Uma revolução em movimento
Os veículos eléctricos parecem finalmente posicionar-se como alternativas reais aos tradicionais veículos a combustão. (...)

Uma revolução em movimento
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-12-04 | Jornal Público
SUMÁRIO: Os veículos eléctricos parecem finalmente posicionar-se como alternativas reais aos tradicionais veículos a combustão.
TEXTO: A forma como nos transportamos está a mudar, e a mudar rapidamente, principalmente nas grandes cidades, e isso ficou bem patente na última edição da Web Summit, em Lisboa. Carros autónomos e veículos voadores perfilam-se no horizonte, impulsionados por novas empresas como a Uber, uma empresa que se diz plataforma e que não quer ter meios de transporte próprios, apesar de estar a revolucionar o sector. Depois de vários anos de promessas, os veículos eléctricos parecem finalmente posicionar-se como alternativas reais aos tradicionais veículos a combustão, com a China a desenhar toda uma estratégia colectiva, logo massificada, e os Estados Unidos a mostrar as suas credenciais de empreendedorismo através de empresas como a Tesla. Isto sempre com a conectividade a fazer parte fulcral do processo de fabrico. Pelo meio, há todo um advento de pequenos novos veículos, como a Stigo, uma espécie de mini mota eléctrica desdobrável (pesa cerca de 15 quilos), criada na Estónia. Há também que contar com empresas como a espanhola Cooltra, que aposta em motociclos eléctricos e na economia de partilha (através de uma aplicação conseguimos saber onde está um dos veículos, usamos, pagamos e deixamos onde precisamos), tal como a Ofo, grupo chinês recém-formado e já avaliado em mais de mil milhões de dólares. Neste caso, a aposta incide na partilha de bicicletas convencionais e eléctricas, sem local fixo de estacionamento, com a Ofo a preparar-se para alargar o negócio a Lisboa dentro de poucos meses. Dois pontos em comum a todas estas empresas: pensam e dinamizam novas oportunidades de transporte, e nenhuma é portuguesa. O primeiro ponto é de saudar, o segundo de lamentar. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Voltemos ao caso dos carros eléctricos, e de como está a chegar a sua vez (fenómeno apoiado pela necessidade de menor dependência energética e menor emissão de gases poluentes). Esta é a fase de mudança de ciclo, tal como já aconteceu nos telemóveis, em que o mercado está aberto a novos operadores e empresas decanas correm o risco de perecer. Veja-se o caso da Uniti, uma startup sueca que deve apresentar o seu modelo de carro eléctrico citadino dentro de poucas semanas, e introduzir os primeiros veículos no mercado em 2019. Falhe ou vingue, este é o seu tempo (“It’s time for cars to change”, diz a Uniti). Em Portugal já existiu a União Metalo-Mecânica (UMM), famosa pelos seus jeeps, a Casal ou a Famel. Esta é, aliás, um bom exemplo, já que tem novos proprietários que a querem relançar em modo contemporâneo, ou seja, eléctrico e urbano. Um exemplo onde devia haver mais. Porque o momento é este. E nada impede Portugal de tentar participar na revolução que está em curso.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave espécie chinês
Países da UE prestes a finalizar discussão sobre anonimato nas bitcoins
O anonimato característico da divisa digital tornam-na apelativa para actividades de fuga ao fisco e lavagem de dinheiro. (...)

Países da UE prestes a finalizar discussão sobre anonimato nas bitcoins
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-12-04 | Jornal Público
SUMÁRIO: O anonimato característico da divisa digital tornam-na apelativa para actividades de fuga ao fisco e lavagem de dinheiro.
TEXTO: Quem fizer transacções com divisas digitais na União Europeia vai ter de revelar a sua identidade. Ao impedir o anonimato, o objectivo é remover o apelo da divisa digital para lavagem de dinheiro e fuga ao fisco. O ministério das finanças do Reino Unido – um dos países a discutir o tema – confirmou este fim-de-semana que as negociações devem estar terminadas ainda antes do final do ano. A informação veio à tona depois de vários órgãos de comunicação britânicos encontrarem uma publicação de Novembro (até então ignorada) no site do parlamento do país sobre as negociações. "[Estas] devem estar concluídas, a nível europeu, no final de 2017/começo de 2018", escreveu Stephen Barclay, um membro do ministério das finanças. Segundo Barclay, "o Governo [do Reino Unido] apoia a motivação por detrás das alterações. "A ideia está a ser discutida na União Europeia desde Julho de 2016 como parte das novas emendas à legislação actualmente em vigor sobre "lavagem de dinheiro e financiamento de terrorismo". Na altura, a Comissão Europeia descreveu o "anonimato" como uma das razões que levava os criminosos a "procurar de canais alternativos para transferir dinheiro" e propôs "aumentar a transparência das transacções ao associá-las à identidade dos utilizadores [de divisas digitais]". De acordo com o documento, "um grande número de Estados-membros já deu passos para (ou planeia) regular as divisas digitais". No Reino Unido, por exemplo, a ideia de introduzir regulação para criptomoedas data de 2015, ainda antes da proposta da Comissão Europeia. Em declarações à Fortune esta segunda-feira, um representante da Comissão Europeia disse que as negociações finais sobre o tema vão acontecer na próxima semana, mas "todos concordam" com as alterações sobre as divisas digitais. Actualmente, o anonimato é uma das principais características das operações com divisas digitais como a bitcoin. No Reino Unido, porém, aumentam as preocupações com o facto de as divisas digitais se estarem a tornar cada vez mais atractivas para a fuga ao fisco e outras actividades ilegais. Recentemente, a Guarda Metropolitana de Londres revelou que há um número crescente de traficantes de droga a usar as caixas automáticas de bitcoin na cidade (há cerca de 50 no total). As máquinas permitem que os criminosos troquem grandes quantidades de dinheiro por criptomoedas – como a bitcoin ou a ethereum – sem alertar as autoridades. É algo que seria impossível ao depositar uma grande quantidade de dinheiro num banco. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. "Estas novas formas de transacções estão a expandir-se rapidamente e temos de garantir que não ficamos atrás – isto é particularmente importante em termos de lavagem de dinheiro, terrorismo, ou puro roubo", explicou o deputado do Partido Trabalhista John Mahn, em declarações ao Telegraph. Porém, os países do continente europeu não são os primeiros a querer regular divisas digitais como a bitcoin. Na Rússia, o presidente Vladimir Putin também descreve as criptomoedas como “uma oportunidade de lavagem de dinheiro” e “terrorismo financeiro”, mas acha importante criar regulação. E em Setembro, as autoridades chinesas ordenaram que os serviços de transacção de divisas digitais encerrassem no país. Às 16h de segunda-feira, hora de Lisboa, o valor da bitcoin rondava os 11. 354 dólares (cerca de 9600 euros). No dmingo, antes das notícias da regulação britânica, o valor tinha atingido os 11. 800 dólares. A volatilidade é uma característica da divisa digital.
REFERÊNCIAS:
Tempo Julho Setembro Novembro
Espera-se chuva de clássicos com os clássicos Guns N'Roses
Passaram anos a dizer que era impossível, que nunca se reuniriam outra vez. No final de 2015, a surpresa. Axl Rose e Slash juntavam-se novamente . E Duff McKagan regressava também. Tocam no Passeio Marítimo de Algés esta sexta-feira. Os Guns N'Roses. Mesmo a sério. (...)

Espera-se chuva de clássicos com os clássicos Guns N'Roses
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.033
DATA: 2017-06-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: Passaram anos a dizer que era impossível, que nunca se reuniriam outra vez. No final de 2015, a surpresa. Axl Rose e Slash juntavam-se novamente . E Duff McKagan regressava também. Tocam no Passeio Marítimo de Algés esta sexta-feira. Os Guns N'Roses. Mesmo a sério.
TEXTO: Em 2009, um ano depois da edição do eternamente adiado Chinese Democracy, Axl Rose mostrou-se peremptório: “O que é absolutamente claro é que um de nós os dois irá morrer antes de nos reunirmos e, por mais que alguém ache isso triste, feio, ou infeliz, é o que é”, afirmou à Billboard, que o questionara sobre se valia a pena imaginar que ele e Slash enterrariam o machado de guerra para se unirem novamente. Três anos depois, poucos meses depois da cerimónia que oficializou a entrada dos Guns N’Roses no Rock’n’Roll Hall of Fame, em que Axl Rose decidiu não participar, o guitarrista declarou à imprensa que a formação clássica da banda “nunca se irá reunir”. Eis-nos então agora, dia 2 Junho de 2017, à espera que subam ao palco do Passeio Marítimo de Algés, cenário para o seu terceiro concerto em Portugal (lotação esgotada). Eles, os Guns N’Roses. Com Axl Rose, Slash, o baixista Duff McKagan e o teclista Dizzy Reed, quatro clássicos do período histórico da banda. Que raio aconteceu aqui?Não vale a pena mergulhar muito profundamente no que terá acontecido nos anos passados entre os incisivos “nunca” de Axl Rose e Slash, a confissão deste último que as tensões entre ambos haviam desaparecido e, por fim, o anúncio surpresa, em Dezembro de 2015, de que a banda seria cabeça de cartaz do festival de Coachella do ano seguinte. Se há uma qualidade que atravessa a carreira da banda é a sua turbulência interna e o carácter imprevisível das suas acções. Os ícones do rock bombástico e hedonista de Los Angeles estão de volta, não estão? Com Slash e Duff MCKagan no lugar certo, em vez de um conjunto rotativo de músicos liderado por Axl Rose, não é verdade? Então, venham eles que isto agora é a sério – não queremos saber o que disseram Axl e Slash um ao outro para quebrar o gelo. Certo é que, dia 1 de Abril de 2016, os Guns N’Roses deram um concerto-surpresa no Troubador, clube mítico de Los Angeles e, desde aí, não mais pararam. A digressão, que tem o bem-humorado título Not in this Lifetime… Tour, chega a Portugal no início da componente europeia da actual digressão mundial, depois de actuações em Slane, na Irlanda, dia 27 de Maio, e em Bilbao, Espanha, dia 30. A acompanhá-los estarão Mark Lanegan e Tyler Bryant & The Shakedown (a banda que, o ano passado, no mesmo local, assegurou a primeira parte do concerto dos AC/DC com Axl Rose no papel de vocalista). As portas abrem às 16h, os concertos de abertura começam às 19h e os Guns N’Roses às 21h. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Em 2006, Axl Rose liderou uns outros Guns N’Roses num concerto tépido no Rock In Rio, e quatro anos depois a digressão Chinese Democracy passou pelo então Pavilhão Atlântico, mas desses momentos não ficará grande história. Marcado na memória ficou certamente a passagem pelo antigo Estádio de Alvalade em Julho de 1992. Em entrevista ao PÚBLICO, Duff McKagan dizia que a banda, então descrita como “a mais perigosa do mundo” pela controvérsia que a rodeava (problemas vários com drogas, abandono de concertos, porrada com fãs e seguranças, atitude controversa, muito rock’n’roll, tendo em conta a moral & bons costumes), não passava de “apenas uns putos” – “basicamente”. A maioria dos presentes em Alvalade naquele dia, tenderam a concordar. Pelo menos no que diz respeito a Axl Rose – e não pelas melhores razões. “Monumental seca foi o que apanharam os 60 mil fãs dos Guns N' Roses”, escrevia o PÚBLICO em crítica ao concerto assinada por Jorge Dias, acrescentando que “o supervedetismo de Axl Rose e comparsas chegou e sobrou para estragar uma noite que todos esperavam de delírio total”. Que aconteceu? Axl Rose escorregou em algo que o público atirara para palco logo no início e a coisa descambou a partir daí. Muitas interrupções, amuos, a irritação com um boneco insuflável que não insuflou, saídas de cena enquanto Duff McKagan cantava e Slash solava para não deixar morrer o concerto, algumas canções pelo meio, insultos ao público e por aí fora até ao final. Eram os Guns N’Roses no auge da popularidade, fruto desse encontro entre virtuosismo hard-rock e postura de “bad boys�� que surgia como alternativa ao grunge em ascensão, e do sucesso de Appetite for Destruction (1987), o álbum de estreia, dos dois volumes de Use Your Ilusion (1991) e de singles (e correspondentes telediscos de orçamento milionário, em assídua rotação televisiva) como You could be mine, November rain ou Don’t cry. Os episódios do concerto em Lisboa, assinale-se, não diferiram muito do testemunhado noutras cidades naquela longuíssima digressão (194 concertos ao longo de 28 meses). Vinte e cinco anos depois, não se espera nada semelhante no Passeio Marítimo de Algés. Ao contrário do que aconteceu em 1992, não estarão em palco o guitarrista Gilby Clarke (que substituíra o fundador Izzy Stradlin no decorrer da digressão), ou o baterista Matt Sorum. Nos seus lugares encontramos hoje Frank Ferrer e o baterista Richard Fortus, aos quais se junta uma segunda teclista, Melissa Reese. Mas ouvir-se-á muito do que foi tocado naquele ano. Esta é, afinal, uma digressão de celebração da reunião de uma banda e do legado que construiu. O alinhamento das 27 canções tocadas em Bilbao inclui a “recente” Chinese democracy. Quanto ao resto, a julgar por esse concerto, será clássico atrás de clássico, com Welcome to the jungle a You could be mine, de Mr. Brownstone a Civil war, de Estranged a November rain – com homenagem a Chris Cornell, o recentemente falecido vocalista dos Soundgarden, numa versão de Black hole sun, ou uma passagem por Wish you were here, dos Pink Floyd, ou The Seeker, dos The Who. São os Guns N’Roses e estão de volta a Portugal. Com Axl e Slash lado a lado. Quem diria?
REFERÊNCIAS:
Partidos BE
O corpo nas obras de seis colecções
No museu do Oriente, uma exposição surpreendente trata do modo como os artistas representam o corpo. (...)

O corpo nas obras de seis colecções
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-06-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: No museu do Oriente, uma exposição surpreendente trata do modo como os artistas representam o corpo.
TEXTO: Seis dezenas de obras assinadas por cerca de 35 artistas compõem a mais recente exposição temporária do Museu do Oriente, assinada pelo curador João Silvério que lhe deu o nome de O Olhar da Sibila — Corporalidade e Transfiguração. Na realidade, a exposição resulta de um repto lançado aos participantes de um congresso que aqui teve lugar em 2015 sobre colecções corporativas, ou seja, colecções de arte reunidas sob a égide de uma instituição empresarial. Quer possam ser atribuídas ao empenho de gestores ou directores na sua estreita dependência, como é o caso da colecção EDP ou da colecção pertencente à sociedade de advogados PLMJ, quer provenham de núcleos diversos que se foram fundindo em resultado de decisões políticas ou negociais, como sucede, por exemplo, com a colecção da Fundação Millenium, ou ainda de instituições que se concentraram num tema ou num artista, como acontece com a Fundação Oriente e as diferentes expressões artísticas daquela zona do globo, ou a Fundação Arpad Szènes — Vieira da Silva, para a conservação e exposição de núcleos selecionados da obra deste casal absolutamente fundamental na história da arte modernista europeia, todas estas colecções partilham duas características comuns: a da integração das obras artísticas nos locais de trabalho e o assumir de uma responsabilidade social relativamente à comunidade. A encomenda de uma grande escultura a Rui Chafes pela PLMJ que foi instalada na avenida da Liberdade, em Lisboa, insere-se nesta segunda característica. Um caso particular é o da Colecção da Caixa Geral de Depósitos, fundada em 1983, e que, além de um núcleo notável de obras contemporâneas que foi sendo adquirido depois desta data, acabou por incorporar também o espólio artístico já existente na instituição bancária nessa altura. Divide-se desde então entre a colecção histórica e a colecção de arte contemporânea. Comissário(s):João Silvério Museu do Oriente, Lisboa, Terça a Domingo, de 5 de Abril de 2017 a 18 de Junho de 2017 das 10h às 18hJoão Silvério realizou uma selecção nos acervos destas seis instituições unicamente centrado no trabalho sobre o corpo, a representação e os olhares com que, através sensivelmente dos últimos cem anos, os artistas consideraram aquele que é não só o modelo nuclear de toda a representação artística, como também o intermediário inevitável entre o espírito de cada artista e a sua obra. Afinal, é através da mão, do olhar, das células nervosas que são as suas, que aquilo que o artista imaginou se concretiza. Encontramos nesta exposição diferentes modos de olhar para o corpo, diferentes modos de o pensar também, um pensamento que é sempre refém tanto do tempo em que ocorre como do lugar e do contexto material em que ele se materializa. Há obras nesta exposição que interrogam de maneira acutilante não apenas o corpo do modelo — caso das duas belíssimas peças de Júlio Pomar, pertencente à colecção Millenium —, como o modo como a história encarou o corpo do modelo. Neste sentido, um dos trabalhos de Rui Sanches aqui presentes, Madame Récamier segundo David, de 1989 e da Caixa Geral de Depósitos, é exemplar: o escultor salientou as linhas de composição através de volumes paralelepipédicos e esferas de metal, e a brancura do vestido da pintura original por meio de um tecido drapeado de tal forma a reproduzir a curva clara do quadro de David. Ambos os artistas estão representados de resto na primeira sala da exposição, aquela onde o curador pretendeu mostrar uma espécie de síntese do seu conceito antes de o desenvolver nas salas seguintes. Para além destes artistas, podemos aqui destacar, por exemplo, uma pintura de Sarmento, também do Millenium, e uma pequena peça de Li Yousong, um artista chinês representado na colecção da Fundação do Oriente. Nesta última, que representa um conjunto de personagens femininas dispostas em duas fileiras, como nas antigas fotografias de grupo do princípio do século XX, surpreende-nos a inversão dos estereótipos étnicos habituais: são as figuras claramente chinesas que ocupam o lugar central, fazendo as europeias figura de acompanhantes exóticas das primeiras. Pode dizer-se que, em geral, e mesmo na maioria dos casos de modo sistemático, João Silvério escolheu do melhor que cada colecção possui. Conhecemos de modo razoável as valências de cada um destes coleccionadores empresariais através das exposições que periodicamente vão realizando do seu acervo — neste momento, por exemplo, decorre uma notável apresentação parcial da colecção da Caixa Geral de Depósitos numa das galerias da Culturgest. E se a FASVS e a Fundação Oriente são as únicas a dispor de um museu para apresentação permanente da colecção, todas as outras nos vão deixando apreciar pelo menos uma vez por ano núcleos específicos daquilo que possuem. A inclusão de uma obra de Malhoa (Millenium), Dar de beber a quem tem sede, num conjunto que trata de questões relacionadas com a representação do nu é uma aposta certeira e muito bem conseguida. Já a presença de certas peças pertencentes à Fundação Oriente deixa-nos perplexos. O que pretenderia o curador ao justapor sensibilidades tão diversas?Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A história da colecção em exposição no Museu do Oriente é, de resto, curiosa. Coabitam aí na realidade duas colecções, uma que foi construída pela própria Fundação com compras diversas “alusivas à presença portuguesa na Ásia”, segundo o site do museu, e uma outra, de pendor antropológico e internacionalmente considerada como excelente, que foi oferecida pelo museu Kwok On de Paris. Esta integra cerca de 13000 peças alusivas às artes performativas orientais — e bem sabemos como elas se relacionam com o corpo e as suas transfigurações! E se é possível perceber a natureza da colecção da Fundação Oriente através das peças escolhidas para esta exposição, o mesmo se passa com as outras entidades: colecções mais centradas na actualidade, caso da Fundação EDP e da PLMJ, colecções com um acervo relativo à história recente mais consistente, cado da Millenium e da Caixa. Será caso para perguntar se estas duas últimas estão definitivamente fechadas, ou se ainda haverá margem para enriquecimento dos respectivos acervos. Finalmente, destaquemos algumas peças, para além de todas as que já citámos. Será obrigatório ver a instalação de Ana Jotta, o Light Corner de Feliciano (ambos da Caixa), a fotografia de Mário Macilau (PLMJ), as peças de Ana Vieira, de José Pedro Croft e de Joana Villaverde (todas da EDP), e um núcleo de livros de artista também pertencentes à Fundação EDP. Mas sobretudo, e na nossa opinião, estas são as melhores peças de toda a exposição: um conjunto notável de pequenas pinturas que Maria Helena Vieira da Silva e Arpad Szènes foram fazendo durante os anos 20 e 30. Algumas delas nunca foram vistas, segundo nos diz a directora da FASVS, Maria Bairrão Ruivo, mas materializam exemplarmente o conceito que o curador quis para esta exposição: o da transfiguração do corpo, também através da arte, de um outro com quem nos relacionamos.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave comunidade social espécie corpo chinês
Para entrar na China, “é preciso capacidade produtiva e qualidade”
O gestor Paulo Lima de Carvalho foi à China procurar alargar a rede de investidores. Percebeu que a forma de fazer negócios lá é radicalmente diferente. E aponta dois factores para expandir os negócios para a Ásia: "Quantidade e qualidade". (...)

Para entrar na China, “é preciso capacidade produtiva e qualidade”
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-09-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: O gestor Paulo Lima de Carvalho foi à China procurar alargar a rede de investidores. Percebeu que a forma de fazer negócios lá é radicalmente diferente. E aponta dois factores para expandir os negócios para a Ásia: "Quantidade e qualidade".
TEXTO: Paulo Lima de Carvalho tem 35 anos. No ano passado abraçou a tempo inteiro o projecto Connect4Global, uma empresa que trabalha com uma rede privada de investidores e parceiros na China, em Macau e no Médio Oriente, assumindo as funções de managing director. É também accionista e chief business development officer da Oncostats, a startup que pretende inovar nos tratamentos oncológicos. Por isso mesmo o programa "China Start" assentava que nem uma luva neste empresário português. Se no caso da Connect4Global a razão é óbvia, tendo em conta o perfil e objectivos da empresa, já em relação à Oncostats a questão coloca-se devido ao mercado chinês que é “muito interessante, pelo volume, pela dimensão e número de casos oncológicos”, explicou Paulo Lima de Carvalho em entrevista ao PÚBLICO na Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa, instituição que, em conjunto com a Cheung Kong Graduate School of Business (CKGSB), levou uma série de startups portuguesas à China. O objectivo inicial desta viagem de três semanas era “trabalhar a rede de investidores” que estejam “dispostos a investir na Europa e em empresas portuguesas”, explica Paulo Lima de Carvalho. Ou seja, e na prática, o objectivo é perceber “as áreas em que eles querem investir para poder apresentar-lhes oportunidades de investimentos portugueses e europeus”. E um desses focos de interesse tem movimentado milhões para a Europa e levado alguns dos melhores desportistas do mundo para a China: o futebol. “O futebol é claramente um mercado a trabalhar que está a rebentar. Acho que é a altura de se entrar neste mercado porque efectivamente as coisas estão a acontecer de forma muito rápida”, garante o empresário. Desta forma, diz, “estamos já a trabalhar em algumas parcerias. Estamos já a negociar eventos de legends – eventos com antigos jogadores. Falamos de Luís Figo, Cannavaro, David Beckham”, entre outros. Tudo para levar estas antigas estrelas do futebol mundial a disputarem um jogo em território chinês. Mas também “há muito interesse em campanhas comerciais com jogadores, quer sejam legends quer sejam jogadores no activo”, academias de futebol, plataformas de scouting e “identificação de talento na China”, explica.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave chinês
Ostapenko cai à primeira, Venus e Konta fazem-lhe companhia
Campeã de Roland Garros falhou logo à primeira a tentativa de renovar o título. (...)

Ostapenko cai à primeira, Venus e Konta fazem-lhe companhia
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.25
DATA: 2018-05-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: Campeã de Roland Garros falhou logo à primeira a tentativa de renovar o título.
TEXTO: A letã Jelena Ostapenko, campeã em título da prova feminina, protagonizou neste domingo a grande surpresa da jornada inaugural do torneio de ténis de Roland Garros, segundo Grand Slam do ano, ao ser eliminada a abrir. Na terra batida de Paris, Jelena Ostapenko, quinta cabeça de série, perdeu com a ucraniana Kateryna Kozlova, 66. ª da tabela mundial, em dois sets, pelos parciais de 7-5 e 6-3, num embate que durou 1h34m. A letã caiu ao primeiro "duelo", depois de, há um ano, então com 20 anos e como 47. ª da hierarquia feminina, ter somado sensacionalmente o primeiro título da carreira, ao bater na final parisiense a romena Simona Halep, por 4-6, 6-4 e 6-3. Destaque ainda para as eliminações da veterana norte-americana Venus Williams, nona jogadora mundial, face à chinesa Qiang Wang (91. ª), por 6-4 e 7-5, e da britânica Johanna Konta (22. ª), perante a cazaque Yulia Putintseva (93. ª), por 6-4 e 6-3. No quadro masculino, as surpresas estiveram ausentes, nomeadamente com os apuramentos sem dificuldades do alemão Alexander Zverev, segundo cabeça de série, e do búlgaro Grigor Dimitrov, quarto. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Zverev, terceiro jogador mundial, bateu o lituano Ricardas Berankis (92. º), por 6-1, 6-1 e 6-2, em apenas 1h09m, e vai defrontar na segunda ronda o checo Jiri Vesely (29. º) ou o sérvio Dusan Lajovic (68. º). Por seu lado, Dimitrov superou o egípcio "lucky loser" Mohamed Safwat por 6-1, 6-4 e 7-6 (7-1), em 2h02m, marcando encontro com o norte-americano Jared Donaldson (57. º), que afastou o chileno Nicolas Jarry (59. º). Em frente, seguiram igualmente o belga Davis Goffin, oitavo pré-designado, que precisou de cinco sets para bater o holandês Robin Hasse (44. º), por 4-6, 4-6, 6-4, 6-1 e 6-0, e o espanhol Pablo Carreño-Busta, 10. º cabeça de série, vencedor por 4-6, 6-1, 7-5 e 7-6 (7-5) face ao eslovaco Jozef Kovalik.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave feminina
Avaria deixou passageiros a dormir no chão. “O aeroporto não estava preparado para uma situação destas”
Depois de quase 400 voos terem sido afectados por uma avaria no sistema de abastecimento, muitos passageiros viram os seus voos cancelados. As explicações e soluções oferecidas foram insuficientes. (...)

Avaria deixou passageiros a dormir no chão. “O aeroporto não estava preparado para uma situação destas”
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-06-02 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20170602180129/https://www.publico.pt/n1771742
SUMÁRIO: Depois de quase 400 voos terem sido afectados por uma avaria no sistema de abastecimento, muitos passageiros viram os seus voos cancelados. As explicações e soluções oferecidas foram insuficientes.
TEXTO: Laércio Silva passou a madrugada desta quinta-feira deitado no chão do aeroporto de Lisboa, com a cabeça encostada à mochila, e a dar conta do seu descontentamento no Facebook. “É um desrespeito total, é imperdoável”, sintetiza o brasileiro de 58 anos. Quando se encontrava pronto a embarcar para São Paulo, avisaram-no de que o voo da TAP tinha sido cancelado. A companhia remarcou-o para a manhã seguinte, quando já tinha compromissos do outro lado do Atlântico. Tal como Laércio, dezenas de outros passageiros ficaram espalhados pelo aeroporto, “sem conforto, sem alimentação e sem certezas”. Ainda que o problema de abastecimento de combustível tenha sido resolvido durante a noite, o caos e a desorientação eram evidentes na zona de partidas, devido ao cancelamento de 64 voos ao longo do dia de quarta-feira, ao atraso de outros 322 e ao desvio de 11 aviões para outros aeroportos. No aeroporto Humberto Delgado, pairava no ar um sentimento de desorientação partilhado. Leandro Evangelista é descendente de brasileiros, mas mora em Toronto, Canadá. Era para lá que ia com a sua irmã às 11h30 de quarta-feira e só passadas seis horas – quando já estava dentro do avião – é que soube que o voo tinha sido cancelado. Depois, tudo o que puderam fazer foi ir “seguindo e perguntando, seguindo e perguntando”, e, mesmo assim, as respostas escasseavam. Como compraram uma nova viagem para a manhã seguinte, decidiram não ir para um hotel e ficaram sentados, na esperança de conseguirem adormecer. A Protecção Civil disponibilizou algumas camas para os passageiros que permanecessem nas instalações do aeroporto — por não terem sido acomodados pelas companhias ou por quererem ficar no local porque viajarão em breve. Ainda assim, muitos eram os passageiros que se encontravam a dormir ora no chão ora nos bancos da zona de partidas, encostados uns aos outros ou agarrados às malas. O casal chinês Amy Poon e Au Yeung Kuy aconchegava-se no chão para ficar mais confortável, tanto quanto o chão frio do aeroporto lhe permitia, enquanto contava ao PÚBLICO que o seu voo estava marcado para as três da tarde de quarta-feira mas que só iria partir rumo a Hong Kong às 9h de quinta-feira – hora a que os dois já deveriam estar no destino a trabalhar. Tentaram informar-se junto do balcão da Turkish Airlines, a companhia com que iriam voar, mas disseram-lhes que a culpa não era deles e que pouco havia a fazer. “Nem hotel nem comida, sinto-me terrível”, confessa a enfermeira Amy Poon, enquanto se preparava para descansar. Mas nem todos dormiam. Outras pessoas procuravam balcões de informações ou esperavam em filas. Numa dessas filas, com dezenas de pessoas para remarcar viagens, uma mulher inglesa – que não quis ser identificada – explicou ao PÚBLICO que o seu voo para Frankfurt atrasou várias horas e que, ainda assim, deixaram entrar os passageiros dentro do avião. Pouco tempo depois, tiveram de sair da aeronave e foi-lhes indicado que deveriam seguir para um hotel. “Ficámos à espera numa fila gigantesca e não sabíamos sequer para que era a fila”, conta, afirmando que não “havia qualquer tipo de acompanhamento”. “É um caos total, não temos informações nenhumas”, conclui, insatisfeita com o serviço. John Semeraz estava há mais de dez horas à espera no aeroporto. Veio de Manchester com a mulher para celebrarem em Portugal os 40 anos de casamento. No regresso, viu o seu voo ser constantemente adiado até que recebeu uma mensagem da Ryanair no telemóvel a dizer que o voo tinha sido cancelado e que seria reembolsado. Que apoio sentiu por parte da companhia? “Zero. Não houve serviço de apoio ao cliente, não houve informações ou avisos. É de muito mau gosto. Foi o caos completo”. A única opção sugerida pela companhia era um voo para segunda-feira, cinco dias depois. O britânico de 62 anos decidiu então comprar uma nova viagem para o aeroporto de Birmingham – que fica a 143 quilómetros de Manchester, onde tinha deixado o seu carro. Apesar de se ter sentido completamente perdido, decidiu ver o “bright side of life” já que, enquanto esperava no aeroporto, fez dois novos amigos na mesma situação que ele. Perto dali, estava Ana, sentada no chão à espera que o telemóvel carregasse. Pela TAP, ia viajar em trabalho para Bilbau só que, tal como tantos outros, o seu voo foi cancelado. Afirma que não a foram actualizando da situação” e esperou três horas numa fila – “com trezentas ou quatrocentas pessoas” – até ao balcão da TAP. “Supostamente iria ter novo voo na sexta-feira mas aí já não me interessa. Tive de comprar outro bilhete à parte”, relata. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Também Gabriel Lopes estava sentado no chão, cansado, com a sua mulher a dormir com a cabeça encostada nas suas pernas. Estiveram de férias pela Europa e passaram em Lisboa só para um voo de ligação. Voo esse que estava marcado para a noite de quarta-feira mas foi cancelado e remarcado para a manhã de quinta; bem gostariam de ter ficado a dormir num hotel mas estavam todos cheios e, como não conhecem o país, dizem sentir-se desorientados. O advogado brasileiro considera que deveria ter sido oferecido “suporte aos clientes” e refere que mesmo em termos de alimentação, a TAP deu alguns pães e água — nada mais. Amy Poon e o marido dizem que não se querem aborrecer com reclamações. Só querem regressar a casa, suspiram. Por outro lado, tanto Gabriel como Ana e Laércio garantem que vão protestar formalmente face ao desconforto a que foram sujeitos. Laércio diz compreender que a situação não é fácil para o aeroporto, mas assegura que só se queixa da forma como está a ser tratado: “Vergonhosamente, o aeroporto não estava preparado para uma situação destas. Não ofereceram alternativas, não ofereceram respostas e nós merecemos ser tratados como os clientes que somos”. O PÚBLICO pediu comentários à ANA e à TAP sobre estas eventuais acções dos passageiros – e aguarda resposta.
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Palavras-chave mulher chinês casamento
Aço impede declaração conjunta sobre clima na cimeira UE/China
Pequim queria que Bruxelas reconhecesse a China como uma economia de mercado não dirigida pelo Estado. Apesar disso, as duas partes acordaram a redução do uso de combustíveis fósseis. (...)

Aço impede declaração conjunta sobre clima na cimeira UE/China
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-06-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: Pequim queria que Bruxelas reconhecesse a China como uma economia de mercado não dirigida pelo Estado. Apesar disso, as duas partes acordaram a redução do uso de combustíveis fósseis.
TEXTO: A União Europeia e a China advertiram o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, quanto ao "erro grave" de retirar o seu país do Acordo de Paris, mas as divergências sobre o comércio impediram que na cimeira em Bruxelas as duas partes emitissem uma declaração conjunta sobre o clima. Falando ao lado do primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, disse que o combate pela redução da poluição e para impedir a subida do nível da água vai continuar sem os EUA. Porém, diferentes posições quanto à produção e comércio do aço revelaram que a relação entre a UE e a China ainda tem obstáculos. "Estamos convencidos de que a decisão dos Estados Unidos de deixar o Acordo de Paris é um grande erro", disse Tusk. "A luta contra a mudança climática, e toda a investigação, inovação e progresso tecnológico que a vai acompanhar, vai prosseguir, com ou sem os Estados Unidos". Na cimeira, os três líderes – o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, também participou – comprometeram-se com a redução do uso de combustíveis fósseis, desenvolvendo tecnologias limpas e ajudando a angariar fundos para ajudar os países mais pobres a cortar nas emissões de gases com efeito de estufa. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Uma disputa sobre comércio impediu uma declaração conjunta. A União Europeia e a China não conseguiram chegar a acordo sobre o comunicado final que, entre outros temas, deveria incluir uma alínea em que ambas as partes se comprometiam com o comércio livre e outra sobre a necessidade de uma redução na produção global do aço. A conferência de imprensa dos líderes foi atrasada três horas, mas isso não chegou para que houvesse acordo. A insistência chinesa para que fosse feita uma referência ao eventual reconhecimento, por parte da UE, de que a China é um país com uma economia de mercado, não dirigida pelo Estado, bloqueou a declaração final de 60 pontos. Também não houve acordo quanto ao aço. A produção anual de aço da China é quase o dobro do total produzido pela União Europeia e os governos ocidentais acusam as exportações chinesas pela crise mundial do aço.
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Partidos LIVRE
Pequim prepara-se para assumir liderança no clima após desistência de Trump
Com os EUA fora do compromisso internacional para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, a China e outros grandes países não estão a dar sinais de recuar no seu compromisso. (...)

Pequim prepara-se para assumir liderança no clima após desistência de Trump
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-06-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: Com os EUA fora do compromisso internacional para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, a China e outros grandes países não estão a dar sinais de recuar no seu compromisso.
TEXTO: Quando George W. Bush anunciou que os Estados Unidos não ratificariam o Tratado de Quioto para limitar as alterações climáticas, em 2001, outros países, como o Canadá ou a Austrália, liderados por políticos conservadores, aproveitaram para dizer que também não iriam aplicar o compromisso de limitar as emissões de CO2 para tentar limitar as alterações climáticas. Mas agora que Donald Trump segue a mesma política isolacionista, pode estar a reforçar a cooperação do bloco europeu com a China. “A China vai assumir as suas responsabilidades nas alterações climáticas”, garantiu o primeiro-ministro Li Keqiang, num encontro em Berlim com Angela Merkel, antes de voar para Bruxelas, para participar numa cimeira UE-China em que se espera que seja assinada uma declaração que reafirme o compromisso destas duas partes com o Acordo de Paris. Das 60 alíneas do documento constam princípios como cortar no uso de combustíveis fósseis e desenvolver as tecnologias limpas, diz a Reuters. “Tenho muita confiança nos chineses. São negociadores duros, mas são muito consistentes”, disse Miguel Arias Cañete, comissário europeu do Ambiente, citado pela Reuters. “Se não temos connosco o país que emite 28% do CO2 a nível mundial, não é possível ser eficaz”, reconhece. Para tentar compensar, os outros dois maiores intervenientes na “arena climática”, como diz, “declaram o seu compromisso com o Acordo de Paris”. A China precisa dos conhecimentos tecnológicos europeus para combater a poluição que aflige de forma apocalíptica as suas cidades – deixando-as cobertas durante dias por nuvens escuras irrespiráveis, sobretudo no Inverno. E a UE precisa que Pequim acentue as acções para controlar as emissões de CO. A China consume tanto carvão como todo o resto do mundo, nas suas siderurgias e cimenteiras. Já este ano, a China apresentou um plano, a executar até 2020, em que prevê gastar até 360 mil milhões de dólares (cerca de 320 mil milhões de euros) em energias renováveis e criar 13 milhões de empregos neste sector. Outro plano prevê um crescimento limitado do uso do carvão: em 2020, chegaria a 4100 toneladas, ou seja, um aumento de 3, 5% em relação aos valores de 2015. Pequim quer cortar no uso de carvão devido aos pesados custos para a saúde humana e nas emissões de CO2, que fazem aumentar a temperatura do planeta. "Ao rejeitar a regulamentação, Trump cria um vazio na liderança climática que a China pode preencher”, comentou ao Washington Post Alex Wang, especialista em Ambiente na China na Universidade da Califórnia em Los Angeles. As atenções concentram-se também sobre o que fará a Índia, o outro dos três maiores pesos da balança, para além dos EUA, nas emissões de CO2. A Índia representa cerca de 4, 5% das emissões de CO2. Há uns anos, a Índia resistia a comprometer-se com objectivos de reduções, defendendo o seu direito a continuar a usar carvão para se desenvolver e tirar o seu povo da pobreza. Mas o Governo de Narendra Modi desacelerou a expansão das centrais eléctricas a carvão e lançou um grande investimento na energia solar, eólica e biomassa – o objectivo é instalar uma capacidade de produção de 175 gW até 2022. “A tradição indiana ensina-nos a não nos opormos ao ambiente, mas a envolvermo-nos com ele”, disse Modi esta semana em Berlim, ao ser recebido por Angela Merkel. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público.
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Rajendra Pachauri: “Se os EUA pensam que vivem noutro planeta, deixemo-los acreditar nisso”
Esteve durante 13 anos, até 2015, à frente do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas das Nações Unidas. Rajendra Pachauri veio a Portugal e o que Donald Trump ia fazer em relação às alterações climáticas foi assunto incontornável. (...)

Rajendra Pachauri: “Se os EUA pensam que vivem noutro planeta, deixemo-los acreditar nisso”
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.136
DATA: 2017-06-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: Esteve durante 13 anos, até 2015, à frente do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas das Nações Unidas. Rajendra Pachauri veio a Portugal e o que Donald Trump ia fazer em relação às alterações climáticas foi assunto incontornável.
TEXTO: E enquanto por estes dias o mundo aguardava com expectativa o que o Presidente dos Estados Unidos ia fazer em relação ao Acordo de Paris, de 2015, compromisso que o seu país tinha assinado e ainda ratificado durante a Administração de Barack Obama, entre os oradores que vieram às Conferências do Estoril esteve o investigador indiano Rajendra Pachauri. Entre 2002 e 2015, foi Rajendra Pachauri quem presidiu ao Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC) das Nações Unidas. Criado em 1988, este painel é a autoridade mundial das ciências do clima, emitindo os seus famosos relatórios de avaliação, autênticos boletins do estado de saúde climática do nosso planeta e que têm concluído que a Terra está a aquecer e os seres humanos têm muita responsabilidade nisso. O último, o quinto, divulgado em duas partes (2013 e 2014), elaborado por centenas de cientistas que passaram a pente fino milhares de estudos publicados sobre o que de mais recente a ciência sabe sobre as alterações do clima. O sexto relatório de avaliação sairá em 2022. Em nome do IPCC, Rajendra Pachauri recebeu o Prémio Nobel da Paz de 2007, que partilhou com o ex-vice-Presidente dos Estados Unidos, Al Gore, também pela sua luta contra as alterações climáticas. Antes do IPCC, tinha feito a sua carreira científica sobretudo nos Estados Unidos: doutorou-se em engenharia industrial e economia na Universidade Estadual da Carolina do Norte e, entre outras funções académicas, noutras instituições, fundou o Instituto do Clima e da Energia da Universidade de Yale, que dirigiu entre 2009 e 2012. Nas Conferências do Estoril, dedicadas ao tema “Mudanças Globais, Respostas Locais”, que terminaram esta quarta-feira, Rajendra Pachauri, de 76 anos, veio falar do movimento que fundou há cerca de um ano, Protect Our Planet, para mobilizar sobretudo os jovens para proteger a Terra. Esta quarta-feira, já depois desta entrevista-relâmpago, surgiram mais indícios na imprensa internacional de que Donald Trump iria anunciar a saída do Acordo de Paris. Nesta entrevista, perpassa a ideia de que Rajendra Pachauri estava à espera disso. Na reunião do G7 [grupo dos sete países mais industrializados] no último fim-de-semana, Donald Trump não aceitou o Acordo de Paris. Disse que tinha de pensar melhor na sua decisão. Como olha para esta posição de Trump?Vejo-a como algo muito infeliz. O Presidente do país mais poderoso de todo o mundo, o país que é responsável pela maior parte das emissões cumulativas de gases com efeito de estufa está a fechar os olhos à ciência. Alguns dos melhores cientistas do mundo sobre alterações climáticas vêm dos Estados Unidos. Ele ignora o conhecimento que o seu próprio país gera. Também quero mencionar que os relatórios do IPCC, a que presidi, foram aceites por todos os governos do mundo, incluindo o dos Estados Unidos. Se o senhor Trump quer voltar ao ponto de partida, negando o que tanta gente na sociedade norte-americana aceita totalmente, o que posso eu dizer? Isto diz-nos sobre o tipo de pessoa que ocupa esse lugar extremamente importante nos Estados Unidos e é lamentável. Pensa que os outros seis países do G7 serão capazes de levar por diante o Acordo de Paris sozinhos?Espero que sim. Porque são liderados por pessoas que são responsáveis e os seus próprios cidadãos estão muito preocupados sobre os impactos das alterações climáticas. Na minha perspectiva, só porque o senhor Trump não quer fazer nada não deve perturbar, de forma alguma, os seus planos. Se alguma coisa devem fazer porque os Estados Unidos não avançam é planos ainda mais ambiciosos. Acredito que é isso que acontecerá. Os outros membros do G7 devem avançar depressa para aplicar o Acordo de Paris e as suas metas. Quando fala de medidas mais ambiciosas refere-se, por exemplo, a quê?Cada um deles [membros do G7] assumiu certos compromissos. Penso que devem começar a olhar para esses compromissos e como é que os podem reforçar. Francamente, será muito mais fácil [sem os EUA]. Se olharmos para as tecnologias das energias renováveis, os custos desceram de forma substancial de há três anos para cá. Se decidiram reforçar os seus compromissos, verão que é mais barato e, de facto, poderão fazê-lo quase a custo negativo. Pode dar outros exemplos dessas medidas ambiciosas?O aumento do uso de energias renováveis, a melhoria da eficiência energética de edifícios, de fábricas, dos transportes. Podemos mudar para veículos eléctricos, para mais transportes públicos. Tudo isto terá um grande impacto na redução das emissões. O resto do mundo tem de avançar. Se os Estados Unidos não querem fazer parte do resto do mundo, tudo bem. Se pensam que vivem noutro planeta, deixemo-los acreditar nisso. Se não tiverem de participar numa decisão, talvez torne tudo mais fácil. Devemos avançar. Por outro lado, a posição dos Estados Unidos não poderá desencorajar outros países – como a China – de cumprir o Acordo de Paris?De qualquer forma, a China está a gastar muito dinheiro na expansão das energias renováveis. Se os Estados Unidos saírem do Acordo de Paris, então a China terá um mercado maior. Mesmo hoje, se olharmos para os painéis fotovoltaicos nos Estados Unidos, uma grande parte é importada da China. Se a indústria norte-americana não se aperceber da sua responsabilidade, isso será oferecido à indústria chinesa. Digamo-lo: mesmo que o senhor Trump não queira fazer nada, há estados, como a Califórnia, há cidades nos Estados Unidos que vão continuar a fazer o que têm estado a fazer. Por isso, acho importante a indústria norte-americana perceber que será a grande perdedora destas políticas governamentais. O Acordo de Paris é bom? É que não tem metas específicas para a redução das emissões de gases com efeito de estufa. O Acordo de Paris é um bom acordo porque é um acordo. Dá-nos a oportunidade de fazer alguma coisa, é um começo, não é o fim. O mundo tem de perceber isso. A minha preocupação é que muitos países pensem que agora que temos o Acordo de Paris não temos de nos preocupar com as alterações climáticas. Se pensarmos que o acordo é o fim do esforço, estaremos a cometer um grande erro. Abre uma porta, e o mundo agora tem de entrar rapidamente por essa porta e agir. Se não o fizermos, o Acordo de Paris tornar-se-á inútil, não ajudará ninguém. O objectivo do Acordo de Paris é que o aumento da temperatura global do planeta até 2100 fique muito abaixo dos dois graus Celsius, à volta de 1, 5 graus, em relação aos tempos pré-industriais. Isso ainda é possível?É possível mas temos muito pouco tempo. Se atrasarmos a redução das emissões, faremos com que as reduções necessárias sejam quase impossíveis de atingir. É precisamente por isso que o mundo tem de se aperceber da urgência da situação. Acredito que a única esperança reside na juventude de todo o mundo. Por isso é que lancei o movimento POP – Protect Our Planet –, em que tento trabalhar com os jovens por todo o mundo para que assumam a liderança. E que comecem nas suas escolas, universidades, casas e comunidades e que mudem o estilo de vida. As pessoas que têm 60, 70 anos não vão mudar facilmente. Mas os jovens, que querem assegurar-se de que o seu futuro não é afectado pelos impactos terríveis das alterações climáticas, podem certamente começar a agir. É a única esperança. Quando lançou o movimento POP?Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Lancei-o há pouco mais de um ano, no Dia da Terra de 2016. Tenho estado a trabalhar no México e na República Dominicana. E já começámos na China e em França. Espero que comecemos também em Portugal, porque é um país que vai estar muito vulnerável aos impactos das alterações climáticas. Portugal também é uma sociedade que é muito responsável na área das alterações climáticas. Se os jovens de Portugal decidirem avançar, será um exemplo para outros países. Falei aqui com jovens e espero que alguns deles avancem e lancem este programa nas suas escolas e universidades. Quando estiverem prontos, virei cá para o lançar formalmente, para que todas as instituições educativas no país se tornem centros de acção sobre alterações climáticas. Isso terá um grande impacto na sociedade. Temos a impressão de que os efeitos das alterações climáticas estão a acelerar-se. Temos visto nos dois últimos anos o branqueamento de corais na Grande Barreira de Coral [fenómeno que conduz estes organismos à mortes e se deve ao aquecimento da água]. Temos visto o gelo no oceano Árctico a encolher. Isto é uma impressão ou é mesmo real?Isso é cientificamente correcto. Há projecções, na quinta avaliação do IPCC, de que em Setembro de 2050 não haverá gelo no oceano Árctico. Setembro é o mês em que há menos gelo, que derreteu nos meses de Verão. Mas em Setembro de 2050 o Árctico não terá gelo marinho. Podemos imaginar isto? As coisas estão a tornar-se muito piores, muito mais graves e vemos isso a acontecer por todo o lado. Não podemos dar-nos ao luxo de perder tempo, temos de agir muito depressa.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA