Stéphane Hessel: "A indignação é mais universal do que eu pensava"
Entrevista a Stéphane Hessel publicada no dia 5 de Maio de 2011 no PÚBLICO. (...)

Stéphane Hessel: "A indignação é mais universal do que eu pensava"
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.083
DATA: 2013-02-27 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20130227160327/http://www.publico.pt/1585954
SUMÁRIO: Entrevista a Stéphane Hessel publicada no dia 5 de Maio de 2011 no PÚBLICO.
TEXTO: Estudou Camões na escola e leu depois Pessoa. "O Livro do Desassossego é maravilhoso", diz. Conheceu Vieira da Silva, cuja pintura admira. Pensava que Sérgio Vieira de Mello era português. . . Stéphane Hessel (n. Berlim, 1917, naturalizado francês) é o autor de Indignai-vos!, o pequeno opúsculo que se transformou num inesperado fenómeno editorial, com mais de milhão e meio de exemplares vendidos em França, e traduções por todo o mundo. O ex-combatente da Resistência, colaborador do general De Gaulle e embaixador da França nas Nações Unidas, que acompanhou a redacção da Declaração Universal dos Direitos do Homem, deslocou-se agora a Lisboa para participar na apresentação do seu livro. Foi a quarta visita à capital portuguesa, depois duma primeira passagem em 1941, a caminho de Londres e das forças da Resistência ao nazismo. Recorda que, nesse ano, arriscou ir ao Casino Estoril, apostou no n. º 5. . . e ganhou. Regressou agora para encontrar-se com Mário Soares, que conhece desde há muito, e que escreveu o prefácio para Indignai-vos! (edição Objectiva). O P2 falou com Hessel na véspera da sessão marcada para o final da tarde de ontem na Fundação Mário Soares. O que é que o liga a Mário Soares?Conhecemo-nos logo a seguir à Revolução dos Cravos, na UNESCO. Encontrei-o depois em Grenoble, numa sessão das Nações Unidas. Mais recentemente, estive com ele num encontro na Fundação Gulbenkian, em Paris. No prefácio do seu livro, Soares considera-o a voz da sublevação das consciências, e alguém que indica o caminho para a renovação da política. Já o leu?Mário Soares teve a grande gentileza de escrever um prefácio, que só agora acabei de receber, mas já percebi que é uma coisa a sério. De facto, tanto ele como eu estamos à procura de qualquer coisa a que chamamos a inventividade política. Não queremos descansar em conceitos já muito usados, como democracia e socialismo, que nos são caros. É preciso interpretar isso à luz do que vem acontecendo nos últimos dez anos no mundo, em que há uma forte dominação por parte do capital, e do capital sem regulação, da alta finança económica, que é algo bem diferente da economia e do mercado. Ambos vemos aí um perigo muito grande. O que digo em Indignai-vos! não é senão uma maneira de chamar a atenção do leitor para o que se passa. Eu não dou a resposta; é preciso procurá-la. Penso partilhar com Soares o sentimento de que somos alguém que chama a atenção, neste ano de 2011, para a situação em que a economia aprisiona os estados, e em que as novas gerações, tanto no Norte de África como nos nossos países, querem um estado mais forte, e mais capaz de assegurar a satisfação das necessidades fundamentais da população. Mas o que mais ouvimos dizer é que deve haver "menos Estado e melhor Estado". Conhece a actual situação portuguesa, com o pedido de ajuda à Europa e ao FMI, que é também uma forma de assumirmos o falhanço do Estado. . . Justamente. Mas posso lembrar que, na última década do século XX, de 1990 até ao ano 2000, aconteceram coisas muito importantes e positivas. Houve grandes conferências internacionais, Rio, Pequim, Istambul, Copenhaga. . . Primeiro, fizemos cair o Muro de Berlim e, nos dez anos seguintes, procurámos encontrar solução para os grandes problemas do mundo. Sem grande sucesso, tendo em vista a situação que estamos a viver. Sem um sucesso total, mas, apesar de tudo, com alguns progressos. Não devemos exagerar o fracasso. Mas, em 2000, chega um Osama Bin Laden – que acabámos de matar. Antes, foi a era de Margareth Thatcher e Ronald Reagan, depois George W. Bush, o que foi ainda pior. E tivemos, de seguida, os últimos dez anos, em que os governos se desculparam dizendo que a responsabilidade não era deles, era da economia. Justificavam não estarem a fazer nada porque era preciso deixar correr o mercado. O resultado foi esta crise grave, que está longe de estar terminada. Mas não podemos ficar parados; é preciso mudar as coisas radicalmente. As manifestações e protestos a que ultimamente temos assistido em França, em Inglaterra, na Grécia. . . vê-os como expressão dessa indignação que propõe, ou apenas uma reacção à crise económica?Acredito que há um risco, que é o de que as pessoas se indignem, protestem e depois tudo continue na mesma. É preciso que a indignação dê lugar a um comprometimento conjunto. Entre os jovens que tenho encontrado nos últimos 20, 30 anos, há claramente uma maioria que está farta da forma como é governada. O que, no Norte de África, levou à expulsão dos ditadores. E isto é um exemplo interessante. Nós, na Europa, não temos ditadores, mas temos dirigentes que não nos motivam grande entusiasmo. E temos necessidade de acreditar que há um novo caminho a seguir. Como reage à morte de Bin Laden?Fiquei muito feliz, naturalmente. Este homem era medonho. Causou horrores e continuava a promovê-los. Mas lamento muito que não se tenha conseguido capturá-lo vivo, e fazê-lo encarar a Justiça. Acredita que isso foi impossível, ou que terá havido, da parte da administração americana, a intenção de o matar?Acredito que os americanos, se pudessem, o teriam capturado, mas também sabiam que ele não se deixaria prender. Também fiquei triste que eles tivessem lançado o corpo ao mar. A única coisa que critico nos americanos – e com eles passa-se sempre a mesma coisa – é que eles fazem coisas normais, mas depois mentem. Quando dizem que trataram o corpo de acordo com os ritos muçulmanos, é mentira. É uma pena. Mas a mentira faz parte da política, não só da norte-americana. É verdade. Maquiavel ensinou-nos que a política é uma arte em que é preciso manipular a verdade e a mentira. Mas os americanos apresentam-se como uma espécie de povo de Deus. E quando falamos em nome de Deus, não é bonito mentir. Acredita na possibilidade de renovação da forma de fazer política?Sim, porque estou convencido que é preciso acreditar para não nos deixarmos desencorajar. Com a idade avançada que já tenho, estou a enviar uma mensagem de confiança, dizendo que os problemas têm solução. Eu conheci muitos problemas que pareciam insolúveis, e que foram resolvidos: o nacional-socialismo, o fascismo, o estalinismo, o colonialismo, o apartheid, a construção da Europa. . . Tudo coisas que se dizia que eram muito difíceis de resolver. Mas chegámos lá. Há quem o critique, e o acuse, de idealismo e de estar fora do tempo presente. Como reage a estas críticas?Eu digo: "Têm razão, dum certo ponto de vista. " Mas, a mim, interessa-me mais uma visão a longo prazo – podemos chamar-lhe utopia, não me parece que seja o nome apropriado, prefiro visão – do que a regulação dos problemas imediatos. Sei que temos de os resolver, mas penso que o mais importante é projectar uma visão de mais longo prazo. Sou muito sensível à crítica daqueles que me dizem "Indignar-se não serve de nada; é preciso agir". E eu respondo-lhes: "Têm razão, mas antes de pedir às pessoas que ajam, é preciso fazer-lhes compreender que têm de agir, porque as coisas estão mal. " Eis por que este pequeno livro não é nem um programa nem a resposta às questões filosóficas fundamentais; é um incitamento a que as pessoas não se mostrem satisfeitas, conformadas. Duas coisas que consideramos muito más, sobretudo nas gerações mais novas, é a indiferença e o desencorajamento. Tentei fazer alguma coisa contra isso. E não tenho outras ilusões. O grande sucesso do livro surpreendeu-o?Muito. Em primeiro lugar, porque se trata de um livro muito pequeno, e que não dá nenhuma resposta às questões que se colocam. O facto de ele ter sido acolhido como algo que interessa toda a gente, pais e filhos, prova, parece-me, que vivemos um momento de inquietude nos espíritos. A era Reagan-Thatcher-Bush terminou, mas essas marcas ainda cá estão. Por outro lado, surpreendeu-me igualmente ele ter sido traduzido noutras línguas, porque, no início, tratava-se de um assunto muito francês, tratava-se de fazer a resistência em França. Mas, também aí, sou sensível – e encontrando-me em Portugal, sou sensível – ao facto de todos os nossos países terem experimentado a Resistência. No fundo, a Resistência tornou-se numa espécie de denominador comum do pensamento europeu. Agora que os japoneses tenham querido traduzir este livro na sua língua. e também os chineses – há três editores que estão a tratar de o publicar. Isso prova que o problema da indignação é, afinal, mais universal do que eu pensava. Isso significa que o século XXI representa todo um colocar em questão. E justifica o formidável sucesso do livro. Esteve em Lisboa, pela primeira vez, em 1941, a caminho de Londres. Que memória guarda dessa passagem?Eu vinha de Casablanca. Tinha conseguido sair de França, graças a um americano muito simpático, que tinha sido enviado pela Madame Roosevelt para ajudar a sair da Europa pessoas ilustres, como André Breton, o Marcel Duchamp, etc. . . Tornámo-nos amigos, e ele ajudou-me, arranjando-me documentos americanos, graças aos quais eu consegui atravessar o Mediterrâneo e chegar a Casablanca. Depois apanhei o barco para Lisboa, e aqui encontrei o representante do general De Gaulle, que tinha aqui o seu escritório. Quantos dias esteve em Lisboa?Menos de oito dias. A minha mulher já se encontrava em Lisboa, quando cheguei. Tinha conseguido vir de comboio, atravessando a Espanha. Decidimos, então, que eu iria para Inglaterra, e que ela se juntaria aos pais, na América. Estando aqui, à espera do avião que me ia levar para Bristol, não tendo muito dinheiro, e querendo ter mais algum, decidi ir ao Casino do Estoril. Joguei no n. º 5, e ganhei! Era jovem, tinha 24 anos, e nunca mais me esqueci. Para mim, Lisboa, depois da França derrotada pelo nazismo, era um luxo de beleza. Fiquei muito impressionado com a cidade, e muito contente por ter ganho algum dinheiro no Estoril. Depois fui para Londres. Regressei a Lisboa, há cinco anos, para uma reunião do Centro Norte-Sul do Conselho da Europa. E conheci a Lisboa moderna. Voltei depois para uma nova reunião do Centro Norte-Sul. Gosto de Lisboa sob muitos aspectos. E sou muito sensível à forma como o povo português se desembaraçou da ditadura. Hoje temos o Mubarack, o Ben Ali. . . Mas vocês tiveram o Salazar. E a Revolução dos Cravos foi também feita com muito pouca violência e muito apoio popular. Desembaraçarmo-nos dos ditadores é essencial. Mas mudar a forma de sermos governados também é importante. Há um grupo - os franceses Edgar Morin e Michel Rocard, o ex-Presidente alemão Richard von Weizsäcker e o filósofo seu compatriota Peter Sloterdijk - que já anunciou a intenção de o candidatar a Prémio Nobel da Paz. Sonha com isso?Eles são muito gentis, mas isso é completamente quimérico. Eu não fiz nada na vida para o justificar. Tenho uma vida extremamente modesta. O que é que eu fiz? Assisti a muitas coisas: à Declaração Universal dos Direitos do Homem, à Resistência em França, mas não fui um grande líder da Resistência. Estive com o general De Gaulle, mas na qualidade, apenas, de um pequeno funcionário nos serviços secretos. . . Não há nada na minha biografia que justifique o Nobel. Fala-se disso como uma graça, uma espécie de blague. Continua a escrever e a publicar?Sim. Saiu já um segundo pequeno livro, mas que foi escrito antes, a que decidimos chamar Engagez Vous! [edição L'Aube, Paris]. Foi uma entrevista feita por Gilles Vanderpooten, especialista em movimentos da juventude. É mais longo que este, tem 100 páginas, mas retoma e desenvolve os mesmos temas – a terra, a pobreza, o terrorismo, a não-violência. . . E continuo activo no pensamento, modestamente, participando no Collegium International – Ética, Ciência, Governance, dirigido por Michel Rocard e Milan Kuçan, o primeiro presidente da Eslovénia depois do fim da Jugoslávia. E também com Edgar Morin e Mary Robinson. Pessoas que têm experiência de governação e que possam dizer o que é possível e não é possível fazer. Mas também pensadores puros, como o Morin e outros. Isso interessa-me muito. Uma vez por mês, tentamos fazer sair um texto novo. Ainda não abandonei a acção. Mas, bem entendido, tem de ser com calma. Entrevista publicada no suplemento P2, do PÚBLICO, no dia 5 de Maio de 2011
REFERÊNCIAS:
Entidades UNESCO FMI
Alunos da Universidade de Aveiro levam colegas estrangeiros para casa na Páscoa
Iniciativa Páscoa com Erasmus visa proporcionar uma Páscoa portuguesa a cerca de quatro dezenas de estudantes de diferentes nacionalidades. (...)

Alunos da Universidade de Aveiro levam colegas estrangeiros para casa na Páscoa
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento -0.12
DATA: 2013-03-27 | Jornal Público
SUMÁRIO: Iniciativa Páscoa com Erasmus visa proporcionar uma Páscoa portuguesa a cerca de quatro dezenas de estudantes de diferentes nacionalidades.
TEXTO: Dezenas de alunos da Universidade de Aveiro (UA) vão acolher nas suas casas, durante o período pascal, alguns colegas estrangeiros. São jovens das mais variadas nacionalidades (brasileiros, japoneses, chineses, entre outros), que estão também a estudar na UA ao abrigo de programas de mobilidade e que, por um motivo qualquer, não regressam aos países de origem durante as férias da Páscoa. A iniciativa Páscoa com Erasmus conta já com 40 estudantes estrangeiros inscritos e “a adesão dos alunos que estão disponíveis para os acolher em família tem sido grande”, disse ao PÚBLICO Bruno Nunes, responsável pelo núcleo da UA da Erasmus Student Network (ESN), a promotora da iniciativa. A ideia passa por “permitir que os alunos estrangeiros fiquem a conhecer o modo como é celebrada esta data num meio verdadeiramente português”, acrescenta Bruno Nunes. Ao mesmo tempo, “as famílias portuguesas terão a oportunidade de passar um Domingo de Páscoa diferente, repleto de interculturalidade e de partilha de tradições”, acrescentou. A Páscoa com Erasmus vem dar sequência à experiência realizada durante a época de Natal. Agora, “a adesão aumentou de forma significativa”, adianta o responsável pela ESN, notando que, actualmente, “são também muitos mais os alunos de Erasmus a estudar na Universidade de Aveiro”. “São 500 alunos estrangeiros”, precisou. A organização ainda tem abertas as inscrições para a Páscoa com Erasmus e acredita que arranjará uma família de acolhimento para todos os alunos estrangeiros que já manifestaram interesse em passar esta época numa casa portuguesa. Até porque, sublinha ainda Bruno Nunes, “a língua não é uma barreira”. “Se não houver conhecimento de uma língua estrangeira, as famílias podem acolher alunos de língua nativa portuguesa, oriundos dos países afectos à Comunidade de Países de Língua Portuguesa.
REFERÊNCIAS:
Entidades UA
Quando o director da biblioteca rouba livros
Os investigadores estimam que Marino Massimo de Caro roubou, pelo menos, mil livros da biblioteca fundada em 1586. (...)

Quando o director da biblioteca rouba livros
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-03-27 | Jornal Público
SUMÁRIO: Os investigadores estimam que Marino Massimo de Caro roubou, pelo menos, mil livros da biblioteca fundada em 1586.
TEXTO: Marino Massimo de Caro não percebeu o que significava ser director da biblioteca mais antiga de Nápoles, quando, em Junho de 2011, foi nomeado pelo ministro da Cultura Lorenzo Ornaghi. Estando responsável pela segurança dos 170 mil livros da colecção da Biblioteca Girolamini, alguns deles centenários, decidiu vendê-los. Foi preso em Maio de 2012. Só na histórica instituição de Nápoles Caro roubou mil livros, mas o The Art Newspaper relatou agora que a operação terá sido bastante mais ampla do que inicialmente se pensava. Mais de um ano depois de o alerta ter sido dado pelo historiador de arte Tomaso Montanari, Caro, juntamente com 14 cúmplices detidos, confessou ter roubado mais livros da Biblioteca dell’Osservatorio Ximeniano e da Biblioteca Scolopica San Giovannino, ambas em Florença. Os investigadores estão ainda a investigar os alegados roubos de outras bibliotecas nacionais de Florença, Roma e Nápoles. A condenação do ex-director da Biblioteca Girolamini é de sete anos de prisão e impede-o de exercer funções públicas. A descoberta do roubo seguiu-se à visita que Tomaso Montanari, professor de História de Arte na Universidade de Nápoles, fez à biblioteca, em Março, tendo então escrito um artigo para o jornal italiano Il Fatto Quotidiano, com o qual colabora, no qual denunciou o roubo de livros, as prateleiras vazias e o lixo espalhado no chão. Essa denúncia desencadeou uma petição assinada por dois mil intelectuais italianos, na qual questionavam o ministro do Património Cultural, Lorenzo Ornaghi, sobre a razão que o tinha levado a confiar “a honra desse cargo a um homem sem as mínimas qualificações académicas ou competências profissionais”, noticiou o The Telegraph. Semanas mais tarde, Caro estava na prisão, acusado de desvios de dinheiro e conspiração, relatou o The New York Times. Os investigadores disseram que durante os 11 meses em que dirigiu a biblioteca o director roubou centenas de volumes, tendo encontrado caixas de livros valiosos em garagens e casas privadas, em várias cidades, assim como em leiloeiras fora de Itália. Duzentos e quarenta livros com o selo da biblioteca foram encontrados em Verona, a cidade natal do ex-director, adiantou o The Telegraph, acrescentando que também tinha roubado volumes de bibliotecas em Verona, Pádua e da Abadia do Monte Cassino. As estimativas do número de livros roubados variam muito porque grande parte dos volumes da colecção não estavam catalogados. Mauro Giancaspro, director da biblioteca nacional de Nápoles, disse ao jornal norte-americano que apenas metade dos 170 mil livros que compõem a colecção estavam catalogados. Os investigadores chegaram a falar de um total de livros roubados que podia exceder os quatro mil, escreveu o The Guardian em Janeiro. Nesse número estão incluídas obras de Galileu e uma edição de 1518 da Utopia, de Thomas More. Os livros abrangiam áreas tão variadas como a zoologia, física, matemática e mesmo acupunctura chinesa.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave cultura prisão homem
Samsung antecipa abrandamento das vendas de smartphones
A multinacional sul-coreana lidera o mercado, mas está, tal como a Apple, a perder quota para empresas com menos peso no sector. (...)

Samsung antecipa abrandamento das vendas de smartphones
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-07-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: A multinacional sul-coreana lidera o mercado, mas está, tal como a Apple, a perder quota para empresas com menos peso no sector.
TEXTO: A Samsung anunciou lucros de 57, 5 biliões de wons (cerca de 39 mil milhões de euros) no último trimestre, um crescimento de 20, 1% face ao mesmo período de 2012. Os resultados foram impulsionados sobretudo pela venda de televisões e de smartphones, sectores onde é líder, mas a empresa avisou que espera sofrer um abrandamento nas vendas deste tipo de telemóveis e antecipa uma maior concorrência. "Ao entrar numa época tradicionalmente forte para a indústria de IT [tecnologias de informação], esperamos que os ganhos continuem a aumentar”, afirmou em comunicado o director de relações com investidores, Robert Yi, nesta sexta-feira, dia da apresentação dos resultados trimestrais. “No entanto, não podemos subestimar o atraso da recuperação económica na Europa e os riscos de maior concorrência nos smartphones e noutros produtos. ” Para além de smartphones, a empresa fabrica outros equipamentos de electrónica (como tablets, computadores e televisões) e tem um negócio de venda de componentes para dispositivos móveis (de que a rival Apple é um dos clientes). A Samsung não explicita números para as vendas de smartphones, mas a divisão que agrega todos os dispositivos móveis é responsável por cerca de dois terços dos lucros da empresa. De acordo com a analista IDC, a Samsung enviou para o retalho, no trimestre passado, 72, 4 milhões de smartphones, correspondentes a 30, 4% do mercado, o que a coloca numa liderança destacada. A Apple (cujos resultados apresentados recentemente foram melhores do que as estimativas dos analistas) tem uma quota de 13, 1%. Porém, as duas líderes perderam terreno em termos relativos e o maior crescimento veio de empresas mais pequenas neste sector. Em comparação com os números do segundo trimestre do ano passado, a sul-coreana LG e a chinesa Lenovo cresceram 108, 6% e 130, 6%, respectivamente, conquistando quotas de mercado de 5, 1% e 4, 7%. “Embora a Samsung e a Apple sejam dominantes, o mercado está mais fragmentado do que nunca. Há amplas oportunidades para fabricantes de smartphones com ofertas diferenciadas”, considerou o analista da IDC Kevin Rastivo, no relatório trimestral sobre este mercado, divulgado nesta quinta-feira. Os números da IDC indicam ainda que, em termos globais, o mercado de smartphones cresceu 52, 3%. Os resultados da Samsung ficaram aquém das estimativas dos analistas e as acções da empresa na bolsa de Seul fecharam em queda ligeira.
REFERÊNCIAS:
Tempo sexta-feira quinta-feira
Tesco estuda fusão na China com cadeia de retalho nacional
Se o negócio se concretizar, o grupo de retalho britânico fica accionista de uma empresa que representa 11 mil milhões de euros em vendas. (...)

Tesco estuda fusão na China com cadeia de retalho nacional
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-08-09 | Jornal Público
SUMÁRIO: Se o negócio se concretizar, o grupo de retalho britânico fica accionista de uma empresa que representa 11 mil milhões de euros em vendas.
TEXTO: A britânica Tesco, terceira maior cadeia de distribuição do mundo, está a estudar fundir a sua operação na China com a CR Vanguard, do grupo de retalho CRE (China Resources Enterprise). Caso o negócio se concretize, e segundo o acordo celebrado entre as duas empresas, os chineses da CRE ficarão com o controlo accionista da sociedade que deverá resultar da junção. A intenção de as duas empresas se fundirem foi revelada nesta sexta-feira pelos dois grupos retalhistas, que assinaram um memorando de entendimento e vão agora negociar os termos finais do negócio, que, admitem, não é totalmente certo que venha a concretizar-se. Com a fusão, as duas empresas geram um negócio que vale dez mil milhões de libras (mais de 11 mil milhões de euros) em vendas. Na China, a Tesco tem uma rede de supermercados de 131 lojas, enquanto a operação da CR Vanguard conta com 2986 lojas na China e em Hong Kong. A CRE será accionista de 80% da nova sociedade, cabendo os restantes 20% à cadeia britânica, que vê neste negócio uma oportunidade de expansão num país com mais de 1300 milhões de habitantes. Actualmente, as lojas da Tesco chinesa, a operar desde 2004, estão localizadas na costa leste do país, abrangendo cerca de 600 milhões de habitantes. A Tesco, que reportou este ano pela primeira vez desde os anos 1990 uma queda nos lucros anuais (até Fevereiro), anunciou em Abril a decisão de sair dos Estados Unidos, onde entrou em 2007 para ali operar na distribuição através da cadeia Fresh & Easy. A empresa registou uma descida nos resultados líquidos de 13% face ao ano anterior, para 3453 milhões de libras (cerca de 4000 milhões de euros). A medida foi então justificada como uma “consequência natural” da mudança de estratégia da multinacional, que se quer centrar no mercado doméstico e, agora, crescer na China. Com a saída do mercado norte-americano, o grupo reduz a sua presença para 11 países. Na Europa, para além do Reino Unido, opera na Irlanda, na Polónia, na República Checa, na Eslováquia, na Hungria e na Turquia. Na Ásia, onde tem parceiros locais, está no mercado chinês e ainda na Índia, na Coreia do Sul, na Malásia e na Tailândia.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave chinês
Fundadores do YouTube lançam aplicação para mistura de vídeos
O objectivo é que os utilizadores reutilizem as imagens dos outros nas suas próprias criações. (...)

Fundadores do YouTube lançam aplicação para mistura de vídeos
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-08-09 | Jornal Público
SUMÁRIO: O objectivo é que os utilizadores reutilizem as imagens dos outros nas suas próprias criações.
TEXTO: Chad Hurley e Steve Chen, a dupla que em 2006 vendeu o YouTube ao Google por 1650 milhões de dólares (1200 milhões de euros, ao câmbio actual), voltou a lançar uma ferramenta de vídeo. O MixBit é uma aplicação para smartphones, que permite gravar pequenos trechos, juntá-los num vídeo maior e ainda usar e remisturar as imagens dos outros. O MixBit está já disponível como aplicação gratuita para iOS, o sistema dos aparelhos da Apple, e será também lançado como aplicação para Android. A aplicação permite gravar vídeos até 16 segundos e editá-los, na própria aplicação ou no site. Um máximo de 256 podem ser misturados num vídeo maior, que pode assim chegar aos 68 minutos. Quando estão a ver um vídeo, os utilizadores têm acesso aos vários trechos que o compõem e podem usá-los nos seus próprios vídeos. A funcionalidade de remisturar vídeos captados por outros é uma componente importante da visão dos dois criadores do YouTube. “Todo o objectivo do MixBit é a reutilização de conteúdo dentro do sistema”, disse Hurley ao New York Times. O MixBit é o primeiro projecto de grande fôlego a sair da empresa que Hurley e Chen criaram depois da venda do YouTube, chamada Avos. A Avos já tinha comprado o site Delicious, um serviço para guardar páginas da Web, e a divisão chinesa da empresa tinha recentemente lançado uma aplicação de captura de vídeo, exclusivamente para aquele país. Outras empresas conhecidas têm disponibilizado ferramentas de vídeo, embora se centrem sobretudo na partilha do conteúdo em redes sociais. Tanto o Instagram (comprado pelo Facebook) como o Vine (comprado pelo Twitter) são ferramentas populares que permitem gravar vídeo com o telemóvel e partilhá-lo na Internet. O Instagram começou por se focar em fotografias, só depois passando a disponibilizar a opção de criar vídeos com uma duração máxima de 15 segundos. O Vine só permite vídeos seis segundos.
REFERÊNCIAS:
Marcas COM NOS APPLE HURLEY
A utopia do esperanto falado num castelo francês por jovens de todo o mundo
Nascido há mais de um século, o esperanto só é falado por cerca de 100 mil em todo o mundo. Mas os seus defensores dizem que vai ser a língua-franca deste século. (...)

A utopia do esperanto falado num castelo francês por jovens de todo o mundo
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.05
DATA: 2013-08-11 | Jornal Público
SUMÁRIO: Nascido há mais de um século, o esperanto só é falado por cerca de 100 mil em todo o mundo. Mas os seus defensores dizem que vai ser a língua-franca deste século.
TEXTO: “Masko farado” ou “banado ce la lageto”? No parque de um castelo no coração da França, a chinesa Yuan-Yuan, de dez anos, e o francês Anaïs, com 14, discutem em esperanto qual será o programa que vão fazer à tarde, entoando naturalmente uma lingua nascida para ser universal mas que continua pouco utilizada. De forma unânime, as 20 crianças que estão reunidas no castelo neo-renascentista Grésillon em Saint-Martin d’Arce, na comuna francesa Baugé-en-Anjou no centro do país, e que ali estão para o encontro internacional de jovens utilizadores de esperanto, finalmente optam pelo workshop de “fazer máscaras” em vez de “nadarem no lago”. O tempo fresco impôs a escolha. “Metade destes jovens são ‘denaskulo’, que é o que se diz das pessoas em que uma das suas línguas maternas é o esperanto. O interesse é que aqui podem praticar a língua com outras crianças fora de um ambiente estritamente familiar”, diz Cyrille Hurstel, um dos organizadores deste encontro. Mais de um século depois da criação de Ludwig Zamenhof, o esperanto espalhou-se pelo mundo, mas ainda está longe de ter alcançado a universalidade que o linguista polaco desejava. “Podemos dizer que alguns milhões de pessoas no mundo têm algumas noções de esperanto, mas há pouco mais de 100 mil a usá-lo diariamente”, diz Cyrille Hurstel. Ao contrário de línguas como o hebreu, o filipino ou o suaíli, que floresceram depois de serem criadas ou recriadas, o “esperanto nunca foi capaz de se apoiar na estrutura oficial de um estado, apesar de duas resoluções das Nações Unidas a seu favor”, lamenta o engenheiro, que é certificado pelo programa quadro europeu de referência para as línguas do Conselho Europeu. O esperanto está proposto nas escolas de apenas 25 países, da Índia à Albânia, passando pelos Estados Unidos e pela Hungria, onde é reconhecido nas universidades. E os seus defensores começam a ver finalmente uma lenta globalização. A língua tem uma gramática simples e uma sintaxe que não contempla excepções. No entanto, consegue expressar todas as nuances do pensamento. É mais fácil de aprender que o inglês e, para os seus defensores, vai ser a língua-franca do século XXI. “Um chinês e um brasileiro que queiram fazer negócios ganham muito mais tempo em aprender o esperanto do que o inglês”, defende Cyrille Hurstel. Por isso, e “muito antes da Internet, o esperanto é uma óptima porta de entrada em qualquer país, quer para férias, quer para o negócio, porque [quem o falar] vai ser recebido como família pelos locais que falam a língua”, acrescenta. No Castelo Grésillon, os jovens reúnem-se depois do “tagmango” (almoço) e comunicam uns com os outros sem barreiras. “É fixe poder falar com crianças de outros países nesta língua”, comenta Stella, uma adolescente alemã de 14 anos. Para os pais, “o esperanto é uma forma relativamente fácil de dar aos filhos uma educação bilingue, que facilita a aquisição futura de outras línguas”, explica Cyrille Hurstel que, com a sua mulher, ensinou o esperanto às suas três filhas. Esta língua começou a ser inventada na década de 1870 por Ludwig Zamenhof, que pertencia a uma família judia em Bialystok (uma cidade hoje situada no Nordeste da Polónia que na altura pertencia ao território russo), onde comunidades polacas, ídiche, russas e alemãs, conviviam com pouca conversa. O linguista construiu o esperanto a partir de elementos das línguas latinas, germânicas e eslavas. “A língua é simples, principalmente para os europeus, mas não é simplista: há uns dias, fui corrigido por um participante chinês. Um dos aspectos interessantes é que um utilizador do esperanto não tem mais legitimidade do que outro utilizador”, conclui Cyrille Hurstel.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave educação mulher adolescente chinês
João Vieira quarto nos 20km marcha
Melhor participação de sempre em Mundiais para o marchador português, ficando a 44s do pódio. (...)

João Vieira quarto nos 20km marcha
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-08-11 | Jornal Público
SUMÁRIO: Melhor participação de sempre em Mundiais para o marchador português, ficando a 44s do pódio.
TEXTO: O português João Vieira classificou-se neste domingo em quarto lugar na prova dos 20km marcha dos Mundiais de atletismo que estão a decorrer em Moscovo. O atleta do Sporting conseguiu a sua melhor participação de sempre em Mundiais, cumprido a prova em 1h22m05s, mais 44s que o espanhol Miguel Ángel López, o terceiro classificado. O lugar mais alto do pódio foi para o russo Aleksandr Ivanov, que terminou com 1h20m58s, seguido do chinês campeão olímpico Chen Ding, que terminou a 11s do russo. A corrida ficou marcada pela desqualificação dramática do guatemalteco Erick Barrondo. O vice-campeão olímpico seguia na segunda posição, aos 18km, quando foi desqualificado pelos juízes. Quanto ao outro português em prova, Sérgio Vieira, que é irmão gémeo de João Vieira, foi 40. º, com 1h28m34s.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave chinês
Ana Cabecinha e o 8.º lugar nos 20 km marcha: "É a minha medalha"
Russa Lashmanova conquistou a medalha de ouro, juntando título mundial ao olímpico. (...)

Ana Cabecinha e o 8.º lugar nos 20 km marcha: "É a minha medalha"
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento -0.25
DATA: 2013-08-13 | Jornal Público
SUMÁRIO: Russa Lashmanova conquistou a medalha de ouro, juntando título mundial ao olímpico.
TEXTO: A portuguesa Ana Cabecinha foi oitava classificada nos 20 km marcha nos Mundiais de atletismo, que decorrem em Moscovo. A prova foi ganha pela campeã olímpica, a russa Elena Lashmanova, que, aos 21 anos, garantiu o seu primeiro título mundial. Lashmanova (1h27m08s) bateu a compatriota Anisya Kirdyapkina por três segundos, mas poderia ter terminado com uma vantagem maior, não fosse ter-se confundido com o sítio onde estava a meta já dentro do estádio Luzhniki. A Rússia, que é a grande dominadora desta especialidade, esteve prestes a conseguir o pleno no pódio, mas Vera Sokolova, que estava em terceiro lugar, viu um terceiro cartão amarelo, por marcha ilegal, e foi excluída quando já estava dentro do estádio e faltava uma volta para o final. A exclusão de Sokolova foi aproveitada pela chinesa Liu Hong (1h28m10s), que assim completou o pódio. Ana Cabecinha foi a melhor das três portuguesas em prova, registando a sua melhor marca da temporada (1h29m17s). Inês Henriques foi 11. ª (1h30m28s), enquanto Vera Santos terminou no 17. º posto (1h31m36s). "Não estava nada à espera deste resultado porque as guatemaltecas, as chinesas e a Inês estavam muito fortes. Não esperava ficar nas oito primeiras. Lutei até ao fim", disse Ana Cabecinha à Lusa, considerando que este resultado a deixa "felicíssima" e é equivalente a um pódio. "É a minha medalha. Tive um mês e meio muito difícil depois da Taça da Europa, agora recuperei e vou continuar. . . Tive uma grande fibrose e foi complicado superar a dor", explicou. Já Inês Henriques mostrou-se desapontada. "Queria um bocadinho mais. A prova começou muito lenta e, depois de os juízes mostrarem duas faltas, tive de me controlar. É óbvio que não estou contente com o 11. º lugar, mas foi o melhor que pude fazer. Depois das duas faltas, tive de me controlar, fiquei psicologicamente afectada e ressenti-me no final", disse à Lusa. Vera Santos também ficou frustrada com o 17. º lugar: "O meu pior lugar era o 15. º, por isso o 17. º é um bocado frustrante, mas é a minha rampa de lançamento para voltar ao meu nível e estar em grande forma, para que para o ano esteja entre as 10 melhores. "
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave exclusão ilegal
Vender-se ou encolher ainda mais são as opções para o futuro da BlackBerry
A empresa já foi sinónimo de smartphones, mas viu os clientes desertarem nos últimos anos. Agora, procura comprador. Patentes, serviços e tecnologia são chamarizes para potenciais interessados. (...)

Vender-se ou encolher ainda mais são as opções para o futuro da BlackBerry
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.25
DATA: 2013-08-14 | Jornal Público
SUMÁRIO: A empresa já foi sinónimo de smartphones, mas viu os clientes desertarem nos últimos anos. Agora, procura comprador. Patentes, serviços e tecnologia são chamarizes para potenciais interessados.
TEXTO: Encontrar comprador para a BlackBerry está a ser uma tarefa difícil. Várias vezes a multinacional canadiana tinha dado sinais de estar à venda, incluindo em declarações do director executivo, Thorsten Heins, que em Maio afirmou que essa seria uma hipótese, embora não a primeira escolha, para o futuro de uma empresa que está rapidamente a ficar sem opções. Três meses depois, o anúncio de que a Blackberry quer um comprador, feito na segunda-feira com a notícia de que formou um comité para estudar opções estratégicas, só tem uma interpretação para Francisco Jerónimo, analista da IDC em Londres: “Claro que não há interessados. O que estão a dizer é ‘não conseguimos encontrar comprador, estamos disponíveis para ofertas’”. A BlackBerry tem para oferecer uma situação financeira positiva, com cerca de três mil milhões de dólares (2300 milhões de euros) em dinheiro e investimentos de curto prazo, e sem dívidas. Tem tecnologia: o mais recente sistema operativo, o BlackBerry 10, não conseguiu o interesse dos consumidores, mas teve boas críticas de analistas e imprensa especializada (nesta terça-feira, a empresa lançou um novo modelo, equipado com o anterior sistema operativo). Por sua vez, o sistema em que o BlackBerry 10 assenta, chamado QNX, é usado noutros sectores, incluindo na indústria automóvel. Há ainda o sistema de mensagens próprio, outrora muito popular e que foi recentemente alargado a outras plataformas, com o lançamento de aplicações para Android e iOS, da Apple. E a BlackBerry tem também um portefólio de patentes que é um activo precioso na indústria das telecomunicações — foi por causa das patentes que o Google comprou a Motorola Mobility por 12. 500 milhões de dólares (9400 milhões de euros, ao câmbio actual). “A empresa tem não apenas o negócio de smartphones, mas também o negócio dos serviços de mobilidade. Potenciais compradores ou parceiros podem ser concorrentes nestas áreas de negócio ou fabricantes de tecnologia que estejam interessados no grande portefólio de patentes”, explica ao PÚBLICO Bill Menezes, analista da Gartner nos EUA. “Outros potenciais compradores são investidores que possam ver uma oportunidade de lucro ao dividir a empresa”, tirando-a da bolsa e separando os telemóveis dos serviços de comunicação. Qualquer investidor, porém, vai também comprar os riscos de um negócio em queda livre. A empresa já praticamente perdeu o segmento dos consumidores e está a ver os clientes empresariais mudarem para a concorrência, embora esse seja um processo mais lento. A Gartner tem perspectivas sombrias para a BlackBerry, estimando que, no próximo ano, menos de 1% dos telemóveis enviados para o retalho em todo o mundo serão da marca. Em 2016, de acordo com esta analista, só um em cada 100 utilizadores terá um destes telemóveis. Potenciais compradoresA Microsoft poderia ser uma compradora, considera Francisco Jerónimo, sobretudo pela tecnologia da BlackBerry destinada ao mercado empresarial. “Os consumidores são um segmento morto para a BlackBerry, sem qualquer possibilidade de o conquistarem”, diz taxativamente. A Microsoft tem tido um crescimento lento. O sistema Windows Phone ultrapassou este ano a BlackBerry e passou a ser a terceira plataforma de smartphones com mais quota de mercado, mas a fatia continua a ser pequena. Os dados da IDC indicam que, no segundo trimestre, o sistema Android liderava com 79, 3% do mercado, seguido do iOS, com 13, 2%. O Windows Phone tinha 3, 7% e a BlackBerry, 2, 9%. Não há indicação oficial de que a Microsoft esteja interessada. Já a fabricante chinesa Lenovo está a ser apontada como outra potencial compradora. A multinacional tem uma posição forte no mercado de smartphones na China, onde está apenas atrás da Samsung, mas tem uma presença menor noutros territórios. Para além disso, está nos calcanhares da HP na corrida pelo título de maior fabricante mundial de PC — mas este é um mercado a encolher, contrariamente ao dos telemóveis e tablets. Em Março, o director executivo da Lenovo, Yang Yuanqing, afirmou que a compra da fabricante canadiana “poderia fazer sentido”, mas que era preciso analisar o negócio. Em declarações à agência Bloomberg, um porta-voz da empresa disse agora que não está a ser feita qualquer avaliação para uma aquisição. Uma intenção de compra por parte da Lenovo levantaria ainda um problema político: a maior parte dos serviços públicos dos EUA usam BlackBerry e o Governo americano não deixaria que este tipo de serviços fosse prestado por uma empresa chinesa. Sem comprador, a BlackBerry parece destinada a encolher. “Tornar-se-ia num nicho ou num fornecedor de serviços e de smartphones muito específicos, na melhor das hipóteses”, antevê Bill Menezes, da Gartner. Francisco Jerónimo, da IDC, diz que teria de “continuar a despedir, cortar custos”, mas considera que haverá interessados, se o valor do negócio baixar para o preço certo.
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