Depois de perder e destruir a Síria, Assad reelege-se Presidente
A Síria que era já não volta a ser e milhões fugiram sem saber quando poderão sonhar com o regresso. Os mortos são pelo menos 160 mil, os desaparecidos dezenas de milhares. Mas esta terça-feira, há eleições convocadas pelo Presidente e urnas abertas em parte do país. (...)

Depois de perder e destruir a Síria, Assad reelege-se Presidente
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 | Sentimento -0.2
DATA: 2014-06-03 | Jornal Público
SUMÁRIO: A Síria que era já não volta a ser e milhões fugiram sem saber quando poderão sonhar com o regresso. Os mortos são pelo menos 160 mil, os desaparecidos dezenas de milhares. Mas esta terça-feira, há eleições convocadas pelo Presidente e urnas abertas em parte do país.
TEXTO: Não são umas eleições normais – houve várias eleições pouco normais no Médio Oriente, do Iraque ao Egipto, nos últimos anos. Mas estas são especialmente estranhas. Afinal, foi por causa delas que o mediador internacional para a Síria, Lakhdar Brahimi, mandatado pela ONU e pela Liga Árabe, atirou a toalha, pediu desculpas aos sírios e se demitiu, no mês passado. Dois anos antes, aceitara uma missão impossível. Mas só desistiu quando Bashar al-Assad marcou presidenciais para esta terça-feira, confirmando que é candidato. A Síria já é uma impossibilidade, estas presidenciais só o sublinham, de uma forma tão evidente que começam a faltar palavras para falar de presente e futuro. Paradoxos que fazem o sentido: a semana passada, milhares e milhares de refugiados sírios no Líbano fizeram fila para votar, a afluência foi tanta que a embaixada alargou a votação a dois dias; no domingo, no mesmo Líbano, centenas de refugiados sírios manifestaram-se contra as eleições, agitando bandeiras onde se lia “Votar no homem que matou 200 mil sírios!” ou cartazes onde escreveram “A nossa revolução tinha por objectivo derrubar um regime sectário e autoritário. Como é que alguém pode esperar que votemos para o apoiar?”. O Centro Árabe para a Investigação e os Estudos Políticos deu-se ao trabalho de fazer uma sondagem junto dos refugiados na Turquia, na Jordânia e no Líbano: 78% dos inquiridos consideram as eleições “ilegítimas”, 75% dizem que as presidenciais “não representam o povo sírio”. Três anos e três meses depois dos primeiros protestos pacíficos, iniciados em Deraa, cidade onde a polícia prendeu e torturou um grupo de adolescentes que escreveu na parede da escola “o povo quer a queda do regime”, Assad e as suas forças (regulares e milícias, apoiadas pelo Hezbollah libanês, por unidades de elite iranianas e por combatentes xiitas vindos do Iraque), controlam 40% do território habitado da Síria, onde perto de 60% da população estará. Nas zonas controladas pelos rebeldes não haverá eleições; entre os sírios que puderam fugir para o estrangeiro, houve países que autorizaram a abertura das urnas (Líbano ou Jordânia) e outros que recusaram (França, Alemanha, Bélgica ou Emirados Árabes Unidos). O Governo diz que são 15 milhões os sírios que poderão votar – é um número difícil de engolir; dos 22 milhões que estariam no país no início de 2011, pelo menos 160 mil morreram, dezenas de milhares estão desaparecidos e quase nove milhões são deslocados ou refugiados. A última das estratégias do regime tem funcionado e terá contribuído para que parte dos deslocados internos esteja agora no país que Assad reclama. Em cidades como Hama, Homs, partes de Aleppo, partes de Damasco e dos seus arredores rurais, cercos de meses acompanhados de brutais campanhas de bombardeamentos vergaram os sírios pela fome – comida foi trocada por submissão. Documentos da ONU revelados em Março descreviam “o enorme movimento de sírios” que estavam a abandonar as zonas da oposição. Onde não sobra nadaEm Alepo, por exemplo, a capital do Norte, em tempos a maior e mais vibrante das cidades do país, as bombas mataram 2000 pessoas, incluindo centenas de crianças, desde o início do ano. As dezenas de barris carregados com explosivos que caíram quase todos os dias não se limitaram a matar pessoas, tiraram tudo aos sobreviventes: na metade de Alepo do regime há água e comida e até electricidade; no Leste, onde a oposição está, falta tudo e 60% dos edifícios foram destruídos nos últimos meses. Entretanto, o Programa Alimentar Mundial (PAM) da ONU interroga-se sobre se deve continuar com as distribuições de ajuda. Toda a que chega aos sírios passa pelas mãos de Assad e acaba, assim, por contribuir para o legitimar. Entretanto, ONG com a Mercy Corps abandonam Damasco porque o regime as proíbe de fazer chegar assistência aos territórios que não controla. Para esta organização, fez mais sentido deixar a capital e permanecer em Alepo, contra a vontade de Assad, onde consegue ajudar 1, 7 milhões de sírios com a farinha que faz chegar às padarias, mais os cobertores, a água e os produtos de higiene que distribui. Os paradoxos são muitos. Nos últimos dias, o Presidente dos EUA, Barack Obama, decidiu aumentar o apoio aos grupos rebeldes e os Estados Unidos descreveram as presidenciais como “farsa” ou “fantochada”. Ao mesmo tempo, responsáveis da Casa Branca admitem que Assad não sairá do seu palácio tão depressa. Já ninguém se lembra dos meses de 2011 e 2012 em que Obama e os líderes europeus repetiam várias vezes por semana que “Assad está acabado” e só lhe resta “partir”.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU EUA
Hamas não aceita cessar-fogo se Israel não levantar bloqueio a Gaza
ONU diz que há falta de comida e que a água começa também a ser um problema no enclave palestiniano. (...)

Hamas não aceita cessar-fogo se Israel não levantar bloqueio a Gaza
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-07-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: ONU diz que há falta de comida e que a água começa também a ser um problema no enclave palestiniano.
TEXTO: O líder do Hamas no exílio, Khaled Meshaal, disse que não pode haver cessar-fogo na Faixa de Gaza antes de Israel pôr fim ao bloqueio económico a este enclave palestiniano, que já dura há oito anos. Numa conferência de imprensa na quarta-feira no Qatar, onde vive, Meshaal defendeu que há uma série de condições que devem ser negociadas antes de se poder falar em cessar-fogo. Entre elas estão o fim do bloqueio económico de oito anos à Faixa de Gaza, a reabertura da fronteira de Rafah (com o Egipto) e a libertação de prisioneiros palestinianos. “Não aceitaremos qualquer iniciativa que não leve ao fim do bloqueio e que não respeite os nossos sacrifícios”, disse Meshaal. Acrescentou que não fecha a porta a uma trégua humanitária. "Precisamos de calma durante algumas horas para retirar os feridos e [fazer] entrar ajuda”, disse, apelando à comunidade internacional para que faça chegar aos palestinianos de Gaza medidamentos, combustível e alimentos. "É terrível, é simplesmente terrível", disse sobre a situação da população civil a responsável pela ONU na Faixa de Gaza, Valerie Amos. “Temos mais de 119 mil pessoas refugiadas em escolas da ONU. As pessoas estão a ficar sem o que comer e a água é também um sério problema”. Israel impôs restrições à Faixa de Gaza em 2006 após o rapto de um soldado israelita. A medida foi apertada (tornando-se um bloqueio económico) em 2007 por Israel e pelo Egipto, na sequência da vitória do Hamas nas eleições de Gaza (em 2006), o que levou ao afastamento da Fatah (a facção que governa a Cisjordânia). Israel, os Estados Unidos e a União Europeia consideram o Hamas uma organização terrorista. O Hamas e a Fatah reconciliaram-se em Abril e anunciaram a formação de um governo de unidade, mas esta aproximação – condenada por Israel, EUA e UE – não chegou a ser concretizada, uma vez que o rapto e assassínio de três adolescentes israelitas e, depois, de um palestiniano, fizeram eclodir o actual conflito. Em declarações ao site Walla, o ministro israelita da Ciência, Yaakov Peri, também disse que um cessar-fogo não está no horizonte de Israel, pelo menos para já. "Não vejo que isso possa acontecer nos próximos dias. Posso afirmar com toda a segurança que dois ou três dias não são suficientes para dar por terminada a operação nos túneis". Oficialmente, a intervenção de Israel na Faixa de Gaza, que entrou já no 17. º dia, destina-se a destruir os túneis construídos pelo Hamas e que servem para realizar operações em território controlado por Israel e para fazer entrar bens essenciais no território. Mas, na prática, as forças de defesa estão a atacar alvos em todo o encalve, tendo sido acusadas pela Alta Comissária para os Direitos Humanos da ONU, Navi Pillay, de crimes contra a humanidade por estarem a bombardear civis – foi criada uma comissão para averiguar se estão de facto a ocorrer esses crimes. Segundo as fontes palestinianas, os combates voltaram a intensificar-se e as tropas terrestres israelitas iniciaram, na noite de quarta-feira, uma incursão em Khuzaa, a sul, de onde fugiram cinco mil palestinianos. Em 16 dias de guerra, morreram 710 palestinianos (74% deles civis, segundo a ONU) e 37 israelitas (três civis). Um palestiniano foi morto junto à Cisjordânia, durante distúrbios que eclodiram na quarta-feira à noite. Entretanto, a agência federal americana, que proibira as companhias americanas de voarem para o aeroporto Ben Gurion de Telavive – em cujas proximidades caiu um rocket disparado pelo Hamas – levantou a interdição, mas advertiu que a situação se mantém “muito instável”. Várias companhias europeias preparavam-se também para retomar os voos para Israel.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU EUA UE
Simone de Beauvoir e Israel
Por muito que possamos compreender os motivos de Israel, as soluções dos seus Governos não correspondem à melhor forma de os judeus viverem na região num futuro de tempo longo. (...)

Simone de Beauvoir e Israel
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-07-25 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20140725170313/http://www.publico.pt/1664067
SUMÁRIO: Por muito que possamos compreender os motivos de Israel, as soluções dos seus Governos não correspondem à melhor forma de os judeus viverem na região num futuro de tempo longo.
TEXTO: Há uns meses, devido a um momento infeliz da presidente da Assembleia da República, tornou-se conhecida da generalidade dos portugueses uma frase de Simone de Beauvoir sobre o horror nazi durante a Segunda Guerra Mundial: "Não podemos deixar que os nossos carrascos nos criem maus costumes". Hoje, quando o número de vítimas na Faixa da Gaza ascende já a várias centenas, vale a pena reflectir sobre a ideia da escritora francesa. É certo que não podemos olhar para Israel – e para a região – como olhamos para a Europa e o Ocidente em geral. Seria o mesmo que usar óculos de ver ao perto para ver ao longe. Não só existe toda uma história antiga, como a concepção de segurança e de território é completamente diferente. Para os israelitas, rodeados de inimigos por todos os lados, a segurança coloca-se a um nível existencial: existir ou simplesmente desaparecer do mapa. Ora, nenhum português imagina ser eliminado pela Espanha, mas os israelitas têm boas razões para acreditarem nisso, bastando para tal o exercício simples de lerem regularmente a Carta do Hamas, para já não falar do seu quase extermínio há 70 anos. Acresce que a concepção de território é também completamente distinta, pela sua exiguidade, grande concentração populacional em poucos espaços, escassez de recursos naturais e existência de “pontos de passagem obrigatória”, como o golfo de Aqaba. Para usar uma imagem simples, Israel é pouco maior do que New Jersey e a Faixa de Gaza equivale para aí a Setúbal. Além disso, o mundo é um lugar perigoso para o Estado israelita. O seu único aliado indispensável, os Estados Unidos, estão em fase de retraimento estratégico e, aparentemente, disponíveis para uma détente com o Irão. Teerão está a levar a cabo um programa destinado a adquirir poder nuclear e vê Israel, nas palavras do seu líder supremo, como um cancro que tem de ser removido. Na Síria, o regime de Bashar al-Assad, com quem tinha um modus vivendi, está por um fio e pode ser substituído por uma qualquer entidade radical islâmica, como o prova o recém-criado califado na zona da fronteira do país com o Iraque. Este último, na prática, já não existe, vive uma guerra civil mais ou menos intermitente e tornou-se uma zona de crescimento dos mais radicais grupos sunitas. No Líbano, para além da antiga e frequente ameaça do Hezbollah, há vários sinais de contágio da situação síria e as informações disponíveis apontam para a existência de células do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIS). Na fronteira Sudoeste, embora a situação seja actualmente melhor na perspectiva de Telavive, ainda recentemente a chamada Primavera Árabe levou ao poder a Irmandade Muçulmana no Egipto, em quem nunca confiou, apesar de terem encontrado um modo de se entenderem no essencial. Finalmente, a este, a Jordânia está a ser ameaçada pelas ondas de choque da Síria e do Iraque, havendo hoje milhares de refugiados a viver neste país. Dito com recurso a uma imagem conhecida: para todos os lados para onde olha, Israel vê pregos; logo, não admira que o seu instrumento preferido seja um martelo. Acresce que os acontecimentos da Faixa da Gaza dos últimos dias não começaram agora. Têm existido ciclos de anos de pico de conflito – 2006, 2008, 2012 –, sendo que nestas datas se verificaram situações muito semelhantes à actual, com a diferença de na última não ter havido intervenção militar terrestre. Mesmo nos desenvolvimentos actuais é importante recordar quatro pontos. Primeiro, não foi o Governo de Benjamin Netanyahu que começou as hostilidades, antes respondeu ao assassinato de três estudantes israelitas perto de Hebron. Segundo, há já muito tempo que o Hamas tem vindo a lançar rockets contra território israelita, revelando mesmo nos últimos meses um crescendo de capacidade militar (em sentido não-clássico), quantitativa e qualitativamente. Terceiro, embora este movimento não seja uniforme, havendo sectores mais radicais e mais moderados – para além de coexistir com outros actores, como a Jihad Islâmica – os seus objectivos passam por mostrar capacidade para desafiar o Estado de Israel, o que, dito de forma crua, significa provocar o maior número de baixas possível. Quarto, no que diz respeito especificamente a esta questão, a estratégia de Telavive é defensiva e limitada nos objectivos, consistindo estes em reduzir o máximo possível o poder militar do adversário, sabendo os seus dirigentes que não é da Faixa de Gaza de onde vêm as ameaças existenciais e que seria pouco inteligente reocupar ou reanexar o território.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave guerra concentração assassinato
Combates na Ucrânia matam 17 civis em apenas 24 horas
Conflito no Leste do país já fez mais de um milhar de vítimas nos últimos meses. (...)

Combates na Ucrânia matam 17 civis em apenas 24 horas
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-07-29 | Jornal Público
SUMÁRIO: Conflito no Leste do país já fez mais de um milhar de vítimas nos últimos meses.
TEXTO: Os combates no Leste da Ucrânia entre o exército e os separatistas pró-Moscovo fizeram 17 vítimas civis nas últimas 24 horas, entre as quais três crianças, revelaram esta terça-feira as autoridades locais. Para além dos 17 mortos há ainda 42 pessoas feridas, de acordo com a administração regional de Donetsk. Os confrontos tiveram lugar em Gorlivka, uma das cidades controladas pelas milícias pró-russas, a 45 quilómetros a norte de Donetsk. Já na semana passada, a Human Rights Watch denunciou o disparo de rockets Grad – que adoptam uma trajectória muito imprevisível – pelas partes em confronto e que terá provocado 16 mortes de civis. Na sexta-feira foi descoberta uma vala comum, numa região controlada por separatistas, que se calcula ter cerca de vinte cadáveres. Desde meados de Abril que morreram cerca de 1100 pessoas no Leste da Ucrânia, segundo um relatório da ONU publicado na segunda-feira. O conflito também tem levado muita gente a fugir das suas casas nos últimos meses. O Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR) revelou que cerca de 100 mil pessoas se terão deslocado para outras regiões do país e 130 mil procuraram protecção na Rússia. Entretanto, o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, pressionou Kiev para que cesse os combates na zona onde se despenhou o avião da Malaysia Airlines. Os investigadores não têm conseguido aceder ao local devido às hostilidades e teme-se que, com o passar do tempo, se torne cada vez mais difícil apurar responsabilidades quanto ao abate da aeronave. A queda do Boeing 777, a 18 de Julho, fez 298 vítimas, a maioria de nacionalidade holandesa. Esta terça-feira a União Europeia deverá aprovar um novo pacote de sanções com o objectivo de dissuadir a Rússia de continuar a apoiar os separatistas que ainda controlam uma parte do país.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU
Exército da Ucrânia prepara assalto final a Donetsk e Lugansk
Forças de Kiev têm encontrado muita resistência. Suspeitas de que Rússia está a reforçar a sua presença na fronteira apontam para semana decisiva. (...)

Exército da Ucrânia prepara assalto final a Donetsk e Lugansk
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-08-04 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20140804170207/http://www.publico.pt/1665277
SUMÁRIO: Forças de Kiev têm encontrado muita resistência. Suspeitas de que Rússia está a reforçar a sua presença na fronteira apontam para semana decisiva.
TEXTO: A ofensiva do Exército ucraniano no Leste do país e as notícias de uma crescente concentração de tropas e armamento russo junto à fronteira indicam que o conflito na região está cada vez mais próximo do seu momento decisivo – ou a revolta dos separatistas pró-russos é neutralizada, ou o risco de uma guerra aberta sobe para níveis ainda mais perigosos. As cidades de Donetsk e Lugansk, que até há poucas semanas estavam seguras nas mãos dos rebeldes, estão agora a um passo de ficarem sitiadas pelas tropas do Governo de Kiev. Para além da aproximação de um assalto final por parte do Exército ucraniano, os habitantes das duas cidades estão já no epicentro de uma crise humanitária, muitos deles sem electricidade e sem água. A situação mais difícil está a ser vivida em Lugansk, onde os relatos dos repórteres das agências internacionais dão conta de uma corrida desenfreada aos supermercados – muitos habitantes da cidade estão a viver em abrigos subterrâneos, para escaparem aos bombardeamentos das forças ucranianas, preparando-se já para uma eventual entrada das forças de Kiev. Só no sábado foram mortas pelo menos nove pessoas em Lugansk e Donetsk, entre as quais uma criança. A agência Reuters avança que as posições dos separatistas na cidade de Donetsk foram alvejadas durante a noite pelo Exército ucraniano, e vários edifícios ficaram em chamas desde os arredores, em Petrovski, até ao centro da cidade. Segundo as informações avançadas pela Associated Press, as condições humanitárias em Lugansk e Donetsk são cada vez mais dramáticas não só devido aos bombardeamentos das forças de Kiev, mas também pelo desespero dos combatentes separatistas, que têm confiscado veículos e comida a residentes e estabelecimentos comerciais, principalmente em Donetsk. As autoridades de Kiev dizem que as suas forças estão a ganhar cada vez mais terreno nos últimos redutos dos separatistas pró-russos, mas admitem que a resistência tem sido muito forte. Um porta-voz do Exército ucraniano, Alexei Dmitrashkovski, disse à Associated Press que os seus soldados estão a combater às portas de Donetsk neste domingo, onde disparos de artilharia atingiram uma escola durante a noite, sem que ninguém tenha ficado ferido. "O projéctil atravessou o tecto e explodiu no interior do edifício, mas ainda não sabemos quem o disparou. Quem é que precisa desta guerra? Por que razão estão a combater?", questionou Dmitri Levonchick, um mineiro de 45 anos de idade. Em resposta aos avanços do Exército ucraniano, os separatistas reforçaram os apelos à Rússia para que envie tropas e armamento – a Ucrânia, os Estados Unidos e a União Europeia acusam a Rússia de estar a apoiar e a lutar ao lado dos rebeldes separatistas, mas Moscovo sempre negou essa acusação. "É claro que seria excelente ver aqui soldados de manutenção da paz russos: fortes unidades de artilharia e brigadas de tanques. Esta guerra acabaria num ou dois dias", disse Pavel Gubarev, que se apresenta como governador da autoproclamada República Popular de Donetsk. Desde o início do conflito na Ucrânia já morreram mais de 1100 pessoas, de acordo com os números das Nações Unidas – pelo menos 100. 000 pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas. No sábado, um porta-voz do ministério russo para as situações de emergência, Aleksandr Dobrishevski, disse que o número de ucranianos em campos de refugiados na Rússia já ultrapassa os 39. 000, entre os quais 12. 735 crianças.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave guerra escola concentração criança humanitária assalto
Socialistas apertam cerco a Guterres para candidatura presidencial
Enquanto à esquerda se vive uma vaga de fundo pelo ex-primeiro-ministro, à direita multiplicam-se os presidenciáveis. (...)

Socialistas apertam cerco a Guterres para candidatura presidencial
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-08-12 | Jornal Público
SUMÁRIO: Enquanto à esquerda se vive uma vaga de fundo pelo ex-primeiro-ministro, à direita multiplicam-se os presidenciáveis.
TEXTO: Mário Soares, António José Seguro, António Costa e agora Jorge Coelho integram um único coro: António Guterres seria um excelente Presidente da República. Em entrevista à RTP, na segunda-feira à noite, Jorge Coelho, que tem agora a responsabilidade de presidir à comissão eleitoral das primárias do PS, exprimiu publicamente o que se podia adivinhar. O ex-primeiro ministro socialista é o seu candidato presidencial para 2016. “Seria das muito poucas coisas que me faria sair da vida que tenho hoje (…) Numa luta dessas estaria com grande vontade e com grande prazer ao lado dele porque acho que o país ficaria com um excelente Presidente da República”, disse. Coelho, o homem forte do ex-primeiro-ministro, junta-se assim a um coro de figuras de primeira linha do PS. O militante número um, Mário Soares, já disse que “só há um candidato de peso às presidenciais”. “Para a nossa esquerda não há outro. Guterres é o melhor", afirmou ao Expresso no mês passado. Seja quem for o próximo secretário-geral do PS, depois das eleições primárias a 28 de Setembro, António José Seguro e António Costa concordam que o actual Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, cargo que deve exercer até 2015, seria o homem ideal para suceder a Cavaco Silva no Palácio de Belém. “Acho que seria um privilégio para o país poder ter o engenheiro António Guterres como Presidente da República. (…) Se tivesse que escolher, creio que era seguramente o melhor que a esquerda poderia ter”, disse Costa ao PÚBLICO no final do mês passado. Logo de seguida, Seguro afirmou também ao PÚBLICO: “António Guterres, se quiser ser candidato a Presidente, estou convencido que receberá o apoio da esmagadora maioria, não só dos socialistas, mas de muitos cidadãos portugueses. António Guterres tem todas as condições para ser um grande Presidente da República. ”Enquanto à esquerda se vive esta vaga de fundo por Guterres, à direita multiplicam-se os presidenciáveis. Apesar da direcção social-democrata de Pedro Passos Coelho já ter dado sinais públicos sobre a sua preferência por Pedro Santana Lopes, Marcelo Rebelo de Sousa, Durão Barroso e Rui Rio são nomes que agradam a sectores do PSD.
REFERÊNCIAS:
Estados Unidos ponderam intervenção para resgatar yazidis
EUA enviaram 130 conselheiros militares para o Iraque e estudam criação de corredores ou ponte aérea para resgatar civis cercados. França decide enviar armas para os curdos. (...)

Estados Unidos ponderam intervenção para resgatar yazidis
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-08-13 | Jornal Público
SUMÁRIO: EUA enviaram 130 conselheiros militares para o Iraque e estudam criação de corredores ou ponte aérea para resgatar civis cercados. França decide enviar armas para os curdos.
TEXTO: Os Estados Unidos anunciaram o envio de 130 conselheiros militares para o Iraque para ajudar no planeamento da retirada de milhares de pessoas do cimo de uma montanha, yazidis em fuga dos extremistas do Estado Islâmico (EI). O envio destes conselheiros é visto como um possível prelúdio a uma intervenção maior no terreno para salvar os civis cercados, diz o Wall Street Journal. Os EUA enviaram já ajuda humanitária por helicóptero, bombardearam posições dos jihadistas e enviaram armas aos peshmerga, os combatentes curdos que tentam impedir o avanço dos islamistas e que têm levado muitos dos yazidi – minoria seguidora de uma religião pré-islâmica – para campos de refugiados. “Estamos a ver se conseguimos fazer algo mais do que apenas enviar ajuda”, disse um alto responsável ao jornal norte-americano. “Não se pode fazer só isso durante muito tempo. ”A França anunciou durante a tarde a decisão de enviar armas aos peshmerga e, pouco depois, David Cameron anunciou que aviões britânicos começaram a transportar munições de fabrico soviético de países no Leste da Europa para as forças curdas, equipadas sobretudo com material oriundo da ex-URSS. O primeiro-ministro britânico adiantou que helicópteros Chinook estacionados na região poderão participar numa operação para resgatar os milhares de civis cercados nas montanhas de Sinjar. Ben Rhodes, conselheiro adjunto para a segurança nacional do Presidente Barack Obama, reafirmou nesta quarta-feira que os EUA não vão enviar forças de combate para o Iraque, mas não excluiu a possibilidade de colocar tropas no terreno para uma missão humanitária. O responsável explicou que em cima da mesa estão duas possibilidades: a criação de corredores seguros para que os yazidis possam sair do seu refúgio (o que implica ter tropas no terreno) ou a retirada dos civis por via aérea (opção que colocará as aeronaves americanas na linha de fogo dos jihadistas). Uma decisão será tomada “nos próximos dias”, garantiu Rhodes. Até agora, Obama disse que não iria enviar forças para o Iraque, mas o facto de milhares de yazidi continuarem na montanha, sem abrigos, sob um sol inclemente, obriga-o a reconsiderar. No entanto, o envio de uma força poderá expor tropas americanas (esperar-se-ia uma força de elite) a contacto directo com os combatentes islamistas, o que apresenta um grau de risco que muitos pensam que o Presidente não estará disposto a correr. Obama também explicou, numa entrevista no fim-de-semana, que os EUA não queriam ser “a força aérea de ninguém” e que as forças políticas do Iraque teriam de chegar a um entendimento político para trabalharem juntas e evitarem a divisão que tornou possível o avanço no terreno do EI. Um passo parecia ter sido dado nesse sentido com a designação de um novo primeiro-ministro, o xiita moderado Haider al-Abadi. O chefe de Governo que é responsabilizado pela alienação dos sunitas que fomentou o sucesso dos jihadistas, Nuri al-Maliki, declarou que recusa sair, apesar de ter perdido o seu principal apoio externo, o Irão. O recurso ao Tribunal Federal (a mais alta instância judicial do país) que anunciou deverá ter poucas hipóteses de sucesso. Enquanto isso, em Bagdad, explodiu mais uma bomba, matando dez pessoas, num bairro de maioria xiita. O local da explosão não era muito longe onde na véspera houve outro atentado, num checkpoint antes da casa do novo primeiro-ministro. Milhares esperam resgateResponsáveis americanos dizem ainda que não se sabe quantos refugiados estão nas montanhas. Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas, 35 mil pessoas chegaram nos últimos dias ao Curdistão vindas da região de Sinjar, após uma longa e tortuosa viagem passando pela fronteira da Sìria, mas haverá ainda "entre 20 a 30 mil cercadas nas montanhas"Jornalistas a bordo de helicópteros de distribuição de ajuda relatam um cenário tenebroso: as pessoas que estão na montanha correm para os helicópteros que trazem a ajuda não para ficar com os mantimentos mas para tentar que uma ou outra criança, ou pessoas a sofrer de insolação ou queimaduras solares, sejam levadas dali para fora. Os helicópteros do exército iraquiano aterram a coberto de disparos contra os combatentes do EI, levantam disparando também. “As pessoas chegavam perto do helicóptero atirando os seus filhos para bordo. A tripulação tentou recolher o máximo de pessoas possível”, conta o jornalista da CNN Ivan Watson. Naquele caso, foram 20. Quando o helicóptero levantou, entre os sons dos tiros, toda a gente – passageiros, tripulação – estava emocionada, descreve o repórter. “ “Não havia ninguém com os olhos secos a bordo daquele helicóptero. ”
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
Tarefas impossíveis e o poder da palavra “decapitado”
O silêncio pode ser a melhor arma mas quando jihadistas ou ditaduras capturam jornalistas estrangeiros não há garantias. (...)

Tarefas impossíveis e o poder da palavra “decapitado”
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 | Sentimento -0.66
DATA: 2014-08-20 | Jornal Público
SUMÁRIO: O silêncio pode ser a melhor arma mas quando jihadistas ou ditaduras capturam jornalistas estrangeiros não há garantias.
TEXTO: Um café frequentado por turcos que gostam de lattes, refugiados sírios que já viveram bem e por três ou quatro jornalistas ocidentais que, em Outubro de 2013, andavam por Antakya, no Sul da Turquia, a tentar entrar na Síria. “Tu vais dizer-me tudo o que não disseste aos outros. Ouviste? Chega de mentiras e de meias verdades. ” A voz é de um norte-americano, e nem é o boné ou a roupa, é mesmo o sotaque. “Tu” é um sírio feito refugiado que antes conduzia jornalistas na Síria, meio activismo meio modo de sobrevivência. O norte-americano preparava-se para iniciar a tarefa em que serviços secretos de vários países tinham falhado: resgatar um amigo raptado na Síria. “Tu” tinha sido raptado com o amigo e não se sabe bem com mais quem, nem por que é que “tu” tinha sido libertado e o amigo do homem do boné não. “Tu” estava nervoso, o norte-americano parecia disposto a tudo e “tu” não tinha as respostas que ele exigia, ali e agora. “Tu” saiu antes do homem do boné, depois de marcarem encontro na casa de uma família de refugiados sírios que podia saber mais qualquer coisa. “Tu vais aparecer, ouviste? E eles vão repetir tudo o que já disseram e contar tudo o que ainda não disseram. Eu não volto para casa sem ele. ” Passado uns minutos, o norte-americano pagou a conta e abandonou a esplanada do café com vista para o rio Asi (“rebelde”, em árabe, sobe para norte em vez de descer para sul, vai do Líbano à Turquia, passando pela Síria). Quando o rapto de James Foley foi divulgado, a 4 de Janeiro de 2013, já o norte-americano estava desaparecido há 44 dias. A família, que antes pedira silêncio aos media, não aguentou mais. A mãe, Diane, que nesta quarta-feira pediu aos jihadistas radicais que lhe mataram o filho para libertarem os outros raptados, “inocentes, como Jim”, admitia na altura não se saber quem tinha o filho. “Só sei que foi levado por homens armados com o seu condutor e o tradutor e que estes foram libertados”. Os Repórteres Sem Fronteiras diziam nesse dia que a Síria era “o triângulo das Bermudas dos jornalistas” e que era impossível saber quantos estavam (ou estão) desaparecidos. No vídeo da decapitação de James Foley surge, vivo, Steven Sotloff – a Time confirma que se trata de um jornalista freelance que escreveu para a revista e que desapareceu em Agosto do ano passado. A Síria tem sido “triângulo das bermudas” e caixão. Segundo o Comité para a Protecção dos Jornalistas, há pelo menos 20 raptados ou desaparecidos neste momento, mais de 80 foram sequestrados e 69 foram mortos, incluindo sírios e estrangeiros, incluindo os que o regime de Bashar al-Assad bombardeou, como a nova-iorquina Marie Colvin, 30 anos de experiência, e o fotojornalista francês Rémi Ochlik, de 28 anos, enterrados em Homs em Fevereiro de 2012. No caso dos raptos, muitas vezes não são noticiados, principalmente se há suspeitos de que o objectivo é um pedido de resgate. Assim, evita-se que o preço suba e que as negociações se compliquem. No caos sírio, também demora a perceber se os jornalistas foram levados pelo regime ou por grupos armados que se lhe opõem. O que não significa que os países e os media envolvidos não façam o que podem para obter a libertação de cada desaparecido. Na maioria dos casos, o público só é informado quando há um final feliz (Richard Engel, da NBC, por exemplo, que conseguiu fugir aos raptores na mesma zona onde Foley foi raptado) ou trágico, como a decapitação do norte-americano de 40 anos. Na verdade, nunca se sabe e nada é garantia de nada. Foley, por exemplo, era mediático; sabia-se que estava desaparecido e que permaneceria na Síria. Para os radicais que controlam vastas áreas do Norte do país (e agora também do Norte e Ocidente do Iraque), fez sentido mantê-lo vivo até quererem que uma qualquer mensagem fosse ouvida com atenção. Ser norte-americano aumenta as probabilidades de se acabar morto (os Estados Unidos negoceiam mas não pagam resgates, tal como os britânicos, e ao contrário de outros países europeus). Foi a propósito do Iraque, em 2003, que se concluiu que os jornalistas tinham passado a ser um alvo comum para as partes em confronto. Mas foi em Carachi, no Paquistão, a 1 de Fevereiro de 2002, que o norte-americano Daniel Pearl foi decapitado por Khalid Sheikh Mohammed, hoje em Guantánamo, onde admitiu esta morte e a responsabilidade “de A a Z pelo 11 de Setembro”. Na altura, Mariane Pearl, a mulher do jornalista, grávida de cinco meses, demorou a acreditar que ele estava morto. Afinal, ela e a amiga Asra Nomani lideravam por conta própria uma investigação séria, com a ajuda de alguns polícias paquistaneses, e julgavam que iam encontrar Daniel com vida. No fim, foi a ouvir a palavra “decapitado” que se convenceu.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave morte homens filho mulher ajuda homem refugiado morto rapto
Clinton põe em causa empenho israelita no processo de paz
Foram duras as palavras usadas por Hillary Clinton na conferência anual do mais poderoso lobby pró-Israel em Washington. A secretária de Estado americana garantiu que a amizade que une os dois países “é sólida como uma pedra”. Mas sublinhou que os planos para a expansão dos colonatos em Jerusalém Oriental são um obstáculo à paz e minam a capacidade dos Estados Unidos para actuarem como mediador nas negociações. (...)

Clinton põe em causa empenho israelita no processo de paz
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-03-23 | Jornal Público
SUMÁRIO: Foram duras as palavras usadas por Hillary Clinton na conferência anual do mais poderoso lobby pró-Israel em Washington. A secretária de Estado americana garantiu que a amizade que une os dois países “é sólida como uma pedra”. Mas sublinhou que os planos para a expansão dos colonatos em Jerusalém Oriental são um obstáculo à paz e minam a capacidade dos Estados Unidos para actuarem como mediador nas negociações.
TEXTO: Clinton “pôs profundamente em causa o compromisso de Benjamin Netanyahu com a paz” escreveu David Horovitz no Jerusalem Post, classificando o discurso no AIPAC como um alerta a um Governo que “avança intransigentemente para o desastre”. Terá sido também esta a mensagem que a chefe da diplomacia transmitiu esta tarde ao primeiro-ministro israelita, num encontro à porta fechada, na véspera da recepção na Casa Branca. As relações bilaterais atingiram um dos pontos mais baixos dos últimos anos depois de Telavive ter sabotado a visita do vice-presidente americano, Joe Biden, com o anúncio da construção de 1600 casas num bairro em Jerusalém Oriental. Irritados, os palestinianos recusaram iniciar as negociações indirectas e Clinton classificou de “insulto” a iniciativa israelita. Era, por isso, grande a expectativa que rodeava o discurso de Clinton, não só pelo conteúdo da intervenção, mas também para saber como reagiriam os mais de sete mil activistas pró-israelitas à sua presença na AIPAC. Esta manhã, os jornais destacavam os fortes aplausos que recebeu quando garantiu que o empenho americano na segurança de Israel “é inabalável, duradouro e eterno” ou quando prometeu novas sanções da ONU, “daquelas que mordem”, contra o programa nuclear iraniano. Mas não se ouviram palmas – nem tão pouco apupos – quando explicou que “não foi por orgulho ferido” que Washington reagiu com irritação aos planos de Netanyahu. Foi porque a expansão dos colonatos “põe em causa” as negociações com os palestinianos e “expõe as divisões entre Israel e os EUA que outros na região podem aproveitar”. E isso, sublinhou, “mina a capacidade única da América para desempenhar um papel, que creio essencial, no processo de paz”. Antes de viajar para Washington, Netanyahu aceitou discutir “todas as questões” – incluindo o estatuto de Jerusalém ou a questão dos refugiados – nas negociações mediadas pelos EUA. Terá também prometido aliviar o bloqueio a Gaza e libertar prisioneiros da Fatah, mas reafirmou que não tenciona congelar a construção nas áreas ocupadas em 1967. “Construir em Jerusalém é o mesmo que construir em Telavive” disse Netanyahu, – um argumento que pretende repetir esta noite na reunião do AIPAC. Esta posição é partilhada pela maioria dos israelitas, de acordo com uma sondagem recente, mas voltou a ser condenada pela União Europeia. O anúncio de Netayahu é “completamente inaceitável”, declarou o ministro dos Negócios Estrangeiros finlandês, Alexander Stubb, e Catherine Ashton, chefe da diplomacia dos Vinte Sete, acabada de regressar de Gaza, pediu o rápido início das negociações. Situação insustentávelA resposta da Administração Obama às pretensões de Netanyahu foi criticada em Washington – o director executivo da AIPAC lamentou que as relações bilaterais tenham “ficado reféns” da questão dos colonatos e pediu que no futuro as divergências sejam tratadas “em privado”. Mas Clinton sublinhou que “enquanto amiga de Israel a América tem a obrigação de dizer a verdade”. E a verdade, acrescentou, é que a actual situação em Israel se tornará insustentável à luz da “dinâmica demográfica e tecnológica” – isto porque a população árabe que vive nos territórios controlados por Israel será em breve superior à de judeus e os avanços na tecnologia militar colocarão as cidades israelitas ao alcance dos inimigos. Clinton sublinhou que “há um caminho alternativo”, aquele que conduz à solução de dois estados “vivendo lado a lado em paz e segurança”. Mas para isso, “as duas partes têm de fazer escolhas difíceis mas necessárias”. De Netanyahu não chegou agora qualquer resposta.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU EUA
Percentagem de pedidos de asilo aceites por Portugal é superior à média europeia
Entre os países da União Europeia, Portugal foi, em 2009, um dos mais generosos nas decisões de concessão de asilo. Mas o número de pedidos que recebeu também foi muito menor do que a maioria dos outros países. (...)

Percentagem de pedidos de asilo aceites por Portugal é superior à média europeia
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 | Sentimento 0.033
DATA: 2010-05-04 | Jornal Público
SUMÁRIO: Entre os países da União Europeia, Portugal foi, em 2009, um dos mais generosos nas decisões de concessão de asilo. Mas o número de pedidos que recebeu também foi muito menor do que a maioria dos outros países.
TEXTO: Dados do Eurostat divulgados hoje dão conta que Portugal despachou favoravelmente cerca de 36 por cento dos 140 pedidos de asilo que recebeu no ano passado. Esta percentagem sobe para 52 por cento se o universo de base for os pedidos sobre os quais foi tomada uma decisão. A média europeia, no que respeita a pedidos aceites ficou-se pelos 12 por cento. Dos 229 500 pedidos analisados em primeira instância, 73 por cento foram rejeitados. Em Portugal houve decisão sobre 95 dos 140 pedidos apresentados: foram aceites 50 e rejeitados 45. Em 2008, tinham sido despechados favoravelmente 60 por cento dos 155 pedidos analisados. No ano passado, entre os que obtiveram decisão positiva, apenas a cinco foi concedido o estatuto de refugiados. Para os outros 45 foram adoptadas “medidas subsidiárias de protecção”. Nos termos das directivas comunitárias, estas medidas podem ser aplicadas a pessoas que, embora não preencham as condições para obter o estatuto e refugiado, sejam consideradas como estando em perigo caso regressem aos pais de origem. O estatuto de refugiado é concedido a pessoas sobre as quais existam provas de que são perseguidos por razões de traça, religião, nacionalidade ou convicções políticas. No ano passado, a França foi o país que recebeu um maior número de pedidos de asilo (47 600, decidiu sobre 35295 e apenas aceitou 14 por cento)), seguida da Alemanha (31 800) e Reino Unido (303000). Dos 261 mil pedidos feitos, 20400 foram apresentados por cidadãos do Afeganistão, que representam o maior grupo de candidatos. Os candidatos a asilo com nacionalidade russa e somali constituem são os outros dois grupos mais representativos, com respectivamente 20110 e 19100 pedidos. Nos últimos 10 anos, 2007 foi aquele em que Portugal registou um maior número de pedidos de asilo (200). notícia actualizada às 12h16
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave refugiado