Reino Unido em alerta contra os casamentos forçados
O Governo britânico alertou, neste sábado, médicos, professores e pessoal dos aeroportos para identificar casos de casamentos forçados. O ano passado, Londres teve de lidar com 1485 casos de casamentos forçados em 60 países diferentes, sobretudo asiáticos. Daqueles, em 35% as vítimas eram menores e 13% tinham menos de 15 anos de idade – a mais jovem tinha dois anos e a mais velha 71; apenas 18% das vítimas eram do sexo masculino. A altura de Verão é propícia àquela prática, alertam as autoridades britânicas. "É vital que os jovens que vão ao estrangeiro para assistir a um casamento tenham consciência que pode ser... (etc.)

Reino Unido em alerta contra os casamentos forçados
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento -0.30
DATA: 2013-08-10 | Jornal Público
TEXTO: O Governo britânico alertou, neste sábado, médicos, professores e pessoal dos aeroportos para identificar casos de casamentos forçados. O ano passado, Londres teve de lidar com 1485 casos de casamentos forçados em 60 países diferentes, sobretudo asiáticos. Daqueles, em 35% as vítimas eram menores e 13% tinham menos de 15 anos de idade – a mais jovem tinha dois anos e a mais velha 71; apenas 18% das vítimas eram do sexo masculino. A altura de Verão é propícia àquela prática, alertam as autoridades britânicas. "É vital que os jovens que vão ao estrangeiro para assistir a um casamento tenham consciência que pode ser o seu", sublinha Aneeta Prem, que dirige uma associação contra casamentos forçados. Para sensibilizar para este problema, o Governo distribuiu folhetos intitulados: "Casamento: a escola é sua", que encorajam os jovens a dirigir-se à polícia ou ao pessoal dos aeroportos; e tem um número de telefone assim como um endereço electrónico de contacto. O Partido Trabalhista, na oposição, considera que esta iniciativa é indispensável, só lamenta que não tenha chegado à rua mais cedo, ou seja, antes do início das férias escolares.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave escola sexo casamento
Modelo matemático ajuda a retraçar 3000 anos de História da humanidade
Uma simulação por computador permitiu reconstituir com precisão a emergência, a partir de pequenas comunidades, dos maiores impérios da Antiguidade - e explicar por que isso não aconteceu em todo o ladoPor que é que uma sociedade humana deixa de ser apenas uma pequena comunidade local, isolada, e adquire a extensão e a complexidade social de um Império Romano (ou Persa, ou Assírio), onde milhões de pessoas são governadas pelas mesmas leis e cooperam entre si em nome do interesse comum - ou, pelo menos, de uma autoridade suprema? Por que é que isso aconteceu, ao longo da História, em certas regiões da Ásia, África... (etc.)

Modelo matemático ajuda a retraçar 3000 anos de História da humanidade
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-09-24 | Jornal Público
TEXTO: Uma simulação por computador permitiu reconstituir com precisão a emergência, a partir de pequenas comunidades, dos maiores impérios da Antiguidade - e explicar por que isso não aconteceu em todo o ladoPor que é que uma sociedade humana deixa de ser apenas uma pequena comunidade local, isolada, e adquire a extensão e a complexidade social de um Império Romano (ou Persa, ou Assírio), onde milhões de pessoas são governadas pelas mesmas leis e cooperam entre si em nome do interesse comum - ou, pelo menos, de uma autoridade suprema? Por que é que isso aconteceu, ao longo da História, em certas regiões da Ásia, África e Europa, mas não noutras? Segundo resultados hoje publicados na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, o principal motor da evolução da complexidade das sociedades humanas, é. . . a guerra intensiva. Peter Turchin, da Universidade do Connecticut (EUA) - pioneiro da modelização matemática da História -, e colegas argumentam que, até agora, todas as teorias propostas para explicar a grande variabilidade observada na capacidade de um grupo humano construir um Estado como os que hoje conhecemos - coeso e viável apesar de os seus inúmeros cidadãos não se conhecerem pessoalmente, nem serem parentes uns dos outros - têm sido descrições verbais. Pelo contrário, o modelo que estes cientistas apresentam descreve a realidade através de parâmetros mais quantitativos e a sua validade pode ser testada comparando a simulação com o que realmente aconteceu ao longo dos séculos. Ora, quando a distribuição territorial da intensidade da guerra ao longo de 3000 anos de História - de 1500 a. C. a 1500 d. C. ) - é tida em conta pelo modelo, a geografia da ascensão e queda dos impérios obtida na simulação corresponde de muito perto à geografia da ascensão e queda dos impérios que os livros de História nos contam. O modelo funciona, grosso modo, da forma seguinte: uma área cuja geografia é semelhante à do espaço afro-euro-asiático foi dividida em células quadradas de 100 quilómetros de lado; em cada uma delas pratica-se a agricultura; no início, cada uma é habitada por um grupo humano autónomo, definido pelo seu "genoma cultural"; as células que ficam na fronteira com as estepes (pois é daí que vem a inovação militar) possuem também tecnologia militar; uma célula pode tentar conquistar outras, formando estados multicelulares; a probabilidade de um estado crescer aumenta em função do seu tamanho, da sua topografia (os locais elevados são mais difíceis de tomar), da complexidade da sua organização social e da sua tecnologia militar. Quando há confronto, a entidade vencida adopta o "genoma cultural" da vencedora (religião, língua, tecnologia) - e essa "cooperação" leva à difusão de novas tecnologias militares que, por sua vez, levam a formas mais intensivas de guerra. Por último: nesta paisagem, qualquer território sob a alçada de um único governo que ultrapassa os 100 mil quilómetros quadrados (aproximadamente a área de Portugal continental) é considerado um "império". Quando os cientistas aplicaram este modelo, dividindo o tempo em três "eras" - de 1550 a 500 a. C. ; de 500 a. C. a 500 d. C. ; e de 500 a 1500 d. C. -, conseguiram delinear, nos mapas da África, Ásia e Europa, diversas áreas mais ou menos frequentemente ocupadas por grandes estados. E quando tornaram a desenhar o mesmo mapa, desta vez com dados históricos reais, constataram que "o padrão de crescimento das sociedades de grande escala previsto pelo modelo era muito semelhante ao padrão observado", escrevem no artigo. Mais precisamente, quando a simulação integrava o efeito da difusão das tecnologias militares, a sua precisão atingia 65%. Pelo contrário, quando retiravam esse factor da simulação, a precisão do modelo caía para 16%. "O que este tipo de pesquisas tem de entusiasmante é que, em vez de nos limitarmos a contar histórias ou a descrever o que aconteceu, podemos explicar os grandes padrões históricos com uma precisão quantitativa", diz em comunicado Sergey Gravilets, co-autor do estudo. "A explicação dos acontecimentos históricos pode ajudar-nos a perceber melhor o presente e, em última análise, a prever o futuro. ""Neste novo modelo computacional, ao adicionarem não só uma componente espacial como também uma componente de cooperação ao modelo previamente desenvolvido por Turchin, os autores obtêm resultados pioneiros nesta área", disse ao PÚBLICO Jorge Pacheco, especialista de Matemática da Cooperação da Universidade do Minho. Os autores escrevem ainda que tencionam estender a sua abordagem à evolução da complexidade social nas Américas e no Velho Mundo após 1500 d. C. "Eis um desafio importante em relação à diáspora portuguesa" frisa Jorge Pacheco, "em que o tamanho da população (ou como aqui, da área contígua) não é importante e onde a tecnologia de guerra nem sempre se propaga por difusão terrestre, como os portugueses demonstraram de forma exemplar. "
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
Leilão da Christie’s rende 750 milhões de dólares e bate recorde de vendas
Há um novo recorde no mundo da arte contemporânea. Desta vez não foi o valor de uma obra mas o total de vendas num leilão e numa só sessão. A leiloeira Christie’s conseguiu 750 milhões de dólares (545 milhões de euros) na noite de terça-feira, a quantia mais elevada em vendas de sempre da história do mercado. Além da leiloeira, houve outros recordes que a ajudaram a alcançar o valor multimilionário. Trabalhos de artistas como Alexander Calder e Barnett Newman saíram vencedores numa noite alimentada pelas expectativas de coleccionadores, designers de moda e galeristas. O quadro abstracto Black Fire I (1961), de Ne... (etc.)

Leilão da Christie’s rende 750 milhões de dólares e bate recorde de vendas
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-05-15 | Jornal Público
TEXTO: Há um novo recorde no mundo da arte contemporânea. Desta vez não foi o valor de uma obra mas o total de vendas num leilão e numa só sessão. A leiloeira Christie’s conseguiu 750 milhões de dólares (545 milhões de euros) na noite de terça-feira, a quantia mais elevada em vendas de sempre da história do mercado. Além da leiloeira, houve outros recordes que a ajudaram a alcançar o valor multimilionário. Trabalhos de artistas como Alexander Calder e Barnett Newman saíram vencedores numa noite alimentada pelas expectativas de coleccionadores, designers de moda e galeristas. O quadro abstracto Black Fire I (1961), de Newman, foi vendido por 84, 2 milhões de dólares (61 milhões de euros), liderando o leilão. O comprador manteve-se anónimo durante e após terminadas as licitações. Também a escultura Poisson Volant (1957), de Alexander Calder, foi leiloado por um valor mais elevado que o esperado, 25, 9 milhões de dólares (19 milhões de euros), pagos por um coleccionador asiático não identificado. Do lado feminino, destaque para Joan Mitchell. O trabalho Untitled da artista foi vendido por 11, 9 milhões de euros (8, 6 milhões de euros). Durante o leilão houve licitações de coleccionadores estrangeiros, muitos chineses que apresentaram as suas propostas por telefone. Foi para um destes coleccionadores que foi o tríptico Three Studies for a Portrait of John Edwards (1984), de Francis Bacon, por 80, 8 milhões de dólares (58, 8 milhões de euros). Race Riot, de Andy Warhol, foi alvo de uma grande disputa entre três licitadores asiáticos e um galerista norte-americano. No final, o quadro ficou nos Estados Unidos por 62, 9 milhões de dólares (45, 7 milhões de euros). Das 72 obras que foram a leilão, apenas quatro ficaram por vender. Para uma venda tão bem sucedida contou a garantia que tinham 39 das obras. Caso ninguém competisse para as adquirir, ou a Christie’s ou grupo de investidores externo as compravam. Os trabalhos com garantia valeram à leiloeira 287, 73 milhões de dólares (209 milhões de euros).
REFERÊNCIAS:
Étnia Asiático
Cavaco Silva defende sistema financeiro internacional com três pilares: euro, dólar, yuan
Numa conversa com o Presidente da República Popular da China, Xi Jinping, Cavaco Silva defendeu que o sistema financeiro internacional deveria ter três pilares: o euro, o dólar e o yuan. Uma posição que terá agradado ao líder do gigantes asiático, com 1, 3 mil milhões de habitantes e uma economia que aspira a tornar-se, antes de 2020, lider mundial. O Presidente da República Portuguesa está neste momento reunido com o governante de Macau, local aonde chegou ao início da tarde (7h em Portugal continental), 15 anos depois da transição para a China. Cavaco Silva, que em 1999 esteve em Macau, vai dar amanhã por concl... (etc.)

Cavaco Silva defende sistema financeiro internacional com três pilares: euro, dólar, yuan
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-05-18 | Jornal Público
TEXTO: Numa conversa com o Presidente da República Popular da China, Xi Jinping, Cavaco Silva defendeu que o sistema financeiro internacional deveria ter três pilares: o euro, o dólar e o yuan. Uma posição que terá agradado ao líder do gigantes asiático, com 1, 3 mil milhões de habitantes e uma economia que aspira a tornar-se, antes de 2020, lider mundial. O Presidente da República Portuguesa está neste momento reunido com o governante de Macau, local aonde chegou ao início da tarde (7h em Portugal continental), 15 anos depois da transição para a China. Cavaco Silva, que em 1999 esteve em Macau, vai dar amanhã por concluida a sua visita de sete dias ao país, um périplo que o levou a Xangai e a Pequim. Numa troca de palavras com os jornalistas que o acompanham na sua viagem, ainda dentro do avião que o transportou (madrugada em Lisboa) de Pequim a Macau, Cavaco Silva declarou que a visita de Estado ficou marcada pela afabilidade entre os presidentes e que as suas expectativas foram ultrapassadas. Em Pequim, o Chefe de Estado foi recebido ao mais alto nível com honras militares por Xi Jinping, pelo primeiro-ministro Li Keqiang, além de ter estado reunido com presidentes das maiores empresas chinesas, estatais e privadas, nomeadamente dos grupos com investimentos em Portugal. Para Cavaco Silva, os líderes chineses revelaram boa vontade em aprofundar as parcerias com Portugal nas diversas áreas: educação, ciências, língua portuguesa, empresas e finanças. Um dos assuntos mais referidos relaciona-se com a aposta de Portugal no turismo chinês – segundo lhe foi dito por um empresário do turismo de Xangai, há 450 mil chineses que manifestam interesse em visitar Portugal. Cavaco Silva mencionou a disponibilidade política chinesa para viabilizar uma linha aérea directa entre Portugal e a China, algo que a China Eastern (a empresa do avião que usou nas suas deslocações dentro do país) também defende. Embora no campo das parcerias económicas e financeiras seja ainda um tempo de esperar para ver os resultados, Cavaco Silva explica que Portugal manifestou uma grande disponibilidade para receber investimentos, importadores de produtos portugueses e turistas e que isso ficou registado pelas autoridades e pelos empresários chineses. No quadro da sua visita de estado, foram celebrados acordos em varias áreas empresariais, académicas, cientificas, e da promoção da língua portuguesa na China. O ministro da Educação Nuno Crato já veio anunciar que dentro de três a cinco anos, as escolas passarão a oferecer o ensino do mandarim como opção de segunda língua estrangeira. Cavaco Silva sublinhou ainda a grande afabilidade manifestada por Xi Jinping que o deixou surpreendido, o que ficou expresso no encontro que decorreu esta quinta-feira entre os dois e que superou o tempo reservado, mas também na conferência de imprensa conjunta – Jinping apenas fez o mesmo com Obama. Também no banquete oficial oferecido pelo casal Jinping e Peng Liyuan aos Cavaco Silva e à sua comitiva, os dois presidentes estiveram à conversa de forma “descontraída”. Entre os temas abordados terão estado a situação da Venezuela, da Ucrânia, na União Europeia e do euro. Cavaco conta que à questão que lhe foi colocada por Jinping do que achava do facto de o sistema financeiro internacional ter um só pilar, o dólar, respondeu: “o sistema financeiro internacional ficaria mais equilibrado com três pilares: o euro, o yuan, o dólar. ” Uma posição que terá deixado o seu homólogo satisfeito até porque a China tem procurado impor a moeda nacional nas trocas comerciais internacionais. O yuan já é usado nas relações empresarias da China com o Japão. A China não esqueceu a forma como decorreram as negociações e o processo de transicção de Macau, que começou em 1994 e terminou em 1999, quando Cavaco Silva era primeiro-ministro. Para o Presidente da República houve da parte do seu governo um cuidado muito grande e sempre se destacou a amizade e as relações amistosas entre os dois povos. O que não aconteceu com a mudança de soberania de Honk Kong da Grã Bretanha para China pois, conforme recorda Cavaco Silva, os inglesas não se adaptaram à forma como Pequim negoceia.
REFERÊNCIAS:
Étnia Asiático
Todos cortejam a Indonésia. Porquê?
Kishore Mahbubani, professor em Singapura e um dos teóricos da ascensão da Ásia, publicou em Abril um artigo que começava assim: “Mais de um terço da população mundial vive em apenas três países: a China, a Índia e a Indonésia. Ora, estes três países atravessam transições políticas importantes, seja na véspera ou imediatamente a seguir à designação de novos dirigentes. Os próximos vencedores das eleições na Índia e na Indonésia juntar-se-ão ao novo presidente chinês, Xi Jinping, no seu esforço para estimular o crescimento económico da região. O que, previsivelmente, levará a uma mais rápida ascensão da Ásia em di... (etc.)

Todos cortejam a Indonésia. Porquê?
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-07-27 | Jornal Público
TEXTO: Kishore Mahbubani, professor em Singapura e um dos teóricos da ascensão da Ásia, publicou em Abril um artigo que começava assim: “Mais de um terço da população mundial vive em apenas três países: a China, a Índia e a Indonésia. Ora, estes três países atravessam transições políticas importantes, seja na véspera ou imediatamente a seguir à designação de novos dirigentes. Os próximos vencedores das eleições na Índia e na Indonésia juntar-se-ão ao novo presidente chinês, Xi Jinping, no seu esforço para estimular o crescimento económico da região. O que, previsivelmente, levará a uma mais rápida ascensão da Ásia em direcção à supremacia económica mundial. ”Esta citação serve para enquadrar a importância das eleições indonésias e a emergência de um novo presidente, Joko Widodo, conhecido por Jokowi. Para Mahbubani, Xi, Jokowi e o indiano Narendra Modi são “nacionalistas modernizadores” que fazem assentar os seus projectos políticos e nacionais no desenvolvimento económico. As eleições indonésias têm, no entanto, outras dimensões relevantes (ver PÚBLICO de 23 de Julho). Jokowi e a democraciaA primeira particularidade é a personalidade do novo presidente. Jokowi, 53 anos, é o primeiro líder indonésio que não nasceu na oligarquia — económica, política e militar — que independentemente dos regimes dirige a Indonésia desde a independência. Filho de um carpinteiro de Java, lançou-se na indústria de móveis e tornou-se exportador. Em 2005 abandonou os negócios e candidatou-se à presidência da sua cidade, Jolo. Venceu, remodelou a cidade e foi reeleito com 90% dos votos. Em 2012, candidatou-se a governador de Jacarta e voltou a vencer contra todos os prognósticos. É olhado como um “homem do povo” mas não como populista. Tornou-se um fenómeno político: responde a aspirações das camadas pobres e da jovem classe média produzida pelo surto de desenvolvimento económico. O seu rival, o ex-general Probowo Subianto, tem um perfil diametralmente oposto. Vem da oligarquia, foi genro do general Suharto, faz parte de uma família milionária e tem um pesado cadastro de repressão durante a longa ditadura militar — o que valeu mais tarde a expulsão do exército. A grande diferença vai para lá das origens ou das propostas económicas. Ao fim de 16 anos de reformas políticas e sociais cujo balanço excedeu as expectativas, transformando a Indonésia num “país livre”, Probowo propõe uma mudança de paradigma. Considerando que a “democracia ocidental” não se adapta à Indonésia, defendeu concentração do poder na figura do Presidente, a abolição das “eleições directas”, o primado da disciplina e da ordem. Jokowi, inversamente, propõe o aprofundamento da democracia política. Esta questão do regime encaixa-se num debate em curso no Sueste Asiático sobre os méritos da democracia liberal e sobre a eficácia económica dos regimes autoritários, discussão relançada pelo recente golpe de estado na Tailândia. O modelo da “democracia autoritária” de Singapura exerce um grande fascínio. Por isso, o processo eleitoral indonésio foi seguido com extrema atenção, não só no Sueste Asiático mas de Pequim a Tóquio, de Camberra a Washington. O processo eleitoral teve uma larga participação sem grandes incidentes, num país-arquipélago com milhares de ilhas e quase 250 milhões de habitantes. Probowo explorou a indecisão do segundo mandato do presidente Susilo Yudhoyono para reactivar a nostalgia de um “homem forte”. Mas, a partir das primeiras presidenciais por sufrágio directo, em 2004, os indonésios não abrem mão do seu direito de voto. Probowo tinha razão quando disse na campanha: “A democracia é como fumar. É muito difícil parar depois de se estar viciado. ”Outra expectativa de muitos indonésios é a ruptura com a velha ordem oligárquica. É uma aposta mais arriscada. Mas a simples eleição de Jokowi marca uma ruptura. Há uma nova geração a emergir, com novas aspirações, e uma velha ordem em decomposição. O grande teste de Jokowi, que tomará posse em Outubro, será o da eficácia do governo. O Parlamento está “balcanizado”, o que o forçará a negociar com cinco ou seis partidos. Se a eleição presidencial é assumida como uma escolha nacional, os deputados são eleitos na base de interesses e alianças locais. Em reacção ao centralismo da era Suharto, os seus sucessores promoveram uma hiper-regionalização, o que está a redundar na fragmentação partidária. Jacarta no mundoA Indonésia não é relevante apenas por ser grande: a quarta nação mais povoada do mundo, a maior “democracia muçulmana”, a maior economia do Sueste Asiático, membro do G-20. Como líder da Associação de Nações do Sueste Asiático (ASEAN), aspira a tornar-se num “actor global” e não apenas regional. É uma média potência. Tem uma impregnada tradição nacionalista que se está a transformar perante o novo contexto mundial. Yudhoyono fez a Indonésia jogar num tabuleiro diplomático mais largo. O analista indonésio Rizal Sukma, hoje conselheiro de Jokowi, propõe uma subida de perfil, “uma política externa pós-ASEAN”.
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE
Paquistão rejeita proposta indiana de mobilizar patrulhas conjuntas
O Paquistão rejeitou hoje a proposta indiana de mobilizar patrulhas conjuntas ao longo da linha de controlo de Caxemira, de forma a impedir a infiltração de terroristas. Para Islamabad, a proposta não traz nada de novo e não terá resultados práticos. Em comunicado, Islamabad lembra que os dois Exércitos já estão a patrulhar os respectivos lados da linha de controlo, que divide os sectores indiano e paquistanês de Caxemira. "O Paquistão já exprimiu a vontade de aceitar uma monitorização neutra da linha de controlo de Caxemira", adianta o comunicado. Esta hipótese tem sido recusada pela Índia, que pretende impedir ... (etc.)

Paquistão rejeita proposta indiana de mobilizar patrulhas conjuntas
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2002-06-06 | Jornal Público
TEXTO: O Paquistão rejeitou hoje a proposta indiana de mobilizar patrulhas conjuntas ao longo da linha de controlo de Caxemira, de forma a impedir a infiltração de terroristas. Para Islamabad, a proposta não traz nada de novo e não terá resultados práticos. Em comunicado, Islamabad lembra que os dois Exércitos já estão a patrulhar os respectivos lados da linha de controlo, que divide os sectores indiano e paquistanês de Caxemira. "O Paquistão já exprimiu a vontade de aceitar uma monitorização neutra da linha de controlo de Caxemira", adianta o comunicado. Esta hipótese tem sido recusada pela Índia, que pretende impedir uma internacionalização do conflito de Caxemira. O primeiro-ministro indiano, Atal Behari Vajpayee, considera ainda que a ideia não é prática: "A região é montanhosa e o terreno inacessível. A ideia de uma terceira parte verificar a situação não é prática nem necessária". Numa conferência de imprensa na cimeira asiática de Alma-Ata, o primeiro-ministro indiano afirmou que Nova Deli consideraria a hipótese de integrar patrulhas conjuntas ao longo da fronteira indo-paquistanesa da região disputada de Caxemira. Atal Behari Vajpayee impôs, no entanto, como condição que Islamabad impedisse as infiltrações fronteiriças de militantes islâmicos do Paquistão. As declarações do líder indiano aumentaram as esperanças de que os dois países pudessem chegar a um consenso, que já ontem parecia possível, quando o Presidente russo declarou que Vajpayee e o Presidente paquistanês, Pervez Musharraf, estavam dispostos a solucionar o diferendo e a estabelecerem, para isso, contactos directos. O Paquistão nega a existência de quaisquer infiltrações ao longo da fronteira e pede a intervenção de observadores independentes, nomeadamente monitores das Nações Unidas. "Rejeitamos que a Índia assuma o papel de acusador e de juiz. Se eles são os acusadores, deve haver outra pessoa que aja como juiz", defendeu Musharraf em declarações à CNN. Por seu lado, o ministro da Defesa indiano, George Fernandes, afirmou hoje que não houve uma diminuição "visível ou substancial" das infiltrações no sector indiano de Caxemira. Vajpayee exige ainda que o Paquistão passe das promessas aos actos, no sentido de perseguir os militantes islâmicos acusados por Nova Deli de serem responsáveis por ataques contra alvos indianos. Ao longo da linha de controlo de Caxemira estão mobilizados milhares de soldados de ambos os lados. O enviado especial de Musharraf na Europa fez declarações preocupantes, afirmando que o Paquistão se reserva o direito de usar a bomba atómica, "já que o Exército e Força Aérea indianos são cinco vezes mais numerosos e, em casos de urgência, é a nossa sobrevivência que poderá estar em jogo". "A arma atómica é dissuasiva, a nossa posição é de não a utilizar, porque seria irresponsável, mas estamos prontos para o fazer: a possibilidade extrema existe", declarou o general Jehangir Karamat, citado pela AFP. Entretanto, a Turquia ofereceu-se para mediar o conflito indo-paquistanês. O primeiro-ministro turco, Bulent Ecevit, propõe-se criar "um clima propício" com vista ao diálogo entre as duas potências nucleares. Em carta enviada a 24 de Maio a Musharraf e Vajpayee, Ecevit escreve que a Turquia está disposta a desempenhar "não importa que papel" em benefício das conversações entre os dois Estados. "Os diferendos devem ser solucionados pela via pacífica", declara Ecevit. A Turquia tem relações tradicionalmente boas com o Paquistão, mas também com a Índia. O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, lamentou que Nova Deli e Islamabad "não tenham aproveitado a oportunidade" surgida na cimeira de Alma-Ata para diminuir a tensão entre si.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU
Coreia do Norte ameaça abandonar armistício
A Coreia do Norte ameaçou hoje abandonar o armistício assinado em 1953 se for imposto um bloqueio naval ou se forem aprovadas sanções contra o país, em retaliação pelo reinício do seu programa nuclear. "A Coreia do Norte não tem outra opção a não ser dar passos decisivos para abandonar o compromisso de pôr em prática o Acordo de Armistício, libertando-se de todos os seus preceitos, tendo em conta as possíveis sanções que o lado norte-americano pretende aprovar contra a Coreia do Norte", lê-se num comunicado emitido esta manhã por Pyongyang. "Se os EUA persistirem em violar e usar o armistício como lhes convém, a ... (etc.)

Coreia do Norte ameaça abandonar armistício
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2003-02-18 | Jornal Público
TEXTO: A Coreia do Norte ameaçou hoje abandonar o armistício assinado em 1953 se for imposto um bloqueio naval ou se forem aprovadas sanções contra o país, em retaliação pelo reinício do seu programa nuclear. "A Coreia do Norte não tem outra opção a não ser dar passos decisivos para abandonar o compromisso de pôr em prática o Acordo de Armistício, libertando-se de todos os seus preceitos, tendo em conta as possíveis sanções que o lado norte-americano pretende aprovar contra a Coreia do Norte", lê-se num comunicado emitido esta manhã por Pyongyang. "Se os EUA persistirem em violar e usar o armistício como lhes convém, a Coreia do Norte não terá qualquer interesse em manter-se desconfortavelmente ligada a este acordo, acrescenta a nota, citada pela agência oficial KCNA. Já na semana passada, Pyongyang tinha acusado os EUA de violarem o armistício de 1953, ao aumentar o número de soldados na zona desmilitarizada que separa as duas Coreias. O anúncio norte-coreano não mereceu ainda uma reacção oficial de Washington, mas algumas fontes da Administração consideram que se trata apenas de mais uma declaração sem efeito da Coreia do Norte, já que o regime liderado por Kim Jong-il abandonou a comissão responsável pelo acompanhamento do armistício em 1994. A declaração norte-coreana surge um dia depois de o diário "New York Times" ter noticiado que o Pentágono e o Departamento de Estado estão a preparar um pacote de sanções que o Conselho de Segurança poderá vir a aprovar em retaliação pelo reinício do programa nuclear norte-coreano. De acordo com a mesma fonte, as sanções deverão incluir a proibição de venda de armas (a Coreia do Norte é acusada de ser um dos maiores proliferadores de armamento do mundo), a proibição de entrada no país de receitas provenientes do jogo e a criação de medidas para impedir a saída do país de droga destinada aos mercados asiáticos. Estas informações contrariam a versão oficial, já que os EUA garantem não ter intenções de aprovar, para já, sanções contra a Coreia do Norte, afirmando pretender resolver o diferendo de forma diplomática. Em paralelo, Washington anunciou a sua intenção de enviar para a península norte-coreana doze aviões bombardeiros B-12 e B-1 para participarem em exercícios militares conjuntos com a Coreia do Sul. Uma trégua indefinidaO armistício foi assinado a 27 de Julho de 1953 pela China e pela Coreia, do lado comunista, e pelos EUA em nome da comunidade internacional, pondo fim a três anos de guerra iniciados com a invasão do Sul pelo regime comunista do Norte. Na altura era claro que se tratava de um acordo temporário que visava apenas pôr fim à guerra "até à resolução pacífica final". No entanto, o cenário da Guerra Fria e a permanente tensão entre a Coreia do Norte, de um lado, e a Coreia do Sul e EUA, do outro, adiaram indefinidamente a assinatura de um tratado de paz. Ao abrigo do acordo de armistício foi criado um mecanismo de troca de prisioneiros e a criação de uma Zona Desmilitarizada, com quatro quilómetros de comprimento e 241 de largura, ao longo do paralelo 38. Uma comissão de armísticio foi encarregue de vigiar o respeito pelo acordo assinado e reunia-se regularmente na aldeia de fronteira de Panmunjom, no meio da zona desmilitarizada, mas esses encontros foram abandonados há nove anos. A zona está recheada de milhões de minas e milhares de soldados concentram-se em ambos os limites da zona desmilitarizada. Cerca de 70 por cento dos soldados norte-americanos estacionados na Coreia do Sul (perto de 37 mil efectivos) estão colocados junto ao limite Sul da zona desmilitarizada, ao abrigo de um autorização das Nações Unidas para que verifiquem o respeito pela trégua. Nos últimos anos têm-se multiplicado as acusações de desrespeito pelo acordo. Ainda em Janeiro passado, a ONU acusou o regime de Pyongyang de violar o armistício ao estacionar ilegalmente metralhadoras pesadas dentro dos limites da zona tampão.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU EUA
"Fahrenheit 9/11" vence a Palma de Ouro de Cannes
O documentário "Fahrenheit 9/11", do controverso realizador norte-americano Michael Moore, foi premiado com a Palma de Ouro do festival de cinema de Cannes, numa edição dominada pelos actores asiáticos. O trabalho de Michael Moore, que apresenta uma visão bastante crítica sobre o papel da Casa Branca na sequência dos atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001, é o primeiro documentário a ser galardoado com a Palma de Ouro desde "O Mundo Silencioso", de Jacques Cousteau, em 1956. O actor japonês Yagura Yuuyi, de apenas 14 anos de idade, venceu o prémio de Interpretação Masculina pelo seu trabalho em "Nobody ... (etc.)

"Fahrenheit 9/11" vence a Palma de Ouro de Cannes
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.3
DATA: 2004-05-23 | Jornal Público
TEXTO: O documentário "Fahrenheit 9/11", do controverso realizador norte-americano Michael Moore, foi premiado com a Palma de Ouro do festival de cinema de Cannes, numa edição dominada pelos actores asiáticos. O trabalho de Michael Moore, que apresenta uma visão bastante crítica sobre o papel da Casa Branca na sequência dos atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001, é o primeiro documentário a ser galardoado com a Palma de Ouro desde "O Mundo Silencioso", de Jacques Cousteau, em 1956. O actor japonês Yagura Yuuyi, de apenas 14 anos de idade, venceu o prémio de Interpretação Masculina pelo seu trabalho em "Nobody Knows", de Hirokazu Kore-eda, um filme que retrata a vida de quatro crianças abandonadas pela própria mãe. O prémio de Interpretação Feminina foi atribuído à chinesa Maggie Cheung pelo seu papel em "Clean", do francês Olivier Assayas, onde encarna uma viúva que tenta ver-se livre da dependência de drogas. O Grande Prémio do Júri foi atribuído ao ultra-violento filme coreano "Old Boy", de Pak Chan-wook, muito ao gosto do presidente do júri do festival de Cannes, Quentin Tarantino. O prémio de Melhor Realizador foi entregue a Tony Gatlif, por "Exils".
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE
Os massacres que o mundo esqueceu
Em 1988, como em 2007, os protestos nasceram da crise económica que a Birmânia atravessava, mas depressa assumiram contornos políticos, com milhares de pessoas nas ruas a exigirem democracia, num país dominado há décadas por um regime totalitário. Então, como agora, a repressão militar esmagou os opositores, à custa de um banho de sangue, detenções arbitrárias e tortura. Ao contrário de 2007, em 1988 o mundo demorou dias até conhecer as imagens dos massacres que provocaram três mil mortos. No final da década de 1980, a Birmânia acumulava décadas de empobrecimento, fruto de uma desastrosa política económica inicia... (etc.)

Os massacres que o mundo esqueceu
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2007-10-14 | Jornal Público
TEXTO: Em 1988, como em 2007, os protestos nasceram da crise económica que a Birmânia atravessava, mas depressa assumiram contornos políticos, com milhares de pessoas nas ruas a exigirem democracia, num país dominado há décadas por um regime totalitário. Então, como agora, a repressão militar esmagou os opositores, à custa de um banho de sangue, detenções arbitrárias e tortura. Ao contrário de 2007, em 1988 o mundo demorou dias até conhecer as imagens dos massacres que provocaram três mil mortos. No final da década de 1980, a Birmânia acumulava décadas de empobrecimento, fruto de uma desastrosa política económica iniciada pelo general Ne Win após o golpe militar de 1962. Intitulada “A Via Birmanesa para o Socialismo”, a política isolacionista do regime nacionalizara toda a economia, permitindo que o maior exportador mundial de arroz ao tempo da independência (1948) registasse agora sérias carências desse cereal. As principais indústrias do país – a exploração de combustíveis, a extracção de pedras preciosas e madeiras exóticas – estavam à beira da paralisia após anos de desinvestimentos. Números da sorteA revolta estalou em Setembro de 1987, quando Ne Win, fazendo uso da tradicional superstição nos números, decidiu manter apenas em circulação as notas de 45 e 90 kyats, as únicas divisíveis por nove, o seu número da sorte. A megalómana decisão reduziu a nada as poupanças de centenas de milhares de pessoas e os protestos não tardaram, num país onde durante um quarto de século poucos ousaram desafiar o regime de partido único. As associações de estudantes – proibidas pelo regime, mas dotadas de uma bem organizada rede clandestina – encabeçaram os protestos, mas, durante meses, poucos os acompanharam até que, em Março de 1988, um estudante que participava numa manifestação junto ao Instituto de Tecnologia foi abatido a tiro. Nos dias que se seguem, a revolta estudantil, a que se juntam outros habitantes de Rangum, aumenta e ouvem-se nas ruas da capital as primeiras reivindicações de democracia. O regime reage, enviando para as ruas a polícia anti-motim que reprime os protestos com brutalidade e não hesita em abrir fogo contra os manifestantes. O cenário repete-se em Junho, perante um regime incapaz de silenciar os protestos. Em finais de Julho, a revista “Aseanweek” garantia que o número de mortos entre os opositores ultrapassava já uma centena, mas da comunidade internacional surgiam apenas tímidos protestos. Foi, por isso, com surpresa que o país recebeu, no final de Julho, a notícia de que o general Ne Win – o único líder que o país conhecera em 26 anos – se demitira da liderança do Partido do Programa Socialista da Birmânia (BSPP) e que para o seu lugar fora escolhido Sein Lwin, representante da linha mais dura do regime, que agora prometia reformas económicas e a estabilização do país. Mas o efeito conseguido foi o oposto. Homem obscuro, a opinião pública conhecia o novo líder apenas como o comandante da polícia anti-motim responsável pela repressão de Março e Junho, recordando-o ainda como o chefe companhia que em 1962, poucos dias após o golpe de Estado, matara 22 estudantes que protestavam na Universidade de Rangum. “Com a morte de alguns, tudo regressou à calma. Se forem mortos outros dez mil resolvemos o problema de vez”, terá dito Sein Lwin na reunião de emergência do comité central executivo após a repressão de Junho, segundo uma citação da “Aseanweek”. A frase ficou célebre, como também ficaria a ameaça deixada pelo general Ne Win ao anunciar a sua saída de cena: “Quero que todos no país saibam que, se no futuro houver quaisquer desacatos, o Exército dispara para acertar, não para o ar em aviso”. 8-8-88A confirmação destas palavras, como recordou recentemente a BBC, demoraria poucos dias a ser feita. Ignorando os avisos do regime e a imposição da lei marcial em Rangum, milhares de estudantes, acompanhados por monges budistas nos seus trajes tradicionais, saíram à rua nos primeiros dias de Agosto para contestar a nomeação de Sein Lwin e exigir uma mudança de regime. Outras cidades juntaram-se aos protestos, entre elas Mandalay, a antiga capital imperial e segunda maior metrópole do país, e não tardou até que o regime respondesse com o uso da força, provocando as primeiras vítimas. A 8 de Agosto (8-8-88 como ficaria conhecido entre os opositores) as associações de estudantes convocam uma greve geral em Rangum, fazendo-a coincidir com um número associado à boa sorte por muitos birmaneses. Os relatos recolhidos pela imprensa da altura referem que a paralisação não teve o efeito esperado, mas durante o dia milhares de pessoas – números não oficiais falam em cinco mil – concentraram-se no centro da cidade, apesar da forte presença policial. A atmosfera é de festa, com cânticos budistas a rivalizarem com canções de protesto, numa multidão onde se destaca o açafrão das vestes dos monges budistas e as bandeiras com pavão dentro de um círculo vermelho – o símbolo dos nacionalistas que lutaram pela independência do país e que se transformaria no porta-estandarte das manifestações estudantis. Tom White, adido cultural da embaixada britânica à data, lembrou à BBC a euforia dos que, após décadas de repressão, cantavam nas ruas: “Queremos democracia, é isso que queremos”. Ao contrário do que o regime esperava, os manifestantes não desmobilizaram com o cair da noite e, de madrugada, a tensão crescente era interrompida pelas primeiras rajadas de tiros. Testemunhas afirmam que os militares, chamados a defender as ruas, abriram fogo contra a multidão indefesa. Na manhã seguinte, o balanço oficial dava conta de cinco mortos, 55 feridos e 1451 detidos em Rangum, a que se juntavam dezenas de vítimas noutras cidades do país, mas os números exactos nunca foram conhecidos. As organizações humanitárias calculam que mais de mil opositores foram abatidos durante os protestos ou mortos na prisão. Suu Kyi, o novo rosto da oposiçãoA violência não calou os protestos. A notícia de que manifestantes indefesos, incluindo monges, tinham sido mortos a tiro gerou uma onda de indignação num país maioritariamente budista. Nos dias que se seguiram, multiplicaram-se os confrontos violentos entre militares e civis. A 12 de Agosto, apenas 18 dias depois de assumir as rédeas da Birmânia, Sein Lwin – apelidado nas ruas de “Carniceiro” e “Hitler do Camboja” – é forçado a demitir-se, sendo substituído pelo então procurador-geral Maung-Maung, um moderado, considerado próximo do antigo ditador. Ao tomar posse, o novo líder prometeu investigar os incidentes dos dias anteriores e anunciou o fim da lei marcial. A oposição, no entanto, manteve os protestos, organizando manifestações a que acorriam centenas de milhares de pessoas e, no final de Agosto, a cúpula do regime acabaria por ceder, anunciando a realização para breve de eleições multipartidárias, sem no entanto se comprometer com uma data. No início de Setembro, a edição asiática da revista “Time” dava conta do ânimo instalado entre os movimentos pró-democracia, mas também da anarquia que crescia nas ruas da capital. No pensamento de todos, a possibilidade de uma mudança de regime, tal como acontecera dois anos antes nas Filipinas, com a queda em desgraça do então ditador Ferdinand Marcos. Aung San Suu Kyi fala ao povoDias antes, Aung San Suu Kyi, filha do falecido herói da independência Aung San, falara à multidão reunida no pagode de Shwedagon (as testemunhas falavam em meio milhão de apoiantes) e num discurso emotivo exigiu a demissão de Maung-Maung e a criação de um governo interino para organizar as eleições livres. Recém regressada à Birmânia para tratar da mãe que se encontrava doente, Suu Kyi, espontânea e carismática, rapidamente se torna o rosto da oposição democrática, onde pontuam outros filhos de heróis da independência como os dirigentes estudantis Ming Ko Naing e Cho Cho Kyaw Nyein. Aos apoiantes, Suu Kyi pede contenção e avisa para os riscos de uma confrontação com o Exército, alegando que “a democracia só pode ser obtida de forma pacífica e unificadora”. Mas nas ruas, os saques multiplicam-se, há relatos de companhias inteiras que se juntam à oposição, milícias populares patrulham as ruas e crescem os rumores de que os generais leais ao antigo ditador preparam um golpe. Na edição de 9 de Setembro, a “Asianweek” cita as palavras proféticas de Michael Aung, um historiador americano de origem birmanesa: “Se a desordem continuar, será uma desculpa perfeita para os militares intervirem, tal como fizeram em 1962”. Repressão sangrentaNa segunda semana de Setembro, alegando que “o Governo estava à beira da auto-dissolução”, uma junta militar liderada pelo então ministro da Defesa Saw Maung assume o poder, colocando em prisão domiciliária centenas de dirigentes cuja lealdade aos princípios do regime é posta em causa. A 18 de Setembro – o mesmo dia em que começaram os protestos de 2007 – uma multidão de manifestantes pró-democracia concentrada junto à embaixada americana é baleada por militares instalados em telhados na vizinhança, relata a correspondente da “Newsweek”. Milícias ligadas à oposição reagem, atacando com setas postos militares noutros pontos da capital, dando à junta militar um motivo para desencadear uma campanha de repressão preparada com antecedência. “Os soldados destroem as barricadas, montam postos de controlo e levam a cabo buscas casa a casa à procura de dirigentes da oposição”, relata a revista norte-americana. Milhares de opositores são levados para as prisões do regime, enquanto nas ruas os militares abrem fogo indiscriminadamente contra civis. Testemunhas garantem que camiões carregados de corpos chegam diariamente ao crematório de Rangum. As estimativas apontam, no final da primeira semana de repressão, para um milhar de mortos. A Human Rights Watch admitia num comunicado recente, que só na repressão de Setembro três mil pessoas tenham perdido a vida, elevando para mais de dez mil o número de mortos registados desde Março. Calcula-se que outros tantos opositores tenham procurado refúgio na selva, muitos deles conseguindo fugir para a vizinha Tailândia, ponto de partida para um exílio em países ocidentais. O mundo reageApós meses de indiferença – para o que terá contribuído a escassez de imagens vindas do país – os países ocidentais reagem. Washington exige o fim da repressão e anuncia a suspensão do programa de ajuda humanitária à Birmânia; A União Europeia decreta um embargo à venda de armas – um exemplo que seria seguido depois por várias outras organizações e países. Na década seguinte, outras sanções seriam aprovadas, sempre ao ritmo das notícias de violência que chegavam do país: em 1990, após semanas de boicotes em Mandalay, centenas de monges são detidos e dezenas deles torturados; seis anos depois protestos pacíficos de estudantes são esmagados pela força. Ansiosa por conseguir legitimidade internacional, a junta anuncia no início de 1989 a realização de eleições multipartidárias para o ano seguinte. Apesar das limitações à actividade da oposição – a lei marcial proibia ajuntamentos com mais de cinco pessoas – a recém-formada Liga Nacional para a Democracia (NLD) obtém o apoio esmagador da população, conquistando 392 dos 485 lugares do parlamento, apesar da sua líder, Aung San Suu Kyi se encontrar já em prisão preventiva. Os militares recusam-se, no entanto, a reconhecer os resultados e optam por deter a maioria dos eleitos. Suu Kyi, à semelhança da maioria dos dirigentes estudantis, passará a maior parte dos 19 anos seguintes privada de liberdade. Em 1991, no rescaldo da repressão brutal, o mundo reconhece o novo movimento democrático birmanês, atribuindo à sua líder o Prémio Nobel da Paz e o Prémio Sakharov dos Direitos Humanos.
REFERÊNCIAS:
Dubai: pelo menos sete mortos em desmoronamento de ponte
Uma ponte em construção no Dubai, junto a um dos bairros mais exclusivos da cidade, desmoronou-se esta tarde, fazendo “pelo menos sete mortos”. “Pelo menos sete pessoas morreram e nove ficaram feridas com gravidade e outras cinco sofreram apenas ferimentos ligeiros”, revelou um polícia que acompanha os trabalhos de socorro. De acordo com o agente, que falou sob condição de anonimato, estavam “cerca de 40 trabalhadores sobre a ponte” no momento em que ela ruiu. A estrutura em construção está situada junto ao Dubai Media City que acolhe dezenas de empresas de rádio, televisão e imprensa e nas imediações de uma das ... (etc.)

Dubai: pelo menos sete mortos em desmoronamento de ponte
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento -0.25
DATA: 2007-11-08 | Jornal Público
TEXTO: Uma ponte em construção no Dubai, junto a um dos bairros mais exclusivos da cidade, desmoronou-se esta tarde, fazendo “pelo menos sete mortos”. “Pelo menos sete pessoas morreram e nove ficaram feridas com gravidade e outras cinco sofreram apenas ferimentos ligeiros”, revelou um polícia que acompanha os trabalhos de socorro. De acordo com o agente, que falou sob condição de anonimato, estavam “cerca de 40 trabalhadores sobre a ponte” no momento em que ela ruiu. A estrutura em construção está situada junto ao Dubai Media City que acolhe dezenas de empresas de rádio, televisão e imprensa e nas imediações de uma das ilhas artificiais em forma de palmeira que o Dubai está a construir na sua costa. O Dubai, um dos sete membros da federação dos Emirados Árabes Unidos, tem vivido nos últimos anos uma gigantesca febre de construção, resultado de uma aposta das autoridades locais no sector imobiliário de luxo. Centenas de milhares de operários estrangeiros, na sua maioria do sudeste asiático, trabalham nestas obras, em condições que têm vindo a ser denunciadas pelas organizações humanitárias.
REFERÊNCIAS:
Étnia Asiático Árabes