Uma política para a revolta
Precisamos de um New Deal climático, mobilizando recursos e vontades numa escala maior do que aconteceu na II Guerra Mundial. (...)

Uma política para a revolta
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Precisamos de um New Deal climático, mobilizando recursos e vontades numa escala maior do que aconteceu na II Guerra Mundial.
TEXTO: O acontecimento mais relevante da COP-24 foi a rejeição do mais recente documento do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC) pelos Estados Unidos, Rússia, Arábia Saudita e Kuwait. Este é o corolário dos Estados-pária que assumem que a sua preponderância económica é mais importante do que a continuação da civilização humana. O sentimento de choque na imprensa e nos cientistas só se explica por uma enorme ingenuidade e pelo apagar voluntário das memórias dos últimos 30 anos. Em 1992, antes da Cimeira da Terra, George Bush já o tinha dito com todas as letras: “O estilo de vida americano não é negociável. Ponto. ” Desde então os EUA boicotaram todos os acordos climáticos, de Quioto a Paris. São o principal actor do falhanço em termos de redução de emissões de gases com efeito de estufa. À escala global, desde 1992, só a crise financeira (também de origem nos EUA) fez as emissões mundiais caírem, apesar de taxas de carbono e comércio de emissões. Em 2018, novo recorde de emissões. O metano também disparou, mas a sua contabilidade é mais frágil, os EUA o principal emissor, depois da revolução do fracking. Agora, os EUA co-lideram o esforço para bloquear a ciência climática, que diz que acabou o business as usual e que é preciso cortar 50% de todas as emissões até 2030. Os EUA são o baluarte e o braço armado do capitalismo global. E se o capitalismo global tem dificuldades em fazer dinheiro com as alterações climáticas, os EUA tudo farão para evitar que se fale sequer de alterações climáticas. E, assim, Trump mandou apagar as referências ao clima nos sites governamentais, mandou a NASA parar de recolher dados climáticos, anunciou a saída do Acordo de Paris e, até lá, o seu boicote. A aliança EUA-petroestados, em particular com a Rússia, é uma resposta directa ao fraco Acordo de Paris e a ascensão da extrema-direita negacionista em vários países relevantes dá-nos conta das respostas capitalistas à maior crise alguma vez criada: começam pelo negacionismo, passam pelo boicote e sabotagem e culminarão na assunção de projectos políticos de genocídio (os povos mais vulneráveis às alterações climáticas e os refugiados climáticos já são os primeiros alvos). Para desconversar, falam das emissões da China, como se os produtos manufacturados aí não acabassem no Ocidente. Trumps e Bolsonaros usam a ignorância como medalhas ao peito. Mas não nos enganemos: eles replicam e ecoam sectores da população que valorizam a ignorância. O medo do desconhecido, após o falhanço do triunfalismo capitalista, a ascensão das guerras, terrorismos e da crise ambiental global empurram as pessoas para a valorização da ignorância: porquê valorizar o conhecimento, quando ele tem tanto de assustador para nos dizer nestes tempos? Também se criou o apelo de recuar 50 anos no tempo, quando a ignorância imperava ainda mais, criando um imaginário idílico e irreal de outros tempos para, com ignorância histórica, idolatrar um passado que nunca existiu. Mas a manutenção das propostas destes líderes produzirá um recuo de centenas de milhares anos, para um clima incapaz de suster materialmente a civilização humana. Quem leu e promoveu este programa político foi Vladimir Putin — a total dependência da economia russa da produção de petróleo e gás levou-o a assumir que um acordo climático que travasse as emissões de gases com efeito de estufa levaria ao colapso da Rússia, pela segunda vez em menos de 30 anos. Por isso, pôs mãos ao trabalho para apoiar as forças políticas no Ocidente que conseguissem travar qualquer acção climática significativa. O seu enorme sucesso só é surpreendente para quem não olhou para a maneira como a União Europeia lidou com a crise das dívidas soberanas. O legítimo descontentamento popular dos povos é pasto fértil para a proposta de um regresso ao passado e a “certezas” autoritárias num tempo em que a autoridade nada tem para oferecer aos povos. Mais do que coragem ou esperança, o que a liderança política do capitalismo ocidental ofereceu foi cobardia. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. As elites “centristas” que geriram a União Europeia e os EUA expandiram o pasto para a ignorância autoritária e a fertilidade para a inacção frente ao caos climático. E, pior, para a acção errada, transferindo o ónus da transição energética para os combustíveis, afectando as populações mais pobres e que dependem do transporte individual, sem alternativas para sair do ghetto dos arredores das cidades turistificadas. A revolta contra Macron é uma revolta contra a cobardia e a injustiça (também climática). São estes os heróis que o capitalismo tem para mostrar ao mundo: Macrons, Trudeaus, Junckers e Barrosos. O capitalismo empurra para a confrontação, mas isto serve de pouco. Para travar o aumento da temperatura nos 1, 5º ou 2ºC, o Acordo de Paris teria de resolver a dependência em combustíveis fósseis das economias e das populações. Teria de acautelar que transições como a da economia russa para um novo paradigma energético não seriam colapsos como a queda da União Soviética. Garantiria justiça no processo de transição, para trabalhadores e populações, para o Sul e o Norte global, para países “desenvolvidos” e sobreexplorados. Garantiria formação e novos empregos para mineiros do carvão e para trabalhadores do fracking nos EUA, para trabalhadores da central a carvão de Sines, a electrificação de todos os países africanos, criaria milhões de empregos para o clima. E evitaria conflitos e guerra, emendando o desconcerto das nações que são as relações internacionais de hoje. Precisamos de um “New Deal” climático, mobilizando recursos e vontades numa escala maior do que aconteceu na II Guerra Mundial. Para isso, são precisos Estados, mas principalmente são precisas populações e trabalhadores, para, como ocorreu há 70 anos, haver coragem e mandatos políticos para mandar a Ford deixar de produzir carros e passar a produzir tanques (agora autocarros eléctricos), para mandar a General Motors passar a produzir caças (agora turbinas eólicas), para mandar a Chrysler produzir processadores (agora painéis solares). É preciso uma política para a revolta e uma revolta política. No século passado, o perigo era o mundo cair no fascismo; hoje é deixar de sustentar a civilização. O capitalismo e os mercados não têm nada para nos oferecer: o objectivo não é fazer dinheiro, é resgatar a civilização humana, custe o que custar.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA NASA
Minuto a minuto: a batalha final em Trípoli
O regime do ditador líbio Muammar Khadafi desmorona-se depois de seis meses de guerra civil com rebeldes que lutam por uma nova liderança no país. Ontem, a rebelião, apoiada pela NATO, chegou ao centro simbólico do poder, a Praça Verde, e houve muitos festejos nas ruas. O líder líbio ainda não foi capturado e os rebeldes cercam a fortaleza de Khadafi na capital. (...)

Minuto a minuto: a batalha final em Trípoli
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-08-22 | Jornal Público
SUMÁRIO: O regime do ditador líbio Muammar Khadafi desmorona-se depois de seis meses de guerra civil com rebeldes que lutam por uma nova liderança no país. Ontem, a rebelião, apoiada pela NATO, chegou ao centro simbólico do poder, a Praça Verde, e houve muitos festejos nas ruas. O líder líbio ainda não foi capturado e os rebeldes cercam a fortaleza de Khadafi na capital.
TEXTO: 16h29 O procurador do Tribunal Penal Internacional, Luis Moreno-Ocampo, está e continuará nos próximos dias em conversações com representantes do CNT para “decidir como será entregue” Saif al-Islam, filho de Khadafi, ontem capturado em Trípoli, àquela instância máxima de justiça, assim como Abdullah al-Senussi, o chefe dos serviços secretos militares. O TPI emitiu mandados de captura daquelas duas figuras máximas do regime e também de Khadafi a 27 de Junho, por crimes contra a humanidade. 16h25 O líder do CNT, Mustafá Abdul Jalil, afirma que Sirte, cidade natal de Muammar Khadafi, na zona costeira central do país, está sob cerco das forças rebeldes. Fontes ouvidas pela Al-Jazira confirmaram que a cidade está sem electricidade nem comunicações e que leais a Khadafi estão ali refugiados, incluindo o ministro da Informação do regime, Ali al-Kilani. 16h18 Um responsável do Pentágono afirmou à Reuters que os Estados Unidos não acreditam que o coronel Khadafi tenha saído da Líbia. 16h14 O ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Ahmet Davutoglu, disse, citado pela Reuters, que vai viajar nesta terça-feira de Addis Abeba, onde se encontra numa reunião de emergência da União Africana, para o bastião rebelde na líbia oriental, Bengasii. Davutoglu vai representar a Turquia e também o grupo de contacto internacional formado este ano pelos Estados Ocidentais e Árabes para elaborar uma estratégia na Líbia. 16h11 Outro dos filhos de Khadafi, o antigo futebolista Al-Saadi que foi capitão da selecção da Líbia e jogou no campeonato italiano, foi capturado, noticiou a estação de televisão Al-Arabiya. A televisão dos rebeldes líbios adiantou entretanto que Masud al-Hafiz, um familiar de Khadafi, foi detido, enquanto um representante do ministério da Defesa tunisino garantiu que um antigo coronel de Khadafi acusado de perpetrar um atentado contra uma embaixada árabe em Tunis rendeu-se na sexta-feira ao Exército tunisino. 16h09 Nuri, residente em Trípoli conta à BBC News: “Muitas pessoas estão a ficar em casa e saem apenas para fazer alguns recados urgentes. Não sou um lutador da liberdade mas estou a ajudá-los de todas as maneiras que posso. Recebemo-los com alegria e esperamos que Trípoli seja libertada em breve. Preparamo-nos para mais uma noite intensa de combates nas ruas. Creio que as forças de Khadafi vão começar a fazer guerrilha porque sabem que não têm o apoio do povo”. 16h07 Um grupo de cidadãos líbios ocupou a embaixada da Líbia na capital da Bósnia, empunhando a bandeira tricolor dos rebeldes e exigindo a demissão do embaixador - que segundo um antigo empregado, será um forte apoiante do Khadafi. Foi retirado sem incidentes pela polícia. 16h06 O ministro dos Negócios Estrangeiros da Polónia, na presidência rotativa da União Europeia, disse que o seu país está a pensar em formas de ajudar a Líbia na transição para a democracia. 15h51 O Governo português afirmou hoje que os últimos desenvolvimentos na Líbia, onde as forças rebeldes já ocupam grande parte de Tripoli, aproximam de forma decisiva o povo líbio do culminar da sua luta em prol da liberdade e da democracia, é citado pela Lusa. 15h50 Milhares de manifestantes anti-Governo invadiram as ruas em vários locais da Síria depois de o Presidente Bashar al-Assad ter aparecido na televisão neste domingo. Gritam pela demissão do Presidente e entoam: “Khadafi foi-se, agora é a tua vez, Bashar!”15h49 O alto comissário das Nações Unidas para os refugiados, António Guterres, apelou às duas partes em conflito para que garantam a segurança dos cidadãos, nomeadamente dos estrangeiros. “É crucial que o direito humanitário prevaleça neste momento e que os estrangeiros – incluindo refugiados e migrantes – sejam protegidos, adiantou em comunicado.
REFERÊNCIAS:
Étnia Árabes
Conferência climática arranca em Durban com apelo de África à solidariedade
As alterações climáticas são uma “questão de vida ou de morte” para os países mais pobres, desde África às pequenas ilhas do Pacífico, que pedem solidariedade internacional, disse hoje o Presidente da África do Sul no arranque de duas semanas da conferência da ONU para as Alterações Climáticas, em Durban. (...)

Conferência climática arranca em Durban com apelo de África à solidariedade
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-11-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: As alterações climáticas são uma “questão de vida ou de morte” para os países mais pobres, desde África às pequenas ilhas do Pacífico, que pedem solidariedade internacional, disse hoje o Presidente da África do Sul no arranque de duas semanas da conferência da ONU para as Alterações Climáticas, em Durban.
TEXTO: “Várias regiões do mundo têm visões diferentes sobre o aquecimento global simplesmente porque são afectadas de formas diferentes. Mas para a maioria dos povos em desenvolvimento, esta é uma questão de vida ou de morte”, declarou Jacob Zuma, Presidente da África do Sul na cerimónia de abertura da COP17 (17ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro da ONU para as Alterações Climáticas). Zuma lembrou as inundações especialmente intensas na África do Sul, a frequência dos furacões ao longo da costa do Golfo do México, os refugiados na Somália e Quénia e, especialmente, a situação das ilhas Kiribati. “Este tornou-se no primeiro país a declarar que as alterações climáticas estão a tornar o seu território inabitável e pediu ajuda para de lá retirar os seus habitantes”, lembrou Zuma. Além disso, as quebras previstas na produção agrícola em África “estão a causar conflitos entre povos que durante séculos têm vivido em paz”. Também Idriss Déby, Presidente do Chade e representante da Comunidade Económica dos Estados da África Central (ECCAS, sigla em inglês), disse que o continente africano “está a sentir, de forma muito especial, os impactos negativos que colocam em risco a sobrevivência das suas populações”. De momento, as alterações climáticas “estão a abrandar o crescimento dos nossos países”. Ainda assim, lembrou, vários países africanos “são o último bastião na luta contra o avanço galopante do deserto” e referiu o desaparecimento do Lago Chade – hoje 10% da sua superfície original – e as ameaças às florestas da Bacia do Congo. Déby salientou a importância de chegar a acordo sobre uma maior solidariedade internacional. “Os países industrializados esperam muito das florestas africanas para captar os gases com efeito de estufa das suas fábricas. Por isso é lógico que ajudem a financiar os países africanos, para o seu desenvolvimento e garantir a sua sobrevivência”, declarou. O Presidente do Chade pediu “soluções concretas de solidariedade” e um plano baseado na adaptação, mitigação, ajuda ao financiamento, transferência de tecnologia e uma visão partilhada de como combater as alterações climáticas. “A CO17, a última conferência de um período de promessas não cumpridas [2008-2012 era o período de cumprimento do Protocolo de Quioto], deve ser uma oportunidade para decisões ambiciosas”. Jacob Zuma acredita que, “com uma liderança forte, nada será impossível aqui em Durban nas próximas duas semanas”. São 183 os países que participam nesta conferência da ONU que começou hoje e termina a 9 de Dezembro. O segmento ministerial começará a 6 de Dezembro. O futuro do Protocolo de Quioto - o único tratado internacional que impõe objectivos de redução das emissões de gases com efeito de estufa a mais de 40 países industrializados – deverá ser a questão chave, juntamente com outras como o financiamento aos países mais vulneráveis. Quioto expira no final de 2012 e ainda não há nenhum sucessor. Os principais dossiers na mesa das negociaçõesFuturo do Protocolo de Quioto:Os países em desenvolvimento defendem o alargamento do período de cumprimento de Quioto, em vigor desde 2005, depois de um primeiro período de compromisso (2008-2012). Ainda assim, Quioto deixa de fora países como os Estados Unidos e a China, os dois maiores emissores de dióxido de carbono (CO2) do planeta. Vários países industrializados – como o Japão, Rússia e Canadá – opõem-se a novos compromissos no âmbito do protocolo. A União Europeia parece hoje estar isolada na vontade de manter vivo um tratado que apenas cobre cerca de 30% das emissões globais. Todd Stern, enviado dos Estados Unidos à conferência, disse na semana passada que "Quioto não está na mesa de negociações para os Estados Unidos"; em vez disso, defendem que o processo se deve "abrir e integrar todas as maiores economias".
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU
As milícias que derrubaram Khadafi ameaçam as esperanças de uma nova Líbia
As violações de direitos humanos cometidas “com toda a impunidade” por diferentes milícias ameaçam a “nova Líbia” que deveria surgir com a vitória da revolta contra Muammar Khadafi. (...)

As milícias que derrubaram Khadafi ameaçam as esperanças de uma nova Líbia
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.136
DATA: 2012-02-16 | Jornal Público
SUMÁRIO: As violações de direitos humanos cometidas “com toda a impunidade” por diferentes milícias ameaçam a “nova Líbia” que deveria surgir com a vitória da revolta contra Muammar Khadafi.
TEXTO: O aviso é feito pela Amnistia Internacional num relatório publicado no primeiro aniversário do levantamento popular que começou na cidade de Bengazi, no Leste do país – e terminou em Outubro, com a captura e morte do ditador. As mesmas milícias que se formaram para derrubar Khadafi põem agora em causa o futuro. “Há um ano, os líbios arriscaram a sua própria vida para reclamar justiça. Hoje, as suas esperanças são ameaçadas por milícias armadas sem lei que pisam os direitos humanos com toda a impunidade”, afirmou Donatella Rovera, conselheira especial da Amnistia para as crises e conflitos, na apresentação do relatório. O número real de milícias existentes em todo o país é desconhecido. Um relatório do "think tank" International Crisis Group diz que tanto podem ser 100 como 300 – no mínimo, há 125 mil líbios armados, organizados por cidades ou bairros. Em princípio, todos deveriam responder ao Conselho Nacional de Transição, formado durante a guerra para organizar a oposição (e que continuará no poder até às eleições de Junho), mas afirmam obedecer apenas aos seus comandantes locais. O grande fracasso do CNT é precisamente o desarmamento destes grupos. Na ausência de um verdadeiro Exército nacional, a segurança das próprias instalações de Estado continua a ser assegurada por estes homens, que não raras vezes se envolvem em confrontos mortíferos. O novo Exército deveria ser formado a partir das milícias, mas só 10% dos combatentes aceitaram integrá-lo. No início da semana, representantes de cerca de 100 milícias do Ocidente do país anunciaram ter formado uma federação para prevenir o combate entre grupos. Mas os líderes destes grupos não reconhecem o CNT: “Não nos revoltámos contra Khadafi, mas contra um regime corrupto. Não vamos baixar as nossas armas enquanto não tivermos a certeza de que a revolução vai no caminho certo”, afirmou numa conferência de imprensa Ibrahim al-Madani, comandante de uma das brigadas que se uniu à nova federação. O líder desta federação, o coronel Mokhtar Fernana, disse à Associated Press que o CNT “está a tentar sequestrar a revolução” e acusou as novas autoridades de aceitarem homens que defenderam o regime nas novas forças de segurança – que deveriam integrar todas as milícias. Tortura e pilhagensDonatella Rovera apelou à realização de inquéritos aos “graves abusos”, incluindo “crimes de guerra contra alegados partidários de Muammar Khadafi”, cometidos por estes grupos. Segundo a Amnistia, muitas “pessoas foram detidas ilegalmente e torturadas, por vezes até à morte”. “A maior parte das milícias na Líbia está fora de controlo e a impunidade generalizada de que gozam só encoraja mais violência e perpetua a instabilidade e a insegurança no país”, disse Rovera. A Amnistia fala em particular dos casos de “refugiados africanos tomados por alvo [por suspeitas de que combateram por Khadafi] e contra os quais foram cometidas represálias” e “casos de vinganças que significaram o deslocamento forçado de comunidades inteiras”. O relatório cita os habitantes de Tawergha, a sul de Misurata, no Ocidente do país. Tawergha foi usada como base para as forças de Khadafi que a partir daí atacavam Misurata. Segundo a Human Rights Watch, os rebeldes de Misurata pilharam e destruíram as casas dos habitantes e desencadearam uma campanha de ataques e detenções arbitrárias. Quem vivia em Tawergha está agora em campos de refugiados na região. Entre Janeiro e Fevereiro, os delegados da Amnistia visitaram 11 centros de detenção controlados por ex-rebeldes e ouviram dos presos descrições de “tortura e maus-tratos”. “Estes prisioneiros mostraram ferimentos resultado de maus-tratos recentes”, descreve o relatório, e muitos disseram ter confessado assassínios que não cometeram “só para pôr fim à tortura”. “Pelo menos 12 pessoas detidas por milícias morreram desde Setembro, depois de terem sido torturadas. ”
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos morte homens guerra lei humanos violência maus-tratos
Quando for lançada a intervenção no Mali, para onde vão fugir os islamistas?
ONU está prestes a aprovar uma missão externa para ajudar Bamaco a recuperar o Norte. "Virá uma vaga de radicais a caminho do Magrebe e da Europa?" (...)

Quando for lançada a intervenção no Mali, para onde vão fugir os islamistas?
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-01-12 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20130112160334/http://www.publico.pt/1575907
SUMÁRIO: ONU está prestes a aprovar uma missão externa para ajudar Bamaco a recuperar o Norte. "Virá uma vaga de radicais a caminho do Magrebe e da Europa?"
TEXTO: Bastaram algumas semanas para três grupos armados unidos pela oportunidade tomarem o imenso território do Norte do Mali, em Março. Seguiu-se um golpe de Estado e o Mali é hoje um país onde o poder está dividido entre autoridades militares, líderes religiosos e responsáveis políticos fracos, e "a sociedade está completamente desestruturada", descreve Hans Hoebeke, do Royal Institute for International Relations (Egmont), think tank de Bruxelas. As autoridades interinas pediram ajuda à União Europeia e às Nações Unidas e está em marcha uma missão europeia de treino das tropas do Mali que tem como objectivo permitir a reconstrução do Exército. Em simultâneo, a Comunidade de Estados da África Ocidental (CEDEAO) aprovou há três semanas o envio de 3300 militares que deverão ajudar o Exército na reconquista do Norte. Só falta a "luz verde" do Conselho de Segurança, mas ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, sobram dúvidas. "Questões fundamentais continuam sem resposta", escreveu Ban Ki-moon num relatório entregue ao Conselho. "Como será dirigida, mantida, treinada, equipada e financiada esta força?", por exemplo. Ban admite que uma acção militar "contra os mais extremistas será necessária" depois de esgotadas as vias da negociação e pede ao Conselho de Segurança que aprove a missão, mas não financie uma guerra que vai custar mais de 300 milhões de euros. A juntar aos seus problemas internos e às crises cíclicas provadas pela seca, os vizinhos do Mali viram-se desde Março a braços com uma crise de refugiados e com o nascimento de um novo refúgio para a jihad internacional no seu próprio território - para além de dois grupos tuaregues, o Movimento Nacional de Libertação do Azawad (MNLA, nacionalista e laico) e o Ansar Dine (islamista), por trás da captura do Norte do Mali esteve o Movimento para a Unidade e a Jihad na África Ocidental, ligado ao ramo magrebino na Al-Qaeda, o AQMI. Segundo dados de países europeus, só nos últimos meses estes grupos recrutaram mais 2500 combatentes, escreveu o El País. Jovens de diferentes países da região (mas também do Paquistão ou do Golfo) juntam-se à jihad no Mali em troca de um salário; muitos jovens do Mali também são atraídos pelos 300 euros mensais que os islamistas pagam para engrossar as suas fileiras à espera das tropas da CEDEAO. Por tudo isto, impera a pressa em várias capitais e a União Africana protestou com Ban Ki-moon pelo tom do seu relatório. "O conteúdo parece estar aquém das expectativas do conjunto do continente", escreveu o presidente da organização, Thomas Boni Yayi, chefe de Estado do Benim. "Qualquer retrocesso no envio urgente de uma força internacional para combater o terrorismo no Norte do Mali será interpretado como sinal de debilidade" face aos terroristas, queixa-se. Paris também se irritou e na sexta-feira pediu ao Conselho de Segurança que aprove a mobilização do contingente africano até 20 de Dezembro - assim, seria possível enviar as tropas em Março, antes das temperaturas subirem demasiado. Negociar com quem?Ban Ki-moon quer dar mais tempo às negociações, posição partilhada pela Argélia, Mauritânia e Burkina Faso. Ganhar a guerra e começar a recuperar o Mali será muito mais fácil se antes for possível separar os tuaregues e a Al-Qaeda. O caminho para as negociações também não se afigura fácil. Blaise Compaoré, Presidente do Burkina Faso e mediador regional para a crise, vai apresentar esta segunda-feira ao Governo interino uma "agenda de conversações" com o MNLA e o Ansar Dine. Reunida numa conferência em Bamaco (a capital do Mali) durante o fim-de-semana, a Aliança dos Democratas Patriotas para a Saída da Crise (que junta 20 partidos e uma dezena de movimentos civis) recusou estas negociações e acusou o MNLA e o Ansar Dine de não serem "representativos dos tuaregues do país". Ondas de choqueA crise do Mali era uma tempestade à espera de acontecer. A luta separatista dos nómadas tuaregues já tinha motivado três revoltas contra o Governo de Bamaco. A derrota de Muammar Khadafi na Líbia "provocou ondas de choque que vão continuar a fazer-se sentir na região por muito tempo", disse Hans Hoebeke, director do programa africano do Egmont, num encontro com jornalistas europeus. Khadafi passou anos a financiar organizações radicais, engrossando o seu próprio Exército com tuaregues que regressaram à região treinados e bem armados. "Os intervenientes internacionais não viram o que aí vinha. Não tinham presença suficiente no terreno", nota Hans Hoebeke. Agora, sublinha, há "um contexto geopolítico completamente diferente na região do Sahel e do Sara" a juntar-se "ao problema histórico dos tuaregues". Hoebeke diz que actualmentehá pelo menos três centros de poder no Mali: o chefe do Estado-maior e líder do golpe que derrubou o Presidente Amadou Touré, o capitão Amadou Sanogo, à frente de um Exército desfeito e mais preocupado em extorquir políticos e empresários do que em impor a estabilidade; o presidente interino, Diancounda Traoné; e Modibo Diarra, "um primeiro-ministro que não está sob controlo do Presidente". O analista duvida do sucesso de uma intervenção externa, mas, ao mesmo tempo, sabe que quanto mais esta for adiada, mais tempo se está a dar a alguns grupos para se prepararem". Como Ban Ki-moon, Hoebeke tem mais perguntas do que respostas: "Quando finalmente lançarmos uma operação, eles vão fugir. Para onde? As fronteiras não existem. Virá uma vaga de islamistas radicais a caminho do Magrebe e da Europa?". O PÚBLICO esteve em Bruxelas a convite do European Journalism Centre
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU
Cheias do rio Limpopo lançam o caos no Sul de Moçambique
Mesmo sem chuva, situação agravou-se nos últimos dias devido à precipitação registada na África do Sul e no Zimbabwe. O mau tempo provocou, desde Outubro, a morte de pelo menos 40 pessoas (...)

Cheias do rio Limpopo lançam o caos no Sul de Moçambique
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-01-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: Mesmo sem chuva, situação agravou-se nos últimos dias devido à precipitação registada na África do Sul e no Zimbabwe. O mau tempo provocou, desde Outubro, a morte de pelo menos 40 pessoas
TEXTO: A cidade de Chókwè foi inundada e a população de Xai-Xai receia que o mesmo aconteça este sábado na capital da província de Gaza. A subida das águas do rio Limpopo levou nos últimos dias ao êxodo de milhares de pessoas e criou o caos no Sul de Moçambique. Pelo menos 40 pessoas morreram no país, devido às fortes chuvadas que começaram em Outubro, 18 das quais desde o início do ano. As águas do Limpopo estavam na quinta-feira próximo dos níveis atingidos em 2000, quando as cheias afectaram cinco províncias e se calcula que tenham morrido mais de 600 pessoas. Os dados oficiais indicam que as chuvas caídas desde Outubro já afectaram mais de 80 mil pessoas, desalojadas ou refugiadas. Os casos de morte foram, na maior parte, provocados por arrastamento, principalmente de crianças, afogamento na travessia de rios, desabamento de casas, electrocussão, descargas eléctricas ou ataques de crocodilos, segundo informação das autoridades. A chuva tem caído com intensidade nos últimos meses, mas a subida das águas nos últimos dias apanhou muita gente desprevenida. Até porque a precipitação diminuiu esta semana – as inundações devem-se ao aumento do caudal provocado pela queda de água a montante, na África do Sul e no Zimbabwe. “Ninguém acreditava que isto pudesse acontecer”, disse, citado pela AFP, Sérgio Chauke, que deixou Chókwè apenas com os documentos de identificação. Os que puderam pegaram em carros e deixaram a cidade, “os que não tinham meio de transporte subiram para os telhados”, contou em Chiaquelane, a uns 30 quilómetros, local indicado pelo Instituto Nacional de Gestão de Calamidades para acolhimento de vítimas da região afectada, uns 200 quilómetros a norte de Maputo. Muitos dos refugiados deixaram na quarta-feira as suas casas no distrito de Chókwè sem nada para se alimentarem – “comemos gafanhotos”, disse Alice Mabunda. A escassez de víveres, o calor e o aparecimento de mosquitos fazem crescer o receio de problemas sanitários e até de uma crise humanitária. A Cruz Vermelha é, segundo a agência noticiosa, a única organização no terreno. Organizações não-governamentais baseadas em Maputo prometeram o envio de alimentos. Durante todo o dia de quinta-feira, os serviços de saúde transferiram de emergência doentes internados no Hospital Rural de Chókwè para Xai-Xai e para a vila de Macia, noticiou a Rádio Moçambique, que noticiou inundações em diferentes localidades do Centro e do Sul. Em Xai-Xai, apesar da informação de que os níveis da bacia do Limpopo junto à fronteira com a África do Sul estabilizaram, com tendência a baixar, as autoridades admitiam que, devido à descarga das barragens dos países vizinhos, o rio possa alagar este sábado zonas ribeirinhas. O receio de inundações e de novas chuvas levou à retirada de pessoas e bens das áreas mais sensíveis. A ministra da Administração Estatal, Carmelita Namashulua, fez na quinta-feira um reconhecimento aéreo das zonas mais afectadas e – segundo a imprensa moçambicana – disse no Conselho Técnico de Gestão das Calamidades ter visto pessoas refugiadas em cima de árvores nos distritos de Chókwè e Guijá. O quadro foi confirmado pelo jornal O País, que traçava esta sexta-feira um cenário dramático na província de Gaza, com famílias empoleiradas em árvores e tectos de habitações. Uma responsável do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades explicou que essas situações se deviam à escassez de meios de resgate. Algumas zonas ficaram sem electricidade devido à queda de torres de distribuição. O primeiro-ministro, Alberto Vaquina, lançou um apelo à “solidariedade interna” e o Presidente da República, Armando Guebuza, cancelou a participação na cimeira da União Africana que, no domingo e segunda-feira, se realiza em Adis Abeba, para acompanhar a situação. A Renamo (Resistência Nacional de Moçambique), principal partido da oposição, acusou o Governo de falta de estratégia e de estar a “hibernar” perante o sofrimento da população.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave morte alimentos humanitária
Reaparecimento da poliomielite na Síria faz OMS temer surto na região
Testes confirmaram dez casos em crianças. O último caso da doença no país tinha sido identificado em 1999. Autoridades de saúde vão avançar com plano de vacinação. (...)

Reaparecimento da poliomielite na Síria faz OMS temer surto na região
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-10-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: Testes confirmaram dez casos em crianças. O último caso da doença no país tinha sido identificado em 1999. Autoridades de saúde vão avançar com plano de vacinação.
TEXTO: O regresso da poliomielite à Síria, uma doença infecciosa viral e incurável que pode levar à paralisia, está a preocupar as autoridades de saúde. A Organização Mundial de Saúde (OMS) teme que os casos se estendam a outros países daquela região. A doença reapareceu após 31 meses de guerra civil, com as condições sanitárias a degradarem-se de dia para dia e em que mais de dois milhões de sírios já se viram obrigados a atravessar a fronteira em busca de ajuda. O poliovírus, um enterovírus, transmite-se por via oral. Basta consumir água contaminada por fezes infectadas. A infecção estende-se do intestino a todo o organismo, mas o cérebro e a espinal medula são os mais gravemente afectados. Esta é a segunda doença humana, após a varíola, que se está a tentar erradicar para sempre, mas tem resistido, reaparecendo em locais com más condições sanitárias. Até agora a OMS, segundo o El País, detectou a doença em dez crianças na zona de Deir el Zor, uma província no nordeste do país reivindicada pelos rebeldes que tentam pôr um ponto final no regime de Bashar Al-Assad. Perante o número de refugiados, a que se juntam as pessoas que mesmo dentro do país se viram obrigadas a deixar as suas casas, as organizações humanitárias temem que a doença se possa alastrar. A confirmação dos casos de poliomielite surge numa altura particularmente delicada no país. No fim-de-semana, a Organização para a Proibição das Armas Químicas, cujos observadores estão na Síria a inspeccionar os locais onde estas armas estão armazenadas, anunciou que o regime sírio entregou a tempo e horas a “declaração inicial formal do seu programa de armas químicas”. O acordo para a destruição dos arsenais químicos de Bashar al-Assad foi alcançado depois do ataque de 21 de Agosto que matou centenas de civis nos arredores de Damasco – a ONU confirmou que foi usado gás sarin. A resolução 2118 do Conselho de Segurança determina que estas armas têm de ser destruídas até Junho de 2014. A declaração entregue por Assad a 24 de Outubro permitiu “estabelecer um plano para a destruição sistemática, integral e verificada das armas químicas declaradas, assim como das instalações de produção e de armazenamento”, diz num comunicado a organização da ONU, a mesma que recebeu o Nobel da Paz. Aumento de casos de febre tifóide, hepatite A e rubéola O último caso de poliomielite na Síria tinha sido identificado em 1999. Há duas semanas chegaram à OMS informações sobre um tipo de paralisia associada a esta doença e que tinha sido identificada em 22 crianças da mesma província. Os técnicos recolheram amostras e em dez dos casos as análises revelaram-se positivas para o poliovírus. Dos outros 12 casos ainda são aguardados resultados. Só na província onde foram confirmados os dez casos, a BBC diz que há mais de 100 mil crianças com menos de cinco em risco. A OMS já tinha, ainda segundo a BBC, reportado um aumento de casos de febre tifóide, hepatite A e de rubéola na Síria desde 2011 – com o risco de as forças estrangeiras a combater no país “importarem” as doenças quando regressarem às suas casas. “A doença pode expandir-se para outras áreas, com um elevado risco de propagar-se pela região”, alertou um porta-voz da OMS, Oliver Rosenbauer, citado pelo El País. Além da degradação das condições no país em termos de alimentação e higiene, também as taxas de vacinação caíram significativamente: em 2010 tinham sido vacinadas contra a poliomielite 91% das crianças sírias, no ano passado a percentagem caiu para 68%. O risco de propagação desta e de outras doenças erradicadas ou em grande queda já levou ao lançamento de uma campanha internacional que tem como objectivo vacinar nos próximos seis meses cerca de 1, 6 milhões de crianças sírias contra a poliomielite, sarampo, rubéola e papeira. A Unicef considera que pelo menos meio milhão de crianças não tenha recebido a imunização necessária desde que começou a revolta contra o regime de Assad. “Vacinar crianças é um gesto político na sua natureza e não tem relação com considerações militares”, disse o director executivo deste programa da ONU, Anthony Lake, após uma visita a Damasco. Doença endémica no Paquistão, Afeganistão e Nigéria O Paquistão era até agora, a par do Afeganistão e da Nigéria, um dos três únicos países do mundo onde esta doença altamente contagiosa ainda era endémica. No ano passado, na Nigéria, foram detectados 121 casos, 58 no Paquistão e 37 no Afeganistão. Isto apesar de a poliomielite poder ser completamente erradicada pela vacinação. Trata-se de uma doença que provoca paralisias muito graves em algumas das pessoas que são infectadas. Porém, em Agosto soube-se que a Somália está também a sofrer um “surto explosivo” de poliomielite e que agora este país do corno de África tem mais casos do que qualquer outra nação. Registaram-se até àquele mês mais de 100 casos, sendo que há seis anos que não havia sinais da doença. Desde a criação da Iniciativa para a Erradicação Global da Poliomielite, que inclui organizações como a OMS, a Unicef e o Rotary International, em 1988, a incidência desta doença foi reduzida em mais de 99%. Na altura, mais de 350 mil crianças ficavam paralisadas todos os anos em mais de 125 países onde a poliomielite era endémica. Em relação a Portugal, não há registo de casos de poliomielite aguda por vírus em estado natural desde 1987, facto que se deve às elevadas coberturas vacinais mantidas há décadas. Ainda assim, para quem viaja, a Direcção-Geral da Saúde tem insistido na necessidade da vacinação contra a poliomielite quando os destinos procurados são áreas endémicas, de transmissão restabelecida ou com ocorrência registada de surtos. A doença foi considerada eliminada da região europeia pela OMS em 2002.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU OMS
George Clooney tenta evitar um novo genocídio no Sudão
O Satellite Sentinel Project, criado pelo actor, está a colaborar com outras organizações para colocar satélites comerciais na fronteira Norte-Sul do país que vai dividir-se em dois. A sua esperança é a de evitar uma nova carnificina. (...)

George Clooney tenta evitar um novo genocídio no Sudão
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.018
DATA: 2011-01-18 | Jornal Público
SUMÁRIO: O Satellite Sentinel Project, criado pelo actor, está a colaborar com outras organizações para colocar satélites comerciais na fronteira Norte-Sul do país que vai dividir-se em dois. A sua esperança é a de evitar uma nova carnificina.
TEXTO: George Clooney gostaria de levar um pouco de Hollywood a uma das regiões mais remotas e tensas de África. Não se trata de passadeiras vermelhas e sacos de donativos mas o olhar frio, constante e intrusivo de uma câmara. "Todos podem ir ao Google Earth e googlar a minha casa", disse o actor. "Pensei, se é assim que tem de ser e se podem googlar a minha casa, então as pessoas que cometem crimes de guerra, em particular o Governo do Sudão, também deveriam beneficiar do mesmo nível de celebridade que eu. Estas pessoas são figuras públicas, e nós vamos fotografá-las. "Clooney é o impulsionador de um plano para instalar satélites comerciais que irão monitorizar a fronteira entre o Norte e o Sul do Sudão, um país que deverá partir-se em dois, depois de um referendo que terminou no sábado e cujos resultados oficiais só serão conhecidos no início de Fevereiro. Se eclodirem combates, o seu objectivo extremamente ambicioso - o culminar de anos de envolvimento com este Estado devastado pela guerra - é evitar um genocídio. O Satellite Sentinel Project é uma colaboração entre a Not on Our Watch (organização de direitos humanos fundada por Clooney), as Nações Unidas, a Universidade de Harvard e a Trellon, uma companhia que constrói websites. No site do projecto, http://www. satsentinel. org, qualquer pessoa poderá ver imagens de alta resolução de uma fronteira que se estende ao longo de 1250 milhas (cerca de 2000 quilómetros). Se a violência começar, os patrocinadores do site esperam que as suas provas fotográficas ajudem a pressionar o Conselho de Segurança da ONU e outros países a intervir. A organização Not on Our Watch, que Clooney fundou com os actores Don Cheadle, Brad Pitt e Matt Damon e com o produtor Jerry Weintraub e com David Pressman, ex-funcionário do Departamento de Estado na época do Presidente Bill Clinton, já angariou para o projecto 650 mil dólares de fundos iniciais. "Temos a capacidade de criar dissuasão", disse Clooney, que efectuou a sua sétima visita ao Sudão e ao vizinho Chade. "Talvez não seja necessário enviar para a região tanques, helicópteros ou aviões "porque nós estamos a vigiar". "Analista sérioMais de dois milhões de pessoas morreram na guerra civil sudanesa que durou de 1983 a 2005. Desde então, a violência esporádica tem continuado entre os árabes sudaneses de tez mais clara no Norte, que defendem a lei islâmica, e os africanos de pele mais escura no Sul semiautónomo. O Presidente sudanês, Omar Hassan Ahmed Bashir, que tem o seu palácio em Cartum, no Norte, é procurado pelo Tribunal Criminal Internacional sob as acusações de genocídio e crimes contra a humanidade relacionados com aquela violência. Tendo os sudaneses do Sul, na sua maioria cristãos e animistas, votado a favor da secessão, o Sul ficará com cerca de 80 por cento das receitas petrolíferas do país - um problema incómodo para Bashir. A primeira visita de Clooney ao Sudão foi em 2006, quando filmou um documentário com o seu pai, o jornalista Nick Clooney. No final desse ano, o actor discursou perante o Conselho de Segurança da ONU sobre esta questão, tendo viajado para a China e Egipto, na companhia de Cheadle, para tentar persuadir os responsáveis destes a usarem os seus laços com o Governo sudanês para ajudar a pôr fim à violência. "George continua a aparecer", notou John Prendergast, co-fundador do Enough Project, que visitou o Sudão com Clooney. "Ele é um analista muito sério e empenhado. Deslocou-se a localidades remotas. Colocou-se a si próprio perante riscos extremos. Ele fica alojado em cabanas de palha e em cabanas de adobe. Ele adoece devido à falta de condições sanitárias. " Os apelos de Clooney à paz no Sudão levaram-no da Casa Branca, onde se encontrou com o Presidente Barack Obama um mês após a sua tomada de posse, até às mais longínquas aldeias fronteiriças. Numa tentativa para persuadir um líder rebelde a assistir a uma conferência de imprensa, o actor ofereceu-lhe dinheiro para financiar a loja de sapatos do seu pai. (O esforço não resultou. )Para alguém que tem a vida peculiar de uma celebridade, Clooney consegue encontrar um anonimato raro no Sudão. "É uma zona calma para ele", observou Prendergast. "Quando vamos para Nova Iorque e Los Angeles, toda a gente o segue. Mas se vai a uma aldeia ou a um campo de refugiados, é apenas mais um funcionário de uma agência humanitária ou um activista de direitos humanos que aparece por ali. " Documentar em tempo realA ideia de Clooney do Satellite Sentinel Project começou com uma viagem ao Sudão em Outubro. Depois de a Not On Our Watch ter fornecido os fundos iniciais, outras organizações e companhias rapidamente se juntaram como parceiros, a tempo do lançamento da iniciativa em Dezembro de 2010. "Este [projecto] é ideia original de Clooney e a sua dimensão não tem precedentes", salientou David Yanagizawa-Drott, professor assistente da Harvard"s Kennedy School of Government, que irá avaliar os resultados do programa para a Harvard Humanitarian Initiative. "É necessária uma tecnologia sofisticadíssima, deixando acessíveis ao público documentação de direitos humanos e imagens quase em tempo real. Não se trata apenas de documentar o conflito post mortem. Ou seja, antes de uma guerra civil poder eclodir, já estaremos a documentá-la. " Clooney está consciente de que o activismo geopolítico de figuras de Hollywood é, frequentemente, encarado com cinismo, se não mesmo com um desdém sem reservas - mas nada o detém. "As pessoas que reviram os olhos, a maioria dessas pessoas não sabe nada", declarou Clooney. "Tenho líderes rebeldes na minha lista de contactos telefónicos de marcação rápida. Já passei algum tempo na companhia do Presidente do Chade, no Sul do Sudão. Estive em Cartum. Conheço pessoalmente a maioria das facções. Por isso, tenho um entendimento rudimentar do que se passa, o que é mais do que tem a maioria das pessoas. Se isso significar que posso intervir e chamar a atenção daqueles que sabem realmente o que estão a fazer, então estou a cumprir a minha missão. "No entanto, Clooney tem sido discreto quando ao seu trabalho na região, tendo designado os seus esforços de "o maior fracasso" da sua vida, numa entrevista que concedeu ao jornal britânico The Sun, em Setembro do ano passado. "Nada mudou na realidade", lamentou Clooney recentemente. "Quando 300 mil civis inocentes são sistematicamente violentados e assassinados, então trata-se de um fiasco a todos os níveis. Sou um tipo antiquado, gosto de ganhar o jogo e não dizer apenas que jogámos bem mas perdemos. " * Exclusivo Los Angeles Times/PÚBLICO
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Entidades ONU
Governo da Turquia pede saída de Khadafi “imediatamente”
A Turquia, país muçulmano que pertence à NATO, apelou a Muhammar Khadafi para que deixe “imediatamente” o poder e ponha assim fim ao derramamento de sangue na Líbia. (...)

Governo da Turquia pede saída de Khadafi “imediatamente”
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-05-04 | Jornal Público
SUMÁRIO: A Turquia, país muçulmano que pertence à NATO, apelou a Muhammar Khadafi para que deixe “imediatamente” o poder e ponha assim fim ao derramamento de sangue na Líbia.
TEXTO: Até agora, o governo conservador islâmico de Ancara, que até à revolta tinha boas relações com o poder de Trípoli — e se opôs aos ataques aéreos internacionais contra as forças do regime —, mantinha diálogo com os rebeldes, mas tinha-se abstido de pedir o afastamento do ditador. “Desejamos que o líder líbio deixe a Líbia e ceda o poder imediatamente, por ele e pelo futuro do seu país, a fim de não provocar mais efusão de sangue, lágrimas e destruição”, disse à imprensa o primeiro-ministro, Recep Erdogan, citado pela AFP. No terreno, a NATO lançou ataques aéreos nas imediações da cidade cercada de Misurata, alvo de intensos bombardeamentos das forças de Khadafi nos dois dias anteriores. Entre os alvos estavam paióis de munições. Na cidade, vivia-se durante a tarde, segundo um repórter da AFP, uma situação de calma tensa — resultado da paragem dos bombardeamentos e da inquietação pelo fim do prazo de uma amnistia que Khadafi ofereceu aos rebeldes que cessassem os combates até hoje. A aliança informou que o porto de Misurata já está acessível depois de ter sido alvo de ataques e de nele terem sido colocadas minas que tornavam perigosa a navegação. A Organização Internacional das Migrações pediu à NATO e ao regime de Trípoli para deixarem sair da cidade um milhar de africanos e dezenas de feridos civis. Os combates na Líbia têm forçado milhares de refugiados a dirigirem-se à fronteira com a Tunísia, informou também a ONU. O Conselho Nacional de Transição, órgão dirigente dos rebeldes, anunciou entretanto que não tem condições para exportar petróleo e alertou para o risco de colapso económico das zonas que controla, se até Junho a França, a Itália e os EUA não lhe concederem um crédito de três mil milhões de dólares garantido por fundos congelados de Khadafi. Essa verba é considerada pelo Conselho indispensável para alimentar a população e prestar cuidados médicos aos feridos, bem como para assegurar os salários dos funcionários. O assunto deve ser discutido no Grupo de Contacto sobre a Líbia, que amanhã se reúne em Roma.
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Entidades ONU EUA NATO
Delegações de 80 países ainda estão a chegar ao Pavilhão Atlântico
Os trabalhos da cimeira União Europeia-África, que deveriam ter começado às 09h30, estão atrasados. As delegações de 80 países ainda continuam a chegar ao Pavilhão Atlântico, em Lisboa. Cabo Verde foi a primeira a chegar. Lá fora já uma pequena manifestação aguarda o líder líbio. A chegada das delegações e chefes de Estado e Governo continua a fazer-se, agora com intervalos mais curtos, tendo o primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves, sido o primeiro chefe de delegação africana a chegar (às 08h53). Pouco depois chegou o ex-primeiro-ministro português e Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugia... (etc.)

Delegações de 80 países ainda estão a chegar ao Pavilhão Atlântico
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2007-12-08 | Jornal Público
TEXTO: Os trabalhos da cimeira União Europeia-África, que deveriam ter começado às 09h30, estão atrasados. As delegações de 80 países ainda continuam a chegar ao Pavilhão Atlântico, em Lisboa. Cabo Verde foi a primeira a chegar. Lá fora já uma pequena manifestação aguarda o líder líbio. A chegada das delegações e chefes de Estado e Governo continua a fazer-se, agora com intervalos mais curtos, tendo o primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves, sido o primeiro chefe de delegação africana a chegar (às 08h53). Pouco depois chegou o ex-primeiro-ministro português e Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, António Guterres, o primeiro-ministro turco Ercet Erdogan, o presidente moçambicano Armando Gebuza e o Presidente egípcio Hosni Ubrarak. O Presidente do Zimbabwe, Robert Mugabe, já chegou ao local dos trabalhos, bem como o líder da Líbia, Muammar Kadhafi. O primeiro-ministro belga, Guy Verhofstadt, protagonizou hoje o primeiro percalço da cimeira, ao esquecer-se da sua pasta no automóvel que o transportou à FIL, o que o obrigou a esperar uns minutos na passadeira vermelha. O governante, que já ontem teve de adiar para hoje a viagem para Lisboa devido à complicada situação política que se vive na Bélgica, acabou por seguir caminho e entrar na FIL, em Lisboa, depois de lhe ter sido garantido que a pasta seria entregue mais tarde. Em frente das instalações disponibilizadas para os jornalistas, um grupo de africanos aguarda a chegada do líder líbio, Muammar Kadhafi, para lhe manifestarem "apoio" e aplaudirem.
REFERÊNCIAS:
Cidades Lisboa