Presidente do Sudão do Sul anuncia cessar-fogo e libertação de presos políticos
País está mergulhado numa violenta guerra civil desde 2013. Apesar do anúncio do Presidente, não existem garantias de que a trégua seja respeitada. (...)

Presidente do Sudão do Sul anuncia cessar-fogo e libertação de presos políticos
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-08-09 | Jornal Público
SUMÁRIO: País está mergulhado numa violenta guerra civil desde 2013. Apesar do anúncio do Presidente, não existem garantias de que a trégua seja respeitada.
TEXTO: O Presidente do Sudão do Sul, país em guerra desde 2013, anunciou um cessar-fogo unilateral e prometeu libertar presos políticos, avança a Reuters. No entanto, não foi dado nenhum sinal de acordo com os rebeldes, o que mantém em dúvida que a trégua possa ser respeitada. “Instruí o procurador-geral para rever imediatamente os casos daqueles que cometeram crimes contra o Estado, vulgarmente conhecidos como presos políticos, e garantir que sejam realizados os passos necessários para conduzir a sua libertação”, afirmou Salva Kiir durante um discurso na capital Juba. “Eu também declarei o cessar-fogo unilateral com efeito a partir de hoje”, cita ainda a Reuters. A violência no Sudão do Sul – país que conseguiu a independência do Sudão há apenas cinco anos – estalou no final de 2013, na sequência de uma luta pelo poder entre Salva Kiir e o seu antigo vice-presidente, Riek Machar, que desde então encabeça uma rebelião anti-governamental. Os dois antigos companheiros de armas da luta pela independência são de duas das principais etnias do país, o que tem motivado a emergência de um conflito sectário. Dezenas de milhares de pessoas morreram (as estimativas variam entre 50 mil e 300 mil mortos) e há cerca de três milhões de deslocados. A guerra provocou também uma nova crise internacional de refugiados no coração de África. Quase quatro mil pessoas chegam ao Uganda todos os dias, onde o campo de refugiados de Bidibidi acolhe 188 mil pessoas. A Etiópia já recebeu 36. 600 pessoas e o Congo 57 mil, escreve a Reuters. As Nações Unidas afirmaram em Dezembro que há um genocídio em curso no Sudão do Sul.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave guerra violência campo
Ao menos, valha-nos Merkel
Os direitos humanos são ignorados e não são compatíveis com o realismo político das relações internacionais. (...)

Ao menos, valha-nos Merkel
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 | Sentimento -0.3
DATA: 2018-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Os direitos humanos são ignorados e não são compatíveis com o realismo político das relações internacionais.
TEXTO: O Bangladesh ignorou os pedidos da ONU, os relatos tétricos dos refugiados rohingyas e começou a repatriar mais de 700 mil pessoas para a Birmânia, país onde aquela minoria muçulmana tem sido perseguida com a complacência de uma prémio Nobel da Paz. A perspectiva é tão assustadora que há quem prefira trocar de campo de refugiados a um regresso à Birmânia. Os migrantes da América Central que marcham a caminho dos Estados Unidos vão esbarrar na mesma indiferença. No actual contexto geopolítico, os direitos humanos são ignorados e não são compatíveis com o realismo político das relações internacionais, muitas vezes subordinadas aos interesses económicos de sempre, como vemos pelas guerras comerciais em curso ou pelo homicídio do jornalista saudita Jamal Khashoggi. Como se restassem dúvidas, a CIA veio agora atribuir a morte de Khashoggi ao príncipe Mohammed bin Salma, verdadeiro líder do país, pressionando Donald Trump a condenar o que nunca condenará. Trump já demonstrou duas facetas inequívocas: pouca confiança nos serviços secretos dos EUA e uma admiração incondicional pelo reino que em Maio passado fez a Washington a maior encomenda de sempre de armamento. A dimensão do negócio é suficiente para que Trump reaja com prudência ao relatório da CIA e pense três vezes antes de escrever 140 caracteres a criticar Riad. O presidente dos EUA continua a balbuciar, sempre que é confrontado com a questão, que a Arábia Saudita é um aliado na frente contra o Irão — o inimigo comum —, que gera “milhares de empregos” ou que é essencial para o equilíbrio dos mercados petrolíferos. Enquanto o Congresso dos EUA se prepara para discutir uma lei destinada a suspender a venda de armas a Riad e proibir a ajuda no reabastecimento dos aviões envolvidos na guerra do Iémen, a Alemanha tomou uma decisão que dignifica a velha Europa. Na sequência do monstruoso homicídio de Jamal Khashoggi, o Governo de Merkel suspendeu a venda de armas e de equipamento militar à Arábia Saudita e, em articulação com a França, vai proibir a entrada no espaço Schengen dos 18 sauditas suspeitos de terem estado envolvidos na morte do jornalista. Simbolicamente, a chanceler alemã é cada vez mais o inverso do que Trump representa. Ao menos, valha-nos Merkel.
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Entidades ONU EUA
Senado norte-americano vota a favor da suspensão do apoio à Arábia Saudita no Iémen
A decisão desafia o Presidente Trump, que continua a defender a Arábia Saudita quanto à morte do jornalista Jamal Khashoggi. Contudo, uma resolução das Nações Unidas para um cessar-fogo não passou. (...)

Senado norte-americano vota a favor da suspensão do apoio à Arábia Saudita no Iémen
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-08 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20181208183532/https://www.publico.pt/1852888
SUMÁRIO: A decisão desafia o Presidente Trump, que continua a defender a Arábia Saudita quanto à morte do jornalista Jamal Khashoggi. Contudo, uma resolução das Nações Unidas para um cessar-fogo não passou.
TEXTO: Desafiando o Presidente Donald Trump, o Senado dos Estados Unidos aprovou na quarta-feira à noite uma moção no sentido de pôr fim ao apoio militar à Arábia Saudita na sua operação de guerra no Iémen. A decisão é vista como uma reacção à continuada defesa que Trump tem feito da monarquia saudita e à crescente crise humanitária no Iémen. Ao mesmo tempo, uma resolução das Nações Unidas para um cessar-fogo imediato foi inviabilizada pelos EUA e outros Estados-membros, após uma campanha de pressão política levada a cabo pela coligação árabe sunita liderada por Riad. Com 63 votos a favor e 37 contra, o Senado de maioria republicana votou a favor de uma proposta bipartidária para barrar o apoio norte-americano a Riad, horas depois de o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, e de o secretário da Defesa, Jim Mattis, terem dito que a moção iria agravar a guerra no Iémen, já que esforços diplomáticos para acabar com o conflito estão a ser feitos. A votação final está agendada para a próxima semana. E pode ser chumbada na Câmara dos Representantes, também de maioria republicana (a nova câmara dominada pelos democratas só inicia funções em Janeiro), que chumbou moções semelhantes no passado. Em 2017, uma medida idêntica não foi aprovada. Contudo, o clima político alterou-se. As circunstâncias da morte do jornalista Jamal Khashoggi e a crescente preocupação com a forma como a Arábia Saudita está a gerir o conflito no Iémen, que de acordo com as estimativas já matou directamente mais de 50 mil pessoas, estão a motivar a tomada de posições mais severas em relação a Riad. A organização Save the Children anunciou na semana passada que cerca de 85 mil crianças morreram de fome como consequência dos esforços da coligação árabe sunita para estrangular a economia em áreas controladas pelas forças huthi. Segundo a ONU, 13 milhões de pessoas estão em risco de morrer à fome se não se puser ponto final aos bombardeamentos. “Os sauditas descarrilaram. Mataram mais pessoas este ano do que nos anos anteriores da guerra do Iémen”, disse o senador democrata Chris Murphy à agência AFP. “Obviamente que cometeram um enorme erro estratégico ao raptar e assassinar Jamal Khashoggi. Por isso, muito mudou nos últimos meses para nos fazer chegar ao ponto em que estamos hoje. ”Outra das razões para a aprovação da medida por parte do Senado foi a cadeira vazia onde deveria estar a directora da CIA, Gina Haspel. Estava previsto que a directora da agência de serviços secretos testemunhasse perante o Senado sobre o relatório que liga directamente o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, à morte de Jamal Khashoggi no consulado do país em Istambul, a 2 de Outubro. Mas Haspel não compareceu. O senador republicano Lindsey Graham disse que o seu voto a favor da moção foi uma consequência da ausência de Haspel: “Para mim a questão não é se a CIA tem confiança na conclusão de que o príncipe herdeiro foi cúmplice no assassínio do sr. Khashoggi - não vou abdicar do direito de ouvir a CIA”. O senador democrata Bob Menendez, por sua vez, disse aos jornalistas que a ausência de Haspel foi “inadmissível” e um “encobrimento”. Ainda que o porta-voz da CIA, Timothy Barrett, tenha negado em comunicado que a Casa Branca barrou a presença de Haspel, o senador democrata Dick Durbin afirmou que foram Mattis e Pompeo a dar essa informação aos senadores, diz o diário britânico The Guardian. Barrett acrescentou que Haspel, que foi à Turquia ouvir a gravação da morte do jornalista que era uma voz crítica de Mohammed bin Salman, tinha dado explicações sobre o relatório aos membros do Congresso e do Comité de Serviços Secretos do Senado. Contudo, apenas um dos 14 republicanos que votaram a favor da moção tinham obtido explicações por parte da directora, diz o The Washington Post. Mattis e Pompeo, que, à semelhança do assessor de Segurança Nacional John Bolton, disseram que não ouviram a gravação nem têm intenções de o fazer, afirmaram que após analisarem o relatório da CIA não encontraram qualquer prova sobre o envolvimento do príncipe herdeiro na morte de Khashoggi. “Não há nenhuma prova concreta”, disse Mattis aos jornalistas na Casa Branca, salientando que ainda acredita que os culpados pela morte do jornalista devem ser castigados. Os diplomatas britânicos na ONU acreditavam ter o apoio dos EUA, já que Pompeo e Mattis apelaram a um cessar-fogo no Iémen no final de Outubro. Contudo, a pressão do Reino Unido para que a moção de cessar-fogo fosse adoptada no Conselho de Segurança rapidamente devido à ameaça da fome no Iémen foi travada não só pelos aliados americanos, como pela China, Cazaquistão e Etiópia, que temiam que as conversações de paz, agendadas para Dezembro na Suécia, não acontecessem se a medida fosse aprovada antes. “Os sauditas chantagearam vários Estados-membros com a possibilidade de não irem à Suécia se a moção fosse aprovada”, disse um diplomata, segundo o The Guardian. “Eles não querem que a sua capacidade militar seja limitada, e acreditam que conseguem derrotar os huthis. ”A resolução do Reino Unido apelava a um cessar-fogo na cidade portuária de Hudheida, por onde chegavam 80% das importações do Iémen antes do eclodir do conflito. Pedia ainda garantias de ambos os lados de que ajuda humanitária fosse concedida, como medicamentos e refeições. A proposta foi muito criticada pelo príncipe herdeiro quando o ministro dos Negócios Estrangeiros, Jeremy Hunt, visitou Riad, a 12 de Novembro. Ainda assim, a resolução seguiu em frente, limitando o cessar-fogo a Hudheida e evitando qualquer crítica directa à coligação árabe sunita. A porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Heather Nauert, disse na quarta-feira que o foco é “apoiar o trabalho” do enviado da ONU, Martin Griffiths, nas conversações de paz. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. “Ele tem um processo em andamento, e acreditamos que está a progredir. Quando conseguimos que dois lados que têm lutado de forma tão feroz durante tanto tempo se sentem juntos, estamos certamente a fazer progressos. ”Cinco agências humanitárias emitiram um comunicado na segunda-feira, no qual advertiram que os EUA seriam culpados pela maior crise humanitária em décadas, se não suspendessem o apoio militar à coligação árabe sunita. “Se o Governo do Iémen, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Ansar Allah [grupo dos huthi], e as outras partes do conflito não pararem, e se os EUA não utilizarem todos os níveis de pressão necessários para os persuadir a fazê-lo, a responsabilidade da morte de muitos mais iemenitas recairá não só nos autores do conflito, mas também nos EUA”, avisaram o Comité Internacional de Resgate, a Oxfam America, a CARE, a Save the Children e o Conselho Norueguês de Refugiados.
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Entidades ONU EUA
Presidente da República preocupado com clima eleitoral extenso
Marcelo participou em almoço com famílias luso-venezuelanas e reforçou mensagem enviada aos portugueses através do Jornal de Notícias. (...)

Presidente da República preocupado com clima eleitoral extenso
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: Marcelo participou em almoço com famílias luso-venezuelanas e reforçou mensagem enviada aos portugueses através do Jornal de Notícias.
TEXTO: O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, alertou nesta terça-feira para os riscos de haver um clima eleitoral que se vai prolongar durante todo o ano, realçando que é preciso "não perder a coesão social". "Estamos a cinco meses das primeiras eleições. Começou muito cedo a campanha eleitoral [para as europeias]. Que não se perca a coesão social, que é o mais importante, e, depois, que se separe o essencial do acessório", disse o Presidente da República. O chefe de Estado falava aos jornalistas à entrada para um almoço de Natal com quatro famílias luso-venezuelanas que estão a viver actualmente em Estarreja, no distrito de Aveiro. "O que é essencial é a força da democracia, é haver condições para a estabilidade, é haver melhores condições económicas, sociais, culturais para os portugueses. Acessório é tudo aquilo que é apenas mera afirmação pessoal ou específica, sectorial", esclareceu. Apesar da legitimidade dessa afirmação pessoal, sublinhou, o importante é ter "um Portugal que seja no final de 2019 mais rico, mais justo, mais coeso" do que no final deste ano. O Presidente da República falou ainda de uma "corrida contra o tempo", observando que a maioria dos partidos com assento parlamentar já indicou o cabeça de lista, e disse que isso "pode muitas vezes criar um clima eleitoral que vai, porventura, prolongar-se durante todo o ano". Para Marcelo, um ano de clima eleitoral significa "um ano em que não se pode perder" aquilo que aproxima as pessoas, "apesar de haver o pluralismo e a diferença e diversidade de opiniões". O encontro com as famílias luso-venezuelanas em Estarreja, que contou com a presença do secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, serviu para homenagear as comunidades portuguesas e em particular os portugueses que vivem na Venezuela. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. "Não esquecemos os que estão em todos os pontos do mundo, mas recordamos os que estão na Venezuela, e que o secretário de Estado e o ministro dos Negócios Estrangeiros têm visitado e acompanhado e permanentemente", disse o Presidente da República. Marcelo deixou votos de um bom Natal a todos os portugueses espalhados pelo mundo, lembrando aqueles que vivem situações "muito difíceis" em vários países. "O caso da Venezuela é um caso de que se fala muito, mas temos casos em África e na Europa em que, devido às agitações que houve durante este ano, devido às crises e aos conflitos, às migrações e aos refugiados, houve muitos compatriotas que sofreram muito por toda a parte", disse, lembrando que é preciso apoiá-los "diplomaticamente, consularmente, socialmente, no plano educativo e no plano político".
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Guterres convoca nova cimeira para Nova Iorque
Nova Iorque, Setembro de 2019: o secretário-geral da ONU convocou os líderes políticos para uma nova cimeira do clima. (...)

Guterres convoca nova cimeira para Nova Iorque
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 | Sentimento 0.136
DATA: 2018-12-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: Nova Iorque, Setembro de 2019: o secretário-geral da ONU convocou os líderes políticos para uma nova cimeira do clima.
TEXTO: O secretário-geral da ONU, António Guterres, foi à abertura da Cimeira do Clima de Katowice defender que o mundo está hoje “em sérios apuros com a alteração climática” e que esta é uma “questão de vida ou de morte”. Ignorá-la é “suicida”, disse uns dias mais tarde, de volta à cidade polaca onde ainda decorria a conferência. O empenho e proximidade de Guterres a este tema, tendo mantido um contacto permanente com o curso dos trabalhos, foram notados nestes dias que culminaram com a sua convocação de uma Cimeira do Clima em Setembro de 2019 em Nova Iorque e em moldes diferentes dos actuais. Os países presentes na conferência de Katowice aplaudiram a iniciativa. “A forma como se manteve a par do que acontecia na cimeira foi importante para desbloquear pontos”, disse um negociador próximo ao PÚBLICO. A Guterres, que sucedeu ao diplomata Ban Ki-moon igualmente preocupado com o clima, é-lhe reconhecida a experiência de ex-Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados na gestão das crises com os refugiados climáticos. Para Francisco Ferreira, presidente da associação ambientalista Zero, que acompanhou os trabalhos em Katowice, Guterres “está a impor um discurso e um alerta”, com “rigor” e “envolvimento”. A cimeira de Nova Iorque está a gerar a expectativa de uma mudança na forma como a própria ONU tem lidado historicamente com estes plenários mundiais do clima anuais e que a conferência de Katowice terá acentuado. As cimeiras têm oscilado entre ciclos de bons e fracos resultados, como Paris e Copenhaga, por exemplo, como tem oscilado também a natureza dos temas tratados, uns mais técnicos e outros mais políticos. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Há vários anos que na diplomacia destas negociações se propõe que as conferências anuais (as COP) deviam renovar de modelo, sob risco de uma banalização: ter um funcionamento permanente para a parte “tecnocrática” e uma reunião bienal ou trienal de líderes políticos em Nova Iorque. No balanço dos trabalhos da COP24, Jorge Moreira da Silva, Director da Cooperação para o Desenvolvimento na OCDE, escreveu que “a dramatização e o mediatismo conferidos a estas COP geram incentivos perversos, dando a ideia aos cidadãos de que ainda estamos dependentes dos resultados destas negociações para começar a agir. E dando também o pretexto ideal para que alguns governos adiem decisões corajosas contando com a condescendência dos cidadãos”. Entre os ambientalistas, Guterres é uma voz aliada que tem em conta os mais vulneráveis, os que estão em maior risco devido à subida do nível da água do mar e que marcaram momentos fortes na cimeira. Vanuatu anunciou que iria colocar a indústria de combustíveis fósseis em tribunal para pagar os custos da alteração climática, e o líder da delegação das Maldivas, o ex-presidente Mohamed Nasheed, declarou que os habitantes deste país do Oceano Índico querem viver “nas suas terras, com as suas comunidades, com a sua cultura, com o seu povo”. E acrescentou: “Não pensamos que isto seja pedir de mais. Estamos apenas a dizer: não nos matem”.
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Entidades ONU
O homem dos sete instrumentos no mundo dos "estranhofones"
Não se consegue definir, mas encontra-se na busca. Entre bandas, música para teatro e cinema, projectos com comunidades e de intervenção musical criativa, Samuel Coelho não deixa caminho por percorrer e até ajuda a construir instrumentos “estranhos”, como o “gavetofone” ou o “óperafone”. (...)

O homem dos sete instrumentos no mundo dos "estranhofones"
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-08-07 | Jornal Público
SUMÁRIO: Não se consegue definir, mas encontra-se na busca. Entre bandas, música para teatro e cinema, projectos com comunidades e de intervenção musical criativa, Samuel Coelho não deixa caminho por percorrer e até ajuda a construir instrumentos “estranhos”, como o “gavetofone” ou o “óperafone”.
TEXTO: Durante muito tempo, Samuel Coelho buscou definir-se. O seu percurso começou na música clássica e seguiu até à Academia Nacional Superior de Orquestra, com o violino, até à altura em que se “chateou”. Abriu-se a outros géneros musicais (“dependendo da fase”), fez-se multi-instrumentista e no seu currículo alinham-se várias bandas e projectos musicais, como os El Rupe, trio de jazz fusion, os SoundMaker, perto do trip-hop, os Atic, electrónica pop, o Space Ensemble, música improvisada e experimental. Começou a trabalhar em música para teatro, como compositor, instrumentista e director musical, e em projectos com comunidades e de intervenção musical criativa com crianças e público em geral. Não a encontrou, a definição. “Não sou Y ou X, não faço isto ou aquilo, não toco música A ou B. ” Mas encontrou-se nessa busca. “Sou aquele que está sempre à procura. Reinvento-me, não tenho medo de desafios. Se não sei fazer uma coisa aprendo. ” E depois ensina. A fazer “objectos incríveis”, por exemplo. Ou “estranhofones”, como Samuel Coelho os baptizou – começou por ser um, agora é uma família que vai crescendo à medida do projecto. Que nem começou como tal: no início era apenas uma apresentação no TEDx Guimarães. “Construí um objecto que não sabia o que era”, com materiais reciclados. Chamou-lhe “estranhofone”, o concerto foi filmado e propuseram-lhe a participação no Mercado dos Objectos Incríveis (no Centro Internacional das Artes José de Guimarães). Como só havia um “instrumento”, ele e César Estrela construíram o “óperafone”, com antenas parabólicas, e o “gavetofone”, com gavetas antigas – o último, o “aquafone”, surgiu na semana anterior ao mercado, durante o trabalho desenvolvido numa oficina de férias. “Eram miúdos entre os seis e os oito anos, não podíamos pô-los a cortar, furar”, explica, “por isso procurámos direccioná-los para algo mais suave”. A água surgiu, portanto, do trabalho directo com o grupo e na próxima oficina “Estranhofone” novo “instrumento estranho” nascerá de outro material “pouco convencional”. “Estamos sempre dependentes de cada grupo”, nota Samuel Coelho. Trabalhar com comunidades e grupos foi um caminho que se abriu para Samuel depois de frequentar o curso de formação de animadores musicais do Serviço Educativo da Casa da Música. “Mudou radicalmente a minha forma de estar”, assume. “O trabalho com comunidades obriga a descobrir-nos, perceber que os nossos pontos fracos são os fortes dos outros e que se nos juntarmos enfatizamos o melhor em nós e nos outros. ” É um trabalho de equipa, defende – “eu estou para eles e eles para mim”. Recorda uma das suas (muitas) colaborações com a Onda Amarela (com quem já trabalhou, por exemplo, com refugiados no Luxemburgo), neste caso no festival Tremor. Com um grupo de surdos teve “uma aprendizagem brutal”. “Quando fomos para os Açores, não tínhamos a mínima ideia de como ia ser e ouvimos algo que nunca esquecerei: ‘o surdo é aquele que ouve com o corpo todo’”, sublinha. Assim, o trabalho aí desenvolvido foi à base vibrações, com ensaios descalços em palco de madeira. Quando conversamos, está num projecto diferente, uma residência artística de uma semana para uma co-produção com o Centro Cultural Vila Flor: prepara-se uma peça de teatro com dois actores – “90% da peça é sonoplastia”. Este foi um caminho que começou a percorrer há um ano e continua entusiasmado. Comprou um gravador e com ele pratica o “exercício de escuta” e isso também “tem a ver com a música”. “Uma coisa é caminharmos naturalmente, ouves as coisas e não fazes caso ou nem sequer as captas; outra é andar com auscultadores e microfones, isolas os sons. ” E os sons isolados transformam-se. Como aconteceu no projecto de residência artística em Tarouca, no âmbito do Festival Dias do Património a Norte. A ideia inicial era trabalhar com a comunidade, mas “a comunidade não aderiu tanto”, recorda. “Quis o destino”, como diz, que encontrasse um centro de dia, onde os utentes foram mais colaborativos. Do trabalho com eles e com um fotógrafo resultou uma instalação sonora apresentada no Mosteiro de Salzedas, em que os sons são os do território usados como instrumentos, criando notas longas, drones, harmonias – os sinos, por exemplo, tornaram-se batidas. Quando trabalha em sonoplastia usa computador, para editar os sons gravados. De resto, não usa, nem tem sequer: para o que precisa há sempre alguém que empresta. O que não dispensa é um caderno, “tipo Moleskine mas versão barata”, onde tira as suas notas, anota acordes, escreve músicas. Guarda todos, como uma colecção: “É o meu backup”. De resto, usa bobinas, cassetes. Analógico, portanto, com o seu telemóvel antigo, a ausência de Internet (e de presença em redes sociais: a sua mochila, “tipo Sport Billy”, é o seu mural do Facebook, brinca, com pins dos seus projectos), o seu recanto criativo, uma casa no campo, só com aparelho de DVD. “Gosto muito de filmes. ”Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Tanto que a convite de Malta Capital Europeia da Cultura 2018 esteve na ilha de Gozo a fazer uma residência artística com o seu projecto de música improvisada para cinema, M. O. D. S. Collective. O trabalho culminou com a projecção de dois filmes de um realizador maltês da década de 1960 com música ao vivo. Para os 25 anos do Festival de Paredes de Coura preparam algo semelhante, mas desta feita com matéria original. “Pedimos imagens do festival ao longo dos anos e contratámos alguém para editar. ”Samuel Coelho, 37 anos, não faz planos a longo prazo. Mas tem a certeza de que no seu caminho hão-de surgir muitos projectos. Há-de cruzar-se com muitas comunidades diferentes. Há-de reinventar-se muitas mais vezes. Além dos “estranhofones”, qual foi o instrumento mais estranho que tocou?O mais incrível foi o gamelão gigante. É à base de percussão com vários kits de diferentes instrumentos. É um instrumento colectivo indonésio e a Casa da Música tem um, foi lá que o toquei. Há algum projecto que destaca no seu percurso?Sim. Há dois que nunca vou esquecer. Na Ópera de Todos, com a CERCI de Guimarães, no âmbito de Guimarães Capital Europeia da Cultura, trabalhei com pessoas com vários graus de deficiência e, honestamente, a primeira abordagem foi “Como vou lidar com isto?”. Depois percebi que as barreiras eram minhas, eu é que tinha de despi-las. No concerto, estávamos todos a chorar, tal a emotividade. Na Trilogia dos Vales, em Monção, uma das partes foi feita com utentes da APPACDM, em Monção. Todos me aceitaram de forma brutal, eu chegava e abraçavam-me. Foi uma emoção profunda. E algum projecto de sonho?Adoraria fazer alguma coisa no Japão, não sei o quê. . . Poderia ser qualquer coisa. Se calhar é uma ideia romântica. . . Mas adoro a cultura, a música, a comida, a disciplina da sociedade.
REFERÊNCIAS:
Modric, o Bola de Ouro para quem o tamanho nunca foi problema
O médio croata fecha 2018 em grande, confirmando, com conquista de mais um troféu, o melhor ano da sua carreira. (...)

Modric, o Bola de Ouro para quem o tamanho nunca foi problema
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 | Sentimento 0.3
DATA: 2018-12-09 | Jornal Público
SUMÁRIO: O médio croata fecha 2018 em grande, confirmando, com conquista de mais um troféu, o melhor ano da sua carreira.
TEXTO: É um nome que encerra alguma controvérsia para os portugueses e para os fãs do futebol de Cristiano Ronaldo espalhados pelo mundo: Luka Modric recebeu a Bola de Ouro, destronando o avançado português, e juntou a distinção de melhor jogador do mundo da revista France Football à da FIFA e também da Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol (IFFHS). É o ponto alto de uma carreira que começou em 1996, em Zadar. Foi um ano recheado de títulos e prémios individuais para o médio croata, a quem muitos chamam o Johan Cruyff dos Balcãs. E o palmarés pode não ficar por aqui, já que, ao serviço do Real Madrid, tem fortes possibilidades de ainda conquistar o Mundial de Clubes, no final do mês. Luka Modric fica também na história do futebol por ser o jogador que interrompe um longo ciclo de alternância entre Ronaldo e Lionel Messi na conquista da Bola de Ouro. O trajecto de Modric foi como subir umas escadas até ao que muitos consideram ser o mais alto dos degraus: o Real Madrid, o clube com mais conquistas na Europa do futebol. Elemento-chave no modelo de jogo dos "merengues", é determinante na estabilização do meio-campo e na criação de oportunidades, exibindo um sentido posicional comparado ao de muito poucos futebolistas. Inteligente com e sem bola, o pequeno croata, de 1, 72m e 64 quilos, tem impressionado muita gente. Natural de uma pequena vila situada a norte de Zadar, a sul da Croácia, Luka Modric rumou cedo – em 2002, com apenas 16 anos – ao centro e capital do país, Zagreb, onde está sediado um dos clubes mais fortes, o Dínamo. Para trás, deixou um passado tremendamente difícil, feito de insegurança e incerteza. Tal como vários futebolistas croatas, Modric viveu momentos de infância complicados. Durante a guerra civil na Croácia, que resultou no fim da antiga Jugoslávia, o jogador chegou a ver o avô ser sequestrado, bem como familiares e amigos da pequena localidade de Modrici, em Zaton Obrovacki. Tudo isto aos seis anos de idade. No meio de um clima de terror, Modric e a família viram-se obrigados a permanecer num hotel no centro de Zadar que rapidamente se tornou num abrigo para refugiados. Um dos recepcionistas chegou a admitir, entre risos, que Modric “partiu mais janelas do hotel do que as ondas de choque das bombas”. Foi aí que começaram os primeiros toques na bola, a forma de distracção que o agora melhor jogador do mundo encontrou para se abstrair do terror. Bem mais tarde, em Zagreb, cumprido o último ano como júnior ao serviço do Dínamo, em 2003, Modric foi emprestado por uma época ao Zrinjski Mostar, da Bósnia e Herzegovina. A equipa não chegou ao pódio do campeonato (foi campeã no ano seguinte), mas Modric foi nomeado o jogador do ano da competição, tendo sido a segunda temporada com mais golos na carreira do croata (oito, só fez mais em 2007-08 no Dínamo Zagreb, 17). No ano seguinte, voltou à Croácia, mas para ficar. Em novo empréstimo, Modric foi cedido ao Inter Zaprešic, a noroeste de Zagreb, onde realizou 18 partidas. A equipa chegou ao segundo lugar do campeonato croata, que dava um acesso à fase de qualificação para a Taça UEFA e Modric acabou distinguido como o jogador revelação do país. Com tudo isto, era altura de voltar ao Dínamo, emblema no qual permaneceu até 2008 e pelo qual venceu três campeonatos, duas taças e uma supertaça croata. Nesse último ano na capital, marcou presença no Campeonato da Europa depois de, em 2006, ter participado no Mundial da Alemanha, a primeira grande competição em que representou a selecção. Seguiu-se Inglaterra e a transferência mais cara do futebol croata até então. O Tottenham contratou Modric ao Dínamo Zagreb por 21 milhões de euros, num negócio que acabaria por causar polémica, devido ao envolvimento do dirigente Zdravko Mamic. Em Londres não houve títulos, mas houve futebol ao mais alto nível, sempre com mais de 30 jogos disputados. O treinador do Tottenham na altura da chegada de Modric, Harry Redknapp, não escondeu a felicidade por ter orientado uma geração de jogadores que permitiu à equipa ser competitiva dentro e fora de casa. “Eram tempos fantásticos”, revelou o técnico inglês ao site Goal. com. Até porque no plantel se destacavam ainda o veloz Aaron Lennon, o médio ofensivo Rafael van der Vaart e um outro jovem em ascensão: Gareth Bale. “Ele [Modric] foi um jogador fantástico para mim. Comigo no 'spurs' jogava à esquerda, até que eu o desviei para dentro, como um médio centro, e ele nunca mais olhou para trás. Ao contrário do que alguns disseram, ele não era um médio leve”, explicou Redknapp. O Tottenham, com Modric e companhia, alcançou o quarto lugar no campeonato inglês em 2010, no mesmo ano em que superou o play-off de acesso à Liga dos Campeões, competição que já não disputava há 50 anos. A campanha tornou-se ainda mais inesquecível com a chegada aos quartos-de-final. Para quem espera intensidade de um jogador que joga a meio-campo, Luka Modric sempre teve a resposta na ponta de língua. Quando era mais jovem, sempre deixou claro que “alguém que consiga jogar no campeonato da Bósnia consegue jogar em todo o lado”. Essa mesma observação tornou-se ainda mais pertinente quando Arsène Wegner, aos comandos do Arsenal, criticou a posição e estatura de Modric. "Todas essas críticas levam-te a mostrar às pessoas que elas estão erradas. Talvez eu pareça leve e pequeno, mas eu sou uma pessoa muito forte mental e fisicamente. E nunca tive problemas com o meu tamanho”, disse o jogador. À procura de novos desafios, Modric não hesitou quando lhe chegou às mãos uma proposta dos espanhóis do Real Madrid, apesar de terem existido negociações com o Chelsea. Foi um negócio de 30 milhões de euros mais 11, 5 por objectivos, que ficou fechado em Agosto de 2012. A estreia do croata deu logo direito a troféu, quando entrou no relvado do Santiago Bernabéu para a segunda mão da Supertaça de Espanha, frente ao Barcelona. Apesar de tudo, a integração de Modric no Real, então orientado por José Mourinho, foi lenta, claramente prejudicada pelo facto de ter falhado a pré-época dos "merengues". Essa demora na afirmação chegou até a levar os leitores do jornal espanhol Marca a elegê-lo como a pior contratação do ano do Real Madrid. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Na época seguinte chegava Carlo Ancelotti, o treinador que o médio croata considera o seu favorito até ao momento no clube espanhol. Com o italiano, veio a conquista da ambicionada décima Liga dos Campeões, antes de uma lesão grave, num jogo de apuramento para o Euro 2016, entre Croácia e Itália, ter contribuído para uma temporada negra, sem títulos para o clube espanhol. Após a recuperação e com a chegada de Zidane ao comando técnico dos "blancos", confirmou-se mais uma série de títulos internacionais: mais três Champions, três Supertaças Europeias e dois Mundiais de clubes. No panorama interno, um campeonato, uma taça e outra Supertaça espanhola. Este rol de troféus contribuiu para que Luka Modric tivesse integrado por quatro vezes o "onze" ideal da FIFA, mas o definitivo passo em frente ocorreu neste ano, graças a mais uma afirmação de força europeia do Real Madrid e, acima de tudo, graças à surpreendente campanha da Croácia no Mundial da Rússia. A presença na final da competição já lhe valeu o prémio The Best, desbravando terreno para a Bola de Ouro que agora se confirmou.
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Palavras-chave guerra campo negra
Presidente vai a Bruxelas defender Portugal da ameaça de sanções
Depois de noticiada a indignação de Belém com posição do BCE e de Vítor Constâncio sobre desequilíbrios macroeconómicos, Marcelo desvaloriza. Na quarta-feira, o chefe de Estado reúne-se com os presidentes da Comissão, Conselho e Parlamento europeus e janta com o colégio de comissários. (...)

Presidente vai a Bruxelas defender Portugal da ameaça de sanções
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-06-29 | Jornal Público
SUMÁRIO: Depois de noticiada a indignação de Belém com posição do BCE e de Vítor Constâncio sobre desequilíbrios macroeconómicos, Marcelo desvaloriza. Na quarta-feira, o chefe de Estado reúne-se com os presidentes da Comissão, Conselho e Parlamento europeus e janta com o colégio de comissários.
TEXTO: Com a quase garantida saída de Portugal do procedimento por défice excessivo, o Presidente da República vai estar esta quarta-feira em Bruxelas numa ronda de contactos de alto nível com as instituições europeias a tentar afastar a ameaça de sanções, desta vez por desequilíbrios macroeconómicos excessivos. A Comissão Europeia colocou Portugal no grupo de países com esta classificação no final de Fevereiro – onde estão também Bulgária, França, Croácia, Itália e Chipre - e agora o Banco Central Europeu (BCE) recomenda que se apliquem sanções caso o Governo português não adopte medidas políticas eficazes, noticiou o Jornal de Negócios na segunda-feira. O Expresso chegou a noticiar que a Presidência ficou “indignada” com esta posição do BCE, presidida por Mario Draghi e que tem o português Vitor Constâncio na vice-presidência. “É inacreditável e inaceitável" que Vítor Constâncio concorde com a aplicação de sanções a Portugal numa altura em que o país conseguiu pela primeira vez um défice abaixo dos 3%, afirma o Expresso, referindo-se ao “sentimento em Belém, onde se questiona ‘o que é que Vítor Constâncio está lá a fazer’”. Mais tarde, porém, Marcelo Rebelo de Sousa desautorizou a fonte daquele jornal e preferiu desvalorizar o "relatório técnico" do BCE, numa lógica de desdramatização também na frente externa. "O Presidente da República é o único porta-voz de Belém e esclarece que não se pronunciou sobre qualquer pretensa ameaça do BCE de multas a Portugal", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa ao Expresso. "Não tem, por isso, o mínimo fundamento a notícia relativa a reacções de Belém quanto à pretensa intenção do Banco Central Europeu. "Segundo o relatório do BCE avançado pelo Jornal de Negócios, apesar de estar há três anos com desequilíbrios excessivos, Portugal não tem aplicado as medidas necessárias para sair desta situação. O procedimento aos desequilíbrios macroeconómicos (PDM) prevê sanções anuais na ordem dos 0, 1% do PIB – no caso português seriam de 190 milhões de euros. É neste contexto que o Presidente da República se reúne esta quarta-feira com os presidentes das três instituições europeias – Conselho, Comissão e Parlamento – e terá um jantar com o colégio de comissários. Marcelo Rebelo de Sousa deverá levar uma mensagem de tranquilidade em relação a Portugal, e poderá repetir os argumentos que o primeiro-ministro António Costa esgrimiu na semana passada, em resposta ao aviso feito pelo ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schauble, quando disse que Portugal deveria assegurar-se de não precisar de um novo resgate. “Os números são simples: 2, 1% de défice, o melhor em 42 anos de democracia, 2% de saldo primário positivo, diminuição de um ponto da dívida líquida, estabilização da dívida bruta e começo da redução, estabilização do sistema financeiro, criação de 118 mil postos de trabalho líquidos. Estes são os números. E contra factos não há argumentos”, declarou António Costa. Esta terça-feira, a descida do número do desemprego vem reforçar a performance positiva da economia portuguesa. A classificação de “desequilíbrios económicos excessivos” foi proposta em Fevereiro pela Comissão Europeia e é a mais negativa desta fase. E significa que entre Abril e Maio, as autoridades europeias irão avaliar a estratégia definida pelos governos dos países em causa - sobretudo o Programa de Estabilidade e o Programa Nacional de Reformas - e decidir se iniciam ou não um Procedimento por Desequilíbrio Excessivo. Este é semelhante ao Procedimento por Défice Excessivo, mas focado na situação global da economia e não apenas nas finanças públicas, e, segundo as regras europeias, pode resultar, no caso de não tomada sucessiva das medidas recomendadas, à aplicação de multas financeiras ao país. Até agora, nunca esse passo foi dado pela Comissão em relação a qualquer país. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A visita de trabalho do Presidente da República a Bruxelas tem ainda outros objectivos. No domínio europeu, o chefe de Estado pretende reafirmar o empenho de Portugal no aprofundamento deste projecto comum, no momento em que se celebram os 60 anos da assinatura do Tratado de Roma mas também numa altura em que a União Europeia enfrenta desafios especialmente exigentes para o seu futuro. Marcelo Rebelo de Sousa pretende abordar os principais temas em debate em Bruxelas, tais como o recém apresentado Livro Branco da Comissão Europeia, o processo de negociação do Brexit ou a gestão da crise de refugiados e migrações. O chefe de Estado terá também uma audiência com o Rei dos Belgas. A nível bilateral, pretende contribuir para reforçar e consolidar as relações bilaterais com o Reino da Bélgica, um dos principais destinos das exportações portuguesas e um dos maiores investidores externos em Portugal, onde além do mais reside uma considerável comunidade portuguesa. Em nome da solidariedade com a Bélgica, Marcelo homenagea ainda as vítimas dos atentados de Bruxelas de 22 de Março do ano passado, no monumento que será inaugurado na Rue de la Loi. Notícia actualizada às 18h06, que corrige a informação avançada pelo Expresso de que a Presidência ficara "indignada" com a posição do BCE
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Palavras-chave comunidade desemprego
Gomorra júnior
Adaptado do romance de Roberto Saviano, esta história de miúdos napolitanos em rápida ascensão na máfia é bem intencionada mas não traz nada de novo. (...)

Gomorra júnior
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2019-06-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: Adaptado do romance de Roberto Saviano, esta história de miúdos napolitanos em rápida ascensão na máfia é bem intencionada mas não traz nada de novo.
TEXTO: O “filme de mafia” é o exemplo de uma produção italiana que reencontrou uma possibilidade de exportação através do recurso a um género específico — uma nova “moeda corrente” que funciona de modo eficaz sobretudo na televisão serializada, como o provam Suburra ou Romanzo Criminale ou mesmo a nova adaptação televisiva de Gomorra, o best-seller de Roberto Saviano cuja versão cinematográfica a cargo de Matteo Garrone tem “culpas no cartório” neste regresso. É também Saviano que está na origem de Piranhas — Os Meninos da Camorra, história de um grupo de aspirantes a mafiosos que a ambição do seu líder atira para o meio das famílias napolitanas. A diferença é que estes são adolescentes cujo futuro parece estar definido à partida pela sua origem e pela sua classe — é nesse olhar sobre a ingenuidade e o desespero que o livro de Saviano e o filme do romano Claudio Giovannesi (que dirigiu alguns episódios de Suburra) se querem destacar do lote. Ao vencer o prémio de melhor argumento no Festival de Berlim, o escritor fez questão de dedicar o prémio a todas as ONG que trabalham para tirar estes jovens em risco de caírem no crime na rua (e também àquelas que procuram salvar os refugiados que se aventuram pelo Mediterrâneo, numa indirecta às políticas de Matteo Salvini).
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Palavras-chave crime género
Plano Juncker já ultrapassou objectivo inicial de 315 mil milhões
Fundo Europeu para investimentos Estratégicos lançado em 2015 esgotou plafond inicial passados três anos e meio. Portugal recebeu seis mil milhões, cerca de 1,7% desse investimento (...)

Plano Juncker já ultrapassou objectivo inicial de 315 mil milhões
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-07-29 | Jornal Público
SUMÁRIO: Fundo Europeu para investimentos Estratégicos lançado em 2015 esgotou plafond inicial passados três anos e meio. Portugal recebeu seis mil milhões, cerca de 1,7% desse investimento
TEXTO: Quando foi lançado em 2015, o Fundo Europeu para Investimentos Estratégicos (FEIE) foi apresentado como o instrumento que iria financiar o ambicioso Plano de Investimentos para a Europa, mais conhecido por plano Juncker, recebendo o nome do actual presidente da comissão. Era o plano para ajudar a Europa a sair da crise financeira, fazendo o milagre de aumentar o investimento sem ter de recorrer à emissão de dívida. O objectivo era usar uma garantia orçamental da União Europeia e recursos próprios do Banco Europeu de Investimentos para mobilizar 315 mil milhões de euros até 2020. Três anos e meio depois, esse montante já está ultrapassado. Numa nota tornada pública esta quarta-feira, a Comissão Europeia dá conta que a mobilização de investimento através do FEIE já atingiu os 335 mil milhões de euros. Antecipando esta adesão, o Conselho Europeu e o Parlamento Europeu concordaram em prolongar a duração e a capacidade do plano Juncker, possibilitando investimentos até 500 mil milhões de euros até ao final de 2020. Os 335 mil milhões de euros que já foram mobilizados servirão para financiar 898 operações nos 28 Estados-Membros da UE, sendo que o maior impacto ocorreu nos países mais atingidos pela crise. De acordo com a informação divulgada, o Departamento de Economia do Banco Europeu de Investimento e o Centro Comum de Investigação (JRC) da Comissão estimam que as operações do FEIE já apoiaram mais de 750 mil postos de trabalho, prevendo-se que o número aumente para mais de 1, 4 milhões de postos de trabalho até 2020. Além disso, os cálculos indicam que o Plano Juncker já aumentou o PIB da UE em 0, 6 %, prevendo-se que aumente até 2020 cerca de 1, 3%. Numa nota enviada às redacções, o presidente da Comissão, Jean Claude Juncker sublinhou que dois terços do investimento mobilizado pelo FEIE provêm do sector privado. “Desde o financiamento da formação profissional para os refugiados na Finlândia, passando pelas energias renováveis na Grécia, até à agricultura na Bulgária — continuaremos a utilizar o orçamento da UE para aquilo que faz melhor: catalisar o crescimento”, escreve Jean Claude Juncker, no comunicado. José Manuel Fernandes, eurodeputado português eleito pelas listas do PSD, foi relator do actual FEIE, e está agora nomeado para a negociação do novo Plano Juncker, que a partir de 2021 e até 2027 se chamará InvestEU. O eurodeputado considera que face aos resultados já atingidos, o balanço do plano Juncker é extremamente positivo, já que “aumentou o investimento e ajudou a criar emprego, ao mesmo tempo que manteve preocupações com a coesão e as regiões menos desenvolvidas da Europa”. José Manuel Fernandes sustenta esta afirmação com o facto de a Grécia, Estónia, Lituânia e Bulgária terem sido os países que mais beneficiaram deste instrumento em função do PIB. Portugal recebeu 1, 8%Dos 335 mil milhões de euros para investimentos que já foram mobilizados, Portugal conseguiu garantir uma fatia de 1, 79%, ou seja, cerca de seis mil milhões de euros. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Entre os projectos que mereceram apoio em Portugal estão alguns investimentos públicos, como o novo campus da Universidade Nova em Lisboa, os projectos de reabilitação urbana do município de Lisboa, e também serviços de abastecimento de água e saneamento das Águas de Portugal. Ao nível empresarial foram apoiadas empresas como a Dominó (fabricante de revestimentos), a Inspama (na área da inspecção automóvel), a Biosurfit, os Laboratórios Basi e a Skinspiration (na área da sáude), os Vinhos Herdade do Rocim, a BLC3 (na área da floresta) e a ainda a Critical Material – uma empresa sediada em Guimarães que, com uma equipa de investigadores e engenheiros da Universidade do Minho, está a desenvolver tecnologia inovadora para evitar acidentes e melhorar desempenhos em sectores como o energético e o aeroespacial. Muitos outros projectos empresariais terão ainda sido apoiados através das linhas de financiamento para as PME que estão a ser intermediadas por várias entidades bancárias. “Os resultados em Portugal são positivos, ainda que pudessem ser muito melhores”, volta a considerar o eurodeputado, que defende que Portugal tem mesmo “a obrigação” de fazer uma melhor utilização deste instrumento, “sobretudo numa altura em que o investimento público é muitíssimo reduzido”. “O Governo e as Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional deviam ser pró-activos, mas na verdade têm sido inoperantes”, critica o eurodeputado.
REFERÊNCIAS:
Partidos PSD