Enfrentar os medos para respirar melhor a seguir
Há urgência emocional, tensão e emancipação em 1755, álbum de Vaiapraia e as Rainhas do Baile onde o punk, o garage e a pop se encontram. E onde se fala abertamente de temáticas queer. Mais um disco português para não perder de vista. (...)

Enfrentar os medos para respirar melhor a seguir
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 5 Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento 0.25
DATA: 2017-06-02 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20170602175917/https://www.publico.pt/1753815
SUMÁRIO: Há urgência emocional, tensão e emancipação em 1755, álbum de Vaiapraia e as Rainhas do Baile onde o punk, o garage e a pop se encontram. E onde se fala abertamente de temáticas queer. Mais um disco português para não perder de vista.
TEXTO: Ouvimos o medo a ser transformado em raiva, e a raiva a ser transformada em empoderamento, emancipação. Ouvimos 1755, primeiro álbum de Vaiapraia e as Rainhas do Baile. As letras vêm sem subterfúgios, a música, turbulenta, sem rendilhados – o sentimento punk ainda está vivo por aqui, alicerçado num coração pop. Há urgência emocional, franqueza, tensão, sangue a ferver, num disco de temáticas explicitamente queer – ocorrência rara no panorama da música portuguesa, e em português – em que se abordam também questões ligadas à saúde mental. “Este disco é sobre mim e sobre como é ser queer, mas além das questões de identidade fala sobre saúde mental. Estou diagnosticado com síndrome de bipolaridade tipo 1”, introduz Rodrigo Araújo, 22 anos, mais conhecido como Vaiapraia, neste disco coadjuvado pelas Rainhas do Baile, Shelley Barradas (Frankie Wolf) e Helena Fagundes (entretanto substituída por Lucía Vives, baterista das Ninaz). “Para mim é importante dizer isto porque cresci sem ter nenhuma referência”, sublinha o também representante da promotora Maternidade. “Esta categorização patológica vale o que vale. É um handicap nesta sociedade, mas se eu compactuar com isso e me silenciar, vai continuar a ser um tabu. É importante falar e formar uma rede de apoio. ”Autoria: Vaiapraia e as Rainhas do Baile Spring Toast Records Ouvir o discoNeste disco, Rodrigo reclama o direito à fragilidade. A utilizá-la como um “instrumento de poder”, para ele e para outros, numa estrutura social normativa e estigmatizante que valoriza e procura produzir pessoas de ferro, empreendedores inquebráveis – e o resto que vá para debaixo da almofada. O que nos atira para o título do álbum, 1755, data do terramoto de Lisboa. “O disco é sobre os meus medos, e o medo de terramotos é um deles. E também é sobre Lisboa, sobre viver aqui, agora. ”Agir e reagir são palavras-chave para Rodrigo. Quando ainda vivia em Setúbal, tentava contornar “o jugo da periferia” marcando alguns concertos de bandas lisboetas, estando atento “ao que se andava a passar”, da FlorCaveira ao desabrochar da Cafetra (“Para mim as Pega Monstro representam a esperança do-it-yourself e do-it-together”), indo a Lisboa para ver concertos e exposições. Em 2013 mudou-se para a capital, para estudar História da Arte. Com a Maternidade, promotora criada em 2014 e partilhada com amigos, como os músicos Filipe Sambado e Luís Severo, foi tornando-se num nome dinamizador do circuito de música independente, de uma comunidade vital de jovens músicos e promotores sub-30. Este ano lançou o festival feminista e queer Rama em Flor, numa parceria com a ZDB, onde apresentará o novo disco a 7 de Janeiro, subindo a 21 ao Maus Hábitos, no Porto. Tal como 1755, a Maternidade é também uma tentativa de aproximar o circuito queer, o activismo feminista e o milieu do rock. Mas Rodrigo não quer só pregar aos convertidos. “Não quero que me ponham só a tocar em sítios em que as pessoas estejam mais radicalizadas nem que isto seja só para pessoas queer”, assinala. “É preciso haver contacto. ”Antes de 1755 vimos Rodrigo Vaiapraia a dar concertos em nome próprio, em espaços como o Lounge e as Damas. A fazer canções que não nos passaram ao lado, como Licas, Morre Se Queres Morrer ou Panelei Punx. As letras afiadas, entre o confessional e o confronto, a provocação e o humor, não atiravam o sexo e a homossexualidade para um canto escuro, nem os embrulhavam numa subtileza pudica – não é todos os dias que se ouve em português, num país de brandos costumes e moralidade judaico-cristã, versos como “Se eu não me vim, não me leves a mal/ Nem o Tom Cruise é sempre sensacional /Não-bicha, não-macho, olha no que eu virei/ Sou o teu favorito, sou o teu panelei” (Panelei Punx). Um discurso sem rodeios, influenciado em boa parte pelas letras full frontal de Liz Phair. “Como músico, há um antes e um depois de ouvir o Exile in Guyville”, conta Rodrigo. Em 1755, as palavras (e a voz) crescem ainda mais, arranham ainda mais, fazem pensar ainda mais. A parte instrumental ajuda: se antes, a solo, havia um peso gótico, muito emo-pop rudimentar de quarto, agora as letras são projectadas pelas guitarras esgatanhadas e o ranger garage punk e riot grrrl das Rainhas do Baile. Mas sem floreados. “Eu e a Helena somos muito directas, tornámos as letras mais poderosas com pouco”, diz a guitarrista e baixista Shelley Barradas, que com Helena forma também a dupla Clementine. As histórias vêm primeiro. “A Kathleen Hanna [de Bikini Kill] disse que a Poly Styrene [X-Ray Spex] a ensinou a cantar sobre ideias. Relaciono-me com isso. No meu trabalho as canções são subsidiárias às minhas ideias”, refere Vaiapraia, que também toca teclados. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Isso sente-se em canções como Piropo, de tom ameaçador, fúria que borbulha contra a normalização do assédio e abuso sexual das mulheres, ou Yuppie Casado, balada lo-fi dorida a arder em fogo lento, um alerta para evitar que “a vergonha que os outros têm de nós seja a vergonha que temos de nós próprios”. Coelhinho (“não é Fátima, nem Meca/ mas vi Deus nas tuas cuecas”), Kate Winslet e Perfeito são acidez punk de embate frontal e ginga pop contagiosa, voz que ora se insinua, ora se torce, ora detona (Germs e Hole andam por aqui). Hey Rocky é uma festa de garagem com Seth Bogart (Hunx His Punx), Ronnie Spector e Vivian Girls, e Cosmotusa, “sobre a cidade universitária, o sítio não oficial de cruising de Lisboa”, joga às escondidas com o ska, com final libertador e anfetaminado, qual toque final do recreio. Há não-conformidade de género, contra identidades fixas e essencialistas, contra a masculinidade tóxica (“levo as jóias, levo o meu bikini”), e referências à cultura pop: o início delicioso de Rapaz #1 é uma menção ao filme Música no Coração; Augustín, onde se alude ao “pavor do HIV” (“bora olhar na cara do Vírus/ bora fazer uma zine sobre isso”), joga com Ele e Ela de Madalena Iglésias, sacudindo a heteronormatividade; Sinos “é inspirada” na canção Chapel of Love, das Dixie Cups. 1755 é um disco biográfico onde a biografia é extensível. 1755 é um disco que Rodrigo, e muitos outros, gostavam de ter ouvido na adolescência. “Quando tinha 13 anos e me chamavam paneleiro na escola eu não tinha música que pudesse ouvir e com a qual me pudesse relacionar em português, por isso também é importante estar a expor-me”, diz. “A porem-me uma categoria não ponham queer punk, ponham panelei punk. Pego em paneleiro, uma palavra suja, que me estremece, aplicada à minha realidade, e uso panelei, a minha subversão da palavra. ” Subverter para representar, representar para empoderar – e respirar um bocado melhor. Venham mais discos assim.
REFERÊNCIAS:
Sundance 2019 vai de Harvey Weinstein a Dilma Rousseff
Festival de cinema independente fundado por Robert Redford apresentou o seu alinhamento de longas-metragens. Quarenta por cento dos filmes são realizados por uma ou mais mulheres. (...)

Sundance 2019 vai de Harvey Weinstein a Dilma Rousseff
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 5 Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-11-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: Festival de cinema independente fundado por Robert Redford apresentou o seu alinhamento de longas-metragens. Quarenta por cento dos filmes são realizados por uma ou mais mulheres.
TEXTO: “Estratificado, intenso e autêntico”; “fortemente político”. O alinhamento do Festival de Sundance de 2019 é assim descrito pelo seu director e pela revista Hollywood Reporter, respectivamente. As contas pesam muito na apresentação dos 112 filmes para já conhecidos para mostrar diversidade, mas os temas pesam também para falar da América, e do mundo, através de filmes sobre escândalos ou jovens fenómenos políticos como Alexandria Ocasio-Cortez, serial killers, apresentadores de talk shows, Harvey Weinstein, Dilma Rousseff ou o mundo da arte. Native Son, que adapta e re-imagina o livro homónimo de 1940 de Richard Wright, é realizado por Rashid Johnson e é um dos títulos que se destaca numa competição americana que também inclui Honey Boy, de Alma Har’el, protagonizado por Shia LaBeouf, sobre a relação de uma criança que trabalha como actor e o seu pai, Brittany Runs a Marathon, de Paul Downs Colaizzo, sobre uma adolescente e a sua conquista de Nova Iorque, Estreiam-se Extremely Wicked, Shockingly Evil and Vile, sobre o assassino em série Ted Bundy contado pelo realizador Joe Berlinger e através dos olhos da namorada de Bundy, e que tem o ídolo adolescente Zac Effron como protagonista, ou o aguardado The Report, com Annette Bening e Adam Driver, sobre a investigação do Senado durante a era Bush e as detenções de suspeitos de terrorismo. Them That Follow, com Olivia Colman numa igreja dos Apalaches a ser dirigida por Britt Poulton e Dan Madison Savage, é outro destaque da competição americana. Na competição de documentários made in USA um filme que terá a atenção da imprensa será seguramente Untouchable, de Ursula Macfarlane, sobre a ascensão e queda do distribuidor e produtor Harvey Weinstein, sinónimo da eclosão do movimento #MeToo, acompanhado de perto por The Great Hack, de Karim Amer e Jehane Noujaim, sobre o uso dos dados como arma no mundo pós-Cambridge Analytica/Facebook. Entre os documentários há ainda filmes como Ask Dr. Ruth, sobre a sexóloga de 90 anos que é um rosto da cultura pop americana, realizado por Ryan White, ou Where’s My Roy Cohn?, sobre o advogado que influenciou Donald Trump. Este último integra a competição de documentário americano que também inclui Knock Down the House, de Rachel Lears, que acompanha três candidatas sem uma carreira política estabelecida ao Congresso dos EUA e que conta com a candidata rapidamente mediática Alexandria Ocasio-Cortez. Na competição documental internacional há ainda um filme, da autoria da brasileira Petra Costa (uma das realizadoras de Olmo e a Gaivota) mais ainda sem título, sobre o impeachment de Dilma Rousseff no Brasil. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A organização evidenciou bastante os seus números ao apresentar na quarta-feira o alinhamento de longas (as séries de TV independentes, as curtas e cinema experimental serão divulgadas nos próximos dias, segundo o New York Times) e a imprensa colheu essas contas: Sundance 2019 escolheu 112 longas-metragens a partir de 14. 259 candidaturas, um aumento de 6% em relação ao alinhamento de 2018, e continua a destacar-se como palco para o cinema independente ou de médio orçamento que lança anualmente um punhado de obras para o mainstream e para a temporada de prémios. Ajudando alguns filmes e jovens realizadores a encontrar os seus públicos, 40% das longas que exibirá (45 filmes) foram realizadas por uma ou mais mulheres, 36% por não brancos e 13% por realizadores que se identificam como parte da comunidade LGBTQIA. Há cinema de 33 países e a revista Variety não perde a oportunidade para lembrar que os dois grandes festivais europeus, Cannes e Veneza, não se saem tão bem na aritmética da diversidade – Veneza teve uma única realizadora para competir pelo Leão de Ouro (Jennifer Kent) e Cannes seleccionou três mulheres cineastas (Nadine Labaki, Alice Rohrwacher e Eva Husson). Na edição de Sundance, nove realizadoras concorrem pelo prémio máximo de Park City. “Procuramos sempre a paridade”, disse à Variety Kim Yutani, directora de programação do festival, mas “procuramos pelos filmes antes de sabermos quem os fez”, pelo que o resultado “foi completamente orgânico”. Para o director do festival, tal explica-se porque os festivais focados no cinema de autor tendem a reproduzir as disparidades sociais há muito entranhadas, e “em Sundance, o nosso foco é a descoberta. Veneza raramente [tem] primeiras obras e só isso dá percentagens diferentes”, diz John Cooper à revista.
REFERÊNCIAS:
Inspecção da Saúde investiga clínica suspeita de ter feito inseminação artificial em mulher solteira
Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida esclarece que a unidade localizada na capital fez apenas tratamentos auxiliares e que a inseminação foi feita em Espanha, logo, não há ilícito. Mais de 100 mulheres vão todos os anos ao estrangeiro para engravidar. (...)

Inspecção da Saúde investiga clínica suspeita de ter feito inseminação artificial em mulher solteira
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 5 Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento -0.33
DATA: 2015-07-22 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20150722182005/http://www.publico.pt/1623424
SUMÁRIO: Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida esclarece que a unidade localizada na capital fez apenas tratamentos auxiliares e que a inseminação foi feita em Espanha, logo, não há ilícito. Mais de 100 mulheres vão todos os anos ao estrangeiro para engravidar.
TEXTO: O processo repete-se nas conservatórias de registo civil. Sempre que uma mulher solteira vai registar o filho e diz que não sabe quem é o pai, por ter engravidado recorrendo a um dador anónimo, o facto é comunicado ao Ministério Público que abre o chamado processo de averiguação oficiosa da paternidade. Só que desta vez o tribunal de família e menores remeteu também o caso para a Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS) para investigar o envolvimento de uma clínica em Lisboa no processo de inseminação artificial de uma mulher sem parceiro, prática que é proibida em Portugal. O Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida respondeu em parecer do mês passado que não houve ilícito uma vez só alguns actos médicos foram realizados em Portugal. A lei portuguesa apenas permite o recurso a técnicas de procriação medicamente assistida a casais heterossexuais, casados ou em união de facto há pelo menos dois anos, desde que sofram de problemas de fertilidade. Não permite o uso destas técnicas quando não há razões de saúde. Mas esse não é o caso de, por exemplo, Espanha, Reino Unido, Bélgica, Dinamarca. A maioria das mulheres sem parceiro rumam ao país vizinho para fugir à proibição portuguesa. Foi o que fez a mulher deste caso, embora tenha sido seguida clinicamente durante todo o processo em Portugal. Quando foi registar o filho à conservatória, a ausência do nome do pai foi comunicada ao Ministério Público que abriu o processo de averiguação oficiosa da paternidade. Em Portugal, é proibido haver filhos de pais ou mães desconhecidas mas, nos casos de gravidezes que tiveram a origem em dadores anónimos, o destino do processo costuma ser o arquivamento. Só que desta vez o Tribunal de Família e Menores onde correu o processo decidiu também remeter uma certidão do caso à IGAS para que investigasse o envolvimento da clínica, localizada em Lisboa, no processo de inseminação artificial, no sentido de saber se a sua conduta podia ser considerada ilícita. A IGAs pediu então um parecer ao Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida (CNPMA) que deliberou que, neste caso, não foi praticado qualquer ilícito em território português. “Não obstante os actos médicos praticados terem objectivamente servido de apoio à concretização de tratamentos de Procriação Medicamente Assistida (PMA) que tiveram lugar fora de Portugal, os mesmos, quando configurados isoladamente e independentemente de ser ou não conhecida pelos agentes a finalidade do apoio médico prestado”, “não entram no conceito de “técnicas de PMA”, lê-se no parecer de Janeiro. Acrescenta-se ainda que, mesmo que os centros permitam o recurso a técnicas de PMA a mulheres solteiras, tal “não constitui a prática de um crime mas tão só uma contraordenação. ”Na esmagadora maioria destes casos tudo decorre “de forma tranquila. É aberto o processo de averiguação oficiosa da paternidade mas, quando são mostrados papéis da clínica estrangeira onde fizeram a inseminação com recurso a dador anónimo, o processo costuma ser arquivado", conta Isabel Advirta, vice-presidente da ILGA (Intervenção Lésbica, Gay, Bissexual e Transgénero) e coordenadora das Famílias Arco-Iris. Em muito poucos casos, quando não há documentos do centro estrangeiro, o Ministério Público chega a chamar a mãe para pedir a identificação do dador, refere, mas o processo costuma ficar por ai. É a primeira vez que ouve falar de uma clínica investigada por esta razão. O ritmo de mulheres portuguesas lésbicas que vão ao estrangeiro engravidar “está a crescer”, nota Isabel Advirta. Estima que nos últimos três a quatro anos mais de 100 mulheres lésbicas tenham ido todos os anos engravidar com recurso a técnicas de procriação medicamente assistida. São lésbicas que vivem em casal com outras mulheres ou que o fazem sozinhas. O destino mais procurado, por cerca de 80% do total, é Espanha mas algumas vão também a países como o Reino Unido, a Dinamarca ou a Bélgica, isto porque nestes países a partir dos 18 anos a criança tem direito a saber quem foi o seu dador e a contactá-lo, se assim o entender, em Espanha isso é definitivamente proibido. “Cada família estuda antes de tomar a sua decisão”. Em Portugal, a dádiva de terceiros (quer de esperma ou de ovócitos) é sempre anónima, só se houver suspeita de poderem ser irmãos, podem colocar essa pergunta ao Conselho Nacional da Procriação Medicamente Assistida que responderá apenas sim ou não à pergunta, a outra situação é para pedir dados genéticos do dador, por exemplo, sobre doenças ou predisposições genéticas. Caso a pessoa queira mesmo saber o nome do seu dador terá que avançar com um processo para tribunal, explica o presidente do CNPMA, Eurico Reis. Nenhuma destas situações terá ainda acontecido.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave crime lei filho tribunal mulher criança mulheres gay bissexual lésbica
PJ recolheu várias pistas sobre “Estripador de Lisboa” em 1993
A PJ recolheu em 1993, ao investigar a morte de uma das três prostitutas vítimas do “Estripador de Lisboa”, um filtro de cigarro (saliva), cabelos e pelos púbicos, mas oficialmente ainda não confirmou se dispõe do ADN do autor dos homicídios. (...)

PJ recolheu várias pistas sobre “Estripador de Lisboa” em 1993
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 5 Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-12-03 | Jornal Público
SUMÁRIO: A PJ recolheu em 1993, ao investigar a morte de uma das três prostitutas vítimas do “Estripador de Lisboa”, um filtro de cigarro (saliva), cabelos e pelos púbicos, mas oficialmente ainda não confirmou se dispõe do ADN do autor dos homicídios.
TEXTO: A PJ recolheu em 1993, ao investigar a morte de uma das três prostitutas vítimas do “Estripador de Lisboa”, um filtro de cigarro (saliva), cabelos e pelos púbicos, mas oficialmente ainda não confirmou se dispõe do ADN do autor dos homicídios. O caso voltou a ganhar actualidade depois de na edição desta sexta-feira o semanário “Sol” garantir que descobriu, em Matosinhos, José Guedes, desempregado, que reclama ser o “Estripador de Lisboa”, além de reclamar outros crimes na Alemanha e em Aveiro. Os autos do inquérito já arquivado (os crimes prescreveram), a que a Agência Lusa teve acesso, referem que no caso do homicídio de Maria João, prostituta de 27 anos, toxicodependente, esventrada no pátio traseiro de um armazém na Póvoa de Santo Adrião, Odivelas, foram recolhidos um envelope contendo pelos púbicos, outro contendo cabelos, um saco de plástico contendo um filtro de cigarro, entre outros vestígios. Durante as investigações à morte de três prostitutas entre Julho de 1992 e Março de 1993, os investigadores da PJ recolheram ainda uma impressão palmar que ficou numa parede que ficou ensanguentada, mas também aqui permanece a dúvida se tal pista permitiria a eliminação ou a confirmação de um suspeito por comparação. Apesar de ter sido encontrado um “filtro de cigarro na cavidade abdominal” de uma das vítimas, bem como “cabelos na ferida abdominal”, fontes ligadas à PJ não quiseram adiantar se esta polícia científica dispõe do ADN do “Estripador de Lisboa”. Embora este tipo de exames seja feito em Inglaterra desde 1986, a PJ só começou a dispor desta tecnologia na segunda metade dos anos 90, tendo na altura o Laboratório de Polícia Científica da PJ recebido a visita do então ministro da Justiça, Vera Jardim. Como os crimes do “Estripador de Lisboa” estão prescritos, fontes policiais contactadas pela Lusa excluem a possibilidade de reabertura de qualquer investigação com efeitos “sancionatórios”, mas admitem que quando a “poeira” se dissipar o caso poderá vir a ser esclarecido. Durante a investigação até ao caso prescrever, a PJ inquiriu várias testemunhas, ouviu diversos peritos e indagou outras prostitutas e chegou a ter, com base nisso e em denúncias, suspeitos de quadrantes diversos. Um dos suspeitos chegou a ser um estudante de Medicina (hoje médico), que trabalhou no Instituto Nacional de Medicina Legal (INML), que se apoderava de órgãos que extraía dos cadáveres e cujo “comportamento era fora do comum”. O dito estudante ausentou-se para a Austrália e a PJ chegou a realizar intercepções telefónicas das suas conversas com a mãe, mas das escutas nada resultou de substancial. Através do relato de outras prostitutas sobre clientes com comportamentos bizarros - porque usavam máscaras, capachinho, outro disfarce ou eram violentos - surgiram outros suspeitos, tendo a PJ chegado a elaborar “retratos-robot” de suspeitos. Um deles teria entre 30 e 40 anos, 1, 75 metros de altura e cabelo preto, enquanto outro teria até 35 anos, 1, 70 a 1, 75 metros de altura, magro, de bigode e olhos escuros. Um perito em psiquiatria forense chegou a admitir, como consta dos autos, que o “Estripador de Lisboa” poderia muito bem ser um “homossexual não assumido com problemas de impotência” que reagiria com “violência” a um “comentário mais jocoso da prostituta”. As autoridades judiciárias também receberam uma carta de um português emigrado na Alemanha, de seu nome Aquilino Domingues João, a assegurar que sabia quem “era o estripador que andava a matar as raparigas da estrada”. Os investigadores trocaram ainda correspondência com a Interpol e receberam a ficha de criminosos belgas e de outras nacionalidades que eventualmente pudessem ter passado por Portugal. Foi também traçado um perfil do “Estripador de Lisboa” e dos vários tipos de “serial killer” - “visionário”, “poder/controlo” e “hedonista”.
REFERÊNCIAS:
Entidades PJ
Quatro em cada cinco jovens esquecem-se de tomar a pilula
Apenas uma em cada cinco jovens que utiliza a pílula “nunca” se esquece de a tomar, revela um estudo nacional, que alerta para a elevada percentagem de mulheres em risco de gravidezes não desejadas. (...)

Quatro em cada cinco jovens esquecem-se de tomar a pilula
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 5 Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento 0.1
DATA: 2012-02-13 | Jornal Público
SUMÁRIO: Apenas uma em cada cinco jovens que utiliza a pílula “nunca” se esquece de a tomar, revela um estudo nacional, que alerta para a elevada percentagem de mulheres em risco de gravidezes não desejadas.
TEXTO: O “Inquérito Sobre Saúde Sexual e Reprodutiva dos Jovens Universitários” foi levado a cabo em 15 universidades, durante o mês de Janeiro. A Associação para o Planeamento da Família (APF) divulgou nesta segunda-feira os resultados dos 2741 inquéritos que indicam que dois em cada três jovens (64%) usam apenas um método contraceptivo: o preservativo aparece em primeiro lugar (49%), seguido da pílula (38%). No entanto, “apesar da pílula ser um dos métodos contraceptivos mais referenciado, cerca de 76% das utilizadoras reconhecem esquecer a sua toma, expondo-se a uma gravidez não desejada”, refere o estudo que entrevistou jovens com uma media de idades que rondava os 21 anos. “Apenas 1/5 das estudantes, actualmente a tomar a pílula, declara nunca se esquecer de a tomar, existindo desta forma uma elevada percentagem de utilizadoras em risco de gravidez indesejada/não planeada”, lê-se no estudo divulgado na véspera do Dia Europeu da Saúde Sexual. Seis por cento das universitárias dizem que se esquecem pelo menos uma vez por mês de tomar a pílula, sendo que 4, 8% admitiu mesmo esquecer-se “muitas vezes”, refere o estudo que nestas questões em concreto teve por base 939 respostas. No total, apenas 5% diz não usar qualquer método contraceptivo, apesar de 18% dos inquiridos não responder qual a forma de contracepção que usa. São muito poucos (2%) os que desconhecem que nos centros de saúde são disponibilizados gratuitamente métodos contraceptivos. Os investigadores perceberam ainda que a predisposição da população universitária para a utilização de métodos alternativos de contracepção está directamente dependente do conhecimento que têm sobre os mesmos. Na véspera do Dia dos Namorados, o estudo revela que a maior parte dos estudantes só refere três a cinco métodos contraceptivos, sendo que os estudantes do Norte conhecem menos alternativas na contracepção em relação ao Sul. Os métodos mais referidos continuam a ser o preservativo masculino, pílula e os dispositivos ou sistemas intra-uterinos. No entanto, o conhecimento de alternativas aos métodos convencionais (preservativo e pílula) é amplamente mais reduzido: o anel vaginal, em conjunto com outras opções, é referenciado somente por 30% dos estudantes. Somente 0, 5% referiu utilizar o anel vaginal, sendo que quase metade (48%) dos jovens desconhecia que este era um método contraceptivo hormonal que se introduz na vagina com um período de actuação de três semanas. O desconhecimento dos jovens sobre a saúde sexual e reprodutiva verifica-se quando quase metade dos jovens (46%) afirma desconhecer que o 1. º dia de um ciclo corresponde ao 1. º dia da menstruação e 49% acredita que a infecção sexualmente transmissível Clamídia é uma simples infecção urinária. “Apesar de uma percentagem baixa, não deixa de ser preocupante que 4, 3% dos estudantes considerarem como ‘verdadeiro’” o pressuposto de que “só homossexuais, prostitutas e toxicodependentes podem ser infectados pelo HIV/SIDA”, refere ainda o estudo a que a Lusa teve acesso. Lembrando que o grupo de pessoas inquiridas se trata de jovens universitários com “acesso privilegiado à informação”, os investigadores consideram que “existe ainda um longo caminho a percorrer no esclarecimento e na informação desta população”.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave estudo sexual vagina
Conchita Wurst recebida em festa no aeroporto de Viena
No seu regresso à Áustria, após a vitória no Festival Eurovisão da Canção, a cantora “barbuda” foi felicitada pelo presidente Heinz Fischer e saudada por uma multidão de fãs, alguns com barbas pintadas na cara. (...)

Conchita Wurst recebida em festa no aeroporto de Viena
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 5 Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-05-12 | Jornal Público
SUMÁRIO: No seu regresso à Áustria, após a vitória no Festival Eurovisão da Canção, a cantora “barbuda” foi felicitada pelo presidente Heinz Fischer e saudada por uma multidão de fãs, alguns com barbas pintadas na cara.
TEXTO: Conchita Wurst, o travesti austríaco que venceu o Festival Eurovisão da Canção, cuja final se disputou no sábado em Copenhaga, na Dinamarca, regressou neste domingo ao seu país e foi recebido no aeroporto de Viena por mais de um milhar de fãs, alguns deles com barbas falsas pintadas na cara, que gritavam palavras de apoio, fotografavam a "diva" e lançavam ao ar mãos-cheias de purpurinas. Alguns traziam bandeiras da Áustria, outros bandeiras com o arco-íris da comunidade homossexual. A cantora posou para as câmaras de televisão, mostrando o troféu que trouxera da capital dinamarquesa. O Presidente austríaco, o socialista Heinz Fischer, afirmou, numa declaração escrita, que o triunfo de Conchita Wurst “não é apenas uma vitória para a Áustria, é-o antes de mais para a diversidade e a tolerância na Europa”. A generalidade dos partidos políticos austríacos seguiu o exemplo presidencial e também já saudou o triunfo da intérprete, e mesmo a extrema-direita do FPÖ [Partido da Liberdade Austríaco], que classificara como “ridícula” a representação do país na Eurovisão, teve agora de reconhecer que “é da ordem das coisas que as pessoas se regozijem quando há uma vitória”. Nascida em 1988 com o nome Thomas Neuwirth, Conchita Wurst venceu a competição com uma balada clássica, no estilo das músicas dos filmes de James Bond dos anos 1960, Rise Like a Phoenix, que uma estação de rádio de Viena, a Radio 88, 6, difundiu ininterruptamente durante quatro horas. Thomas Neuwirth, que se refere a si próprio no feminino quando assume a personagem de Conchita Wurst (wurst é a palavra alemã para salsicha ou, mais genericamente, para enchido; mas em austríaco a expressão significa "não quero saber"), apresentou-se em palco com um visual de diva – vestido comprido, cabelos longos e maquilhagem pesada –, ao qual somou uma barba e bigode falsos. A Áustria não vencia o Festival Eurovisão da Canção desde 1966, quando Udo Jürgens conquistou o primeiro lugar no Luxemburgo, com a canção Merci Cherie. Apesar do título francês, o tema era cantado em alemão. Tinha mesmo de o ser, já que nesse ano entrou em vigor a regra que obrigava os concorrentes a cantar na língua oficial do seu país. A alteração, que foi imposta pelos protestos de alguns países contra o facto de a Suécia ter apresentado, em 1965, uma canção interpretada em inglês, fará sorrir os que assistiram a esta última edição do festival, no qual constituíram excepção os temas que não foram cantados em inglês.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave comunidade homossexual cantora
De Maria Mateus a Pepa Sandoval
Mulheres que amaram mulheres em Portugal ao longo dos séculos. "Filhas de Safo" é um trabalho do historiador Paulo Drumond Braga que sistematiza a memoria do lesbianismo em Portugal até ao início do século XX.As mulheres que amaram mulheres em Portugal, ao longo dos séculos. Filhas de Safo é um trabalho do historiador Paulo Drumond Braga que sistematiza a memória do lesbianismo no país até ao início do século XX. Uma viagem pelos arquivos e pela literatura portuguesa. (...)

De Maria Mateus a Pepa Sandoval
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 5 Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-02-21 | Jornal Público
SUMÁRIO: Mulheres que amaram mulheres em Portugal ao longo dos séculos. "Filhas de Safo" é um trabalho do historiador Paulo Drumond Braga que sistematiza a memoria do lesbianismo em Portugal até ao início do século XX.As mulheres que amaram mulheres em Portugal, ao longo dos séculos. Filhas de Safo é um trabalho do historiador Paulo Drumond Braga que sistematiza a memória do lesbianismo no país até ao início do século XX. Uma viagem pelos arquivos e pela literatura portuguesa.
TEXTO: A abordagem é historiográfica e resulta de anos de investigações. Filhas de Safo Uma História da Homossexualidade Feminina em Portugal, de Paulo Drumond Braga, é isso mesmo: um ensaio sobre a história de relações sexuais e afectivas entre mulheres, em Portugal, desde a Idade Média até ao início do século XX. Editado pela Texto Editores, este livro sistematiza com rigor histórico as referências, que permaneceram até hoje, sobre mulheres que amaram e desejaram mulheres ao longo da História de Portugal. E cuja memória ficou na literatura ou nos arquivos, da Inquisição e das autoridades civis, quer sejam policiais ou médicas. O cuidado académico que Drumond Braga põe neste ensaio não o densifica nem o torna chato. Pelo contrário, o livro lê-se com facilidade e está apresentado de forma atraente, embora sem facilitismos. Simplificações apenas uma e logo de início explicada pelo autor. Decidiu fugir a polémicas "pura e simplesmente estéreis, como o de saber se se incorre ou não em anacronismo ao utilizar termos como homossexualidade ou lesbianismo, uma vez que este só surgiu no século XVI e aquele em Oitocentos". E não esconde que o faz para chegar mais directamente ao leitor comum, ou seja, "por comodidade de linguagem" (p. 12). Punir a homossexualidadeEscrito ao longo do último ano, o livro beneficia de um largo espólio de documentos com os quais Drumond Braga se foi deparando ao longo de outras investigações que fez até hoje. Os primeiros documentos encontrou-os a propósito da sua tese de doutoramento sobre a Inquisição nos Açores, explicou ao P2. É esse importante acervo que este investigador divulga. A começar pelos mais antigos registos sobre relatos de lesbianismo em Portugal, nas medievais cantigas de "escarnho e maldizer". Nesse contexto, lembra Afonso Eanes de Cotom, que escreveu sobre Maria Mateus: "Mari" Mateu, Mari" Mateu, // tan desejosa ch" és de cono com" eu!" (p. 23). Ou já no século XV no Cancioneiro Geral de Garcia de Resende, em que um poema fala sobre uma dama de honor acusada de beijar D. Guiomar de Castro, filha do primeiro conde de Monsanto (p. 27). Mas o livro de Drumond Braga não é um inventário de mulheres que tiveram relações com mulheres, é sim uma obra historicamente contextualizada que lembra passos fulcrais na história da sexualidade europeia. Assim, o autor frisa que "nos finais do Império Romano, sob o impacto do cristianismo triunfante, tudo mudou em matéria sexual. A finalidade única da actividade sexual passou a ser a perpetuação da espécie. Para além disso, terminou a dicotomia activo-passivo, introduzindo-se uma outra, masculino-feminino" (p. 19). E prossegue: "Em 342 foram proibidos os casamentos entre pessoas do mesmo sexo e em 533 a pena de morte foi pela primeira vez prescrita no Ocidente, pelo imperador cristão Justiniano, para contactos homossexuais masculinos. No século VII, penas de grande severidade foram igualmente impostas na Península Ibérica visigótica. " (pp. 19/20)Sublinhando que "alguma tolerância existiu, contudo, até ao derradeiro quartel do século XII" (p. 31), o autor explica que "o III Concílio de Latrão (1179) determinou que todo aquele que pecasse contra a natureza seria excumungado" (p. 31). É no século XIII que surge a legislação real punitiva da homossexualidade, como a do rei de Castela, Afonso X, que também abrangia mulheres. Em Portugal, as penas para homens entram nos códices com Afonso IV, em 1355. E em 1499 com Manuel I, são aplicadas também às mulheres. No século XVI o poder real português divide estas condenações com a Inquisição.
REFERÊNCIAS:
Religiões Cristianismo
Igreja dos EUA atribui culpa de abusos por padres à revolução sexual
Um estudo oficial encomendado pela Conferência Episcopal dos Estados Unidos, que acaba de ser publicado, atribui os casos de abuso sexual e de pedofilia dentro da Igreja às mudanças sociais que dizem ter confundido o clero. (...)

Igreja dos EUA atribui culpa de abusos por padres à revolução sexual
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 5 Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento 0.5
DATA: 2011-05-19 | Jornal Público
SUMÁRIO: Um estudo oficial encomendado pela Conferência Episcopal dos Estados Unidos, que acaba de ser publicado, atribui os casos de abuso sexual e de pedofilia dentro da Igreja às mudanças sociais que dizem ter confundido o clero.
TEXTO: De acordo com o estudo, citado pelo diário espanhol El Mundo, o problema não está nem na homossexualidade nem na pedofilia ou em outras coisas singulares. A culpa é mesmo da revolução sexual dos anos 60 e 70 e do efeito que esta teve nos padres que estavam pouco preparados para a situação – o que se traduziu em abusos e violações de crianças em paróquias e colégios católicos norte-americanos. O documento agora terminado foi encomendado em 2006 e custou mais de 1, 2 milhões de euros, suportados na sua maioria pela Conferência Episcopal, por organizações católicas e numa proporção menor pelo Governo. “O aumento dos casos de abuso entre os anos 60 e 70 foram influenciados por factores da sociedade em geral”, diz o estudo, elaborado pelo Colégio de Justiça Criminal John Jay da Universidade da Cidade de Nova Iorque. “Outros factores que se mantiveram invariáveis ao longo do período de tempo analisado, como o celibato, não são responsáveis pelo aumento ou redução dos casos de abuso nesse espaço de tempo”, acrescenta o documento, que salienta que “o estado de confusão facilitou os abusos”, assim como a reacção da hierarquia eclesiástica que não os soube resolver. O estudo contraria, assim, algumas das desculpas que foram sendo utilizadas pelo clero, que dizia que a Igreja tinha sido infiltrada por homossexuais e pedófilos. “A conclusão mais significativa desta informação é que não há uma mudança psicológica, de desenvolvimento ou comportamento, que diferencie os padres que abusaram de menores dos que não o fizeram. ”Vítimas indignadasConclusões que deixaram indignadas algumas associações que representam as vítimas de abusos que ocorreram no seio da Igreja. “Se há alguém a quem culpar é às dioceses e aos bispos que sabendo dos casos desses depravados os mandavam para outros colégios onde podiam continuar a cometer abusos. Nunca durante esses anos os entregaram à polícia ou aos tribunais. Esse estudo de Colégio de John Jay foi feito com informação autorizada pelos bispos. Não deram aos investigadores autoridade legal para entrevistar os abusadores e por isso chegaram a este tipo de conclusões ridículas. É um relatório pago pelos bispos, com informação dos bispos e que chega às conclusões que querem os bispos”, afirmou ao El Mundo Barbara Blaine, fundadora da Rede de Sobreviventes de Abusos por parte do Clero. De acordo com um estudo feito pela mesma instituição em 2004, entre 1950 e 2002 foram registadas nos Estados Unidos quase 11 mil denúncias de abusos sexuais contra o clero, sendo consideradas credíveis quase 7000. Só entre 2004 e 2008 a Igreja gastou quase 1500 milhões de euros em acordos extrajudiciais de indemnização às vítimas, serviços psiquiátricos para as vítimas e em litigação. Novas orientações do VaticanoA publicação do documento coincide com uma posição avançada esta semana pelo Vaticano, que ordenou aos bispos que levem à Justiça os membros do clero suspeitos de pedofilia e os impeçam de exercer funções que possam representar perigo para os menores. “O abuso sexual de menores não é apenas um delito no plano canónico. É também um crime que deve ser processado no plano civil”, referiu, numa carta circular, o prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, cardeal William Levada. O cardeal sublinhou a necessidade de “procedimentos claros e coordenados” contra “o abuso sexual de menores” e pediu aos bispos para os completarem. “A obrigação de dar uma resposta adequada aos casos de eventuais abusos sexuais cometidos sobre menores por clérigos na sua diocese está entre as importantes responsabilidades de um bispo diocesano”, sublinhou o cardeal, que deste modo confere aos bispos um papel central na luta contra a pedofilia.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave crime estudo sexual abuso
BE satisfeito com “passo importante para igualdade”
A deputada do Bloco de Esquerda Helena Pinto congratulou-se hoje com a promulgação pelo Presidente da República do diploma que permite o casamento entre pessoas do mesmo sexo, considerando-o “um passo muito importante para a igualdade de direitos”. (...)

BE satisfeito com “passo importante para igualdade”
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 5 Homossexuais Pontuação: 3 | Sentimento 0.45
DATA: 2010-05-18 | Jornal Público
SUMÁRIO: A deputada do Bloco de Esquerda Helena Pinto congratulou-se hoje com a promulgação pelo Presidente da República do diploma que permite o casamento entre pessoas do mesmo sexo, considerando-o “um passo muito importante para a igualdade de direitos”.
TEXTO: “O Bloco de Esquerda quer, em primeiro lugar, expressar a sua satisfação por esta lei ser promulgada e por finalmente darmos o acesso ao casamento civil a todas as pessoas do nosso país”, afirmou Helena Pinto aos jornalistas, na Assembleia da República. Para a deputada bloquista, foi dado “um passo muito importante para a igualdade de direitos”, colocando Portugal “no conjunto dos países avançados do Mundo que dá todos os direitos a toda a gente”. Helena Pinto referiu que, o Presidente da República, “na sua declaração, evidenciou que sabia que esta lei seria reconfirmada pelo Parlamento”. Questionada sobre uma eventual alteração da lei, num outro quadro político, a deputada afastou essa hipótese, considerando que “há certos passos que se dão no sentido dos avanços civilizacionais e, sobretudo aqueles passos que têm a ver com os direitos das pessoas, que por muito que se fale contra num determinado momento, já não se volta atrás”. “Não acredito que se volte atrás, acredito, aliás, que se aprofundem os direitos das pessoas”, sublinhou.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos lei igualdade casamento
As revoluções dos homens de meia-idade
Atingiram o auge das capacidades. Estão mais concentrados na vida familiar e profissional. Saem menos à noite e fazem poucas noitadas. Têm cuidado com o que comem, preocupam-se com a saúde, não querem engordar. A sexualidade é para ir praticando, não para consumir e deitar fora. Pensam muito no futuro dos filhos e no estado do país. Instalaram-se na vida mesmo que sejam inconformados. Vivem bem com a emancipação das mulheres, mas isso, para eles, ainda é um tema. Já sabem que a vida é finita, foram rasteirados algumas vezes, ganharam serenidade e têm medo da velhice. O mundo está em crise, mas eles não cedem. (...)

As revoluções dos homens de meia-idade
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 5 Homossexuais Pontuação: 3 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-08-11 | Jornal Público
SUMÁRIO: Atingiram o auge das capacidades. Estão mais concentrados na vida familiar e profissional. Saem menos à noite e fazem poucas noitadas. Têm cuidado com o que comem, preocupam-se com a saúde, não querem engordar. A sexualidade é para ir praticando, não para consumir e deitar fora. Pensam muito no futuro dos filhos e no estado do país. Instalaram-se na vida mesmo que sejam inconformados. Vivem bem com a emancipação das mulheres, mas isso, para eles, ainda é um tema. Já sabem que a vida é finita, foram rasteirados algumas vezes, ganharam serenidade e têm medo da velhice. O mundo está em crise, mas eles não cedem.
TEXTO: Nascidos no fim dos anos 50, inícios dos 60, os portugueses que têm hoje entre 47 e 53 anos são a geração da transição - para a democracia, para a revolução dos costumes, para a Europa, para a globalização. Numa época em que, segundo dizem, a juventude e a beleza são valores sociais e mediáticos absolutos, não se sentem a mais. Ou sequer ultrapassados. O siso é uma arma. A infância deles foi uma revolução, porque em revolução esteve o mundo nessa época. Os Beatles começaram a tocar em 1960 e publicaram o primeiro disco, Please Please Me, em 1963. Os Rolling Stones apareceram em 1962 e Amália Rodrigues editou a sua obra-prima, Busto. Fidel Castro tinha tomado o poder em Janeiro de 1959. Kennedy foi eleito em 1961 e assassinado dois anos depois. Eusébio assinou pelo Benfica em 1960. Marilyn Monroe morreu em 1962. Portugal tinha presos políticos e censura. O direito de voto das mulheres era condicionado. Álvaro Cunhal fugiu do Forte de Peniche em 1960 e António Calvário gravou o primeiro êxito, Regresso. A União Indiana ocupou Goa, Damão e Diu em 1961 e a guerra em África começou. A década de 60 marca, segundo a História de Portugal (1994) de José Hermano Saraiva, o "progressivo desenvolvimento da oposição ao regime". "A convergência de apoios que se verificava na década de 40 - o Exército, a finança, a Igreja, a maioria da opinião - está definitivamente desfeita na década de 60". O 25 de Abril, data central para os homens que agora chegam à meia-idade, estava a década e meia de distância. Jorge de Sena publicou o primeiro romance em 1960, Andanças do Demónio. Nobilíssima Visão, de Mário Cesariny, saiu em 1959. Ben-Hur, de William Wyler, estreou-se em 1959. La Dolce Vita, de Federico Felllini, em 1960. Alain Delon era um símbolo sexual. Brigitte Bardot também. Os Verdes Anos, de Paulo Rocha, saiu em 1963 e Edith Piaf morreu. O Muro de Berlim começou a ser construído em 1961. A meio da década apareceram os movimentos estudantis de contestação nos EUA. Anunciava-se o Maio de 68. Francisco Anacleto Louçã nascera em 1956. José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa, em 1957. Pedro Manuel Mamede Passos Coelho nascerá em 1964. Paulo Sacadura Cabral Portas, em 1962. Jerónimo de Sousa é de outra geração: 1947. Em 1960, Portugal tinha 8, 8 milhões habitantes. Em 2001, havia cerca de 10 milhões de pessoas. Em 1960, mais de 17 por cento das famílias eram compostas por cinco ou mais pessoas. Em 2001, isso acontecia em 9, 5 por cento das famílias - dados de A População Portuguesa no Século XX (2003), de Maria João Valente Rosa e Cláudia Vieira. Chegados ao século XXI, "alguns dos traços essenciais do Portugal de 1960, incluindo factores históricos de longa duração, desapareceram: não só elementos tradicionais, mas também aspectos estruturais da população e da sociedade, assim como características dos comportamentos e mentalidades", resume o sociólogo António Barreto no artigo científico Mudança Social em Portugal: 1960-2000, publicado em Outubro de 2002 no site do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Em 1960, morreram em Portugal 8. 796 pessoas com tumores. Em 2008, foram 23. 944. Em 1960, 108 pessoas em cada mil frequentavam bibliotecas. Em 2006, mais de 827. Em 1960, foram condenadas a pena de prisão 22. 398 pessoas; em 2006, 69. 817 - regista a Pordata, base de dados estatísticos da Fundação Francisco Manuel dos Santos. Quase 40 por cento das pessoas em 1960 eram analfabetas; agora, são cerca de 8 por cento.
REFERÊNCIAS: