma estratégia para captar cada vez mais jovens
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.366
DATA: 2011-01-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: A propósito do Ano Europeu do Voluntariado e da Cidadania Activa, Isabel Jonet, presidente do Banco Alimentar Contra a Fome e da Entrajuda, lança esta semana o Volunteerbook, uma plataforma que utiliza a base de dados da Bolsa de Voluntariado e que vai correr directamente no Facebook.
TEXTO: "Ser voluntário é um comprometimento perante a sociedade", diz Isabel Jonet. As cerca de 17 mil pessoas e 700 empresas que já se inscreveram na Bolsa de Voluntariado, desde que o site foi criado há cinco anos, levam esse compromisso muito a sério. O espírito solidário dos portugueses parece estar bem vivo. Na última campanha do Banco Alimentar Contra a Fome, realizada em Novembro de 2010, o número de voluntários foi o mais elevado de sempre. A presidente da instituição tem uma explicação: "Em tempos de crise, verifica-se um recrudescimento da generosidade". Constatando que os portugueses têm uma grande vontade de ajudar, Isabel Jonet decidiu fazer uso da popularidade das redes sociais entre os jovens para captar voluntários mais novos e promover o voluntariado como "uma maneira de viver". O projecto tem a parceria do Conselho Nacional para a Promoção do Voluntariado, do Instituto Português da Juventude e da Federação Nacional das Associações Juvenis. Contando com a colaboração do Instituto Nacional de Estatística (INE), o Volunteerbook facilitará o estudo do fenómeno do voluntariado em Portugal. Segundo estatísticas disponíveis no site da Entrajuda, actualmente a Bolsa de Voluntariado é composta maioritariamente por jovens adultos e com elevadas qualificações. Entusiasmada, Isabel Jonet descreve o Volunteerbook numa palavra: "sonho". "O site vai permitir dar visibilidade às ideias e ao trabalho de pessoas anónimas", diz. No Volunteerbook, cada potencial voluntário inscreve-se e detalha onde e em que áreas pretende ajudar. As organizações, por seu lado, publicitam as suas oportunidades de voluntariado, têm os interessados a concorrer directamente e seleccionam o que mais lhes convém. A Entrajuda, entidade que coordena a bolsa, actua como mediadora, certificando que nenhuma instituição age de forma menos solidária. Graças à georreferenciação da oferta e da procura é fácil conciliar a localização dos voluntários com as instituições que precisam de apoio. Cada amigo pode depois convidar mais amigos, partilhar ligações e até usar facebookcredits - o dinheiro virtual existente, por exemplo, no jogo Farmville - para ajudar financeiramente as IPSS. "O projecto tem também um potencial estatístico muito interessante. E, por isso, convidámos o INE a integrar a plataforma e a partir daqui estudar o voluntariado em Portugal", revela Isabel Jonet. Pedro Ferraz, gestor de projetos na área da informática, actualmente no desemprego, é o responsável pela rede social voluntária. Enquanto vai a entrevistas de emprego desenvolve o Volunteerbook. "Queremos também trazer as empresas para a plataforma. Vai ser possível publicitarem as suas práticas de responsabilidade social e promoverem o voluntariado junto dos colaboradores". explica. Actualmente, a Bolsa de Voluntariado é maioritariamente composta por jovens adultos, com elevadas qualificações. Quanto a áreas de especialidade, lideram os professores (mais de mil) e abundam psicólogos, engenheiros, gestores, informáticos, economistas e enfermeiros. As mulheres dominam.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave fome social estudo mulheres desemprego
Reportagem: As ruas do Cairo estão a viver uma festa e uma tragédia
A polícia desapareceu das ruas e foi substituída pelo Exército. Toda a gente diz tudo perante a apatia dos militares. A liberdade ou a ilusão? (...)

Reportagem: As ruas do Cairo estão a viver uma festa e uma tragédia
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-01-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: A polícia desapareceu das ruas e foi substituída pelo Exército. Toda a gente diz tudo perante a apatia dos militares. A liberdade ou a ilusão?
TEXTO: A revolução ganhou? É uma espécie de ilusão, ou um intervalo na guerra, ou uma armadilha, mas o que se vê é a liberdade, a rebelião à solta pelas ruas. Ninguém sabe exactamente o que se passa, nem quer saber. Cheira a fumo e a queimado, ouvem-se gritos, gargalhadas e canções, há grupos sentados no meio da rua, passam manifestações para baixo e para cima, entoando palavras de ordem espontâneas e confusas. Instintivas. As lojas, os bancos e os restaurantes estão fechados mas vendem-se laranjas em carroças no meio da rua. De um lado vem a música do hi-fi de um carro, do outro soa o chamamento do muezin para a oração, as buzinas não param, as chamas irrompem de todo o lado, há apitos, palmas, gargalhadas, e olhares aterrorizados. É a anarquia, ou será o caos? É uma festa e uma tragédia ao mesmo tempo. Um jipe enorme e velho acelera pela avenida Saled Salim com uma bandeira egípcia a sair pela janela. Lá dentro segue um grupo de rapazes, metade deles com barbas de islamista, outra metade com cortes de cabelo hip-hop. Raparigas de jeans rasgados e véu na cabeça correm para assistir ao incêndio do edifício do Partido Nacional Democrata do Presidente. Um grupo de homens grita "Fora Mubarak", e um outro, só de mulheres, traz cartazes pintados à mão e repete em uníssono: "O Egipto não vai morrer. "A cidade ao contrárioMal começa o recolher obrigatório, é hora de sair para as ruas. Tudo funciona ao contrário no Cairo insurrecto. A noite avança e todos recolhem, sim, mas às ruas. Parece que o medo está a desaparecer. Ou então está a aumentar. Há tanques e blindados do Exército nas avenidas, e bloqueando várias ruas. "São as ruas de onde ontem saíam os manifestantes", explica Karim, de 26 anos, licenciado em Informática, desempregado. "As pessoas estavam aqui sem fazer nada, e de repente apareciam daquela ruela uns com paus e pedras. E de um momento para o outro estava tudo a atirar-se à polícia, e começava o tiroteio. "Isso foi ontem, sexta-feira. Hoje, sábado, há tanques nas ruelas traiçoeiras. Ninguém pode passar. Os militares fazem sinais de stop. Mas muitos desobedecem e não acontece nada. Há quem cole nos blindados cartazes a dizer "Mubarak demite-te". Anteontem houve confrontos, ontem não. Os soldados parecem apáticos, sonâmbulos a olhar para os manifestantes, que sobem aos tanques e se fazem fotografar com os "irmãos das forças armadas", como lhes chamam. Onde está a políciaO problema não são eles. O problema é a polícia, explicam. E hoje não há polícia. Depois da repressão que marcou todo o dia e noite de sexta-feira, a polícia desapareceu de repente. Nem um agente em toda a cidade do Cairo. Algumas esquadras estão queimadas, ainda a fumegar, dos ataques da noite passada. Mas agora não há pretexto algum para assaltar uma esquadra de polícia. A repressão acabou. Magotes de gente desfilam empunhando cartazes contra o novo vice-presidente e contra Mubarak. Ninguém os impede. Fala-se livremente. "Ninguém sabe o que está a acontecer", confessa Karim. Um homem aproxima-se. "Estamos a ser ingénuos. Isto vai acabar mal. Ninguém me ouve". O homem já está aos gritos, mas diz que quer manter o anonimato. "Mubarak vai deixar que o povo ganhe confiança, e venha todo para a rua. Depois, quando ninguém estiver à espera, vai haver um massacre. "Karim tem outra teoria. "Mubarak é inteligente", diz. "Ele quer mostrar que o povo não sabe governar sozinho, sem as forças de segurança. Vamos acabar a matar-nos uns aos outros. E a certa altura as pessoas vão implorar que ele volte a impor a ordem. "Os vigilantes
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Palavras-chave homens guerra homem medo espécie mulheres
Morreu John Barry, o contestado orquestrador da marca sonora de 007
A chegada de James Bond ao cinema, em 1962, fez-se sob uma orquestração que contaminou o imaginário 007 para sempre. John Barry, o compositor reconhecido pela marca sonora indelével na mais famosa personagem de Ian Flemming, morreu ontem, aos 77 anos. A autoria do tema inicial foi, no entanto, alvo de muita contestação. (...)

Morreu John Barry, o contestado orquestrador da marca sonora de 007
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.4
DATA: 2011-02-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: A chegada de James Bond ao cinema, em 1962, fez-se sob uma orquestração que contaminou o imaginário 007 para sempre. John Barry, o compositor reconhecido pela marca sonora indelével na mais famosa personagem de Ian Flemming, morreu ontem, aos 77 anos. A autoria do tema inicial foi, no entanto, alvo de muita contestação.
TEXTO: Monty Norman é hoje formalmente o autor do James Bond Theme. O cantor e compositor londrino foi convidado por Albert R. Broccoli, produtor de Dr. No, para escrever a música do filme inaugural de James Bond. Só mais tarde John Barry foi chamado para orquestrar o tema composto por Norman e dar-lhe a roupagem que ficou famosa, mas acabou por ser amplamente reconhecido como o autor. Norman não gostou e por duas vezes levou o caso às barras dos tribunais. Venceu ambas as acções por difamação. Todavia, John Barry, que ao longo dos anos deixou a contenda em segundo plano nunca a abordando directamente, voltou a insistir na autoria em 2006, durante uma entrevista à BBC Radio 2. A estação pública teve depois que desculpar-se junto de Monty Norman e mesmo retirar o registo áudio do seu sítio na Internet. A última acção judicial é relativamente recente, se for tido em conta que a estreia de Dr. No aconteceu há quase 50 anos. Em 2001, o processo chegou ao Supremo Tribunal de Justiça inglês, na sequência de um artigo publicado pelo diário The Sunday Times, que creditava Barry como o autor do tema. A defesa chamou-o a depor e este admitiu ter feito os arranjos sobre uma composição que lhe tinha sido fornecida pelos produtores do filme. No fim, o tribunal deliberou que Norman compôs parte do tema, senão todo. Os especialistas apontam, contudo, para a autoria partilhada: o esqueleto, a melodia, será de Norman; tudo o resto será de Barry. Diana Coupland, que na altura era esposa de Norman e que participou como cantora na banda sonora (Under the mango tree), chegou a apontar The James Bond Theme, faixa 17 do disco, como a primeira tentativa de Norman para o tema principal. O título engana: além de não entrar no filme, a melodia que serve de base é a mesma de duas variações intituladas Dr. No's fantasy e Twisting with James, ambas no alinhamento. Este jogo de ping pong é de longa duração e, aparentemente, sem vencedor inequívoco, alguém que possa reclamar total crédito pelo caminho que o James Bond Theme percorreu até aos nossos dias – a EON, a casa que tem por função produzir as adaptações cinematográficas de 007, reutiliza o tema em quase todos os filmes. Em Casino Royale (2006) e Quantum of Solace (2008), os últimos a chegar às salas, a melodia é incorporada no genérico final. Habitualmente, ouve-se na icónica sequência filmada na perspectiva do interior do cano de uma arma, que acaba em sangue. Mais de cem filmes, cinco Óscares, dois BAFTA, um Grammy O percurso de Jonh Barry enquanto compositor para cinema e televisão, esse, não deixa margem para dúvidas quanto a reconhecimento. O inglês, que nasceu em York em 1933, começou a fazer História logo ao primeiro filme que musicou – Beat Girl, uma das derradeiras realizações do francês Edmond T. Gréville, estreado em 1960. A banda sonora que compôs, orquestrou e dirigiu acabou por ser a primeira a ser lançada em LP no Reino Unido. Quando é chamado para trabalhar em Dr. No, a carreira na indústria audiovisual era ainda curta, de apenas dois filmes e um telefilme; o que corria muito bem ao compositor era a sua banda, a John Barry Seven. “Os filmes do James Bond surgiram porque fomos bem sucedidos no mundo da música pop, com um par de grandes sucessos instrumentais. Eles pensaram que eu sabia como escrever hits instrumentais”, disse, em 1991. Por altura destas declarações à Associated Press, já tinha sido afastado pela EON da série. A estreia de Timothy Dalton na pele do mais famoso espião secreto ao serviço de Sua Majestade marcou o fim de John Barry à frente das bandas sonoras. A produtora queria algo novo. Ainda assim, foi ele quem, alguns anos mais tarde, sugeriu para o lugar David Arnold, que mantém a função desde 1997. O historial de John Barry inclui, além da controversa entrada de Dr. No, a composição de mais 11 bandas sonoras para os filmes de 007. O trabalho que desenvolveu ajudou a criar a identidade sonora que dá uma força suplementar à personagem de Ian Flemming (1908-1964). No entanto, nenhuma das principais distinções que recebeu ao longo da carreira esteve ligada a esse legado. Barry conquistou cinco Óscares, dois com Uma Leoa Chamada Elsa (1966), e os restantes com The Lion in Winter (1968), África Minha (1985) e Danças com Lobos (1990). Este último deu-lhe o seu único Grammy. The Lion in Winter valeu-lhe ainda um BAFTA (o segundo, em 2009, foi honorário). “Foi bom ter a coisa bondiana muito comercial e ao mesmo tempo ter filmes menores, que foram artisticamente mais interessantes de fazer”, confessou na mesma entrevista. Casado com Ulla Larsson desde 1978, divorciou-se três vezes, uma das quais de Jane Birkin (1965-68), com quem teve uma filha, a fotógrafa Kate Barry. Deixa ao todo quatro filhos e cinco netos. A família, que deu conta do falecimento de John Barry, em Nova Iorque, onde vivia, não divulgou a causa da morte. O funeral será privado.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave morte filha tribunal cantora falecimento
Aurora, de presa política a magistrada do Ministério Público
Ao fim de quase quatro décadas, a magistrada do Ministério Público Aurora Rodrigues conta a sua história de presa política. É um impressionante relato da brutalidade das torturas da PIDE. E também umahistória de carácter, de força e de resistência. (...)

Aurora, de presa política a magistrada do Ministério Público
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-02-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: Ao fim de quase quatro décadas, a magistrada do Ministério Público Aurora Rodrigues conta a sua história de presa política. É um impressionante relato da brutalidade das torturas da PIDE. E também umahistória de carácter, de força e de resistência.
TEXTO: "Tentei fazer um espelho com pratas, mas não dava. Nunca me vi a um espelho lá dentro e sentia falta de me ver. Vi-me algumas vezes, mais tarde, em reflexo, num plástico transparente duma espécie de janela da porta divisória da cela, quando estava em contra-luz. " (p. 91)Esta passagem é talvez um dos momentos mais sensíveis e mais pessoais - e por isso mais desconcertantes - da biografia política de Aurora Rodrigues, intitulada Gente Comum - Uma História da PIDE, editada pela 100 Luz (custa 12 euros), e que hoje é lançada na antiga prisão política de Caxias, com apresentação dos historiadores Miguel Cardina e Fernando Rosas, este último antigo dirigente do MRPP, partido político a que Aurora Rodrigues pertenceu. Hoje com 59 anos e magistrada do Ministério Público em Évora, Aurora Rodrigues aceitou em 2009 reconstruir a sua experiência de oposicionista à ditadura e de prisão pela PIDE, onde, de acordo com camaradas seus da épocacontactados pelo P2, foi dos estudantes mais brutalmente torturados. Gente Comum - Uma História da PIDE é um peculiar e impressionante testemunho e um importante livro de história oral, organizado pelo historiador António Monteiro Cardoso, também ele antigo militante do MRPP, e pela antropóloga Paula Godinho. Numa edição apoiada pela Associação Portuguesa de Mulheres Juristas e pelo Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, o livro apresenta textos de enquadramento dos dois investigadores, que servem de introdução a um envolvente e marcante depoimento na primeira pessoa feito por Aurora Rodrigues. Um relato de memória que a própria justifica: "Acho importante contar o que me aconteceu, porque existe a ideia de que só eram presos e torturados grandes políticos, esquecendo-se que também o eram pessoas comuns, que era aquilo que eu era, sempre fui e ainda sou. Às vezes, leio aqueles livros sobre grandes figuras míticas que foram torturadas e não falaram, mas a verdade é que não foram só eles. Muitas pessoas comuns que se opunham ao regime, por uma razão ou por outra, foram torturadas e conseguiram resistir e nisso não há nada de extraordinário. (. . . ) O medo existe sempre e nisso não há nada de extraordinário. " (p. 117)Mas o livro de Aurora Rodrigues lembra também a experiência que esta mulher viveu ao voltar a Caxias como presa política após o 25 de Abril. Foi presa a 28 de Maio de 1975, quando, acompanhada pelo ex-líder do MRPP Arnaldo de Matos, chegava à sede do partido, na Avenida de Álvares Cabral, em Lisboa. Descobriram então as instalações ocupadas pela tropa, que levou todos os que aí se encontravam. Foi uma operação a nível nacional, que deteve 432 pessoas nas sedes do partido após este ter sido proibido, por decreto de 17 de Maio, de concorrer à Assembleia Constituinte. A franqueza e o desassombro de Aurora Rodrigues são uma constante, bem como a real coragem desta mulher que certamente surgiu aos olhos da ditadura e da polícia política como uma provocadora, tal a sua capacidade de afrontar os torturadores e de resistir à violência e à brutalidade com que foi tratada. Cantar para não cederNascida em 20 de Janeiro de 1952, em Vale da Azinheira, Minas de São Domingos, no Alentejo, e filha de um anarco-sindicalista, Aurora Rodrigues matriculou-se na Faculdade de Direito de Lisboa, em 1969/70, com 17 anos. Abordada pelo PCP, trabalha com o MRPP, fundado em 1970, pois considera este movimento mais abertamente contra a guerra colonial. Só aderirá formalmente depois de ver de perto o também estudante Ribeiro dos Santosser assassinado pela PIDE - episódio que é relatado no livro com uma genuinidade e uma emoção contida raras.
REFERÊNCIAS:
Partidos PCP