Querido, vamos falar sobre brinquedos sexuais
Para as mulheres, a estimulação clitoridiana é mais eficaz do que a penetração para atingir o orgasmo. Há tecnologia que ajuda e que pode entrar no quarto. (...)

Querido, vamos falar sobre brinquedos sexuais
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 5 Homossexuais Pontuação: 11 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: Para as mulheres, a estimulação clitoridiana é mais eficaz do que a penetração para atingir o orgasmo. Há tecnologia que ajuda e que pode entrar no quarto.
TEXTO: Os estudos são do século passado e continuam a ser citados, pelo menos para vender brinquedos sexuais: as mulheres atingem o orgasmo mais facilmente com a estimulação externa do que propriamente com a penetração. Mas, como dizê-lo ao companheiro? E como revelar-lhe que a relação poderá melhorar se se recorrer a um brinquedo sexual? Há duas coisas importantes, dizem os especialistas: conhecer o seu próprio corpo e falar abertamente sobre o assunto. “Cada vez mais os homens estão atentos a uma estimulação que se não resume à penetração”, declara o psiquiatra e sexólogo Júlio Machado Vaz. No entanto, reconhece a sexóloga Vânia Beliz, não é fácil falar sobre o assunto: “Os homens sentem-se postos em causa. ” A educadora sexual Carmo Gê Pereira lamenta que as mulheres continuem preocupadas com o “ego masculino”. “Temos uma pessoa frustrada [com a sua vida sexual], mas a sua preocupação não é consigo, mas com o machucar da masculinidade do outro”, critica. Carmo Gê Pereira lembra que dentro da relação — seja ela em casal, heterossexual ou não, prolongada ou de uma noite — “quanto menos ego se puser, melhor”. É preciso dialogar, debater, discutir, se for o caso. “Temos de falar do nosso prazer”, sublinha. Mas para falar há que conhecer o próprio corpo e isso, por si só, pode ser um entrave para as mulheres, ensinadas desde cedo a que não se mexe nos genitais, aponta Beliz. “Eu tenho de conhecer o meu corpo, saber do que gosto para conseguir transmitir ao meu parceiro”, explica. E falar é reconhecer que a estimulação externa pode dar mais prazer que a penetração. “A estimulação clitoriana é mais eficaz, por ser o clítoris a zona eroticamente mais rica das mulheres e não a vagina”, explica Machado Vaz. Apesar disso, cerca de 30% das mulheres atinge o orgasmo sem estimulação clitoriana, salvaguarda Gê Pereira, citando de cor o Relatório Hite, um estudo sobre a sexualidade feminina, datado de 1978. “Explica-se ao namorado que os preliminares valem por si e não constituem meros degraus para um coito visto como ‘a jóia da coroa’ do acto erótico”, resume Machado Vaz. Assumamos que as mulheres conhecem o seu corpo. O problema seguinte é: como comunicar? “É importante que as pessoas falem sobre a própria relação, sem medo de magoar o outro ou com medo daquilo que o outro vai pensar porque o prazer sexual faz parte [da relação]. Há um encontro entre pessoas que têm objectivos partilhados e convém que se discuta o prazer sexual”, responde Gê Pereira, acrescentando que o seu “maior trabalho” é ensinar as pessoas a falar e reconhecendo que tal “exige bravura”. Contudo, Vânia Beliz alerta que nem sempre a conversa corre pelo melhor: “Há homens que não se sentem bem quando as mulheres se estimulam, quando usam um brinquedo sexual ou o querem usar na relação. ”Para Elsa Viegas, criadora da marca de acessórios Bijoux Indiscrets, sediada em Barcelona — que recentemente esteve em Lisboa para apresentar a gama Horoscope, 12 kits para os signos do zodíaco com um vibrador externo —, as mulheres não podem “deixar nas mãos de ninguém” o seu bem-estar, embora reconheça que o “prazer é um tema difícil”, sobretudo quando passa por falar de masturbação feminina. “Nos primeiros encontros, dizemos do que gostamos, contamos histórias da nossa infância, experiências passadas. . . e a parte sexual?”, pergunta Carmo Gê Pereira. “Tem de haver bom senso na forma como se comunica, a mulher não chega e diz como é o seu manual de instruções, mas deve falar porque é melhor para a relação do que estar insatisfeita e mentir”, responde Vânia Beliz, sugerindo que “o brinquedo sexual deve ser conversado. É um mito pensar que o vibrador só serve para as mulheres, os homens também gostam, mas receiam que se possa pensar que são homossexuais e, às vezes, têm vergonha de dizer às parceiras”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O psiquiatra Machado Vaz reconhece que ninguém conhece tão bem o seu corpo como a mulher, logo, o uso de um vibrador tem “eficácia fisiológica”. “Fisiológica. . . Ou seja: se os factores relacionais não interviessem, talvez todos nós preferíssemos a masturbação ao acto erótico a dois”, estima. O especialista recusa a ideia de que o sexo com brinquedos se reduza a um acto performativo, sem espontaneidade: “Se os membros do casal o vêem [ao brinquedo] como mais uma fonte de prazer na relação, não há razão para que ela se torne num exercício de mera estimulação fisiológica. Basta ver a maior frequência com que casais visitam feiras eróticas para nos apercebermos da mudança de mentalidades. ”Um brinquedo sexual não deve ser usado como “substituto de mau sexo” ou em lugar de um parceiro, considera Beliz. “Uma pessoa que desiste de uma relação por isso [um vibrador], é porque a relação não tinha conteúdo. As motivações para o sexo não são só o libertar da tensão ou o prazer, é também a comunicação”, argumenta Carmo Gê Pereira. “Se podemos ter tudo, porque temos de escolher? Não há um imperativo”, continua, informando que o mercado dos brinquedos sexuais tem vindo a crescer e existem objectos para casais que podem ser usados à distância, por exemplo, ele usa um masturbador e ela um vibrador e cada um, a partir de uma app, pode estimular o outro. “São facilitadores de prazer”, define. “Se usamos aplicações e gadgets na nossa vida, porque não usamos a tecnologia? Esta é facilitadora de experiências. Como dizia Arthur C. Clarke [escritor de ficção científica]: ‘Qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistinguível da magia’. ”
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homens mulher sexo medo estudo sexual mulheres corpo sexualidade feminina vergonha vagina
Espelho meu, espelho meu, diz-me que este corpo não é o meu
Girl coloca o espectador no quarto de Lara, uma rapariga trans que quer ser bailarina clássica. Propõe a comunicação com a angústia da intimidade - como num filme de terror. Uma primeira obra de um cineasta belga que já chegou aos Globos e está em campanha para os Óscares. Entrevista com Lukas Dhont, 27 anos, antes de aterrar em Los Angeles. (...)

Espelho meu, espelho meu, diz-me que este corpo não é o meu
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 5 Homossexuais Pontuação: 11 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Girl coloca o espectador no quarto de Lara, uma rapariga trans que quer ser bailarina clássica. Propõe a comunicação com a angústia da intimidade - como num filme de terror. Uma primeira obra de um cineasta belga que já chegou aos Globos e está em campanha para os Óscares. Entrevista com Lukas Dhont, 27 anos, antes de aterrar em Los Angeles.
TEXTO: Por esta altura, o belga Lukas Dhont, 27 anos, já aterrou em Los Angeles. É uma daquelas narrativas que pode calhar na sorte aos “pequenos” filmes. Tudo começou na secção Un Certain Regard de Cannes, em Maio: o seu Girl - O Sonho de Lara, primeira longa, a partir da história verídica de um rapariga trans que aspirava a ser bailarina, foi um pequeno acontecimento, e acabaria por receber a Câmara de Ouro, prémio atribuído às primeiras obras — questão de trabalho de realizador e de trabalho de actor, o jovem Victor Polster, Girl é um filme liberto do previsível. Agora, Girl, que transformou a história de Nora Monsecour na personagem de Lara, concorre para os Globos de Ouro e Dhont faz trabalho de promoção para os Óscares. No momento também em que se abate sobre Girl algo de previsível: as críticas sobre os seus supostos pecadilhos figurativos e sobre o facto de a história ter sido contada por um realizador e um actor cisgéneros. Realização: Lukas Dhont Actor(es): Victor Polster, Arieh Worthalter, Oliver BodartNora Monsecour, em carta publicada na Hollywood Reporter, já argumentou que essas críticas rasuram a sua identidade. E que Girl conta a história da sua adolescência “de uma forma que não mente, que não esconde” — o contacto com Lukas Dhont para a concretização do filme, precisou, ajudou-a a aceitar-se como mulher transgénero e a amar-se, “finalmente, sem fúria ou vergonha”. “Argumentar que a experiência de Lara como trans não é válida, porque [o realizador] Lukas [Dhont] é cisgénero ou porque temos um actor principal cisgénero ofende-me. ”Na verdade, Girl, que chega quinta-feira às salas portuguesas, coloca-se para além de um programa. A história de Nora/Lara é mesmo a da não pacificação da intimidade e da identidade. Como uma turbulência interior irredutível a qualquer normalização exterior — o mundo que rodeia Lara não é sequer intolerante à sua aventura, e no entanto. . . Girl põe o espectador no quarto, e junto aos espelhos, de Lara, propõe uma comunicação com o silêncio e com a angústia — como num filme de terror. E há o jovem actor Victor Polster, que Lukas Dhont, nesta conversa, diz ter sido uma pérola. Tinha 18 anos, estava na escola de Cinema quando leu sobre Nora Monsecour, uma bailarina trans. E estava, nessa altura, ainda a lidar com a sua sexualidade. Que momento foi esse, então, e como desembocou, anos depois, em Girl?Foi de facto um momento crucial na minha vida. Muitas coisas estavam a unir-se. Sempre soube que queria fazer cinema. Sempre pensei que era a forma de me expressar e que conseguiria ser o mais honesto comigo próprio nos filmes: usá-los para falar do que me era pessoal. Foi nessa altura que li a história de uma rapariga trans de 15 anos, Nora, que queria tornar-se bailarina clássica. Interessou-me o facto de o mundo do ballet poder ser uma enorme metáfora de um sistema que reserva papéis para homens e para mulheres — e eis uma rapariga trans que procura uma via nesse sistema. A integração é uma necessidade das pessoas queer, trans, gay ou lésbicas, e senti uma ligação muito grande com Nora. A primeira ideia foi fazer um documentário. Mas naquele momento da sua vida Nora não queria ser filmada. Comecei então a pensar numa ficção. Ao longo dos anos manteve-se em contacto com Nora. O projecto e a personagem autonomizaram-se como ficção — o realizador também fez o seu percurso. . . — ou mantém-se muito chegado ao retrato dela?A personagem de Lara está muito próxima de Nora, que a inspirou, que foi o seu molde. Mas Lara não é Nora; é Lara. É tão próxima quanto é diferente. Lara tem todas as características que eu e Nora considerávamos essenciais, quando falávamos de fazer a personagem existir no ecrã. Mas outras vezes é outra pessoa, inspirada por vezes em mim. E talvez seja inspirada por outras personagens femininas do cinema. Uma das surpresas é a forma como opta pelo que é interior e não pelo exterior — isto é, tudo o que rodeia a personagem, o contexto social e familiar, parece pacificado. Lara é aceite. Mas gradualmente o filme entra no quarto dela, aparecem os espelhos, e é aí que Girl propõe um diálogo do espectador com Lara, com os seus medos, com o medo. É o que diz , porque, sim, é verdade que as relações mais próximas da personagem são sempre solidárias, não existe um conflito exterior directo no filme, nem com o pai, nem com familiares, nem com a equipa médica. Mas penso que há uma pressão externa, e isso no filme é simbolizado pelo mundo do ballet. Usamos o ballet como metáfora de um mundo que tem uma grelha, papéis definidos para homens e mulheres, o que para muitos é difícil de habitar. Era a história que queria contar. Pensei que havia potencial cinematográfico nesse mundo, que, aliás, é usado nos filmes de terror — por exemplo, Darren Aronofsky [O Cisne Negro, 2010]. Quando vemos uma personagem trans ou LGBT, surge quase sempre associado o confronto com o exterior. É o que vemos nas notícias, é o que vejo em redor. Por isso quis concentrar-me na personagem, no facto de ela ser o maior antagonista de si mesma. Ou porque o mundo funciona assim, ou porque há forças destrutivas dentro dela, queria que fosse uma personagem em diálogo consigo mesma. Começa a ficar rodeada de espelhos, que a obrigam ao confronto. . . Sim, é muito preciso o que diz. Esse processo de criação de imagens, o reflexo, é complexo. Para Lara, o seu corpo, a sua imagem, é o seu maior conflito. O reflexo é algo muito susceptível de confronto para os adolescentes — e para muitas pessoas em geral. No caso de Lara isso é exponenciado. Queríamos que o protagonista e o antagonista fossem a mesma pessoa. Eu e o director de fotografia [Frank van den Eeden] usámos muito os espelhos, os reflexos. No mundo do ballet, nas aulas, os espelhos são omnipresentes. Lara quer escolher uma profissão que exige enorme confronto consigo mesma, com a sua aparência. É isso que é interessante naquela arena física: ela está lá, a tentar encaixar-se nos outros corpos, mas sabendo que não pertence ali. A relação com o pai [Arieh Worthalter]. . . Eles formam um “casal”, não é? Ele é o homem e ela é a mulher da casa — porque a mãe é figura ausente. E há ainda uma criança, o irmão mais novo de Lara. Há aquele momento em que Lara fica inquieta quando o pai recebe uma “amiga”. . . Estava interessado em criar uma família em que só havia um pai e em que uma relação — pai e filha — que costuma ser apresentada como problemática era afectuosa e respeitosa. E tornou-se interessante ter Lara como elemento de um triângulo familiar, no lugar da mulher da casa. Não estávamos à procura disso no argumento, mas acabou por ser importado, de forma livre, da realidade. O desafio foi o casting. Foi aberto, não foi dirigido a rapazes ou a raparigas, qualquer candidatura podia ser válida. Foi a fase mais difícil, porque era preciso encontrar alguém de 15 anos que aguentasse o que acontece no filme. Era possível? Vimos mais de 500 jovens, e a certa altura pensávamos que não íamos encontrar alguém que pudesse fazer a personagem. Queria encontrar alguém por quem me apaixonasse, tal como me tinha apaixonado por Nora — tinha de ter a mesma relação com essa pessoa de 15 anos. E de repente apareceu Victor [Victor Polster] e tornou-se claro, para mim, para a equipa e para Nora, que tínhamos encontrado uma pérola. Foi espectacular desde o primeiro momento, ficámos maravilhados, e isso nunca mudou. Havia gente adulta que chorava no set quando filmávamos cenas com Victor. Foi uma experiência intensa ver alguém tão novo e tão talentoso. É natural, para além do maravilhamento, querer saber como é que um adolescente entende a complexidade desta personagem. A pergunta que lhe fazem é: como é que um adolescente pôde ser protegido da perturbação que a personagem lhe poderia causar? Mas para a geração de Victor isso talvez seja naturalmente mais fluido, ele esteve menos em dificuldade do que imaginamos. Sim, a geração de Victor é muito aberta a falar de género e de sexualidade. Quando lhe propus o papel, não houve dúvida, não houve problema. E, quando conheceu Nora, ficou claro por que estávamos a fazer o filme e por que é que ele estava a querer fazer a personagem. O papel, a sua dificuldade ou estranheza, nunca foi uma questão. Para ele a dança foi um desafio maior. Embora tenha treino de dança clássica, nunca se tinha posto em pontas — algo só para raparigas. Teve de aprender em três meses, isso, sim, foi um desafio. Dizer como dirigi Victor é complexo. Foi uma combinação de muitas coisas. Primeiro, foi importante, para alguém que nunca tinha actuado, encontrar a necessária confiança para se sentir livre no set. Durante três meses, antes da rodagem, eu, Victor, Arieh [Worthalter, o pai] e o intérprete da personagem do irmão mais novo, fazíamos tudo juntos, íamos jantar, jogar bowling, íamos ao cinema. Queria que se sentisse confortável com toda a gente. Era preciso criar uma zona de conforto, para que Victor, que era um adolescente de 15 anos, não congelasse. A seguir, foi importante a preparação de quase seis anos em que conheci Nora e em que, por isso, conheci Lara. Isso permitiu-me conversar honestamente com Victor para lhe dizer o que pretendia. E depois ainda foi preciso treiná-lo em tudo o que fosse necessário. Teve terapia de voz — ele já de si é muito feminino, isso foi algo que pudemos utilizar. E tive a sorte de ter alguém como Arieh para me ajudar nos momentos mais emotivos com Victor. Quando se é actor e nunca se fez nada antes, é preciso ajudar o outro a chegar “lá”. Dirigir Victor foi um trabalho de grupo — não fui só eu a dirigi-lo para que ele se elevasse até à emoção pretendida. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Como numa família. . . Sinto, muito intensamente, que fizemos este filme dessa forma. O encontro com Nora definiu o seu lugar como realizador. Está iniciar um périplo de promoção para os Globos de Ouros e os Óscares. E depois?Nora tornou claro que temos de ser verdadeiros connosco próprios. Foi uma lição a nível pessoal. A nível profissional, deu-me o material para falar sobre aquilo de que quero falar. Mas agora que o fiz preciso de me afastar. Preciso de fazer o trabalho de luto. Preciso de deixar partir [o filme] e encontrar algo de novo. Estou a escrever um novo filme, algo totalmente diferente. É assustador e ao mesmo tempo confortável.
REFERÊNCIAS:
Da América Latina para Portugal, o festival ¿Anormales? é para todxs
Da América Latina para a Europa, o festival ¿Anormales? vai ocupar a Disgraça, em Lisboa, até 3 de Dezembro. A organização espera que haja “algo que fica, que se transforma, que continua” quando o festival itinerante partir (...)

Da América Latina para Portugal, o festival ¿Anormales? é para todxs
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 5 Homossexuais Pontuação: 11 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-06-09 | Jornal Público
SUMÁRIO: Da América Latina para a Europa, o festival ¿Anormales? vai ocupar a Disgraça, em Lisboa, até 3 de Dezembro. A organização espera que haja “algo que fica, que se transforma, que continua” quando o festival itinerante partir
TEXTO: O ponto de partida é uma “maleta gigante” que Stéphane Jacob começou por levar a várias cidades da América Latina em 2010. Stef chega “normalmente com um mês de antecedência” com o que chama de “material de base” — alguns documentários e uma exposição — e começa a fazer contactos para trazer participantes locais. É assim que nasce cada edição do ¿Anormales?, um “festival transfeminista do-it-yourself itinerante” que reúne filmes, performances, música, oficinas e debates ligados à temática LGBT e feminista. Com um sotaque mesclado entre o francês e o castelhano, Stef conta que a ideia nasceu em conversas na Casa Brandon, em Buenos Aires (cidade onde vive), e repete-se em mais do que uma edição por ano — a última foi em Abril, na Bolívia. Depois de quase oito anos a circular pela América Latina, o belga — que viveu em Portugal durante 16 anos e fez parte do colectivo Panteras Rosa — volta a atravessar o Atlântico para trazer o festival a terras lusas. A partir desta quarta-feira, 29 de Novembro, e até domingo, 3 de Dezembro na Disgraça, em Lisboa, e de 9 a 12 de Dezembro na república Rosa Luxemburgo, em Coimbra. Com o passar do tempo, Stef foi juntando materiais dos países por onde passou e o espólio cresceu. O material do festival ¿Anormales?, em particular os documentários, será “quase todo inédito em Portugal”, reunindo uma série de filmes activistas que muitas vezes ficam à margem dos grandes festivais. “Quando o festival se vai, há algo que fica”Em Lisboa, a organização conta com dois “cúmplices”: o colectivo Panteras Rosa e a TransMissão, uma associação trans e não-binária criada neste ano. Estes colectivos ajudam nas traduções, no apoio a pessoas com mobilidade reduzida e a fazer a ponte com os espaços e artistas da cidade. Para Stef, esta participação é essencial: “Quando o festival se vai, gosto quando há algo que fica, que se transforma, que continua”. O ¿Anormales? promove o debate sobre questões como a despatologização das pessoas trans, as operações de normalização impostas às pessoas intersexo, a legalização e a descriminalização total do aborto — que é ilegal na maior parte dos países da América Latina —, o trabalho sexual, o impacto do VIH. Na programação para Lisboa, as noites são pontuadas com cinco performances “escolhidas a dedo” pela organização: “Se repetir muitas vezes, se repetir muitas, se repetir”, de Zé Luis C; “Conferência Anal”, de Jota Mombaça; “inSANO”, com Rose Mara Kielela, Thais Zaki e John Kalagary; “Every man kills the thing he loves”, com Ann Antidote e Lun Ário; e a performance de drag king de Joaquim Fónix. Em três momentos haverá conversas com convidados depois da projecção dos documentários: os activistas intersexo Vincent Guillot e Loe depois do filme Entre dois sexos (Régine Abadia), na sexta-feira, 1 de Dezembro, às 18h; Alessandro Avellis, realizador de A Revolução do Desejo (Alessandro Avellis e Gabriele Ferluga), no sábado, dia 2, às 16h30; e Irmã Rosa, co-protagonista do filme E a tua irmã (Sylvie Leroy e Nicolas Barachin), também no sábado, às 21h. “Tenho vontade de dizer que queremos tudo”Um dos temas aos quais o festival aponta holofotes é o debate sobre as questões trans. “Chegámos a uma geração que não está para estar calada”, nota Sérgio Vitorino, activista LGBT e fundador das Panteras Rosa há mais de dez anos. E o debate que terá lugar no sábado à tarde serve para dar voz às pessoas trans sobre a lei que está em discussão na Assembleia da República. “Para que elas possam intervir. ”Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Sacha Montfort é um dos participantes nessa conversa sobre “como pessoas trans vêem a política”, onde se junta a Eduarda Santos, Daniela Bento e Laetitia. Activista trans, Sacha é um dos membros da associação TransMissão, criada no Verão deste ano para dar mais visibilidade às questões da comunidade trans. Sacha, 32 anos, explica que o ponto de partida foi a “Declaração Colectiva Trans pela nossa Auto-Determinação”, uma carta aberta assinada por mais de 80 pessoas trans entregue no início do ano à secretaria de Estado para a Cidadania e Igualdade, às comissões parlamentares da Saúde e de Assuntos Constitucionais e aos grupos parlamentares. A TransMissão espera manter o assunto em agenda, “dando espaços de visibilidade a existências que normalmente são apagadas”. “Queremos fazer algo agora, quando está a ser feito o debate da lei, falar na nossa própria voz para obter a autodeterminação, para obter todos os nossos direitos humanos”, defende Sacha. “Tenho vontade de dizer que queremos tudo”, desabafa. “Há muitas coisas para fazer, seja a nível de consciencialização, do trabalho da lei, mas talvez o mais importante seja o trabalho comunitário para não deixar ninguém isolado. ”
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Palavras-chave aborto direitos lei humanos comunidade igualdade sexual feminista ilegal lgbt
ADN de Maria sem correspondência na base de desaparecidos da Interpol
Interpol não tem nenhum registo que correponda ao de Maria na sua base de dados. Mistério da menina, encontrada na semana passada num acampamento de ciganos, continua por esclarecer. (...)

ADN de Maria sem correspondência na base de desaparecidos da Interpol
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 5 Ciganos Pontuação: 9 | Sentimento -0.2
DATA: 2013-10-23 | Jornal Público
SUMÁRIO: Interpol não tem nenhum registo que correponda ao de Maria na sua base de dados. Mistério da menina, encontrada na semana passada num acampamento de ciganos, continua por esclarecer.
TEXTO: O mistério de Maria continua por desvendar. Na base de dados da Interpol não foi encontrada qualquer correspondência para o ADN da menina loura de olhos azuis que foi retirada na semana passada de um acampamento de ciganos na Grécia, por se suspeitar que tenha sido raptada. A informação, citada pela CNN, foi avançada na terça-feira pelas autoridades. Assim que a polícia grega retirou Maria do acampamento deu seguimento aos primeiros testes que confirmaram que aqueles que diziam ser seus pais não eram de facto pais biológicos. Foram, aliás, as diferenças físicas de Maria que alertaram as autoridades que se encontravam no acampamento perto de Farsala, centro da Grécia, 280 quilómetros a norte de Atenas, no âmbito de uma outra operação e que acabaram por levar a menina. “Até agora, uma comparação do perfil da menina com a base de dados global de ADN da Interpol não permitiu encontrar qualquer correspondência”, adiantou a autoridade internacional que foi chamada a colaborar no caso pela Grécia. A Interpol vai também tornar possível que qualquer pessoa que suspeite poder ser familiar da criança e que se sujeite a um teste de ADN no seu país possa depois comparar os dados com os que estão na posse desta polícia. Ao todo a agência tem na sua base de dados uma lista de mais de 600 pessoas dadas como desaparecidas – 32 das quais com idades entre os cinco e os seis anos, a que terá Maria, apesar de inicialmente se pensar que teria apenas quatro. Caso suspeito na IrlandaO caso de Maria está também a servir de alerta para outras situações semelhantes a nível internacional. O diário britânico Guardian avança na edição online que uma outra menina loura de sete anos foi também retirada de uma família de ciganos em Dublin, na Irlanda, depois de a polícia ter recebido um alerta. Tal como na Grécia, o casal que estava com a menina garantiu que esta era sua filha mas as autoridades dizem que há vários dados que não coincidem. A menina foi entregue a autoridades de saúde e vão ser feitos de ADN. Entretanto, o Supremo Tribunal da Grécia ordenou na terça-feira uma investigação a todas as certidões de nascimento passadas nos últimos seis anos com base em declarações dos pais e não em registos de hospitais e maternidades. Isto porque os magistrados consideram que o “caso Maria” não é um episódio isolado e pode ter-se repetido por todo o país. Uma inspecção preliminar aos registos concluiu que o número de nascimentos registados com base numa declaração assinada por um dos pais – ou seja, em supostos casos de crianças que terão nascido em casa – está a aumentar vertiginosamente. Foram 50 em 2011, 200 em 2012 e 400 no decorrer deste ano. Os juízes, e os investigadores, querem determinar o que se passa e se há, entre estes nascimentos, casos de rapto e de tráfico humano, e ainda que papel têm estes crimes na fraude à segurança social – suspeita-se de que as crianças possam estar a ser usadas para as famílias receberem subsídios, sendo que algumas crianças só existem no papel, recebendo os pais os respectivos abonos. A instituição que está a acolher Maria já recebeu milhares de chamadas com tentativas de ajuda para se chegar aos pais da criança. A polícia ainda não conseguiu descobrir a identidade da menina, mas suspeita-se que tenha sido vítima de rapto ou envolvida numa rede de tráfico de crianças, relata a BBC. As autoridades gregas lançaram um apelo para que todos os que pudessem ter pistas sobre o possível paradeiro da família ou as circunstâncias em que a criança foi parar ao acampamento contactassem a organização. Os únicos dados avançados é que tem pele branca, um metro de altura e 17 quilos. Inicialmente disse-se que teria nascido em 2009, mas afinal será mais velha e terá cinco ou seis anos. Outra hipótese colocada pelos investigadores é que a criança seja oriunda do Norte ou Leste da Europa. A BBC contou que os agentes suspeitaram do enorme contraste físico entre a criança de cabelos louros e olhos azuis e os pais. E que ficaram ainda mais desconfiados quando analisaram os documentos da família — o casal registou diferentes crianças em diferentes registos familiares regionais. A mulher alegou também ter dado à luz seis crianças num período de dez meses. No total, o casal, ela com 40 anos, ele com 39, alega ter 14 filhos. Incluindo Maria, tinha actualmente quatro consigo. O próprio casal vacilou na explicação sobre a origem da criança. Segundo informações já antes avançadas pelo director da polícia da província de Thessalia, Vassilis Halatsis, primeiro terão dito que encontraram Maria num cobertor mas, depois, disseram que a menina lhes tinha sido entregue por estranhos, que tinha pai estrangeiro e, por fim, que tinha sido a mãe que pouco depois de na menina nascer a tinha entregado por falta de capacidade financeira. Falsos pais acusados e em prisão preventivaFicaram presos, por suspeita de rapto de menor e falsificação de registos e foram presentes a tribunal na segunda-feira, sendo acusados de sequestro e ficando em prisão preventiva. Além de sequestro, os dois suspeitos são acusados de falsificação de documentos, revelou o advogado Kostas Katsavos à saída da audiência, explicando que em causa está um falso registo de nascimento da criança. Em tribunal, o falso pai repetiu a versão de que a menina lhe foi confiada à nascença “pelo seu pai biológico, um romeno de etnia cigana, e pela mãe, também cigana”, explicou Katsavos. À AFP, os advogados do casal insistiram que a menina nunca foi raptada ou roubada e que apenas ficaram a tomar conta dela porque em 2009 a mãe biológica não podia tomar conta dela e decidiu entregá-la pouco depois de nascer. A notícia está também a gerar reacções por parte da comunidade cigana, com uma associação de Farsala a dizer que o casal detido tratava Maria ainda melhor que os seus próprios filhos e que a amavam. Temem também que esta notícia gere uma onda de discriminação contra a comunidade que vive naquele país. Motivo de discussão é também a facilidade em obter documentos oficiais para crianças, mesmo quando não há qualquer parentesco com elas. “Estamos chocados com o quão fácil é registar crianças como se fossem delas próprias”, disse Costas Giannopoulos à televisão grega Skai. “Há muito mais a investigar. . . Acredito que a polícia irá desvendar uma trama que não tem apenas a ver com esta menina. ”
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave filha tribunal mulher prisão ajuda comunidade social criança discriminação rapto
Homens homossexuais lidam pior com o estigma social
Os homens mostram maiores dificuldades em lidar com uma orientação sexual diferente da heterossexualidade. O estigma associado a um comportamento sexual divergente da norma tem reflexos numa insatisfação identitária, aponta um estudo sobre a população Lésbica, Gay, Bissexual e Transgénero (LGBT) em Portugal, que é hoje apresentado na Conferência contra a Homofobia promovida pela Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG), em Lisboa. (...)

Homens homossexuais lidam pior com o estigma social
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 5 Ciganos Pontuação: 6 Homossexuais Pontuação: 16 | Sentimento -0.18
DATA: 2010-05-17 | Jornal Público
SUMÁRIO: Os homens mostram maiores dificuldades em lidar com uma orientação sexual diferente da heterossexualidade. O estigma associado a um comportamento sexual divergente da norma tem reflexos numa insatisfação identitária, aponta um estudo sobre a população Lésbica, Gay, Bissexual e Transgénero (LGBT) em Portugal, que é hoje apresentado na Conferência contra a Homofobia promovida pela Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG), em Lisboa.
TEXTO: O trabalho feito junto da população LGBT em Portugal foi coordenado pela professora da Universidade do Minho (UM) Conceição Nogueira e pelo investigador João Manuel Oliveira - teve ainda a colaboração do deputado do PS Miguel Vale de Almeida - e concluiu que, para os homossexuais e transexuais, Portugal continua a ser um país homofóbico. "Estas pessoas ainda se sentem ameaçadas e discriminadas em função da sua orientação sexual e identidades de género", refere o documento, a que o PÚBLICO teve acesso. O Sul e as áreas metropolitanas de Porto e Lisboa são as regiões onde há uma maior abertura para falar sobre a sexualidade. As regiões do Centro e Norte mostram valores inferiores, mas são as ilhas as regiões do país onde a abertura ao tema é menor. Face a esta realidade, homossexuais e transexuais optam pela ocultação da sua orientação, concluiu o mesmo trabalho: "É uma das modalidades a que recorrem para evitar o peso do estigma social. ""O insulto é das mais recorrentes formas de estigmatização efectiva a que as pessoas LGBT estão sujeitas", avançam ainda os investigadores. As pessoas que responderam aos inquéritos que estiveram na base do estudo dizem já ter sido insultadas três ou mais vezes em função da sua orientação sexual. Por outro lado, para homossexuais e transexuais, as instituições religiosas, especialmente a Igreja Católica, são aquelas que mais discriminam com base na identidade sexual, seguindo-se o Estado. A população LGBT considera-se discriminada por quase todas as instituições, excluindo os bancos, as instituições de saúde e os meios de comunicação social. "Bastante discriminados"O Estudo sobre a População LGBT em Portugal teve por base um inquérito respondido por 972 pessoas LGBT e demonstra uma "elevada sensibilidade ao estigma" por parte destes indivíduos. A identidade é um aspecto importante e central na vida destas pessoas, que demonstram uma "concordância elevada com a privatização do comportamento sexual". O estudo feito pela UM para a CIG avaliou também a imagem social das pessoas LGBT e a opinião da população face ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. As respostas de 1498 pessoas a um segundo inquérito revelam que as mulheres apresentam atitudes mais positivas que os homens em relação ao casamento homossexual. Os dados mostram ainda que, quanto mais à esquerda for o posicionamento ideológico de quem responde, maior é a concordância com o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Os investigadores apontam também que o maior contacto com a diversidade sexual faz aumentar o grau de acordo com esta questão. O estudo identifica um peso considerável da religião nas opiniões dos portugueses. Ateus e agnósticos apresentam médias superiores de respostas em que valorizam o movimento LGBT e o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Pelo contrário, entre aqueles que se assumem como religiosos há um maior relevo de respostas que se identificam com o heterossexismo tradicional, aversão a lésbicas e fobia face a pessoas transexuais. Quanto à imagem social que os portugueses têm das pessoas LGBT, o estudo observa que a percepção das pessoas é a de que os transexuais são "o grupo mais discriminado", seguindo-se-lhes os ciganos. Gays, lésbicas e bissexuais são também considerados "bastante discriminados", encontrando-se no mesmo intervalo das pessoas deficientes. Apesar desta percepção da discriminação, a grande maioria dos participantes revelaram nunca ter tido comportamentos insultuosos ou de ataque a alguém em função do género. O estudo nota também que "parece haver uma concordância relativamente à igualdade moral da homossexualidade" e à "não condenação da homossexualidade masculina" percebida entre a população portuguesa. "Tendencialmente, as respostas vão no sentido do igualitarismo, em que gays e lésbicas e pessoas heterossexuais deverão ter igualdade de oportunidades", afirmam os investigadores, no relatório que hoje será apresentado.
REFERÊNCIAS:
Partidos PS
Todas as semanas há um jovem de 16 anos que se casa
As raparigas protagonizam a maior parte dos enlaces celebrados em tão tenra idade. (...)

Todas as semanas há um jovem de 16 anos que se casa
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 5 Ciganos Pontuação: 11 | Sentimento 0.175
DATA: 2017-07-10 | Jornal Público
SUMÁRIO: As raparigas protagonizam a maior parte dos enlaces celebrados em tão tenra idade.
TEXTO: A idade média do matrimónio subiu dos 27, 1 para os 32, 8 em 30 anos. O número de jovens de 16 anos que se emancipam por essa via caiu a pique, mas ainda tem significado. No ano passado, em cada semana houve em média uma rapariga ou um rapaz dessa idade a casar-se. Foram 55. As raparigas protagonizam a maior parte dos enlaces celebrados em tão tenra idade. Em 1996, casaram-se 701 raparigas de 16 anos. Quase todos os dias, uma média de duas davam esse passo. Em 2006, a realidade já era bem distinta. Nesse ano, o Instituto Nacional de Estatística somou 155 casos. No último ano, a conta ficou-se pelos 41, o que corresponde a menos de uma por semana. O número de rapazes de 16 anos que se emancipa pelo casamento é diminuto. A tendência de descida revela oscilações. O Instituto Nacional de Estatística contabilizou 35 em 1996, 7 em 2006, 14 em 2016. Juntando os rapazes e as raparigas obtém-se uma média nacional de uma por semana. O número de matrimónios em geral tem estado a descer. Há 30 anos, houve 63 mil. Dez anos depois, 47 mil. Volvidos outros dez, 31 mil. E nem só a população de nacionalidade portuguesa responde pelos enlaces mais precoces. Também as comunidades oriundas de outros países, como, por exemplo, do Bangladesh, do Paquistão ou da Índia, onde a idade média de casamento das mulheres é de 16 anos. Impossível saber quantos daqueles casamentos envolvem membros das comunidades ciganas portuguesas, como no caso que foi agora apreciado pelo Tribunal da Relação do Porto (o Ministério Público entendia que uma rapariga de 16 anos tinha que ir à escola, que é obrigatória até aos 18, apesar de se ter casado e, por essa via, emancipado). Por questões legais, o Instituto dos Registos e Notariado não colige informação sobre etnias. Estudiosos como Maria José Casa-Nova, da Universidade do Minho, têm tentado em vão obter financiamento para realizar um estudo que abranja toda a população cigana. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O primeiro Estudo Nacional Sobre as Comunidades Ciganas – em 2013 realizado pelos investigadores Manuela Mendes, Olga Magano e Pedro Candeias para o Alto Comissariado para as Migrações – aponta para uma idade média do casamento bem abaixo da registada na sociedade em geral: 16 anos para as mulheres e 18 anos para os homens. Esse estudo tem por base um inquérito, por questionário, aplicado a 1599 representantes de agregado familiar. Na amostra, havia uma grande proporção de indivíduos que se se tinham casado entre os 15 e os 19 anos (51, 9%). Só 25% se tinha casado com 19 ou mais anos. O peso daqueles enlaces na estatística nacional será mínimo. Dos 1446 inquiridos que se identificaram como sendo casados, 82, 8% referiram sê-lo apenas pela “lei cigana”. Tão-somente 8, 2% disseram estar casados pelo civil. Um número ainda mais baixo (6, 3%) declarou ter contraído matrimónio religioso. O resto aliou casamento civil e cigano. A centralidade do casamento é uma das principais causas do abandono escolar nas comunidades ciganas. Os investidores referem também “a preocupação extrema com a educação das meninas e o inerente controlo social”, sobretudo desde a primeira menstruação. E as “sucessivas reprovações registadas no 1º ciclo, que conduzem a uma inadaptação às turmas”.
REFERÊNCIAS:
Étnia Cigano
Empresas e membros do Partido Republicano em defesa do casamento gay
Facebook, Google, Apple e Microsoft e outras 375 empresas pedem ao Supremo que estabeleça a igualdade no casamento em todos os estados, sendo acompanhados por 303 antigas e actuais personalidades ligadas aos republicanos. (...)

Empresas e membros do Partido Republicano em defesa do casamento gay
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 5 Asiáticos Pontuação: 6 Homossexuais Pontuação: 18 | Sentimento 0.416
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Facebook, Google, Apple e Microsoft e outras 375 empresas pedem ao Supremo que estabeleça a igualdade no casamento em todos os estados, sendo acompanhados por 303 antigas e actuais personalidades ligadas aos republicanos.
TEXTO: Quase 400 empresas norte-americanas e 303 personalidades ligadas ao Partido Republicano defendem que o casamento entre pessoas do mesmo sexo deve ser legalizado em todo o território dos Estados Unidos, em dois documentos enviados ao Supremo Tribunal. O Supremo vai debruçar-se no próximo mês sobre duas questões fundamentais relacionadas com quatro processos distintos – por um lado, se os cidadãos norte-americanos têm o direito constitucional de se casarem com pessoas do mesmo sexo em qualquer estado; por outro lado, se os estados que ainda se opõem à igualdade no casamento devem reconhecer a legalidade dos casamentos celebrados nos estados que os autorizam. O que se espera é que a decisão final do Supremo (que será anunciada até Junho) ponha fim à confusão legal no país sobre os casamentos entre pessoas do mesmo sexo, e que estabeleça um critério único a nível federal. O mais provável, de acordo com a tendência dos últimos anos, é que a igualdade no casamento passe a ser reconhecida em todo o território dos EUA. Para fazerem ouvir a sua voz, as empresas e as personalidades ligadas ao Partido Republicano recorreram a uma figura legal semelhante à que permite aos cidadãos portugueses constituirem-se como assistentes – no caso norte-americano, quando alguém se envolve num processo como amicus curiae, o objectivo é fazer chegar ao tribunal um conjunto de argumentos que considera não estar a ser apreciado pelos juízes. Num desses documentos, 379 empresas, desde pequenos negócios a gigantes da tecnologia como o Facebook, a Apple, o Google ou a Amazon (mas também de outras áreas, como a Coca-Cola, a Pepsi, a Disney, a CBS ou a Goldman Sachs), defendem que o Supremo deve decidir a favor da igualdade no casamento em todo o território dos EUA, baseando os seus argumentos nas perdas económicas e financeiras provocadas pela actual confusão na legislação. "A inconsistente legislação estadual sobre o casamento constitui um fardo económico acrescido para as empresas americanas, com um custo estimado em mil milhões de dólares [cerca de 905 milhões de euros] por ano", lê-se no documento. "A nossa capacidade para crescer e manter os nossos negócios através de medidas para atrair e manter os melhores talentos está a ser prejudicada. A miscelânea de leis estaduais aplicáveis ao casamento entre pessoas do mesmo sexo prejudica os nossos interesses e as relações entre empregador e empregado", argumentam. As empresas queixam-se, em particular, da ginástica que têm de fazer para acomodar vários planos de benefícios sociais para os seus trabalhadores, e da dificuldade em atrair potenciais funcionários que são casados com pessoas do mesmo sexo para estados onde essa ligação ainda não é reconhecida. Num outro documento, 303 republicanos – entre os quais o antigo mayor de Nova Iorque Rudolph Giuliani, 23 actuais e antigos membros do Congresso e sete actuais e antigos governadores – juntaram-se com o mesmo objectivo. O autor da proposta é Ken Mehlman, antigo presidente da Comissão Nacional Republicana. Na apresentação do documento, Mehlman salientou que "os republicanos costumam ter um grande respeito pelas decisões dos tribunais, em particular pelas do Supremo Tribunal". "Os dados indicam que a aceitação pública [da igualdade no casamento] tem crescido muito rapidamente, e de forma muito significativa", sublinhou. No texto enviado ao Supremo, antigos e actuais membros e conselheiros do Partido Republicano consideram que as leis que excluem os casais de pessoas do mesmo sexo da "instituição do casamento civil" são "inconsistentes com as promessas constitucionais de protecção e de igualdade de tratamento". Por trás desta iniciativa estará também o desejo de afastar este tema da campanha eleitoral para as presidenciais de 2016 – depois da derrota de Mitt Romney contra Barack Obama, em 2012, um relatório da Comissão Nacional Republicana sublinhou que o partido teria de aproximar-se mais "dos hispânicos, negros, asiáticos e dos gays americanos". Em 2013, o Supremo norte-americano decidiu, por cinco votos a favor e quatro contra, que uma das cláusulas mais importantes da Lei de Defesa do Casamento (DOMA, na sigla original) é inconstitucional – contrariando a Secção 3 dessa lei, aprovada em 1996, o Supremo considerou que é contrário à Constituição negar a validade de um casamento entre pessoas do mesmo sexo.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
Controlar a retenção de líquidos
A retenção de líquidos faz parte das queixas “clássicas” de muitas mulheres. Sendo inevitável reconhecer que de facto essa retenção existe, muitas das vezes também acaba por ser uma desresponsabilização de hábitos alimentares desequilibrados e de exercício físico inexistente. Vamos a factos. (...)

Controlar a retenção de líquidos
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 5 Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2019-06-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: A retenção de líquidos faz parte das queixas “clássicas” de muitas mulheres. Sendo inevitável reconhecer que de facto essa retenção existe, muitas das vezes também acaba por ser uma desresponsabilização de hábitos alimentares desequilibrados e de exercício físico inexistente. Vamos a factos.
TEXTO: As flutuações hormonais existentes na fase pré-menstrual são de facto potenciadoras de uma maior retenção de fluidos no espaço intersticial, causando essa sensação de inchaço e aparência pouco agradável. Esta situação, sendo causada pelo efeito que os estrogénios possuem no aumento da retenção de sódio e diminuição da excreção de água, é logicamente mitigada pela prática de exercício que consegue aumentar as perdas de ambos. Faz igualmente sentido a redução da ingestão de sal, dado que o impacto destas flutuações hormonais na retenção de líquidos, é exponenciada quando existe uma ingestão de sódio excessiva. Sendo estas recomendações já clássicas e que não trazem grande novidade, é importante mesmo nestas situações reforçar a ingestão de líquidos. Apesar de poder parecer um contrassenso alguém beber mais água quando “sofre” de retenção de líquidos, é extremamente importante que tal ocorra, uma vez que o limiar osmótico de produção da hormona antidiurética desce na presença de elevadas concentrações de estrogénio e como tal é necessário beber mais para que o nosso sangue se mantenha sempre pouco “concentrado”. Uma forma útil e prática de controlar estes níveis de hidratação é procurar ter uma urina o mais clara possível, tal como pode ver nas três primeiras posições desta imagem. E, para além da água, existirão outras opções úteis que simultaneamente hidratem e facilitem a excreção de sódio e fluidos que estão aprisionados? Muito se fala do efeito milagroso de alguns chás a este respeito. De facto existem alguns estudos com a cavalinha e dente-de-leão, mas com a sua ingestão em suplemento do seu extracto e não em chá. Ainda assim, para quem não gosta de beber água “simples” experimentar estas opções pode ser uma boa opção. Outras pequenas ajudas passam pelo reforço de alimentos ricos em magnésio (aveia, frutos gordos, cereais integrais), até porque se trata de um défice nutricional comum em mulheres com síndrome pré-menstrual. Caso se recorra à sua suplementação, o citrato de magnésio possui uma maior absorção do que os outros sais. Como não podia deixar de ser, a ingestão de alimentos ricos em potássio (frutos gordos, abacate, batata-doce, feijão, grão e toda a fruta e legumes na generalidade), por oposição aos ricos em sódio (molhos, enchidos, manteigas, caldos de carne, batatas fritas, etc. ) tende sempre a melhorar não só a retenção de líquidos existente, mas também uma condição de hipertensão arterial que possa estar concomitantemente presente. O controlo na ingestão de alimentos açucarados e na carga glicémica de cada refeição — ou seja, nunca juntar uma grande quantidade de arroz/massas/batata/pão e afins no mesmo episódio alimentar — permite para além de uma ingestão calórica mais contida, um maior controlo nos níveis de insulina, hormona também ela com um papel relevante no controlo da excreção de sódio. No que diz respeito a ervas aromáticas e especiarias, existem estudos pontuais a comprovar efeitos positivos da curcumina (pigmento presente no açafrão-da-índia) na redução do edema, da salsa no aumento da diurese e do uso histórico do alho e do funcho também para essa função. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Nota final ainda para o potencial efeito positivo da centella asiática na redução do edema e na melhoria da microcirculação e insuficiência venosa crónica, sendo um dos poucos suplementos que são publicitados a este nível, que de facto possuem alguma consubstanciação científica. Recomendações- Beber mais água- Comer menos alimentos salgados e mais fruta e legumes- Praticar mais exercício - Comer menos açúcares e não juntar muitos “hidratos de carbono” na mesma refeição- Ingerir diariamente aveia, frutos gordos (nozes, amêndoas, avelãs, castanha-do-pará) ou tomar suplementos de citrato de magnésio caso não goste destes alimentos- Alternar o mais benéfico chá verde com chá de cavalinha e dente-de-leão- Trocar o sal por especiarias e ervas aromáticas
REFERÊNCIAS:
Lojas de lingerie sauditas começam hoje a ter vendedoras
A partir de hoje acaba o que era uma situação bizarra na ultraconservadora Arábia Saudita: as mulheres podem vender lingerie e já não são obrigadas a discutir o seu tamanho de roupa interior com os vendedores. (...)

Lojas de lingerie sauditas começam hoje a ter vendedoras
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 5 Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-01-05 | Jornal Público
SUMÁRIO: A partir de hoje acaba o que era uma situação bizarra na ultraconservadora Arábia Saudita: as mulheres podem vender lingerie e já não são obrigadas a discutir o seu tamanho de roupa interior com os vendedores.
TEXTO: A medida foi promulgada em Junho por decreto real e acaba com o que era um problema para muitas mulheres sauditas: apesar de vestidas com roupas largas da cabeça aos pés, tinham de explicar aos vendedores, a maioria deles asiáticos, o que pretendiam. Muitas contam que acabavam por sair da loja com a compra errada. “Acabou a vergonha!”; congratulava-se na sua página da Internet Fatima Qarub, que tinha lançado uma campanha pedindo que os empregos nas lojas de lingerie fossem entregues a mulheres. “Foi uma decisão corajosa. Como muitas mulheres, tinha vergonha de comprar roupa interior a um homem que me punha questões sobre as minhas medidas”, comentou Samar Mohammed, 37 anos, à AFP. “Já não era sem tempo”, comentou a jornalista Samar Fatany à emissora britânica BBC, contando que ela e as mulheres que tivessem essa possibilidade preferiam comprar a sua roupa interior no estrangeiro, para não terem de dizer o seu tamanho a um homem. A campanha pode dar hipótese às jovens mulheres que cada vez mais estão desejosas de trabalhar. A maioria das sauditas que o podem fazer são normalmente de elites e trabalham em medicina ou no governo, diz a BBC. A nova lei pode criar até 40 mil empregos para as outras mulheres, que não têm acesso a rendimento ou educação. No reino ultraconservador, a separação dos sexos é estritamente imposta e as mulheres têm de ter um acompanhante (geralmente um familiar) quando saem de casa. A decisão real foi tomada apesar da oposição das autoridades religiosas sauditas: o mufti da Arábia Saudita, xeque Abel Aziz Al-Sheikh, lembrou que coloca as vendedoras “em contacto directo” com os gerentes das lojas, e que neste emprego as mulheres podem “contar dinheiro”, algo que “é contrário à religião”. Uma decisão anterior para permitir às sauditas trabalhar nestas lojas, tomada há três anos, foi bloqueada pelos religiosos conservadores que se opõe a que as mulheres trabalhem em vários actividades para impedir que se misturem. As mulheres sauditas têm vindo também a tentar desafiar a proibição de conduzir.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave lei educação homem mulheres vergonha
Mais de metade dos portugueses com mais de 15 anos são inactivos
Em Portugal, 51% das pessoas com mais de 15 anos (homens e mulheres) não cumprem os critérios de actividade física recomendada pelos especialistas, segundo a revista científica The Lancet, que divulgou ontem uma série de trabalhos sobre a actividade física em todo o mundo. (...)

Mais de metade dos portugueses com mais de 15 anos são inactivos
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 5 Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.166
DATA: 2012-07-19 | Jornal Público
SUMÁRIO: Em Portugal, 51% das pessoas com mais de 15 anos (homens e mulheres) não cumprem os critérios de actividade física recomendada pelos especialistas, segundo a revista científica The Lancet, que divulgou ontem uma série de trabalhos sobre a actividade física em todo o mundo.
TEXTO: A lista de 122 países analisados tem uma média de 31, 1% neste indicador de saúde e é o resultado de um dos cinco projectos apresentados pela The Lancet. A revista quis aproveitar a realização dos Jogos Olímpicos, que arrancam dentro de poucos dias em Londres, para um alerta global sobre a importância da actividade física. Os vários trabalhos e comentários publicados ontem na edição online da The Lancet fornecem uma série de dados sobre a actividade física e, entre outros objectivos, quer ajudar a tornar os programas de prevenção de doenças não transmissíveis mais eficazes. O projecto liderado por Pedro Hallal, da Universidade Federal de Pelotas, no Brasil, é o que apresenta dados facilmente comparáveis sobre os vários países estudados. Assim, segundo este artigo, 54, 4% das mulheres e 47, 5% dos homens portugueses com mais de 15 anos estão classificados como fisicamente inactivos. O critério usado para esta conclusão apoia-se nas "doses recomendadas" de actividade física que apontam para caminhadas de pelo menos 30 minutos num mínimo de cinco vezes por semana ou praticar exercício mais intenso durante 20 minutos e três vezes por semana. Os especialistas avaliaram o mesmo campo nos rapazes e raparigas com idades entre 13 e 15 anos e chegaram a um resultado global que aponta para que quatro em cada cinco adolescentes não são suficientemente activos. E também aqui Portugal sai mal na fotografia, principalmente as raparigas. De acordo com o mapa apresentado, em Portugal entre 80% a 90% dos rapazes e mais de 90% das raparigas nestas idades não estão a conseguir cumprir 60 minutos de actividade física (moderada ou intensa) por dia. Ainda assim, há mais sete países na Europa que estão pior do que Portugal no que se refere à actividade física recomendada para maiores de 15 anos. Assim, Malta é o pior no continente europeu, com 71, 9% no grupo que tem indicadores piores do que Portugal e que inclui ainda a Sérvia (68, 3%), Reino Unido (63, 3%), Turquia (56%), Chipre (55, 4%), Itália (54, 7%) e Irlanda (53, 2%). Com os melhores resultados europeus está a Grécia (15, 6%) a Estónia (17%) e a Holanda (18%), mas ainda assim longe de um lugar no pódio à escala mundial onde se encontra, por exemplo, Bangladesh (4, 7%) e Moçambique (7, 1%). Numa leitura geral, confirma-se o padrão das mulheres como menos activas e percebe-se que os países mais ricos são os mais inactivos. A série lançada ontem pela The Lancet foca-se acima de tudo no impacto positivo da actividade física na saúde, sublinhando, por exemplo, que a inactividade é a causa de entre 6% a 10% de doenças como problemas cardíacos, diabetes do tipo 2 e cancro colorrectal e da mama. Uma em cada dez mortes associadas a estas doenças pode ser relacionada com a pobre actividade física. Os investigadores acreditam que a população mundial tem de ser alertada para os benefícios da actividade física, mas também deve saber qual o prejuízo de não ter este lado activo nas suas vidas. Os dados revelam ainda que 41, 5% dos adultos em todo o mundo passam mais de quatro horas sentados por dia, mas o indicador varia entre as várias regiões: no Sudeste Asiático são 23, 8% e na Europa 64%. Entre outras conclusões, os investigadores acreditam que um dos culpados por esta inactividade mundial foi e é a revolução tecnológica, que deixa o mundo cada vez mais sentado.
REFERÊNCIAS: