Lucro na Tesla é para repetir? Há três dúvidas em cima da mesa
Elon Musk viu a empresa dar lucro num trimestre pela terceira vez desde a entrada em bolsa. Mas nem todos partilham da euforia. Washington pode sabotar o mercado interno e o lançamento internacional do Model 3 será decisivo. (...)

Lucro na Tesla é para repetir? Há três dúvidas em cima da mesa
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-14 | Jornal Público
SUMÁRIO: Elon Musk viu a empresa dar lucro num trimestre pela terceira vez desde a entrada em bolsa. Mas nem todos partilham da euforia. Washington pode sabotar o mercado interno e o lançamento internacional do Model 3 será decisivo.
TEXTO: A Tesla anunciou resultados e desta vez são lucros. É apenas a terceira vez que isso acontece, desde que entrou na bolsa, em 2010. Para detractores e apoiantes de Elon Musk, é hora de reflectir. Wall Street entrou em euforia logo depois de a empresa ter anunciado um lucro de 311 milhões de dólares (516 milhões, depois de ajustamento por efeitos não recorrentes). As acções subiram de imediato 12%, mas o vai-e-vem bolsista não desviou analistas das questões essenciais. Será este o início de um ciclo positivo sustentável, tendo em conta que os republicanos ameaçam o mercado interno com o fim ao crédito fiscal para veículos eléctricos? O que acontecerá agora que o empresário deixa de ser chairman e, como tal, não presidirá mais à estratégia da empresa? E que impacto terão as mudanças no Model 3, Model S e Model X, que Elon Musk anunciou no Twitter (e sobre as quais pouco ou nada disse nem na carta aos accionistas nem na conferência que se lhe seguiu)?A pergunta mais fácil de responder será a do meio, ainda que não passe de uma conjectura: Elon Musk continuará a ser o presidente executivo (CEO) pelo que a saída de chairman pouco ou nada mudará no dia-a-dia da empresa. Mais difícil é perceber o que poderão investidores esperar no trimestre final deste ano e em 2019. Musk nunca foi de objectivos curtos – e como tal projecta levar o Model 3 para o mercado chinês, a Austrália e Europa em 2019. “Estamos entusiasmados, tendo em conta que o mercado para segmentos sedan premium é ainda maior nessas regiões do que nos EUA”, sublinhou Elon Musk, na conferência de apresentação de resultados. A entrada em novos mercados será decisiva, porque as vendas internacionais poderão ser necessárias para compensar alguma perda no mercado interno, decorrente do corte do crédito fiscal de 7500 dólares que os EUA vão deixar de atribuir aos carros eléctricos. E se for avante a ideia de um senador republicano trocar o crédito que acaba por mais impostos, o marketing da Tesla pode estar em maus lençóis. Tal cenário não é o melhor para o crescimento das vendas, que no último trimestre auditado cresceram 128% face ao período homólogo. O custo das vendas também cresceu (109%), mas menos, pelo que as medidas extraordinárias que a empresa tomou em 2018 – como um despedimento de 9% de trabalhadores e alterações estruturais na produção – têm de continuar a produzir efeitos positivos. Um desafio que obrigará a uma eficiência cirúrgica para uma empresa que no passado recente teve crises graves de produção, já que é preciso produzir para mercados novos e ao mesmo tempo manter os custos sob olho. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O salto para terreno positivo nas contas deveu-se sobretudo ao Model 3, que se tornou o best seller nos EUA, quando medido em receita, e o quinto mais vendido em volume. O factor mais decisivo foi, porém, uma melhoria notória na margem bruta dos carros – as restantes linhas de negócio (energia e serviços) representam menos de 10% das receitas, que ascenderam no total a 6824 milhões de dólares (mais 82% do que no trimestre anterior). Porém, a Tesla sempre foi grande no crescimento das vendas. A dúvida expressa por alguns analistas é se a empresa consegue manter a margem bem acima dos 20%, como agora, enquanto reduz o custo de produção e o preço de venda, para tornar os Model 3 mais atractivos. A resposta pode estar nas mudanças que Musk anunciou no Twitter: será posto à venda um Model 3 por 45 mil dólares (4000 dólares mais barato), numa versão mais despojada (bateria com menos autonomia); e para “simplificar a produção”, muitas configurações interiores dos Model S e X deixarão de estar disponíveis nos EUA a partir de 1 de Novembro, como disse Musk no Twitter. Provavelmente, tudo se jogará no investimento, que caiu consideravelmente. A Tesla ambiciona arrancar com uma fábrica na China (para evitar a guerra aduaneira com os EUA); e tem de investir no desenvolvimento do produto se quiser pôr à venda um Model 3 a 35 mil dólares. “O nosso objectivo é fazer carros eléctricos que qualquer um pode comprar. Se pudéssemos vendê-los já a esse preço, fá-lo-íamos hoje, mas temos de trabalhar mais para chegar a esse ponto e manter uma margem bruta positiva”, resumiu Elon Musk durante a conferência. “Provavelmente, estamos a seis meses de distância, mas essa é a nossa missão”, disse, em jeito de promessa. Para já, Musk cumpriu uma – dar lucro. Para detractores e apoiantes do polémico empresário, já é muito.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
“Governo de José Sócrates precisava de dominar o BCP”
Jorge Jardim Gonçalves, fundador e líder histórico do BCP, revela os pormenores que levaram à sua saída do banco há dez anos. (...)

“Governo de José Sócrates precisava de dominar o BCP”
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-06-29 | Jornal Público
SUMÁRIO: Jorge Jardim Gonçalves, fundador e líder histórico do BCP, revela os pormenores que levaram à sua saída do banco há dez anos.
TEXTO: O dia 28 de Maio de 2007 foi o começo do fim de um ciclo no Banco Comercial Português (BCP) dominado pelo grupo de Jorge Jardim Gonçalves, o fundador, e que culminou no seu afastamento antes do ano terminar. Mas naquele final de Maio decorreu aquela que será, porventura, a Assembleia-Geral (AG) mais mediática do sector bancário. E que ficou marcada por um episódio que, dez anos depois, muitos ainda recordam: à saída, o investidor Joe Berardo levantou o braço e fez o “V” de vitória. O gesto tinha significado. Após meses de luta de bastidores, o grupo formado por Joe Berardo, Nuno Vasconcelos e Rafael Mora, da Ongoing, António Mexia, líder da EDP, Carlos Santos Ferreira, então líder da Caixa Geral de Depósitos (CGD), os empresários Manuel Fino, Diogo Vaz Guedes, Bernardo Moniz da Maia e Filipe de Botton, e João Rendeiro, fundador do Banco Privado Português (BPP), tinha, finalmente, conseguido vergar Jardim Gonçalves, à data a presidir ao Conselho Superior (CS) do BCP. Passou entretanto uma década, e quatro presidentes executivos — Paulo Teixeira Pinto, Filipe Pinhal, Carlos Santos Ferreira e o actual líder, Nuno Amado — comandaram a instituição que ao longo do tempo foi mudando no sentido literal do termo. Hoje, o BCP é detido por um grupo chinês, a Fosun, a caminho de deter 30% do capital. Temas que serviram de pretexto para a entrevista a Jardim Gonçalves. O BCP chegou à AG de 28 de Maio de 2007 com o capital fracturado e um CS, liderado por si, em guerra com a administração executiva também ela dividida: o presidente executivo (CEO), Paulo Teixeira Pinto, Francisco Lacerda e Castro Henriques divergiram do resto dos gestores. Uma reunião em que saiu derrotado, humilhado. Alguma vez tinha equacionado o afastamento naquelas condições?Meses antes, enquanto presidente do CS, tinha sido surpreendido [por Paulo Teixeira Pinto] com uma proposta do Conselho de Administração (CA) de alteração estatutária, com dois níveis de governação (executiva e accionista), e a intenção de avançar com uma oferta pública de aquisição (OPA) sobre o Banco Português de Investimento (BPI). Ora, o CS nunca seria contra os dois temas e a Comissão Executiva [onde estavam os anteriores gestores da equipa de Jardim Gonçalves] sabia disso. No caso da OPA, o CS fazia depender o seu apoio de uma única condição: existir uma forte probabilidade de ser aceite pelos accionistas e pela gestão do BPI. Acabaram por ser dois temas que tornaram evidente a fractura. . . Estava previsto que o futuro Conselho Geral e de Supervisão (CGS) [que na nova proposta ia substituir o CS] reportasse à AG, e que os executivos fossem escolha do CGS. Não era esse o entendimento de Paulo Teixeira Pinto, que pretendia que o CA fosse eleito, à semelhança do CGS, em AG, o que considerei inconsistente. E questionei Paulo Teixeira Pinto, que se justificou como uma exigência da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Só mais tarde me foi explicado que a CMVM foi condicionada por técnicos do BCP, pela Ongoing e pela EDP. Este ponto é importante, pois o objectivo do modelo visava esvaziar o poder dos accionistas sentados no CS que iriam transitar para o CGS. E porquê? Porque a nomeação do CA em AG era a forma de o núcleo de accionistas que se estava a formar ganhar poder e poder escolher a gestão executiva. Aí, sim, vi um sinal de que Paulo Teixeira Pinto se queria afastar dos accionistas que o tinham escolhido e estavam no CS, para se entender com o grupo que se estava a constituir. Está a referir-se a Joe Berardo, Rafael Mora, Nuno Vasconcelos, António Mexia, Carlos Santos Ferreira, Armando Vara, Vaz Guedes, Moniz da Maia, Filipe de Botton, José e Manuel Fino e João Rendeiro?Esses, esses. . . Mas como o modelo de eleger o CA em AG não estava consagrado na lei, pedi que ficasse consagrada essa possibilidade estatutariamente. E foi depois disso que Paulo Teixeira Pinto tomou um conjunto de acções sem ter o apoio do CS. Tais como?Só mais recentemente percebi o que aconteceu naquele período, onde houve uma conjugação de ingredientes todos metidos no BCP para provocar uma guerra. E um deles, e muito importante, é o político. Não falo de um partido político, mas de um grupo de pessoas cobertas politicamente pelo PS e pelo PSD. Mas nem o CDS nem o PCP quiseram saber a verdade. Quero deixar claro que quando entrei na reunião estava perfeitamente inocente, pois, para mim, não havia uma guerra. É difícil aceitar a tese de que chegou “inocente” à AG de 28 de Maio de 2007. Já circulavam rumores e notícias sobre as divergências. Confesso que fiquei surpreendido ao ver tantos advogados na sala, e não accionistas. Mais fiquei quando os advogados começam a movimentar-se de um lado para o outro e a colocar entraves às propostas do CS [de deixar cair a nomeação da gestão em AG e de reforçar a blindagem do capital], com o objectivo de fazer tempo e de inviabilizar a reunião. E, como a AG não tinha fim, acabei a propor a retirada da proposta, o que era contestado, pois, para mim, o importante era votar as contas anuais, na medida em que era o último dia para o poder fazer. Foi aí que apareceu Luís Champalimaud a dizer: “Se o Jorge quiser proponho a suspensão da AG. ” Achei estranho, pois ele nunca tinha aberto a boca para nada. É só a seguir a esta reunião que ele [Champalimaud] se evidencia a tomar posições, alinhado com o António Mexia e os outros. O que pensou quando, depois de deixar cair a sua proposta, viu o Joe Berardo fazer o “V” de vitória?Que fazia parte de um show. Tudo era um teatro. Depois da AG decidiu-se que eu iria falar com os accionistas com muitas acções, mas sem representação nos órgãos sociais, para que, em próximas eleições, as suas posições fossem tidas em conta. A guerra interna trouxe para a esfera pública o tema das offshore criadas em 2002 para o BCP gerar artificialmente capital e sustentar a sua expansão. Voltaria a recorrer a este esquema?Recuso essa ideia. As offshore nunca foram a aumentos de capital do banco, nunca geraram capital. O tema das offshore foi lançado para me descredibilizar e à gestão. Em todos os bancos há UBO [offshores de que se desconhecia o beneficiário final] que se perdem, e pode ser por ilicitudes ou por erro técnico. E foi alguém que, sabendo que a situação existia no BCP, a aproveitou e a usou para alimentar a guerra. Alguém de topo?Não necessariamente. Pode ter sido um executivo, alguém que servia o executivo, alguém de nível médio com a expectativa de receber qualquer coisa. A minha percepção é que foi pessoa do banco, qualificada e que sabia o que estava a fazer. No banco não havia nada, nem offshore nem coisas erradas. Como é que insiste nessa tese?No BCP havia milhares de offshore, como há em todos os bancos. Mas não foram feitas para fazer aldrabices, não foram. Ninguém nos acusou disso. Hoje fica claro que havia irregularidades: o Ministério Público, o Banco de Portugal (BdP) e a CMVM abriram investigações que deram origem a acusações e condenações. Eu, Jorge, não fui acusado de ter mandado fazer seja o que for, nem houve clientes, colaboradores ou accionistas lesados. Como é que pode vir dizer que, enquanto principal executivo, não teve responsabilidades nessas operações?O que digo é que o BdP não mandou corrigir nenhuma conta, não houve uma perda, nem avançou com processos. Esses veículos, as offshore de que fala, nunca foram a aumentos de capital. E na altura da crise não tinham acções, só bens imobiliários. Volto a dizer que o tema das offshore foi lançado na esfera pública para gerar desconfiança sobre o BCP, para o fragilizar e o descredibilizar. Quando é que se apercebeu de que o ataque ao BCP era para o dominar?Só muito mais tarde é que foi possível perceber o que esteve por detrás das movimentações, dos rumores, das notícias na época e que culminaram na saída da CGD de três senhores [Carlos Santos Ferreira, Armando Vara e Vítor Fernandes] e à sua entrada no BCP. Pode ter a certeza de uma coisa: ninguém tira ou põe um presidente de um grande banco, como é o BCP ou a CGD, sem ter o apoio do Presidente da República, do primeiro-ministro, do ministro das Finanças. Foram muitos milhões de euros de crédito dados, a partir de 2006, pelo BCP, pela CGD e pelo Banco Espírito Santo (BES) aos grupos que se movimentaram com António Mexia para comprarem acções do BCP. Só o Banif recusou fazê-lo. E o BPI comprou acções para tomar a posição enorme no BCP e durante muito tempo não se percebeu de que lado estava, só no Verão de 2007 [depois da OPA fracassar] é que se distanciou daquele núcleo. Mas foi tudo desagradável, teve desgaste e custos. Como é que o CS aceitou que o CA lançasse a OPA sobre o BPI sem a concertar antes?Antes de o BCP avançar foi-me garantido que a oferta seria aceite, o que aliás consta das actas do CS, onde Paulo Teixeira Pinto foi dizer que os consultores, como a UBS, lhe tinham garantido que, embora os executivos do BPI não se sentissem confortáveis, os accionistas iam aceitar vender. Mas apesar de o BCP ter oferecido mais de sete euros por cada acção do BPI [hoje negoceiam-se pouco acima de um euro], a OPA foi chumbada. . . Só mais tarde é que tomei conhecimento da verdadeira história. E não era a que me tinha sido contada. No casamento da sobrinha do professor Cavaco Silva com o filho da Dra. Rita Lourenço, administradora da Ocidental, fiquei na mesa do Dr. Paulo Cartuxo Pereira, que estava no Morgan Stanley, o outro banco de investimento que apoiou o BCP [na OPA]. E perante toda a mesa, ele contou que tinha avisado o Dr. Paulo Teixeira Pinto de que os accionistas do BPI nunca aceitariam vender. E conclui, então, que eu, Jorge, não sabia a verdade toda. Data daí a sua zanga com Paulo Teixeira Pinto?Nunca houve nenhuma conversa menos agradável. Eu dizia que não e ele achava bem. E ele dizia que sim e eu achava bem. Uma relação perfeita. Ainda hoje é. Mas a certa altura ele estava dentro de um esquema e não sei se quis sair dele. E na altura fui informado de que ele mandara levantar 23 dossiês em países de Leste para estudar privatizações. E fê-lo sem consultar o CS. Fiquei preocupado. Depois de a OPA fracassar, em Maio de 2007, o BPI veio em Outubro do mesmo ano propor uma fusão amigável com o BCP. Que também não avançou. Depois de Paulo Teixeira Pinto deixar a gestão do BCP e Filipe Pinhal o substituir, Carlos Câmara Pestana e Artur Santos Silva vieram propor a fusão amigável do BPI com o BCP. Mas a proposta deixou Filipe Pinhal desconfortável. E eu, para facilitar, digo-lhes: eu saio do CS para Artur [Santos Silva] entrar. Mas Câmara Pestana [do Banco Itaú, accionista do BPI] e Artur dizem-me: “o Jorge não saia. ” Mas eu insisto e é tudo acordado e o CA do BCP aprova. E no último minuto, o BCP deixou cair a fusão?É que, entretanto, Filipe Pinhal ficou a saber de uma reunião entre Carlos Santos Ferreira [a presidir na altura à CGD, accionista do BCP] e António Mexia [líder da EDP] para se concertarem na AG e votarem contra a fusão. E não querendo sujeitar-se, achou melhor recuar. E é quando sai o comunicado do BCP a rejeitar a fusão. Há quem considere incompreensível o papel do então governador do BdP, Vítor Constâncio, hoje no BCE, durante todo esse tempo. Compreende-o?Agora compreendo. Há um episódio esclarecedor. Na altura, ele chamou o Pinhal para lhe recomendar que não avançasse com a sua candidatura à liderança do BCP. Em simultâneo, sem nada lhe dizer, enquanto o Pinhal estava reunido com ele, Constâncio mandou chamar o [Christopher] Beck [que estava nas listas de Pinhal], mas colocou-o noutra sala. E informa o Beck que o BdP tem questões contra os dois e que quer clarificar, pois podem resultar em contra-ordenações. É então que a comunicação social começa a referir, para potenciais administradores do BCP, os nomes de Santos Ferreira, Armando Vara e Vítor Fernandes [agora no Novo Banco], que eram gestores da Caixa. A pressão para meter no BCP gente da confiança do Governo era grande e vinha de todo o lado. Pode concretizar?Tanto quanto sei, Paulo Macedo, na altura quadro de topo do BCP, e que estava nas listas de Filipe Pinhal, e que Paulo Teixeira Pinto queria na sua equipa, foi ter com Filipe Pinhal e disse-lhe: “Para você ser presidente tire o meu nome e coloque o de Santos Ferreira ou o de Armando Vara, e o melhor é colocar os dois. ” [posteriormente, Paulo Macedo viria a integrar a equipa de gestão liderada por Carlos Santos Ferreira]. Partilha da opinião dos que entendem que Constâncio, consciente ou inconscientemente, esteve alinhado com o grupo que queria tomar conta do BCP?O que sei é que o primeiro-ministro [José Sócrates] e o ministro das Finanças [Fernando Teixeira dos Santos] precisavam de ter um controlo mais fino do sistema financeiro para fazerem a colocação da dívida pública. Mandavam na CGD e o BES era dócil e tomava a dívida pública e o BCP era independente. E o BPI era pequeno. E o Governo precisava de dominar o BCP, o que só era possível com a nomeação de um presidente. E, pelo que hoje se sabe, o professor Campos e Cunha [antecessor de Teixeira dos Santos no Ministério das Finanças] tinha-se recusado a nomear o Armando Vara para a CGD, decisão que Teixeira dos Santos viria depois a tomar. E Armando Vara acaba por ser escolhido pelo grupo de António Mexia e da Ongoing para ir com Carlos Santos Ferreira para o BCP. Carlos Santos Ferreira era um presidente maleável?Não cheguei a conhecê-lo bem. Ele não explica, não fala, não comenta. Mas não é um gestor ausente. E tinha uma boa relação com José Sócrates, com Teixeira dos Santos e Vítor Constâncio. Mas não sei quem mandava em quem. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. E que relação teve com Armando Vara?Sempre muito correcta, impecável. Dez anos depois, o que pensa de Paulo Teixeira Pinto?Que quando percebeu que as coisas não eram como deviam ser disse que estava doente, e estava, e foi à sua vida. E isto passou-se em Agosto de 2007. Mas, em 2004, quando o escolhi para me substituir, fi-lo com toda a independência, num momento em que o futuro do BCP não necessitava de mim. Não se sente traído por ele?Quem sou eu para o julgar [risos]? É Paulo Teixeira Pinto! Ele não tinha nenhum dever de gratidão para comigo. Teria preferido que tudo tivesse corrido de outra maneira.
REFERÊNCIAS:
Partidos PS PSD PCP
Libertado um dos dirigentes do movimento pró-democracia em Hong Kong
A saída antecipada já era esperada, mas as autoridades ainda não justificaram a sua libertação. (...)

Libertado um dos dirigentes do movimento pró-democracia em Hong Kong
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2019-06-18 | Jornal Público
SUMÁRIO: A saída antecipada já era esperada, mas as autoridades ainda não justificaram a sua libertação.
TEXTO: Um dos rostos do movimento pró-democracia do Outono de 2014 em Hong Kong, Joshua Wong, foi libertado esta segunda-feira, um mês mais cedo do que o previsto e um dia depois do terceiro protesto maciço contra o Governo do território. O activista político, de 22 anos, que se tornou o principal rosto do movimento conhecido por Revolução dos Guarda-Chuvas, há cinco anos, deixou a prisão de Lai Chi Kok, onde era esperado por muitos apoiantes e uma multidão de repórteres relata a AFP. À saída da prisão, o dirigente estudantil exigiu a demissão da chefe do Executivo, Carrie Lam, na sequência das manifestações maciças contra a proposta de lei da extradição que permitiria o envio de suspeitos para julgamento na China continental. “Ela já não tem condições para governar Hong Kong”, disse Joshua Wong, condenado por desobediência civil em 2014. Wong cumpria desde meados de Maio uma sentença de dois meses de prisão, depois de algumas reviravoltas no processo. A pena inicial, de três meses, chegou a ser revertida, mas ao decidir sobre um recurso o tribunal ordenou o regresso de Joshua Wong à cadeia, e retirou um mês à pena inicial. A saída antecipada de Wong já era esperada, depois do partido Demosisto, co-fundado por Wong, ter anunciado a libertação no domingo, dia em que o território foi palco de mais um protesto maciço contra a proposta de lei da extradição. As autoridades não justificaram a razão para a libertação antecipada. As manifestações de 2014 deram início ao movimento pró-democracia e, durante mais de dois meses, centenas de milhares de pessoas paralisaram quarteirões inteiros da cidade para exigir um verdadeiro sufrágio universal para a escolha do governo desta região chinesa com autonomia administrativa. Mas Pequim não recuou. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Após o movimento de 2014, que representou um desafio sem precedentes para Pequim, uma nova geração de militantes nasceu para exigir a autonomia de Hong Kong. Joshua Wong fundou com outros militantes o partido Demosisto, que defende a autodeterminação da antiga colónia britânica.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave lei tribunal prisão
Oitante ainda só concretizou uma venda, cujo valor se desconhece
Sociedade veículo que ficou com activos do Banif rejeitados pelo Santander vai determinar factura final a pagar pelo Estado (...)

Oitante ainda só concretizou uma venda, cujo valor se desconhece
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento -0.06
DATA: 2017-05-22 | Jornal Público
SUMÁRIO: Sociedade veículo que ficou com activos do Banif rejeitados pelo Santander vai determinar factura final a pagar pelo Estado
TEXTO: Desde que foi criada, em Dezembro do ano passado, a Oitante ainda só concretizou a alienação de um activo, a seguradora Açoreana. De resto, pouco se sabe sobre o veículo criado para lidar com os activos do ex-Banif que foram rejeitados pelo Santander Totta, e que ficou também responsável por cerca de 500 trabalhadores do banco intervencionado há um ano. A empresa não responde a questões, e a informação disponibilizada no site oficial é menos do que básica. Por exemplo, em Agosto foi anunciada a venda, embora ainda por concretizar, do Banif - Banco de Investimento à chinesa Bison Capital, de Peixin Xu, mas o último (e único) comunicado que está no site é de Janeiro deste ano. Além do banco de investimento do Banif, que no início do ano realizou um aumento de capital de 29, 4 milhões, a Oitante anunciou também, em Outubro, que tinha conseguido vender os 78% do capital da instituição financeira que detém em Malta, o Banif Bank. A venda desta unidade à Al Faisal, do Qatar, também ainda não foi concluída. Isso apesar de o processo de alienação já estar em curso desde Dezembro do ano passado, antes da intervenção das autoridades no Banif. A 18 desse mês, o Banif informou o mercado que tinha assinado um contrato para vender a sua posição por 18, 4 milhões de euros. No entanto, agora a Oitante não presta qualquer tipo de informações sobre os valores envolvidos nos negócios. No caso da Açoreana, adquirida pelo fundo Apollo (que dá detinha a Tranquilidade), não foi divulgado o montante em causa (este poderá ter rondado os 22 milhões). O encaixe da Oitante, é fundamental para os contribuintes saberem quanto é que, no final de contas, vai ficar a factura a pagar com o Banif. Além dos 825 milhões que ficaram por devolver ao Estado, acrescem 2255 milhões injectados em Dezembro. Depois, quando se desenhou a intervenção no Banif, houve 2170 milhões de euros em activos do Banif que transitaram para a sociedade veículo com um preço de 746 milhões (ou seja, com uma desvalorização de 66% no valor). Se o total do encaixe for inferior a estes 746 milhões, o valor da diferença será somado à conta dos 2255 milhões. Bruxelas, por exemplo, considera que o encaixe não irá além dos 324 milhões, com uma perda de 422 milhões. Já a comissão de inquérito parlamentar, no seu relatório final, afirmava que havia a “expectativa” de que o Estado “ainda possa ter um upside nesta operação, mitigando as perdas acumuladas no processo”. Esta comissão defendeu também que devia haver uma “adequada monitorização do processo de alienação de activos, de modo a que o Estado recupere pelo menos uma parte do capital injectado no Banif desde Janeiro de 2013”. A maior parte dos activos da Oitante estão ligados ao sector imobiliário, seja de forma directa (os imóveis estão disponíveis no site da empresa) ou indirecta (via fundos de investimento). Na sociedade foram incluídos, por exemplo, o Citation, um fundo de investimento imobiliário aberto. Depois, foram abrangidas também participações como a que o banco detinha na Vallis (fundo dedicado à recuperação de empresas de construção, com o apoio da banca), na Fomentinvest e na Ascendi.
REFERÊNCIAS:
Tempo Dezembro Outubro Janeiro Agosto
OPV a trabalhadores da EGF avança dois anos depois da privatização
Grupo Mota-Engil ganhou o concurso público da empresa de resíduos em 2015. Agora, 5% da empresa vão ser disponibilizados aos funcionários. (...)

OPV a trabalhadores da EGF avança dois anos depois da privatização
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-07-03 | Jornal Público
SUMÁRIO: Grupo Mota-Engil ganhou o concurso público da empresa de resíduos em 2015. Agora, 5% da empresa vão ser disponibilizados aos funcionários.
TEXTO: Dois anos depois de o anterior executivo ter alienado a Empresa Geral de Fomento (EGF) ao grupo Mota-Engil, através de concurso público, o Governo aprovou agora a Oferta Pública de Venda (OPV) destinada aos trabalhadores. A operação corresponde a 5% do capital, com direito a 5% de desconto, o que coloca o preço por acção nos 13, 89 euros. Ao todo, estão em causa 7, 8 milhões de euros. Além dos trabalhadores directamente ligados à EGF, podem também participar na OPV os funcionários das 11 empresas que compõem o grupo, como é o caso da Amarsul, Suldouro, Valorminho e Valorsul. De acordo com o diploma publicado esta segunda-feira em Diário da República, as ordens de compra emitidas “devem ser expressas e atribuídas em lotes compostos por múltiplos de dez acções”. Quem compre fica sem poder alienar os títulos durante 90 dias, como é normal neste tipo de operações, e uma vez que como a empresa não está cotada em bolsa as perspectivas de venda de acções são bastante mais reduzidas. Para já, é preciso ainda que as informações respeitantes à OPV sejam publicadas no site oficial do regulador do mercado de capitais, a CMVM, no site da própria empresa e no do grupo estatal Águas de Portugal, que ainda detém os 5% a distribuir. A OPV durará 15 dias, mas só na sequência da publicação dos dados na CMVM é que se saberá as datas concretas de início e fim da operação. O capital que não for adquirido pelos trabalhadores passa para as mãos da Mota-Engil, sem os 5% de desconto. Em Setembro de 2014, o então ministro do Ambiente, Jorge Moreira da Silva, anunciou que o vencedor do concurso público tinha sido a SUMA (Serviços Urbanos e Meio Ambiente SA), dominada pela Mota-Engil. Na altura, o governante afirmou que o preço oferecido pelo grupo de tratamento de resíduos sólidos urbanos, 150 milhões de euros, tinha sido um factor decisivo. Na sequência das eleições legislativas, os partidos à esquerda do PS pediram o recuo de várias concessões e privatizações, incluindo a da EGF, muito ligada às autarquias, mas neste caso (ao contrário das concessões dos transportes públicos) não existiu qualquer mudança de estratégia. Houve, no entanto, alterações ao nível da SUMA, com a espanhola Urbaser, detentora de 38, 5% da empresa, a ser comprada pela chinesa Firion Investments em 2016. A Firion, por sua vez, é controlada pela empresa estatal China Energy Conservation and Environmental Protection Group (CECEP), que passou assim a deter uma posição indirecta no capital da antiga holding pública de tratamento de resíduos. De acordo com os dados mais recentes, a EGF, liderada por Ismael Gaspar, teve um volume de negócios de 186 milhões no ano passado (contra os 167, 5 milhões de 2015) e um resultado líquido de 12 milhões (9, 4 milhões em 2015). Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O PÚBLICO questionou o Ministério das Finanças sobre a razão de só agora, dois anos depois da formalização da venda à Mota-Engil, se avançar com a OPV, mas ainda não obteve uma resposta. Um outro caso que se tem arrastado no tempo (não há um período máximo para lançar uma OPV no âmbito de uma reprivatização, mas raramente se demora dois anos) é o da CP Carga. Cerca de um ano e meio depois de ter sido alienada à MSC, ainda nada se sabe sobre a venda dos 5% aos trabalhadores. O processo tem andado entre o Ministério do Planeamento e Infra-estruturas e o das Finanças, sem que nada de concreto aconteça e sem que haja uma data para a realização da operação.
REFERÊNCIAS:
Partidos PS
Ilha de Santa Maria confirmada como bom local para lançar foguetões na Europa
Relatório elaborado para a Agência Espacial Europeia conclui que uma base de lançamento de pequenos satélites nos Açores é viável do ponto de vista técnico e económico. Do meio do Atlântico poderão vir a fazer-se cerca de 12 lançamentos por ano, estimam os especialistas, que esperam por apoio institucional que coloque Portugal no clube exclusivo das oito nações mundiais com acesso ao espaço. (...)

Ilha de Santa Maria confirmada como bom local para lançar foguetões na Europa
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.55
DATA: 2018-08-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Relatório elaborado para a Agência Espacial Europeia conclui que uma base de lançamento de pequenos satélites nos Açores é viável do ponto de vista técnico e económico. Do meio do Atlântico poderão vir a fazer-se cerca de 12 lançamentos por ano, estimam os especialistas, que esperam por apoio institucional que coloque Portugal no clube exclusivo das oito nações mundiais com acesso ao espaço.
TEXTO: É já o segundo relatório que aponta para a ilha de Santa Maria, nos Açores, como um local privilegiado para lançar pequenos foguetões que levem para o espaço (também pequenos) satélites. Se o primeiro estudo tinha sido encomendado pelo Ministério da Ciência português à Universidade do Texas, em Austin (EUA), o novo relatório resultou de um concurso lançado pela Agência Espacial Europeia (ESA) para análise da viabilidade técnico-económica de pequenos foguetões na Europa. Elaborado pela empresa portuguesa Deimos Engenharia, em parceria com a Orbex, empresa com sede no Reino Unido que está a desenvolver um pequeno foguetão, o novo relatório confirma a ilha de Santa Maria como um sítio favorável para este tipo de operações na Europa. E até já propõe que descole dos Açores o foguetão que a Orbex está a desenvolver – o Prime. Mais exactamente, o novo relatório, tal como o anterior, propõe o sítio de Malbusca como local para um centro de descolagens espaciais nos Açores. “Este local é viável do ponto de vista técnico e económico”, começa por dizer ao PÚBLICO Nuno Ávila, director-geral da Deimos Engenharia. “Apresenta condições climáticas muito favoráveis face a outras alternativas na Europa – na Noruega, Suécia e na Escócia. Do ponto de vista da segurança, também tem condições excepcionais: os lançamentos seriam para sul, onde só temos oceano. Na Noruega e Suécia tem de se sobrevoar território onde há população. E na Escócia tem de haver manobras para se evitarem as ilhas Faroé”, acrescenta Nuno Ávila. “Do ponto de vista logístico, a ilha de Santa Maria é muito boa, tem acessibilidades por mar e pelo ar. Tem uma pista com três quilómetros e tal, tem um porto de mar gigantesco. Têm de transportar partes dos foguetões, para serem montados localmente, e os satélites e os combustíveis também têm de chegar aí. ”Estas conclusões resumidas por Nuno Ávila constam de um sumário-executivo do relatório, que se pode consultar agora em papel nos escritórios em Lisboa da Deimos Engenharia – mas o próprio relatório, de mais de mil páginas, é confidencial e foi entregue esta semana à ESA. Foi um dos cinco estudos que decorreram em paralelo no concurso lançado pela ESA para analisar a viabilidade técnica e económica de levar a cabo lançamentos de pequenos foguetões na Europa. E, no seu caso, olhou em detalhe para a ilha de Santa Maria e o sítio de Malbusca. “Este local oferece condições muito atractivas a nível europeu. Na Europa não há muitos sítios para se fazerem lançamentos”, nota ainda Nuno Ávila, dizendo que a sua empresa já estuda a ilha de Santa Maria há alguns anos. Estamos a falar do lançamento de foguetões (ou lançadores, na gíria aeroespacial) que transportam satélites até 200 quilos, para órbitas baixas, abaixo dos 500 quilómetros da Terra. “Estes pequenos lançadores são de baixo custo, os próprios satélites são de baixo custo. É a grande tendência do mercado”, diz Nuno Ávila. Um mercado que, segundo o sumário-executivo, em 2017 atingiu um número recorde de 328 pequenos satélites lançados. Neste estudo, a Deimos Engenharia e a Orbex olharam para a procura mundial dos serviços de pequenos foguetões, para lançar pequenos satélites, a concorrência existente e as condições logísticas e de segurança, entre outras. Partindo daí, e traçando cenários para a evolução deste mercado, uns mais optimistas, outros mais pessimistas, chegaram a uma estimativa de quantos lançamentos poderão vir a fazer-se por ano dos Açores – cerca de 12. “Fez-se uma avaliação ao mercado global e um filtro para o que é realista lançar-se dos Açores (do ponto de vista técnico, político, etc. ). Em seguida, avaliou-se a concorrência (…) e conclui-se que existem boas possibilidades de negócio. ”Neste momento, o processo mais avançado para fazer lançamentos de pequenos foguetões do continente europeu é o da Escócia, na península de A'Mhoine. A Orbex acaba de vencer um prémio (tal como a Lockeed Martin) para desenvolver um foguetão, neste caso o Prime, no contexto da criação de um porto espacial na Escócia, refere um comunicado da empresa portuguesa. E a Deimos, acrescenta Nuno Ávila, já é também um dos investidores da Orbex. Para fazer os lançamentos espaciais da Europa, o sítio mais perto fica actualmente em Kourou, na Guiana Francesa, na América do Sul. O foguetão mais pequeno da Europa em operação hoje é o Vega, que transporta 1500 quilos, enquanto o Ariane 5, também da Europa, já é um grande foguetão, capaz de levar lá para cima 15. 000 quilos. Além disso, os satélites pequenos têm de ficar à espera de “boleia” em foguetões grandes de agências espaciais, como a NASA e a ESA e das suas congéneres russas, chinesas indianas ou japonesas. “Os satélites tornaram-se mais pequenos, mas os veículos de lançamento não. Por isso, os operadores de pequenos satélites têm de esperar por uma vaga conveniente num veículo grande ou arranjar um lançamento partilhado com muitos outros satélites pequenos”, lê-se no sumário do relatório. “São lançados quando é possível, nas órbitas possíveis e por preços por vezes demasiado altos – nada disto é compatível com as necessidades destes pequenos satélites. Isto abre um novo mercado, em que os satélites pequenos são lançados em lançadores pequenos, quando querem, na órbita pretendida e por um preço adequado a este mercado”, sublinha-se por sua vez no comunicado. “Um dos objectivos da Deimos é criar condições para a operação de lançadores que queiram tirar partido da região, propondo para os Açores um ‘porto espacial’ pequeno, limpo e seguro. A combinação do lugar da Malbusca com lançadores de dimensões e tecnologias de propulsão limpas, como é o caso do Prime, e outros da mesma natureza, é ideal”, refere ainda o comunicado. “Este porto espacial colocará Portugal no clube exclusivo das oito nações mundiais com acesso ao espaço, e será o único porto espacial da União Europeia a menos de 1500 quilómetros da Europa continental (Kourou, o actual centro de lançamentos da ESA, está a mais de 7000 quilómetros de Paris). ”No entanto, o estudo aponta que Malbusca como local candidato a lançamentos espaciais tem “dimensões limitadas”. Anda assim, é considerado claramente suficiente para ter uma rampa de lançamento. “Mas uma rampa pode comportar mais do que um foguetão. É possível operar dois ou mais lançadores em sequência, desde que a calendarização seja bem gerida”, responde Nuno Ávila. E como o espaço é limitado, a segurança, frisa o sumário do relatório, é da máxima importância. “Foi realizada uma avaliação minuciosa com um painel externo independente para o caso do lançador da Orbex. Concluiu-se que no pior cenário credível não haveria qualquer impacto na população local, que está concentrada a 1, 3 quilómetros do local candidato a lançamentos”, lê-se. A segurança já era um dos aspectos tidos em conta no relatório da Universidade do Texas, divulgado em Fevereiro deste ano. Entre os quatro locais com melhor pontuação para receber um centro espacial – Fajã Lopo Vaz (na ilha das Flores), sítio de Ponta Delgada (na ilha das Flores), Estação Loran da NATO (na ilha de Santa Maria) e lugar da Malbusca –, ganhou Malbusca. Além das condições de segurança, destacava-se a amplitude e orientação do seu “corredor de lançamento”, considerando que Malbusca era “tecnicamente viável”, ainda que se ressalvasse a necessidade de mais estudos centrados em questões específicas como a viabilidade financeira do projecto, a própria segurança ou o impacto ambiental. Para Nuno Ávila, a Europa irá ter rapidamente pequenos foguetões, para se manter competitiva em relação aos Estados Unidos e à China. “Esses lançadores requerem uma base de lançamento na Europa, que todos os países querem ter, porque lhe confere soberania de acesso ao espaço”, considera, citado no comunicado, o responsável da Deimos Engenharia. “Portugal tem uma rara geografia que reúne condições para este tipo de actividade – há mais um ou dois locais na Europa que podem ser considerados. É uma corrida. ”E, em seguida, Nuno Ávila deixa a propósito desta corrida alguns avisos à navegação política em Portugal sobre o espaço. “É de todo interesse agir já, com passos consistentes e coordenados entre a indústria e as instituições, e estabelecer rapidamente a posição nacional através dos primeiros interessados, se queremos estar a voar em três anos. ”Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Também Chris Larmour, director-executivo da Orbex, deixa claro as intenções para os Açores e nota que, antes de mais, é uma questão política. “Os Açores são o complemento ideal ao Reino Unido, onde o estabelecimento do porto espacial está mais avançado. Não só haverá clientes com preferência pelos Açores, como permitirá gerir os lançamentos que a empresa conta fazer à medida que a procura aumenta”, refere este responsável. “É importante que, tal como no Reino Unido, os apoios institucionais surjam atempadamente e que a regulamentação espacial portuguesa seja competitiva, como apontado no estudo para a ESA. A Orbex sempre considerou operar a partir de dois locais. A razão por que Escócia acontece primeiro é muito devido à rapidez dos apoios institucionais. ”Ainda está a ser desenvolvido, mas o Prime terá cerca de 17 metros de altura, com dois andares, transportará cargas de até 200 quilos e, como dizem a Deimos Engenharia e a Orbex, poderia descolar tanto da Escócia como dos Açores. Está a considerar-se, segundo Nuno Ávila, fazer o primeiro voo deste foguetão daqui a três ou quatro anos – ou seja, lá para 2021 ou 2022. “Usa combustível líquido, fácil de transportar e compatível com o ambiente pristino dos Açores”, assinala ainda o sumário, acrescentando que neste estudo considerou-se uma variedade de aspectos ambientais, como as espécies protegidas, a contaminação, a água ou áreas geológicas protegidas, “e todas as conclusões foram positivas”. Em suma, começam a aparecer os estudos sobre um centro espacial nos Açores, há foguetões a serem desenvolvidos, o que terá de se seguir é uma decisão política, seja ela qual for, e claro o dinheiro.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA NATO NASA
Na Índia, o combate às notícias falsas faz-se porta a porta
Numa das zonas mais pobres da Índia, a polícia está a bater às portas para alertar para o perigo das informações falsas espalhadas pelo WhatsApp. Dezenas de pessoas já morreram em todo o país devido a ondas de pânico causadas por boatos. (...)

Na Índia, o combate às notícias falsas faz-se porta a porta
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento -0.40
DATA: 2019-03-14 | Jornal Público
SUMÁRIO: Numa das zonas mais pobres da Índia, a polícia está a bater às portas para alertar para o perigo das informações falsas espalhadas pelo WhatsApp. Dezenas de pessoas já morreram em todo o país devido a ondas de pânico causadas por boatos.
TEXTO: As autoridades indianas estão a recorrer a técnicas clássicas de contacto pessoal directo para combater um flagelo tecnológico moderno, visitando habitantes de áreas rurais do país para, porta a porta, explicar que não podem acreditar em todas as informações que recebem através da Internet. Em causa estão sobretudo boatos, notícias falsas e vídeos manipulados ou retirados do seu contexto original que dão origem a ondas de pânico e de linchamentos que já causaram a morte a dezenas de pessoas desde Abril (e pelo menos 25 só este Verão). O principal instrumento para a difusão destes boatos é a aplicação WhatsApp, que conta com mais de 200 milhões de utilizadores na Índia. Naquele país, a internet móvel está cada vez mais acessível devido à venda de telemóveis chineses em segunda mão, a custos muito reduzidos. Aliada a elevados índices de iliteracia, a tendência comporta riscos frequentemente fatais. No estado indiano de Telangana, porém, onde se localizam algumas das áreas mais pobres de todo o país, as autoridades estão a ganhar a guerra contra as notícias falsas, como conta a BBC. A estação britânica descreve ruas vazias durante a noite perante o temor de ameaças fictícias. Através do WhatsApp, circulavam desde Abril vídeos e mensagens áudio a alertar para ladrões de órgãos humanos e para raptores de crianças. Para além de populações inteiras fechadas em casa, os boatos levaram a ataques a várias pessoas supostamente suspeitas de tráfico de órgãos ou de rapto de crianças (em todos os casos, as vítimas não tinham qualquer relação com os alegados crimes). Ali, em Telangana, uma chefe da polícia local, Rema Rajeshwari, decidiu combater offline um flagelo online. Recorrendo aos cerca de quatro mil “polícias de aldeia” (a polícia comunitária comum na Índia rural) para bater às portas de cada casa e explicar o que era uma notícia falsa e que partilhá-la é um crime. Foram intensificadas as patrulhas nocturnas, para dissipar os receios das populações, e foram distribuídos os contactos telefónicos dos agentes. Ao mesmo tempo, estes foram adicionados a grupos populares do WhatsApp para vigiar o seu conteúdo e alertar para a presença de boatos. Foram ainda formados grupos de animação cultural para cantar e interpretar pequenas peças humorísticas a alertar para os perigos das notícias falsas. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Se no resto da Índia (e noutros países, como na Birmânia e no Sri Lanka, tanto através do Whatsapp como do Facebook) os boatos continuam a matar, na área rural de Telangana sob a jurisdição de Rajeshwari deixou de haver registo de mortes causadas por ondas de pânico difundidas através do WhatsApp. É uma de várias tácticas possíveis. Noutras partes da Índia, ensaiam-se outras estratégias. Em Kerala, por exemplo, o combate às notícias falsas faz-se nas salas de aula. A nível nacional, o Governo recorre a medidas mais drásticas, ditando o encerramento temporário do WhatsApp quando existe a ameaça de ondas de violência causadas por boatos. Texto editado por Pedro Guerreiro
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave crime morte guerra humanos violência rapto pânico
A REN, de nacional, tem o N
O Estado deve forçar esta empresa privada a conseguir uma solução que concilie a importância da construção de gasoduto com o respeito pelo património nacional (...)

A REN, de nacional, tem o N
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-07-16 | Jornal Público
SUMÁRIO: O Estado deve forçar esta empresa privada a conseguir uma solução que concilie a importância da construção de gasoduto com o respeito pelo património nacional
TEXTO: O gasoduto que a REN — Redes Energéticas Nacionais está a projectar para o Douro não é um processo pacífico e inócuo. A obra, para unir a rede portuguesa e espanhola de gás, vai invadir insolentemente uma área classificada como Património Mundial da Humanidade. É claro que um gasoduto não tem as mesmas repercussões de uma barragem, mas a sua construção implicará transformações numa paisagem que deveria manter-se imaculada e protegida. De resto, não é aceitável o modo como a empresa tem vindo a conduzir o processo. O Icomos (Comissão Nacional Portuguesa do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios) não foi oficialmente informada da obra e a recomendação que faz é a mais óbvia: a opção por um traçado alternativo e sem invadir a Região Demarcada do Douro. Mais: o estudo de impacte ambiental tem um ano, mas a sua existência não é do domínio comum; a discussão pública do mesmo terá ocorrido num domingo de Agosto; as autarquias e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, a que também compete zelar pela defesa do património, só tomaram conhecimento da obra muito recentemente. . . Como se isto não bastasse, a ERSE (Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos) pronunciou-se negativamente, em 2016, sobre os investimentos da REN no transporte de gás natural, porque o preço do gasoduto não será inócuo para particulares e empresas. E este já é um país onde o tarifário do gás natural é dos mais altos da Europa. Num parecer enviado ao Governo, a ERSE aconselhou a olhar com prudência para o investimento e a aguardar primeiro pela clarificação do tema da comparticipação financeira europeia e da coordenação com Espanha e França na criação deste corredor energético. Compete ao Governo tornar este investimento menos intrusivo e ainda há tempo para isso: a declaração de impacte ambiental não foi emitida e a obra não foi licenciada. Com a REN vendida ao Estado chinês, não se espera que ela faça o que não lhe compete: olhar o interesse nacional em detrimento do interesse dos seus accionistas. O que se pede é que o Estado exija desta empresa privada uma solução que concilie a importância do gasoduto com o respeito pelo património nacional e que opte por uma travessia por território menos povoado e destituída desta importância. Afinal, a REN, de nacional, tem pouco, apenas o N.
REFERÊNCIAS:
Entidades ERSE
Para surpresa de todos, Trump diz que vai acabar com manobras militares
Os exercícios militares sempre foram contestados pela Coreia do Norte, mas considerados necessários pelas forças militares dos EUA e da Coreia do Sul. (...)

Para surpresa de todos, Trump diz que vai acabar com manobras militares
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento -0.1
DATA: 2018-07-22 | Jornal Público
SUMÁRIO: Os exercícios militares sempre foram contestados pela Coreia do Norte, mas considerados necessários pelas forças militares dos EUA e da Coreia do Sul.
TEXTO: “Vamos parar com os jogos de guerra”: o anúncio foi feito pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na conferência de imprensa que aconteceu na ilha de Sentosa, Singapura, horas depois do histórico encontro de Trump com o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un. A decisão de Trump, que classifica as manobras militares como “provocatórias e inapropriadas”, não está contemplada no documento assinado pelos dois e foi a grande surpresa da cimeira. Não se sabe ainda se a decisão dos Estados Unidos de deixar de participar nos exercícios conjuntos com a Coreia do Sul será imediata. O Comando Militar dos Estados Unidos na Coreia do Sul disse que “não recebeu nenhuma nova orientação na execução ou cessação dos exercícios militares”, disse a porta-voz do comando norte-americano, Jennifer Lovett. “Em coordenação com os nossos parceiros [sul-coreanos], continuaremos com a nossa postura militar até que recebamos novas orientações por parte do Departamento da Defesa”, acrescentou. As manobras militares mais recentes decorreram no início de Abril e foram mais suaves do que as anteriores, tendo também durado menos tempo. Os próximos agendados são os exercícios anuais – chamados "Ulchi Freedom Guardian", que testam a capacidade de defesa dos EUA e da Coreia do Sul em caso de uma possível ofensiva da Coreia do Norte –, esperados para Agosto ou Setembro. “Neste momento, o significado e a intenção das declarações do Presidente Trump requerem um entendimento mais claro”, afirmou o gabinete presidencial da Coreia do Sul. No Sul, esta questão é alvo de debate interno: enquanto os conservadores sul-coreanos defendem que qualquer alteração nos exercícios anuais pode pôr em causa a segurança nacional, os liberais acreditam que a solução pode ser boa se conduzir a uma saída diplomática da crise. Uma decisão de abolir estes exercícios militares sempre foi até hoje negada pelas forças militares dos EUA e da Coreia do Sul. Na conferência de imprensa, Trump referiu ainda que quer trazer as forças militares norte-americanas que estão na Coreia do Sul (são mais de 28 mil) “de volta para casa”, mas que isso “não faz parte da equação para já”. O fim das manobras conjuntas é uma exigência de longa data da Coreia do Norte, que os vê como uma provocação. Geralmente, o regime norte-coreano responde com testes de armamento ou declarações de guerra sempre que estes exercícios ocorrem. Curiosamente, Trump usou a mesma expressão — "provocatórios" — para os qualificar durante a conferência de imprensa, para além de ter insistido em várias ocasiões que são "muito caros". Em Maio, a Coreia do Norte voltou a mostrar-se contra os exercícios militares dos EUA e da Coreia do Sul, manifestando particular desagrado pela possível utilização de bombardeiros B-52 nos exercícios, que reaviva a memória do devastador bombardeamento norte-americano durante a Guerra da Coreia, entre 1950 e 1953. Também a China tem vindo a defender a suspensão simultânea tanto destas manobras militares por parte dos Estados Unidos como do programa nuclear da Coreia do Norte. Para o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, esta suspensão recíproca permitiria reduzir a tensão e “devolver as partes à mesa de negociações”. No acordo assinado por Kim e por Trump, é referido que os EUA darão garantias de segurança à Coreia do Norte durante o processo de desnuclearização da península. Questionado sobre como vai garantir o cumprimento do acordo por parte da Coreia do Norte – tendo em conta que esta não é a primeira vez que a Coreia do Norte se compromete a abandonar o desenvolvimento de armas nucleares –, Trump foi vago e disse que isso seria conseguido “tendo muita gente lá”, mencionando observadores americanos e internacionais; acrescentou ainda que não haveria qualquer redução do número de militares no local e que estaria em causa “uma grande quantidade de dinheiro”. E se Kim não honrar a sua palavra? “Acho sinceramente que o fará. Posso estar errado. Daqui a seis meses posso dizer ‘hey, estava errado’”, disse Trump na conferência. “Não sei se o admitirei verdadeiramente, mas arranjarei alguma desculpa”, brincou. Por agora, o que Trump sabe é que os norte-coreanos “querem fazer acordos”: “Sei quando alguém quer fazer um acordo e sei quando não o querem. O meu instinto diz-me que eles querem fazer um acordo e isso é óptimo para o mundo. ” Para o Presidente dos EUA, a Coreia do Norte já provou o seu empenho no processo de desnuclearização ao destruir uma instalação nuclear – uma referência ao complexo de Punggye-ri, desmantelado há três semanas. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Trump disse que o processo de desnuclearização poderia ser concluído rapidamente, mas não especificou um intervalo de tempo. Assim que a ameaça nuclear deixe de ser um problema, diz, as sanções à Coreia do Norte poderão ser suspensas; Trump espera também que haja uma melhoria da “complicada” situação dos direitos humanos antes que tal aconteça. Para já, as sanções aplicadas ao regime de Pyongyang continuam a ter efeito. Ainda que o líder dos EUA tenha começado por dizer no final da cimeira que iria, “sem dúvidas”, convidar Kim para visitar a Casa Branca, acabou por dizer que o faria no momento adequado. O Presidente dos EUA também não pôs de parte a possibilidade de ir até Pyongyang, referindo, de igual forma, que só o faria quando o momento fosse mais adequado. “Provavelmente precisaremos de uma nova cimeira”, admitiu ainda, referindo que gostaria que a China e a Coreia do Sul fizessem parte das negociações. com João Ruela Ribeiro
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
Daimler e Bosch vão testar carros autónomos partilhados na Califórnia
As duas fabricantes alemãs querem automóveis com um nível de autonomia entre quatro e cinco, os mais elevados. A Nvidia irá fornecer os processadores. (...)

Daimler e Bosch vão testar carros autónomos partilhados na Califórnia
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.4
DATA: 2018-08-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: As duas fabricantes alemãs querem automóveis com um nível de autonomia entre quatro e cinco, os mais elevados. A Nvidia irá fornecer os processadores.
TEXTO: A Bosh e a Daimler (dona da marca Mercedes-Benz) querem pôr a sua frota de carros autónomos, sem condutor, a circular nas estradas da Califórnia, EUA, na segunda metade de 2019. A estratégia passa por reforçar as opções de transportes públicos na cidade. O prazo e o local dos testes iniciais foram estipulados esta semana, num comunicado conjunto das duas fabricantes. A colaboração entre as duas empresas alemãs nesta área surgiu em 2017, altura em que anunciaram planos para criar um sistema de partilha de viagens com carros que se conduzem sozinhos. O objectivo é disponibilizar carros autónomos para viagens partilhadas ou para transporte privado. A autonomia dos veículos irá variar entre o nível quatro e cinco: no primeiro, o condutor deixa de ser essencial (o carro funciona completamente sozinho em zonas mapeadas e preparadas para a tecnologia), enquanto no nível cinco a autonomia é completa e o volante desaparece. Em 2016, a agência que regula os padrões de segurança dos meios de transporte nos Estados Unidos, definiu uma escala de cinco níveis para as capacidades dos carros autónomos. Nível 0: O condutor é o único a controlar o carro. Nível 1: O carro ajuda o condutor. Por exemplo através de cruise control (mantém o veículo a uma velocidade programada, mesmo quando o condutor já não tem o pé no volante). Nível 2: O carro consegue manter a velocidade do carro, permanecer numa faixa sem se desviar, e desacelerar para evitar obstáculos. Porém, o humano tem de estar sempre atento para controlar o veículo em caso de problema. Já há carros da Tesla assim no mercado. Os próximos níveis ainda chegaram ao mercado. Estão a ser testados. Nível 3: O carro decide. É capaz de fazer uma ultrapassagem em vez de travar, e avisa o condutor para controlar o carro se for necessário. O condutor não tem de estar sempre atento, mas tem de estar pronto para intervir. O novo Audi A8 terá capacidades de nível 3. Nível 4: O condutor não é essencial. O carro consegue conduzir sozinho em zonas seguras, que estão mapeadas e preparadas para receber a tecnologia de carros autónomos. Nível 5: O carro é o único a conduzir. Neste nível não é preciso volantes, pedais, ou condutores no interior do carro. A máquina é capaz de conduzir em qualquer lugar, e tomar decisões. O Google ambiciona lançar um carro deste nível. Os processadores da Nvidia – uma conhecida marca de processadores – serão usados nas unidades de controlo electrónico dos automóveis. “Os veículos autónomos são como computadores complexos sobre rodas. Precisam de ainda mais poder computacional se vão ser utilizados para negociar, automaticamente, viagens numa cidade com trânsito a partir de informação de diversos sensores”, lê-se num comunicado. Desde Abril de 2018 que não é preciso ter um humano ao volante dos carros autónomos na Califórnia. Com 52 programas de condução autónoma autorizados (incluindo da Bosch e da Daimler), o estado norte-americano é considerado o maior "campo de testes" para esta tecnologia. A nova regra, porém, apenas se aplica às fabricantes de carros com tecnologia para controlar o veículo à distância, de forma semelhante a um drone. Nos últimos anos, tanto a Bosch como a Daimler têm aumentado os seus esforços na criação de veículos autónomos. “Muitas cidades enfrentam inúmeros desafios que sobrecarregam cada vez mais o sistema de transporte existentes. O nosso teste [em 2019 na Califórnia] serve para mostrar como as novas tecnologias podem ser uma solução para estes desafios”, explicam as empresas alemãs. Em 2015, a Bosch aliou-se à empresa de navegação TomTom para criar sistemas de mapeamento para carros, e, em Janeiro, lançou uma nova divisão de serviços móveis conectados, a Conected Mobility Services, com mais de 600 trabalhadores. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A Daimler também continua os seus esforços para pôr carros autónomos a circular nas estradas de todo o mundo. Para já, os carros da marca estão a ser testados na Califórnia, EUA, e na Alemanha, mas o mês passado a empresa também conseguiu autorização do governo chinês para começar a testar carros Mercedes-Benz com esta tecnologia nas estradas de Beijing (é a primeira fabricante estrangeira a ser autorizada). Os sistemas informáticos da chinesa Baidu vão ajudar nas viagens. O interesse num futuro em que os carros se conduzem é partilhado por outras grandes fabricantes de carros e empresas tecnológicas, com o Google, a BMW, a Uber, e a Tesla entre os participantes na corrida. Recentemente, a General Motors (dona da Cadillac e Chevrolet) também anunciou planos para criar um serviço de partilha de viagens com carros autónomos. Com a corrida a escalar, a implementação de regulação torna-se importante. Na Península Ibérica, os governos de Portugal e Espanha estão a juntar esforços para criar corredores de teste de veículos autónomos e conectados (um entre Porto e Vigo, e outro entre Évora e Mérida). Já a Alemanha lançou no ano passado normas éticos sobre como os carros se devem comportar em caso de acidente.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA