Ser uma it girl aos 65
Em 2008, o fotógrafo e blogger Ari Seth Cohen iniciou um blogue para dar expressão ao estilo feminino de mulheres com mais de 60 anos. Lyn Slater e Maye Musk – mãe do dono da Tesla – já foram sujeito de publicações e têm, por sua vez, milhares de seguidores nas próprias redes sociais. (...)

Ser uma it girl aos 65
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 5 Homossexuais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-07-19 | Jornal Público
SUMÁRIO: Em 2008, o fotógrafo e blogger Ari Seth Cohen iniciou um blogue para dar expressão ao estilo feminino de mulheres com mais de 60 anos. Lyn Slater e Maye Musk – mãe do dono da Tesla – já foram sujeito de publicações e têm, por sua vez, milhares de seguidores nas próprias redes sociais.
TEXTO: A primeira pessoa que Ari Seth Cohen conheceu em Nova Iorque, acabado de chegar de San Diego, na Califórnia, foi uma mulher. Estava “nos seus 90” e tinha um estilo “incrível”. Corria o ano 2008 — Barack Obama concorria pela primeira vez à presidência dos Estados Unidos, a falência do Lehman Brothers lançava ondas de choque pelo mundo e na Internet começavam a ganhar popularidade os blogues de estilo — mas “não se via imagens pulsantes de pessoas mais velhas”. Quatro meses depois, o fotógrafo começou a documentar “o estilo de rua inspirador dos nossos respeitados anciãos”. Deu ao blogue o nome Advanced Style. Nove anos, dois livros e um documentário mais tarde, soma hoje mais de 208 mil seguidores no Instagram e viaja pelo mundo de lente apontada — esteve recentemente em Sintra. Mas o espaço que ocupava sozinho em 2008 é hoje habitado por dezenas de mulheres de cabelo grisalho — e as suas centenas de milhares de seguidores. É o caso de Judith Boyd, enfermeira psiquiátrica reformada de 74 anos, que vive no Colorado. Foi co-gestora de uma loja de chapéus nos anos 1980 e agora publica no blogue Style Crone conjuntos com chapéus fabulosos. Já Valerie Von Sobel protagonizou a capa do segundo livro de Cohen (Advanced Style: Older & Wiser) e divide hoje o tempo entre as redes sociais, o trabalho de filantropia e as peças que escreve para o HuffPost. Maye Musk — além de instagramer é mãe de um dos empresários mais mediáticos do mundo, Elon Musk, dono da Tesla —, é modelo há cinco décadas e garante que hoje, com 69 anos, está “a trabalhar mais do que nunca”. E Lyn Slater deu o nome Accidental Icon ao blogue quando, durante a semana de moda de Nova Iorque, um conjunto de fotógrafos e pessoas na rua a confundiram com alguém famoso e desde aí não parou — no Instagram tem uma audiência de 251 mil. Embora Lyn Slater não se considere modelo “no sentido tradicional”, esta professora no curso de Serviço Social começou em Janeiro a ser representada pela agência londrina da Elite. Lyn criou o Accidental Icon em 2014. “Estava a sentir-me aborrecida com a vida académica”, conta ao P2, e queria “ter formas de me expressar criativamente”. Partindo da sugestão de começar um blogue, pensou em formas de fazer “algo diferente”, pegando nas competências que desenvolveu ao longo da carreira, na sala de aula — nomeadamente a capacidade “de manter-se actual aos olhos dos estudantes mais novos”. Algo que se provou decisivo no espaço competitivo dos blogues de estilo. Se grande parte destas plataformas são feitas de roles intermináveis de imagens de um conjunto de roupa sob todos os ângulos possíveis e imaginários, com uma ou duas linhas de texto, Accidental Icon é essencialmente o oposto. Geralmente, Slater publica uma ou duas fotografias dos conjuntos dignos de editoriais de moda — fotografados pelo seu parceiro, Calvin — acompanhados de textos provocantes, que normalmente terminam com uma interrogação. De cabelo branco até ao queixo, aparece ora numa elegante escadaria alcatifada com um longo casaco de veludo, ora sentada em escadas de rua vestindo umas calças de ganga rasgadas e uma gabardine metalizada. A lista cuidadosamente programada de estilistas vai de emergentes como Yajun aos mais emblemáticos Issey Miyake e Dries van Noten. “[Tenho] um guarda-roupa único, que não se vê nas lojas ou nas grandes marcas”, conta. Slater trabalha com algumas marcas, mas recusa ainda hoje publicidade na sua plataforma, pelo menos no sentido tradicional. “Preciso de ter controlo criativo sobre como é feito”, explica, acrescentando que hoje é bem mais importante o nível de “engagement” (envolvimento) nas redes sociais, do que o número de seguidores. Por isso, preocupa-se acima de tudo com a qualidade do conteúdo e autenticidade do mesmo. A relação performativa que tem com a moda vem da infância, dos tempos do colégio católico — quando passava horas em casa com um hábito emprestado, a imaginar como seria ser freira. Estávamos na década de 1950 e as mulheres que a rodeavam preenchiam os papéis tradicionais do sexo feminino — “eram mães, ficavam em casa”. Lyn conseguia perceber que muitas delas não estariam necessariamente felizes e “via as religiosas como uma possibilidade diferente de feminilidade”. As freiras “pareciam estar sempre em controlo”, explica ao P2 numa conversa telefónica. “De certa forma, governavam a escola. ”Slater resiste à ideia de estar a representar algum grupo da sociedade e não gosta de falar em idades, mas contenta-se com a noção de ser um exemplo positivo. “O que parece ter acontecido — especialmente com jovens — é que tenho sido vista numa perspectiva diferente de como as pessoas podem pensar no envelhecimento”, aponta. “Em vez de ser tudo tão negativo”, podem ver-se antes “as oportunidades que [a idade] pode oferecer”. “Diria que 98% dos meus seguidores têm entre 13 e 35 anos”, revela. “No outro dia recebi uma mensagem de uma rapariga de 26”, conta, por sua vez, Ari Seth Cohen. Tinha acabado de soprar as velas do bolo e estava preocupada por estar a envelhecer. Depois de ver o documentário Advanced Style — onde Cohen retrata sete nova-iorquinas, como Ilona, que aos 90 anos começou um espectáculo de cabaret —, a tal rapariga escreveu-lhe para contar que “mal podia esperar por ser como aquelas mulheres”. A “esperança” é a palavra-chave, reconhece Cohen. “Mostro mulheres que fazem pilates com 100 anos e recebo emails de pessoas a dizer assim: ‘Estava a chegar aos 60 e a começar a pensar que a minha vida ia acabar, mas vi esta mulher e percebi que há tanto mais à minha frente’”, conta. Para Cohen, o Advanced Style nunca teve que ver com consumismo, moda ou estilo. “Tem mais que ver com a atitude. Estas mulheres têm o poder de inspirar as pessoas a viver de uma forma mais vital, vibrante, activa. ”Maye Musk corrobora. “Trabalhar, continuar a ter estilo e sentirmo-nos bem parece ser aquilo com que as pessoas se entusiasmam”, comenta ao P2 por telefone, de Los Angeles. Curiosamente, são em grande parte as raparigas mais novas a abordá-la com mensagens de gratidão. Àquilo que partilha no Instagram chama boasts, uma mistura de post e do verbo boast (gabar-se, em português). “Tento ter algum sentido de humor”, conta Musk. O feed é um misto de fotografias do dia-a-dia, campanhas de publicidade — para marcas como Virgin Atlantic e Clinique —, dezenas de produções de moda — que já fez para Vanity Fair, Vogue Korea e Elle Quebec, entre outras. E, mais esporadicamente, fotografias ao lado de Ellon Musk — “Eu fui famosa primeiro!”, costuma dizer em entrevistas, meio a brincar. Enquanto o filho ocupa o tempo com o futuro dos carros eléctricos — e com a colonização de Marte —, a agenda de Maye tem estado cada vez mais preenchida, sobretudo depois de ter assinado recentemente contrato com a IMG Models, uma das mais prestigiadas agências de modelos do mundo. No Instagram é seguida por quase 58 mil pessoas e gosta do “poder” que isso lhe dá. Sobre uma coisa esta avó de dez netos não tem dúvidas: há “definitivamente” mais procura de modelos acima dos 60. “As pessoas estão a dar valor a mulheres mais velhas”, confessa. Nas passerelles, em Fevereiro, durante as apresentações semestrais dos criadores de moda, a diversidade de idades foi maior do que alguma vez tinha acontecido, com modelos acima dos 50 a participar em apresentações como as de Gareth Pugh, Simone Rocha, Dries Van Noten e J. Crew. De acordo com o theFashionSpot, 21 modelos nesta faixa etária desfilaram em Nova Iorque, Paris, Londres e Milão. Por comparação, na temporada anterior, tinham sido contratadas apenas 13. A semana da moda de Nova Iorque, neste Setembro, deu continuinidade à crescente tendência da diversidade na passerelle, com desfiles como o de Christian Siriano — que incluiu uma série de modelos plus size e modelos que desafiam as noções de género. Lyn Slater e Maye Musk desfilaram ambas para diferentes marcas, como Just In Case e Zero + Maria Cornejo, respectivamenteNatural do Canadá, Maye começou cedo a trabalhar como modelo e chegou a ser finalista no concurso Miss África do Sul, em 1969 — para onde foi viver com os pais, aos cinco anos, e onde passou grande parte da sua vida. Entretanto, concluiu um mestrado em Dietética e outro — já de volta a Toronto — em Ciências de Nutrição. A carreira de modelo foi sempre secundária ao trabalho. “Não pensava muito sobre isso, porque era dietista e tinha uma clínica privada”, conta. Os anos foram passando e os pedidos para trabalhos de modelo continuaram a chegar. “Era bom porque era uma mãe solteira. ”Do casamento efémero com o engenheiro Errol Musk nasceram três filhos. Elon é o irmão mais velho de Kimbal e Tosca Musk, que trabalham em restauração e televisão, respectivamente. Ao 50 anos, Maye mudou-se do Canadá, para onde tinha ido viver com os filhos depois da África do Sul, para Nova Iorque — numa altura em que a carreira deu um salto, com trabalhos para a Clinique e a Revlon — e aos 60 decidiu celebrar a ocasião deixando de pintar o cabelo. E assim mesmo, grisalha, foi o rosto de uma campanha da Virgin America e capa da New York Magazine. Em Março deste ano, a Vanity Fair chamou-lhe it girl. A perspectiva de Ari Seth Cohen sobre a idade sénior nunca foi igual à da maioria. Passou a infância em San Diego ao lado da melhor amiga, a avó — que descreve como uma mulher inspiradora e com estilo. A sua morte, em 2008, deixou-o “um pouco perdido” e o caminho que tomou levou-o a Nova Iorque, onde começou a ser constantemente exposto a mulheres nos seus 80 ou 90 anos, impecavelmente bem arranjadas e com “vidas entusiasmantes”. Ao mesmo tempo, reparava que não eram representadas pelos media, nem tão-pouco apareciam nos blogues de streetstyle. Algo que o deixava estarrecido. “Não se conseguiam relacionar com o que estava a acontecer na moda”, diz. Cohen olhava com estranheza para o facto de ninguém estar a prestar atenção e também para a forma como a conversa sobre o envelhecimento era sempre “negativa, clínica ou deprimente”. Respondeu com acção: começou a abordar pessoas nas ruas, a ouvir as histórias e a tirar fotografias e procurou enquadrar o projecto “de uma maneira que sabia que iria inspirar as pessoas do mundo da moda”. O Advanced Style “era uma forma de estar ligado à minha avó e de fazer algo criativo, mas também inspirar as pessoas que conhecia a olharem para o envelhecimento de forma diferente”. Em Portugal, o cenário é um pouco diferente. Entre as principais agências de modelos contactadas pelo P2, a opinião é consensual: a procura de modelos mais velhos é praticamente inexistente e nem tão-pouco existem modelos a trabalhar consistentemente na indústria da moda — como é o caso de Musk, que faz essencialmente editoriais, campanhas de moda e também alguma passerelle. À excepção de casos pontuais, os modelos agenciados acima de uma certa idade fazem um trabalho comercial. “Infelizmente, não conseguimos que vinguem. Algumas até poderiam brilhar, mas não temos abertura de espírito para isso”, aponta Fátima Carlos, head booker da Just Models. Tó Romano, um dos directores de Central Models, explica que “é raro uma revista de moda fazer um editorial com personagens de 70 anos”. “Logo”, continua, “não temos aqui alguém especificamente para trabalhar só nesse campo”. Fátima Carlos acredita que se trata de uma tendência que “a longo prazo” chegará também a Portugal. “Haverá ex-modelos com idades mais avançadas que continuam bonitas e que poderiam fazer este tipo de trabalho”, aponta, citando o caso de Kimberly Ribeiro, uma ex-bailarina agenciada na Just Models, com perto de 60 anos, que trabalha como modelo comercial. Para Tó Romano, é impossível ignorar o facto de que a esperança média de vida do ser humano é cada vez maior: “É absolutamente natural que a moda e a publicidade tenham ficado sensíveis a este fenómeno e deixem de fazer fotografia que tenha única e exclusivamente a superjuventude como referência. ”Já Hélio Bernardino, da Elite Lisbon, mostra-se mais céptico. “Aqui chega sempre tudo depois, já sabemos. Não existe ainda essa tendência e não sei se irá existir”, diz. “Duvido, porque as tendências de moda têm sempre que ver com as publicitárias e comerciais. E nós temos uma situação económica complicada — as pessoas com mais de 60 anos estão com dificuldades. ” Para já, garante que não é negócio. “Só para pôr uma pessoa na agência é um investimento enorme, em sessões fotográficas. Não vale a pena estar a investir para depois fazerem um ou outro editorial. ”Mas há casos que fogem à regra, como, por exemplo a recente campanha do criador português David Ferreira, com uma série de modelos, inclusive Conceição Rhodes, de 69 anos, da L’Agence. “Representamos muita gente acima dos 60 anos, tanto homens como mulheres. Estes agenciados fazem sobretudo trabalhos comerciais. Pontualmente fazem trabalhos editoriais, desde que sejam solicitados pelo mercado”, diz a directora da agência, Elsa Gervásio. Lyn Slater é muitas coisas ao mesmo tempo e nenhuma em específico. Na página de apresentação do blogue tem uma longa lista de frases que caracterizam o tipo de mulher que é — alguém que “repudia a invisibilidade”, lê-se por exemplo. Odeia ser “categorias”, diz. “Nunca fui só uma coisa, sempre fui alguém que está constantemente a mudar. Por isso a minha identidade é muito fluida. ”Apesar de não ter começado o blogue com uma mensagem política em mente, Lyn reconhece que está numa posição privilegiada para dar exposição a quem não a tem — mas, continua, “não acho que esteja a representar mulheres mais velhas”. Antes, “qualquer mulher ou homem dispostos a correr riscos, que procuram reinventar-se, que procuram resistir a definições de outros”. “Em vez de dizermos à moda ‘devem começar a ter modelos mais velhos’, devíamos estar a dizer ‘têm de ter pessoas reais como modelos’. ” E isso significa tudo: “Género, etnicidade, idade, sexualidade, deficiência. . . ”Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. São temas sobre os quais já se tem tentado falar nos últimos 30 anos. “Uma das razões que me têm levado a interessar cada vez mais por redes sociais e pelo mundo visual é porque acho que as pessoas estão cansadas de ter a mesma conversa de sempre. Novas imagens de seres humanos têm de começar a emergir. E acho que as pessoas vão estar muito mais interessadas em ter conversas se não tiverem de levar sermões”, desabafa. “Quando as pessoas me perguntam ‘como é que se sente em relação à idade?’, eu digo ‘olhem para as minhas fotografias, não tenho nada a dizer. ”Este artigo encontra-se publicado no P2, caderno de Domingo do PÚBLICO
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave morte homens escola humanos campo filho mulher homem social sexo género mulheres sexualidade casamento rapariga
APAV cria versão em inglês para universitários sobre violência sexual
Estudantes estrangeiros têm agora acesso a informações úteis e e estratégias de prevenção contra a violência sexual (...)

APAV cria versão em inglês para universitários sobre violência sexual
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 5 Homossexuais Pontuação: 2 | Sentimento 0.25
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Estudantes estrangeiros têm agora acesso a informações úteis e e estratégias de prevenção contra a violência sexual
TEXTO: A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), no âmbito do Projecto Unisexo 2, que pretendeu intensificar os esforços de prevenção da violência sexual junto da população universitária de Coimbra, lança agora uma versão inglesa do microsite destinada aos estudantes do ensino superior. Devido ao elevado número de estudantes estrangeiros inscritos na Universidade de Coimbra, cerca de 4000 alunos de 100 nacionalidades diferentes, a APAV entendeu que seria necessária uma versão em inglês do microsite sobre Violência Sexual, facilitando, assim, o acesso de todos os alunos a informação prática e a estratégias de prevenção. O Projecto Unisexo 2 consistiu num concurso de cartazes proposto à comunidade académica de Coimbra, que visava a prevenção da violência sexual, onde foram ainda realizadas três conferências sobre a sexualidade assim como <i>workshops</i> para descontrução de mitos. Segundo dados do relatório anual da APAV relativo ao ano de 2014, no que diz respeito ao nível do ensino, 7, 6% das vítimas destes crimes frequentam o ensino superior (em 2013 eram 6, 9%). A APAV é uma associação que tem como missão apoiar as vítimas de crimes de agressão sexual, assim como as famílias e os amigos, através de apoio prático e genérico, emocional e especializado ao nível jurídico, psicológico e social. Texto editado por Andrea Cunha Freitas
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave violência comunidade social sexual sexualidade
Guida Maria (1950-2018), uma actriz combativa e ousada
Morreu esta terça-feira a actriz Guida Maria. Protagonista de A Promessa, de António de Macedo, no cinema, fez longa carreira na televisão e nunca deixou o teatro – onde teve um dos seus grandes sucessos, Os Monólogos da Vagina. Nos palcos, aliás, procurou mulheres à sua imagem, frontais e destemidas. (...)

Guida Maria (1950-2018), uma actriz combativa e ousada
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 5 Homossexuais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Morreu esta terça-feira a actriz Guida Maria. Protagonista de A Promessa, de António de Macedo, no cinema, fez longa carreira na televisão e nunca deixou o teatro – onde teve um dos seus grandes sucessos, Os Monólogos da Vagina. Nos palcos, aliás, procurou mulheres à sua imagem, frontais e destemidas.
TEXTO: Lá fora, Glenn Close, Susan Sarandon, Kate Winslet, Whoopi Goldberg, Winona Ryder ou Melanie Griffith. Em Portugal, Guida Maria. As numerosas produções do monólogo teatral Os Monólogos da Vagina, da autoria de Eve Ensler, atraíram muitas das mais notáveis e mediáticas actrizes de todo o mundo. A estreia nacional ficou a dever-se a Guida Maria, que, em Outubro de 2000, se atirou a um texto pautado pela frontalidade e desassombro com que aborda a sexualidade feminina. Tal como acontecera nas maiores salas norte-americanas ou londrinas, também por cá foi um sucesso que se colou, com justiça, à pele da actriz, que faleceu esta terça-feira, aos 67 anos, no Hospital São Francisco Xavier, Lisboa, onde se encontrava hospitalizada desde o início de Dezembro. Foi vítima de um cancro no pâncreas. A notícia foi avançada à agência Lusa pelo encenador António Pires, declarando que a actriz morreu durante a manhã, “tranquilamente durante o sono”. O velório tem lugar na Basílica da Estrela, em Lisboa, desde o final da tarde desta terça-feira, de onde o corpo sairá, na quarta-feira, em direcção ao Cemitério dos Prazeres, para a realização do funeral. António Pires dirigiu Guida Maria em três ocasiões, a primeira das quais em Março de 2004, quando a actriz o convidou a assumir a encenação de Zelda, título com que rebaptizou The Last Flapper, peça de William Luce baseada nos diários de Zelda Fitzgerald. Pires era já um amigo da família, uma vez que há muitos anos que o seu percurso profissional se cruzara com a da actriz Julie Sargeant, filha da actriz e do músico Mike Sargeant. “Gostei muito de trabalhar com ela”, declara o encenador ao PÚBLICO. “Era uma actriz muito combativa, muito forte, com muita energia, muito determinada nos seus projectos – depois de ter saído do Nacional [a actriz integrou o elenco residente do Teatro Nacional Dona Maria II entre 1978 e 1998] começou a fazer os seus projectos pessoais, ia convidando encenadores para trabalhar com ela porque não conseguia ficar quieta. ”As características a que António Pires se refere – combativa, enérgica, determinada – correspondem, de alguma maneira, às personagens e aos textos de um universo marcadamente femininos (e feministas, em muitos casos) que Guida Maria escolheu para essas produções que ela própria desencadeava. Assim foi, por exemplo, com Os Monólogos da Vagina, quando viajou até Nova Iorque em busca de um espectáculo à sua medida e se reuniu com os agentes de Ensler para negociar a aquisição de uma peça esgotadíssima na Broadway e que montou com o encenador Celso Cleto para a estreia nacional no Casino Estoril. Zelda, por seu lado, levava para palco a história da mulher de F. Scott Fitzgerald, libertando a escritora, pintora e bailarina da sombra do escritor norte-americano. Antes da estreia, Guida Maria descrevia ao PÚBLICO a mulher que encarnava em palco como “uma intelectual numa altura em que as senhoras eram feitas para casar”. “Eram sempre mulheres muito fortes, com muita opinião sobre a vida, nada conformadas com a vida e com as injustiças e mulheres que marcaram as suas épocas – com as quais ela se identificava”, comenta António Pires acerca das protagonistas em que Guida Maria apostou nos últimos anos da sua carreira teatral e que desenvolveu, em larga medida, em paralelo com os seus papéis na televisão. “Era também assim – uma pessoa muito livre e que falava muito abertamente sobre as coisas. ”Esse perfil seria vincado sobretudo por Os Monólogos da Vagina. Depois da estreia no Casino Estoril, com o público a acorrer em barda (foram quase 20 mil espectadores), Guida Maria regressaria ainda por duas ocasiões ao texto – primeiro no Teatro Villaret, em 2002; depois partilhando o espectáculo com as actrizes Ana Brito e Cunha e São José Correia no Casino de Lisboa, em 2009. Aos monólogos voltaria ainda em 2015, com a peça de Franca Rame, Dario Fo e Jacopo Fo Sexo? Sim, mas com Orgasmo, dirigida também por António Pires e incidindo de novo nos interditos relacionados com a sexualidade, reforçando uma imagem de ousadia que não deixou de levar para palco. Mais recentemente, interpretou Os Malefícios do Tabaco, de Anton Tchékhov, numa encenação de Paulo Ferreira. A imagem de ousadia associada a Guida Maria como actriz vinha já de trás. Em 1973, ao protagonizar com João Mota uma cena de nudez no filme A Promessa, de António de Macedo, faria um enorme furor no taciturno meio cultural e social português – o filme estreou-se pouco antes do 25 de Abril, após uma troca de argumentos com a Censura. O impacto desse momento foi algo que, no entanto, sempre desvalorizou, salientando a normalidade de uma cena daquelas naquilo que o seu trabalho lhe exigia e considerando a decisão – numa entrevista a Ana Sousa Dias para o programa da RTP O Outro Lado – “um acto de coragem do realizador”. “Ela fazia um papel magnífico e era uma das forças daquele filme”, recorda ao PÚBLICO o realizador Lauro António, com quem filmaria mais tarde. A Promessa, de resto, significaria um episódio raro (até então) de chegada do cinema português ao Festival de Cannes – antes disso apenas Leitão de Barros, em 1946, e Bárbara Virgínia tinham estado presentes no certame –, onde François Truffaut, segundo lembrou Fernando Madaíl no Diário de Notícias, lhe terá perguntado: “Mas como é que uma cara tão bonita só fez um filme?”Com António de Macedo, Guida Maria filmou ainda O Princípio da Sabedoria (1975), A Bicha de Sete Cabeças (1978) e Os Emissários de Khalom (1988), tendo sido também dirigida por Artur Semedo (O Barão de Altamira, 1986), Rosa Coutinho Cabral (Serenidade, 1987), João Botelho (No Dia dos Meus Anos, 1992) e Lauro António (O Vestido Cor de Fogo, 1985). Lauro António cruzava-se regularmente com a actriz em encontros organizados por Jorge Vale na Casa da Comida, às Amoreiras (em Lisboa). “Estávamos a falar numa determinada altura e ela disse-me: ‘Estou farta de fazer de princesinha. ’ Eu perguntei-lhe se ela gostava de fazer de prostituta. Ela respondeu: ‘Adorava. ’” E foi assim que o realizador aumentou o papel que lhe atribuiu em O Vestido Cor de Fogo, permitindo-lhe fugir à imagem de “princesinha”. Depois dessas escapadas por terras do cinema, a actriz passou a ser vista sobretudo na televisão, participando em telefilmes, séries e telenovelas, tais como Riscos, Super Pai, a série brasileira O Bem Amado, Olhos de Água, Tudo por Amor, Amanhecer, Doida por Ti ou A Única Mulher (já em 2016). Nascida em 1950, filha do actor Luís Cerqueira, Guida Maria – assim baptizada porque, escrevia Fernando Madaíl, a mãe escolhia para os filhos nomes de personagens do livro As Pupilas do Senhor Reitor, de Júlio Dinis – foi desde cedo uma presença frequente nos palcos portugueses. Iniciou-se com sete anos, na peça Fogo de Vista, de Ramada Curto, e aos 12 teve o primeiro sabor de verdadeiro sucesso enquanto protagonista de O Milagre de Anne Sullivan, uma encenação de Luís de Sttau Monteiro do texto em que William Gibson relatava a história de Helen Keller. “Quase fiquei apaixonado por ela nessa altura”, recorda Lauro António, porque “era muito bonita e tinha uma força muito grande dentro dela que era muito visível”. “A Guida é de Campo de Ourique”, diz Jorge Silva Melo ao PÚBLICO, “aquele que conheci nos finais dos anos 50, e era la plus belle pour aller danser daquele bairro pequeno. ” O encenador nunca esquecerá “aquela matinée no Teatro Avenida” em que também a descobriu no papel de Hellen Keller, a “menina surda-muda que, ao fim de dois actos habilidosamente elaborados, conseguia dizer ‘Água’”. “Eu chorei. E a sala vinha abaixo. ”Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Após uma breve aproximação à LUAR no pós-25 de Abril, dedicou-se durante duas décadas às produções do Teatro Nacional Dona Maria II, que interrompeu apenas para frequentar a American Academy of Dramatic Arts, em Nova Iorque, com uma passagem ainda pelo Actor’s Studio. Ao longo dos anos passados no Nacional, Guida Maria representou os grandes textos do cânone teatral, de Garrett e Shakespeare a Gil Vicente, Brecht e Lorca. Com Lorca, aliás, teve a experiência dupla de representar mãe e filha em A Casa de Bernarda Alba: primeiro na sala lisboeta, foi uma das filhas de Eunice Muñoz; depois no Mindelo, em Cabo Verde, foi a matriarca e actuou parcialmente em crioulo. Foi também no Nacional que se aventurou pela primeira vez numa criação sua a partir do texto Shirley Valentine de Willy Russell, cuja tradução pediu a Silva Melo. Em 2009, desvelando a sua vida artística e abrindo portas para parte da sua intimidade, publicou com Rui Costa Pinto a biografia Guida Maria – Uma Vida. Aí recorda os seus diversos papéis, na ficção e fora dela, sendo certo que nunca deixou de desempenhar aquele que talvez melhor a defina – a de mulher combativa e ousada. Texto corrigido relativamente à data de estreia do filme A Promessa e acrescentada informação sobre os filmes portugueses em Cannes
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Partidos LIVRE
Como ser uma mulher inteira, uma lição de Aretha Franklin para Beyoncé
Muito antes de se falar em empowerment e em wokeness já Aretha Franklin havia descrito como uma mulher negra pode tomar as rédeas da sua vida. Quando virem Queen B a ser rainha, lembrem-se de que ela teve esta mãe. (...)

Como ser uma mulher inteira, uma lição de Aretha Franklin para Beyoncé
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 5 Homossexuais Pontuação: 2 | Sentimento 0.2
DATA: 2018-08-17 | Jornal Público
SUMÁRIO: Muito antes de se falar em empowerment e em wokeness já Aretha Franklin havia descrito como uma mulher negra pode tomar as rédeas da sua vida. Quando virem Queen B a ser rainha, lembrem-se de que ela teve esta mãe.
TEXTO: Às vezes tudo o que é preciso para chegar ao mito é uma ligeira alteração – como quando Clark Gable improvisou aquela fala que ficou para a História, "Frankly, my dear, I don’t give a damn", ou Artur Jorge introduziu Juary ao intervalo daquele Porto-Bayern que resultaria na primeira Taça dos Campeões Europeus dos azuis-e-brancos, em 1987. Alguém foge ao guião, ao que é expectável, introduz um dado inesperado e o caos solta-se e a História nasce. Como quando as irmãs de Aretha cantaram "sock it to me" nos coros de Respect. "Sock it to me". Expressões idiomáticas nem sempre têm uma tradução à letra, mas aqui o significado imediato é: mostra-me o que tens, mostra-me o que vales. Se fôssemos ingénuos, poderíamos, por um segundo, achar que havia aqui incentivo – mas não, a bravata com que a frase é dita torna-a um desafio: levanta a mão se quiseres, que eu não tenho medo de ti. Dizer isto, com esta lata – isto é aquilo a que chamamos História. Há uma ironia aqui: Respect – canção que, na versão de Aretha, toda a gente conhece – foi escrita por um homem, um extraordinário homem, Otis Redding. No original era um monólogo de um homem, cansado de trabalhar, que exigia que a mulher parasse de o aborrecer – na versão de Aretha é outra coisa, uma mulher que simplesmente não aceita não ser respeitada e que enfrenta quem não a respeita. Daí a importância da introdução daquela frase, "sock it to me", nos coros: era como se de repente ficasse claro para toda a gente que as mulheres não mais aceitariam o papel que lhes era votado pelos homens. "Sock it to me" era a verbalização de uma revolta, até então surda, sobre o papel que uma mulher (todas as mulheres) podia(m) assumir. Respect (na versão de Aretha) foi editado em 1967: 51 anos e um Me Too depois, as mulheres só agora estão a começar a realmente dizer "sock it to me". Aretha não achava que a canção fosse particularmente arrojada: "Toda a gente merece respeito, toda a gente quer respeito", disse um dia. "Eu só o pus na voz de uma mulher", acrescentou. Mas isso foi particularmente importante, mais ainda pela época em que a canção foi lançada: não só Respect se tornou bandeira do movimento feminista como a própria Aretha acabou por devir um ícone dos direitos das minorias – mais que isso: ela tornou-se a imagem da mulher que é capaz de se defender a si própria e diz o que tem a dizer. Muito antes de se falar em empowerment e em wokeness já Aretha havia descrito como uma mulher negra pode tomar as rédeas da sua vida. Respect não seria o que é se não fosse Aretha a cantar – e isto é importante: Aretha não está a cantar para demonstrar um ponto; ela está a cantar Respect porque cantar, de todos os pontos de vista possíveis, é a sua forma de se expressar. Ela não foi apenas a mulher que desafiou o seu homem – também foi a mulher que cantou (To be) young, gifted and black, ou Do right woman, do right man (que era feminista de uma forma marota, reclamando mínimos olímpicos sexuais) ou Think. Recapitular essas performances é uma maneira de dar conta da versatilidade de Aretha, bem como da abrangência do seu espectro emocional – mas na versão super-condensada, que reduz a sua carreira apenas a êxitos. Porque para sermos honestos ela é bem mais que um símbolo e a sua grande dádiva tanto às mulheres como ao resto da humanidade (e o resto, os homens, também podem tentar aprender com ela) foi não ter tentado dar lições, muito menos num só aspecto da vida, foi ter cantado tudo: o gospel, os blues, a soul. Do ponto de vista do negro crente, do negro pobre, do negro analfabeto, da mulher apaixonada e capaz de tudo pelo seu homem, da mulher que não se verga, da mulher que não tem vergonha de chorar, da mulher que não só não tem vergonha como assume o seu desejo. Isto foi o que ela deixou, não só a Beyoncé como a todas as mulheres e também aos menos maus dos homens: ser uma mulher negra que nunca tem vergonha de ser mulher, nem negra, nem tem medo do que sente, uma mulher inteira que (parafraseando Caetano) respeita as suas lágrimas e ainda mais a sua risada. Uma mulher que põe a voz toda em cada vocábulo. Aretha era uma voz gigante e comovente, mas era mais do que isso. Vão ao YouTube e vejam as suas aparições na televisão na década de 1960 e 1970: era uma mulher impositiva, sexual, mãe desde os 12 anos, sem medo. Isto aconteceu muito antes de Madonna, muito antes de Queen B, muito antes de Nicki Minaj. Mas quando vemos as Destiny’s Child a cantarem Survivor, quando vemos Beyoncé, de bastão de basebol na mão, a escavacar tudo o que lhe surge rua afora, podemos rastrear esta ascensão mediática actual de uma feminilidade completa, inteira, que foge aos padrões domésticos convencionais, até esse momento em que Aretha surge – na década de 1960 – pelos ecrãs de televisão adentro fazendo ver que uma mulher não é apenas aquele ser que chora na cozinha, a mulher também berra (e se ela berrava), também toma conta de si mesma, também exige uma sexualidade activa. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O mundo, em particular o da pop, mudou muito desde essa época. Madonna explicitou essa urgência sexual, de mulher que não só aprecia sexo como o procura deliberadamente e usa o seu corpo. Mas leiam bem a letra de Do right woman, do right man: "If you want a do-right-all-day woman/ You've got to be a do-right-all-night man". A canção foi escrita por dois homens – mas é quando Aretha a canta que explode e é quando Aretha a canta que o seu significado se torna explícito. Tem um lado machista. O seu significado é: se queres uma mulher que trate do lar o dia todo, tens de tratar de mim a noite toda. Mas o simples facto de resgatar para as mulheres uma sexualidade de que, até então, pouco se falava tornava-a quase radical. Na altura pareceu uma revolução – mas na realidade foi de imediato adoptada pelas mulheres. Aretha tinha essa capacidade: qualquer canção que cantasse sobre pele, género ou liberdade era aceite. Ela dizia que tudo o que cantava vinha do fundo da alma e que para ela soul era só isso. Talvez tivesse razão: talvez fosse apenas uma voz gigante com aquela capacidade dos génios de traduzir musicalmente o que está no fundo da alma. Acontece apenas que no fundo da sua alma estava uma mulher que se recusava a não ser inteira. Quando virem Queen B a ser rainha, lembrem-se de que ela teve uma mãe. As mulheres ainda precisam de ouvir Aretha. Os homens têm de começar a ouvi-la.
REFERÊNCIAS:
Partidos BE
Estudo vai avaliar dor sexual nas portuguesas
A relação entre a dor sexual e o perfil psicossocial das mulheres portuguesas vai ser avaliada por um estudo da Universidade de Aveiro. Uma investigação pioneira no país, que pretende “ajudar a quebrar um tabu” e, a longo prazo, traçar um plano de tratamento. (...)

Estudo vai avaliar dor sexual nas portuguesas
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 5 Homossexuais Pontuação: 2 | Sentimento 0.5
DATA: 2012-01-04 | Jornal Público
SUMÁRIO: A relação entre a dor sexual e o perfil psicossocial das mulheres portuguesas vai ser avaliada por um estudo da Universidade de Aveiro. Uma investigação pioneira no país, que pretende “ajudar a quebrar um tabu” e, a longo prazo, traçar um plano de tratamento.
TEXTO: Em análise vão estar variáveis como a auto-estima sexual, o relacionamento com o parceiro e as crenças e afectos, que podem ser determinantes para a compreensão deste tipo de dor. Quem o diz é Cátia Oliveira, psicóloga e terapeuta sexual responsável pela investigação, que vem explorar uma área de estudos que, assegurou ao PÚBLICO, tem sérias limitações. Especialmente em Portugal, mas também a nível internacional, onde, diz Cátia, não há respostas quanto a métodos de tratamento. Para a investigadora, há primeiro que “perceber o que está a faltar” para, no futuro, agir no sentido do tratamento. Por agora, a dor sexual tem ainda de ser desmistificada, adianta Cátia Oliveira, uma vez que “a maior parte das mulheres não procura ajuda”, resignando-se com a dor. O que resulta no desconhecimento generalizado do problema, esclarece a terapeuta. Daí que o objectivo seja inferir se será uma dor mais próxima de algo crónico ou da disfunção sexual, ou ainda se, pelo contrário, se tratará de uma dor distinta. Para o efeito, pede-se a colaboração de mulheres entre os 18 e os 75 anos nos inquéritos, disponíveis no site da Unidade Laboratorial de Investigação em Sexualidade Humana (SexLab) da Universidade de Aveiro.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave ajuda sexual mulheres sexualidade
“Estripador de Lisboa” está vivo e mora perto de um dos locais do crime
Barra da Costa garante que encontrou o alegado assassino de três prostitutas na década de 1990. (...)

“Estripador de Lisboa” está vivo e mora perto de um dos locais do crime
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 5 Homossexuais Pontuação: 2 | Sentimento 0.1
DATA: 2013-10-12 | Jornal Público
SUMÁRIO: Barra da Costa garante que encontrou o alegado assassino de três prostitutas na década de 1990.
TEXTO: O analista criminal Barra da Costa diz que encontrou o “estripador de Lisboa”, que “está vivo” e mora perto de um dos locais onde terá assassinado três prostitutas nos anos 90, mas acredita que este não voltará a matar. Barra da Costa descobriu o paradeiro do alegado autor da morte de três prostitutas entre 1992 e 1993 enquanto elaborava o perfil deste homem, durante a investigação que fez para a sua tese de doutoramento. Esta deu origem ao livro Perfis Psicocriminais - Do Estripador de Lisboa ao Profiler, que conta com o prefácio da procuradora-geral adjunta Maria José Morgado. Em entrevista à Lusa, o investigador contou que durante a consulta do processo do “estripador de Lisboa” deparou com alguns aspectos até então desconhecidos, pelo menos para este antigo inspector-chefe da Judiciária. Por exemplo, a existência de uma impressão digital com 13 pontos característicos (com mais de 12 há uma certeza absoluta da impressão em relação à pessoa). Segundo este profiler criminal, trata-se de uma impressão recolhida de uma caixa de cartão com pacotes de leite, no local do último crime, na Póvoa de Santo Adrião. Uma outra era conhecida, mas com insuficientes pontos característicos para a obtenção de uma identificação. “Ninguém fala nesta impressão digital [com 13 pontos característicos], que consta do processo. Foi essa impressão digital que eu recolhi quando fiz a consulta do processo e que pedi a um colega meu que a relevasse em termos técnico-científicos para ser comparada”, afirmou. Mais tarde, prosseguiu, encontrou alguém que entroncou no perfil que construiu: “Sexo masculino, branco, na altura com 30-35 anos, reservado e solitário, vivendo perto do local [de um dos crimes], distante, fumando o tal cigarro [foi encontrada uma beata no corpo de uma das vítimas]”. O perfil apontou para alguém “com sentimentos profundos de raiva, ódio e rancor, direccionados para as mulheres, em especial aquelas que recaiam no seu tipo ideal de vítima, desenvolvidos durante anos, no decorrer dos quais foi criando e aperfeiçoando as suas fantasias”. Nome consta do processo“De média-baixa condição sócio-económica, estima-se que possua um coeficiente de inteligência dentro da média. A sua solidão encontra-se relacionada com sentimentos de inadequação que ele próprio sente perante si mesmo. Provavelmente é visto pelos demais como um sujeito reservado, estranho, mas incapaz de actos tão cruéis. Desconfiado, impulsivo e agressivo, sem capacidade para sentir qualquer empatia, tornou-se impermeável aos sentimentos e à dor dos outros. A sua crueldade, visível na forma como cometeu os crimes, é própria de alguém frio e indiferente”, disse. Depois, “limitei-me a dar-lhe um dia um copo com água, comparámos as impressões digitais que ficaram no copo com a tal impressão digital e. . . bingo”. O indivíduo que Barra da Costa acredita ser o “estripador de Lisboa” tem o mesmo nome que uma testemunha que consta do processo disse ter ouvido na noite de um dos crimes. “Uma testemunha terá ouvido a última das três vítimas gritar, com a voz abafada, ‘ó fulano, não me faças mal’ e “isso até está no processo e o nome está lá”, adiantou. Sobre as razões que terão levado aos crimes, Barra da Costa desvia-se um pouco das conclusões da sua tese, recuperando a morte do pai do estripador. “Penso que pode ter havido uma colagem afectiva, que este problema não lhe diz respeito essencialmente a ele, mas a alguém da família, nomeadamente o pai. E que em consequência dessa colagem ele tenha descarregado em outras pessoas a raiva que sentia pela natureza dessa morte. É essa ambivalência, entre o perfil realizado e os novos dados entretanto obtidos, que procuro ainda esclarecer”, disse. Em relação ao crime, o criminologista diz que este é de “natureza sexual”. “Estamos na presença de um serial killer meio atípico, que não retira daquele tipo de crime algo que se prenda essencialmente com a sexualidade. Ele tortura, causa terror, dor, mas não tira disso prazer, pois não há uma única relação sexual com as vítimas. Matar não satisfaz as suas necessidades, que são de caráter compulsivo, e por elas vai para além do homicídio, para pôr em prática as suas fantasias de cariz sexual”. “O prazer sexual dele vem do domínio. Do poder sobre a pessoa e de poder estripá-la, sempre viva. Não é sádico, porque torna as vítimas inconscientes e nessa fase ainda produz o estripamento, um ritual que é a sua assinatura, levando depois órgãos, os troféus. É um assassino por luxúria, hedonista”. Barra da Costa acredita que esta pessoa “não vai permitir contactos”, pois “socialmente não é muito atreita a isso”. “Voltará ele a atacar? É muito difícil, porque já não tem as mesmas características. Nem a idade, nem condições físicas para o fazer. As pessoas podem de alguma maneira ficar descansadas”, concluiu. Falhas na investigaçãoOs crimes do “estripador de Lisboa” já prescreveram, pelo que este homem não pode ser preso. Para Barra da Costa, a falha principal da investigação destes crimes foi de “ordem técnica”, uma vez que “não havia ainda condições para analisar todos os elementos, nomeadamente biológicos”, mas também o afastamento de quem na altura podia ter chegado ao assassino. Barra da Costa acredita que “o coordenador da investigação, João de Sousa, chegaria lá, caso não tivesse sido (mal) afastado”. “Há incompetência técnica e estrutural de quem superintende a investigação criminal em Portugal: o Ministério Público”, acusou.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave crime morte homicídio homem sexo sexual mulheres corpo sexualidade
A medicina ainda fala pouco da vagina
O Sexo e a Cidade deu grandes lições às mulheres. Aprenderam que os Manolos são os melhores sapatos do mundo, que comprar uma Louis Vuitton é como comprar ouro, um investimento, que mostrar as alças do soutien é cool. Aprendemos coisas deCidade, portanto. Também houve lições de Sexo: o sémen de alguns homens tem cheiro, as mulheres ejaculam, um pénis largo dá mais prazer do que um comprido mas fininho. Mas a maior lição de todas foi mais discreta. (...)

A medicina ainda fala pouco da vagina
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 5 Homossexuais Pontuação: 2 | Sentimento -0.18
DATA: 2010-12-27 | Jornal Público
SUMÁRIO: O Sexo e a Cidade deu grandes lições às mulheres. Aprenderam que os Manolos são os melhores sapatos do mundo, que comprar uma Louis Vuitton é como comprar ouro, um investimento, que mostrar as alças do soutien é cool. Aprendemos coisas deCidade, portanto. Também houve lições de Sexo: o sémen de alguns homens tem cheiro, as mulheres ejaculam, um pénis largo dá mais prazer do que um comprido mas fininho. Mas a maior lição de todas foi mais discreta.
TEXTO: Miranda: Qual é o grande mistério? A minha vagina, não a esfinge!Por mais sofisticadas - no vestir, no falar, no beber, no namorar - que as mulheres sejam, a vagina continua a ser, para elas, uma desconhecida. Vai-se aprendendo um bocadinho de cada vez. Às vezes, quando tudo corre mal, tira-se um curso intensivo. E há tanta coisa que pode correr mal. Sobretudo se nos lembrarmos que a vagina é uma cavidade e está rodeada por músculos. No corpo, o que mais se parece com ela é a boca, diz Isabel Ramos, fisioterapeuta especializada nas áreas da obstetrícia ginecologia e pediatria. "Uma das razões por que as mulheres sabem tão pouco da sua vagina é não a poderem ver. Mesmo usando um espelho, só podem ver por fora", explica a ginecologista e obstetra Teresinha Simões. Não podem, ou não querem. "Quanto faço exames, tenho um aparelho e as pessoas podem ver, mas muitas mulheres não querem. Algumas não sabem que a vagina não é um buraco aberto e têm medo de perder um tampão ou um preservativo", diz esta médica. Há duas explicações relacionadas que explicam tanto desconhecimento. A vagina está associada à sexualidade e esse ainda é um tema muito oculto na sociedade ocidental. Talvez por isso a medicina tenha demorado tanto tempo a falar dela, das suas funções e da sua saúde. A verdade é que a maioria das mulheres não teve quem lhe explicasse que a vagina é uma mucosa rodeada de músculos. E se estes músculos (o pavimento pélvico) têm um papel sexual importante, também são eles que suportam o útero, a bexiga e o intestino. Por isso, temos que lhes dar atenção, como damos atenção aos músculos da barriga ou dos braços. E, ao longo de toda a vida, sobretudo se pensarmos que a vagina é o canal natural para ter filhos, quem planeia tê-los precisa de fortalecer a musculatura. Rupturas e prolapsosQuando há lesões musculares, os órgãos ficam fora do lugar e aparecem os problemas. Podem ocorrer rupturas de ligamentos, alargamentos da vagina e prolapsos do útero, da bexiga, do intestino e, nestes últimos casos, aparece a incontinência urinária ou fecal. São múltiplos os factores que podem danificar os músculos do pavimento pélvico. Imaginemos uma mulher que trabalha numa grande cozinha e tem que carregar sacos de batatas e grandes panelões todo o dia; a força abdominal pode provocar danos. Também há factores genéticos. E o parto vaginal, sobretudo quando é prolongado e o bebé tem mais de quatro quilos. Às vezes, as mulheres nem dão por isso. Há 13 anos, quando teve o primeiro filho, Maria Tomás acreditou que estava tudo normal. A roupa de antes da gravidez servia-lhe. Não tinha quebras de energia, falta de apetite sexual, dores. . . "Só sentia um incómodo. Por exemplo, quando vestia calças de ganga. Havia uma impressão, sentia-me mais larga, mais aberta. "O primeiro filho demorou oito horas a nascer. O parto, induzido às 40 semanas, não correu bem. O bebé era grande, mais de quatro quilos. Foi um parto vaginal. Com dois dedos de dilatação - conta Maria -, deram-lhe a epidural. "Estive oito horas com dores e sem dilatar. Foi horrível. Tiveram que me dar uma segunda epidural quando a dilatação aumentou e depois foi rápido. Mas eu nem sequer olhei para o bebé, só queria que aquilo acabasse. "A seguir, veio "o normal". Não são as próprias mulheres quem diz que depois de dar à luz nunca mais se é a mesma?"Sim, achei que era mesmo assim. " E assim o "incómodo" permaneceu. Permaneceu quatro anos. "Quando engravidei pela segunda vez, fiquei um mês de repouso. Tinha uma vida mais stressante, mais agitada, mas sobretudo tinha a "barriga" muito em baixo e, para não haver riscos, fiquei em descanso", conta Maria Tomás, que tem 43 anos e é redactora de publicidade.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave filho mulher medo sexual mulheres corpo sexualidade vagina
A dor na sexualidade feminina
A dor sexual afecta um número significativo de mulheres em diferentes culturas, idades e fases de vida, havendo valores de prevalência que podem chegar aos 61%. (...)

A dor na sexualidade feminina
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 5 Homossexuais Pontuação: 18 | Sentimento 0.0
DATA: 2019-07-10 | Jornal Público
SUMÁRIO: A dor sexual afecta um número significativo de mulheres em diferentes culturas, idades e fases de vida, havendo valores de prevalência que podem chegar aos 61%.
TEXTO: É já só em meados do século XX que a sexualidade feminina ganha um maior destaque social e científico, desenvolvendo-se a pouco e pouco uma visão e conhecimento cada vez mais integrativos da sexualidade da mulher, tendo em conta o seu contexto individual, social e relacional. Apesar de todos os avanços, a sexualidade feminina (assim como a masculina) encontra-se, ainda hoje, associada a muitos desafios relacionados com a falta de formação académica e técnica, sensibilização (quase inexistente) dos serviços de saúde para abordarem e integrarem esta temática, a consequente negligência da complexidade psicológica e relacional da sexualidade humana e a sua excessiva medicalização e a ameaça à liberdade e não discriminação sexual. É neste mesmo contexto que se enquadra a vivência e abordagem científica da dor sexual ou a Perturbação de Dor Genitopélvica/Penetração, que é definida, no Manual de Diagnóstico de Perturbações Mentais da American Psychiatric Association, como uma dificuldade persistente e frequente na penetração vaginal durante a actividade sexual, muitas vezes associada à presença de dor, à compressão marcada dos músculos do pavimento pélvico, e à presença de níveis significativos de medo e ansiedade no antes, durante e depois da actividade sexual. São vários os factores que podem vulnerabilizar e manter este tipo de dificuldade, aos quais as mulheres e profissionais devem estar atentos. Em termos biológicos podem existir anormalidades no hímen, atrofia vaginal, infecções e lesões vaginais, endometriose, quistos ováricos, alterações hormonais, gravidez, parto, menopausa, tratamentos oncológicos, entre outros. Ao nível de factores psicossociais, surgem frequentemente associados problemas como ansiedade e humor, baixa auto-estima e imagem corporal, educação conservadora e severa, falta de educação sexual ou inadequação da mesma, experiências sexuais prévias traumáticas. Ao nível de factores relacionais, surge o tipo de resposta do parceiro face à dor, a pobre comunicação com o parceiro, os baixos níveis de satisfação na relação e fracas expectativas em relação ao futuro da mesma, como determinantes no surgimento e manutenção destas dificuldades. A dor sexual afecta um número significativo de mulheres em diferentes culturas, idades e fases de vida, havendo valores de prevalência que podem chegar aos 61%. A destacar o facto de a maioria destas mulheres viverem esta dificuldade em silêncio e sem recorrerem a ajuda médica ou psicológica, mesmo na presença de valores de intensidade da dor médios/altos e com níveis de interferência e mal-estar muito significativos. Das mulheres que quebram este padrão, são vários os relatos que evidenciam a presença de um diagnóstico errado e a tentativa de vários tratamentos sem resultados positivos. Em consulta são visíveis níveis elevados de stress emocional, sentimentos de culpa, vergonha, frustração, raiva e confusão, um aumento de dúvidas e incertezas em relação à problemática, um crescente isolamento e um aumento de sensibilidade a exames médicos, que exacerbam e aumentam a sintomatologia, nem sempre favorecendo o timing e significado do tratamento actual. Contudo, hoje, existem vários tratamentos cujos estudos demonstram eficácia e cujos efeitos são visíveis na experiência clínica, desde que devidamente adaptados a cada caso. O uso de diferentes substâncias usadas de forma local ou sistémica e procedimentos cirúrgicos, como a perineoplastia e a vestibulectomia, parecem ter efeitos positivos ao nível da vivência e intensidade da dor. Os mesmos resultados surgem após a Terapia Sexual e Psicoterapia, onde as mulheres adquirem a capacidade de lidar com os seus pensamentos, emoções e comportamentos em torno da dor, sexualidade e relação com o/a parceiro/a. Com o novo desenvolvimento das terapias cognitivo-comportamentais de 3. ª geração e do mindfulness, surgem igualmente resultados significativos ao nível da diminuição da intensidade da dor, mas também na qualidade de vida em geral e ao nível da comunicação e da intimidade sexual com o parceiro. Finalmente, a fisioterapia com intervenção ao nível do pavimento pélvico, nomeadamente através de técnicas de biofeedback ou estimulação eléctrica, tem demonstrado resultados muito animadores, sendo os mesmos aparentemente mais determinantes quando conjugados com a psicoterapia. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Assim, apesar de a dor sexual ser um quadro complexo e frequente, o seu tratamento parece estar significativamente dependente de mudanças, quer da parte dos sistemas e profissionais de saúde quer da parte das mulheres e casais que vivem com estas dificuldades. É consensual a necessidade de uma avaliação e tratamento multidimensionais e multidisciplinares para o alcance de resultados terapêuticos satisfatórios, logo, a formação, encaminhamento clínico e sensibilidade para a sexualidade da parte dos profissionais de saúde é essencial. Ao nível científico, é necessário o desenvolvimento de estudos que permitam o aperfeiçoamento dos protocolos de avaliação e intervenção na dor sexual. Finalmente, as mulheres e casais que vivem a sua sexualidade condicionada devido à presença da dor contribuirão para o desenvolvimento deste sistema se abordarem as suas dificuldades nos contextos de saúde, sem tabus. Viver a sexualidade com qualidade não é um privilégio, é, sim, um direito e uma das componentes essenciais à nossa qualidade de vida, saúde e bem-estar.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave educação mulher ajuda social medo sexual mulheres sexualidade feminina vergonha discriminação ansiedade
Madonna enfrenta processo por danos morais por ter apoiado homossexuais na Rússia
Um tribunal de São Petersburgo, na Rússia, vai decidir até ao final da semana o seguimento a dar à queixa feita contra a cantora norte-americana Madonna, por ter apoiado os homossexuais durante um concerto naquela cidade. Se o processo avançar, a cantora poderá ter de pagar por "danos morais". (...)

Madonna enfrenta processo por danos morais por ter apoiado homossexuais na Rússia
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 5 Homossexuais Pontuação: 16 | Sentimento 0.125
DATA: 2012-08-20 | Jornal Público
SUMÁRIO: Um tribunal de São Petersburgo, na Rússia, vai decidir até ao final da semana o seguimento a dar à queixa feita contra a cantora norte-americana Madonna, por ter apoiado os homossexuais durante um concerto naquela cidade. Se o processo avançar, a cantora poderá ter de pagar por "danos morais".
TEXTO: “A queixa contra a cantora Madonna foi apresentada na passada sexta-feira. O tribunal deve decidir dentro de cinco dias se é admissível”, disse Tatiana Senko, do tribunal Moskovski de São Petersburgo, em declarações à agência de notícias France Press. Os queixosos são nove activistas de grupos ultra-nacionalistas pouco conhecidos, como a Nova Grande Rússia e o Sindicato dos Cidadãos da Rússia, que se sentiram ofendidos pelas palavras da cantora, que se manifestou a favor da causa homossexual durante um concerto naquela cidade, a 9 de Agosto. Os activistas consideram também que a artista ofendeu os sentimentos religiosos dos ortodoxos, ao difundir imagens de cruzes ortodoxas partidas durante o concerto. “Os queixosos reclamam uma indemnização por danos morais”, disse Tatiana Senko, sem precisar qual o montante pedido. Na sexta-feira, o advogado dos militantes, citado pelas agências de notícias russas, disse que os seus clientes pedem uma indemnização de 8, 5 milhões de euros. Durante o seu concerto em São Petersburgo, a rainha da pop norte-americana tinha nas costas a inscrição “Fearless” (Sem medo) e convidou o público a “mostrar a sua estima e o seu amor” pela comunidade gay. Uma lei aprovada em Fevereiro naquela cidade pune qualquer “acto público” que faça a promoção da homossexualidade. A homossexualidade é considerada crime na Rússia desde 1993 e é vista como uma doença mental desde 1999.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave crime lei tribunal rainha comunidade doença medo homossexual gay cantora
Facebook cancela conta de italiana por foto de beijo gay
Imagem de duas mulheres a beijarem-se provocou denúncias. Rede social afirmou que violava as regras contra a nudez e pornografia. (...)

Facebook cancela conta de italiana por foto de beijo gay
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 5 Homossexuais Pontuação: 13 | Sentimento 0.208
DATA: 2014-05-20 | Jornal Público
SUMÁRIO: Imagem de duas mulheres a beijarem-se provocou denúncias. Rede social afirmou que violava as regras contra a nudez e pornografia.
TEXTO: Duas mulheres beijam-se, com as cores do arco-íris pintadas nas faces. A fotografia foi escolhida pelo amor que transmite de uma forma “pura”, explica Carlotta Trevisan, uma italiana de 28 anos, que viu a sua conta do Facebook apagada por ter violado as regras da rede social sobre “nudez e pornografia”. Carlotta queria apenas assinalar o Dia Internacional contra a Homofobia e Transfobia. A italiana actualizou a sua fotografia de perfil com a imagem do beijo das duas mulheres na última quinta-feira, numa afirmação pela defesa dos direitos das lésbicas, gays, bissexuais e trangénero e para lançar uma discussão sobre a homofobia. Pouco depois, os comentários positivos e de apoio começaram a surgir mas intervalados com críticas e mensagens homofóbicas. “Isto não presta”, alguém escreveu. “Tira a fotografia. Tenho que proteger o meu filho menor”, lia-se noutro post. Carlotta, que tem uma filha de seis anos, conta ao jornal La Stampa que não percebeu o porquê do negativismo em torno da fotografia. “Num beijo entre duas pessoas de qualquer género vejo apenas o seu amor, nada mais. Não me incomoda”. Após alguns comentários negativos, a italiana recebeu uma mensagem do Facebook onde era informada que a imagem que publicou tinha sido alvo de denúncias por violar a questão da nudez e pornografia, conteúdos proibidos na rede social. Foi-lhe ainda pedido que retirasse a fotografia da sua página, o que Carlotta se negou a fazer. “Esta é uma das várias fotografias do género que podemos encontrar no Google. Por isso, qual é o mal?”, questionou. O perfil foi cancelado pelo Facebook. A italiana decidiu partilhar a imagem com os amigos através de email e contou-lhes o que tinha acontecido. Como resposta recebeu solidariedade e força para protestar junto do Facebook. “O que me magoa é a razão pela qual bloquearam a conta e por que me proibiram de comunicar com os meus amigos, com o mundo”, lamentou ao La Stampa. Questionada sobre se estaria disposta a criar um outro perfil na rede social, Carlotta respondeu que quer recuperar a página que já tinha criado. Esta terça-feira, a página da italiana estava de novo activa e sua foto de perfil é agora a imagem censurada. O Facebook recusou-se, até ao momento, a comentar o caso. Segundo um estudo avançado na semana passada pela Ilga Europa, Itália foi considerado um dos países que mais desrespeitam os direitos de lésbicas, gays, bissexuais e transgénero (25% afirmaram aceitar a diversidade sexual). O Reino Unido está no topo da lista (82%), seguido da Bélgica (78%), Espanha (73%), e depois Holanda, Noruega e Portugal, países com valores próximos dos 70%.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos filha filho social género estudo sexual mulheres homofobia