Tudo a poder de lágrimas e de ais
Quantas marchas haverá ainda que cumprir para que a igualdade de géneros no plano discursivo encontre paralelo no dia-a-dia de tantas mulheres. (...)

Tudo a poder de lágrimas e de ais
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 14 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-02-21 | Jornal Público
SUMÁRIO: Quantas marchas haverá ainda que cumprir para que a igualdade de géneros no plano discursivo encontre paralelo no dia-a-dia de tantas mulheres.
TEXTO: “O meu avô foi apaixonado pela mulher toda a vida. Deve ser tão bom, tão bom. Um homem sozinho não pode ser feliz”, contava na passada semana António Lobo Antunes, na entrevista que deu ao Expresso. E quando a jornalista Cristina Margato lhe pergunta se uma mulher pode ser feliz sozinha, o escritor responde: “Pode. São muito mais fortes do que os homens. Aguentam melhor a solidão. São mais corajosas diante da doença. Vi isso quando estava a fazer quimioterapia”. E eu, que desconfio sempre que nestas coisas a educação é chave explicativa mais eficaz do que qualquer determinismo genético, fico a matutar na coisa. Nos meses que passei num hospital, eram as mulheres que davam colo aos seus filhos, enquanto havia crianças a morrer ao lado. Quando comentava a omnipresença feminina com a enfermeira-chefe do serviço (e, a propósito, na neonatologia não havia um único enfermeiro homem para amostra), a resposta foi: “Em dias como este, os homens não aguentam. Vão-se embora”. E lembro-me a propósito as palavras do realizador João Canijo enquanto explicava, a propósito do seu filme que há de estrear daqui a poucos meses, por que é que prefere filmar com mulheres. “Dão mais trabalho, mas são muito mais interessantes. São mais disponíveis, entregam-se mais e têm mais disposição ao sacrifício e ao esforço. Eles são muito mais preguiçosos”. Quantos séculos passados desde que o Marquês de Sade diminuía as mulheres a mero objecto de prazer e ordem. “Estremecei, adivinhai, obedecei, antecipai e (…) talvez não sejais completamente infelizes”, vaticinava no seu 120 Dias de Sodoma, escrito na mesma França que, daí a alguns anos, inventaria a roda para permitir que as mães solteiras (ou adúlteras) lá despejassem os filhos e assim escapassem ao degredo social, ao mesmo tempo que se evitava o infanticídio, o aborto ou o abandono dos seus filhos bastardos, enquanto os homens se passeavam incólumes durante todo o processo. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. E, muito mais recentemente, em 2001, recordo-me dos vultos das 17 mulheres julgadas na Maia, pelo crime de aborto, e que calavam histórias de abandono e de uma pobreza tal que algumas, à falta de dinheiro, haviam pago a interrupção da gravidez com peças de ouro. E da pergunta que o médico e ex-secretário de Estado da Saúde, Albino Aroso, lançava então para o meio da confusão mediática onde se perdeu sem resposta: “Então e os pais, não se responsabilizam?”. Quando tento encontrar conexões nestes fragmentos soltos, a única coisa que me ocorre é que hão-de ter sido estes séculos todos de secundarização do papel das mulheres que as densificaram e tornaram mais resilientes. E, numa altura em que a roda não existe, o aborto é possível e a PMA também, nomeadamente para mulheres solteiras, e já ninguém se atreve a confundir mulher com domesticidade, pergunto-me quantas marchas haverá ainda que cumprir para que a igualdade de géneros no plano discursivo encontre paralelo no dia-a-dia de tantas mulheres. É verdade que se mostram mais fortes do que os homens, como diz Lobo Antunes, e mais dispostas ao sacrifício e ao esforço, como corrobora Canijo, mas, como acrescentava na mesma entrevista Lobo Antunes, parafraseando uma frase de uma doente, “é tudo a poder de lágrimas e ais”.
REFERÊNCIAS:
Idosos e crianças vítimas de quase metade dos homicídios em 2016
Nos últimos quatro anos, quase 400 pessoas pediram o apoio da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima. O número de homicídios em Portugal teve uma diminuição significativa no ano passado mas um terço dos homicídios aconteceu em contexto de violência doméstica. (...)

Idosos e crianças vítimas de quase metade dos homicídios em 2016
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 14 | Sentimento -0.16
DATA: 2017-02-22 | Jornal Público
SUMÁRIO: Nos últimos quatro anos, quase 400 pessoas pediram o apoio da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima. O número de homicídios em Portugal teve uma diminuição significativa no ano passado mas um terço dos homicídios aconteceu em contexto de violência doméstica.
TEXTO: Os dados do mais recente relatório da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), apresentados esta quarta-feira, mostram que houve uma redução do número de homicídios em Portugal nos últimos dois anos e que quase metade das vítimas de homicídio em 2016 eram idosos e crianças. O Observatório de Imprensa de Crimes de Homicídio em Portugal e de Portugueses Mortos no Estrangeiro (OCH), criado pela APAV em 2014, contabilizou um total de 446 crimes nos últimos três anos, entre 352 homicídios em Portugal e a morte de 94 portugueses no estrangeiro. Em 2014, o OCH registou 127 homicídios em Portugal, um número que tem tido uma tendência de descida, com uma diminuição significativa entre 2015 e 2016. Das 103 pessoas mortas no ano passado, 19 casos (18, 4%) são crianças e jovens até aos 20 anos, entre os quais oito tinham menos de dez anos. Foram registadas também 22 mortes de pessoas com mais de 66 anos, dez das quais tinham mais de 81 anos - um número que, segundo destaca o relatório da APAV , “evidencia a fragilidade em que se encontram as pessoas idosas”. As vítimas de homicídio são predominantemente do sexo masculino, sendo o sexo feminino quem mais tem recebido o apoio especializado da Rede de Apoio a Familiares e Amigos de Vítimas de Homicídio (RAFAVH). Os dados recolhidos pela APAV apontam para uma predominância dos crimes ocorridos “em contexto de relação de intimidade, em curso ou já cessada”, com um total de 17 casos entre os homicídios ocorridos em Portugal. No outro extremos estão os casos em que não existe uma ligação entre homicida e vítima directa, com 20 dos crimes reportados perpetrados por desconhecidos. A APAV chama ainda a atenção para os crimes que ocorrem em contexto de violência doméstica – seja em relações de intimidade, relações parentais ou família mais alargada –, responsável por um terço dos homicídios ocorridos em Portugal. Em termos gerais, quase metade dos 75 processos de apoio iniciados pela APAV em 2016 tiveram “como móbil uma situação de violência doméstica”. Nas situações de homicídio na forma tentada, mais de dois terços dos processos de apoio iniciados tiveram a sua origem num contexto de violência doméstica. O relatório da APAV sobre vítimas de homicídio revela ainda que 391 pessoas pediram o apoio da associação nos últimos quatro anos, 205 por causa de homicídios na forma tentada e 186 por causa de homicídios consumados. Olhando para os dados do ano passado, ao longo do qual 75 pessoas precisaram da ajuda da APAV, três quartos dos que procuram a APAV nos casos de homicídio tentado são as próprias vítimas, sendo também acompanhados pelos filhos, pais e, em um dos casos, do cônjuge. No caso do apoio a familiares e amigos de vítimas de homicídios consumados, a maioria destas “vítimas invisíveis” apoiadas em 2016 eram pais e filhos, contando-se ainda avós, irmãos e cônjuges das vítimas. A duração média de um processo de apoio à vítima é de um a dois anos, um prazo ligado à “duração do processo judicial, que tende a ter a sua conclusão (leitura de sentença/acórdão) neste prazo”. Trata-se de um período difícil para os familiares e amigos das vítimas, relata a associação, durante o qual as diligências até à conclusão do processo “reactivam a memória e o impacto do crime”, dificultando o regresso à normalidade. O processo de apoio termina, de acordo com a APAV, “quando a vítima consegue recuperar a normalidade possível na sua vida”, quando desiste do processo de apoio ou quando passa a ser acompanhada por outra instituição de apoio psiquiátrico ou médico. A Rede de Apoio a Familiares e Amigos de Vítimas de Homicídio foi criada pela APAV em 2013 para dar resposta ao sofrimento destas pessoas "que muitas vezes não são consideradas vítimas". Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. "Temos frequentemente familiares – pais, mães, filhos, tios, avós – que nós chamamos de vítimas invisíveis a sofrerem em silêncio porque não se reconhecem enquanto vítimas por direito e, por outro lado, não lhes é oferecido o apoio que deveriam ter", apontou à Lusa Bruno Brito, o gestor da rede. Para o responsável, esta realidade "tem muito que ver com o facto de o sistema judicial estar muito virado para a acusação do arguido", havendo "alguma dificuldade em reconhecer os direitos das vítimas enquanto vítimas directas, dos familiares e amigos ainda mais". "Estamos a trabalhar para que esta sensibilização aumente, não só da sociedade em geral, mas das entidades que lidam com estas pessoas nos momentos mais críticos, seja quando os homicídios acontecem, seja depois, durante todo o processo judicial", adiantou.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave crime direitos morte homicídio violência ajuda sexo doméstica
Elas ainda passam mais do dobro do tempo em tarefas domésticas do que eles
É na cozinha dos lares portugueses que "os homens marcam presença de forma crescente". Mas a casa ainda é o grande palco da desigualdade de géneros num país que continua a valorizar o “vinco na calça e a comida sempre pronta”. (...)

Elas ainda passam mais do dobro do tempo em tarefas domésticas do que eles
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 14 | Sentimento 0.5
DATA: 2015-11-19 | Jornal Público
SUMÁRIO: É na cozinha dos lares portugueses que "os homens marcam presença de forma crescente". Mas a casa ainda é o grande palco da desigualdade de géneros num país que continua a valorizar o “vinco na calça e a comida sempre pronta”.
TEXTO: Devagar, “muito devagarinho”, porque quando se fala de mudanças neste campo tudo leva muito tempo. Os homens portugueses estão a participar mais na vida familiar. Mas “a família constitui ainda um palco de desigualdades de género persistentes”, mostram os mais recentes dados sobre a divisão de tarefas nos lares portugueses. Números de 2014, que nesta quinta-feira serão tornados públicos, revelam as seguintes médias: eles gastam oito horas por semana em “tarefas domésticas”, como passar a ferro ou fazer refeições, elas 21. Junte-se agora o tempo despendido nos chamados “cuidados a familiares”, desde logo aos filhos: eles 9 horas por semana, elas 17. Parece desequilibrado?A disparidade era maior em 2002, garante ao PÚBLICO a investigadora do Instituto de Ciência Sociais (ICS), da Universidade de Lisboa, Karin Wall, que apresentará estes e outros resultados do International Social Survey Programme. No âmbito deste inquérito foi inquirida em Portugal, em 2014, uma amostra representativa da população nacional com 18 ou mais anos sobre o tema “família, trabalho e papéis de género”. A apresentação decorre no ICS, num workshop internacional do projecto O Papel dos Homens na Igualdade de Género, que tem como objectivo produzir um Livro Branco sobre os homens, os papéis masculinos e a igualdade de género em Portugal — uma parceria do ICS e da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego que tem o financiamento do Programa EEA Grants e da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género. Mas já vamos a este Livro Branco. "Vinco na calça”Regresse-se para já aos números. “Em 2002, no último inquérito, os homens portugueses gastavam sete horas por semana com as tarefas domésticas e as mulheres 26 horas”, diz Karin Wall. Nesse estudo não se questionava especificamente sobre o tempo empregue com cuidados a familiares, lembra. “Com as tarefas domésticas, houve em 2014 um aumento do tempo gasto pelo homens [para oito horas semanais], que estão quase ao nível dos nórdicos, que fazem 11, 12 horas por semana, e uma ligeira redução [para 21] entre as mulheres. Mas, em comparação com outros países, as mulheres portuguesas ainda usam muito tempo com as tarefas domésticas”, explica a socióloga. Será porque as portuguesas contam menos com a ajuda de uma empregada doméstica? Karin Wall garante que não reside aí a explicação, “porque nos países nórdicos esse modelo da mulher-a-dias não é significativo”. A verdade é que em Portugal “há uma cultura de bem-estar doméstico muito diferente”, que resulta de uma “socialização, de décadas, em que se insistiu no brio do trabalho doméstico, na necessidade do vinco nas calças e de ter a comida sempre pronta”, uma socialização “consistente até aos anos 70”, diz Wall, que passou de geração em geração. E que ainda subsiste. Mas há sinais de mudança. Os dados do International Social Survey compilados na publicação Homens, papéis masculinos e igualdade de género, de Leonor Rodrigues, Vanessa Cunha e Karin Wall, preparada para o workshop no ICS, são claros: entre os casais mais jovens notam-se diferenças. “A cozinha é a dimensão da vida doméstica onde os homens marcam presença de forma crescente, quer dividindo tarefas, quer chamando a si a responsabilidade. ”Com efeito, mais de um quarto dos casais jovens dividem as tarefas relacionadas com a confecção das refeições. “E são 12% os casais [jovens] em que é o homem que cozinha sempre ou habitualmente, o dobro em relação ao total de casais. ”Karin Wall nota que já em anteriores inquéritos, a cozinha era uma espécie de porta de entrada dos homens nas lides caseiras. “Primeiro as compras, depois a cozinha, que é uma actividade valorizada, criativa. ”A equipa centrou-se, na sua análise, em “quatro tarefas específicas”: fazer reparações, cozinhar, tratar da roupa e tratar de doentes (ver infografia). “Os casais mais jovens têm de facto uma divisão menos desequilibrada das tarefas domésticas” e é “entre os casais dos 45 aos 64 anos que a desigualdade de género é maior e não nos casais mais velhos, provavelmente devido a um efeito de ciclo de vida, sendo os homens chamados a dar uma maior contribuição doméstica quando as mulheres começam a ter dificuldade em executar alguma tarefa”, lê-se. Roupa: em 92% dos casais é com elasHá, contudo, tarefas que permanecem pouco dadas à partilha. Descrevem as investigadoras: “As reparações constituem uma atribuição masculina, já que em 82% dos casais são os homens que realizam esta tarefa sempre ou habitualmente; e o tratamento da roupa é a tarefa em relação à qual estão mais arredados, pois são as mulheres que a realizam esmagadoramente (em 92% dos casais). Aliás, esta é a tarefa doméstica menos partilhada, pois apenas 6% dos casais” a dividem entre si. Já noutros campos há mais divisão. Sobretudo nos cuidados aos doentes — com 47% dos casais a dizerem que partilham as actividades desse tipo. O inquérito também questionou homens e mulheres sobre se “todas as tarefas domésticas” devem ou não ser divididas de forma igualitária. E 74% e 81, 4%, respectivamente, acreditam que sim. “Estes resultados desvendam o desacerto entre a norma da igualdade a nível dos valores e as práticas dos casais que estão longe de ser igualitárias”, conclui-se. De resto, no capítulo do trabalho remunerado, as diferenças entre horas gastas por homens e por mulheres são mais reduzidas. Mulheres que trabalham a tempo inteiro, por exemplo, têm em média horários de 36 horas por semana. Homens com o mesmo regime laboral chegam às 39 horas por semana. Já o ganho médio mensal é, em valores ilíquidos, de 1093 euros para os homens e de 958 euros para as mulheres. Contando com salários e suplementos remuneratórios. O Livro Branco sobre os homens, os papéis masculinos e a igualdade de género deverá incluir um conjunto de recomendações de políticas públicas a adoptar nesta área, explica Karin Wall. O ponto de partida é este: “Temos de perceber a realidade do ponto de vista dos homens para conseguir promover a igualdade. É preciso um enfoque nos homens, como é que eles vêem estas questões? Será que têm percepções diferentes da vida familiar? Será que acham que a mulher deve dedicar-se mais às crianças ou até querem entrar mais na vida familiar? Será que há obstáculos para que entrem? É claro que há. ” Vários dados sobre os homens e a educação, o emprego e a família, que procuram dar resposta a algumas destas interrogações, estarão em debate nesta quinta-feira. As recomendações virão depois.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homens cultura campo educação mulher ajuda homem social igualdade género estudo espécie mulheres doméstica
Conheça as portuguesas que foram pioneiras nas profissões liberais e no activismo
Esta quarta-feira passam cem anos da publicação do decreto que legitima o acesso das mulheres a "várias funções públicas". (...)

Conheça as portuguesas que foram pioneiras nas profissões liberais e no activismo
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 14 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-07-17 | Jornal Público
SUMÁRIO: Esta quarta-feira passam cem anos da publicação do decreto que legitima o acesso das mulheres a "várias funções públicas".
TEXTO: Várias mulheres destacaram-se na medicina, na engenharia, na advocacia, na escrita, no activismo político e na defesa dos direitos das mulheres durante a primeira metade do século XX, numa sociedade em que imperava a figura masculina do "chefe de família". Esta quarta-feira passam cem anos da publicação do decreto, promulgado por Sidónio Pais, que legitima o acesso das mulheres a "várias funções públicas". Conheça algumas mulheres que se destacaram na luta pelos seus direitos:Regina QuintanilhaA primeira mulher a licenciar-se em Direito e a exercer a advocacia ainda antes do decreto de 1918 que consagrou a abertura da profissão às mulheres. Conseguiu uma autorização do Supremo Tribunal de Justiça e estreou-se em 1913, no Tribunal da Boa Hora. Nasceu a 9 de Maio de 1893, em Bragança, no seio de uma família abastada. Aos 17 anos pediu a matrícula na Universidade de Coimbra e terminou o curso em três anos. Carolina Beatriz ÂngeloFoi a primeira mulher a exercer o direito de voto, alegando reunir todas as condições estabelecidas na lei, em 1911: era portuguesa, viúva, chefe de família, com formação superior. Mas não foi fácil para esta mulher que nasceu na Guarda, que se formou em Medicina e morreu aos 33 anos. Então, o regime não aceitou. Por isso, Beatriz Ângelo levou o caso a tribunal, conseguiu recensear-se e votar nas eleições para a Assembleia Constituinte. A lei foi posteriormente alterada para explicitar que só os homens podiam votar. Deixou um intenso legado na luta pelos direitos das mulheres. Maria Amélia ChavesA primeira engenheira, licenciada no Instituto Superior Técnico, em Lisboa, em 1937. Morreu no ano passado. Ao prestar-lhe homenagem numa publicação, o Técnico afirma que depois de concluir a licenciatura voltou a surpreender "tudo e todos" ao ir para o terreno liderar um grupo de operários. “Quando lutamos e sabemos o que fazemos, somos aceites”, dizia. Adelaide CabeteRepublicana, médica e professora. Pioneira na reivindicação dos direitos das mulheres, como o voto e um período de descanso (um mês) antes do parto. Natural de Alcáçova, em Elvas. Órfã, de origem humilde, estudou depois de se casar. Concluiu o curso em 1900, com a tese "Protecção às Mulheres Grávidas Pobres como meio de promover o desenvolvimento físico das novas gerações". Na sua biografia, consta que foi a primeira mulher a votar a Constituição Portuguesa que instala o Estado Novo, ao qual se opôs. Ana de Castro OsórioEscreveu em 1905 As Mulheres Portuguesas, que é considerado o primeiro manifesto feminista português. Natural de Mangualde, profetizou que a mulher portuguesa só no trabalho encontraria a sua carta de alforria, não no trabalho esmagador, exercido como castigo, mas “no trabalho que enobrece o espírito, que dá o belo orgulho dos que só contam consigo e nunca foram um peso para ninguém”, conforme recorda a investigadora Irene Pimentel no livro Mulheres Portuguesas, em co-autoria com Helena Pereira de Melo. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Aurora de Castro GouveiaA primeira notária, não apenas em Portugal, mas na Europa, e a segunda mulher a exercer advocacia no país, segundo a historiadora Irene Pimentel. Maria José EstancoA primeira mulher arquitecta. Natural de Loulé começou por frequentar Pintura, em Belas Artes, optando mais tarde pelo curso de Arquitectura, que concluiu em 1942. O Arquivo Distrital de Faro prestou-lhe este ano homenagem por ocasião do Dia Internacional da Mulher, dando conta do seu percurso: “Tentou o ingresso em vários ateliers de arquitectura, porém viu a entrada no mercado de trabalho ser barrada pela sua condição feminista, pelo que se dedicou à decoração de interiores e à criação de móveis". Integrou a direcção do Conselho Nacional para a Paz e o Movimento Democrático das Mulheres. Manuela AzevedoA primeira jornalista com carteira profissional (morreu no ano passado com 105 anos). Escreveu romances, poesia e teatro. Viu uma das peças censurada pelo regime de Salazar e enfrentou a censura num artigo que escreveu em 1935 sobre eutanásia.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos homens lei tribunal mulher mulheres feminista eutanásia
Nas Caldas da Rainha há 93 hectares de mata do Estado ao abandono
Área arborizada gerida pelo ICNF (Instituto da Conservação da Natureza e Florestas) está coberta de mato e silvas. Risco de incêndio é elevado. (...)

Nas Caldas da Rainha há 93 hectares de mata do Estado ao abandono
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 14 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-07-20 | Jornal Público
SUMÁRIO: Área arborizada gerida pelo ICNF (Instituto da Conservação da Natureza e Florestas) está coberta de mato e silvas. Risco de incêndio é elevado.
TEXTO: Se algo destaca a freguesia do Carvalhal Benfeito, no concelho das Caldas da Rainha, é a Mata Nacional das Mestras, uma área de 93 hectares, dos quais 84 estão arborizados, sobretudo com sobreiros, mas também com algum pinheiros mansos e carvalhos. Contudo, o que poderia ser um espaço de lazer e de fruição, é hoje em dia um sítio abandonado onde as silvas e o mato chegam a atingir dois metros de altura, cobrindo por vezes os próprios sobreiros, que mal se vislumbram no meio do matagal. A rede viária interior, com uma extensão de quatro quilómetros, está também invadida pelo mato e com locais onde até um veículo todo-o-terreno teria dificuldade em passar. “Revolta-me ver a mata neste estado!” O desabafo é do presidente da Junta de Freguesia de Carvalhal Benfeito, António Colaço, que se sente impotente perante uma administração que não só não cuida daquele espaço, como nega a existência do problema. “O Estado é que deveria dar o exemplo e a mata deveria estar mais cuidada e mais limpa, mas quando lhes pergunto [ao Instituto da Conservação da Natureza e Florestas — ICNF] respondem-me que está tudo bem, que a gente não se preocupe porque está tudo sobre controlo”. Pedro Roque vive na localidade das Mestras, que confina com a mata nacional, e não esconde a preocupação pela elevada probabilidade de ali ocorrer um incêndio. É ele que mostra ao PÚBLICO a visível a falta de limpeza da mata. ?Casa da guarda abandonadaDe repente avista-se uma casa em alvenaria. Uma construção sólida, com vários anexos, mas abandonada desde 1990 e agora coberta de vegetação. Era a casa do guarda, num tempo em que a Mata Nacional das Mestras estava sob a alçada da guarda florestal. Naquela época, conta Carlos Ribeiro — que nasceu e viveu a sua infância naquela casa porque o pai era o guarda da Mata — tudo estava limpo e devidamente cuidado e podia-se circular entre os sobreiros sem precisar de uma roçadora mecânica. Foi o que aconteceu no ano passado quando se realizou a extracção de cortiça dos sobreiros. Para os homens poderem acercar-se aquelas árvores, foi necessário uma roçadora para abrir uma picada por onde passava o pessoal e a cortiça. De acordo com o ICNF, aquele instituto vendeu em hasta pública 1540 arrobas (23. 100 quilos) de cortiça por 18. 762 euros. Já em 2011 a Mata das Mestras também proporcionou receitas ao Estado. Desta vez foram 60. 800 euros obtidos através da venda, também em hasta pública, de um lote de 7, 7 hectares de povoamento puro de pinheiro bravo que proporcionaram 2627 metros cúbicos de madeira. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Quanto à falta de limpeza, o ICNF realça que se trata de “uma mata com estatuto de conservação e, nessa medida, tem tido o grau de intervenção adequado ao seu estatuto”. A mesma resposta, enviada por email, refere ainda que “o ICNF já concluiu a realização das faixas secundárias de gestão de combustível na Mata Nacional das Mestras” tendo, por isso, dado cumprimento, ao previsto na legislação. Quanto à vigilância da Mata, o instituto diz que esta esteve cometida ao Corpo de Sapadores Florestais, mas após a integração deste na GNR, a responsabilidade passou para esta entidade. Refere ainda que “existem vários postos de vigia fixos que têm bacias de visibilidade sobre a área”.
REFERÊNCIAS:
Entidades GNR
Seis anos de prisão para homem que tentou matar ex-mulher em Amarante
Agressão ocorreu no passado dia 10 de Março. Arguido tinha um histórico de episódios de violência doméstica. (...)

Seis anos de prisão para homem que tentou matar ex-mulher em Amarante
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 14 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Agressão ocorreu no passado dia 10 de Março. Arguido tinha um histórico de episódios de violência doméstica.
TEXTO: O Tribunal de Penafiel condenou nesta segunda-feira um homem a uma pena de prisão de seis anos pelo crime de homicídio, na forma tentada, praticado em Amarante, que teve como vítima a ex-companheira. O arguido, de 54 anos, foi também condenado por um crime de violência doméstica e posse de arma proibida. A pena de seis anos resulta do cúmulo jurídico das três condenações. O arguido vai ainda ser obrigado a pagar à vítima uma indemnização de cerca de 25 mil euros. Os factos que deram origem ao processo resultaram de um clima de desentendimentos no casal e de um quadro de agressões verbais e físicas, injúrias, ofensas e ameaças, segundo o acórdão. No dia 10 de Março de 2014, o suspeito cortou o dispositivo de pulseira electrónica a que estava sujeito e, segundo o tribunal, disparou contra a vítima, atingindo-a de raspão na cabeça. Na leitura do acórdão, o juiz considerou que o arguido "agiu de forma livre e consciente, com a intenção de lhe tirar a vida, tendo-lhe infligido dores físicas intensas e que o episódio continua bem presente na memória da vítima, que continua a ter medo do arguido". O advogado de defesa admitiu estar a ponderar recorrer da decisão do colectivo.
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE
Como Sánchez percebeu a revolução feminista espanhola
Numa democracia consolidada com dezenas de mulheres assassinadas por homens todos os anos, o novo Governo, com onze mulheres na liderança de 17 ministérios , “é o da vitória do sofrimento e do fim do silêncio”. Um silêncio quebrado nos últimos anos e transformado há apenas três meses em revolta. (...)

Como Sánchez percebeu a revolução feminista espanhola
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 14 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-06-21 | Jornal Público
SUMÁRIO: Numa democracia consolidada com dezenas de mulheres assassinadas por homens todos os anos, o novo Governo, com onze mulheres na liderança de 17 ministérios , “é o da vitória do sofrimento e do fim do silêncio”. Um silêncio quebrado nos últimos anos e transformado há apenas três meses em revolta.
TEXTO: Sexta-feira, 8 de Junho, a nova porta-voz parlamentar do PSOE, Adriana Lastra, anunciou que a proposta de lei para formar juízes em matéria de igualdade será a primeira iniciativa que o seu partido vai defender no Congresso. “Era um dos acordos do Pacto Contra a Violência Machista que o anterior Governo não cumpriu”, disse Lastra, explicando que, com esta modificação da Lei Orgânica do Poder Judicial, “todos os operadores jurídicos terão formação em violência de género”. Às vezes, muitas vezes, as palavras não passam disso mesmo. Em Março, no Dia da Mulher, Espanha foi palco das maiores manifestações do mundo. E um homem, que também foram muitos a marchar, então líder do PSOE, na oposição, disse: “Vai haver um antes e um depois”. Agora que é primeiro-ministro, Pedro Sánchez parece decidido a fazer de todos nós São Tomé. O anúncio de Lastra chegou menos de uma semana depois de Sánchez tomar posse, dois dias depois de ter um Executivo em funções. Incrédulos (em lágrimas, como algumas jornalistas admitiram ter ficado), fomos percebendo quem era cada mulher que ele escolhia para o seu Governo, que pastas ocupavam; seria paritário, prometera, afinal são onze em 17, até à tomada de posse. Quarta-feira, 6 de Junho, dia em que a maioria jurou “manter o segredo das deliberações do Conselho de Ministras e Ministros”Ninguém ficou indiferente ao 8-M, que os espanhóis chamam tudo assim, dia e primeira letra do mês. Não era possível, as espanholas não deixaram. Cidades pintadas de lilás, mulheres mais velhas a chorar de emoção por verem tantas estudantes que nunca tinham feito um cartaz nem saído à rua para o empunhar a seu lado. “Foi transbordante, impressionante e emocionante. Tanto que é preciso deixar passar algum tempo para poder medir com precisão o que implicou este 8 de Março. A indignação lilás que encheu ruas de cidades grandes, médias e pequenas e aglutinou mulheres mais velhas, de meia-idade e jovens com um objectivo comum: dizer basta a todas as agressões que, na forma de desigualdade salarial, tecto de vidro ou violência machista – entre outras – nós, as mulheres, sofremos”, escreveu na altura a politóloga Cristina Monge. “Quem ignorar o grito das mulheres vai equivocar-se”, afirmou Sánchez. “A quarta vaga feminista nasce indignada: o pessoal é político”, era o título do texto de Março assinado por Monge no diário online infoLibre. Com formação em Sociologia e um percurso de investigação ligado aos movimentos sociais, Monge nota como “demasiadas coisas deste 8-M lembram o 15-M”, movimento social anti-austeridade nascido em 2011, conhecido como Indignados que levou ao nascimento do partido Podemos e o fim do bipartidarismo espanhol. “Antecedentes que vêm de outras partes do planeta [em 2011 eram as revoltas árabes] e geram uma rede global – as greves que se celebram há três anos na Argentina, a convocatória em mais de 40 países, o fenómeno #MeToo. . . –, um movimento feminista constante e militante que manteve a chama todos estes anos […], o uso protagonista das redes sociais, a pluralidade de manifestos e símbolos, que significa que cada uma faz sua a reivindicação como quer, a ausência de lideranças pessoias e hierarquias, o apoio e a simpatia de 80% dos cidadãos e, sobretudo, a vocação inclusiva e de maiorias”, enumera Monge. O então líder da oposição assistiu, ouviu e não ignorou. Há um passado, o de José Rodriguez Zapatero, chefe de Governo socialista entre 2004 e 2011, o primeiro em Espanha a converter o feminismo em política de Estado. É nesse passado que se inscrevem as acções actuais de Sánchez. Mas os tempos são outros e ele soube interpretá-los, ousando formar um Governo que envergonha os nórdicos, o Executivo com mais mulheres em toda a Europa, muito provavelmente, no mundo. Não é só uma questão de números. É o peso de entregar toda a política económica a mulheres, fazendo o mesmo com a Defesa (Zapatero escolheu pela primeira vez uma mulher para a pasta, tornando-se icónica a imagem da entretanto falecida ministra Carme Chácon, grávida de sete meses, a passar revista às tropas) ou a Indústria. É a decisão de ter apenas uma vice-presidente (Carmen Calvo) e de esta ser a ministra da Igualdade, como garante que todas as políticas de todos os ministérios terão de agir de acordo com este desígnio, para além da entrega do papel de porta-voz do Executivo a outra ministra, a da Educação e Formação Profissional, Isabel Celáa. Há as curiosidades e as inevitáveis piadas. A Real Academia Espanhola não aceita o termo “Conselho de Ministras” porque o feminino nunca faz plural, o que não impediu Carmen Calvo de usar a expressão “Conselho de Ministras e Ministros” na tomada de posse, repetida depois por oito das 14 ministras e ministros que se lhe seguiram no juramento constitucional perante o rei. “Que altos são”, ouviu-se no momento da fotografia oficial, com algumas ministras meio tapadas por Felipe VI e Pedro Sánchez. “Tenho de mandar elevar o estrado”, disse o rei. Há a linguagem verbal e simbólica que a realidade acabará por encaixar. Houve os tweets replicados por muitos em que os cinco ministros nomeados eram alvo de considerações com recurso aos preconceitos tantas vezes repetidos quando em causa estavam mulheres em cargos de poder. “Contei até cinco ministros. Espero que estejam ali pelo que valem, não para cumprir a quota masculina”, começou por escrever o utilizador com a conta Cronopia#YoSiTeCreo – um slogan tornado hashtag a propósito da sentença de violação do caso conhecido como La Manada, na qual os juízes condenaram os cinco acusados por abuso sexual continuado numa decisão denunciada pela ONU por “subestimar a gravidade da violação”, uma sentença conhecida em Abril, depois de dados da vítima, uma rapariga de 16 anos, terem sido divulgados e de esta ter sido alvo de ataques de carácter. “Se a ideia era alegrar-nos a vista, poderiam ter ido buscá-los mais jovens”, escreveu também Cronopia#YoSiTeCreo. E mais: “A vantagem é que pelo menos já têm os filhos criados, não lhes teremos de perguntar como é que vão conciliar o cargo com a vida familiar”. Ou ainda, a propósito da escolha de Pedro Duque para ministro da Ciência: “Outro dado importante sobre o simpático astronauta é que é marido de Consuelo Femenía, diplomata de ampla experiência que certamente saberá guiar os primeiros passos de Pedro na vida política”. Isto enquanto se escreviam perfis de ministras marcados por expressões habitualmente usadas para descrever homens. Como “negociadora implacável” para falar de Nadia Calviño, a nova ministra da Economia e Empresas, que regressa a Madrid depois de uma fulgurante carreira de 12 anos em Bruxelas, onde chegou a directora-geral para a elaboração dos Orçamentos Europeus, um novo cargo e uma tarefa de gigante que lhe tinha sido pedida pelo presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker. “São líderes nas suas áreas”, disse Sánchez a propósito da sua equipa e sim, estava essencialmente a falar das mulheres, Calvino mas não só. Há a especialista em pensões Magdalena Valerio, no Ministério do Trabalho, Migrações e Segurança Social; a Ministra da Justiça, Dolores Delgado, procuradora especialista em ETA que depois dos atentados de 2004 se especializou em jihadismo e que os colectivos de magistrados descrevem como “competente e qualificada”; Celáa, a ministra da Educação, com três décadas de experiência a desenvolver políticas educativas; ou a ministra das Finanças, María Jesús Montero, peso-pesado do PSOE (e logo andaluza, bastião da principal rival de Sánchez, Susana Díaz, que tinha em Montero uma das traves mestras do governo regional), a quem os rivais reconhecem “grande capacidade de trabalho, negociação e pedagogia política”. A quarta vaga feminista, de que se começou a falar recentemente, surge da análise das anteriores feita pela filósofa feminista Amelia Valcárcel: a primeira, entre 1673 e 1792, reivindicou o acesso à educação; a segunda é a do movimento sufragista e vai de 1848 a 1948; e a terceira, que se iniciou há 50 anos (a do “mal-estar que não tinha nome) e se prolongou até hoje, partindo da ideia de que se perpetuavam e agravam as descriminações de género nas democracias onde o direito ao voto e à educação estavam reconhecidos e generalizados, uma vaga que obteve vitórias como as quotas, resume Monge. A quarta, “a indignada”, a tal que estaremos a ver nascer, parte, segundo Monge, “do terror dos números da violência machista – cada mais visível nos meios de comunicação –, da constatação das desigualdades sociais e da continuação do tecto de vidro”. E acrescenta a politóloga: “Como se isto fosse pouco, estes insultos e esta violência machista permanentes exercem-se num cenário cada mais desigual na economia, mais precário no trabalho e mais decepcionante nas expectativas de futuro, o que faz com que as mulheres soframos estes problemas duplamente, como cidadãs de um mundo cada vez mais desigual, instável e precário, e ainda, como mulheres”. Ana Pardo de Vera, chefe de redacção do jornal online Público. es foi uma das que admitiram ter derramado lágrimas, num texto intitulado Feministras onde assume o “politicamente incorrecto de uma jornalista felicitar com entusiasmo um presidente do Governo” e nota como “é difícil deixar escapar lágrimas” na sua profissão, repleta de tragédias diárias que é preciso contar, ainda por cima “com décadas de experiência”, como é o seu caso. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. “Hoje, 6 de Junho de 2018, foi um dia excepcionalmente importante para todas nós […]. As feministas lutam pela igualdade de todas e este executivo é uma vitória das feministas, da pressão social dos últimos anos e da revolução lilás do 8-M”, escreveu Vera. “Está tudo ainda por ver, mas a primeira porta, o portão da História abriu-se hoje. Sánchez captou a mensagem de mudança”. As lágrimas, essas, caíram-lhe com tudo o que lhe veio à memória depois de “constatar que o Governo seria maioritariamente feminino e feminista”. “Os 39 feminicídios e assassínios em 2018 e os 99 de 2017, mais as centenas que conhecemos e desconhecemos”, “a vítima de La Manada e a lei e os legisladores injustos, a adolescente violada cujo sofrimento se projecta no de todas as mulheres que sofremos violência social, que havemos de ser a totalidade, em maior ou menos grau”, “as que falam e as que calam; as que denunciam e são insultadas, vexadas ou estigmatizadas”. Para a jornalista, “este é o Governo da vitória do sofrimento e do fim do silêncio” como “o histórico Conselho de Ministras é das assassinadas às mãos de homens”, escreve. “A revolução era isto. E chegámos. E continuamos”.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU
Aprovada cedência do Hospital Termal ao Montepio Rainha D. Leonor
O hospital está encerrado desde 2013 devido à presença da bactéria legionella. Foi concessionado à câmara por 50 anos. (...)

Aprovada cedência do Hospital Termal ao Montepio Rainha D. Leonor
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 14 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-06-21 | Jornal Público
SUMÁRIO: O hospital está encerrado desde 2013 devido à presença da bactéria legionella. Foi concessionado à câmara por 50 anos.
TEXTO: A Assembleia Municipal das Caldas da Rainha aprovou a concessão da utilização do Hospital Termal ao Montepio Rainha D. Leonor, mas a autarquia suportará os encargos de exploração e representará as termas junto dos organismos oficiais. O protocolo de colaboração com o Montepio Rainha D. Leonor atribui a esta instituição a exploração do Hospital termal, Balneário Novo e dos respectivos tratamentos termais previstos para iniciar ainda este ano. O acordo aprovado pela maioria PSD na Assembleia Municipal (AM) realizada na terça-feira à noite estabelece que a Câmara das Caldas da Rainha [à qual o Estado concessionou o Hospital e restante património termal] assegurará as verbas "para o desenvolvimento dos referidos tratamentos", pode ler-se no documento a que a agência Lusa teve acesso. A despesa estimada será de 116. 860, 28 euros para este ano, subindo para 290 mil euros em 2019, 350 mil euros em 2020, 350 mil euros em 2021 e 525 mil euros nos anos seguintes. Ao Montepio caberá "garantir uma utilização prudente" do Hospital Termal, encerrado desde 2013 devido à presença da bactéria legionella, reactivando a prestação de cuidados de saúde na área da hidrologia médica para fins de "prevenção, terapêutica, medicina física, reabilitação, fisioterapia, manutenção da saúde e termalismo", refere o protocolo. O protocolo foi aprovado depois de ter obtido o parecer favorável da Comissão de Termalismo da AM, com o voto favorável do PSD e os votos contra do CDS-PP, do Bloco de Esquerda e da CDU e a abstenção do Partido Socialista. Os partidos da oposição contestam o facto de a autarquia suportar todos os custos de funcionamento do Hospital e questionaram o "papel do Montepio" na gestão daquele património. Em Janeiro deste ano, o Governo concessionou à Câmara a exploração da Água Termal por um prazo de 50 anos, o que permitirá, no âmbito do protocolo com o Montepio, retomar os tratamentos termais que o Estado já admitiu que voltarão a ser comparticipados pelo Serviço Nacional de Saúde. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Fernando Tinta Ferreira, presidente da autarquia, afirmou na altura à Lusa que este ano irão ser retomados os "tratamentos com inalação", anunciando para 2019 a conclusão de uma ala para tratamentos com duche e banheira e, para 2020, a abertura de uma segunda ala com banheiras e uma piscina. O Hospital Termal Rainha D. Leonor foi o primeiro hospital termal do mundo e esteve na origem da cidade das Caldas da Rainha. O Montepio Rainha D. Leonor é uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) com 157 anos dedicados à prestação de cuidados de saúde.
REFERÊNCIAS:
Partidos PSD
O que é que a APAV tem a ver com a Avon? As marcas de beleza e as causas sociais
Marcas associam-se a causas e doam verbas de milhares de euros para ajudar mulheres com cancro ou vítimas de violência doméstica. (...)

O que é que a APAV tem a ver com a Avon? As marcas de beleza e as causas sociais
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 14 | Sentimento 0.033
DATA: 2019-06-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: Marcas associam-se a causas e doam verbas de milhares de euros para ajudar mulheres com cancro ou vítimas de violência doméstica.
TEXTO: O que é que a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) faz numa uma acção de formação de revendedoras da marca de cosmética Avon? “Venho alertar para a questão da violência doméstica e consciencializar para depois saberem o que e como fazer quando estão perante uma vítima”, responde Ana Castro Sousa, gestora do Gabinete de Apoio à Vítima do Porto, alertando que em dez anos, já morreram 400 mulheres vítimas de violência doméstica. E as que vivem em casas de abrigo já foram apoiadas pela marca de cosméticos em mais de 81 mil euros desde 2009. A Avon não é a única. Há outras marcas de beleza que colaboram com associações ou organizações como é o caso da Jean Louis David que também já colaborou com a APAV e que agora apoia o Fundo iMM-Laço ou a Mary Kay que se solidariza com a Ajuda de Berço. No Hotel Ipanema Porto, a formação continua: “Se suspeitarem que alguém é vítima, devem conversar com essa pessoa num lugar seguro e nunca julgá-la”. Nem pensar em “confrontar” o agressor, pois pode pôr-se em causa a segurança da mulher, esta pode estar a viver uma situação de violência física, psicológica ou verbal, continua Ana Castro Sousa. “Também pode estar a sofrer violência de forma relacional que consiste no agressor mexer-lhe no telemóvel, proibi-la de conviver com outros, exigir palavra-passe das redes sociais e de e-mails”, adverte, perante uma sala cheia de revendedoras da marca. “Também podem ser vítimas de violência económica que é o controlo das contas bancárias”, acrescenta, sublinhando que este crime é transversal a todas as classes sociais. A APAV presta apoio psicológico, jurídico, social e emocional a estas mulheres. “Não vos vou contar situações, apenas queria que percebessem que a violência doméstica existe e estamos aqui para ajudar pessoas que foram vítimas deste crime que é público”, continua a responsável da APAV. Já Susana Pereira, da Avon, tinha avisado as revendedoras: “O tema é sério e é daqueles que me fazem sentir orgulho porque conseguimos mais um marco histórico nesta luta contra a violência doméstica ao angariarmos 12 mil euros a nível nacional. ”Entre 2009 e 2019 foram doados 81 mil euros, uma verba que resulta da venda de produtos, como colares, cujas receitas revertem na totalidade para a APAV. E surge no âmbito da campanha global da Avon contra a violência doméstica. A marca também apoia a luta contra o cancro da mama. No caso da APAV, o donativo vai contribuir para a manutenção e obras de melhoria de duas casas de abrigo, onde mulheres e filhos estão protegidas do agressor e começam a delinear o seu futuro projecto de vida. A APAV tem ainda uma terceira casa, mas destina-se a mulheres vítimas de tráfico humano. Às formandas, Ana Castro Sousa aconselha que, no caso de estarem diante de uma vítima, é importante ajudá-la, lembrando que “há mulheres que não gostam de si, que têm medo e vergonha, o que podem ser razões para se manterem em relações abusivas”. O que se pode fazer em caso de a mulher ser vítima? Pedir apoio a familiares e amigos, a organizações, às autoridades e aos serviços do Ministério Público. Por fim, a responsável da APAV deixou um pedido em forma de alerta: “Ignorar faz a violência aumentar. ”Desde 2015 que a cadeia de cabeleireiros Jean Louis David já doou mais de 86 mil euros ao Fundo iMM-Laço. Recentemente, angariou mais de 13 mil euros no âmbito da campanha Hair Fashion Weeks, que decorreu durante o mês de Março. Na prática, por cada pack e vouchers promocionais de cor e de corte, a marca doa dois euros ao Fundo iMM-Laço para apoiar projectos de investigação. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Pelo nono ano consecutivo que a Mary Kay Portugal vai doar um euro por cada batom em gel Semi Mate Midnight Red vendido à Ajuda de Berço – uma instituição particular de solidariedade social que, desde 1998, existe para apoiar bebés e crianças desprotegidas. A campanha solidária Pink Changing Lives decorre até 31 de Dezembro. A L'Oréal, por exemplo, realiza esta quinta-feira, em Miraflores, o primeiro workshop de maquilhagem e cabelos para pessoas cegas. A iniciativa decorre no âmbito do movimento Beleza para Todos que começou, em Março passado, em parceria com o Instituto Nacional para a Reabilitação, I. P. , a Associação de Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO), a Federação Portuguesa das Associações de Surdos (FPAS) e a Associação Portuguesa de Deficientes (APD). Pretende-se, então, que as pessoas com deficiência visual e auditiva beneficiem do mesmo acesso à informação sobre beleza que a população em geral. Os conteúdos do site da marca passam a estar adaptados a pessoas com deficiência visual e auditiva. Há etiquetas em braille para identificação de produtos de higiene e beleza, que serão distribuídas através do INR e da ACAPO. Este projecto, 100% português é pioneiro dentro da L’Oréal, divulga a marca em comunicado. Também a Garnier Ambre Solaire juntamente com a Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) e com o apoio da Direcção-Geral da Educação lançou a 6. ª edição do projecto Heróis do Sol Saudável, um projecto a pensar nos alunos do 1. º ciclo, com o objectivo de os alertar para os perigos da exposição solar. Só no ano passado, estima-se que terão sido diagnosticados 12 mil novos casos em Portugal, dos quais mil são melanomas, adianta em comunicado a marca. A iniciativa já envolveu mais de 70 mil alunos de escolas públicas e privadas desde que arrancou em 2014.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave crime violência educação mulher ajuda social medo mulheres doméstica vergonha agressor
O testemunho de três mulheres em três fases diferentes da vida
Beatriz Reis conta que sair à noite "é um pesadelo": "Já sabes que vais passar a noite a dizer não". Na "rush hour of live", Maria Sá concilia o trabalho como gestora comercial com os cuidados aos três filhos. Maria de Fátima Monteiro, enfermeira e sindicalista, nunca viu os homens a saírem à pressa das reuniões para irem fazer o jantar ou dar banho aos filhos. (...)

O testemunho de três mulheres em três fases diferentes da vida
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 14 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-05-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: Beatriz Reis conta que sair à noite "é um pesadelo": "Já sabes que vais passar a noite a dizer não". Na "rush hour of live", Maria Sá concilia o trabalho como gestora comercial com os cuidados aos três filhos. Maria de Fátima Monteiro, enfermeira e sindicalista, nunca viu os homens a saírem à pressa das reuniões para irem fazer o jantar ou dar banho aos filhos.
TEXTO: Em criança, Beatriz Reis recorda que lhe davam bonecas às quais nem ligava. Com cinco anos, a mãe inscreveu-a no ballet “por ser menina”. Uns anos mais tarde, ao irmão, foi-lhe dado a escolher entre o ténis e o futebol. Há “diferença de tratamento” garante Beatriz. Aos 18 anos, a jovem saiu de Beja, onde nasceu e cresceu, para estudar Comunicação em Lisboa. Agora, com 23 anos e com um mestrado quase completo integra uma geração de mulheres mais escolarizada do que a média da União Europeia e do que os homens da mesma idade. Mas que, mesmo assim, tem condições de trabalho mais precárias e sofre mais com desemprego e salários baixos. “Eu passei a minha infância e adolescência a ouvir falar do potencial das raparigas” na escola, diz Beatriz. Mas depois “ganham menos do que os rapazes, são menos respeitadas e têm menos condições de trabalho”. “Há aqui uma discrepância que não se percebe”, desabafa. Apesar de escolarizadas, e de escolherem cada vez mais cursos que são mais tradicionalmente associados ao sexo masculino, a taxa de mulheres em áreas que se identificam mais com o feminino ainda é superior à média europeia. Beatriz escolheu Comunicação, mas acredita que não foi influenciada pela “questão de género”. Ainda assim, reconhece que há raparigas que podem desistir de determinadas áreas por serem mais associadas com a presença masculina. Só por esta altura, Beatriz começa a planear a entrada no mercado de trabalho e diz que “os rapazes transparecem mais confiança” em entrevistas, por exemplo. No futuro, a jovem não se imagina a abdicar da carreira para ficar em casa a cuidar dos filhos. “Até é saudável para as crianças ver a mãe a trabalhar e a fazer o que gosta”, defende. O assédio é uma das preocupações de Beatriz. Sair à noite, por exemplo, “é um pesadelo nesse aspecto”. “Já sabes que vais passar a noite a dizer não”, lamenta. A situação só muda de figura se estiver um rapaz por perto, nota Beatriz. “É uma questão de propriedade. ” R. M. C. Com 39 anos, Maria Sá está em plena rush hour (do inglês hora de ponta) da sua vida. Trabalha como gestora comercial em Lisboa, tem três filhos e o marido passa longas temporadas fora, pelo que todas as tarefas familiares acabam por ficar a seu cargo. Mesmo que assim não fosse, “há certas exigências que estão estipuladas socialmente e nem sequer questionamos por que é que sou eu, mulher, mãe, que vou às reuniões de pais, dou a cara na escola, vou lá buscá-los e quando estão doentes sou eu que fico em casa com eles”, diz Maria. “Existe um preconceito relativamente ao papel da mãe nesse aspecto”, conclui. Quando o marido está presente então faz questão de equilibrar a balança das tarefas domésticas e familiares e tirar algum tempo para si. Maria licenciou-se em reabilitação e reinserção social pelo que faz parte do grupo de mulheres portuguesas na sua faixa etária — entre os 25 e os 49 anos — que tem um curso superior (35%). Também se integra no grupo das mulheres com formação superior que têm três ou mais filhos (são menos de 5% em Portugal). No trabalho, “nunca senti que não me fosse dado um desafio por ser mulher”, nota Maria. “Eu própria digo à minha chefia que neste momento não posso assumir cargos de maior responsabilidade porque tenho de dividir as minhas tarefas entre a casa e os meus filhos e o trabalho”. E reconhece que, como tem três filhos, a disponibilidade será menor do que os colegas “que não têm filhos ou não têm uma vida familiar que lhes exige tanto tempo”. Para conciliar o trabalho com a vida familiar, Maria Sá sublinha a importância das creches. “Não me posso dar ao luxo de ficar em casa com o bebé porque não consigo sobreviver monetariamente”, nota. “É sempre uma grande dificuldade” encontrar uma creche. Outro problema é o número de dias de férias das crianças. “A minha filha mais velha tem 14 semanas de férias por ano. ” As avós ainda são uma opção na ajuda a cuidar das crianças, mas “hoje em dia até as avós trabalham”. R. M. C. Quando Maria de Fátima Monteiro nasceu, em 1958, as mulheres portuguesas eram educadas para a conjugalidade e para serem mães. E às que insistiam em sair do reduto doméstico, como as enfermeiras, estava vedado o casamento. “Foi assim até 1963. Encarava-se a profissão como uma espécie de missão e a história da enfermagem também nos mostra que essa função estava, no início, muito ligada às freiras”, recua esta enfermeira, com 60 anos de vida, os últimos dez dos quais a trabalhar como dirigente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP). Tantas décadas volvidas, a enfermagem continua a ser uma profissão predominantemente feminina, herdeira ainda, portanto, do acometimento às mulheres da função do “cuidar” – fosse de doentes fosse da casa ou dos filhos. E as enfermeiras continuam – à semelhança da imensa maioria de mulheres – sobrecarregadas com a necessidade de terem de articular horários laborais inconstantes e por turnos com os cuidados à casa e à família. “Quantas vezes, no final de uma reunião, vejo as mulheres cheias de pressa porque têm de ir a correr para casa fazer o jantar, dar banho aos filhos ou preparar-lhes a lancheira e a roupa para o dia seguinte. E não vejo isso nos meus colegas homens”, observa Fátima, encontrando aqui a principal explicação para a tão reduzida participação feminina nos “espaços de intervenção cívica”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Quando escolheu ser enfermeira, não se sentiu condicionada por ser mulher. Antes sim. “Jogava vólei – era atleta federada – e, quando tinha que ir jogar para fora, a postura do meu pai e da minha mãe era completamente diferente da que tinham para com o meu irmão”. Do mesmo modo, os irmãos rapazes não eram como ela e as irmãs chamados a pôr a mesa, ter de ir à cave buscar batatas ou a terem de limpar os batentes das portas. Isso pesou tanto que, ainda hoje, acontece Fátima estar na cozinha e virar-se para o marido com tiradas do género: “Sai daqui que o lugar na cozinha é das mulheres. ”Quando olha à volta, numa altura em que os homens começam a chegar à profissão, vê-os passar automaticamente à frente no momento da contratação, sobretudo no sector privado. “A enfermeira pode ser jovem mas há-de querer constituir família, pode ter uma gravidez de risco…”. E, entre os mais velhos, vê as enfermeiras pressionadas para se reformarem mais cedo para cuidar dos netos. “Abdicam do seu bem-estar, até monetário, para darem apoio aos netos. E são, mais uma vez, as mulheres que fazem isso: não os homens”. N. F.
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