O perigo do Florence são as cheias, o do Mangkhut os ventos de 200km/h e as chuvas torrenciais
Estados Unidos, onde "o pior ainda está para vir", contabilizam uma dúzia de mortos e no Oriente já chegam às três dezenas a somar às dezenas de desaparecidos. Filipinas registaram rajadas de mais de 200 km/h. Depois de Hong Kong, o supertufão está já em Macau, que emitiu alerta máximo, e segue para a China. (...)

O perigo do Florence são as cheias, o do Mangkhut os ventos de 200km/h e as chuvas torrenciais
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-31 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20181231180313/https://www.publico.pt/n1844171
SUMÁRIO: Estados Unidos, onde "o pior ainda está para vir", contabilizam uma dúzia de mortos e no Oriente já chegam às três dezenas a somar às dezenas de desaparecidos. Filipinas registaram rajadas de mais de 200 km/h. Depois de Hong Kong, o supertufão está já em Macau, que emitiu alerta máximo, e segue para a China.
TEXTO: As duas grandes tempestades actuais, uma no Pacífico, outra no Atlântico, continuam a destruir tudo o que se apresenta no seu caminho. O supertufão Mangkhut, que a Organização Meteorológica Mundial classificou como a mais poderosa tempestade deste ano na região, deixou um rasto de caos e destruição ao passar pelo norte das Filipinas, no sábado, onde foram contabilizados 25 mortos. Nesta noite, ganhou força sobre o Mar do Sul da China, e faz-se já sentir com intensidade em Macau e na costa chinesa. O Florence, apesar de já ser apenas uma tempestade tropical, tem um risco maior de provocar inundações do que quando era ainda um furacão, por causa da quantidade de chuva que traz, e já matou pelo menos uma dúzia de pessoas. Entre as 25 vítimas mortais das Filipinas, sobretudo devido a deslizamentos de terra em áreas montanhosas, há pelo menos um bebé e uma criança. Estão contabilizadas quatro dezenas de desaparecidos, entre eles 30 mineiros. "Os deslizamentos aconteceram quando alguns moradores voltaram para suas casas após o tufão", descreveu o coordenador de resposta a desastres, Francis Tolentino, na rádio DZMM. Pelas 14h de Macau, 7 em Lisboa, quando o mega-tufão estava a 80 quilómetros do delta do Rio das Pérolas, as autoridades macaenses mudaram o alerta de vermelho para preto - ali designado P10 -, o nível máximo e assim permaneceu o resto do dia. Prevê-se que a baixa de Macau seja atingida por inundações que podem chegar aos 2, 5 metros de altura, sobretudo nas fases de maré cheia, ficando sem comunicações nem electricidade. Cerca de seis mil pessoas foram retiradas das zonas mais baixas da cidade, sendo acolhidas nos 16 centros de abrigo. O trânsito na ponte entre Macau e a Taipa foi cortado já na madrugada deste domingo, e foram também encerrados parques de estacionamento, e cancelados 170 voos. Até os casinos fecharam às 23h de sábado. Hong Kong elevou o alerta para o nível máximo de 10 por causa das cheias – as águas atingiram os 3, 5 metros de altura devido à força das ondas – e do vento, que estilhaçou as janelas de muitos arranha-céus. No território que já esteve sob administração portuguesa ainda se recordam os efeitos devastadores do tufão Hato, em Agosto do ano passado, que fez dez mortos, 240 feridos e prejuízos avaliados em 1, 3 mil milhões de euros. Na China, o Mangkhut deverá afectar primeiro a província de Guangdong. As Forças Armadas já estão de prevenção e foram fechados, portos, refinarias de petróleo e instalações industriais. A previsão de tempestade já teve efeitos financeiros: os futuros de açúcar da China subiram em bolsa na passada semana por receio dos estragos nas colheitas. Só a província de Guangdong produz cerca de um milhão de toneladas de açúcar. Os aeroportos de Shenzhen e Guangzhou estão fechados até segunda-feira e a província vizinha de Hainan cancelou mais de 400 voos. No seu caminho, o Mangkhut vai passar ainda pelas províncias de Guangxi e Yunnan. Na madrugada de sábado, a ilha de Luzon foi atingida por ventos de 200km/hora e chuvas torrenciais, que causaram cheias, deslizamentos de terra, cortes de energia e incontáveis danos materiais. A região mais destruída pelo Mangkhut foi a província de Cagayan, na costa da ilha mais a norte do arquipélago filipino. A capital filipina, Manila, também foi fortemente atingida pelo tufão. As rajadas de vento e a chuva forte causaram danos materiais em mais de mil casas, particularmente na cidade de Tuguegarao, cujo aeroporto ficou em muito mau estado. Ao todo foram registados 42 deslizamentos de terras. De acordo com as autoridades, pelo menos 105 mil pessoas estão em abrigos temporários, à espera que a tempestade passe totalmente e que a água desça. Com 900km de diâmetro o Mangkhut dirige-se para o Sul da China, a uma velocidade de 30km/h. Após a passagem pelas Filipinas, o supertufão perdeu força, pelo que se esperava que atingisse Hong Kong e Macau, na tarde de domingo, com ventos de 160km/h. As Filipinas ainda vivem atemorizadas pela memória da passagem do tufão Haiyan, em 2013, que tirou a vida a mais de 6300 pessoas. No Sudeste dos EUA, o problema é a chuva torrencial. “O risco de cheias associado a esta tempestade é mais imediato agora do que quando chegou a terra há 24 horas”, dizia sábado o governador da Carolina do Norte, Roy Cooper. “Enfrentamos verdadeiros muros de água nas nossas costas, ao longo dos rios, nas nossas terras agrícolas, nas cidades e vilas”, alertou. Para muitas comunidades da Carolina do Norte e da Carolina do Sul, as chuvas torrenciais e o risco de inundações vão prolongar-se durante vários dias, criando vários tipos de situações de emergência. Os terrenos estão inundados devido às chuvas torrenciais, os rios transbordaram e as marés cheias "empurram" as águas muito para o interior do território devido à orografia da região, marcada por um relevo de baixa altitude. São cerca de mil quilómetros de costa, essencialmente caracterizada por zonas de rias, sapais, ilhas e pequenas penínsulas - o que dificulta a uma descida mais rápida e acentuada das águas mesmo quando a tempestade passar. Perto de um milhão de pessoas está sem electricidade nos dois estados (com especial incidência no Norte), algumas delas encurraladas nas suas casas devido à subida do nível das águas. Sucedem-se os casos de habitantes resgatados de barco ou mesmo de helicóptero, como aconteceu com meia centena de pessoas na Carolina do Norte. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. “Estava escuro como breu e eu estava aterrorizada”, contou à Reuters Tracy Singleton, que fugiu com a sua família no carro, debaixo de chuva torrencial e ventos ciclónicos da sua casa para um hotel a cerca 130km de distância na Carolina do Norte. Entre escolas, igrejas e até um pavilhão de basquetebol, há cerca de 150 abrigos temporários neste estado, que neste domingo albergam 26. 0000 pessoas forçadas a deixar as suas casas. Na Carolina do Sul estão outras 7000 pessoas em abrigos temporários. A Casa Branca anunciou que o Presidente Donald Trump aprovou o financiamento estatal aos estados mais afectados pelo Florence. Trump irá visitar a região na próxima semana. Neste domingo, a tempestade tropical encaminhou-se para oeste, no sentido da Carolina do Sul, e começa a afectar também a região sudoeste da Virgínia. Ainda assim, na cidade de Fayetteville, na Carolina do Norte, foi dada ordem de saída aos cerca de 210 mil habitantes até à tarde deste domingo. E quem não o fizer deve avisar família e amigos. "Porque o risco de perder a vida é muito, muito possível", avisou o mayor da cidade. "O pior ainda está para vir", vincou Mitch Colvin citado pela Reuters.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
Siza Vieira, o "ministro das empresas" que fica a tutelar as boas notícias
A nomeação de Pedro Siza Vieira para novo ministro da Economia acontece poucos dias depois do parecer do Ministério Público que resolve o seu problema de incompatibilidades. O outro, a Energia, foi para o Ambiente. (...)

Siza Vieira, o "ministro das empresas" que fica a tutelar as boas notícias
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.449
DATA: 2018-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: A nomeação de Pedro Siza Vieira para novo ministro da Economia acontece poucos dias depois do parecer do Ministério Público que resolve o seu problema de incompatibilidades. O outro, a Energia, foi para o Ambiente.
TEXTO: Pedro Siza Vieira é o novo ministro da Economia, acumulando cargos – mantém-se como ministro Adjunto – mas perdendo pastas – deixa de ter a Energia, que passa para o Ambiente sob a moderna designação de Transição Energética. E entra na Horta Seca debaixo de aplausos dos empresários e com um baú de boas notícias para ir dando no turismo, inovação e investimento, ao longo do último ano da legislatura. A entrada de Pedro Siza Vieira no Governo não foi pacífica mas a sua nomeação para a Economia pacifica os dois maiores problemas que enfrentava. Por um lado, o das incompatibilidades para exercer o cargo, depois de ter aberto uma imobiliária na véspera de ir para o Governo e de se ter mantido como gerente da empresa. Uma questão cuja definição pelo Tribunal Constitucional está para breve, dado que segundo apurou o PÚBLICO, o parecer do Ministério Público sobre este tema não deverá colocar problemas ao Governo. Um desfecho previsível precisamente pela entrega do Ministério da Economia a Siza Vieira. O outro problema - o conflito de interesse provocado pelas suas eventuais ligações profissionais à compra da EDP pelos chineses da China Three Gorges, que levou mesmo ao pedido de escusa aceite por António Costa nos temas da Energia – também fica resolvido com a reorganização da estrutura da Economia. A Energia passa para o Ambiente e poupa Siza Vieira à difícil tarefa que Caldeira Cabral teve de assumir – a última na qualidade de ministro – na passada sexta-feira: justificar politicamente a série de nomeações que Seguro Sanches foi fazendo a partir do seu gabinete para organismos que devem ser independentes dos governos. Por outro lado, sem Energia, Siza Viera leva o pedido de escusa a outro nível, já que não herda a extensa lista de conflitos que Seguro Sanches abriu no sector (e no próprio executivo) em nome do combate às “rendas excessivas”. Uma missão que colocaria o novo ministro da Economia em confronto directo com a China Three Gorges, dona da EDP e cliente da Linklaters, onde trabalhou Siza Vieira. O ministro das empresasO actual ministro Adjunto chega à Economia depois de ter dado a cara por alguns projectos e políticas que estavam na área de actuação de Caldeira Cabral. Entre todos, o Programa Capitalizar, que Siza Vieira tem andado a apresentar pelo país e que visa resolver problemas estruturais do tecido empresarial nacional em termos de capitalização. Siza Vieira esteve na equipa que desenhou inicialmente o programa que procura agilizar a capacidade de investimento das empresas. Siza Vieira assume mesmo, este fim-de-semana, o papel de "ministro das empresas" em declarações ao Expresso, onde sublinha que “estamos atentos aos pedidos das confederações empresariais e estamos a trabalhar em algumas das suas propostas”, acrescentando que “vamos ter um Orçamento do Estado amigo das empresas”. Do outro lado, os patrões já responderam. Poucos minutos depois de se saber o nome do novo titular da Economia, João Vieira Lopes, presidente da CCP-Confederação do Comércio e Serviços de Portugal destacou à Lusa que “era previsível que numa primeira remodelação esta pasta fosse alterada. Na prática, Siza Vieira já era o ministro da Economia, uma vez que os grandes projectos lhe eram atribuídos pelo primeiro-ministro”. Já António Saraiva, líder da CIP-Confederação Empresarial de Portugal, espera “que, tendo a relação e força política que faltavam ao anterior ministro, possa imprimir ao Ministério da Economia uma dinâmica que crie condições para que as empresas cresçam”. “Espero que consiga ter uma voz mais autoritária”, resumiu. Paulo Nunes de Almeida, da AEP - Associação Empresarial de Portugal, reforça: “o papel do ministro Adjunto nos últimos tempos dava a entender que ele cada vez mais estava a ter uma grande proximidade às empresas”, reforçando que "havia até alguns empresários que tinham comentado que o consideravam já como o verdadeiro ministro da Economia”. No último ano de mandato deste Governo a Economia recebe um nome da confiança política do primeiro-ministro para dar a cara por algumas das áreas que deverão ser decisivas no actual ciclo económico do país. Desde logo, o investimento, com o lançamento regular de linhas apoiadas pelo Estado (e fundos europeus) para acelerar o financiamento das empresas e que funcionam debaixo do chapéu do ministério que habita a Horta Seca, em Lisboa. No arranque deste Verão, Caldeira Cabral dizia em entrevista ao Negócios: "Estamos a lançar linhas de crédito com 2700 milhões de euros". É de esperar 12 meses recheados de anúncios deste tipo por parte de Siza Vieira. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Por outro lado, o investimento estrangeiro também cairá na órbita do novo ministro da Economia, em especial se trouxer com ele criação de emprego em números importantes. Caldeira Cabral, mais uma vez, em Junho revelava ao DN a partir dos Estados Unidos um novo investimento da Google em Portugal e explicava como o Web Summit – outro evento que este ano será apadrinhado por Siza Vieira – tinha colocado o país no mapa da vanguarda tecnológica. E depois há o turismo, a grande alavanca do motor económico dos últimos meses e cuja secretária de Estado, Ana Mendes Godinho (se for confirmada), irá trabalhar no gabinete do lado de Siza Vieira na Economia, praticamente só com boas notícias para lhe dar. Na Horta Seca, está ainda o secretário de Estado do Comércio, Paulo Alexandre Ferreira, com as medidas “amigas” do consumidor, desde os avanços na modernização digital do comércio, até ao acompanhamento das lei das Práticas Individuais Restritivas do Comércio (PIRC), que procurou regular as vendas com prejuízo nos supermercados. Na Indústria, cuja nova titular há um ano da pasta, Ana Teresa Lehman, tem a missão de desenvolver a estratégia de inovação tecnológica através da Indústria 4. 0 ou da Startup Portugal, ao mesmo tempo que procura manter o ritmo das exportações de sectores tradicionais como o calçado, o têxtil ou a metalomecânica, que continuam a bater recordes a um ritmo mensal. De saída está Manuel Caldeira Cabral, que cumpre assim a velha tradição do cargo que ocupou: um ministro da Economia independente não acaba o mandato. Há exactamente dois anos, sobre esta tradição, Caldeira Cabral dizia, em entrevista ao Negócios: "Estou habituado a ver as estatísticas do futebol, e muitas vezes nunca uma equipa venceu aqui ou acolá e depois é a surpresa e vence. É uma questão que não me preocupa”. Desta vez, não houve surpresa. com H. P.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave lei tribunal
Siza Vieira na Economia empurra Energia para Ambiente
O novo ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, substitui Caldeira Cabral, cumprindo a velha tradição de um titular desta pasta nunca chegar ao fim da legislatura. Turismo, investimento e exportações, motores do crescimento, ficam na mão de um ministro que entrou no Governo com vários obstáculos. (...)

Siza Vieira na Economia empurra Energia para Ambiente
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: O novo ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, substitui Caldeira Cabral, cumprindo a velha tradição de um titular desta pasta nunca chegar ao fim da legislatura. Turismo, investimento e exportações, motores do crescimento, ficam na mão de um ministro que entrou no Governo com vários obstáculos.
TEXTO: Leia tudo sobre a remodelação aqui. Pedro Siza Vieira é o novo ministro da Economia, acumulando cargos – mantém-se como ministro-Adjunto – mas perdendo pastas, deixando de ter a Energia, que passa para o Ambiente sob a moderna designação de Transição Energética. Esta mudança alinha-se com a tendência estratégica comunitária que dá prioridade à substituição de produção de energias fósseis por renováveis. Mas também com o modelo de financiamento do sector que deverá estar vertido no Orçamento do Estado para 2019, com uma maior utilização das ferramentas do Ambiente para descer a dívida tarifária que pesa na factura da electricidade, em especial o Fundo Ambiental. Para além disso representa o fim da linha para o polémico secretário de Estado da pasta, Jorge Seguro Sanches, cuja batalha com a EDP provocou demasiada faísca dentro do actual Governo. A entrada de Pedro Siza Vieira no Governo não foi pacífica, entre problemas de incompatibilidades para exercer o cargo e conflitos de interesse pelas suas ligações profissionais à compra da EDP pelos chineses da China Three Gorges. Os obstáculos que encontrou pelo seu caminho foram sendo ultrapassados pelo tempo que já percorreu no cargo de ministro-Adjunto – sobretudo a questão da Energia, com o pedido de escusa aceite por António Costa nas questões da Energia —, mas ainda sobra a eventual incompatibilidade de ter aberto uma imobiliária na véspera de ir para o Governo e de se ter mantido como gerente da empresa durante algumas semanas. Uma questão que ainda está em avaliação no Tribunal Constitucional, que já conta com o parecer do Ministério Público mas que ainda não divulgou a sua decisão. O potencial conflito de interesse na área da Energia e o consequente pedido de escusa empurrou então a Energia para o Ambiente, onde o sector chega ainda sem nome titular da secretaria de Estado, perante a confirmada saída de Seguro Sanches. Para além de solucionar a questão formal, esta mudança também poupa Siza Vieira à tarefa – a última na qualidade de ministro – que Caldeira Cabral teve de assumir na semana passada: justificar politicamente a série de nomeações que Seguro Sanches foi fazendo a partir do seu gabinete para organismos independentes do sector energético. Por outro lado, sem Energia, Siza Viera leva o pedido de escusa a outro nível, já que não herda a extensa lista de conflitos que Seguro Sanches abriu com a EDP no combate às “rendas excessivas”. Um dossiê que colocaria o novo ministro da Economia em confronto directo com a China Three Gorges, dona da EDP e clientes da Linklaters, onde trabalhou Siza Vieira. O actual ministro-Adjunto chega à Economia depois de ter dado a cara por vários projectos e políticas que estavam na área de actuação de Caldeira Cabral. Entre todos, o Programa Capitalizar, que Siza Vieira andou a apresentar pelo país e que visa resolver problemas estruturais do tecido empresarial nacional em termos de capitalização. Siza Vieira esteve na equipa que desenhou inicialmente o programa que procura agilizar a capacidade de investimento das empresasSiza Vieira assumiu mesmo, este fim-de-semana, o papel de ministro das empresas em declarações ao Expresso, onde sublinha que “estamos atentos aos pedidos das confederações empresariais e estamos a trabalhar em algumas das suas propostas”, acrescentando que “vamos ter um Orçamento do Estado amigo das empresas”. Do outro lado, os patrões já responderam. Poucos minutos depois de se saber o nome do novo titular da Economia, João Vieira Lopes, presidente da CCP destacou à Lusa que “era previsível que numa primeira remodelação esta pasta fosse alterada. Na prática, Siza Vieira já era o ministro da Economia, uma vez que os grandes projectos lhe eram atribuídos pelo primeiro-ministro”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Já António Saraiva, líder da CIP, espera “que, tendo a relação e força política que faltavam ao anterior ministro, possa imprimir ao Ministério da Economia uma dinâmica que crie condições para que as empresas cresçam”. “Espero que consiga ter uma voz mais autoritária”, resumiu. No último ano de mandato deste Governo, a Economia recebe um nome da confiança política do primeiro-ministro para dar a cara por algumas das áreas que estão a ser decisivas no actual ciclo económico do país. E que poderão ser capitalizadas nos últimos meses da legislatura. Desde logo, o investimento, com o lançamento regular de linhas apoiadas pelo Estado para acelerar o investimento das empresas e que funcionam debaixo do chapéu do Ministério que habita a Horta Seca, em Lisboa. Por outro lado, o turismo, a grande alavanca do motor económico dos últimos meses e cuja secretária de Estado, Ana Mendes Godinho, irá trabalhar no gabinete do lado de Siza Vieira na Economia, praticamente só com boas notícias para lhe dar. Depois, há ainda o Comércio, onde Paulo Alexandre Ferreira assume a gestão de temas transversais no Ministério, desde a simplificação à componente fiscal ou aos desafios digitais. E a Indústria, cuja nova titular há um ano da pasta, Ana Teresa Lehman, tem a missão de desenvolver a estratégia de inovação tecnológica, ao mesmo tempo que procura manter o ritmo das exportações de sectores tradicionais como o calçado, o têxtil ou a metalomecânica.
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Palavras-chave tribunal
Oito mil milhões de questões!
Interessa saber se o défice não está a ser obtido à custa do sacrifício das famílias e do investimento no desenvolvimento futuro do país. (...)

Oito mil milhões de questões!
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Interessa saber se o défice não está a ser obtido à custa do sacrifício das famílias e do investimento no desenvolvimento futuro do país.
TEXTO: A Síntese da Execução Orçamental, relativa aos primeiros dez meses do ano, recentemente divulgada pela Direcção Geral do Orçamento (DGO) do Ministério das Finanças, permite destacar dois importantes indicadores das contas públicas na óptica da contabilidade pública: saldo total positivo de 258 milhões de euros e saldo primário, antes da despesa com juros, ligeiramente superior oito mil milhões de euros (4% do PIB). Este desempenho observa-se apesar do crescimento da despesa com bens e serviços de +8, 4% para 9, 8 mil milhões nos primeiros dez meses de 2018 (nove mil milhões de euros no período homólogo de 2017), aumento esse “que reflecte, essencialmente, um montante elevado de pagamentos de dívidas de anos anteriores do Serviço Nacional de Saúde”. Note-se que o pagamento de dívidas contraídas em anos anteriores onera o défice em contabilidade pública – óptica de entrada e saída de dinheiro de caixa – mas não o défice em contabilidade nacional – óptica de compromisso da despesa – relevante para efeitos estatísticos na União Europeia, uma vez que essa dívida do sector da saúde corresponde a bens e serviços que foram adquiridos em anos anteriores e que, por conseguinte, já foram contabilizados no passado no défice público medido na óptica de contabilidade nacional. Um efeito favorável no saldo em contabilidade nacional que representará cerca de 0, 4% do PIB. É certo que os funcionários públicos e pensionistas recebem em Novembro deste ano a totalidade do subsídio de Natal enquanto, em Novembro de 2017, receberam metade do subsídio (a outra metade foi paga ao longo do ano). Mas o efeito da alteração no pagamento do subsídio de Natal explicará, em termos líquidos, menos de metade da variação favorável observada no saldo orçamental primário na Síntese Orçamental de Outubro. Contudo, não estão incluídos na Síntese de Execução Orçamental quer o “empréstimo” aos lesados do BES (que, a prazo, poderá transformar-se em doação), quer mais uma tranche da doação de capital público à Lone Star, dona do Novo Banco, despesas que totalizam 913 milhões de euros. Excepções, como as que se acabam de referir, às estatísticas de execução orçamental em óptica de contabilidade pública são contraproducentes. Note-se que aconteceu o mesmo com a injecção de capital na Caixa Geral de Depósitos (CGD) em 2017. O Ministério das Finanças pretendia que esse aumento de capital na CGD não fosse contabilizado pelo Eurostat no défice público desse ano pelo que, provavelmente por essa razão, essa despesa não foi incluída na Síntese de Execução Orçamental de 2017 da responsabilidade da DGO do Ministério das Finanças. É certo que essas estatísticas nunca são perfeitamente comparáveis, por exemplo, devido à regularização de dívidas do passado ou a outros factores não recorrentes. Mas o Ministério das Finanças deveria promover o regresso a uma interpretação estrita desta importante estatística mensal da DGO, incluindo toda a despesa pública em óptica de caixa, “doa a quem doer”. De contrário, ao excluir a despesa que, por razões de ordem política, não convenha incluir, entra-se num caminho sem regresso de estatísticas não comparáveis, contribuindo para a quebra da importância que esta publicação mensal da DGO tem na orientação e análise das políticas públicas e da política orçamental. Défice zero ou saldo orçamental excedentário não é nem deve ser o objectivo da política orçamental, mas de facto é esse o objectivo das alterações às regras orçamentais europeias introduzidas na sequência da crise do euro, a partir de 2012. Uma quase proibição para-constitucional aos défices orçamentais dos países membros da Zona Euro, visando obrigar todos os países a registar sempre excedentes orçamentais. A política orçamental deve ter como objectivo o desenvolvimento sustentado e rápido da economia, ou seja, melhorar o nível de vida das famílias a curto, médio e longo prazo. Por conseguinte, uma execução orçamental que, embora promovendo alguma reposição de rendimentos e beneficiando do ciclo económico favorável, seja obtida à custa da contracção da despesa e investimento público (que cresce 5%, muito abaixo dos planeados 32%), está longe da ideal. O saldo orçamental ligeiramente excedentário e um excedente primário de oito mil milhões de euros (ambos, sem a despesa com o Novo Banco) da última Síntese da Execução Orçamental impressionam. No entanto, valores um pouco “menos atractivos” para o défice, mas com mais despesa, socialmente justificada, e mais investimento público, iriam certamente traduzir-se no futuro em contas públicas mais saudáveis, em taxas de crescimento mais elevadas e numa mais acelerada taxa de redução do peso da dívida em relação ao PIB. E os EUA são disso um exemplo. O excedente orçamental do Governo Federal dos EUA da era Clinton, em parte obtido à custa de uma reforma do Sistema de Segurança Social que contribuiu para o empobrecimento das classes mais desfavorecidas, transformou-se em défices anuais a aproximar-se da marca de um bilião de dólares – 779 mil milhões de dólares no ano fiscal que se concluiu em Setembro de 2018. É importante perceber como, num determinado país, foram obtidos os excedentes orçamentais e como foram (ou não) aproveitados esses excedentes na promoção do seu desenvolvimento. Wolfgang Münchau, num artigo de opinião em que criticava a obsessão da Alemanha com excedentes orçamentais, utilizou o exemplo de Ceau?escu, também obcecado pelas contas públicas e pela dívida (externa). Vivendo na opulência e luxo de um monarca, adoptou uma estratégia de austeridade com a ambição de tornar a sua Roménia comunista numa potência credora, deixando o povo romeno literalmente à fome durante os anos 80. A Roménia, no início de 1989, foi capaz de pagar toda a dívida externa que tinha contraído até 1981 junto de bancos do Ocidente e atingiu um excedente orçamental de +8, 2% do PIB. Ceau?escu e a mulher foram brutalmente assassinados na sequência de uma revolução nesse ano, sem dúvida influenciada pela Perestroika de Gorbachev e pela deterioração das condições de vida dos romenos dos anos 80. De realçar que as consequências dessa estratégia económica e orçamental ainda estão à vista, mais de uma geração após a sua implementação. E nós temos bem presentes as consequências do “reinado” de Salazar, que também equilibrou as contas públicas. . . Claro que a estratégia orçamental de Ceausescu ou de Salazar não é comparável à do Governo português da actualidade nem à da Alemanha e de outros países do norte da Europa. O objectivo desta reductio ad absurdum é ilustrar que o défice ou o excedente orçamental não é em si um objectivo e interessa muito saber se não está a ser obtido à custa do sacrifício das famílias e do investimento no desenvolvimento futuro do país. Certamente a “vida além do défice”, bem como um sentido de rumo e de destino comum, serão muito mais importantes. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O presidente da Reserva Federal alterou muito ligeiramente a linguagem utilizada na intervenção que fez no dia 28 de Novembro no Economic Club of New York, passando a sugerir que o ciclo de subidas da taxa de juro de referência estará a chegar ao fim e que a política monetária não se tornará muito mais restritiva. Foi o suficiente para estabilizar e fazer subir o principal índice dos mercados bolsistas em cerca de 5%. E, no domingo de manhã, a 2 de Dezembro, soube-se que o Presidente chinês e o Presidente dos EUA acordaram em Buenos Aires, durante um jantar na véspera, à margem da reunião do G20, uma trégua de 90 dias na aplicação de novas tarifas aduaneiras, no âmbito da guerra comercial entre os respectivos países. As duas medidas sinalizam um elevado grau de preocupação do Governo dos EUA com a queda dos índices bolsistas, numa coreografia cuidadosamente preparada, mas insuficientemente subtil, para fazer a bolsa voltar novamente a subir. Pânico no Titanic?
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Entidades EUA
Cidades saudáveis
Mais do que cidades saudáveis, reclama-se o direito a uma vida urbana saudável. (...)

Cidades saudáveis
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.5
DATA: 2018-12-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: Mais do que cidades saudáveis, reclama-se o direito a uma vida urbana saudável.
TEXTO: Mais do que inteligentes ou sustentáveis, hoje queremos cidades saudáveis. O saudável esteve sempre mais associado ao campo do que à cidade e é no campo, na serra, no mar, que os urbanitas se refugiam para encontrar um ambiente que tenha um impacto positivo no seu bem-estar com benefícios para a sua saúde. O conceito de férias, criado no final do século XIX, tinha também esse pressuposto de reencontro com a natureza e estava muitas vezes associado à necessidade física e mental de recuperar dos malefícios da vida urbana, poluída e stressante. É neste sentido que se criam as estâncias termais, as estâncias de veraneio, as pousadas de montanha ou, mais recentemente, o turismo rural. A cidade nunca se preocupou em ser saudável porque não era esse o seu desígnio nem fazia parte das preocupações dos políticos. A cidade começou por ser um refúgio militar para depois se afirmar como o lugar do trabalho e do habitar. Desde as ruas dos artesãos até à “baixa” comercial, aos centros comerciais ou às zonas industriais, a cidade valorizou sempre mais a construção do que o espaço público de lazer. Só no século XX, principalmente na segunda metade, emerge um discurso moderno que procura trazer para dentro da cidade os espaços verdes, principalmente nas zonas residenciais, ou em parques urbanos. Infelizmente nem sempre este verde é usado porque não se integra na dinâmica urbana e social, funcionando a maioria das vezes como um elemento mais decorativo do que funcional. De facto, toda a proposta ambientalista pró-verde não é suficiente para transformar as cidades, se não for pensada com e pelas pessoas. Ou seja, torna-se urgente colocar os cidadãos no centro do processo de transformação das cidades, porque são eles que as vão criar, usar e manter. Assim, o próprio processo de co-criação de espaços urbanos é já por si um promotor de bem-estar no sentido em que fortalece as pessoas que contribuem com as suas ideias, o seu conhecimento e as suas experiências para a construção de um futuro melhor. Garante-se também que a construção de novas áreas urbanas ou a regeneração urbana não vai apenas servir os interesses do Estado, dos municípios ou das grandes empresas, mas vai também estar ao serviço das pessoas, das suas necessidades e dos seus desejos. Não se trata aqui de excluir do planeamento urbano e do desenho das cidades os habituais decisores políticos e técnicos, mas sim de incluir outros atores que podem trazer para esses processos contributos objetivos que garantam o sucesso efetivo do processo de transformação. Esse sucesso já não se mede hoje apenas em termos económicos ou ambientais, mas também em termos da saúde física e mental de quem vai habitar a cidade. Ou seja, temos de medir o sucesso através das pessoas, da melhoria da sua qualidade de vida, do seu nível de atividade física, do seu nível de integração na comunidade, da melhoria da sua acessibilidade, da melhoria do sentimento de segurança, do acesso a recursos económicos, assim como da redução das suas doenças ou da descriminação social. Ou seja, uma cidade saudável é também uma cidade mais inclusiva. Este é um dos grandes desafios societais que a Comunidade Europeia lançou em 2014 no programa H2020 e que Portugal acompanhou com o P2020 através do financiamento à investigação e à ação, o que tem possibilitado a construção de ideias e negócios inovadores, principalmente quando cruzam a regeneração urbana com a cultura, a economia social e o ambiente. O projeto europeu URBiNAT (www. urbinat. eu), coordenado pelo Centro de Estudos Sociais, enquadra-se exatamente neste contexto de atuação que emerge da identificação de um problema urbano e que possibilita o desenho de um outro modelo de atuação, integrando, de um modo inovador e inclusivo, as questões urbanas com soluções baseadas na natureza. Os 28 parceiros europeus, iranianos e chineses identificaram as áreas de habitação social das periferias das cidades como um dos problemas urbanos mais exigentes e permanentemente abandonados pelo planeamento, pela falta de qualidade das habitações, pela falta de espaço público e pela falta de integração na estrutura urbana e social. Este é um problema não só europeu, mas também mundial, que decorre de um processo de crescimento urbano em extensão, onde as pessoas mais carenciadas foram alojadas nas novas periferias, sem direito à cidade. Ainda que o problema esteja identificado desde as reivindicações de 1968, as soluções não foram encontradas ou devidamente implementadas. De facto, já não se acredita no poder redentor dos grandes planos de urbanização e, pelo contrário, aposta-se hoje em estratégias mais pontuais, de escala intermédia, que tenham a capacidade de envolver efetivamente as pessoas no processo de planeamento. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O projeto propõe-se investigar e implementar com as pessoas o conceito de Corredor Saudável. Corredor porque liga áreas urbanas através de um percurso pedonal e ciclável; saudável porque esta infraestrutura deverá contribuir para o bem-estar e a saúde dos cidadãos que o percorrem e que o habitam, como prolongamento dos seus espaços de habitação e de trabalho. Assim, o corredor criado por cada comunidade poderá ser mais do que um percurso, integrando espaços que qualifiquem o ambiente natural, urbano e humano para que o cidadão desenvolva atividades lúdicas, culturais, sociais ou económicas, partilhando a vida em comunidade, de forma inclusiva e saudável. Deste modo, mais do que cidades saudáveis, reclama-se o direito a uma vida urbana saudável. O autor escreve segundo o novo Acordo Ortográfico
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave cultura campo comunidade social
“Quem escolhe as notícias é o jornalista, não é o público das redes sociais”
Miguel Sousa Tavares passou a ser o editor por um dia, todas as semanas, do Jornal das 8 da TVI. Um noticiário à sua medida, onde escolhe as notícias e o seu enquadramento e depois as comenta. Fomos espreitar uma segunda-feira típica em Queluz de Baixo. (...)

“Quem escolhe as notícias é o jornalista, não é o público das redes sociais”
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.016
DATA: 2018-12-20 | Jornal Público
SUMÁRIO: Miguel Sousa Tavares passou a ser o editor por um dia, todas as semanas, do Jornal das 8 da TVI. Um noticiário à sua medida, onde escolhe as notícias e o seu enquadramento e depois as comenta. Fomos espreitar uma segunda-feira típica em Queluz de Baixo.
TEXTO: “Jornal das 8 de segunda-feira. Apresentação de Pedro Pinto; edição e comentários de Miguel Sousa Tavares”, diz a voz off no início da emissão quando o relógio digital na régie marca 19h57m07s. As diferenças entre o noticiário principal da TVI de segunda-feira e das outras noites começam aqui: o nome do responsável pela escolha e alinhamento das notícias é anunciado, existe um comentador em estúdio para as notícias que ele também escolheu, há menos peças no noticiário e mais análise. É um jornal “de autor”, diz-se na direcção de Informação; é um jornal “editorializado”, prefere Miguel Sousa Tavares que há dois meses voltou a ser jornalista encartado para o poder editar, recuperando a carteira profissional que entregara há 18 anos, quando deixou a revista Grande Reportagem. Na mesa do estúdio que parece um boomerang, separados da redacção por paredes de vidro, estão o jornalista Pedro Pinto ao centro, Miguel Sousa Tavares à sua esquerda e o antigo ministro Armando Vara, à direita. A partir do dia seguinte, Vara pode ser preso para cumprir a pena de cinco anos de prisão por crimes de tráfico de influência no Face Oculta. O tema é a aposta da TVI para bater a concorrência e vai colocar a entrevista em cima do comentário da “Procuradora” Manuela Moura Guedes no Jornal da Noite da SIC. Depois de uma peça de resumo, Vara responde por 30 segundos à pergunta de Pedro Pinto se está preparado para ser preso. Um rebuçado para que os espectadores não fujam, mas só o voltarão a ver 50 minutos depois. O suficiente para que na SIC soem alarmes e haja conversa por SMS entre as chefias da Informação. De Carnaxide avisa-se que vão “picar” as declarações de Vara e elogia-se a “boa malha” do dia da TVI. Tão boa que depois de Vara atacar o juiz Carlos Alexandre, a entrevista é esticada para o 21ª Hora, na TVI24, contra a vontade de Sousa Tavares que no final haveria de sair do estúdio desagradado. Mas até lá, na régie controlam-se os alinhamentos do Jornal de Noite (SIC) e do Telejornal (RTP1). Sousa Tavares alarga-se nos comentários sobre as greves e o pagamento antecipado ao FMI e a chefe de redacção faz contas às peças que vai apagando do alinhamento no ecrã do computador - Khashoggi e o cientista chinês que desapareceu, o digest de notícias do dia. É o seu jornal e Sousa Tavares não aprecia que o pressionem com o tempo, gosta de desenvolver o raciocínio, anotado em folhas brancas A4 escritas à mão. Na reunião da manhã abrira os olhos de susto aos 19 minutos da reportagem de Judite de Sousa sobre uma das famílias dos jovens mortos no Meco. Uma eternidade em televisão e, no estúdio, não resiste a roer as unhas durante a emissão da peça. Entretanto, a reportagem da SIC é muito mais curta e a “Procuradora” entra no Jornal da Noite. “Epá, vai ser o Vara em cima da Manela…”, ouve-se na régie. Isso não é grande problema, “qualquer coisa ganha à procuradora”, desvalorizara Sousa Tavares, várias vezes, na reunião da manhã. É isto a guerra de audiências? Para o espectador será decerto, e para quem faz televisão também. O director de Informação da TVI Sérgio Figueiredo diz que Sousa Tavares “não gosta de perder nem a berlindes”, e este admite que lhe dá um gosto especial tomar o pequeno-almoço à terça-feira já a saber os números da noite anterior. E sobretudo que venceu à SIC, como voltou a acontecer nesta segunda-feira, dia 10. Do departamento de audimetria e estudos de mercado saem os dados ao minuto da véspera que a direcção de Informação da TVI analisa sabendo o que estava no ar. É isso que lhe permite saber que uma fatia dos espectadores tende a fugir da SIC quando Moura Guedes entra em cena e que têm que ter um conteúdo que agarre quem anda no zapping. Voltemos aos números: em 11 semanas, desde que se estreou no horário nobre das segundas-feiras, o jornal de Miguel Sousa Tavares (MST) ganhou nove vezes à SIC. Este dia, a par do domingo, são os mais fortes em espectadores nos três canais generalistas. Há uma folha com gráficos amarelos que circula nas mesas da direcção e que compara o número de noticiários que cada canal já ganhou este ano por comparação com 2017. A TVI continua na frente com 286 até anteontem, e é já certo que não conseguirá os 322 do ano passado; seguida ao longe pela SIC com 47. O problema em Queluz é que a concorrente de Carnaxide está a ganhar mais desde Outubro – Novembro, por exemplo, fechou com 17 a 12 com vantagem da TVI. Carlos Barata, director de audimetria admite que o programa de acesso ao horário nobre da TVI – o concurso apresentado por Cristina Ferreira que já estava gravado - está “mais frágil”, numa hora a que a SIC coloca o reality show dos casamentos. Apostado na sazonalidade do maior consumo de Inverno, é até meados de Abril (assim a chuva deixe) que se vai ver quem ganha a batalha das 20h. Na segunda-feira passada, quando o PÚBLICO acompanhou o dia de Sousa Tavares, este voltou a ganhar por 50 mil espectadores, uma diferença pequena quando se trata de uma fasquia superior a um milhão de pessoas (1, 084). “Sabe o que me dá mais gozo nestes dois meses? Que o jornal da SIC esteja muito melhor…” Sobre Moura Guedes, não se sente seu “concorrente”. O que o fez então sair da sua zona de conforto? “Uma tentativa de fazer diferente, embora já nada haja por inventar”, diz ao PÚBLICO, sobre o novo desafio com um contrato de dois anos. “Pelo menos tentar fazer um jornal que eu gostasse de ver enquanto espectador, com os meios, os espectadores e as notícias que temos. ”A ideia de um jornal editorializado foi apresentada à SIC há anos, mas ficou sem resposta, conta Sousa Tavares. “A grande aposta é que o editor do noticiário, quem escolhe as notícias, é o jornalista, não é o público. E sobretudo não é o público das redes sociais. No dia em que isso acontecer definitivamente - e já está a acontecer em grande parte - o jornalista demitiu-se e o jornalismo está morto. Deixou de haver intermediário. ” Irrita-o a referência de que algo “se tornou viral nas redes sociais”. “São elas como fonte de informação, quando devia ser ao contrário. ”“Nós não vamos dar as notícias que o público quer, mas o que entendemos que lhe devemos dar”, insiste. Para logo a seguir admitir que bateu de frente na parede no dia da derrocada em Borba: deu apenas sete minutos ao tema, um curto directo enquanto a SIC esteve em directo 35 minutos. “Foi o primeiro jornal que me ganhou. No dia seguinte a SIC abriu com 49 minutos, com directos repetitivos, sem notícia. Eu não quero fazer isso. ” Mas não ficou provado que é isso que o público quer? Os directos são uma forma barata de fazer TV, “mas isso não é fazer jornalismo, é ter o ecrã ocupado”, argumenta. “É puro voyeurismo, é como quando vêem programas com pessoas fechadas numa casa. ”Sérgio Figueiredo diz que MST “ajuda a ver o outro lado da notícia” e as experiências de segunda-feira “servem de inspiração para tentar mudar a estrutura dos outros jornais da TVI”, que vem do tempo em que não havia alertas de última hora nos telefones e onlines tão activos nos jornais em papel. A rotina para o noticiário de Sousa Tavares começa a meio da semana anterior: há que pensar em reportagens ou abordagens diferentes de assuntos que previsivelmente vão estar na actualidade no início da semana. Na segunda-feira, o jornalista chega à TVI pelas 10h, reúne com a equipa uma hora depois – na sala com mesas dispostas em quadrado estão Sérgio Figueiredo e António Prata (director e director-adjunto de Informação), Pedro Pinto, Constança Cunha e Sá, a chefe de redacção Maria João Figueiredo, os editores de Política e Economia Paula Costa Simões e Vasco Rosendo, o responsável pelo grafismo David Pinto e a jornalista de Desporto Cláudia Lopes. Os directores e Sousa Tavares estão de costas para os quatro ecrãs que emitem a TVI24, a SIC Notícias e a TVI. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. “Quero os números da greve; quero saber o que está em causa”, pede Sousa Tavares sobre a catadupa de paralisações; diz que quer também uma peça a explicar as diferenças entre bombeiros voluntários e sapadores – “quando oiço o Marta Soares dizer que quer autonomia orçamental eu saco logo da pistola”, diz o jornalista, para justificar o comentário que quer fazer no alinhamento sobre o braço-de-ferro entre os bombeiros e o Governo. Na lista segue-se uma discussão sobre o que dizer de novo sobre os carros da Autoeuropa que não podem embarcar por causa do boqueio em Setúbal. Depois, Armando Vara. É preciso dar Macron, que fala às 19h, e não se pode falhar May e o Brexit, a “bomba da semana”. E a conferência de Mário Centeno sobre o FMI, “vamos lá”, decide MST. E para fechar? A final da Taça dos Libertadores, no dia anterior, em Madrid. Que vale pena pela confusão: “Temos cenas de pancadaria? São boas? Podemos pôr um tango por cima?”, quer saber o editor. Falta o principal: “Vamos abrir com quê?” Sousa Tavares insiste em Vara. Isso é uma falsa abertura, dizem-lhe – ou seja, não é com uma notícia. “É o símbolo da corrupção e da vigarice, está o país a dizer, vai para a cadeia amanhã e não vale uma abertura???” Valeu a abertura e a batalha das audiências nesse dia.
REFERÊNCIAS:
Cientistas portugueses de regresso à Antárctida, desta vez com muita psicologia
Para quem está em Portugal, o continente branco está assim tão distante que a sua influência não chega cá? Nem por isso, e o coordenador do Programa Polar Português explica porquê. (...)

Cientistas portugueses de regresso à Antárctida, desta vez com muita psicologia
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-19 | Jornal Público
SUMÁRIO: Para quem está em Portugal, o continente branco está assim tão distante que a sua influência não chega cá? Nem por isso, e o coordenador do Programa Polar Português explica porquê.
TEXTO: A presença de investigadores portugueses na Antárctida já é habitual. Este ano não é excepção, pelo que a nova campanha já em curso procura dar continuidade a vários desses projectos. Desta vez, até Março, durante o Verão antárctico, o destino são as ilhas do Rei Jorge e de Livingston (no arquipélago das Shetlands do Sul) e a Baía Cierva (na costa de Danco, na Península Antárctica). No terreno vão estar 14 cientistas (dez portugueses, três espanhóis e um norte-americano) de seis projectos de investigação. Como questão incontornável, está o clima e o que se encontra à volta das suas mudanças que afectam todo o planeta – mas a psicologia também não ficou de fora, para ajudar a desvendar as subtilezas do trabalho em equipa numa região como a Antárctida. Nesta campanha, é a sétima vez que Portugal contribui para a logística científica na Antárctida, fretando para tal um avião, que transportou na última quarta-feira 101 cientistas (dos programas antárcticos búlgaro, chinês, espanhol e sul-coreano), numa viagem de ida e volta, entre Punta Arenas, no Chile, e o aeródromo Teniente Marsh, na ilha do Rei Jorge). Como Portugal não tem infra-estruturas permanentes na Antárctida, as campanhas científicas portuguesas têm de usar as bases que outros países mantêm no continente branco. Apoiam-se assim na cooperação com vários países, estabelecida pelo Programa Polar Português (Propolar) na última década, como a Argentina, Bulgária, Brasil, Chile, China, Espanha, Estados Unidos, Peru, Coreia do Sul e Uruguai. Até 2011, os cientistas portugueses limitavam-se a ser convidados nas bases de outros países e dependiam da sua boleia para lá chegar. O frete do avião é uma “troca” por esse apoio. Quanto aos projectos com cientistas no terreno na Campanha Antárctica Portuguesa de 2017-2018, alguns visam especificamente os efeitos das alterações climáticas na região, como o do coordenador do Propolar, Gonçalo Vieira, do Instituto de Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Lisboa. Há muito que Gonçalo Vieira estuda o permafrost, o solo sempre congelado tanto no Inverno como no Verão, para saber se está a ser afectado pelas alterações do clima. Nesta temporada, a sua equipa, que vai estar na ilha de Livingston e na Baía Cierva, vai melhorar as estações de monitorização autónoma do permafrost e trabalhar com drones: “Vamos continuar o trabalho com levantamentos com drones para monitorizar os riscos associados à degradação do permafrost em infra-estruturas e também monitorizar a deformação do solo gelado”, explica o cientista, acrescentando que a sua equipa está a colaborar com um projecto da Agência Espacial Europeia: “Estão-se a obter resultados muito interessantes sobre deformação de terreno, agora medidos através de satélite e que estão a ser validados por dados nossos. ”Ainda sobre o permafrost, a equipa de António Correia (da Universidade de Évora), também habitual na Antárctida, vai continuar os estudos geoeléctricos deste solo na Ilha do Rei Jorge e a sua influência nos ecossistemas junto a duas bases científicas. E como está o permafrost? “Desde 2000 que se verifica uma tendência para o arrefecimento ao nível das temperaturas do ar na região Norte da Península Antártica. Mas, no permafrost, o que vinha a verificar-se no Norte da península era uma estabilização nas temperaturas e mesmo uma tendência para a redução da espessura da camada activa, que se funde no Verão”, responde Gonçalo Vieira. “Contudo, o Verão de 2016-17 voltou a ser mais quente, com menos neve, e não sabemos o que isso significa: se um pico ou se um regresso à tendência para o aquecimento que vinha a verificar-se, pelo menos entre 1950-1999. Estamos muito curiosos com o que se passará neste Verão, sendo que já sabemos há relativamente pouca neve. Há muita coisa por compreender melhor na dinâmica da Península Antártica. ”Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Prosseguindo estudos anteriores, a equipa de Pedro Pina, do Instituto Superior Técnico de Lisboa, volta a cartografar os círculos de pedras (que surgem na Antárctida marítima devido à dinâmica do solo superficial) bem como os padrões de vegetação – neste caso, na Ilha do rei Jorge, usando drones, para reconstituir a dinâmica da vegetação no passado. Uma das novidades deste ano no terreno é um estudo de psicologia do grupo de Pedro Quinteiro Fernandes, do ISPA- Instituto Universitário (em Lisboa), sobre a eficácia do trabalho em equipa na Antárctida. Para tal, os cientistas portugueses que participaram na campanha do ano passado já foram entrevistados, antes e depois, e fizeram diários de campo. Resultados preliminares: as condições de alojamento são um factor de stress e as características dos membros das equipas, como a experiência de campo, são fundamentais para a eficácia das equipas. Agora, o grupo de Pedro Fernandes vai acompanhar na Ilha do Rei Jorge o trabalho não só da campanha portuguesa mas de equipas de outros países, como o Chile, China e Coreia do Sul. Tudo muito longe de nós, ou já temos em Portugal manifestações do que passa no clima antárctico? “Temos, essencialmente no contributo para a subida do nível do mar e aumento de problemas com a erosão costeira”, responde Gonçalo Vieira. “A nível climático, a reacção é mais difusa e lenta e Portugal é mais directamente influenciado pelo que se passa no Árctico. Além disso, temos responsabilidades na gestão de uma região que é de toda a humanidade e Portugal precisa de ter uma palavra a dizer na gestão do futuro da região. ”
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave campo estudo chinês
Fortnite, o videojogo grátis que vale milhões
O desafio de batalhas até à morte, mas sem sangue, conquistou rappers americanos, futebolistas e jovens de férias. Menos de um ano após o lançamento, já facturou mais de mil milhões de dólares. (...)

Fortnite, o videojogo grátis que vale milhões
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.099
DATA: 2018-12-16 | Jornal Público
SUMÁRIO: O desafio de batalhas até à morte, mas sem sangue, conquistou rappers americanos, futebolistas e jovens de férias. Menos de um ano após o lançamento, já facturou mais de mil milhões de dólares.
TEXTO: Cair de pára-quedas numa ilha remota não é o cenário mais promissor. Pior se torna quando essa ilha é ocupada por outras 99 pessoas, que também lá aterraram, com a única função de eliminar os outros enquanto uma terrível tempestade vai diminuindo o espaço disponível para fugir. É esta a narrativa de Fortnite: Battle Royale, um jogo de tiros online que une milhões de fãs num mundo ficcional em que uma crise ecológica misteriosa ameaça a humanidade e só um jogador, ou equipa, pode sobreviver. Para ganhar, é preciso agilidade, estratégia e – como em qualquer jogo de tiros – boa pontaria. Fortnite, da editora americana Epic Games (parcialmente detida pela chinesa Tencent), tornou-se um fenómeno global nos últimos meses. Entre os 125 milhões de jogadores, há jovens de férias, jogadores da selecção francesa que celebram vitórias no mundial com danças das personagens, e o rapper norte-americano Drake. Pode ser jogado no computador, em consolas, e em iPhone (está para breve uma versão para Android). Os criadores preferem não falar do fenómeno. Em resposta ao PÚBLICO, o director de marketing da Epic Games, Nick Chester, disse que a equipa quer "que o jogo fale por si só” e que evitam entrevistas sobre o negócio ou desenvolvimento de Fortnite. O jogo é extraordinariamente lucrativo, apesar de ser grátis e de não ter anúncios a interromper. Cerca de um ano depois do lançamento, já ultrapassou mil milhões de dólares em receitas, de acordo com dados da analista Superdata. Só na versão para iPhone, o jogo faz dois milhões de dólares em receitas diárias. Em Maio, Fortnite bateu o recorde de maior receita mensal num jogo grátis: 318 milhões de dólares. É mais do que jogos populares como League of Legends e Pokémon Go. O dinheiro vem todo dos extras – roupa para os personagens, passos de dança únicos, ou missões novas. Com o número de jogadores a crescer, basta que uma pequena parte faça este tipo de compras. “O Fortnite é bom porque estes extras só dão estilo. São divertidos de ter e dão estatuto, porque alguns só estão disponíveis por um tempo limitado, mas não dão vantagens em termos de nível ou de capacidades”, explica ao PÚBLICO Luís Santos, de 19 anos. Desde que as férias começaram, o estudante de Desporto tenta, três a quatro vezes por dia, ser o último a ficar de pé nas batalhas de Fortnite. “Os jogos são rápidos. Cada um demora cerca de 30 minutos e há várias coisas para fazer. Não é só um jogo de tiros. Podemos construir abrigos para proteger as personagens. Há muita estratégia por detrás. ”A fama tem-se espalhado. Em França, o Nantes apresentou um novo jogador do clube num vídeo que imita a apresentação das personagens no jogo. Celebridades como Drake, o cantor Joe Jonas e a comediante Roseanne Barr falam no Twitter sobre os desafios. Já há um acordo com a Epic Games para serem criados brinquedos inspirados no mundo de Fortnite. Tal como nas séries de televisão, há várias temporadas, com zonas e objectos exclusivos e focadas em temas como a era medieval ou super-heróis. Entre fugir e atacar personagens na arena, há missões específicas de cada temporada (por exemplo, encontrar objectos raros) que dão novas capacidades às personagens. Ganhar não é fácil. “Para ser bom, é preciso jogar muito”, confirma Francisco Pedro (nome fictício), 12 anos, que começou a jogar Fornite há três meses com um primo que mora em Espanha. “Nas férias, como tenho mais tempo, costumo jogar cerca de duas horas. Já consegui ganhar umas dez vezes. ” Até agora, Francisco diz que só pediu aos pais para gastar cerca de dez euros. É o suficiente para comprar 1000 moedas virtuais (conhecidas como v-bucks) para gastar no mundo de Fortnite. “Deu para um battle pass, que inclui várias missões e objectos extras. ”A crescente popularidade do jogo entre os mais novos, arrastados pelo número crescente de celebridades a jogar, leva alguns pais a preocuparem-se com o facto de o jogo ter algo de viciante. Na imprensa, começam a circular histórias de jovens a jogar mais de 12 horas por dia. Nos EUA, a pressão dos pares para se vencer as batalhas levou mesmo alguns pais a pagar a jogadores experientes para ensinarem aos filhos como ganhar. Os preços destas explicações rondam os 20 dólares por hora (cerca de 17 euros). “As pessoas é que se viciam em videojogos, não são os videojogos que viciam as pessoas”, lembra a psicóloga Maria João Andrade, que gere a Grinding Mind, uma associação portuguesa que tem como objectivo promover uma relação saudável com videojogos. “Não existe investigação que defina limites de tempo adequados. Torna-se um problema para crianças ou adultos só quando a pessoa não quer fazer mais nada. É normal que nalgumas idades se jogue mais, porque há mais tempo. ”“Este género é apelativo por desenvolver muito a componente da competitividade e da interacção social. Com 100 pessoas num local a competir até haver só um, todos querem ganhar. Há um nível de narcisismo envolvido”, acrescenta Maria João Andrade, que diz conhecer bem o jogo da Epic Games. “Mas também se pode jogar em equipas de dois ou de quatro e isto permite desenvolver componentes como a liderança e a cooperação. É positivo porque estudos mostram que componentes que se aprendem no jogo passam para a vida real. "No Fortnite, o prémio para os vencedores são guarda-chuvas virtuais que assinalam os anteriores vencedores no começo de uma nova batalha. “Não nos dá poderes especiais. É só um efeito – quando chegamos à ilha, podemos saltar do avião com o guarda-chuva”, explica Francisco, 12 anos. Quando não estão a jogar, tanto Luís como Francisco gostam de aprender dicas dos melhores jogadores através de vídeos no YouTube ou no Twitch, uma plataforma de streaming de videojogos. Ninja – o nome profissional do norte-americano Richard Tyler, de 27 anos, que ganha dinheiro ao filmar-se a jogar diversos videojogos – é o favorito. “Como em tudo, é ao ver os melhores que se aprende”, diz Luís Santos. Estes vídeos também servem para ver momentos que se perderam no jogo. É comum as batalhas de Fortnite terem alguns eventos especiais, como o lançamento de um foguetão que rasga o céu e desbloqueia mistérios por resolver – mas os jogadores que saem mais cedo (por serem derrotados) perdem estes acontecimentos. Há meses em que os fãs vêem mais de 700 milhões de horas de vídeos de outras pessoas a jogar Fortnite. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Fortnite, porém, não é o pioneiro neste género de jogos em que só um sobrevive e que são normalmente chamados “battle royale”. O conceito chegou primeiro às massas em 1999, com o lançamento do romance distópico japonês com este nome, no qual um grupo de estudantes é obrigado a lutar até à morte numa competição organizada por um governo ficcional. Inspirou banda desenhada, séries literárias como Hunger Games e outros videojogos, alguns dos quais lançados antes de Fortnite. Para Luís Santos, o sucesso de Fortnite vem do facto de dar para jogar em várias plataformas e ter um estilo de desenho animado. "Quando alguém ‘mata’ o avatar de outro, ele é apanhado por algo parecido com uma nave espacial, e não há sangue”, explica o jovem que até prefere jogos “mais realistas”, mas acaba sempre por escolher Fortnite porque é grátis e não dá vantagens aos jogadores que compram extras. “Não gosto de gastar muito dinheiro em jogos. ”
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
China e EUA discutem calendário de negociações para pôr termo a guerra comercial
O breve comunicado de Pequim indica que foi discutido "o calendário das próximas consultas económicas e comerciais", mas não precisa onde ou quando estas terão lugar. (...)

China e EUA discutem calendário de negociações para pôr termo a guerra comercial
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: O breve comunicado de Pequim indica que foi discutido "o calendário das próximas consultas económicas e comerciais", mas não precisa onde ou quando estas terão lugar.
TEXTO: Negociadores chineses e norte-americanos discutiram por telefone um calendário para tentar acabar com a disputa comercial entre os dois países, informou nesta terça-feira o Ministério do Comércio da China. O vice-primeiro-ministro chinês, Liu He, conversou com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Steven Mnuchin, e com o representante de Comércio, Robert Lighthizer, sobre as formas de concretizar o "consenso" alcançado pelos líderes dos dois países, após a cimeira do G20 de 30 de Novembro em Buenos Aires, na Argentina, pode ler-se no mesmo comunicado. O breve comunicado de Pequim indica que foi discutido "o calendário das próximas consultas económicas e comerciais", mas não precisa onde ou quando estas terão lugar. No texto também não consta qualquer informação sobre se Liu He e os seus interlocutores abordaram o caso Huawei, que voltou a colocar tensão nas relações entre os dois países após a detenção da dirigente do gigante de telecomunicações chinês. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A detenção ocorreu na semana passada, depois de Washington ter pedido a sua extradição por supostamente ter violado as sanções impostas pelas autoridades norte-americanas contra o Irão. A tensão entre os dois países põe em causa os 90 dias de tréguas que procuram evitar uma guerra comercial entre os Estados Unidos e a China. O entendimento entre os líderes Donald Trump e Xi Jinping – que esteve na semana passada em visita oficial a Portugal – foi anunciado no domingo e dá-lhes tempo para negociar um acordo comercial sem temer novas taxas e consequentes represálias. A administração norte-americana tinha anunciado que as taxas alfandegárias sobre importações chineses no valor de 200 mil milhões de dólares iam crescer de 10% para 25% no início do próximo ano e Trump estava a considerar alargar o número de bens chineses que iriam sofrer esse aumento.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave guerra chinês
Tudo tem um fim e a NATO também o pode ter
Donald Trump é a faceta mais visível do problema estrutural que enfrenta a NATO desde o final da Guerra-Fria — a inexistência de um poderoso inimigo comum que lhe dê solidez estratégica. (...)

Tudo tem um fim e a NATO também o pode ter
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Donald Trump é a faceta mais visível do problema estrutural que enfrenta a NATO desde o final da Guerra-Fria — a inexistência de um poderoso inimigo comum que lhe dê solidez estratégica.
TEXTO: 1. Com a aproximação da cimeira da NATO, marcada para 11 e 12 de Julho em Bruxelas, fica-se com a sensação, ao lermos certa imprensa, de nos estarmos a aproximar do “fim dos tempos” do Ocidente político. Muitos interrogam-se se a Aliança Atlântica poderá resistir às duras investidas de Donald Trump contra os aliados europeus. (Ver “Worried NATO partners wonder if Atlantic alliance can survive Trump” in Guardian, 8/07/2018). As acusações de Donald Trump feitas aos europeus, de “viverem às custas” dos norte-americanos, por não gastarem o suficiente com a sua segurança e defesa, são mal recebidas na Europa. Ao mesmo tempo, Trump tem ligado a questão da despesa militar ao comércio, acusando a União Europeia de tarifas aduaneiras injustas que fazem mossa na economia dos EUA. (Ver “Trump’s Message to NATO ‘We’re the schmucks paying for the whole thing’” in The Atlantic, 8/07/2018). Na prática, essa abordagem significa responsabilizar os europeus pela perda de bem-estar económico e de empregos pelos norte-americanos. Até agora nenhum presidente dos EUA tinha feito essa ligação, pelo menos de uma maneira tão explícita e agressiva. Além deste atrito entre aliados atlânticos, muitos receiam uma atitude demasiado permissiva de Donald Trump face à Rússia de Vladimir Putin, durante a cimeira que vai decorrer a 16 de Julho em Helsínquia, na Finlândia. Estamos mesmo a assistir ao ruir da ordem internacional liberal criada pelos próprios EUA a seguir à II Guerra Mundial? Para além do imediatismo das acções de Trump importa analisar o assunto de forma mais profunda para percebermos a dimensão do problema. 2. A NATO aproxima-se dos 70 anos. Foi instituída a 4 de Abril de 1949 pelo Tratado de Washington. Na sua origem está a competição entre os EUA e a antiga União Soviética, desencadeada em finais da II Guerra Mundial, pela influência / domínio do mundo. Nessa época a Europa, apesar de estar praticamente em ruínas devido à guerra, era ainda vista por europeus e não europeus como o “centro do mundo”. Na visão político-estratégica que prevalecia, quem dominava a Europa dominava o mundo. Assim, a questão da defesa europeia — tal como a questão alemã devido à memória das duas guerras mundiais e ao poder económico e militar desta —, era vista como crucial para uma potência com ambição mundial. Daí o estímulo para os EUA se envolverem num compromisso militar permanente com a Europa ocidental. Mas esse era um mundo radicalmente diferente do actual. A maioria dos Estados não europeus / não ocidentais — os quais são hoje a grande maioria dos membros das Nações Unidas —, nem sequer existiam politicamente. A lógica colonial persistia na época. Potências como a China e a Índia não contavam. Em 1949, a Índia moderna tinha apenas dois anos como Estado soberano e vivia as sequelas da partição da Índia colonial britânica com o Paquistão. A China era praticamente irrelevante nas grandes questões da política mundial. Estava envolvida numa sangrenta guerra civil que levou Mao Tsé-Tung (ou Mao Zedong) ao poder. No mesmo ano de 1949 — o ano em que foi fundada a NATO —, surgiu o actual Estado chinês, a República Popular da China. Até aos anos 1970 esteve isolada e afastada do Conselho de Segurança das Nações Unidas, sendo representada pelo anterior governo do Kuomintang chefiado por Chiang Kai-shek, estabelecido em Taiwan / República da China. Quanto ao Japão, estava ocupado militarmente e subordinado ao domínio norte-americano. Face ao enorme poder dos EUA, só a União Soviética era um rival de primeira grandeza na política mundial. 3. A ideia da NATO como garante de uma ordem liberal internacional é provavelmente mais uma construção de sentido a posteriori. Enfatiza a Aliança Atlântica como um “clube de democracias liberais”, algo que, em total rigor, nunca foi. Uma interpretação realista da ordem mundial e das alianças da Guerra-Fria, tal como é efectuada por Graham Allison, permite ver a NATO sob outra perspectiva. (Ver “The Myth of Liberal Order. From Historical Accident to Conventional Wisdom” in Foreign Affairs, Julho / Agosto 2018). A NATO foi criada como uma aliança de containment (contenção) da União Soviética, não como um "clube de democracias liberais". Na realidade, se a ideia de uma ordem liberal fosse um requisito sine qua non, Portugal nunca teria sido membro fundador (o regime salazarista nada tinha de democrático, menos ainda de liberal). A Turquia dificilmente teria entrado para a aliança em 1952. E a Grécia, muito provavelmente, teria sido expulsa na altura da ditadura dos coronéis, quando uma junta militar tomou o poder entre 1967 e 1974. A ideia de uma ordem internacional liberal garantida pela NATO vulgarizou-se após o final da Guerra-Fria. Nos anos 1990, com o fim da União Soviética, esse discurso de legitimação ganhou contornos durante o governo de Bill Clinton nos EUA e Tony Blair no Reino Unido. As intervenções nas guerras da ex-Jugoslávia (primeiro na Bósnia, especialmente em 1995 e depois no Kosovo, em 1999) — as “boas guerras” —, permitiram reconfigurar a NATO como um instrumento do intervencionismo liberal humanitário. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. 4. Nos anos 1990 a vontade de adesão à NATO da generalidade dos ex-aliados soviéticos do Centro e Leste europeu, em processo de transformação para democracias liberais e economias de mercado, ajudou a dar consistência à referida imagem da NATO. A par da União Europeia, a Aliança Atlântica era agora o pilar de uma ordem liberal internacional. Mas tudo isso se desenrolou num contexto histórico e político muito particular, que não é o do mundo de hoje. Primeiro, ocorreu durante um (raro em termos históricos) momento unipolar dos norte-americanos — ou seja, um período de excepcional poder global, sem rivais à altura. Nessa altura, os EUA eram também governados pelo Partido Democrático (a esquerda liberal), que gosta de dar essa imagem dos EUA no mundo. Ao mesmo tempo, estávamos num momento de excepcional debilidade da Rússia, após o colapso da União Soviética. Estávamos, também, num período onde a China ainda não tinha feito sentir todo o seu peso na economia e política mundial. Hoje vivemos numa época onde não foi só o mundo da Guerra-Fria (1945-1989) que desapareceu. Também o mundo unipolar, que suportava a ideia de uma ordem liberal internacional, e teve o seu apogeu nos anos 1990 (1991-2001), entretanto desapareceu. O 11/S em 2001, a invasão do Iraque em 2003, a crise financeira em 2008, a continua ascensão económica política e militar da China — com clara ambição de potência global — e a reemergência da Rússia, ainda que numa área geopolítica mais limitada aos seus territórios históricos de influência, alteraram profundamente o contexto da geopolítica mundial. 5. Na sua essência, o problema fundamental da NATO não é muito diferente do problema das instituições internacionais nascidas no pós-II Guerra Mundial (Nações Unidas, OSCE, FMI, etc. ). Estas ainda se mantêm em vigor, mas acusam, ao mesmo tempo, um normal desgaste. Em termos simples, o problema é que essas instituições foram pensadas e concebidas para outra Europa e outro mundo. A realidade que vivemos hoje é, em muitos aspectos, substancialmente diferente. Os anos 1990 geraram a ideia de que as instituições ocidentais herdadas da Guerra-Fria — NATO incluída —, poderiam ser reconfiguradas para criar uma ordem internacional (global) liberal, que não tinha contestatários de vulto na época. A questão de fundo é que, mais do que a partilha de valores democráticos e liberais entre os seus membros, uma aliança militar pressupõe interesses estratégicos fundamentais comuns, tarefa facilitada quando há um poderoso inimigo comum. Os fundadores da NATO tinham isso bem presente. Os já referidos casos de Portugal, da Turquia e da Grécia comprovam-no sem margem para grandes dúvidas. A percepção de um poderoso inimigo comum — a União Soviética —, foi o grande aglutinador do passado, nas duas margens do Atlântico. Como já notado também, os EUA, nos anos 1990, durante o governo de Bill Clinton, no apogeu do seu momento unipolar, alimentaram a ideia de que a NATO seria uma instituição ao serviço de uma ordem liberal internacional. Mas isso foi um momento transitório de quem não tinha rivais e inimigos à altura (foi um luxo de hiperpotência, efémero por natureza). Hoje voltamos ao normal histórico — um mundo multipolar — onde grandes potências competem abertamente. Não se compadece com instituições (leia-se alianças militares) arquitectadas só dessa forma. 6. Donald Trump é a faceta mais visível do problema estrutural que enfrenta a NATO desde o final da Guerra-Fria — a inexistência de um poderoso inimigo comum que lhe dê solidez estratégica. A Rússia não é vista por todos como rival/inimigo, nem provavelmente o será mais como na Guerra-Fria. Para além disso, os EUA, como potência global, têm o seu interesse estratégico fundamental em deslocação para a Ásia-Pacífico. Começam a enfrentar, cada vez mais, uma competição global — económica, política e militar — que lhe é movida pela China. Uma aliança que os liga à Europa tende a perder importância, o que já era visível com Barack Obama. Se virmos a questão na óptica de Trump, por lógicas redutoras de despesa militar e tarifas aduaneiras, pior ainda. A alteração do mundo é também evidente no caso da Turquia. Entrou para a NATO para se proteger da ameaça soviética, mas hoje está a reposicionar-se junto de inimigos tradicionais (Rússia, Irão, etc. ). Ao mesmo tempo, a lógica liberal-secular foi afastada por Recep Tayyip Erdogan do sistema político e da sociedade. No Centro e Leste Europeu, o iliberalismo, ainda que sob outras formas, está também a enraizar-se. Todavia, ao contrário de uma leitura usual, não é a ascensão do iliberalismo o principal problema da relação transatlântica. O passado da Guerra-Fria deixa isso bem claro. A deriva iliberal pode ser um problema sério para a União Europeia, mas nunca seria grande problema para a NATO se houvesse uma visão estratégica comum de ameaças graves, que não existe hoje para além da superficialidade. Por isso, em termos prospectivos, a questão fundamental é a de saber se a NATO se vai adaptar à complexidade do mundo do século XXI e a diferentes percepções de ameaças graves dos seus membros. Se o não fizer, poderá sucumbir pelas contradições dos interesses estratégicos, quer entre europeus, quer entre europeus e norte-americanos.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA NATO OSCE FMI