Duas décadas de um evento que junta todos, mas mesmo todos
O Juntos Pel’Arte, organizado pela Associação Portuguesa de Pais Amigos do Cidadão Deficiente Mental de Matosinhos, celebra até 3 de Dezembro vinte anos do evento com um programa que congrega actividades artísticas levados a cabo por utentes de instituições de solidariedade social dedicadas aos cidadãos com necessidades especiais e por alunos das escolas de concelho. (...)

Duas décadas de um evento que junta todos, mas mesmo todos
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-11-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: O Juntos Pel’Arte, organizado pela Associação Portuguesa de Pais Amigos do Cidadão Deficiente Mental de Matosinhos, celebra até 3 de Dezembro vinte anos do evento com um programa que congrega actividades artísticas levados a cabo por utentes de instituições de solidariedade social dedicadas aos cidadãos com necessidades especiais e por alunos das escolas de concelho.
TEXTO: Na galeria da biblioteca Florbela Espanca, em Matosinhos, há uma exposição que está a ser visitada pelos próprios artistas. É o dia da inauguração e as estrelas que ali expõem as suas mais recentes criações furam em zig-zag por corredores decorados com pinturas em tela, trabalhos de cerâmica e instalações para encontrarem as suas obras-primas. Alguns dos criadores vão descobrindo as suas peças no meio de cerca de uma centena de outras e orgulhosamente anunciam a quem passa: “Esta é minha”. Percebe-se a euforia. É o resultado do trabalho de um ano que agora está no espaço onde deve estar uma obra de arte – numa das salas da cidade que é também morada de eventos artísticos. Porém, o mais importante não é saber quem é o autor de cada um dos trabalhos. Nesta exposição a assinatura não se sobrepõe ao colectivo. É uma exibição sem lugar para egos, prima-donas ou figuras de proa e que tem como cabeça de cartaz apenas uma ideia: a inclusão. É uma ideia que se repete há duas décadas, todos os anos, e que tem como missão fundamental polir o significado do conceito de diferença. O Juntos Pel’Arte, organizado pela Associação Portuguesa de Pais Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM), com o apoio logístico da autarquia local, arrancou esta quinta-feira e até 3 de Dezembro celebra a 20ª edição com um programa que congrega actividades artísticas de alunos das escolas de concelho e de utentes de instituições de solidariedade social dedicadas aos cidadãos com necessidades especiais. Estivemos lá no dia da inauguração, que contou com a presença de cerca de uma centena de pessoas. Quem lá esteve pôde ver e ouvir o Grupo de Musicoterapia da APPACDM de Matosinhos a tocar um medley de clássicos da música popular portuguesa, à entrada da biblioteca municipal. Ao som da guitarra, bateria, caixas chinesas e muitas vozes entoadas pelos utentes ouviu-se Carlos Paião, Marco Paulo e José Cid. “Música, eu nasci prá música, para te ver sorrir e a sonhar”, dizia a entrada de Minha música, do último compositor. O sorriso rasgado de quem interpretava o tema fez-nos acreditar que a terapia recorrendo a melodias e notas musicais tem efeito. Antes disso participou também na sessão de abertura o Grupo de Teatro da mesma instituição da secção do Centros de Actividades Ocupacionais (CAO) da Senhora da Hora. Até à data de encerramento a música e as artes performativas fazem parte do cartaz do evento, entre workshops de dança hip-hop e contemporânea, malabarismo e musicoterapia e espectáculos de teatro, dança e circo. Parte da agenda fazem ainda uma tertúlia que se debruça sobre o tema da inclusão e workshops e ateliers de tapeçaria, trabalhos manuais, arte urbana e fotografia, todos abertos a qualquer pessoa que se queira inscrever. As actividades realizam-se entre várias salas da Biblioteca Florbela Espanca e os Paços do concelho. Durante todo o evento poderá ainda ser visitada a exposição patente na galeria da biblioteca. Grande parte dos trabalhos expostos estão para venda. As receitas revertem na totalidade para as instituições envolvidas no evento. O preço é simbólico – entre 1 euro a 25 euros. Todo o dinheiro angariado servirá, como em anos anteriores, para financiar os materiais usados pelos utentes na manufactura das peças – desde pinturas em azulejo, em tela ou cerâmica. Além dos trabalhos realizados e da programação a cargo das instituições de apoio a pessoas com necessidades especiais, o evento conta de há vários anos para cá com a participação de quase duas dezenas de escolas básicas e secundárias do concelho. São cerca de mil pessoas que estão envolvidas na iniciativa. Não individualizar para não diferenciarExplica-nos a presidente da APPACDM de Matosinhos, Olívia Assunção, que os trabalhos e as peças expostas não estão assinados para que não haja distinções e para que o evento seja efectivamente inclusivo. “A ideia é olhar para a exposição como um todo e não individualizar”, sublinha. Não interessa tanto saber quem fez o quê, mas sim fazerem todos parte do mesmo corpo. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Não há um tema único para os trabalhos que fazem parte da exposição. Há liberdade para explorar a criatividade. Há retratos, paisagens de mar, outras mais urbanas, referências locais e espaço para que se solte a veia mais surrealista. A faixa etária dos executantes vai “dos seis aos setenta”. O tópico escolhido por cada um está também directamente relacionado com a idade e experiência do executante. Para Olívia Assunção, o mais importante acaba por ser o caminho que se tem percorrido ao longo dos anos em direcção à inclusão. Há menos de uma década há frente da instituição, ainda assim, recorda os primeiros anos da iniciativa. “Começou na junta de freguesia de São Mamede Infesta com uma dimensão mais modesta”, relembra. Pouco tempo depois o evento foi acolhido pela autarquia que cedeu as instalações onde ainda hoje se realiza. Passaram duas décadas, muita coisa mudou, mas considera ainda haver muito caminho a percorrer: “Há vinte anos a palavra diferença era mais pesada e tinha outro significado. Hoje o significado já não é o mesmo, mas ainda continua a existir muito preconceito”.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave social corpo circo
Das Flores à Formosa: a segunda vida do alfarrabista despejado
Até dia 28 de Fevereiro, João Soares tem de empacotar os milhares de livros que há 21 anos acumula na Rua das Flores. A mudança magoa. Mas desistir não é opção. Alfarrabista vai abrir na Rua Formosa. (...)

Das Flores à Formosa: a segunda vida do alfarrabista despejado
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-11-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: Até dia 28 de Fevereiro, João Soares tem de empacotar os milhares de livros que há 21 anos acumula na Rua das Flores. A mudança magoa. Mas desistir não é opção. Alfarrabista vai abrir na Rua Formosa.
TEXTO: Passa das cinco da tarde, a noite começa a cair na Rua das Flores, e João Soares faz as contas ao negócio. Até àquela hora tinha vendido apenas cinco livros. Um dia normal na vida de um alfarrabista a moldar-se a um negócio em crise na artéria portuense que os turistas adoram. Não será por eles que Soares terá saudades da sua “casa” quando, a 28 de Fevereiro, fechar definitivamente a porta número 40 da sua livraria. Depois de um aviso de cessação do contrato feito há coisa de um ano, o alfarrabista vai mesmo abandonar a rua onde tem loja há 21 anos. Mas não desistirá do negócio: em Março – ou antes, se as mudanças acelerarem –, estará no número 231 da Rua Formosa. A saga para encontrar um novo espaço no Porto foi longa. João Soares deu de caras com um mercado em estado catatónico, onde descobrir rendas com menos do que quatro dígitos é quase um achado. Na Rua das Flores, diz, o metro quadrado ronda os 70 euros. Noutras zonas apetecíveis para o comércio, está igualmente caro. Até ao aviso de que o prédio seria vendido, tinha um contrato com renda de 85 euros. Por estes dias, paga 750 (e chegou a pagar 850), o mesmo valor que terá de reembolsar na nova casa. No negócio dos livros, João Soares estima vender hoje “metade do que vendia há dois anos”. E se reconhece nisso uma consequência dos deficitários hábitos de leitura dos portugueses e da concorrência da Internet, a metamorfose da cidade também não pode ser esquecida. “Nesta rua, deve haver uns 20 moradores fixos neste momento”, lamenta. “A clientela já não vem para aqui. . . ”. E as enchentes de turismo na rua pedonal, transformada em abrigo de andaimes e materiais de construção, tantos são os edifícios a reabilitar, pouco ajudam: “Os turistas compram postais e tiram fotografias sem pedir autorização. Comprar livros, nem por isso. . . ”Na Rua Formosa, o alfarrabista de 73 anos terá uma loja de tamanho semelhante, mas sem armazém. Esse imbróglio está ainda por resolver: “Falta arrendar um outro local para guardar os livros”, diz, “uns cinco ou seis mil”, contas feitas por baixo. Na artéria junto à Rua de Santa Catarina, Soares terá concorrência – a Livraria Lumière, a cafetaria com livros Alambique, o alfarrabista Manuel Ferreira – e isso é factor de ânimo para ele. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Não foi longe dali que o pai o apresentou um dia aos livros, no Centro Literário Marinho, na Rua de Fernandes Tomás. João Soares teria uns dez anos e nunca mais perdeu o encanto. Morador no Bonfim e estudante no Liceu de Alexandre Herculano, passava horas infindas na Biblioteca Pública Municipal do Porto. Pelos 14 anos, já tinha lido metade da obra de Júlio Verne. O seu primeiro emprego foi numa papelaria na Praça da Batalha, mas foi como bancário, no Banco de Angola, que fez carreira profissional por mais de 30 anos. Sempre com o coração nos livros. “Quando era mais novo, dividia os meus dias em três partes: manhãs, tardes e noites”, conta, sorridente: “Fumava um maço de tabaco por cada parte. Só não fumava a dormir e a ler”. A primeira vez que se pôs a vender foi na feira de Vandoma, recorda: “Estiquei um pano no chão e pus os livros. ” Ganhou o gosto. Não parou mais. Não há palavras capazes de explicar a resistência neste ofício que “não se ensina mas se aprende todos os dias”. João Soares brinca: “É uma pancada que tenho. Não gosto de futebol, não sei jogar cartas, sou um reformado bancário. Ia fazer o quê?”. Do número 40 da Rua das Flores, sairá dentro de dias a última moradora do prédio comprado por investidor chinês. João Soares ficará mais uns meses no rés-do-chão, conformado com o entra-e-sai de gente a analisar a área e a cogitar o futuro da loja. Provavelmente mais um “comes e bebes”, a juntar aos muitos existentes na zona. “É uma tristeza profunda”, deixa sair em surdina, mas não é o fim da história. “Não penso parar. Só mudo de casa. . . ”
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave chinês
O distúrbio bipolar
Trump é o antidiplomata por princípio, que vê inimigos em todo o lado, mas não tanto assim em Moscovo, onde ao mesmo tempo vê um rival e um parceiro. (...)

O distúrbio bipolar
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-07-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: Trump é o antidiplomata por princípio, que vê inimigos em todo o lado, mas não tanto assim em Moscovo, onde ao mesmo tempo vê um rival e um parceiro.
TEXTO: O mundo bipolar acabou. Mas é curiosa a coincidência de ontem ter sido o dia da primeira cimeira entre Trump e Putin, em Helsínquia e de uma cimeira entre União Europeia (UE) e China, em Pequim. Por onde passa, Trump é indelicado em loja de louça delicada: foi assim no G7, foi assim na cimeira da NATO e foi assim na sua grosseira passagem pelo Reino Unido — a ponto de sugerir a Theresa May que processe a UE. A rota de colisão entre esta Administração norte-americana e a Europa tem já um historial e ameaça ir em crescendo: abandono do acordo climático, denúncia do acordo de desnuclearização do Irão e início de uma guerra comercial. Trump é o antidiplomata por princípio, que vê inimigos em todo o lado, mas não tanto assim em Moscovo, onde ao mesmo tempo vê um rival e um parceiro. Se os inimigos estão na UE ou na China, o aliado está na Rússia. A grosseria do seu discurso sobre os países europeus contrasta com a admiração e respeito com que trata Putin. Digamos que os dois são as duas grandes ameaças à Europa de hoje, como se já não bastassem todas as outros. O primeiro assenta a sua política externa num deve e haver comercial, sabendo de antemão que nenhum outro país pode igualar o poderio militar dos EUA e que o mundo ainda depende, em larga escala, da sua economia, como aqui ontem escrevia Teresa de Sousa. O segundo quer aliviar as sanções ocidentais e aspira a reposicionar a Rússia como superpotência. Como lembrou Trump, aqueles dois países têm 90% do arsenal nuclear. O encontro de ontem entre o primeiro-ministro chinês e os responsáveis da Comissão e Conselho Europeu não é inocente neste ambiente de guerra comercial. A China terá tendência para se aproximar da UE à procura de um aliado contra o proteccionismo comercial dos EUA. E A UE terá tendência para fazer o mesmo com o Japão (com o qual assina hoje um acordo comercial que permitirá às empresas europeias uma poupança de mais de mil milhões de euros em taxas alfandegárias. ) Esta eventual aproximação à China poderá não se ficar apenas pela criação de um bloco comercial, quanto mais não seja porque é possível que o entendimento inclua temas como as alterações climáticas ou o acordo nuclear com o Irão. Iremos nós assistir à formação de dois blocos? À esquizofrénica tentativa de aliança entre EUA e Rússia, por um lado, e UE e Ásia, por outro?
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA NATO UE
Longe dos holofotes, as crianças da gruta ficarão “no pequeno mundo que lhes importa”
O grupo de adolescentes preso numa gruta inundada na Tailândia ficou conhecido pelo mundo da noite para o dia. Agora, já fora do hospital, pede-se que a comunicação social respeite a privacidade das crianças para que possam recuperar e ter uma “vida normal”. Mas até que ponto é que a atenção mediática repentina pode afectar estes rapazes? (...)

Longe dos holofotes, as crianças da gruta ficarão “no pequeno mundo que lhes importa”
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento -0.25
DATA: 2018-07-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: O grupo de adolescentes preso numa gruta inundada na Tailândia ficou conhecido pelo mundo da noite para o dia. Agora, já fora do hospital, pede-se que a comunicação social respeite a privacidade das crianças para que possam recuperar e ter uma “vida normal”. Mas até que ponto é que a atenção mediática repentina pode afectar estes rapazes?
TEXTO: O grupo de rapazes resgatados na Tailândia saiu da gruta para enfrentar não só a forte luminosidade do exterior, mas também para encarar os sôfregos holofotes da comunicação social e da esfera pública. A curiosidade era muita: como é que lá foram parar, como é que sobreviveram, como se alimentaram, como pensavam sair de lá. Resta também saber quais os efeitos nos adolescentes de uma exposição mediática tão repentina: “As consequências são muito os adultos que as fabricam”, diz ao P2 a pedopsiquiatra Ana Vasconcelos, considerando que tudo depende de caso para caso e que deve haver espaço para a subjectividade — algo que pode ser importante para os adultos acaba por ser desvalorizado pelos mais novos. “O perigo que existe é o de essa atenção ser capaz de influenciar a forma como a criança se comporta ou como vê o mundo à sua volta”, esclarece o pediatra Paulo Oom, dizendo que isto pode afectar o seu comportamento, mas dificilmente influenciará o seu desenvolvimento psíquico. Ainda que isso não seja exclusivo dos adolescentes — acontece também com adultos — “uma criança tem menos maturidade e pode ser mais influenciada”. Já se fossem crianças pequenas acabariam por não se aperceber do que estava a acontecer, “não tendo qualquer repercussão positiva ou negativa”, garante o neurologista pediátrico Pedro Cabral. Pouco antes da conferência de imprensa dada pelos 12 rapazes que pertencem a uma equipa de futebol e pelo seu treinador de 25 anos na quarta-feira — a primeira aparição em público logo após terem saído do hospital — o porta-voz do Governo tailandês, Sunsern Kaewkumnerd, dizia à AFP que o objectivo do encontro com a comunicação social era precisamente reduzir a curiosidade incessante, e que fossem feitas todas as perguntas que havia a fazer, “para que eles possam voltar para as vidas normais sem que os media os chateiem”. “Não sabemos que feridas têm estas crianças nos seus corações”, argumentava o responsável do Ministério da Justiça tailandês, Tawatchai Thaikaew. Ao longo da conferência, foi reiteradamente pedido que a privacidade dos adolescentes fosse respeitada. Um médico apelou à imprensa que não incomodasse o grupo depois do encontro, já que é importante que passem tempo com a família; um psicólogo que os acompanhou vincou que tais interrupções perturbarão as suas hipóteses de terem “uma vida normal”. Pensar que essa atenção mediática pode arruinar as possibilidades de uma vida normal é exagerado, argumenta Paulo Oom. “Essa atenção vai acabar por deixar de existir e as crianças vão voltar à sua vida normal”. O essencial é que não se deixe, nesta primeira fase, “que a criança fique deslumbrada com toda a atenção e que não sinta falta dessa atenção de que foi alvo”, conclui. E, acrescenta Pedro Cabral, afastar-se das câmaras e dos microfones “faz parte do trabalho de reparação de danos que um susto destes provocou”. Tanto que as perguntas que foram feitas pelos jornalistas durante a conferência de imprensa tinham sido analisadas previamente por uma equipa de pedopsiquiatras, de forma a evitar perguntas que pudessem perturbar os rapazes. Foram submetidas mais de 100 perguntas pelos jornalistas, mas só as que passaram o crivo dos especialistas foram ouvidas. “Foi uma questão de bom senso. Aquelas crianças sofreram no interior da gruta e tudo o que seja estar a remexer nesses sentimentos pode fazer com que a criança reviva experiências que não foram agradáveis”, explica Oom. Apesar dos pedidos, o grupo de rapazes foi acompanhado pela comunicação social numa visita a um templo budista em Mae Sai e um dos rapazes recebeu os jornalistas em sua casa. “Quando voltei para casa, havia tantas pessoas à minha espera, fiquei espantado”, disse à Reuters Duangpet Promtep, mais conhecido por Dom. Tinha até familiares que vieram da China para o ver. Contou ainda que vai criar uma nova conta no Facebook porque a anterior atingiu o número máximo de pedidos de amizade. Os rapazes eram desconhecidos quando entraram na gruta, mas quando saíram de lá já estavam a ser falados por todo o mundo — pela heroicidade e espectacularidade do resgate, por terem conseguido sobreviver em condições duras (só bebiam água das estalactites, tinham pouca comida), por estarem tão calmos numa situação complicada. “Mas o que lhes interessa é o pequeno mundo em que as pessoas vivem, o mundo das pessoas que são importantes para eles. O resto é uma entidade abstracta”, defende Pedro Cabral. Não acredita que a fama possa ter algum efeito psicológico negativo, até porque o motivo pelo que são conhecidos não é mau, não lhes dá má reputação. Há só o perigo de “a criança pensar que é o centro das atenções e que vai ser assim o resto da sua vida, debaixo dos holofotes, mas daqui a algum tempo já poucos se lembram”, completa Oom. “Desconhecemos se isso depois vai ter algum grande impacto em termos de aquilo que a criança vai ser no futuro como adulto, isso ainda não está estudado, a única coisa que sabemos é que vai depender muito da envolvente da criança: dos seus pais, dos seus irmãos, dos seus amigos”, reconhece o pediatra. Mas o efeito desta exposição mediática pode não atingir um patamar tão grave quanto antes, observam os profissionais. “As crianças hoje estão muito expostas, até nas redes sociais, estão habituadas. E grande parte do seu comportamento também é determinado por aquilo que ela vai expondo e que vai vendo acontecer nos outros”, diz Paulo Oom. No caso dos rapazes na Tailândia, “a escala é muito maior, é para o mundo”. “Eles passaram um mau bocado, mas foram bem acompanhados por uma equipa que soube dar conta do recado nos piores momentos, não há motivos para pensar que vão ficar com sequelas”, acredita o neurologista pediátrico Pedro Cabral. Mergulhadores, futebolistas e monges budistasNa conferência de quarta-feira aparentavam estar felizes e recompostos, desdobraram-se em agradecimentos enquanto iam recordando histórias da gruta e se iam rindo com os amigos – como o adolescente que falava da sua comida preferida enquanto dormia na gruta ou quando viram a final do Mundial, já depois do resgate. Foram recebidos como vedetas, com segurança a preceito, grades que separavam os curiosos das crianças e câmaras constantemente apontadas às suas caras. O momento de pesar foi quando falaram da morte do experiente mergulhador voluntário Saman Kunan, de 38 anos, que morreu durante as operações de resgate. Fizeram-lhe uma pequena homenagem em palco, elevando um quadro com a sua fotografia e mensagens escritas por eles, e o treinador Ekkapol Chantawong lamentou a morte e disse que se sentiam culpados por ela. Quanto ao futuro, os rapazes partilharam sonhos de ser jogadores de futebol profissionais ou mergulhadores da Marinha, o que arrancou uma salva de palmas de quem assistia à conferência. Para já, planeiam ingressar temporariamente num templo para serem monges budistas noviços, uma prática comum na Tailândia para quem passa por situações complicadas – como a morte de familiares. Neste caso, serve também para homenagear o mergulhador que morreu enquanto os tentava salvar. “É muito importante que o façamos”, disse Dom. Dul é outro dos rapazes que ficou preso na gruta. Tem 14 anos, nasceu na Birmânia, país vizinho, e fala quatro línguas: tailandês, chinês, birmanês e inglês. É o único do grupo que sabia falar a língua anglófona e foi isso que lhe permitiu comunicar com os mergulhadores britânicos no momento em que os encontraram. “Foi um milagre, fiquei incrédulo”, contou Dul na conferência. Na altura, o treinador preocupou-se porque não conseguia falar inglês e insistiu para que alguém o fizesse. “Tive de pedir ao treinador que se acalmasse”, revelou um dos rapazes. A plateia ri. A meditação como forma de sobrevivênciaOs rapazes e o treinador desapareceram a 23 de Junho na gruta de Thuam Lang, perto de Chiang Rai, no Norte da Tailândia, que ficou inundada pelas fortes chuvas e impediu a saída dos membros da equipa de futebol. Só foram encontrados dez dias após o desaparecimento, depois de ter sido montada uma equipa internacional de socorro. À descoberta jubilante seguiu-se o desafio de os tirar em segurança: uma das hipóteses era esperar que a água desaparecesse, mas o perigo fez com que fossem retirados, ao longo de três dias, com a ajuda de mergulhadores e com os milhões de litros de água bombeados da gruta. Assim que iam sendo resgatados da gruta, iam sendo imediatamente internados no hospital. Além de pequenas feridas e de alguns casos de infecção pulmonar, encontravam-se bem de saúde; o mais grave pode ser a saúde mental, com mazelas que só podem vir a manifestar-se mais tarde, daí que o acompanhamento psicológico tenha de ser imediato. A experiência traumatizante de estar tantos dias preso numa gruta, sem luz, sem comida e sem saber se seriam encontrados, pode fazer com que venham a desenvolver complicações como stress pós-traumático, por exemplo. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Outra coisa a ter em conta “é que os tailandeses têm valores culturais diferentes dos nossos”. Exemplo disso é a forma como a meditação foi utilizada como uma arma de sobrevivência dentro da gruta, quando o treinador Ekkapol lhes ensinou o que tinha aprendido quando era monge budista, pedindo-lhes que se mantivessem calmos e garantindo-lhes que seriam resgatados. “Com a meditação, as emoções e a linguagem para as despertar ficam quase em sintonia, dá uma capacidade de controlar estes mecanismos de adrenalina e medo de uma forma importante e gastando muito pouca energia psíquica”, explica a pedopsiquiatra Ana Vasconcelos. Na sociedade ocidental, considera, “há um frenesim da vida actual, a forma como os miúdos têm de estar sempre ocupados” que faz com que por vezes surja “este fascínio por ter um minuto de fama”. “São coisas que servem para repensarmos os valores da educação que nós, adultos, damos aos miúdos. ”
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave morte educação ajuda adolescente social criança medo chinês desaparecimento
Trump na ONU: "Irão quer enriquecer-se e espalhar o terror pela região"
No arranque da sessão da Assembleia-Geral da ONU, António Guterres, secretário-geral da ONU, salientou a importância de evitar situações de guerra, alterações climáticas e os desafios impostos pela tecnologia (do terrorismo à exploração sexual). (...)

Trump na ONU: "Irão quer enriquecer-se e espalhar o terror pela região"
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento -0.02
DATA: 2018-10-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: No arranque da sessão da Assembleia-Geral da ONU, António Guterres, secretário-geral da ONU, salientou a importância de evitar situações de guerra, alterações climáticas e os desafios impostos pela tecnologia (do terrorismo à exploração sexual).
TEXTO: “O nosso mundo está a sofrer um distúrbio de défice de confiança”, diagnosticou António Guterres, secretário-geral da ONU, durante a sessão de abertura da Assembleia Geral, onde os líderes mundiais apresentam as suas prioridades nesta terça-feira. Guterres pediu ainda aos chefes de Estado de todo o mundo, “os guardiães do bem comum”, como os apelidou, que se comprometessem com “uma cooperação estratégica” para que possam evitar situações de guerra, como as que deflagram na Síria e Iémen. Também o clima esteve na lista de preocupações de Guterres: “As alterações climáticas avançam de forma mais rápida do que nós. ” “Precisamos de ouvir os melhores cientistas do mundo” sobre o tema, aconselhou ainda. As alterações no âmbito do trabalho e os desafios impostos pela tecnologia — e a forma como é usada por terroristas e para a exploração sexual — foram outros dos pontos tocados pelo secretário-geral no seu discurso. Michel Temer, o Presidente brasileiro, foi o primeiro chefe de Estado a discursar. Falou sobre intolerância, a crise migratória e questões como o tráfico humano, de droga e outras formas de crime transnacional. No seu último discurso na tribuna das Nações Unidas, Temer falou ainda sobre democracia, a duas semanas das eleições presidenciais no Brasil. “Uma alternância no poder é a essência da democracia”, afirmou. “Irei entregar a presidência ao meu sucessor com a paz de espírito de ter cumprido a minha tarefa. ” Nas palavras de Michel Temer, o Brasil é agora um país “muito melhor” do que quando entrou para a presidência. Donald Trump chegou atrasado — Lenín Moreno, Presidente do Equador, tomou-lhe o lugar. E logo no início do discurso vangloriou-se pelo que conseguiu em dois anos de presidência. “Em menos de dois anos a minha Administração já conseguiu mais do que qualquer Administração na história do nosso país, os Estados Unidos”, disse. A audiência riu-se. Trump não percebeu a piada, mas esboçou um sorriso: "Não esperava essa reacção, mas está bem". Continuou: "A economia dos EUA está a florescer. " "Conseguimos a construção de um muro e aumentámos a segurança das fronteiras", lista. No entender do Presidente, os EUA são agora mais fortes e um “país melhor” do que há dois anos. “Os mísseis já não voam em todas as direcções. ” Foi assim que Donald Trump começou por descrever as actuais relações entre os EUA e a Coreia do Norte, depois da reunião entre os dois países em Junho, em Singapura. Disse que as conversações com a Coreia do Norte eram um incentivo à paz, mas salvaguardou que “as sanções continuarão até que a desnuclearização aconteça”. Focando atenções no Médio Oriente, Trump dá como maior vitória a retirada do Daesh — grupo “sedento de sangue”, como o descreveu —, dos territórios que ocupavam no Iraque e na Síria. Os objectivos dos EUA são agora conter a escalada de violência na região e o “respeito pela vontade do povo da Síria”. No entanto, deixa um aviso ao líder sírio: se Assad usar armas químicas, os EUA vão responder. As baterias viraram-se logo a seguir para o Irão. Já se previa que Donald Trump apertasse o cerco sobre os iranianos, o que acabou mesmo por acontecer — e o Presidente norte-americano não poupou críticas. Descreveu o país como uma "ditadura corrupta", que "não respeita os vizinhos, as fronteiras" ou os "direitos soberanos das Nações". "Querem apenas enriquecer-se e espalhar o terror pela região. " Condenou o acordo nuclear de 2015 e pediu aos outros países que isolassem economicamente o país. Como exemplo, pediu que não lhe comprassem petróleo, com o argumento de que servirá apenas para "financiar mais matança". “Ninguém mais se vai aproveitar dos EUA”, atirou Trump, com os olhos postos na China. “Não vamos permitir que os nossos trabalhadores sejam vitimizados”, acrescentou referindo a seguir as taxas aduaneiras que impôs sobre produtos de importação chinesa. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Donald Trump virou-se a seguir para instituições internacionais. Condenou o Conselho dos Direitos Humanos da ONU por “proteger os abusadores dos direitos humanos” enquanto acusa o Tribunal Penal Internacional de não reconhecer a “legitimidade” da soberania norte-americana. Falando da situação na Venezuela e do “sofrimento, corrupção e decadência” que se geraram com o socialismo, Trump anunciou novas sanções sobre o país da América Latina a partir desta terça-feira. “Rejeitamos a ideologia do globalismo e adoptamos o patriotismo”, afirmou Trump enquanto apelava aos outros países para fazerem o mesmo. Cada país deve proteger-se a si próprio, “tornar-se grande outra vez” e manter a sua soberania porque essa é a base da democracia, repetiu ao longo do discurso. No entanto, contradisse-se quando acabou a sua intervenção com uma nota sobre a riqueza gerada "pela constelação de nações" com assento nas Nações Unidas. "Deus abençoe as Nações do mundo", disse, a encerrar.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU EUA
Os mil trabalhos dos venezuelanos que fogem da fome e da miséria
Entre novas exigências de documentos e ataques xenófobos é difícil perceber o que vai acontecer. Mais de 2,3 milhões já saíram do país, e a tendência não é de parar. (...)

Os mil trabalhos dos venezuelanos que fogem da fome e da miséria
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-09-23 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20180923192338/https://www.publico.pt/1841572
SUMÁRIO: Entre novas exigências de documentos e ataques xenófobos é difícil perceber o que vai acontecer. Mais de 2,3 milhões já saíram do país, e a tendência não é de parar.
TEXTO: Muitos venezuelanos enfrentam uma escolha impossível: viver num país onde não conseguem o suficiente para comer, quanto mais para comprar medicamentos, transformando doenças curáveis em mortais, ou fazer milhares de quilómetros, dias e semanas, alguns a pé, para passar para um país onde são vistos como um perigo e podem ser alvos de ataques xenófobos. A dimensão das saídas espelha a dimensão da crise, e alguns países vizinhos estão a endurecer as condições para receber quem foge da Venezuela. Tamara Taraciuk Broner, investigadora da Human Rights Watch na Venezuela, diz que é muito difícil prever o que vai acontecer. “O que é certo”, sublinha, numa entrevista telefónica com o PÚBLICO, “é que a não ser que haja uma mudança radical [na Venezuela], as pessoas vão continuar a sair. ” Isto independentemente das autorizações e dos ataques que possam sofrer. Até agora, nota, os países vizinhos têm permitido a entrada de venezuelanos com autorizações especiais (o "cartão andino migratório", diz o jornal espanhol El País) já que na Venezuela neste momento é muito difícil obter um passaporte: o processo burocrático para conseguir este documento pode demorar até dois anos, sublinha a investigadora. A falta de documentação internacional quando saem do país deixa os venezuelanos vulneráveis: a tráfico humano e exploração sexual, por exemplo, e aumenta a dificuldade em fazer queixa às autoridades. Mesmo conseguindo sair da Venezuela, “é muito difícil para estas pessoas reconstruírem as suas vidas”, diz Tamara Broner. A investigadora da Human Rights Watch nota ainda que como muitos não estão registados é difícil ter noção dos números reais de pessoas em fuga, mas aponta o mais recente número das Nações Unidas – que 2, 3 milhões de venezuelanos fugiram – como a base mínima. Cerca de metade estão na Colômbia (mais de um milhão nos últimos 15 meses), e seguem-se o Peru, Equador, Chile, Brasil, Argentina e também Panamá, enumera. Outro dado novo é a subida de venezuelanos a pedir asilo nos EUA, diz Tamara Broner. Com os processos a decorrer em tribunal, é difícil perceber qual será a tendência das decisões. A ONU acrescentava que 1, 3 destas 2, 3 milhões de pessoas sofriam de subnutrição. Os EUA propuseram no final da semana passada enviar um navio-hospital para a Colômbia para aliviar a carga sobre o sistema de saúde colombiano dos doentes venezuelanos. Pouco depois, Caracas informou que um navio hospital chinês ia em direcção à Venezuela para "ajudar a contornar a sabotagem dos EUA". O anúncio, no fim-de-semana, de que o Equador iria impor a apresentação do passaporte, assim como o Peru, deixou muitos venezuelanos recém-chegados à fronteira sem saber o que fazer. A agência britânica Reuters conta que em Ipiales, um dos pontos da Colômbia onde se concentravam pessoas em fuga, alguns grupos de venezuelanos queriam fazer “o que é correcto” e aguardavam ordens das autoridades, mas outros resolveram passar a fronteira mesmo assim – temendo que a situação piorasse e já a sofrer com o frio a que não estão habituados; muitos a dormir no chão de cimento, a não conseguir driblar o frio nem com roupa a dobrar. Mas hesitavam em continuar viagem temendo ficar em situação irregular. "Só queremos continuar", dizia Jorge Luis Torralba, que viajava com a família, incluindo duas crianças, e alguns amigos. A única coisa que o impedia de seguir era pensar no que aconteceria aos filhos se fosse preso por desobedecer. No Twitter, o jornalista do Guardian Tom Phillips, que falou com dezenas de pessoas em Tulcán, pequena cidade do Equador, perto da fronteira com a Colômbia por onde têm passado, e ficado, muitos venezuelanos, diz que “é impossível pôr todas as histórias agonizantes de desespero e determinação num artigo”. Não são “escravos e pedintes” à procura "do mel" no estrangeiro, na descrição do Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, sublinha o jornalista. “São pessoas a tentar manter-se vivas. ”Phillips escolheu partilhar uma história entre muitas outras: a de Daniel, carpinteiro de 27 anos, que andou mais de dois mil quilómetros, entre boleias e caminhadas, até à cidade equatoriana para poder ganhar dinheiro para a quimioterapia da filha de três anos, diagnosticada no ano anterior. Enquanto ouvia a história de Daniel, Phillips relata uma manifestação na cidade de Tulcán, que atravessa uma crise económica. Os manifestantes pediam mais trabalhos e melhores condições, mas nem os organizadores escondiam que o motivo do protesto eram “estes senhores da Venezuela”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. No Brasil, o estado de Roraima, na fronteira com a Venezuela, pediu ao Supremo que impedisse a entrada de venezuelanos, com responsáveis a queixar-se de que os serviços do Estado não conseguem dar apoio suficiente a quem chega e que houve um aumento do crime. É já o segundo pedido feito ao tribunal, que recusou o anterior. No fim-de-semana, uma cidade deste estado, Pacaraima, foi palco de violência. Um relato de um roubo de um dono de um restaurante, alegadamente por um grupo de venezuelanos, levou uma multidão a atacar os “campos de migrantes”, queimando tendas e até comida, e forçando cerca de 1200 venezuelanos a atravessar de novo a fronteira para o seu país. “Temos a nossa cidade de volta”, congratularam-se. Episódios como este “mostram que não há solução fácil”, nota Tamara Broner. “É um enorme desafio. ”
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Entidades ONU EUA
Taiwan perde mais um amigo para a China, o sexto sob a liderança de Tsai
El Salvador é o mais recente aliado a trocar a amizade com Taipé pelos milhões de Pequim. Isolamento não preocupa a Presidente: “Quanto mais nos reprimem, mais determinados nos sentimos para nos aproximarmos do mundo”. (...)

Taiwan perde mais um amigo para a China, o sexto sob a liderança de Tsai
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento -0.3
DATA: 2018-09-23 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20180923192338/https://www.publico.pt/1841669
SUMÁRIO: El Salvador é o mais recente aliado a trocar a amizade com Taipé pelos milhões de Pequim. Isolamento não preocupa a Presidente: “Quanto mais nos reprimem, mais determinados nos sentimos para nos aproximarmos do mundo”.
TEXTO: Na lista dos (poucos) aliados de Taiwan foi riscado mais um nome: El Salvador. O pequeno Estado da América Central oficializou esta terça-feira o corte de relações diplomáticas com Taipé e a inauguração dos laços com Pequim, em mais um duro golpe nas aspirações da ilha em ser reconhecida como Estado. É já o sexto país a virar as costas a Taiwan – o terceiro no bastião taiwanês na América Latina – desde que Tsai Ing-wen chegou à presidência da ilha, há pouco mais de dois anos. A Presidente do território reivindicado pela República Popular da China como uma província sua, “temporariamente ocupada”, está a colher as consequências de ter abdicado de uma estratégia cooperante com o princípio da existência “uma só China” – sagrado para Pequim e respeitado, ainda que com reservas, pelos antecessores de Tsai. Privilegiou uma abordagem mais próxima da autonomia e mais distante da reunificação. Esta decisão, provocadora aos olhos da China continental, levou Xi Jinping a redobrar esforços na implementação do plano chinês de isolamento internacional de Taiwan. Para além da persistência em demandas diplomáticas para a manter Taiwan fora das principais organizações internacionais e da pressão exercida sobre empresas estrangeiras para se referirem à ilha como território chinês, foram intensificados os contactos com os 23 países que, à data da eleição de Tsai, privilegiavam a legitimidade de Taipé, em detrimento de Pequim. Burkina-Faso, Gâmbia, São Tomé e Príncipe, Panamá, República Dominicana e, agora, El Salvador são os mais recentes membros do clube de Xi, que impõe como requisito de adesão um juramento favorável ao princípio da inalienabilidade do território chinês – com Taiwan incluída. Para as autoridades taiwanesas, estes “contactos” de Pequim não são mais do que promessas de investimentos avultados e regalias económicas. Um tipo de competição em que Taipé se recusa a participar. “Não vamos envolver-nos na ‘diplomacia do dólar’ da China”, disse o secretário dos Negócios Estrangeiros de Taiwan, Joseph Wu, citado pelo El País, revelando que El Salvador pediu recentemente à ilha “enormes fundos” para construir um porto e que essa petição foi rejeitada devido à “inviabilidade” do negócio. Salvadorenhos e chineses negam, no entanto, as acusações de Wu. Lu Kang, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Pequim, garantiu nesta terça-feira que os latino-americanos não impuseram “quaisquer pré-condições económicas” e esclareceu que a China está aberta a estabelecer relações diplomáticas com “qualquer país que aceite a existência de ‘uma só China’”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Já Sánchez Cerén, Presidente de El Salvador, limitou-se a destacar as “oportunidades extraordinárias” trazidas pela sua decisão, num comunicado ao país em que elogiou profundamente o “papel importante da China” na “promoção da paz mundial e do desenvolvimento partilhado”. A “traição” de El Salvador é um soco no estômago de Tsai, que ainda recentemente saíra dos Estados Unidos – onde fez escala no regresso de um périplo pelo Paraguai e pelo Belize – com a sensação de ter conquistado uns pontos à China, devido ao mediatismo internacional que a sua visita às instalações da NASA em Houston (Texas). Foi a primeira vez, desde a normalização as relações Pequim-Washington, em 1979, que um Presidente de Taiwan pôs um pé num edifício do Governo federal norte-americano, em visita oficial. Sem descurar das alfinetadas à China, a mensagem da líder taiwanesa à luz da redução do número de aliados para apenas 17 países é, no entanto, de enorme confiança: “Vamos virar-nos agora para países com os mesmos valores que os nossos para lutarmos, juntos, contra o comportamento internacional cada vez mais descontrolado da China. Quanto mais nos reprimem, mais determinados nos sentimos para nos aproximarmos do mundo”.
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Entidades NASA
Justiça espanhola investiga compra do BPI pelo CaixaBank
A investigação parte de uma denúncia contra o CaixaBank e os seus dirigentes, entre eles, o actual presidente do grupo, Gonzalo Gortázar, por eventuais crimes de mercado e societários. (...)

Justiça espanhola investiga compra do BPI pelo CaixaBank
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-10-06 | Jornal Público
SUMÁRIO: A investigação parte de uma denúncia contra o CaixaBank e os seus dirigentes, entre eles, o actual presidente do grupo, Gonzalo Gortázar, por eventuais crimes de mercado e societários.
TEXTO: O Tribunal Nacional espanhol decidiu que havia suspeitas suficientes para abrir investigações ao CaixaBank por possíveis ilegalidades cometidas durante a compra do controlo efectivo do BPI, uma operação que acabou relacionada com a venda pelo banco português de 2% do Banco de Fomento de Angola ao grupo de Isabel dos SantosA decisão foi agora revelada, está a ser noticiada por toda a comunicação social espanhola e resulta de uma queixa entregue no Ministério Público espanhol contra o CaixaBank, o ex-presidente Isidro Fainé e o actual presidente Gonzalo Gortázar, assim como outros gestores de topo do grupo: o ex-director general das relações internacionais, Antonio Massanell, os assessores da presidência, Alejandro García Bragado e Oscar Calderón, e o director de compliance, Juan Antonio Álvarez García. Na sequência foram abertos procedimentos de investigação sobre um processo que pode ter gerado, segundo o juiz, centenas de milhões de euros de prejuízos para os accionistas do CaixabankA imprensa espanhola refere que os visados são suspeitos de “presumíveis abusos de mercado, administração desleal e delitos societários” relacionados com operações complexas realizadas quando o CaixaBank assumiu o domínio efectivo do BPI, onde até 2017 tinha uma posição minoritária. De acordo com uma nota do juiz que abriu as investigações, referida pelo El Mundo, o maior accionista do BPI e os seus gestores (do CaixaBank) são suspeitos de “uma série de operações presumivelmente irregulares em torno do contrato de permuta do Caixa Bank com o seu accionista, a holding Criteria, com a finalidade de adquirir o banco português, assim como de dar um crédito de 400 milhões de euros ao Banco de Fomento de Angola, para levantar as restrições” ao negócio. Fonte oficial do banco espanhol esclareceu ao PÚBLICO que “o CaixaBank reafirma que todas as operações realizadas para a tomada de controlo do BPI bem como a permuta de acções no BEA e na GF Imbursa com a Criteria foram realizadas no cumprimento estrito dos requisitos legais e submetidas ao conhecimento ou autorizações dos reguladores pertinentes”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Desde 1995 que o CaixaBank estava representado no capital do BPI, mas com uma posição minoritária. Em 2017, através de uma OPA que se revelou complexa, o banco espanhol passou a controlar mais de 84, 4% do BPI. Um investimento de 644, 5 milhões de euros e que foi antecedido de uma alteração à lei portuguesa para permitir desblindar os estatutos do BPI, e levantar os obstáculos à tomada de controlo do CaixaBank. No passado dia 18 de Abril, já outro juiz havia aberto uma investigação contra o Caixabank por ter alegadamente colaborado num esquema de branqueamento de capitais da máfia chinesa. Notícia actualizada às 18h18 com mais informação, nomeadamente a posição do Caixabank
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Palavras-chave lei tribunal social
China pressiona EUA para cancelar encontro entre Obama e Dalai Lama
A China pressionou hoje os Estados Unidos para cancelar o encontro entre Obama e Dalai Lama, depois da Casa Branca ter anunciado a reunião nesta sexta-feira. (...)

China pressiona EUA para cancelar encontro entre Obama e Dalai Lama
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-07-16 | Jornal Público
SUMÁRIO: A China pressionou hoje os Estados Unidos para cancelar o encontro entre Obama e Dalai Lama, depois da Casa Branca ter anunciado a reunião nesta sexta-feira.
TEXTO: “Este encontro sublinha o forte apoio dado pelo Presidente para a preservação da identidade religiosa, cultura e linguística única do Tibete, e a protecção dos direitos humanos dos tibetanos”, disse a Casa Branca num comunicado de imprensa. O anúncio foi feito depois de estar agendado um encontro entre o líder espiritual do Tibete e os líderes do congresso dos Estados Unidos, o que já tinha posto as autoridades chinesas em polvorosa. A reunião com o Presidente dos Estados Unidos é a primeira em mais de um ano. “Nós opomo-nos firmemente a qualquer reunião de um governo estrangeiro com o Dalai Lama”, disse Hong Lei, porta-voz do ministro dos negócios estrangeiros chinês. Hong disse ainda que a China pediu aos Estados Unidos para “cancelar o mais cedo possível a decisão de Obama encontrar-se com o Dalai Lama, e não fazer nada que possa interferir com os assuntos internos da China ou que possa causar algum mal às relações entre a China e os EUA”. A China acusa o Dalai Lama, Nobel da Paz, de apoiar o uso de violência para conseguir a independência do Tibete, que é governado desde 1950 pela China. Mas o Dalai Lama recusa estas acusações, referindo que quer uma transição pacífica para um estatuto de autonomia. Os Estados Unidos ainda não responderam à exigência chinesa.
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Entidades EUA
Obama sublinha importância da defesa dos direitos humanos no Tibete
O Presidente norte-americano, Barack Obama, recebeu hoje o líder espiritual tibetano Dalai Lama na Casa Branca. Num encontro realizado apesar da forte contestação manifestada pela China, Obama sublinhou a importância da defesa dos direitos humanos no Tibete. (...)

Obama sublinha importância da defesa dos direitos humanos no Tibete
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-07-17 | Jornal Público
SUMÁRIO: O Presidente norte-americano, Barack Obama, recebeu hoje o líder espiritual tibetano Dalai Lama na Casa Branca. Num encontro realizado apesar da forte contestação manifestada pela China, Obama sublinhou a importância da defesa dos direitos humanos no Tibete.
TEXTO: No encontro com o Dalai Lama Obama reiterou a posição norte-americana de que o Tibete faz parte da China. “O Presidente sublinhou que encoraja ao diálogo directo para resolver o longo diferendo [entre China e Tibete] e que um diálogo que produza resultados seria positivo para a China e os tibetanos”, refere uma nota da Casa Branca. Segundo o mesmo comunicado, Obama reiterou o “seu firme apoio à protecção da cultura, da religião e das tradições tibetanas no Tibete e no resto do mundo”. Ao Presidente norte-americano, o Dalai Lama indicou, por sua vez, que “não pretende a independência do Tibete e que espera que o diálogo entre os seus representantes e o governo chinês possa ocorrer”. O encontro entre os dois líderes decorreu de forma discreta, à porta fechada, sem que tivesse sido autorizada qualquer fotografia. A reunião entre Obama e o Dalai Lama ocorreu apesar de a China ter pressionado os Estados Unidos a cancelar o encontro. “Opomo-nos firmemente a qualquer reunião de um governo estrangeiro com o Dalai Lama”, disse Hong Lei, porta-voz do ministro dos Negócios Estrangeiros chinês. Ainda de acordo com o membro do Governo chinês, foi pedido à Casa Branca que não fizesse “nada que possa interferir com os assuntos internos da China ou que possa causar algum mal às relações entre a China e os EUA”. A China acusa o Dalai Lama, Nobel da Paz, de apoiar o uso de violência para conseguir a independência do Tibete, que é governado desde 1950 pela China. Mas o Dalai Lama recusa estas acusações, referindo que quer uma transição pacífica para um estatuto de autonomia.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA