Violência inter-religiosa está de volta à República Centro-Africana
Ataques e pilhagens dos últimos dias são os mais sangrentos em muitos meses. O grande receio é de um regresso aos dias de terror de 2013-2014. (...)

Violência inter-religiosa está de volta à República Centro-Africana
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 14 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-10-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Ataques e pilhagens dos últimos dias são os mais sangrentos em muitos meses. O grande receio é de um regresso aos dias de terror de 2013-2014.
TEXTO: Os relatos dos últimos dias variaram pouco: tiros noite e dia, ataques, pilhagens que não poupam casas particulares, mesquitas ou organizações humanitárias. Os mortos contam-se por dezenas em Bangui. O grande receio é que o pior possa estar para vir, que a violência sectária se propague ao resto da República Centro-Africana e regressem os dias de terror de 2013 e início de 2014, quando milhares de pessoas — calcula-se que cinco mil — foram mortas e dezenas de milhares fugiram das suas casas. É também essa a grande preocupação do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, como disse o porta-voz Leo Dobbs, num encontro com a imprensa em que fez um balanço da nova vaga de violência que começou no sábado e é a mais sangrenta desde há mais de um ano: pelo menos 36 mortos, mais de cem feridos, 27. 400 deslocados. Destes, 10 mil acorreram ao campo existente junto ao aeroporto M’ Poko, na capital, onde havia já cerca de 11 mil pessoas. A Presidente, Catherine Samba Panza, encurtou a permanência em Nova Iorque, onde se deslocou para participar na Assembleia Geral das Nações Unidas. À chegada, na tarde desta terça-feira, ficou, segundo a Reuters, retida no aeroporto, devido a confrontos entre combatentes anti-balaka, predominantemente cristãos, que bloqueavam o caminho para a sua residência, e forças das Nações Unidas. Uma testemunha disse que dois helicópteros da missão miltar francesa voavam na área disparando contra a milícia predominantemente formada por cristãos. Na madrugada de terça-feira, ouviram-se tiros, que se prolongaram para além da hora de levantamento do recolher obrigatório, as 6h (mesma hora em Portugal Continental). Fonte militar disse à AFP que foram disparados por forças de segurança para dispersar grupos que faziam pilhagens e vandalizaram instalações de organizações não-governamentais, das quais havia sido retirado o pessoal por questões de segurança. Entre os alvos estiveram a Première Urgence, a Cordaid e o Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas. Um sinal da dificuldade das forças internacionais em controlar a situação no país onde as granadas são mais baratas do que a Coca Cola, foi o apedrejamento de carros da Missão das Nações Unidas na República Centro-Africana (Minusca). Instalações de forças de segurança, do ministério da Defesa e da rádio estatal foram também alvo de actos de violência, segundo o diário francês Le Monde. A maior parte dos funcionários da ONU tiveram de sair das suas casas por razões de segurança. Esta terça-feira, pelo terceiro dia consecutivo, a capital esteve, segundo a AFP, paralisada por barricadas levantadas por manifestantes que reclamam a demissão de Samba Panza, devido à vaga de violência. Muitos residentes fecharam-se em casa. Na noite anterior cerca de 500 reclusos fugiram das prisões, segundo a representação das Nações Unidas. Serão, na sua maior parte, membros das milícias anti-balaka que em 2013-2014 desencadearam uma campanha de vingança por anteriores massacres da coligação de antigos rebeldes muçulmanos Séléka, liderada por Michel Djotodia, que, em Março de 2013, derrubou o Presidente François Bozizé e tomou o poder que manteve até Janeiro de 2014. No auge da perseguição a muçulmanos, organizações como a Amnistia Internacional chegaram a denunciar uma “limpeza étnica” às claras na parte ocidental do país. Ao contingente da ONU juntaram-se no auge das perseguições forças francesas. A morte de um jovem muçulmano condutor de moto-táxi, degolado no bairro PK-5, maioritariamente islâmico, foi, segundo habitantes ouvidos pela AFP, o detonador da violência que se propagou a bairros limítrofes. Um dado que fez aumentar as preocupações: há informações sobre a chegada à capital de novos grupos anti-balaka. Antes de chegar a Bangui, a Presidente multiplicou-se em declarações. À BBC adiantou que as eleições previstas para Outubro serão adiadas – antes da vaga de violência estava marcado um referendo à nova Constituição, no dia 4, e a primeira volta das presidenciais, no dia 18. À rádio francesa RFI apontou, numa clara alusão a Bozizé e Djotodia, apontou o dedo a “antigos dirigentes que querem voltar ao poder “ e que sabem que não o conseguem por via eleitoral.
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Entidades ONU
Ataque da Al-Shabab mata quatro funcionários da UNICEF na Somália
Morreram sete pessoas e quatro ficaram gravemente feridas numa explosão à bomba contra uma carrinha das Nações Unidas. A região de Puntland, no nordeste do país está assolada com fugitivos da Al-Shabab. (...)

Ataque da Al-Shabab mata quatro funcionários da UNICEF na Somália
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 14 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Morreram sete pessoas e quatro ficaram gravemente feridas numa explosão à bomba contra uma carrinha das Nações Unidas. A região de Puntland, no nordeste do país está assolada com fugitivos da Al-Shabab.
TEXTO: Quatro funcionários da UNICEF morreram e outros quatro ficaram gravemente feridos numa explosão que atingiu o autocarro em que viajavam, na região de Puntland, no nordeste da Somália. O ataque matou sete pessoas e foi reivindicado pela Al-Shabab, o grupo islamista somali com ligações à Al-Qaeda e que no mês passado matou 148 pessoas numa universidade no Quénia. De acordo com informações governamentais à Al-Jazira, o ataque matou também dois seguranças somalis e uma sétima vítima que ainda não foi identificada. Todos seguiam a bordo de uma carrinha das Nações Unidas que fazia a viagem entre a residência dos funcionários e a sede da agência. Não existe ainda nenhum relato oficial sobre a maneira de como foi conduzido o ataque. A Al-Jazira afirma que a Al-Shabab detonou uma bomba no interior da carrinha por controlo remoto. Já o diário norte-americano New York Times diz que a bomba estaria na margem da estrada. Em comunicado, a UNICEF condenou o ataque e diz que este foi dirigido, como se lê, contra funcionários “dedicados a melhorar a vida de outros”. A Al-Shabab já conduziu vários ataques contra funcionários das Nações Unidas na Somália. Mas estes ataques acontecem sobretudo na região sul do país, onde a presença dos islamistas é mais forte, e em especial na capital da Somália, Mogadíscio. “O ataque em Garowe foi da nossa autoria”, disse à Al-Jazira um responsável da Al-Shabab. “Tivemos como alvo o nosso inimigo, as Nações Unidas”, acrescentou. As Nações Unidas colaboram com o Governo da Somália e com a missão da União Africana que combate a Al-Shabab. Os ataques dos islamistas na capital do país causaram um êxodo de centenas de milhares de somalis que fugiram – muitos deles para o norte do país – de maneira a evitar o bastião dos rebeldess. Só nos últimos cinco meses, afirma a Al-Jazira, terão fugido da capital da Somália cerca de 400 mil pessoas. Um dos destinos comuns é a região semi-autónoma de Puntland, onde nesta segunda-feira se deu o ataque contra o veículo das Nações Unidas e onde ataques da Al-Shabab são raros. O Governo da região diz que é incapaz de lidar com as vagas de refugiados da zona sul do país. “Estamos muito preocupados com o grande número de deslocados que entram nas nossas cidades”, afirmou Abdi Aware, ministro do Governo de Puntland, à Al-Jazira. Um número que pode vir a aumentar num curto espaço de tempo. Como resposta aos ataques da Al-Shabab à Universidade de Garissa, o Governo queniano ordenou às Nações Unidos que deslocassem o campo de Dadaab para a Somália num espaço de três meses. O campo de Dadaab é o maior campo de refugiados do mundo e alberga cerca de 600 mil somalis no Quénia.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave campo ataque
Médicos Sem Fronteiras anunciam saída da Somália ao fim de 22 anos no terreno
Organização não governamental estava neste país desde 1991, mas considera que não há condições para continuar a trabalhar (...)

Médicos Sem Fronteiras anunciam saída da Somália ao fim de 22 anos no terreno
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 14 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-08-14 | Jornal Público
SUMÁRIO: Organização não governamental estava neste país desde 1991, mas considera que não há condições para continuar a trabalhar
TEXTO: A organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras (MSF) anunciou que vai encerrar todos os seus programas na Somália, após 22 anos a trabalhar naquele país africano, por causa dos “ataques brutais contra o seu pessoal. ”O anúncio foi feito esta quarta-feira pelo presidente internacional dos MSF, Unni Karunakara. “Em alguns casos, os actores com quem a MSF tem de negociar as garantias mínimas para que as suas missões médicas e humanitárias sejam respeitadas, têm tido um papel importante nos abusos contra o pessoal da MSF, seja através do envolvimento directo ou da aprovação tácita dessas acções”, acusou num comunicado divulgado esta terça-feira. Isto tem acontecido no Sul e no Centro da Somália – áreas sob o controlo da milícia islâmica Al-Shabab, com ligações à Al-Qaeda – mas também noutras zonas, diz o presidente internacional dos Médicos Sem Fronteiras, organização que estava a trabalhar na Somália sem interrupções desde 1991, quando se iniciou a guerra civil. “Os MSF têm mais de 1500 pessoas a trabalhar na Somália, onde grande parte da população sempre viveu numa situação de guerra e fome”, explicou Unni Karunakara. Já morreram 16 trabalhadores dos Médicos Sem Fronteiras na Somália e houve dezenas de ataques contra o seu pessoal, ambulâncias e instalações médicas. Os mais recentes incidentes foram o homicídio de dois membros dos MSF em Mogadíscio, em Dezembro de 2011, e “a libertação do seu assassino, mais cedo do que a pena a que tinha sido condenado”, sublinha Karunakara. Dois outros elementos desta organização não governamental foram raptados no campo de refugiados somalis em Dadaa, no Quénia e levados para a Somália, num cativeiro de 21 meses, que só terminou no mês passado, conta no comunicado divulgado esta terça-feira. A saída de campo dos Médicos Sem Fronteiras, analisa a BBC, será um duro golpe para o Governo do Presidente Hassan Sheikh Mohamud, que controla apenas a capital e mesmo assim com esforço. Uma força de 18 mil tropas da União Africana está no país para reforçar a sua administração – que é a primeira a ser reconhecida pelos Estados Unidos e pelo Fundo Monetário Internacional em mais de duas décadas.
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Étnia Africano
Somália está a sofrer surto explosivo de poliomielite
Médicos Sem Fronteiras retiraram-se por não haver segurança no país, em grande parte controlado por milícia islâmica Al-Shabab. (...)

Somália está a sofrer surto explosivo de poliomielite
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 14 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-08-17 | Jornal Público
SUMÁRIO: Médicos Sem Fronteiras retiraram-se por não haver segurança no país, em grande parte controlado por milícia islâmica Al-Shabab.
TEXTO: A Somália está a sofrer um “surto explosivo” de poliomielite e agora este país do corno de África tem mais casos do qualquer outra nação do mundo, alertou um responsável da Organização Mundial de Saúde. A situação é especialmente grave porque esta semana os Médicos Sem Fronteiras (MSF) anunciaram que se retiravam do país, por causa dos “ataques brutais contra o seu pessoal”. Nas áreas controladas pelas milícias islâmicas Al-Shabab, sete em cada dez crianças não estão vacinadas contra a poliomielite – uma doença que está quase erradicada da face da terra através da imunização. Actualmente é considerada endémica apenas em três países: Afeganistão, Nigéria e Paquistão. A Índia foi riscada da lista de países ainda martirizados pela doença também conhecida como paralisia infantil em Fevereiro de 2012. Na Somália foram registados 105 casos até sexta-feira, e dez outros num campo de refugiados somalis no Quénia, diz a Associated Press. Em todo o mundo, foram registados 191 casos de poliomielite este ano, incluindo estes na Somália e no Quénia. O vírus que está na origem desta doença espalha-se quando há falta de esgotos e água limpa. Invade o sistema nervoso e pode causar paralisia. A campanha de vacinação iniciada em Maio chegou a quatro milhões de pessoas na Somália, mas há 600 mil crianças que vivem em áreas do Sul e Centro do país controladas pelas milícias islâmicas às quais as vacinas dificilmente chegarão. Durante a seca e fome de 2011, a Al-Shabab – relacionada com a Al-Qaeda – proibiu o acesso da maior parte das agências e organizações não governamentais às áreas do país que controlava. Os MSF tinham mais de 1500 pessoas a trabalhar na Somália, explicou Unni Karunakara, presidente internacional da organização. Mas resolveram retirar-se do país, após 22 anos lá, porque o seu trabalho se tornou cada vez mais impossível. Nestes anos morreram 16 trabalhadores desta organização, que foi alvo de dezenas de ataques contra o seu pessoal, ambulâncias e instalações médicas. Recentemente, os ataques tornaram-se mais constantes e violentos. “É muito perturbante, porque este surto é explosivo”, comentou à agência noticiosa norte-americana Oliver Rosenbauer, porta-voz da Iniciativa para a Erradicação da Poliomielite da Organização Mundial de Saúde. A poliomielite é uma doença em desparecimento. Em 2012 foram registados apenas 223 casos, quando em 1988 eram 350 mil em todo o mundo. Há seis anos a doença não existia na Somália.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave campo fome doença infantil
Primeira ajuda humanitária para as vítimas da seca entrou na Somália
As Nações Unidas conseguiram fazer passar um primeiro combóio com ajuda humanitária para a região da Somália mais afectada pela seca e a fome, depois de receber autorização da guerrilha islâmica Al-Shabab, que controla o centro e o sul do país. (...)

Primeira ajuda humanitária para as vítimas da seca entrou na Somália
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 12 | Sentimento 0.25
DATA: 2011-07-17 | Jornal Público
SUMÁRIO: As Nações Unidas conseguiram fazer passar um primeiro combóio com ajuda humanitária para a região da Somália mais afectada pela seca e a fome, depois de receber autorização da guerrilha islâmica Al-Shabab, que controla o centro e o sul do país.
TEXTO: No início do mês, a guerrilha, que pertence à rede da Al Qaeda, apelara à ajuda de organizações muçulmanas e não muçulmanas. Porém, mantivera a poibição, que já dura há um ano, de entrada de qualquer tipo de auxílio no seu território. Levantaram agora essa proibição por dez dias. "Eles garantiram-nos que poderiamos chegar às pessoas que precisam mais de ajuda", disse à BBC online Rozanne Chorlton, da UNICEF, a agência das Nações Unidas para as crianças. Esta responsável garantiu que a UNICEF não fez qualquer pagamento às forças islamistas para entrar na região e disse esperar que surgissem outras autorizações no futuro. Segundo o Somalia Report, um site que tem denunciado a situação humanitária devido à seca e à guerra, a autorização para a entrada de ajuda da ONU é "uma tentativa da Al-Shabab de ganhar popularidade entre os somalis". Porém, a situação que se vive no país é crítica. Segundo as Nações Unidas, há nove milhões de somalis em situação de "emergência humanitária" e, só em Junho, 54 mil somalis abandonaram o país, refugiando-se no Quénia e na Etiópia, esta também a braços com a que é já a maior seca no Corno de África em 60 anos e que está a afectar dez milhões de pessoas. O grupo Al Shabab pretende derrubar o governo de transição do país, que tem o apoio da comunidade internacional, e instaurar um Estado muçulmano de corte wahhabita. O grupo domina um vasto território, o que tem impedido o auxílio internacional. Ainda ontem ao fim do dia, o Reino Unido anunciou um pacote de 52. 5 milhões de libras de ajuda à Somália, porém o Governo de Londres não negoceia com a Al Shabab, o que impede progressos no auxílio à população nos territórios que esta ocupa. O ministro da ajuda externa britânico, Andrew Mitchell, que está de visita ao campo de refugiados de Dadaab, no Quénia, confirmou isso mesmo: "Simplesmente não negociamos com eles". Ali, chegam em média, por dia, 1400 refugiados. "Mas temos que encontrar uma forma de fazer chegar as provisões que podem salvar vidas", acrescentou Mitchell.
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Entidades ONU
Programa Alimentar Mundial inicia ponte aérea para levar ajuda à Somália
O Programa Alimentar Mundial (PAM) vai enviar alimentos por via aérea para a Somália, anunciou a directora da agência das Nações Unidas, Josette Sheeran. (...)

Programa Alimentar Mundial inicia ponte aérea para levar ajuda à Somália
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 12 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-07-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: O Programa Alimentar Mundial (PAM) vai enviar alimentos por via aérea para a Somália, anunciou a directora da agência das Nações Unidas, Josette Sheeran.
TEXTO: Este vai ser o primeiro transporte aéreo de comida desde que as Nações Unidos declararam a fome em duas áreas da Somália, na semana passada. O ministro dos Negócios Estrangeiros somali, Mohamed Ibrahim, alertou durante o encontro de emergência em Roma que mais de 3, 5 milhões de pessoas “podem morrer de fome” no seu país. Um porta-voz do PAM na capital queniana Nairobi, David Orr, declarou à AFP que o avião deverá partir ao meio-dia. “Se não for hoje será na quarta-feira”, assegurou. O avião vai transportar 14 toneladas de alimentos altamente nutritivos, utilizados nos tratamentos contra a desnutrição infantil. Estão planeados outros voos para Mogadíscio nos próximos dias e também para outras cidades etíope de Dolo e queniana de Wajir, junto à fronteira com a Somália. Os islamistas, que controlam a maior parte da Somália, proibiram a entrada do PAM nas suas áreas. As milícias Al-Shabab, que terão ligações à al-Qaeda, acusaram as organizações de terem um cariz político e por isso interditam a passagem nos territórios que controlam. Josette Sheeran afirmou que a ajuda alimentar será enviada para a capital, Mogadíscio, onde o governo interino, apoiado por uma força de manutenção de paz da União Africana, controla apenas algumas partes da cidade. Sheeran também esteve presente na reunião de Roma, depois de ter visitado a capital somali e o campo de refugiados de Dadaab, no Quénia. “Vimos crianças chegarem tão fracas que muitas delas estavam num grave estado de malnutrição e com poucas possibilidades – menos de 40 por cento - de sobreviverem”, relatou a líder do Programa Alimentar Mundial. “Estamos a falar de vidas que têm de ser preservadas, e não de política. ” Dezenas de milhares de somalis têm fugido das áreas das Al-Shabab para Mogadíscio ou para os países vizinhos como o Quénia e a Etiópia, à procura de comida. Porém, o ministro dos Negócios Estrangeiros somali adiantou que as zonas com maiores necessidades são as controladas pelas milícias. O director da organização humanitária internacional Goal, John O’Shean, disse à BBC que a resposta das Nações Unidas à crise política na Somália apenas a agravou. O’Shean considera que o Conselho de Segurança deveria ter enviado forças de manutenção da paz para pôr fim aos conflitos na Somália que duram há anos. No entanto, no país estão apenas cerca de 9200 soldados da União Africana, quando estavam previstos 20 mil, todos em Mogadíscio. O ministro da Agricultura francês, Bruno Le Maire, explicou no encontro que teve lugar na sede em Roma da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura) que o mundo “falhou na garantia da segurança alimentar. ”“Se não tomarmos as medidas certas, a fome vai ser o escândalo do século”, disse Le Maire, citado pela AFP. Entretanto, o Banco Mundial já adiantou a entrega de 350 milhões de euros para ajudar a combater a crise na Somália e serão distribuídos cerca de oito milhões para assistência imediata nas zonas mais críticas. O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, pediu aos países doadores que fornecessem 1100 milhões de euros adicionais, e uma conferência de doadores vai realizar-se na amanhã em Nairobi, capital do Quénia.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave campo fome ajuda alimentos humanitária infantil
Fome declarada em três novas regiões da Somália
Três novas regiões da Somália, incluindo zonas da capital, Mogadíscio, foram declaradas em estado de fome, o último grau da emergência alimentar, anunciou a ONU. A pior seca dos últimos 60 anos está a afectar cerca de 11 milhões de pessoas. (...)

Fome declarada em três novas regiões da Somália
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 12 | Sentimento 0.136
DATA: 2011-08-03 | Jornal Público
SUMÁRIO: Três novas regiões da Somália, incluindo zonas da capital, Mogadíscio, foram declaradas em estado de fome, o último grau da emergência alimentar, anunciou a ONU. A pior seca dos últimos 60 anos está a afectar cerca de 11 milhões de pessoas.
TEXTO: As zonas de Balcad e Cadale, no Sul do país, e partes de Mogadíscio, juntam-se assim a Bakool e Lower Shabelle, que já tinham sido declaradas em estado de fome a 20 de Julho. A propagação da crise alimentar já era esperada, e a fome “deverá disseminar-se por todo o Sul do país nas próximas quatro a seis semanas”, adiantou a unidade de análise para a segurança alimentar das Nações Unidas. A crise deverá prolongar-se pelo menos até Dezembro, considera a ONU, altura em que é aguardado o regresso das chuvas. A fome está a atingir o Corno de África, com cerca de 3000 somalis a procurarem ajuda nos campos de refugiados do Quénia ou da Etiópia em cada dia que passa. A emergência humanitária persiste em todas as regiões do Sul da Somália, onde já morreram dezenas de milhares de pessoas, segundo a ONU. E a disponibilização da ajuda tem sido dificultada pela milícia fundamentalista islâmica Al-Shabab, com ligações à Al-Qaeda, que tem impossibilidade a actuação das organizações humanitárias. Mais de três milhões de somalis, cerca de metade da população do país, precisam de ajuda urgente para sobreviver. “A situação actual representa a mais grave crise humanitária do mundo e a pior crise de segurança alimentar desde a fome de 1991-92 na Somália”, adianta a ONU. Centenas de milhares de pessoas tinham acorrido nos últimos dias às regiões onde agora foi declarada fome, à procura de ajuda. Muitos tentaram chegar aos campos de refugiados junto à capital, onde a fome foi agora declarada, nos distritos de Balaad e Adale, adiantou a AFP. “Apesar da atenção dada a esta situação nas últimas semanas, a resposta humanitária que tem sido dada é desadequada, em parte devido às restrições de acesso mas também devido ao financiamento insuficiente”, adiantou a ONU em comunicado. “Na sequência disso, a fome pode agora estender-se a todas as regiões do Sul da Somália. ”
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Entidades ONU
Campo minado trava ofensiva sobre o último bastião do Boko Haram
A coligação de países africanos está a preparar uma ofensiva conjunta sobre a floresta de Sambisa. Boko Haram tem perdido terreno e está enfraquecido. (...)

Campo minado trava ofensiva sobre o último bastião do Boko Haram
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 10 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: A coligação de países africanos está a preparar uma ofensiva conjunta sobre a floresta de Sambisa. Boko Haram tem perdido terreno e está enfraquecido.
TEXTO: Durou um dia a ofensiva do exército e das forças pró-governamentais da Nigéria contra o último bastião do Boko Haram. Os extremistas já não controlam nenhum centro urbano e estão refugiados na floresta de Sambisa, perto da fronteira oeste da Nigéria com os Camarões. A ofensiva começou na quarta-feira mas, nesta quinta, as forças pró-governamentais retiraram-se depois de terem alcançado um campo armadilhado e de uma mina ter matado três combatentes. Os extremistas do Boko Haram têm uma forte presença em Sambisa e, por essa razão, a floresta tem sido alvo de vários bombardeamentos desde Fevereiro, mês em que a Nigéria se aliou aos Camarões, Chade e Niger e, juntos, formaram uma coligação contra os extremistas. A ofensiva de quarta-feira avançou também com apoio aéreo, mas a presença de minas no terreno foi sempre uma preocupação para o exército nigeriano. Na quarta-feira, lançou um comunicado em que afirmava que estava a avançar na floresta, mas enfrentava “obstáculos e minas colocadas pelos terroristas”. Nesta quinta-feira, a morte de três combatentes pró-governamentais precipitou a retirada. “Os soldados fizeram uma retirada para Bama [a norte de Sambisa] por causa das minas”, disse uma fonte do exército nigeriano à Reuters. “Três dos nossos rapazes foram mortos por uma mina à medida que progredíamos em Sambisa”, explicou à agência Muhammad Mungonu, um dos voluntários que combate com as forças do Governo nigeriano. Mas este não será o fim da ofensiva sobre Sambisa. A floresta é um dos mais importantes objectivos da ofensiva contra o Boko Haram e o facto de o exército nigeriano ter conseguido avançar contra o bastião dos islamistas, mesmo que só por um dia, é um sinal de que pode estar para breve o último avanço sobre o Boko Haram. De acordo com um responsável do exército do Chade à Reuters, a coligação deve montar uma ofensiva conjunta sobre a floresta já para a semana. Forças do exército do Chade estão a concentrar-se no Norte dos Camarões. Os três exércitos devem tentar penetrar na floresta por várias frentes. Boko Haram em dificuldadesDesde Fevereiro que o Boko Haram tem vindo a perder território frente à coligação de países africanos. Têm-se também repetido relatos de que o grupo está a ficar sem armas e munições e a ofensiva desta quarta-feira matou um dos líderes jihadistas, de acordo com as informações transmitidas por Mike Omeri, o porta-voz do Governo nigeriano, à revista norte-americana Newsweek. Mike Omeri falou com a Newsweek nesta quinta-feira e assegurou que o exército continuava a avançar em Sambisa. Mais tarde, contudo, a Reuters deu a notícia da retirada das forças pró-governamentais da floresta face à ameaça do campo minado. Em todo o caso, Omeri repete a tese do enfraquecimento dos islamistas. “Derrotámos as suas capacidades e a maior parte dos seus campos”, disse o porta-voz do Governo de Goodluck Jonathan à revista. A coligação foi capaz de reconquistar partes importantes de terreno ao Boko Haram. Aliás, os extremistas, que em Março declararam fidelidade ao autoproclamado Estado Islâmico, já não controlam nenhum centro urbano. Mas a vitória ainda pode tardar, segundo o correspondente da BBC para a segurança em África, Tomi Oladipo. É que a floresta de Sambisa é a área mais vasta de terreno que até ao momento foi disputada entre a coligação e o Boko Haram. Goodluck Jonathan está de saída da presidência da Nigéria. No final de Maio, entregará o poder a Muhammadu Buhari, o vencedor das eleições de Março. A campanha eleitoral de ambos foi organizada em torno do tema Boko Haram e, agora, Jonathan diz que quer derrotar o grupo islamista antes de entregar o poder ao seu sucessor. Para além de ser o último bastião do Boko Haram, a floresta de Sambisa poderá ser também a última possibilidade para que sejam resgatadas as mais de 200 raparigas sequestradas há um ano pelos jihadistas. Mohamed Ibn Chambas, representante das Nações Unidas para o leste de África, sugeriu à Al-Jazira que os extremistas possam estar a utilizar as raparigas raptadas como escudo humano em Sambisa, embora os voos de reconhecimento sobre a floresta não tenham registado nenhum indício da presença das raparigas sequestradas.
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Palavras-chave morte campo
Primeiros ataques russos na Síria evitam território do Estado Islâmico
Bombas de Moscovo atingem zonas onde o exército de Assad combate várias facções rebeldes e extremistas, mas não o Estado Islâmico. Aprofundam-se divergências entre aliados de Assad e Ocidente. (...)

Primeiros ataques russos na Síria evitam território do Estado Islâmico
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 | Sentimento 0.125
DATA: 2015-10-01 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20151001171629/http://www.publico.pt/1709579
SUMÁRIO: Bombas de Moscovo atingem zonas onde o exército de Assad combate várias facções rebeldes e extremistas, mas não o Estado Islâmico. Aprofundam-se divergências entre aliados de Assad e Ocidente.
TEXTO: Caíram as primeiras bombas russas na Síria, mas não há consenso sobre quem é que foi atingido. Moscovo diz que atacou o autoproclamado Estado Islâmico. Governos no Ocidente, forças de oposição sírias e observadores no terreno desmentem-no e afirmam que o que os caças russos atacaram nesta quarta-feira foram principalmente posições de rebeldes moderados e grupos oposicionistas a Assad. A sua tese é a de que o Kremlin está a usar o encoberto da luta ao terrorismo para fortalecer o regime sírio. Os mapas do conflito e as imagens que surgiram ao longo do dia sustentam esta última tese. Durante a manhã, os deputados russos aprovaram por unanimidade uma missão militar na Síria a pedido do Presidente Bashar al-Assad. O texto restringia a acção dos caças russos que viajaram nas últimas semanas para a base de Latakia, na costa do Mediterrâneo e coração da comunidade alauita que apoia Assad. O objectivo das operações será “exclusivamente o de dar apoio aéreo ao Governo sírio na sua luta contra o Estado Islâmico”, garantiu o chefe do gabinete do Kremlin. Pouco depois começaram os bombardeamentos e Vladimir Putin, também de Moscovo, afirmava na televisão que a melhor estratégia para combater o extremismo islâmico no país era a de o atacar antes que ele chegasse à Rússia. As bombas russas atingiram vários alvos em três regiões do Noroeste sírio: Homs, Hama e Latakia. A coligação liderada pelos Estados Unidos nunca bombardeou tão a Oeste na Síria – concentraram-se até agora no Leste do país, o bastião do Estado Islâmico (EI), salvo ataques ocasionais nos arredores de Alepo a células da Al-Qaeda. Um dos locais atingidos, Talbisah, a Norte da cidade de Homs, é o centro de uma das mais importantes bolsas rebeldes na região. Para além do Exército Livre da Síria e de pequenos grupos rebeldes, conhece-se lá a presença da Frente al-Nusra, o poderoso braço da Al-Qaeda na Síria, e dos conservadores islamistas do Ahrar al-Sham, seus aliados. Mas não do EI, que só tem presença a mais de 50 quilómetros de distância. Há semanas que a Rússia aumenta a sua presença militar na Síria e indica que começaria a fazer bombardeamentos em defesa do Governo de Bashar al-Assad. O exército sírio perdeu territórios importantes ao longo do último ano e o próprio Assad admitiu recentemente que precisa de mais homens no terreno. Damasco é sustentado no terreno pelo Hezbollah libanês, comandado pelo Irão, de quem recebe também combatentes, dinheiro e armamento. No entanto, esta é a primeira vez que a Rússia faz operações militares em nome de Assad. Minutos depois dos bombardeamentos desta quarta-feira começaram a surgir imagens nas redes sociais de pessoas soterradas nos escombros de edifícios a Norte de Homs e nos arredores de Hama. Os autores alegam que a destruição fora causada por caças russos em zonas residenciais. As redes de monitorização do conflito e forças moderadas repetiram a mesma ideia. “Todos os alvos no raide russo de hoje a Norte de Homs foram civis”, disse Khaled Khoja, o líder da Coligação Nacional Síria, o órgão oposicionista apoiado pelos Estados Unidos e União Europeia. O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, que documenta a guerra através de activistas no terreno, confirmou baixas civis e a Organização de Defesa Civil da Síria, força de socorros não-governamental, dava 33 civis mortos – menos dos que os 36 que apontou Khoja. Em Hama, o comandante do Exército Livre da Síria afirmou à Reuters que os caças russos atingiram zonas em que não existiam combatentes do Estado Islâmico. Tudo “guerra da informação”, segundo a porta-voz do Ministério da Defesa russo, Maria Zakharova. O Kremlin afirma que eliminou oito alvos do EI em 20 voos de ataque. Atingiu, segundo diz, “depósitos de armas, combustível e equipamento militar” do grupo extremista, para além de “centros de coordenação do grupo”. Questionada por um jornalista do The Times of London sobre se os caças russos não haviam atingido posições do Exército Livre da Síria, Zakharova contestou: “Ele existe? A maioria deles não se juntou ao Estado Islâmico?”Dois blocos opostosAs operações desta quarta-feira sublinham as duas visões contrárias entre Ocidente e países aliados de Assad sobre as causas da guerra na Síria e as prioridades para terminar o conflito. Moscovo acredita que Assad é a única alternativa viável para a crise que, em quatro anos e meio, matou mais de 250 mil pessoas e fez mais de quatro milhões de refugiados. Sem a administração do Presidente sírio, afirma o Kremlin, a Síria arrisca-se a cair num destino semelhante ao da Líbia, onde a intervenção estrangeira precipitou a queda de Khadafi e deixou o país sem instituições e ingovernável. Moscovo, tal como Damasco, considera que toda a oposição armada ao Governo sírio são organizações extremistas. Esta interpretação parece ter sido a que determinou os bombardeamentos desta quarta, todos em áreas em que o exército sírio é a força dominante mas disputada.
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE
Cinco dias depois do terramoto, começaram o êxodo e a violência em Katmandu
Falta de água e comida provocaram confrontos entre os habitantes da capital do Nepal e a polícia. Estima-se que possam sair de Katmandu cerca de 300 mil pessoas só nesta quarta-feira. (...)

Cinco dias depois do terramoto, começaram o êxodo e a violência em Katmandu
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20150501182724/http://www.publico.pt/1694020
SUMÁRIO: Falta de água e comida provocaram confrontos entre os habitantes da capital do Nepal e a polícia. Estima-se que possam sair de Katmandu cerca de 300 mil pessoas só nesta quarta-feira.
TEXTO: A inacção do Governo e a falta de bens de primeira necessidade despertaram nesta quarta-feira os primeiros episódios de violência e protestos na capital do Nepal, Katmandu, de onde começaram a fugir dezenas de milhares de pessoas. Os primeiros confrontos aconteceram durante a manhã, hora local, entre a polícia nepalesa e os milhares de habitantes que esperavam na central de Katmandu por um transporte que os levasse para fora da cidade. Há dez vezes mais autocarros do que o normal, escreve o diário britânico Guardian, mas, mesmo assim, os ânimos exaltaram-se com as enormes filas de espera e a falta de transporte. Algumas pessoas entraram em confronto com a polícia de choque, que estava destacada para guardar o Parlamento, mas ninguém foi detido, nem se registaram feridos. Já durante a tarde, ainda perto da central, novos confrontos: dezenas de pessoas forçaram a entrada num camião que transportava água potável para os acampamentos e atiraram garrafas para a multidão que esperava. Desta vez, a polícia de choque nada fez e deixou que fossem atacados mais veículos que partiam da cidade. Para muitos, o êxodo de Katmandu é a única resposta. As réplicas continuam e falta comida e água potável. Para os milhares que dormem no exterior, começa a aumentar o risco de uma grave epidemia. Há ainda muitos corpos na rua e a falta de saneamento potencia a probabilidade de surgirem doenças transmitidas pela água. Alguns nepaleses querem sair de Katmandu e voltar para as localidades de onde são naturais. Outros querem fugir para fora do país, ou para zonas que o terramoto poupou. O Governo ofereceu viagens de graça para fora da capital e as próprias empresas de viação cortaram nos preços dos bilhetes. Só nesta quarta-feira, avança o diário britânico Guardian, que cita uma fonte não identificada do Governo nepalês, já saíram da capital cerca de 100 mil pessoas. Espera-se que este número possa crescer para 300 mil só nesta quarta-feira. Mas as filas para os transportes implicam uma espera de várias horas. E são horas preciosas, uma vez que a esmagadora maioria da população que tenta sair de Katmandu não tem acesso a água potável e a alimentação que baste. Uma história que é comum e que Sarmila Panthi contou ao jornal britânico Guardian durante a manhã desta quarta-feira: “Já se passaram oito horas desde que aqui cheguei com o meu filho de um ano. ” Panthi explica porque quer sair de Katmandu: “A vida tornou-se muito difícil. Não tenho água e não posso usar uma casa de banho. ”O descontentamento com o Governo tem vindo a aumentar. Nos últimos dois dias, o executivo tem sido muito criticado por não estar a fazer o suficiente na resposta ao terramoto de sábado – até ao início da tarde, como na terça-feira, a contagem oficial de mortos mantinha-se na ordem das 5000 pessoas. Com a chegada de mais equipas de salvamento, as operações estão finalmente a dirigir-se para as zonas rurais, até agora isoladas. Mas há ainda muitas localidades, especialmente em zonas montanhosas, às quais ainda não chegou nenhum tipo de assistência. Mas se das aldeias remotas as vozes não se fazem ainda ouvir, nas zonas urbanas o protesto tem-se tornado cada vez mais claro. Entre os escombros, diz-se que o Governo não tem ajudado com os trabalhos de resgate e, nos acampamentos improvisados da capital, que o executivo nada faz por quem está desalojado ou tem receio de voltar aos frágeis edifícios que sobreviveram ao abalo. Descontentes com a acção do Governo, cerca de 200 pessoas foram protestar para as ruas de Katmandu nesta quarta-feira. Tentaram impedir o tráfego nas ruas de cidade e foram dispersadas pela polícia. “Estamos com fome, não tivemos ainda nada que beber”, disse um manifestante à Associated Press. “Tenho uma criança com sete anos que está a viver ao relento, está a ficar frio e as pessoas estão a ficar com pneumonia”, acrescentou. O Governo já admitiu erros nas operações de socorro – algo a que o ministro nepalês da Comunicação, Minendra Rijal, se referiu nesta quarta-feira como “fragilidades” que se vão agora corrigir. “Vamos melhorar isso a partir desta quarta-feira”, prometeu. Alto risco de cóleraCom milhares de refugiados nos acampamentos improvisados de Katmandu e com saneamento muito limitado, o risco de um surto de cólera se repetir no Nepal é muito elevado. A diarreia, aliás, é uma constante desde o primeiro dia. O Nepal é frequentemente assolado por surtos de cólera. E há uma agravante: a temporada das monções começa já em Maio. Em 2014, durante este período, morreram duas pessoas de um total de 600 que contraíram cólera. E não há muito tempo, em 2009, um grande surto infectou 30 mil pessoas e matou 500. Uma epidemia cólera neste momento poderia revelar-se devastadora para o país. Mesmo com o apoio humanitário que tem chegado de outros países, os hospitais e campos médicos têm tido grandes dificuldades em responder aos mais de 10 mil feridos causados pelo terramoto. Uma epidemia de cólera, ou disenteria, que também é um risco, pode levar o serviço médico do país ao colapso total.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave violência filho fome criança