Ataque com camião que matou 12 pessoas em Berlim investigado como terrorismo
Empresa polaca tinha perdido contacto com veículo. Há 12 mortos e pelo menos 48 feridos. Merkel diz estar “de luto”. (...)

Ataque com camião que matou 12 pessoas em Berlim investigado como terrorismo
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 | Sentimento -0.2
DATA: 2016-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Empresa polaca tinha perdido contacto com veículo. Há 12 mortos e pelo menos 48 feridos. Merkel diz estar “de luto”.
TEXTO: Um camião investiu contra a multidão num mercado de Natal em Berlim, na Praça Breitscheid, uma das maiores da parte ocidental da cidade, numa zona pedonal, matando pelo menos 12 pessoas. Outras 48 ficaram feridas, num incidente cujos motivos não são ainda claros, mas que recorda de forma incómoda o ataque de Nice, a 14 de Julho. O acesso de um camião àquela zona, próxima da Igreja Kaiser Williem, nem sequer era fácil – dificilmente poderia ser um acidente rodoviário. Desde o início que as autoridades avançaram com a explicação de poder tratar-se de um atentado terrorista, imitando deliberadamente o atentado de 14 de Julho, quando os franceses comemoravam o feriado nacional e Mohamed Lahouaiej-Bouhlel conduziu um camião de 19 toneladas contra a multidão que tinha acabado de assistir ao fogo-de-artifício no Passeio dos Ingleses, em Nice. Aliás, há vários dias que era avançada na Alemanha a possibilidade de haver um atentado, inspirado pela propaganda do Daesh ou coordenado pelo grupo jihadista que combate na Síria e no Iraque, diz o jornal Die Welt. “Houve uma forte detonação. Depois alguém me puxou pelo braço e ouvi gritos. Mesmo ao meu lado, alguém caiu ao chão e desatei a correr”, contou uma mulher loura que estava na praça, entre dois soluços, citada pelo jornal Berliner Morgenpost. O condutor do camião pôs-se em fuga, mas foi apanhado uma hora depois. A pessoa que seguia ao seu lado, no entanto, morreu quando o veículo investiu sobre a multidão, diz a Reuters. A polícia pede aos moradores de Berlim que se mantenham em casa, embora diga que não há sinais de mais riscos iminentes para a população. A matrícula do camião era de Stettin, na Polónia, e a empresa não contactava com o condutor desde o meio-dia. “A pessoa que saiu do camião não é o meu motorista”, declarou à televisão polaca Ariel Zurawski. “Tenho a certeza, porque era o meu primo”, afirmou o proprietário da empresa, citado pelo Le Monde. Alguns media alemães estão a avançar que o passageiro do camião morto é polaco. O camião devia ter descarregado num endereço em Berlim pelas 16h, mas não o fez. Segundo o Guardian, em Itália terá recebido uma carga de aço – se ainda tinha o aço a bordo, ter-se-á tornado ainda mais letal. A chanceler Angela Merkel está “de luto”, anunciou o seu porta-voz, Steffen Seibert, na sua conta de Twitter. “Esperamos que os muitos feridos recebam ajuda”, afirmou, evocando “as notícias terríveis de Berlim”. “Os franceses partilham o luto dos alemães”, respondeu o Presidente François Hollande. A segurança vai ser reforçada nos mercados de Natal franceses, temendo um ataque de natureza semelhante. Washington condenou “o que parece ser um ataque terrorista” em Berlim e ofereceu ajuda americana à Alemanha. A investigação foi entregue à LKA – a sigla da Polícia Criminal Estadual de Berlim, embora o caso seja conduzido por um procurador federal, esclareceu o ministro da Justiça, Heiko Maas, através do Twitter. O ataque aconteceu perto das 20h, quando o mercado estava com mais gente, com adultos e crianças que se juntam nas bancas de madeira tradicionais que vendem comida e outros produtos típicos de Natal, descreve a Reuters. Breitscheid fica perto de Kürfuerstendamm, uma das principais ruas de comércio da gigantesca capital alemã – juntas, a praça e a artéria formam o centro da antiga Berlim ocidental. A cidade é muito conhecida pelos seus mercados de Natal: ao todo, uns 60 espalhados por diferentes bairros atraem turistas e berlinenses todos os dias nas semanas que antecedem o Natal. Emma Rushton, uma turista britânica de visita a Berlim, contou à CNN que o camião articulado parecia vir a uma velocidade de 65 km/hora quando entrou na praça. “Ouvimos um grande barulho. Começámos a ver a parte de cima do camião a acelerar por entre as barraquinhas, por cima das pessoas…”Ao contrário de grandes capitais europeias como Madrid, Londres e Paris, Berlim tem escapado ao terrorismo. Mas nos últimos meses as autoridades alemãs têm-se desdobrado em operações antiterrorismo, como a que em Outubro permitiu deter um sírio de 22 anos em Chemnitz, no Leste da Alemanha, e encontrar um local com material “altamente explosivo”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Duas semanas antes, as forças de segurança alemãs tinham detido em Colónia três sírios por suspeita de terem sido enviados pelo Daesh (o autoproclamado Estado Islâmico) para atacar alvos na Alemanha. Nessa operação, que envolveu mais de 200 agentes, também foi apreendida “uma grande quantidade de material”. Em Julho, houve três ataques cometidos por requerentes de asilo, dois dos quais se reclamaram membros do Daesh. Num destes atentados, um sírio de 27 anos a quem tinha sido negado o pedido de asilo e que sofria de problemas psiquiátricos fez-se explodir junto a um festival de música na Baviera, fazendo 15 feridos. Estes incidentes provocaram uma vaga de críticas contra Merkel, que no fim de 2015 decidiu abrir as portas aos refugiados sírios, com mais de 800 mil a entrar no país. Antes, cinco pessoas foram esfaqueadas num comboio em Wurtzbourg e um adolescente, alemão de origem iraniana, matou nove pessoas em Munique – este atacante era “obcecado por assassínios em massa” e não tinha quaisquer ligações a grupos terroristas.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave ataque mulher ajuda adolescente morto luto
Sem apoio, as pessoas pedem ajuda nas aldeias arrasadas do Nepal
Chegaram dezenas de equipas de resgate, mas há ainda uma grande escassez de recursos e falta de pessoal médico. Número de mortos ultrapassa os 4000. (...)

Sem apoio, as pessoas pedem ajuda nas aldeias arrasadas do Nepal
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20150501182805/http://www.publico.pt/1693736
SUMÁRIO: Chegaram dezenas de equipas de resgate, mas há ainda uma grande escassez de recursos e falta de pessoal médico. Número de mortos ultrapassa os 4000.
TEXTO: À entrada para o terceiro dia de réplicas do sismo que devastou o Nepal no sábado, as equipas de resgate e busca ainda não tinham chegado a muitas das localidades rurais mais próximas do epicentro. Com a chegada de dezenas de equipas em missão internacional, as operações produziram mais avanços nas zonas rurais nesta segunda-feira do que ao longo de todo o fim-de-semana, mas há apelos desesperados vindos das aldeias montanhosas e isoladas da região de Gorkha, entre a capital Katmandu e a segunda cidade do Nepal, Pokhara. As primeiras notícias que surgiram dos locais mais próximos do epicentro, ao início da tarde de segunda-feira, diziam que o número de mortos não era tão alto como se esperava inicialmente. Mas confirmaram o que já se esperava: a esmagadora maioria das habitações ficou completamente destruída pelo abalo de 7, 8 pontos na escala de Richter. “Não temos abrigos, nem comida e todos os corpos estão espalhados”, disse Parbati Dhakal ao The New York Times a partir de uma aldeia de Gorkha, à qual ainda não tinha chegado nenhuma equipa de salvação. “As coisas estão muito más neste distrito”, disse um alto-responsável da região à Associated Press. “Tive notícias de aldeias em que 70% das casas ficaram destruídas”, acrescentou. Ainda com várias localidades por alcançar, as autoridades foram aumentando a passo rápido o número de vítimas ao longo do dia. Ao início da tarde contavam-se já mais de 4000 mortos e sete mil feridos. Pela primeira vez falou-se de um número de desalojados que se poderá aproximar das 100 mil pessoas. E, também pela primeira vez, há estimativas para aquele que pode ser o número total de mortos no país: 5000, segundo um responsável nepalês à Reuters; 15 mil de acordo com uma fonte de uma organização humanitária ao diário britânico The Guardian. A maior parte da população nepalesa vive em zonas rurais. Apenas 17% moram em localidades urbanas. Mas é nestas últimas, especialmente no populoso distrito do vale de Katmandu, nos arredores da capital, que se descobre a maior parte dos mortos e que se torna mais evidente a impotência nepalesa face à escala do desastre. É preciso mais ajudaO Governo do Nepal disse repetidamente que a ajuda era urgente, mas só nesta segunda-feira é que o apoio internacional começou a surgir em maior volume. Aterraram no aeroporto de Katmandu dezenas de elementos de equipas de emergência, toneladas de alimentos, água potável e medicamentos, mas há ainda escassez de recursos. A ajuda tem chegado sobretudo da Índia, que já enviou para o país centenas de socorristas, mas também em larga medida da China, Paquistão e Israel – na segunda-feira, continuavam desaparecidos cem dos cerca de 600 israelitas que estavam no Nepal quando ocorreu o sismo. Alguns países vizinhos, como o Sri Lanka e o Butão, também estão a enviar apoio, assim como os grandes blocos ocidentais e países do Pacífico. Da Europa partiram duas equipas de resgate, da França e da Alemanha. Para além do apoio internacional, o Exército do Nepal está quase todo a trabalhar nos esforços de busca e resgate – 90% dos cem mil efectivos, segundo disse o porta-voz dos militares à Associated Press. No entanto, há ainda muitas queixas de falta de apoio e cuidados médicos – mesmo no vale de Katmandu, a área onde se concentraram as operações de resgate nos últimos dias. “Tornámo-nos refugiados”, disse à Reuters Sarga Dhaoubadel, acompanhada da família e de centenas de outros nepaleses, no acampamento que foi improvisado no pátio da escola de Bhaktapur. E explicou: “Ninguém do Governo nos veio oferecer sequer um copo de água. Ninguém veio sequer ver como é que estávamos de saúde. Estamos totalmente sozinhos aqui. ”A ajuda não chega para colmatar a escassez de recursos. Falta água potável, comida e não há electricidade. As autoridades começam também a alertar para o crescimento de doenças infecciosas: a Unicef estima que perto de um milhão de crianças tenham sido afectadas e diz que um dos principais riscos para a saúde pública está na água imprópria para consumo. No domingo, a diarreia já se alastrara pela capital, de acordo com a ONU. O foco de maior preocupação continua a ser a falta de cuidados médicos. O Nepal precisa de mais de 1000 camas hospitalares para dar resposta ao grande número de feridos e de mais pessoal médico. Nas contas que antecederam o terramoto, o país tinha apenas 2, 1 médicos e 50 camas hospitalares para cada dez mil habitantes. Êxodo de KatmanduKatmandu continua a sofrer réplicas. Apesar de terem perdido intensidade desde domingo, as réplicas do grande abalo ainda representam perigo para os edifícios periclitantes, despertam o pânico entre os sobreviventes e impedem o avanço mais rápido das operações de resgate. As sequelas provocaram também um êxodo de milhares de nepaleses que encheram nesta segunda-feira as estradas de saída da capital.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU
Aviões americanos bombardearam posições taliban na cidade afegã de Kunduz
Exército afegão tenta retomar controlo da cidade onde os taliban quiserem fazer uma demonstração das suas capacidades, segundo um comandante do grupo radical islamista. (...)

Aviões americanos bombardearam posições taliban na cidade afegã de Kunduz
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-10-01 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20151001192447/http://www.publico.pt/1709429
SUMÁRIO: Exército afegão tenta retomar controlo da cidade onde os taliban quiserem fazer uma demonstração das suas capacidades, segundo um comandante do grupo radical islamista.
TEXTO: As forças afegãs iniciaram uma ofensiva para recuperar Kunduz, a cidade estratégica do Norte do Afeganistão que o grupo radical islamista taliban ocupou na segunda-feira, na sua primeira grande ofensiva com conquista de território desde que foram depostos em 2001. As forças governamentais foram apoiadas, na manhã desta terça-feira, por bombardeamentos aéreos americanos. "A batalha está em curso. As forças afegãs fazem face à resistência dos taliban mas progridem", disse o porta-voz da polícia da província de Kunduz, Sayed Sarwar Hussaini, confirmando o início de uma ofensiva do Exército para reconquistar a cidade. Segundo um comunicado do Ministério da Defesa afegão, citado pela AFP, para esta operação foram mobilizadas forças que estavam em várias regiões do país. O comunicado diz que as forças governamentais já controlam o quartel da polícia e outros edifícios estratégicos, assim como a prisão de onde os taliban libertaram, na segunda-feira, todos os presos. No terreno, as forças afegãs não podem contar com os 13 mil homens da NATO no país. A missão de combate das forças da NATO terminou no final do ano passado e os militares que ainda se encontram no Afeganistão fazem apenas trabalho de treino e aconselhamento. Já o exército norte-americano, que continuou a realizar bombardeamentos aéreos no Este do Afeganistão, pode dar apoio aéreo para "eliminar ameaças", segundo o coronel Brian Tribus, porta-voz da missão da NATO no país. Foram os Estados Unidos que lideraram a invasão que levou ao derrube dos taliban, em 2001. Mas a tomada de Kunduz expôs a fragilidade do aparelho de defesa do Governo de Cabul. Em poucas horas, os taliban entraram em Kunduz e ocuparam a cidade, apoderando-se de todos os pontos estratégicos. Após esta vitória, o novo líder dos taliban, o mullah Akhtar Mansour, saudou a "grande vitória" dos seus combatentes. A tomada de Kunduz é uma vitória para o mullah Mansour, que está a afirmar a sua autoridade no movimento depois de anos de divisões internas na sequência da morte do anterior líder, o mullah Omar – a morte deste foi escondida durante três anos e a sua família contestou a liderança de Mansour. Segundo revelou um comandante taliban, a tomada de Kunduz é uma afirmação de capacidade militar e de união por parte do movimento. O responsável, que falou à AFP em Peshawar, no Paquistão, disse que à partida o grupo sabia que poderia não conseguir manter o domínio da cidade. "Podemos não conseguir manter a cidade muito tempo, mas esta operação é uma resposta à posição do Governo [afegão] que diz que só estamos posicionados junto à fronteira com o Paquistão", disse. A opção por Kunduz foi também simbólia - esta foi a última cidade a ser "libertada" pela coligação internacional e foi, agora, a primeira a ser conquistada, ainda que possa ser por poucos dias. A tomada da cidade, uma das maiores do país, com 30 mil habitantes e um importante entreposto comercial - é a porta de entrada para o Norte do Afeganistão e para o Tajiquistão -, mostrou a capacidade renovada dos taliban para operações de grande envergadura militar. Na semana anterior, numa cidade do centro, tinham atacado uma prisão para libertar combatentes presos. Esta demonstração de força em Kunduz ocorreu um ano depois da tomada de posse do novo Presidente, Ashraf Ghani, um aliado do Ocidente que formou uma equipa governativa de unidade nacional destinada a, depois da saída das forças militares estrangeiras, pacificar o país após 30 anos de conflitos. Apesar da ofensiva das forças governamentais com o apoio aéreo americano, os taliban estão a fazer apelos à população de Kunduz para que se mantenham tranquilas e retomem a vida – na segunda-feira, a cidade estava deserta e a população mantinha-se refugiada em casa. Nesta terça-feira, vive-se o "caos", disse um dirigente local, Zabihullah Mudjahid, à AFP. Como outros, estava a abandonar a cidade. "Não posso falar mais, estou a embarcar num helicóptero", acrescentou. Segundo a organização Médicos Sem Fronteiras, que tem um posto em Kunduz, há "dezenas de pessoas feridas".
REFERÊNCIAS:
Entidades NATO
Milhares de migrantes resgatados no Mediterrâneo este fim-de-semana
Foram salvas 3644 pessoas que partiram em frágeis embarcações das costas da Líbia. As autoridades levaram-nas para a ilha de Lampedusa. (...)

Milhares de migrantes resgatados no Mediterrâneo este fim-de-semana
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-10-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Foram salvas 3644 pessoas que partiram em frágeis embarcações das costas da Líbia. As autoridades levaram-nas para a ilha de Lampedusa.
TEXTO: A Guarda Costeira italiana resgatou quase 3700 migrantes ao largo da costa da Líbia só este fim-de-semana, em 17 operações distintas em conjunto com navios franceses. No sábado foram resgatadas 3427 pessoas, que seguiam no Mediterrâneo em várias embarcações, de madeira ou insufláveis, e que tinham como objectivo chegar a território europeu. Na madrugada de domingo as autoridades francesas recolheram outras 217 pessoas numa única embarcação, e detiveram dois dos traficantes que seguiam a bordo. Ainda é cedo para se conhecerem as nacionalidades de todas as pessoas que partiram das costas da Líbia e que foram resgatadas este fim-de-semana, mas é certo que todas foram levadas para o centro de acolhimento de Lampedusa – uma pequena ilha italiana aproximadamente à mesma distância da Líbia, de Malta e da Sicília. O total de pessoas resgatadas no sábado não é o mais elevado de sempre no Mediterrâneo – no dia 11 de Abril, a Guarda Costeira italiana retirou das frágeis embarcações 3791 migrantes, e no dia seguinte mais 2850. Durante o mês de Abril terão morrido mais de 1200 pessoas na travessia do Mediterrâneo, em quatro naufrágios. O mais grave ocorreu no dia 19 de Abril, quando um barco com mais de 800 pessoas a bordo se virou durante a tentativa de resgate por um navio mercante com bandeira portuguesa – foram recuperados apenas 27 corpos. Uma semana antes, no dia 13, mais de 400 pessoas morreram afogadas no naufrágio de uma outra embarcação, que transportava cerca de 550 – 145 pessoas foram salvas e apenas nove corpos foram recuperados. Outros dois naufrágios, nos dias 16 e 20 de Abril, fizeram mais de 30 mortos, com cerca de 100 pessoas a conseguirem salvar-se. O número de migrantes mortos em naufrágios no Mediterrâneo desde Janeiro ronda os 1750, um aumento de quase 20 vezes em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram registadas 96 mortes. Poucos dias depois do naufrágio que provocou cerca de 800 mortos, os líderes da União Europeia decidiram triplicar o orçamento para as operações da agência europeia Frontex, e ameaçaram destruir os barcos dos traficantes em ataques militares. Organizações como a Agência das Nações Unidas para os Refugiados consideram que as medidas anunciadas pela União Europeia ficam aquém do que é necessário para enfrentar o problema. A Itália pôs fim ao seu programa de resgate Mare Nostrum, que funcionou durante um ano mas que foi cancelado por questões financeiras – o Governo do país disse que os custos eram insustentáveis sem a colaboração dos restantes parceiros europeus.
REFERÊNCIAS:
Tempo Janeiro Abril
Aumenta o número de britânicos que defende saída da União Europeia
Os indicadores que saem das sondagens dizem que o voto dos indecisos será crucial no dia do referendo. (...)

Aumenta o número de britânicos que defende saída da União Europeia
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-10-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Os indicadores que saem das sondagens dizem que o voto dos indecisos será crucial no dia do referendo.
TEXTO: O número de britânicos que quer que o Reino Unido saia da União Europeia aumentou, revela uma sondagem YouGov publicada esta segunda-feira. De acordo com o estudo de opinião realizado na semana passada a 2871 adultos, 41% são a favor da saída, 38% são a favor da permanência e 17% estão indecisos. Diz o jornal The Times, que publicou a sondagem, que a crise de refugiados está na origem desta subida do "não" à UE — há um mês, outra sondagem do mesmo instituto de estudos de temas de governação dera 45% à permanência e 37% à saída. "A opinião pública parece ter mudado de ideias depois de um Verão marcado pela crise dos refugiados", escreve em editorial o jornal britânico. Porém, há que acrescentar outros factores a esta mudança nos números dos inquiridos pelo YouGov. Foi a primeira sondagem depois de a comissão eleitoral ter pedido a alteração da pergunta do referendo. Antes, a pergunta, que a comissão eleitoral considerou favorecer o "sim", dizia: "Deve o Reino Unido permanecer membro da União Europeia?" Agora pergunta-se: "Deve o Reino Unido permanecer membro da União Europeia ou deve saír da União Europeia?"Também já com a nova pergunta o instituto de sondagens Survation realizou igualmente um inquérito, também publicado esta segunda-feira, que dá 43% de intenções de voto ao "sim" à Europa, 40% ao "não" e 17% de indecisos. varam inquiridos 1008 adultos. Os dados das duas sondagens evidenciam que deverão ser os que ainda estão indecisos a determinar a decisão. O referendo sobre a permanência do Reino Unido na UE vai realizar-se até ao final de 2017, conforme anunciou o primeiro-ministro David Cameron, que tem uma ala eurocéptica dentro do seu Partido Conservador. Cameron disse que vai lutar pela reforma da União e pela negociação de condições mais favoráveis ao seu país, antes da votação popular. A sondagem YouGov também mostra que uma elevada percentagem de inquiridos está disposta a mudar de ideia (e a optar pelo "sim" à Europa) se Cameron conseguir negociar favoravelmente novas condições para o Reino Unido.
REFERÊNCIAS:
Entidades UE
Putin emerge do seu isolamento como mediador inevitável para a paz na Síria
O Presidente da Rússia vai falar nas Nações Unidas pela primeira vez em dez anos. Qualquer solução para a Síria tem agora de passar por ele. (...)

Putin emerge do seu isolamento como mediador inevitável para a paz na Síria
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-10-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: O Presidente da Rússia vai falar nas Nações Unidas pela primeira vez em dez anos. Qualquer solução para a Síria tem agora de passar por ele.
TEXTO: Quando Vladimir Putin tomar nesta segunda-feira o palco da Assembleia Geral das Nações Unidas, não o fará como o pária da diplomacia internacional ou o agressor mais-ou-menos oculto do Leste da Europa, como até há pouco tempo era encarado pelos líderes ocidentais. O Presidente russo saiu do isolamento internacional em que foi posto depois da anexação da Crimeia e da sua intervenção na Ucrânia. É agora uma figura incontornável nos destinos da sangrenta guerra na Síria e uma peça fundamental para um seu fim. E será encarado como tal por um Ocidente que pouco fez e pouco sabe o que fazer para solucionar um conflito que matou à volta de 240 mil pessoas, fez quatro milhões de refugiados e seis milhões de deslocados internos. A Rússia entrou com estrondo no palco da diplomacia internacional ao posicionar-se militarmente na Síria no início do mês. Para surpresa dos Estados Unidos e da Europa, o Kremlin começou a transformar a sua base aérea em Latakia, na costa do Mediterrâneo, e a preparar a “primeira fase” da sua intervenção na Síria, como escreve o Financial Times. Em poucas semanas, a Rússia enviou centenas de militares para apoiar Assad – em breve serão 2000 –, tem já dezenas de caças, tanques modernos e sistemas antiaéreos de última linhaMoscovo faz mais do que sair do isolamento ao enviar tropas para a Síria. Assume-se também como intermediário de poder na região, reforçando o papel do aliado Irão e colocando-se ao mesmo nível que os Estados Unidos. É algo que se torna evidente com a transformação do diálogo internacional que causou. Barack Obama, que quis isolar Putin desde a anexação da Crimeia e que desde então só teve um contacto telefónico com ele, aceitou encontrar-se com o líder russo nesta segunda-feira, em Nova Iorque. Os exércitos russo e norte-americano, também em silêncio desde 2014, retomaram contactos de forma a garantirem que não se enfrentam acidentalmente no espaço aéreo sírio. Mas na Síria, é o Irão, e não a Rússia, quem mais sustenta militarmente o regime de Assad. Qualquer solução para o conflito teria de passar sempre por Teerão e a intervenção de Putin está a sublinhá-lo. O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, tinha encontro marcado no domingo com os homólogos da Rússia e Irão especificamente para discutir a estratégia para a Síria. Um avanço importante, já que Washington afastou no passado a possibilidade de o Irão fazer parte de um fim negociado do conflito. Parece ser inevitável: no domingo, o Governo iraquiano anunciou a criação de um gabinete de guerra contra o Estado Islâmico coordenado por Bagdad, Moscovo e Teerão. Vão partilhar informações sobre os extremistasFalhanço do OcidenteFoi o Ocidente quem estendeu a passadeira para a iniciativa russa e iraniana. A resposta dos Estados Unidos e Europa à guerra na Síria tem sido, no melhor dos casos, ineficaz. Os bombardeamentos da coligação ao Estado Islâmico na Síria e Iraque não conseguiram evitar alguns avanços do grupo extremista – sobre Palmira, por exemplo –, embora pareçam ter evitado uma expansão mais agressiva. As bombas ocidentais mataram à volta de 8000 jihadistas em pouco mais de um ano. Mas não sem consequências graves. Morreram entre 150 a 460 civis nestes bombardeamentos, segundo estimativas de grupos que monitorizam o conflito. Só os curdos no Norte da Síria têm conseguido avanços importantes contra os jihadistas. Mas estes têm uma aliança tácita com a administração de Assad e estão mais interessados em preservar os seus projectos de autonomia do que participar num futuro político em Damasco. Os grupos rebeldes moderados que os Estados Unidos esperavam armar e treinar na Síria contra o Estado Islâmico são uma ilusão. Quem tem mais poder no terreno são os extremistas, que absorveram parte da oposição moderada. A Divisão 30, nome dado ao primeiro grupo de rebeldes treinados e equipados pelos americanos a custo de 500 milhões de dólares, foi capturada ou transformada em rede jihadista. Há duas semanas havia apenas “quatro ou cinco” deles em combate na Síria, segundo admitiu o próprio Pentágono, embora já tenham entrado mais algumas dezenas de paramilitares no país desde então. Mas mesmo estes últimos sofreram um revés, na semana passada, ao terem de oferecer um quarto do seu armamento norte-americano à poderosa célula da Al-Qaeda na Síria, a Frente al-Nusra, a troco de não serem capturados. A chegada de dezenas de milhares de refugiados sírios às costas europeias está a destruir a ilusão de que o mundo ocidental pode decidir o conflito sírio à distância. Mas nem por isso Washington se prepara para abandonar a linha de acção: no início do mês, o New York Times noticiava que estava em calha um novo plano de treino de rebeldes, em maior número, “melhor equipados e mais motivados”.
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Palavras-chave guerra agressor
Rússia envia mais armamento para a Síria e prepara base para ataques aéreos
Moscovo não exclui nenhuma hipótese para ajudar Assad no seu combate contra os extremistas islâmicos. Base em Latakia tem dois novos heliportos, mas ainda não tem aeronaves. (...)

Rússia envia mais armamento para a Síria e prepara base para ataques aéreos
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 | Sentimento -0.15
DATA: 2015-10-01 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20151001203659/http://www.publico.pt/1707883
SUMÁRIO: Moscovo não exclui nenhuma hipótese para ajudar Assad no seu combate contra os extremistas islâmicos. Base em Latakia tem dois novos heliportos, mas ainda não tem aeronaves.
TEXTO: A Rússia está a aumentar a sua presença militar na Síria e a renovar uma base de operações aéreas no Norte do país para apoiar o regime de Bashar al-Assad no combate ao autoproclamado Estado Islâmico. Imagens de satélite publicadas na segunda-feira mostram novas construções na base russa em Latakia, na costa do Mediterrâneo e no bastião alauita do Presidente sírio. Na base, para além de materiais de construção e várias zonas de terra remexida, há dois novos heliportos e caminhos de asfalto que ligam à pista principal. Os Estados Unidos acusam o Governo russo de estar a preparar acções militares no país em segredo e dizem que Moscovo pode no futuro perturbar os seus próprios bombardeamentos ao grupo jihadista. Segundo cálculos do Pentágono, os russos têm já na Síria 200 fuzileiros navais, sete tanques T-90, 15 peças de artilharia pesada Howitzer, 35 veículos blindados de transporte e material de habitação para 1500 tropas. Chegaram ao longo da última semana, a bordo de 15 aviões de transporte militar Condor. As últimas peças foram os tanques, dos mais sofisticados no armamento activo de Moscovo. Apesar das tentativas norte-americanas em fechar os corredores aéreos da Rússia para a Síria, Irão e Iraque autorizaram a passagem das aeronaves. Washington diz que, por enquanto, não há ali jactos ou helicópteros russos. Moscovo não se afasta dos argumentos das últimas semanas. Embora a princípio tenha afirmado que os seus voos para a Síria transportavam apenas apoio humanitário, o Governo russo declara agora abertamente que os aviões de carga que têm aterrado nos últimos dias na Síria levam armamento para ajudar o exército de Bashar al-Assad na luta contra o “terrorismo” – pese o facto de, aos olhos do Kremlin, todos os grupos armados de oposição se inserirem neste termo. “Apoiamos o Governo da Síria na sua luta contra a agressão terrorista, providenciamos-lhe e continuaremos a providenciar-lhe toda a assistência militar necessária”, disse nesta segunda-feira o Presidente russo, Vladimir Putin, no Tajiquistão. Desde o início da guerra na Síria que Moscovo envia armas ao aliado Assad, tal como, no campo oposto, Estados Unidos, Turquia e aliados ocidentais no Golfo enviam armas a grupos rebeldes. Montar uma base militar para ataques ao Estado Islâmico ou ter uma presença substancial de tropas no país, no entanto, seriam avanços inéditos para Moscovo. Putin não exclui a possibilidade de entrar com tropas na Síria, mas garante que, por enquanto, os seus militares no terreno estão lá para treinar o exército de Assad na utilização do novo armamento. Algo que dificilmente justifica as obras dos últimos dias na sua base em Latakia. O Pentágono diz que está pronto para receber de braços abertos a ajuda da Rússia na batalha contra os jihadistas na Síria. Mas não a ajuda de Moscovo a Assad. “Arrisca-se a desestabilizar ainda mais uma situação já de si instável”, disse na segunda-feira o porta-voz do Pentágono. Já o Presidente russo aproveita a indefinição no Ocidente sobre o que fazer com o Governo sírio e como estancar o sangramento de refugiados para a Europa. Putin insistiu nesta terça-feira em dizer que Assad é uma peça fundamental para derrotar o Estado Islâmico. “Sem a participação activa das autoridades e exército sírio, seria impossível expulsar os terroristas do país. ”
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Palavras-chave guerra campo ajuda
Stefan Zweig no meio da multidão
É um dos grandes filmes do ano: uma biografia de Stefan Zweig que é também uma radiografia do fim de um mundo. Maria Schrader, a realizadora de Stefan Zweig – Adeus, Europa, explica que quis fazer um filme sobre a Europa vista de longe, à distância do exílio. (...)

Stefan Zweig no meio da multidão
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-02-22 | Jornal Público
SUMÁRIO: É um dos grandes filmes do ano: uma biografia de Stefan Zweig que é também uma radiografia do fim de um mundo. Maria Schrader, a realizadora de Stefan Zweig – Adeus, Europa, explica que quis fazer um filme sobre a Europa vista de longe, à distância do exílio.
TEXTO: Maria Schrader toma um café no foyer do balcão do São Jorge, a poucos passos da varanda sobre a avenida da Liberdade, em Lisboa, e parece ainda estar incrédula que o filme que aqui a trouxe tenha feito a carreira que fez. “Toda a gente nos dizia que não íamos ser capazes de montar este filme”, diz. “Diziam-nos que éramos malucos, que o filme era tão anacronista que não ia fazer espectadores. Houve momentos em que achámos que nunca conseguiríamos financiamento, mas nesses momentos eu contentava-me por saber que tinha feito esta viagem maravilhosa durante a escrita do guião. Tivemos metade do dinheiro que devíamos ter tido, houve uma equipa fabulosa que nos ajudou a levar o barco a bom porto. E, por isso, é óptimo saber que fomos capazes de o fazer. ”Esse filme é Stefan Zweig – Adeus, Europa; no papel, uma biografia do escritor judeu austríaco (1888-1942) que foi o cronista superior da lenta decadência da “Mitteleuropa” na transição do século XIX para o século XX; na prática, uma radiografia minuciosa de um mundo que acabava através da história de um homem que manteve intacta, até ao fim, a sua dignidade moral e o seu humanismo rigoroso. Apreciável sucesso crítico e de bilheteira um pouco por toda a Europa, Stefan Zweig estreia esta semana nas nossas salas, depois de algumas sessões com historiadores e políticos e uma ante-estreia na mostra Kino 2017 que trouxe a Lisboa a realizadora e o seu co-argumentista, Jan Schomburg. Realização:Maria Schrader Actor(es):Tómas Lemarquis, Barbara Sukowa, Josef HaderO projecto levou cinco anos a pôr em prática, explica Schrader, mas, na origem, seria uma encomenda totalmente diferente. “O filme é dedicado a um produtor francês chamado Denis Poncet [1948-2014], que veio ter comigo à procura de uma realizadora de língua alemã, para um filme sobre a segunda mulher de Zweig, Lotte. Eu tinha feito um filme anterior muito semelhante, sobre uma jovem que construia uma obsessão estranha por um homem mais velho, muito icónico… Quando comecei a ler sobre Lotte disse que não me parecia interessante, ela não era realmente a protagonista da história e não me queria repetir. No entanto, tudo o que eu lia sobre Zweig me parecia incrivelmente interessante. E pedi ao Jan que passasse algum tempo a pesquisar comigo, a pensarmos juntos como poderíamos falar de Zweig e do exílio…”O projecto desenvolveu-se então numa direcção completamente diferente, mas sempre recusando as convenções do filme biográfico. “Quando começámos a ler sobre Zweig, sentimo-nos muito intrigados pelo tema do exílio, ” explica Schrader. “Quisemos fazer um filme que se passasse num tempo difícil sobre a Europa, mas sem mostrar a Europa. ” Jan Schomburg, que acompanha a entrevista, interjecta que a ideia era fugir aos lugares-comuns do filme passado durante a Segunda Guerra Mundial, porque a iconografia do período está de tal modo “gasta” que automaticamente iria minimizar a história de Zweig e a dor do exílio que lhe está no centro. “Achámos que seria bem mais intrigante mostrar a natureza tropical enquanto pensamos no Holocausto. Falar da Europa sem nunca a mostrar, sem nunca ter de recorrer às imagens que já conhecemos, que já estão normalizadas”. “Foi nesse momento, ” continua Schrader, “que decidimos mostrar momentos muito específicos da sua biografia. Sentimos que era preciso abordar tudo de uma maneira muito forte. ”Por isso, Stefan Zweig está estruturado como uma novela, com prólogo, quatro capítulos e um epílogo, fazendo corresponder a cada capítulo um local e uma data específicos: a visita de Zweig ao Congresso PEN de Buenos Aires em 1937; a sua primeira viagem ao Recife em 1941; uma passagem por Nova Iorque em 1941, no pico da fuga dos judeus da Europa onde visita a ex-mulher e os filhos; a sua instalação definitiva com a segunda mulher, Lotte, em Petrópolis, no Brasil, em 1941, onde se suicidaria no ano seguinte. “Tornou-se-nos evidente, ” explica a realizadora, “que enquadrar o filme entre a sua primeira visita ao Brasil e a sua morte. Porque o Brasil parecia ser uma espécie de «amante substituto» de Zweig, e permite-nos seguir um arco narrativo clássico. Ele apaixona-se pelo Brasil, pela possibilidade de identificar-se mais uma vez com um local, de construir uma vida nova. Essa possibilidade de seguir em frente com a vida e com o trabalho existia realmente. Mas ele percebe que não consegue construir essa vida nova. . . ”É esse o “mistério”, a “pergunta” que persegue todo o filme: o suicídio de Zweig e de Lotte em Petrópolis, como se o Brasil fosse perfeito demais, ou imperfeito demais para alguém que conheceu Viena no seu auge. “Como é que alguém de tão privilegiado, comparado com milhões de outros, se decide matar no meio deste paraíso?”, diz Maria Schrader. “Foi esse mistério que lançou o filme. Zweig era realmente uma cabeça que pensava na Europa que pensava numa Europa unida. Fez as perguntas certas no tempo certo, e teve consciência que tinha um papel público a representar, e abdicou de voltar à privacidade da escrita. Sentiu a responsabilidade de ajudar os outros a fugir à Europa, de fazer as perguntas importantes, de tentar responder-lhes, de estar em diálogo com o seu tempo… Como diz o Josef Hader [o actor austríaco que interpreta o escritor], a vida de Zweig parecia, ela própria, ser um dos seus livros, como se ele fosse personagem da sua própria história. ”Pensei no filme como um documentário histórico filmado como se fosse uma ficção: pensar que o Stefan Zweig nos permitiu acompanhar a sua vidaAs ressonâncias que Stefan Zweig – Adeus, Europa tem nos nossos dias sobre o questionamento interno da consciência e da moral europeias, sobre as questões levantadas sobre os exílios, as diásporas, os asilos, os refugiados são evidentes, incluindo para a realizadora. “Mas como poderíamos ter sabido?”, diz. “Começámos a trabalhar neste filme há cinco anos, e a primeira montagem ficou pronta no pico da crise dos refugiados. ” “Há um momento no filme, ” aponta Schomburg, “em que a filha de Zweig diz que estavam no cais de Marselha com mais de 2000 pessoas a quererem entrar num barco. E naquele preciso momento aquilo estava a acontecer, mas do outro lado do Mediterrâneo. Foi muito estranho, e perturbante, e comovente, ver que este filme sobre um intelectual a atravessar um momento histórico nos anos 1940 falava de repente ao nosso mundo. ”Isso pode também ser atribuído à dimensão instintiva, intuitiva, inscrita no filme por Maria Schrader, que tem uma longa carreira de actriz (e, nas palavras de Schomburg, “é tão perfeccionista como realizadora como o é enquanto actriz). “Muitas das minhas decisões são instintivas, sim. No meu caso, sempre que acabava de escrever uma cena, via-a à frente dos olhos. Chegava a um cenário, a um exterior, e instintivamente dizia: isto bate certo, isto não. Mesmo com os actores, apenas percebo a dimensão intuitiva da minha escolha já depois de falar com eles. No caso do Josef Hader, por exemplo, reconheci nele uma capacidade de pensamento e de emoção ideal para o papel. Não duvidei por um momento que ele fosse capaz de ser Zweig. Ele, sim, duvidava. Avisou-me: «Maria, vais ficar desiludida, não sou o actor profissional de que precisas…» Estava enganado. Ou antes, ” ri-se, “sim, estava certo, porque não é um actor com estudos, virtuoso. Mas não era isso que eu queria. Queria ver um escritor no meio da multidão. ”Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. É esta frase - “um escritor no meio da multidão” - que explica toda a abordagem de Maria Schrader à sua história: “Pensei no filme como um documentário histórico filmado como se fosse uma ficção: pensar que o Stefan Zweig nos permitiu acompanhar a sua vida. Isso implicava dar aos actores o máximo de possibilidades de movimento, a maior liberdade em frente à câmara. A câmara, no nosso filme, vai sempre atrás. Só no prólogo e no epílogo [rodados em plano-sequência único] é que havia marcações a seguir, uma coreografia formal, mas todo o resto do filme era completamente livre. O nosso director de fotografia, Wolfgang Thaler, vem do documentário e percebeu isso completamente. ”“Queríamos um filme que fosse ao mesmo tempo pensativo, inteligente, mas também sensual, sensorial, cheio de camadas, ” remata Maria Schrader. “Não queríamos ter de escolher entre a imagem e a ideia. É óptimo ver que conseguimos fazer o filme que queríamos, apesar de todos os momentos em que receámos que nunca o conseguíssemos levar a cabo. E que fizemos esta viagem por todo o mundo com ele. ”
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE
Sessenta anos após Roma, é preciso reprojectar a Europa!
Enquanto os nacionalistas continuam a atacar a Europa, os UE-27 não podem perder o momento para agir. A nossa segurança futura, prosperidade, relevância global e a Europa como espaço democrático dependerá da vontade de se desintegrarem ou de continuarem unidos. (...)

Sessenta anos após Roma, é preciso reprojectar a Europa!
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-02-21 | Jornal Público
SUMÁRIO: Enquanto os nacionalistas continuam a atacar a Europa, os UE-27 não podem perder o momento para agir. A nossa segurança futura, prosperidade, relevância global e a Europa como espaço democrático dependerá da vontade de se desintegrarem ou de continuarem unidos.
TEXTO: No próximo dia 25 de março, os líderes europeus vão reunir-se em Roma para celebrar um aniversário. Em 1957, representantes de seis países assinaram aí os tratados que estabeleceram a Comunidade Económica Europeia e a Comunidade Europeia da Energia Atómica. Os registos desse momento histórico mostram fotos de homens em fatos que provavelmente não imaginavam que em 2017 a União Europeia começaria a ser reduzida de 28 para 27 estados-membros e que a política podia ser feita através de smartphones e redes sociais. Os seus signatários estariam certamente orgulhosos pelas seis décadas de paz e prosperidade numa União Europeia alargada. Mas não sejamos nostálgicos, não podemos ver a Cimeira de Roma como uma mera celebração do que conseguimos alcançar nos últimos 60 anos. A União debate-se com grandes problemas no imediato. Muitos nacionalistas, dentro e fora da União, estão a fazer o seu melhor para a destruir. Estamos a viver momentos decisivos para a história europeia e temos grandes responsabilidades na definição do seu futuro. É por isso que os Socialistas e Democratas europeus exigem que os chefes de Estado e de governo dos UE-27 cheguem a acordo em Roma por um novo Roteiro para a Europa. Foi neste sentido que enviámos ao Presidente da Comissão Europeia as nossas propostas detalhadas para servir de contributo para o Livro Branco sobre o Futuro da União Europeia e para o “Roteiro de Roma”. O futuro da Europa depende da ação urgente em quatro grandes áreas: prosperidade, segurança e direitos humanos, cooperação internacional e democracia. Os europeus trabalham arduamente, possuem melhores conhecimentos e qualificações. No entanto, as desigualdades continuam a ser gritantes devido à evasão fiscal e à falta de investimento produtivo. Para alcançar uma prosperidade partilhada e sustentável, a Europa precisa de uma estratégia de investimento que apoie as indústrias e serviços de futuro: energia limpa, produção baseada em eficiência de recursos, digitalização, educação, serviços de saúde e muitos outros serviços que melhorem a vida do cidadão. Todo o tipo de empregos tem que ter condições decentes de trabalho, é por isso que defendemos um “Pilar Europeu dos Direitos Sociais” forte, que concilie novas modalidades de trabalho com o nosso modelo social. Também insistimos que a zona euro tem que se dotar de uma capacidade orçamental comum para todos os seus estados-membros, para que todos se possam modernizar (“convergência ascendente”) e para que possamos lidar melhor com crises financeiras futuras (“resistência contra choques”). Tudo isto seria facilitado se, por exemplo, os países europeus apostassem mais na luta contra a evasão fiscal das grandes multinacionais. Será necessário adotar mais e melhor legislação europeia contra a evasão fiscal, principalmente para estabelecer uma base de incidência comum para a tributação de sociedades. A Europa também tem que se tornar mais autossuficiente no que toca à segurança. Não restam dúvidas que podemos fazer muito mais juntos no que toca à defesa e à gestão da migração. Queremos uma fronteira europeia segura e em que os direitos humanos sejam respeitados. A gestão de uma fronteira europeia e o desenvolvimento de um verdadeiro sistema europeu de asilo é uma responsabilidade comum a todos os estados-membros, incluindo a proteção e integração de refugiados nas nossas sociedades. Temos também que apostar na melhoria da cooperação com África e com o Médio-Oriente para a gestão dos fluxos migratórios. Mais, a nossa polícia e as forças de segurança internas tem que trabalhar em melhor colaboração para evitar de maneira mais eficaz ataques terroristas e para acabar com o crime organizado. Enquanto Trump, Putin e outros subalternizam os princípios multilaterais da ordem internacional, a Europa deve manter-se como ator central dos processos de cooperação internacional. Os nossos parceiros na América do Norte e do Sul, em África e no Pacífico esperam que continuemos a liderar a defesa da paz, o diálogo, o desenvolvimento sustentável e garantir uma resposta às alterações climáticas. Temos que conduzir os nossos acordos comerciais de maneira a melhorar ainda mais os standards laborais, a justiça social e tributária, e a proteção ambiental. A Europa pode tornar-se definitivamente uma verdadeira líder num mundo multipolar. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. No entanto, os UE-27 só conseguirão promover a prosperidade, segurança e a cooperação internacional se conseguirem fortalecer a sua capacidade de atuar como uma forte entidade democrática em termos económicos, sociais, culturais e geopolíticos. Decisões importantes não podem ser adiadas ou tomadas por burocratas de órgãos opacos - elas tem que ser tomadas no timing exato, em conjunto e de maneira democrática. Muitos aspetos da maneira de a UE funcionar podem ser inclusive melhorados no âmbito dos tratados existentes, para que a União se torne mais democrática, mais efetiva e melhor entendida. As instituições como o Parlamento Europeu, Comissão e o Tribunal de Justiça tem um papel fundamental na articulação do interesse comum europeu. O seu papel será crucial durante as negociações do “Brexit” e para contruir um futuro melhor para a UE-27. Mas se estamos verdadeiramente preocupados com um futuro comum, temos então que dotar a União de novos recursos próprios, por exemplo, através de impostos sobre as transações financeiras, impostos sobre as emissões de carbono ou dos ganhos que o Banco Central Europeu gera com a emissão de moeda comum. “Recursos próprios” significa que os estados-membros reduziriam as contribuições a Bruxelas, e dotariam a União de melhores meios para lidar com desafios comuns. Em resumo, enquanto os nacionalistas continuam a atacar a Europa, os UE-27 tem o destino nas suas mãos, mas não podem perder o momento para agir. A nossa segurança futura, prosperidade, relevância global e a Europa como espaço democrático dependerá da vontade de os UE-27 se desintegrarem ou de continuarem unidos, fortes e com capacidade de agir. Em muitas áreas, a soberania nacional sai fortalecida quando partilhada ao nível europeu. A Cimeira de Roma deverá ser, acima de tudo, um grande momento para se chegar a um acordo comum para o futuro. Assim terá que ser se quisermos zelar pelo interesse das gerações mais novas e pelas que estão para vir. Deverá ser um novo começo para uma União Europeia rejuvenescida, esta é a exigência que os cidadãos europeus, e portugueses, devem tornar bem clara.
REFERÊNCIAS:
Entidades UE
Preso director de jornal turco por revelar entregas de armas aos jihadistas
Notícias põem em causa ligações dos serviços secretos com a guerra na Síria. (...)

Preso director de jornal turco por revelar entregas de armas aos jihadistas
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-11-27 | Jornal Público
SUMÁRIO: Notícias põem em causa ligações dos serviços secretos com a guerra na Síria.
TEXTO: O director do jornal turco Cumhuriyet, Can Dundar, e o responsável pela delegação em Ancara, Erdem Gül, foram presos nesta quinta-feira e acusados de “espionagem” e “divulgação de segredos de Estado”, por terem publicado um vídeo em que, afirmavam, os serviços secretos turcos estavam a entregar armas aos islamistas na Síria. Este caso aconteceu em Maio, e o Presidente, Recep Tayyip Erdogan, apresentou pessoalmente queixa contra Can Dundar. “Ele vai pagar caro”, assegurou. O vídeo provocou uma tempestade na vida política turca. Um comboio de camiões dos serviços secretos turcos tinha já sido interceptado no Sul da Turquia em Janeiro de 2014 e este novo vídeo, afirmava o jornal, associado à oposição de esquerda, mostrava armas e munições, escondidas sob caixas de medicamentos. O director do Cumhuriyet recebeu na semana passada, em Estrasburgo (França), o Prémio para a Liberdade de Imprensa dos Repórteres Sem Fronteiras (RSF) e da TV5 Monde. Na atribuição do galardão, as duas instituições classificaram Dundar como alvo de “perseguição política”. “Se estes jornalistas foram presos, será uma prova suplementar de que o poder turco está pronto a usar métodos de outros tempos para extinguir o jornalismo independente na Turquia”, afirmava o comunicado da RSF e da TV5 Monde. A Turquia é frequentemente destacada, por maus motivos, nos relatórios sobre a liberdade de imprensa e dos jornalistas. Neste momento, no entanto, este país de charneira entre a Europa e a Ásia está a ser tratado com especial cuidado pelos países ocidentais, pelo seu papel fundamental como fronteira da guerra na Síria. A Europa quer a sua ajuda para conter a vaga de refugiados do Médio Oriente – no domingo, o Presidente Erdogan é esperado em Bruxelas para uma cimeira com a União Europeia, para discutir esse tema. Quanto aos Estados Unidos, querem manter Ancara como um aliado cooperante no seio da NATO para lutar contra a ameaça terrorista representada pelo Estado Islâmico. Erdogan, contudo, tem como besta negra o Presidente sírio, Bashar al-Assad, e receia o crescimento das autonomias curdas na Síria, temendo alimentar o independentismo dos curdos na Turquia.
REFERÊNCIAS:
Entidades NATO