Ministério do Ambiente chumba traçado da linha de alta tensão Carregado-Rio Maior
O traçado da linha de alta tensão Carregado - Rio Maior teve um parecer negativo por afectar a área protegida da Serra do Montejunto e a paisagem vinhateira do concelho de Alenquer, revelou hoje fonte do Ministério do Ambiente. (...)

Ministério do Ambiente chumba traçado da linha de alta tensão Carregado-Rio Maior
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento -0.16
DATA: 2011-08-23 | Jornal Público
SUMÁRIO: O traçado da linha de alta tensão Carregado - Rio Maior teve um parecer negativo por afectar a área protegida da Serra do Montejunto e a paisagem vinhateira do concelho de Alenquer, revelou hoje fonte do Ministério do Ambiente.
TEXTO: A Declaração de Impacto Ambiental (DIA), emitida a 29 de Julho e a que a agência Lusa teve acesso, foi “desfavorável” ao projecto, após decisão do Ministério do Ambiente baseada no parecer da comissão de avaliação e no relatório da consulta pública, na qual participaram 11 entidades. Antes da DIA, o Governo havia decidido suspender o prazo para a sua emissão para audiência prévia do proponente, a Rede Eléctrica Nacional (REN). A DIA conclui que existem impactos negativos sobre “povoações mais próximas e vias atravessadas” por cabos e sobre a Paisagem Protegida da Serra do Montejunto, cuja avifauna pode ficar afectada dados os “riscos de colisão” sobretudo com aves de rapina. “Existem impactos negativos nomeadamente durante a época da nidificação e pós-nidificação, em particular nas populações mais vulneráveis”, refere o documento. Apesar de não pôr em causa a produtividade das vinhas de Alenquer, o Ministério do Ambiente reconhece que “existe uma afectação paisagística de uma área agrícola relevante, representativa da tradição vitivinícola e que constitui um território que tem vindo a ganhar expressão enquanto paisagem vinhateira”. O corte de espécies florestais indispensável à criação de uma faixa de protecção da linha é outra das desvantagens apontadas. Durante a consulta pública, a Agência Portuguesa do Ambiente recebeu pareceres de 11 entidades, de acordo com o respectivo relatório a que a agência Lusa teve acesso: as câmaras de Alenquer e Vila Franca de Xira, a Assembleia Municipal de Alenquer, a associação ambientalista Alambi e as juntas de freguesia de Olhalvo, Santana da Carnota, Pereiro de Palhacaca, Carregado, Cadafais e Aldeia Gavinha, todas do concelho de Alenquer. Entre os argumentos desfavoráveis ao projecto está o facto de a nova linha de alta tensão atravessar, por via aérea, nove freguesias do concelho de Alenquer numa extensão de 30 quilómetros de uma ligação total de 56 quilómetros, refere o relatório, além de outros motivos contra agora corroborados pela DIA. A futura linha de alta tensão, que ligará as subestações do Carregado (Alenquer) e de Rio Maior, vem “reforçar o abastecimento de energia à região da Grande Lisboa, devido à pressão urbana” existente, justifica a Rede Eléctrica Nacional no estudo de impacto ambiental, a que a Lusa teve acesso. De acordo com o estudo, em causa está um consumo médio de dois mil megawatts, prevendo-se três mil nos próximos 10 a 12 anos. A nova linha cruza os concelhos de Alenquer, Arruda dos Vinhos, Caldas da Rainha, Vila Franca de Xira, Azambuja e Rio Maior, ficando a maior área atravessada no concelho de Alenquer.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave rainha consumo estudo aves
Sérgio Godinho: “Mergulhei no pecado e não me regenerei”
Sérgio Godinho, o experimentador. Poeta, além de escritor de canções, “performer”, realizador, desenhador, homem dos sete instrumentos. Interventor. Escreveu canções que todos sabemos de cor (“Com um brilhozinho nos olhos”, “A noite passada”, “Liberdade”, “É terça-feira”, “Barnabé”… Chega?). Em fins de Abril de 1971, gravou em Paris o seu primeiro disco, “Os Sobreviventes”. Esta semana, 40 anos depois, foi posto à venda o mais recente, “Mútuo Consentimento”. Agora, numa entrevista a Anabela Mota Ribeiro, vai ao fundo do mundo, vai ao fundo de si. (...)

Sérgio Godinho: “Mergulhei no pecado e não me regenerei”
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-09-16 | Jornal Público
SUMÁRIO: Sérgio Godinho, o experimentador. Poeta, além de escritor de canções, “performer”, realizador, desenhador, homem dos sete instrumentos. Interventor. Escreveu canções que todos sabemos de cor (“Com um brilhozinho nos olhos”, “A noite passada”, “Liberdade”, “É terça-feira”, “Barnabé”… Chega?). Em fins de Abril de 1971, gravou em Paris o seu primeiro disco, “Os Sobreviventes”. Esta semana, 40 anos depois, foi posto à venda o mais recente, “Mútuo Consentimento”. Agora, numa entrevista a Anabela Mota Ribeiro, vai ao fundo do mundo, vai ao fundo de si.
TEXTO: Sérgio Godinho tem 66 anos, nasceu no Porto. O mais tentador, quando se escreve sobre ele, é deslizar, adoptar, copiar as frases contundentes, exímias, lapidadas que já disseram o que queremos dizer. Ironia e subtileza incluídas. Uma questão de música. É esquivo a falar da vida privada. Tem três filhos e três netos. Tem dois irmãos que vivem fora. Desmanchou a casa que era dos pais não há muito tempo. Tem um fulgor criativo raro. Quem escreveu “A paz, o pão, habitação, saúde, educação (…) só há liberdade a sério quando houver…” é o mesmo que escreveu no livro de poemas “Liberdade é uma palavra/ A ser usada extremamente/ Com devida parcimónia: Contrafacção da liberdade é ignomínia/ Eis tudo palavras ajustadas”. Pode alguém ser quem não é? Outros destaques:A imagem forte da Semana de Moda de Nova Iorque (que compõe o quarteto das “grandes” com Paris, Milão e Londres) é sempre o cabelo recto, os óculos negros e os lábios finos e disciplinados de Anna Wintour, directora da “Vogue EUA”. Mas mesmo ela assiste à suculenta fatia de desfiles que servem o “sportswear” e a descontracção como prato principal. Modelos e criadores portugueses e internacionais ajudaram Joana Amaral Cardoso a navegar pela semana em que o mundo voltou a celebrar a moda — mesmo no dia 11 de Setembro. O trabalho nos “call centers” contribui hoje com cerca de um por cento para o Produto Interno Bruto. Peça fundamental do mercado de bens e serviços, estes espaços estão tanto em franca expansão quanto têm má reputação. Diariamente, as vidas de muitas de pessoas passam pelos corredores onde estão ligadas centenas de linhas telefónicas. Mauro Gonçalves foi ouvir as histórias de cinco pessoas que fazem parte desta ampla geração de trabalhadores. O Acordo ortográfico tem adeptos e opositores. Nas suas crónicas habituais, José Diogo Quintela (contra) e Ricardo Garcia (a favor) expõem os seus argumentos com grande sentido de humor. A relação de amizade entre médicos e doentes nas redes sociais levanta questões éticas importantes. Pode o profissional conviver com o social ou a violação de sigilo e a quebra de privacidade são riscos demasiado elevados a enfrentar? Susana Almeida Ribeiro ouviu especialistas. Inocente e provocadora, assim era a dupla personalidade de Marilyn Monroe. Para o Inverno, os criadores de tendências recomendam que as mulheres sejam frágeis, como a actriz se revelou em “Os Inadaptados”, ou teatrais e excessivas como ela se expôs em “Os Homens Preferem as Louras”. O truque, explica Maria Antónia Ascensão, é saber usar os complementos — maquilhagem, penteados, perfumes. "Terrines”, as delícias que não são patês – “foie gras”, de aves com especiarias, de salmão e de fígados de patos – são as nossas receitas especiais desta edição, numa produção de Hugo Campos.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
Amanda Knox chegou a Seattle mas vai desaparecer durante algum tempo
Uma viagem de avião fez desaparecer o sorriso rasgado de Amanda Knox, a mulher que cumpria uma pena de 26 anos de prisão em Itália pelo assassínio da colega de quarto e que foi considerada inocente e libertada na segunda-feira. (...)

Amanda Knox chegou a Seattle mas vai desaparecer durante algum tempo
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-10-05 | Jornal Público
SUMÁRIO: Uma viagem de avião fez desaparecer o sorriso rasgado de Amanda Knox, a mulher que cumpria uma pena de 26 anos de prisão em Itália pelo assassínio da colega de quarto e que foi considerada inocente e libertada na segunda-feira.
TEXTO: No aeroporto de Londres onde apanhou o avião para casa, mostrou-se feliz. Mas ao aterrar, estava chorosa. E foi trémula e tímida e com algumas lágrimas que fez uma curta declaração aos jornalistas, centenas deles. "Estou abismada. No avião vinha a olhar cá para baixo e tudo me parecia irreal", começou por dizer. "Neste momento, o que é importante é eu dizer obrigada a todos os que acreditaram em mim, aos que me defenderam e aos que apoiaram a minha família. Neste momento, o mais importante para mim é a minha família e só quero ir-me embora com eles". E partiu, com os pais, que estão divorciados, os irmãos e outros parentes. Os jornalistas não puderam fazer perguntas, e os que as fizeram ficaram sem respostas. Por exemplo: o que vai fazer a seguir, se vai continua a viver no bairro de classe média e operária na zona ocidental de Seattle, se vai escrever um livro, ela que quando partiu para Itália, para um ano de estudo numa faculdade em Perugia, dizia que escrever era uma das coisas que mais gostava de fazer. Em pouco tempo, a cadeira com o nome Amanda Knox gravado que a esperava no aeroporto de Seattle, ficou vazia. E os jornalistas partiram para acampar à porta da casa da família. Por isso, como confidenciou um amigo da família à agência Reuters, é possível que Amanda, pais e irmãos "desapareçam" por algum tempo. O assédio dos média começou no tribunal e seguiu-a, literalmente, até casa. Mal foi pronunciado o veredicto de inocente, Knox partiu para Roma onde apanhou um voo para Londres e, depois, outro para os EUA. Viajou em primeira classe, para ficar isolada dos olhares e dos jornalistas e fotógrafos que foram conseguindo apanhar o mesmo avião. Knox fora condenada a 26 anos de prisão pelo assassinio da colega de quarto, Meredith Kercher, que foi encontrada degolada e com sinais de espancamento no corpo, depois de ter sido violada. O então namorado de Knox, Raffaelle Sollecito, foi igualmente condenado, a 25 anos de prisão, e um terceiro homem, um pequeno traficante de droga da Costa do Marfim, a 16. Na segunda-feira, só a sentença do último, Rudy Guede, se manteve. Amanda Knox cumpriu quatro anos de prisão, tendo agora o tribunal considerado que deveria ser libertada por terem sido cometidos erros graves por parte da polícia na recolha das provas e da justiça ao lidar com elas. No seu bairro de Seattle, os vizinhos afixaram cartazes a dizer "Bem vinda a casa Amanda". Alguns, foram ao aeroporto mostrar solidariedade. "Vim dar-lhe apoio", disse Stephanie Torreblanca, estudante universitária de 21 anos. "Acho que ela é inocente, se não achasse não estava aqui", disse a rapariga à Reuters. Com pouco para contar, as agências noticiosas e as televisões deram conta de que a pessoa que chegou na terça-feira à noite a Seattle pouco tinha a ver com a rapariga que de lá saira para um ano de estudos e aventura em Itália, depois de ter completado o liceu numa escola de jesuítas frequentada pela elite e de ter entrado na universidade. Além de gostar de escrever, a Amanda Knox que partiu de Seattle tinha como filme preferido uma animação, À Procura de Nemo, participava em musicais, jogava futebol e fazia escalada. Sobre o que é, hoje, ou sobre o que irá fazer, Amanda Knox nada disse. Uma das pessoas que foi apoiá-la ao aeroporto, Gary Foster, investidor de Nova Iorque reformado, talvez tenha adivinhado: "provavelmente, ela vai conversar com a família e descansar umas semanas. Depois, vai viver a vida dela, tem-na toda pela frente". Em Itália decorre já o processo de recurso deste novo veredicto, mas a decisão deverá demorar um ano. E a própria Knox já disse que não regressará a Itália para saber o fim da história.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
Lisboetas decidiram dar um milhão para ajudar a Mouraria
Depois de o líder da autarquia ter instalado o gabinete no Intendente, muitos cidadãos elegeram o bairro histórico como prioridade para 2012. (...)

Lisboetas decidiram dar um milhão para ajudar a Mouraria
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-10-08 | Jornal Público
SUMÁRIO: Depois de o líder da autarquia ter instalado o gabinete no Intendente, muitos cidadãos elegeram o bairro histórico como prioridade para 2012.
TEXTO: Não é fácil traduzir a proposta "Há Vida na Mouraria", ontem declarada a mais votada pelos lisboetas no Orçamento Participativo 2011/12. Define-se como um projecto de acção social, mas não se conhecem bem as suas fronteiras. Visa melhorar o quotidiano de quem vive na Mouraria - o mesmo objectivo que o presidente da Câmara de Lisboa, António Costa (PS), disse perseguir quando mudou o gabinete de trabalho para o Largo do Intendente. Entre mais de 800 candidaturas que foram apresentadas à quarta edição do Orçamento Participativo - mecanismo através do qual os eleitores lisboetas podem decidir a aplicação de cinco milhões de euros do orçamento da Câmara de Lisboa -, havia outras propostas para aquele bairro da capital e que acabaram por ser fundidas para desenhar um projecto de alcance social. O valor total da intervenção é de um milhão de euros (o máximo permitido pelo regulamento), sendo o prazo de execução de dois anos. Das centenas de propostas iniciais, a autarquia seleccionou 228 para votação. Desse universo mais restrito, foram escolhidas as cinco mais votadas (ver em baixo). A vereadora responsável pelo processo do Orçamento Participativo definiu a proposta vencedora como "uma nova peça de software social para juntar ao hardware que está a ser integrado naquele bairro". Por outras palavras, pretende-se executar medidas sociais em paralelo com o programa de reabilitação do espaço e de equipamento públicos. Ideia de estudanteA ideia partiu de Sónia Barroso, estudante de Antropologia, que se baseou num trabalho para a faculdade e no qual aborda preconceitos há muito ali existentes. O seu objectivo era encontrar formas de melhorar o dia-a-dia das pessoas, as relações interpessoais e valorizar o património cultural. A fusão com outras ideias para o bairro, por semelhança ou complementaridade, aconteceu por proposta do gabinete do Orçamento Participativo, que faz a selecção inicial das propostas elegíveis e a submete à votação. Nuno Franco, da Associação Renovar a Mouraria, que apelou ao voto nessa candidatura, refere que a proposta mereceu o apoio de "20 entidades ligadas ao Plano de Desenvolvimento Comunitário da Mouraria". Um plano que quer "desenvolver actividades na criação de emprego, capacitação, formação, valorização do espaço público através de actividades com a população". "O projecto irá trabalhar com grupos de risco, nomeadamente toxicodependentes, prostitutas, mas não só. Pretende chegar a toda a população, através de acções reais, fazendo confluir diferentes culturas, numa riqueza multicultural que um único bairro reúne, pelas imensas culturas que aqui confluem. "Segundo Nuno Franco, estas entidades estão já no terreno a trabalhar, provas dadas do trabalho realizado junto da população. O prazo de execução das propostas vencedoras desta quarta edição do Orçamento Participativo é de 24 meses. O que não quer dizer que assim aconteça. Dos anos anteriores, só as medidas eleitas pelos cidadãos na primeira edição estão totalmente executadas. A proposta vencedora em 2009, por exemplo, e que previa o melhoramento do canil/gatil municipal, só deverá estar concluída em Fevereiro de 2012, alegando a câmara que foram duplicados os custos devido a novas exigências de construção. O projecto vencedor em 2010, o campo de râguebi municipal para a Alta de Lisboa, ainda não saiu do papel. O balanço da edição 2011 salda-se por menos propostas submetidas e postas à votação mas muitos mais votantes. Mesmo assim, houve 16 propostas que não mereceram votos, o que significa que nem os autores da candidatura participaram na votação para apoiarem a sua ideia. Os vencedoresHá Vida na Mouraria - 1779 votos As linhas mestras apostam na valorização da Mouraria, o bem-estar e a coesão social no território. Abrange as freguesias do Socorro, Anjos, S. Cristóvão, S. Lourenço e Santa Justa.
REFERÊNCIAS:
Partidos PS
O que podemos esperar na agenda cultural de 2012?
Falar de cultura em 2012, é falar de Guimarães, a Capital Europeia da Cultura. A cidade minhota, conhecida como o "Berço de Portugal", vai receber cerca de 600 espectáculos ao longo de todo ano, na mesma altura em que a vizinha Braga, Capital Europeia da Juventude em 2012, apresenta uma série de iniciativas culturais. Cinema, música, teatro, arte e literatura, o PÚBLICO percorre os próximos meses e apresenta um guia daquilo que vamos querer ver, ouvir e ler durante este ano. (...)

O que podemos esperar na agenda cultural de 2012?
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.1
DATA: 2012-01-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Falar de cultura em 2012, é falar de Guimarães, a Capital Europeia da Cultura. A cidade minhota, conhecida como o "Berço de Portugal", vai receber cerca de 600 espectáculos ao longo de todo ano, na mesma altura em que a vizinha Braga, Capital Europeia da Juventude em 2012, apresenta uma série de iniciativas culturais. Cinema, música, teatro, arte e literatura, o PÚBLICO percorre os próximos meses e apresenta um guia daquilo que vamos querer ver, ouvir e ler durante este ano.
TEXTO: JANEIROComo funcionará a amarga doçura de Michelle Williams a interpretar Marilyn ("A Minha Semana com Marilyn")? O primeiro grande filme do ano poderá ser "Martha Marcy May Marlene" de Sean Durkin, um edifício do medo que nos chega do novo cinema nova-iorquino. Já "L"Apollonide", de Bertrand Bonello, é um "tour de force" decadentista por um bordel. A primeira estreia portuguesa do ano está reservada a Margarida Gil com "Paixão". A cantora americana Lana Del Rey foi um dos nomes mas badalados da segunda metade de 2011, por causa de canções, vídeos e imagens voluptuosamente pop. O seu álbum de estreia tem tudo para gerar amores e ódios desmedidos. Os Animal Collective começam em Janeiro a gravação do sucessor de "Merriweather Post Pavillion". No dia 31, o álbum "mais abertamente espiritual" de Leonard Cohen, "Old Ideas", será editado. Cruzamento do texto amargo de Cassavetes com o olhar lúcido do encenador holandês Ivo van Hove, "Husbands" é a próxima paragem do Projecto Próspero no CCB, dias 16 e 17. Acontecimento ou choque, "Bacantes", de Eurípides, pelo Teatro Oficina de José Celso (Lisboa, São Luiz, 20 a 22) será um dos momentos do ano. Regresso a Portugal, 37 anos depois, da companhia brasileira em que a antropofagia encontra o teatro e a orgia. Marc Copland e John Abercrombie, nomes maiores do jazz contemporâneo, encontram-se no CCB, a 25, para um duo de piano e guitarra. Entre 16 e 28, a Gulbenkian recebe o compositor, pianista e maestro britânico Thomas Adès durante uma residência de duas semanas. Oportunidade para conhecer uma personalidade em afirmação na música contemporânea. "Atol" chega à Zé dos Bois a tempo de revelar o desconcertante universo pictórico de Gonçalo Pena. Uma das mais singulares individuais de 2012, inclui, para além de pintura, artefactos de colecções públicas e privadas. "Oito Noites Brancas", de André Aciman, inicia a colecção de ficção da Matéria-Prima. O "best-seller" sobre a crise, "A Queda de Wall Street", de Michael Lewis sairá na Lua de Papel. Nuno Costa Santos escreveu a biografia "Trabalhos e Paixões de Fernando Assis Pacheco" (Tinta-da-China). No primeiro semestre é lançado, na Teodolito, "Aire de Dylan", de Enrique Vila-Matas. Também sem data, "O que eu sei dos homenzinhos", de Juan José Millás e, de Carlos Ruiz Zafón, "El prisionero del cielo". Todos na Planeta. FEVEREIROInicialmente pensada como banda sonora para "Le Voyage Dans La Lune" de Méliès, a música que os Air gravaram deu origem a um álbum do qual já se conhece um tema, "Seven stars", com voz de Victoria Legrand dos Beach House. O segundo álbum dos Sleigh Bells, "Reign Of Terror", chega às lojas a 14. "Emocionalmente, é um disco muito pesado", diz o vocalista Derek E. Miller. "Toneladas de volume", acrescenta a vocalista Alexis Krauss. Um filme mudo, passado no meio do cinema (alguém se lembra de "Silent Movie", de Mel Brooks?), é o novo "chochou" do cinema europeu. Chama-se "The Artist". E depois de Marilyn por Michelle Williams, o mais ansiado "lookalike" do ano é o de Meryl Streep como Margareth Thatcher ("The Iron Lady").
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave medo animal cantora
"A Invenção de Hugo" e "O Artista" lideram nomeações aos Óscares
"A Invenção de Hugo", de Martin Scorsese, e "O Artista", de Michel Hazanavicius, lideram as nomeações aos Óscares, com 11 e dez nomeações, respectivamente. Os nomeados foram anunciados esta terça-feira em Los Angeles por Tom Sherak, presidente Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, e pela actriz e membro da Academia Jennifer Lawrence. (...)

"A Invenção de Hugo" e "O Artista" lideram nomeações aos Óscares
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-01-24 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20120124160406/http://publico.pt/Cultura/oscars-1530470
SUMÁRIO: "A Invenção de Hugo", de Martin Scorsese, e "O Artista", de Michel Hazanavicius, lideram as nomeações aos Óscares, com 11 e dez nomeações, respectivamente. Os nomeados foram anunciados esta terça-feira em Los Angeles por Tom Sherak, presidente Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, e pela actriz e membro da Academia Jennifer Lawrence.
TEXTO: Sem surpresas, “O Artista” é o favorito da corrida aos Óscares em 2012. O filme mudo francês de Michel Hazanavicius, que chega às salas portuguesas já na próxima semana, recebeu dez nomeações para os prémios da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, a serem entregues em Los Angeles no próximo dia 26 de Fevereiro. É o único filme que está presente em três das quatro categorias principais – melhor filme, melhor realizador e melhor actor (Jean Dujardin) – para lá de conseguir o “milagre” de ser uma produção estrangeira (mesmo que rodada em parte nos EUA com uma equipa parcialmente americana) que assume a liderança das nomeações 2012. No entanto, pela contabilidade, é “A Invenção de Hugo”, de Martin Scorsese, com estreia prevista para 16 de Fevereiro, que recebeu o maior número de nomeações: onze ao total, entre as quais Melhor Filme, Melhor Realizador e Melhor Argumento Adaptado. As restantes oito, contudo, foram-no apenas em categorias técnicas. Na corrida para melhor filme, para a qual concorrem este ano nove filmes – devido a novas regras, que alarga o número de candidatos até dez –, estão ainda “Moneyball – Jogada de Risco”, de Bennett Miller, e “Cavalo de Guerra”, de Steven Spielberg, ambos com seis nomeações; “Os Descendentes”, de Alexander Payne (cinco nomeações ao todo); “Meia-Noite em Paris”, de Woody Allen, e “As Serviçais”, de Tate Taylor (quatro nomeações); “A Árvore da Vida”, de Terrence Malick (três nomeações), e “Extremamente Alto, Incrivelmente Perto”, de Stephen Daldry (duas nomeações). As nomeações para os prémios de melhor actor e melhor actriz confirmaram igualmente as expectativas. Meryl Streep parte à cabeça do pelotão da categoria feminina pelo seu retrato de Margaret Thatcher em “A Dama de Ferro”, concorrendo com Glenn Close (“Albert Nobbs”), Michelle Williams (“A Minha Semana com Marilyn”), Viola Davis (“As Serviçais”) e, na única surpresa da categoria, Rooney Mara (“Millennium 1 – Os Homens que Odeiam as Mulheres”). George Clooney é por seu lado um dos favoritos por “Os Descendentes”, embora tenha aqui que se bater com Jean Dujardin em “O Artista”. A categoria completa-se com três candidatos-surpresa: Brad Pitt por “Moneyball – Jogada de Risco”, Gary Oldman por “A Toupeira” e Demian Bichir por “A Better Life”.
REFERÊNCIAS:
Deus, redes e jornais no Senhor de Matosinhos
O pároco Manuel Mendes utiliza elementos provocatórios para levar os mais novos a reflectir na palavra sagrada. (...)

Deus, redes e jornais no Senhor de Matosinhos
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DATA: 2012-02-03 | Jornal Público
SUMÁRIO: O pároco Manuel Mendes utiliza elementos provocatórios para levar os mais novos a reflectir na palavra sagrada.
TEXTO: Quem, por estes dias, visite a barroca Igreja do Bom Jesus de Matosinhos, não deixará de reparar numa bela coluna engalanada não só com os habituais retábulos dourados, mas também com uma espécie de escaparate (ou estendal) de jornais e revistas. Anunciam-se ali, entre outras coisas, vinganças da realeza monegasca, assaltos a ourivesarias ou as últimas incidências do muito particular mundo futebolístico. Na semana anterior, e no mesmo sítio, havia uma rede de pesca decorada com símbolos de redes sociais e imagens de telemóveis e ecrãs de plasma. E, antes disso, uma grande relógio parado nas quatro horas. Confuso?Alguns visitantes e frequentadores do templo desenhado por Nicolau Nasoni não ficaram menos perplexos e o caso já chegou às redes sociais. Até o vereador da Cultura da Câmara de Matosinhos, Fernando Rocha, manifestou esta semana, no Facebook, estranheza e curiosidade pelos novos adereços do imóvel classificado como de interesse público. "Até parecia mentira", comentou. O pároco de Matosinhos, Manuel Mendes, esclarece o mistério. Trata-se, afinal, de uma forma de "quebrar a rotina" da liturgia, confrontando os paroquianos mais jovens com um elemento "dinâmico" que os leve a reflectir na palavra sagrada. "Já há muito tempo que temos a preocupação de ter um elemento diferente para sublinhar a ideia mais importante da liturgia. Nas últimas três semanas, desde o advento, pensamos em fazer alguma coisa para a missa das onze horas de domingo, que é a missa das crianças", explica o pároco. "A ideia é ajudá-los a ler o evangelho", concretiza. Assim, os jornais e revistas que podem ser vistos no templo durante esta semana pretendem confrontar os paroquianos mais jovens com uma questão concreta: "Qual é a palavra que ouvimos mais, a que damos mais atenção? As palavras destas princesas das revistas ou a palavra de Deus?"Do mesmo modo, a rede de pesca com símbolos dos meios de comunicação contemporâneos pretendia, por um lado, recordar que os apóstolos abandonaram as redes de pesca para seguir Jesus Cristo e, por outro, perguntar "que redes é que hoje nos distraem e impedem de seguir a palavra sagrada" - como se, de um lado, estivessem as verdades das escrituras e, do outro, os instrumentos que servem para desviar as atenções e afastar os fiéis dos ensinamentos do evangelho. O caso do relógio era mais simples: uma referência à passagem bíblica que diz que "eram quatro horas quando Jesus Cristo passou e chamou". "A intenção era passar a ideia de que a hora de ouvir a chamada de Cristo é agora", explica o padre Manuel Mendes. O pároco faz mesmo questão de que os ícones pensados para a missa das crianças fiquem na igreja durante o resto da semana, chamando a atenção dos outros fiéis. "Gostava que sentissem estranheza e se questionassem. Eu tento explicar o significado daquelas coisas", diz Manuel Mendes, reconhecendo que os elementos estranhos ao templo possam provocar perplexidade aos visitantes ocasionais. O pároco nem sequer rejeita a ideia de os jornais ou as redes serem vistos como uma provocação. "É uma provocação, sim, no sentido que a palavra tem de mais original, que é chamar a atenção", comenta. Paradoxalmente, a provocação acabou por ter eco nas mesmas redes sociais que, como diabinhos distractivos, apartam os fiéis da palavra do Senhor.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave cultura espécie
"Reis" de Torres Vedras entram em São Bento, mas busto de Passos Coelho não
Bombos, “matrafonas”, índios e gigantones estiveram a dar música e a brincar ao carnaval junto à residência oficial do primeiro-ministro perto de uma hora. (...)

"Reis" de Torres Vedras entram em São Bento, mas busto de Passos Coelho não
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-02-18 | Jornal Público
SUMÁRIO: Bombos, “matrafonas”, índios e gigantones estiveram a dar música e a brincar ao carnaval junto à residência oficial do primeiro-ministro perto de uma hora.
TEXTO: Os "reis" entraram na residência oficial do primeiro-ministro, em Lisboa, o presidente da Câmara Municipal de Torres Vedras e “carteiros” também, mas o busto carnavalesco de Pedro Passos Coelho ficou à porta. Três autocarros transportaram hoje cerca de 150 foliões - números da organização -, de Torres Vedras para Lisboa para dizerem ao chefe do Governo que “produzem” e que “quem não sabe rir, não sabe gerir”, numa crítica à retirada da tolerância de ponto na terça-feira de carnaval. Uma delegação desta auto-denominada embaixada acabou por entrar no Palácio de São Bento para deixar um convite para o primeiro-ministro participar no carnaval, mais produtos regionais de Torres Vedras e cerca de nove mil cartas de crianças da região. Mas o busto não teve autorização para entrar e agora vai integrar o corso de carnaval. “O busto foi muito pensado, tirámos as coisas susceptíveis de ofender, mas não nos deixaram entregar”, lamentou aos jornalistas António Miranda, da Real Confraria do Carnaval de Torres Vedras. O responsável garantiu que a entrega pode ser feita em mão se Pedro Passos Coelho for a Torres Vedras mas, caso o líder do Governo tenha “problemas com transporte”, a confraria prometeu trazer o busto “tipo andor” a São Bento. Também Carlos Miguel, presidente da câmara, notou que a missão da ‘embaixada’ era “contagiar o senhor primeiro-ministro para aquilo que é humor, alegria” e mostrar “quanto gera na economia regional”. O autarca lamentou que o busto não tenha sido entregue, uma vez que a palavra de ordem em Torres Vedras é “não ofensivo e tudo criativo”. “Pode ser que no próximo ano o senhor primeiro-ministro reconsidere” afirmou Carlos Miguel, que lidera uma região que conta com “94 anos de carnaval organizado”. “Praticamente os únicos que não têm a terça-feira de carnaval é a função pública, onde se produz serviços. Isso é pouco equilibrado, pouco justo e só tem prejuízos”, considerou o autarca. O ‘rei’ Ricardo foi outro dos que integrou a delegação e garantiu estar a cumprir as funções inerentes ao cargo: “reinar com o povo”. Acompanhado pela sua ‘rainha’, Ricardo confessou que foi difícil acordar depois de uma hora de sono para viajar até à capital. “Estamos a tentar lutar pelas nossas tradições. O carnaval sempre durou cinco dias e vai continuar”, disse ‘sua majestade’. Entre os foliões multiplicavam-se as placas com a frase “eu produzo” e junto ao busto de Pedro Passos Coelho foi colocado um pequeno cão embalsamado com um recado: “é neste estado sinistro, nesta figura espectral que o nosso primeiro-ministro irá deixar Portugal”. Bombos, “matrafonas”, índios e gigantones estiveram a dar música e a brincar ao carnaval junto à residência oficial do primeiro-ministro perto de uma hora.
REFERÊNCIAS:
O rock de massas chegou a Paredes de Coura com os Kasabian
Quando Tom Meighan abandona o palco, depois de uma pequena versão a cappella de “She loves you”, o clássico dos Beatles, pôs-se um ponto final no primeiro concerto de massas de Paredes de Coura 2012 e que teve o efeito que um concerto de massas é suposto ter: devoção colectiva. (...)

O rock de massas chegou a Paredes de Coura com os Kasabian
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-08-18 | Jornal Público
SUMÁRIO: Quando Tom Meighan abandona o palco, depois de uma pequena versão a cappella de “She loves you”, o clássico dos Beatles, pôs-se um ponto final no primeiro concerto de massas de Paredes de Coura 2012 e que teve o efeito que um concerto de massas é suposto ter: devoção colectiva.
TEXTO: Foi o que conseguiram os Kasabian na noite de quinta-feira. Até então, o festival estava a ser dominado pelos grupos menos óbvios (tUnE-yArDs, Sleigh Bells). Esta sexta-feira, última noite de festival, tem um vencedor antecipado: os Ornatos Violeta, regressados aos palcos dez anos depois do fim. Com uma cara que parece a fusão das de Damon Albarn e Liam Gallagher, dir-se-ia que Tom Meighan estava fadado para ser uma estrela brit-pop. Mais a sério: os Kasabian revisitam parte da história da música popular britânica (fazem canções que lembram nomes como Oasis e Stone Roses e, para além dos Beatles, evocaram Fatboy Slim, integrando Praise You em LSF (Lost Souls Forever)). Devolvem temas pop-rock que enchem naturalmente estádios ou um anfiteatro natural como o de Paredes de Coura. Antes, Anna Calvi mostrara credenciais de nova princesa da música britânica. Comparam-na a PJ Harvey (o que não é descabido, nomeadamente em canções como Jezebel), mas Calvi segue caminhos dela. A forma como a inglesa toca guitarra é visceral, quase brutal. A maneira como canta aproxima-a da beleza do canto lírico (calma: isto continua a ser rock). Visitou as canções do único álbum, com Desire a receber a esperada ovação reforçada, mas também fez versões: levou Surrender, de Elvis Presley, para territórios de negrume e transformou em sua Wolf Like Me, dos TV On The Radio. A milhas de Anna Calvi, que não embarcou em manobras de simpatia, Erlend Øye e os seus The Whitest Boy Alive ofereceram um concerto que teve tanto de entretenimento como de vazio musical. O norueguês tem um talento natural para agradar a multidões (já demonstrado em 2011 no mesmo palco com os Kings of Convenience), mas nos The Whitest Boy Alive limita-se a isso, desprezando a construção de boas canções. Ficam-se por cantigas para lounges, música de dança preguiçosa ou pop sem densidade. Øye fez com que o povo cantasse canções que nunca ouvira na vida, se baixasse ou dançasse, mas esteve longe de repetir o feito dos Kings of Convenience um ano antes. Os Of Montreal viram o dia tornar-se noite junto ao rio Coura. E forneceram a banda sonora para o momento: canções que bebem da pose do glam (“Plastis Wafers”), das melodias perfeitas da new wave, da ciência das ancas do funk, tudo devidamente filtrado pela mais indie das atitudes: “vou fazer o que eu quero”. Foram felizes quase sempre, mas foram mais do que isso em “The Past is a Grotesque Animal”, canção extraterrestre no mundo extraterrestre da banda de Kevin Barnes. Também excitantes foram os Gang Gang Dance, acompanhados por uma estranha personagem que tem acompanhado o grupo em palco e que não tem nenhuma função aparente que não apenas a de lá estar. Brilharam em “Glass Jar”, maravilha de sintetizadores a entrar devagarinho, e num tema novo, referido no alinhamento como Lebanon, que inscreve novas geografias na música sem fronteiras dos americanos. No palco Vodafone FM, houve concertos de School of Seven Bells (pop com múltiplas camadas de som), o rock redneck dos Deer Tick e os pouco entusiasmantes I Like Trains e The Wave Pictures. Notícia corrigida às 10h21. Altera nome do rio em Paredes de Coura de Tabuão para Coura
REFERÊNCIAS:
Entidades PJ
Os eunucos vivem mais do que os homens não castrados
Os homens castrados que serviram os reis da Coreia ao longo de séculos viveram, em média, 14 a 19 anos mais do que os seus congéneres não castrados, conclui um estudo publicado ontem na revista Current Biology. Estes resultados sugerem que as hormonas masculinas encurtam a vida dos homens, concluem Kyun-Jin Min, da Universidade de Inha (Coreia do Sul), e colegas. (...)

Os eunucos vivem mais do que os homens não castrados
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.136
DATA: 2012-09-25 | Jornal Público
SUMÁRIO: Os homens castrados que serviram os reis da Coreia ao longo de séculos viveram, em média, 14 a 19 anos mais do que os seus congéneres não castrados, conclui um estudo publicado ontem na revista Current Biology. Estes resultados sugerem que as hormonas masculinas encurtam a vida dos homens, concluem Kyun-Jin Min, da Universidade de Inha (Coreia do Sul), e colegas.
TEXTO: Em muitas espécies, as fêmeas vivem mais do que os machos e pensa-se que a responsável por esta diferença seja a hormona masculina testosterona, ao encurtar a vida dos machos. Isto pode ser devido ao seu efeito negativo sobre o sistema imunitário e ao facto de ser um factor de risco cardiovascular. Para mais, sabe-se que a castração prolonga a vida dos machos de muitas espécies animais. Porém, nos seres humanos, os estudos da relação entre longevidade e reprodução masculinas não têm sido conclusivos. Uma maneira de abordar a questão tem sido justamente através dos efeitos a longo prazo da castração masculina. Um estudo realizado na década de 1990, por exemplo, mostrou que a castração permitira prolongar em 14 anos a vida de doentes internados num hospital psiquiátrico quando comparados com os doentes não castrados. Mas, como salientam os autores no artigo agora publicado, o estudo dos castrati - os cantores líricos castrados da Itália dos séculos XVII e XVIII, tais como o célebre Farinelli - não permitiu revelar diferenças significativas de longevidade entre eles e os cantores não castrados. Os cientistas sul-coreanos viraram-se desta vez para os registos genealógicos da corte imperial coreana durante a dinastia Chosun, de 1392 a 1910. "A manutenção dos registos genealógicos era importante", escrevem, "porque atestavam da pertença à nobreza. " E os eunucos da corte - que devido a uma mutilação acidental ou deliberada tinham perdido os testículos (e por vezes também o pénis) e se tinham tornado altos funcionários ao serviço dos monarcas - podiam casar-se e adoptar "rapazes eunucos ou raparigas normais". Tinham portanto uma linhagem apesar da sua infertilidade e também eles mantinham metódicos registos genealógicos. Que se encontram reunidos num documento, o Yang-Se-Gye-Bo. "Tanto quanto sabemos", escrevem os cientistas na Current Biology, "este é o único repositório no mundo de histórias de famílias de eunucos. "Cruzando estes dados com outros documentos oficiais, que registavam o dia-a-dia no palácio imperial, Kyun-Jin Min e a sua equipa conseguiram confirmar a idade, na altura da morte, de 81 dos 385 eunucos que constam do Yang-Se-Gye-Bo ao longo de cerca de cinco séculos de história. E puderam assim concluir que a longevidade média desses eunucos foi de 68 a 72 anos. Ou seja, ultrapassou em 14 a 19 anos a longevidade "de homens não castrados de status socioeconómico semelhante". O contraste entre a longevidade dos eunucos e a dos homens não castrados é ainda reforçado pelo facto de três desses eunucos terem chegado a centenários - atingindo, respectivamente, os 100, 101 e 109 anos. Ora, salientam ainda os autores, visto que, actualmente, a proporção de centenários é de um em 3500 no Japão e de um em 4400 nos EUA, isso significa que essa proporção, nesse grupo de eunucos coreanos que viveram há séculos, era 130 vezes maior do que é hoje em dois dos países mais desenvolvidos do mundo!Mas, perguntam os autores, será mesmo a ausência de testosterona a responsável pela longevidade dos eunucos? Não será antes o seu estilo de vida pacato e protegido? Não é muito provável, respondem. Por um lado, a maioria dos eunucos vivia fora do palácio e só lá entrava quando estava de serviço. E por outro, a longevidade da família real - que, essa sim, passava a vida fechada naqueles muros - revelou ser muito menor: os reis viviam em média 44 a 50 anos e os membros masculinos da família real 42 a 48 anos. . . Resultados deste tipo poderão permitir perceber melhor o envelhecimento humano, dizem os autores. Mas entretanto, acrescentam em comunicado, os homens não devem esquecer que, "para ter uma vida longa e saudável, convém evitar o stress e aprender o que podem junto das mulheres. "
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA