"Uma das coisas mais importantes num professor é admitir que não sabe"
Rogério Martins, matemático, defende que o nível dos exames "devia ser mais baixo" e que as perguntas deviam ser "mais diversificadas”. Sobre a importância que os pais têm no percurso dos filhos, sublinha: "Muda tudo quando uma criança aprende Matemática e tem pais que a entendem, que valorizam aquele saber." (...)

"Uma das coisas mais importantes num professor é admitir que não sabe"
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.45
DATA: 2018-06-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: Rogério Martins, matemático, defende que o nível dos exames "devia ser mais baixo" e que as perguntas deviam ser "mais diversificadas”. Sobre a importância que os pais têm no percurso dos filhos, sublinha: "Muda tudo quando uma criança aprende Matemática e tem pais que a entendem, que valorizam aquele saber."
TEXTO: Um bom professor faz analogias para explicar a matéria, cria empatia com os alunos e, acima de tudo, admite quando não sabe alguma coisa. Quem o diz é Rogério Martins, matemático, professor universitário e apresentador do programa Isto é Matemática que desde 2012 é transmitido na SIC Notícias. Defende que os exames nacionais do ensino secundário deviam ter estruturas diferentes todos os anos, para fazer com que os alunos se foquem na matéria e não na preparação específica da prova. Acha também que os enunciados deviam ser mais simples e ter "perguntas muito mais diversificadas". Reconhece que as suas aulas não são tão divertidas como o programa que apresenta. Mas cada vez mais valoriza a importância de "criar uma boa relação humana com os alunos". E lamenta que o sistema de ensino já se tenha adaptado ao mundo das explicações — "O professor já conta que vai haver um apoio suplementar. " Nada contra as explicações, garante. Contudo, "se tudo estiver a funcionar em condições deve ser suficiente ter um professor, um livro e estudar". É possível dar aulas tão divertidas como o Isto é Matemática?Não quero passar a ideia de que as minhas aulas são como no programa. Não são. Eu costumava dizer que fazer o programa é o sonho de qualquer professor. Primeiro, eu posso escolher o que quero ensinar. Posso ir buscar a parte mais divertida. Segundo, tenho uma lista de gente para tornar aquilo ainda mais giro. Uma equipa de profissionais de televisão e um guionista para criar um ambiente e uma história. As minhas aulas são muito parecidas com uma aula normal. É claro que conto as minhas histórias e tento motivar os alunos da melhor forma. Como é que se motiva os alunos?Quando era estudante comecei a ler muito além daquilo que era ensinado na faculdade. Lia, lia, lia. . . Depois começava a criar pontes. O que faço nas minhas aulas é tentar criar essas pontes. Falar sobre curiosidades. Podia fazer-se mais isso nas escolas. Mas eu também estou a dizer isto e a falar de “barriguinha cheia” em relação aos colegas que dão aulas no secundário ou no básico. Nós, na faculdade, temos mais alguma liberdade para ajustar o que queremos fazer. Estes outros colegas têm programas extensíssimos, muito minuciosos e que não lhes dão margem de manobra. Mas uma coisa boa é relacionar, porque motiva as pessoas. O que é que tem um bom professor?Uma das coisas mais importantes é admitir que não sabe. É mais do que natural que um professor não saiba tudo. É claro que se espera que tenha uma boa formação, não digo que não. Depois há aquelas outras coisas, como saber muito, ser claro, criar boas analogias. . . Eu no início achava que era importante saber muito. Nos últimos anos, uma das coisas que acho importante, é criar uma boa relação humana com os alunos. Os professores de Matemática são bem formados em Portugal?Temos muito bons professores. Em geral, é uma profissão que tem gente com vocação. No caso de Matemática, as pessoas preocupam-se. Os professores fazem um investimento para a tornar agradável. Nós queixamo-nos mas a verdade é que a escola está cada vez melhor. Rogério Martins nem sabe bem como, em 1991, aos 18 anos, foi parar ao curso de Matemática, na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, mas a escolha parece ter sido acertada. Em adolescente, quando frequentava o secundário nas Caldas da Rainha (de onde é natural), não tinha notas particularmente brilhantes à disciplina e, apesar de a achar “relativamente interessante”, não sonhava com esse futuro. Hoje, com 44 anos, o matemático e professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia, tenta arranjar algumas explicações para este percurso diferente do que seria de esperar: “Tipicamente os matemáticos sempre sonharam sê-lo. Quando eu era estudante do secundário, o que gostava mesmo era de filosofia. Na verdade, a minha grande paixão pela matemática surgiu quando eu percebi que era uma espécie de filosofia. ” Quando entrou para o curso lembra que ainda tinha algumas hesitações. Mas “foi amor ao primeiro semestre” e nunca mais pensou noutra coisa. Rapidamente passou de “uma média muito baixa para praticamente as melhores notas desse ano”. Diz que tem uma “vida académica bastante comum”. Mas depois de 15 anos a dividir o tempo entre o ensino superior e a investigação na FCT, Rogério Martins voltou-se para algo diferente: a televisão. Em 2012, o matemático começou a desenvolver os conteúdos do Isto é Matemática — um programa emitido entre 2012 e 2017 na SIC Notícias onde explica de forma divertida como a matemática está presente no quotidiano. A série foi transformada num livro homónimo lançado já este ano. Então porque é que os alunos portugueses continuam a ter tão más notas a Matemática?Têm, mas não são tão más quanto isso. A forma como se ensina Matemática e como os alunos aprendem é todo um reflexo da forma como a sociedade foi ensinada. Nós somos um país com um histórico de educação muito curto. De facto, os resultados dos alunos de 15 anos no PISA, um estudo que é feito de quatro em quatro anos pela OCDE, têm vindo a melhorar. Estávamos sempre no fim da tabela e agora estamos ligeiramente acima da média. Porquê?Estarmos ligeiramente acima da média é bom quando o nosso sistema de ensino surgiu em massa a seguir ao 25 de Abril. As pessoas que agora estão na escola começam a ser os filhos de quem foi educado depois do 25 de Abril. Muda tudo quando uma criança aprende Matemática e tem pais que a entendem, que valorizam aquele saber, porque eles próprios também estudaram aquilo e conseguem acompanhar. A verdade é que melhoramos todos os anos e se agora estamos acima da média, é expectável que no futuro vamos estar ainda mais se seguirmos esta curva — é um bocadinho independente do programa em vigor, parece-me. O que pensa dos actuais programas do básico e secundário?O programa é muito ambicioso e acho que o devemos ser com as novas gerações. Apesar de não ter experiência no secundário e tudo o que digo ser baseado no que me comunicam, as pessoas dizem-me que se sentem um bocadinho asfixiadas pela quantidade de matéria. Tendemos a achar que quantidade é sinónimo de qualidade e não tem de ser. Se tivermos menos matérias mas pudermos aprofundá-las mais, conseguimos fazer com que os alunos entendam com mais profundidade e com que que faça mais sentido na cabeça deles. Talvez seja demasiado extenso e formalista. O formalismo é importante, sem dúvida, mas a intuição também é. Em Portugal, as duas principais organizações que reúnem docentes de Matemática, a Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM) e a Associação de Professores de Matemática (APM), têm posições radicalmente opostas quanto ao que devem ser os programas da disciplina e quanto ao modo de os ensinar. Não é possível existir um "mínimo denominador comum" a este respeito?Eu gostaria muito que houvesse. É pena que as pessoas não se sentem mais para discutir e criar consensos e que os programas não sejam mais estáveis. Como é que se poderia alcançar a estabilidade dos programas?Essa estabilidade só é possível se os programas forem independentes do ministério. Faria sentido criar um conjunto de cabeças pensantes que pudessem ter representantes das várias sociedades de professores e que chegassem, entre eles, a um consenso que fosse suficientemente estável para manter um programa dez anos ou mais. Se há área na qual isso é possível fazer é na Matemática. É pena que a SPM e a APM não estejam mais de acordo, mas isso tem todo um contexto. Qual é esse contexto?A SPM está mais ligada ao ensino superior, a APM mais ao ensino secundário. Sempre foram mundos de costas voltadas. E nós que damos aulas nos primeiros anos de faculdade percebemos isso. Não há uma continuidade. Basicamente, os programas mudam e tudo o que ensinamos [no superior] ignora o que está a acontecer. Como é que se podem cruzar estes dois mundos?Estou aqui a levantar uma possibilidade que nem sei se está na cabeça de alguém, mas uma coisa que achava muito útil era existir um maior cruzamento entre secundário e superior. Devia ser possível e seria extremamente útil, permitir a professores universitários fazer alguns anos no secundário. Porque é isso que faz falta. Mas isso não é possível. Os exames do secundário são bem feitos?Acontece em geral, não só nos exames, que quando as pessoas estão a avaliar exista uma certa tendência para se começar a fazer o mesmo tipo de perguntas [sempre]. Quando isso acontece, dá-se a volta ao sistema. Os alunos começam a preparar-se para o exame em vez de se preocuparem em aprender. É claro que a culpa disto não é dos alunos e nem sequer dos professores que preparam. A partir do momento em que eu, como pai ou aluno, percebo que é muito mais fácil arranjar um explicador, que me explica as perguntas que tipicamente aparecem no exame e que aquilo que eu tenho de fazer é perceber as resoluções, eu não estou a aprender Matemática, estou a aprender a fazer um exame. Então defende um exame diferente todos os anos?Sim. Eu defendo que os exames devem ser provavelmente mais simples, porque se criássemos exames com perguntas muito fora da caixa os alunos iriam ter muito más notas. O nível devia ser mais baixo e com perguntas muito mais diversificadas. A regra no exame devia ser que fosse sempre diferente. Eu estou a dizer que isto está a acontecer agora com os exames nacionais, mas se for à minha faculdade isso também acontece. É preciso estudar muito para ser bom aluno a Matemática?Há pessoas que estranhamente não precisam de estudar muito para serem boas alunas a Matemática. Há outras que estudam muitíssimo e não conseguem. É bom ter um bom método. Os piores casos que já vi são aquelas pessoas que estudam muito e não têm sucesso. São alunos que ficam muito centrados na matéria e não fazem as pontes. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. E as explicações particulares, fora das aulas, são essenciais?Infelizmente estão a ser. Eu não tenho nada contra as explicações, acho que são algo essencial. Deviam ser como uma terapia. Para mim essa é a forma saudável de ter explicações. Mas isso na prática não acontece muito. Muitos pais têm tendência para pôr os filhos na explicação de forma continuada. Algo que não censuro porque o sistema já se adaptou ao mundo das explicações. O professor já conta que vai haver um apoio suplementar. Agora, se é possível fazer o ensino sem ir à explicação? É. Se tudo estiver a funcionar em condições deve ser suficiente ter um professor, um livro e estudar o seu tempo. Até porque há a questão do preço. As explicações também promovem as desigualdades?Sim. E é uma pena que isso aconteça. O que é que se perde ao ter jovens que não gostam de Matemática?Perde-se uma parte importante da cultura. A Matemática é um mundo. Eu gostaria de dizer que se perde um lado de ver o mundo mais racional. Nós não temos de ver tudo de forma racional, mas às vezes as pessoas fazem escolhas que não são as mais certas. Estou a falar de coisas tão simples como a forma como compram um seguro, nas escolhas que fazem se compram este ou aquele carro. Não tem mal nenhum, mas é bom que percebam exactamente o que está em causa.
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Palavras-chave escola cultura educação rainha adolescente criança estudo espécie
Morreu Gloria Vanderbilt, ícone do jet set americano
A notícia foi confirmada pelo filho, o jornalista da CNN Anderson Cooper. Nascida numa das famílias mais ricas dos Estados Unidos, era uma figura do jet-set norte-americano e teve sucesso na década de 1970 com a sua marca de calças de ganga. (...)

Morreu Gloria Vanderbilt, ícone do jet set americano
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2019-06-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: A notícia foi confirmada pelo filho, o jornalista da CNN Anderson Cooper. Nascida numa das famílias mais ricas dos Estados Unidos, era uma figura do jet-set norte-americano e teve sucesso na década de 1970 com a sua marca de calças de ganga.
TEXTO: Gloria Vanderbilt, herdeira de uma das famílias mais ricas dos Estados Unidos, morreu esta segunda-feira aos 95 anos. A notícia foi confirmada pelo filho da socialite, o jornalista norte-americano Anderson Cooper. Entre os romances com estrelas de Hollywood, como Frank Sinatra e Marlon Brando, e a mediática luta em tribunal pela sua custódia, entre a mãe e a tia, Vanderbilt tornou-se uma figura conhecida no jet-set de Nova Iorque. Era frequentemente apelidada pela imprensa de “poor little rich girl” (pobre menina rica). Construiu também um nome no mundo da moda, com uma marca epónima de calças de ganga se tornaram um êxito na década de 1970. Distinguiam-se pelo logótipo em forma de cisne. Expandiu a marca para perfumes, sapatos, marroquinaria e acessórios, antes de a vender, em 1978. Chegou a criar uma segunda marca de moda. EmVanderbilt nasceu no seio de uma família rica, em Nova Iorque. Era neta do magnata Cornelius Vanderbilt, que fez a sua fortuna na construção de caminhos-de-ferro e na marinha mercante. Escreveu que, quando era criança, chegou a considerar tornar-se freira. Em vez disso, viveu uma vida cujas histórias dariam material para dezenas de telenovelas, romances, musicais e filmes. O seu pai morreu antes de ela fazer dois anos e Vanderbilt passou muitos anos a viver na Europa com a mãe, Reginald Claypoole Vanderbilt, a partir de um fundo gestor da herança de 2, 5 milhões de dólares (cerca de 2, 23 milhões de euros) — que hoje seria o equivalente a 33 milhões (cerca de 29, 37 milhões de euros). A tia, Gertrude Vanderbilt Whitney — que fundou o Whitney Museum of American Art — acusou a mãe de Gloria de fazer um uso indevido do fundo e levou a questão a tribunal. Ganhou a custódia da sobrinha, num caso de tribunal que fez sensação na comunicação social e que acabaria por chegar ao Supremo Tribunal de Justiça. Vanderbilt afirmou que ter sido retirada da guarda da mãe fez com que passasse a vida numa busca constante de amor e aprovação. Com apenas 17 anos, casou-se com o agene de Hollywood Pat DiCicco, que acabou por divorciar. Aos 21 anos, voltou a casar, desta vez com o maestro Leopold Stokowski, na altura com 63 anos. Tiveram dois filhos e divorciaram-se em 1955. Por essa altura, Vanderbilt foi vista a passear por Nova Iorque com o cantor Frank Sinatra. Durante o processo de divórcio, Stokowski alegou que Vanderbilt não estava apta para ser mãe e que passava demasiado tempo em sessões de psicoterapia. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Vanderbilt casaria uma terceira vez, desta feita com o realizador Sidney Lumet (conhecido por Doze Homens em Fúria), entre 1956 e 1963. E uma quarta vez, então com o escritor Wyatt Cooper, casamento que duraria até morte deste, em 1978. Com o último marido teve mais dois filhos, Carter e Anderson Cooper — sendo que o primeiro morreu aos 23 anos. Num livro de memórias descreveu a perda do filho como “a perda final, a perda fatal” que a despojou, afirmando que que chegou a pensar que não conseguiria sobreviver. Chegou a fazer alguns trabalhos como actriz e modelo e também experimentou a pintura e poesia. Num dos seus livros de memórias escreveu sobre os vários casamentos, bem como sobre os romances que teve com figuras como Sinatra, Marlon Brando, Gene Kelly e Howard Hughes. Em 2009, aos 85 anos, publicou uma novela erótica, Obsession. “Abracei tudo — a dor e o prazer, o drama e as desilusões”, escreveu Vanderbilt em It Seemed Important at the Time.
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Melania usa Dolce & Gabbana para se encontrar com Isabel II
A primeira-dama norte-americana tem vestido vários costureiros de maisons europeias durante a sua visita ao Reino Unido. (...)

Melania usa Dolce & Gabbana para se encontrar com Isabel II
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2019-06-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: A primeira-dama norte-americana tem vestido vários costureiros de maisons europeias durante a sua visita ao Reino Unido.
TEXTO: Melania Trump usou um vestido Dolce & Gabbana branco abaixo do joelho com gola e cinto azul-marinho e um chapéu personalizado de Herve Pierre para se encontrar com Isabel II, nesta segunda-feira, no Palácio de Buckingham. A primeira-dama norte-americana tem vestido vários costureiros de maisons europeias durante a sua visita ao Reino Unido. O presidente dos EUA, Donald Trump e a primeira-dama, almoçaram com a rainha e fizeram uma visita à Abadia de Westminster, onde lhes foi mostrada uma colecção de objectos significativos na relação entre os dois países. No domingo, a primeira-dama norte-americana abandonou Washington num vestido Gucci que mostrava imagens de alguns dos marcos londrinos como o Big Ben, a Tower Bridge ou o autocarro de dois andares. Quando saiu do Air Force One em Stansted, Inglaterra, vestia saia e casaco e uma blusa Burberry. Na terça-feira, o casal presidencial ofereceu um jantar na residência do embaixador norte-americano, em Londres, onde estiveram presentes o príncipe Carlos, a duquesa da Cornualha e a primeira-ministra britânica, Theresa May. Nesta ocasião, Melania usou um vestido vermelho Givenchy com lantejoulas no decote. Donald Trump e Melania voltaram a juntar-se à rainha nesta quarta-feira, o último dia da visita oficial, para participar no evento comemorativo do 75. º aniversário do desembarque do Dia D.
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Entidades EUA
De aldeias perdidas, ela traz tecidos de outro tempo
Rafaela Fortunato viaja pelo mundo à procura de comunidades que ainda utilizem técnicas ancestrais na produção de tecidos. (...)

De aldeias perdidas, ela traz tecidos de outro tempo
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-04 | Jornal Público
SUMÁRIO: Rafaela Fortunato viaja pelo mundo à procura de comunidades que ainda utilizem técnicas ancestrais na produção de tecidos.
TEXTO: Falaram-lhe de uma aldeia a norte num mercado e ela alugou uma mota com o namorado e pôs-se a caminho. O alcatrão cedo se fez terra batida e, às tantas, já se sentiam muito observados. “Acredito que muitas daquelas pessoas nunca tinham visto um ocidental ali antes. ” Não foram precisas palavras para saber que tinham chegado ao sítio que procuravam. “Gostava de conseguir descrever melhor a sensação que tive, porque foi como se tivesse viajado no tempo. ” As casas de madeira, sem electricidade nem água canalizada, tinham símbolos esculpidos nas fachadas. E no rés-do-chão, que se abria à rua entre as estacas que sustentavam os edifícios, estavam “várias senhoras aos teares, a cantar e a tecer”. Desde finais de 2013 que Rafaela Fortunato viaja pelo mundo (o foco tem sido a Ásia e, este ano, Marrocos) à procura de comunidades que ainda utilizem técnicas ancestrais na produção de tecidos, da tecelagem às tintas naturais. E ali, naquela aldeia perdida no interior do Laos, acabou por encontrar tudo isso. Aos poucos, na linguagem universal dos gestos e da confiança que se vai ganhando com o passar do tempo, foram-lhe mostrando “de onde é que tiravam o algodão, como é que o fiavam e teciam”. Como é que, só com as plantas que tinham em redor, conseguiam fazer aquelas cores todas: “dourados, castanhos, laranjas, verdes, azuis, tudo”. De todos os lugares que visitou foi aquele “o mais real”. Pelo menos o mais intacto, apartado da civilização moderna e do turismo. “A certo ponto tiro-lhes uma fotografia com o iPad e o histerismo foi tal que acho que nunca se tinham visto num ecrã. ” Rafaela acabou por comprar alguns lenços de algodão feitos por aquelas mulheres e, já em Portugal, tingiu-os para criar mais uma das minicolecções da Oficina Shanti, o projecto que lançou com Filipa Castanhinha depois de uma viagem que fizeram juntas à Índia e ao Nepal, quatro anos antes. Na altura, Rafaela e Filipa, ambas psicólogas, uma ainda com um pé em Inglaterra, a outra a querer deixar definitivamente o Brasil, meteram-se num avião em direcção a Nova Deli para cumprir “o sonho de conhecer a Índia”. Não havia qualquer ideia de criar um projecto em conjunto (Filipa foi entretanto mãe e deixou a Oficina Shanti; Rafaela já fez a viagem ao Laos sem ela). Era uma viagem de exploração, três meses de mochilas às costas. Primeiro pelo Norte da Índia. Depois um mês no Nepal. “Fizemos um trekking pequenino que se chama Poon Hill, de três dias, mas nós demorámos seis”, ri-se. “E, a seguir, acabámos por ficar quase três semanas em Pokhara, que tem um lago lindo à frente e as montanhas de Annapurna atrás. Sentíamo-nos nos vales suíços do Nepal. ” Terminaram na Índia, já no Sul, entre Goa e Querala. Os primeiros dias, no entanto, foram difíceis. Confessa que pensaram “seriamente em desistir”. “Acho que foi o maior desafio vivido fora de Portugal. ” O taxista enganou-as à chegada, inventou um festival enorme a fechar as ruas da cidade que não existia; acabaram a dormir numa pousada que ainda hoje Rafaela não sabe onde fica. Depois foram parar a uma agência de viagens que lhes cobrou “um dinheirão” por bilhetes de comboio. Estavam num “ciclo vicioso” de gente a querer enganá-las do qual não conseguiam sair. “Foi preciso telefonar a uns conhecidos que viviam em Deli para nos virem buscar”, recorda. Mas assim que saíram da capital começaram a sentir “que afinal gostavam” daquilo. Continuaram. E quando deram por elas estavam a parar em todas as bancas de artesanato de rua que encontravam, a visitar todas as oficinas de têxteis e salas de tingimento e a passar tardes inteiras a ver senhores a talhar blocos de madeira com os símbolos com que depois carimbavam os tecidos. “Nunca tinha visto estampas manuais nem tintas naturais. Nunca tinha sequer pensado sobre como é que se produziam padrões antes do digital. ” Ficaram fascinadas, começaram a comprar tecidos para elas. Depois Filipa lembrou-se de tirar fotografias e partilhar com os amigos. “Nesse mesmo dia vendemos tudo”, recorda Rafaela. Nascia assim a Oficina Shanti, por mero acaso, com uma “minicolecção de tecidos indianos estampados à mão”. Com eles, criaram ainda uma linha de almofadas e colchas de cama. A Rafaela, psicóloga especializada em famílias e comunidades, cativam-na sobretudo as pessoas, mais do que os tecidos ou as técnicas. “Ver a felicidade com que trabalhavam, a perícia, a mestria, a sabedoria por trás daquilo. ” E a mística por trás dos velhos rituais. “No Laos, por exemplo, as tinas de índigo são tapadas e atadas com laços para afastar as más energias e, por vezes, cobertas com os panos mais bonitos para atrair as boas. ” Em Marrocos, passou a “adorar tecelagem” porque as artesãs utilizam henna para desenhar nas mãos os símbolos daquilo que “querem transmitir na peça que vão criar”. Depois de pensar um pouco, no entanto, Rafaela admite que “a paixão dos têxteis já existia”. “Tirei um curso de costura e de criação da própria marca em Londres, só não achei que fosse acontecer, porque sentia que não tinha conhecimentos suficientes. ” Na altura, conta, o objectivo era fazer reciclagem de roupa, “muito na óptica da sustentabilidade e da ecologia”. Preocupações que a definem há muito, garante, e que têm um papel decisivo na Shanti. Para a linha de sapatos de pano, por exemplo, fizeram uma parceria com uma pequena oficina na Tailândia e pensaram em conjunto “como criá-los de uma forma um bocadinho mais ecológica”. Borracha natural para a sola, materiais naturais na parte têxtil, atacadores de sisal. Brevemente vão lançar uma nova linha, com botas para o Inverno. Já de Marrocos, nada veio das tinturarias de Fez porque utilizam muitos químicos no tratamento das peles. Mas trouxe muitas ideias para uma palestra no Green Fest sobre viagens mais sustentáveis e zero waste. Ultimamente, o que mais entusiasma Rafaela é todo o ciclo de produção e de trabalho com tintas naturais, principalmente com o índigo. Sobre a bancada de trabalho do atelier-loja que acaba de montar na garagem de casa, na Costa da Caparica, sucedem-se os frascos e pacotes de ingredientes: koschenille, uns pequenos insectos secos e triturados que hão-de dar tons vermelhos e rosas aos tecidos; pedaços da planta campeche para os roxos; e várias experiências de extracção do pigmento azul das plantas de índigo (persicaria tinctoria) que plantaram no âmbito de um projecto das Aldeias do Xisto. “Conseguimos, pela primeira vez, recolher as folhas e começámos a fazer todo o processo desde a semente. ”Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Os projectos vão-se multiplicando. Quatro anos depois, vai regressar à psicologia, com consultas no The Therapist, restaurante e clínica de bem-estar localizado na Lx Factory. E, no início do próximo ano, planeia ir pela primeira vez à Indonésia, o “país-mãe do artesanato têxtil” daquela região, de onde se espalharam muitas das técnicas e onde cada ilha “ainda tem os seus motivos, as suas tradições e formas de fazer”. E gostava de organizar viagens e guiar grupos (mais ou menos entendidos nas artes dos tecidos) pelas aldeias que tem visitado ao longo dos anos. “Levá-los a sítios menos turísticos, onde possam ter contacto com as pessoas locais e fazer workshops. ” De tecelagem com lã em Marrocos, de tinturaria e block print na Tailândia, de tecelagem com algodão no Laos. E continuar com o projecto de tinturaria natural nas Aldeias do Xisto e com a Oficina Shanti na garagem de casa. “O tempo vai surgir”, ri-se. “Quando se faz o que se gosta, o tempo multiplica-se e eu divido-me. ”No site da Oficina Shanti assina como Rebecca. Porquê? A Filipa era a Anita, porque na Índia é um nome muito comum e ela tinha algumas parecenças com as indianas. Deixámos de ser enganadas quando ela começou a dizer que se chamava Anita e tinha família em Goa. Eu também queria ter um nome de viajante e, no Nepal, quando fomos fazer um trekking em Punn Hill com dois amigos, eles apelidaram-me de Rebecca. Não sei porquê, mas ficou. É o meu alter-ego. Entre as técnicas que aprendeu nas viagens, de qual gosta mais? Não sei se me foi transmitida com mais carinho e intenção, mas tingir com índigo é a que me fascina mais. Foi-me passada como uma técnica ainda muito sagrada, simbólica, com imensos mitos por trás. A ritualização da preparação do índigo que me faz gostar tanto. A que país tem mais curiosidade de ir? Gostava muito de ir à Indonésia. Não consigo precisar uma ilha, porque já pesquisei bastante e há várias que me despertam muito interesse. Acho que é perto de Flores que ainda existem tribos com mulheres que trabalham com têxteis. Se pudesse escolher um sítio, era aí. Também pelo simbolismo do feminino, dos rituais e da criação.
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Wanderlust vai ser mais do que um triatlo mindful
Evento acontece em Lisboa no próximo dia 30 de Setembro. No próximo ano haverá um festival. (...)

Wanderlust vai ser mais do que um triatlo mindful
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.5
DATA: 2018-08-07 | Jornal Público
SUMÁRIO: Evento acontece em Lisboa no próximo dia 30 de Setembro. No próximo ano haverá um festival.
TEXTO: Poderia ter começado timidamente, mas a primeira edição do Wanderlust 108 em Portugal – um triatlo de corrida, ioga e meditação – foi um sucesso, diz Nuno Carvalho, da Soma, responsável pela organização do evento, recordando o Verão passado. Por isso, no dia 30 de Setembro espera-se que o espaço do Museu da Electricidade, em Lisboa, junto ao rio, volte a encher. O próximo desafio é fazer chegar o evento ao Porto, já para o ano, assim como fazer um retiro de quatro dias, num resort, tal como já acontece noutros países, como nos EUA ou no México. O ano passado, a expectativa era ter cerca de mil pessoas no evento, acabaram por ser mais de 2200 conta Nuno Carvalho ao PÚBLICO. “Foi uma surpresa, não estávamos preparados em termos de espaço”, confessa. Por isso, nesta segunda edição haverá mais espaço, assim como mais professores, de maneira a receber os cerca de quatro mil participantes esperados. “Fizemos uma aposta mais internacional”, continua Carvalho, referindo-se à ex-top model brasileira, com carreira internacional, e professora de ioga Aline Fernandes; mas também ao português Manu, que dá aulas um pouco por todo o mundo. A curadoria do evento coube a Filipa Veiga, que tem ensinado em Portugal e em Bali. No dia 30 de Setembro, o recinto abre às 7h30 – “os ioguis acordam muito cedo para fazer a saudação ao sol”, justifica Nuno Carvalho –; às 9h começa a primeira parte do triatlo, a corrida, que pode ser também uma caminhada de cinco quilómetros; às 11h é altura para a aula de ioga que decorre até às 12h30 com vários professores, entre eles Manu e Aline Fernandes; e a terceira parte do triatlo é a da meditação com Rute Caldeira, a autora dos livros Liberta-te de Pensamentos Tóxicos e Simplifica a Tua Vida também foi responsável por este momento há um ano. A partir das 13h há várias actividades para fazer no recinto, onde está presente um mercado de alimentação e outros produtos pensados para um consumidor preocupado com a vida saudável. Há ainda outras actividades ligadas ao mindfulness, do acroyoga ao hoola hoop, passando pelo aerial yoga, workshops e meditação, entre outras, nomeadamente as propostas das várias escolas de ioga que existem no país e vão ali marcar presença. Nuno Carvalho refere que, há um ano, uma centena de escolas venderam bilhetes para o Wanderlust, este ano são "300 e qualquer coisa". A que se deve este fenómeno? “Há mais professores estrangeiros a viver em Portugal, na linha da Ericeira, Cascais, Lisboa, penso que devido à proximidade do mar. Eles apaixonam-se pelo clima, o bom tempo, as pessoas. . . É uma comunidade onde todos se conhecem e que está em crescimento”, responde o responsável pelo evento. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. E essa é uma das razões por que a organização está já a pensar fazer, em 2019, um evento de um dia no Porto e um festival de quatro dias, anuncia Nuno Carvalho. Há centenas de participantes do Norte que se deslocam a Lisboa, justifica. A Wanderlust, que começou do outro lado do Atlântico, tem vindo a crescer na Europa e anualmente são acrescentadas novas cidades. O responsável da Soma está já a pensar no espaço onde o festival pode ser feito, talvez no Algarve ou no Gerês, em época baixa para aproveitar toda a infra-estrutura de um resort e acolher cerca de meio milhar de participantes. Carvalho fala dos festivais no México ou no Havai, que acontecem em locais paradisíacos. No futuro, quem sabe, pode haver um “passaporte” para quem queira fazer “outros Wanderlusts”, avança ainda, uma vez que os professores já circulam pelos vários eventos europeus e americanos. O bilhete para o evento de Setembro, em Lisboa, já custou 25 euros (até 12 de Maio), agora custa 30 euros e inclui um dorsal, bandana, t-shirt Adidas e goodie bag; por 38, 50 euros é acrescentado o almoço (uma bowl e sumo de fruta), de maneira a evitar as filas dentro do recinto – foi uma das queixas do ano anterior, refere Carvalho –; por 82, 50 euros inclui ainda um tapete Adidas. A marca germânica é a patrocinadora oficial do Wanderlust a nível global e suporta parte da produção do evento. A Adidas criou uma linha propositadamente para o Wanderlust, com peças feitas em tecidos com mais elasticidade e pensados em parceria com professores de ioga, informa Sónia Fernandes, relações públicas da marca, cuja estratégia global tem sido apostar no desporto woman, acrescenta. É que embora sejam esperados homens no recinto, a verdade é que o Wanderlust é escolhido sobretudo por mulheres. Há um ano 89% dos participantes era do sexo feminino, informa Nuno Carvalho.
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Entidades EUA
“A morna é algo que nunca vai morrer, vai existir sempre”
Teté Alhinho canta em Bragança em vésperas do Dia Nacional da Morna e no ano que esta se candidatou na UNESCO a Património Imaterial. Esta sexta-feira no Teatro Municipal, às 21h. (...)

“A morna é algo que nunca vai morrer, vai existir sempre”
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-17 | Jornal Público
SUMÁRIO: Teté Alhinho canta em Bragança em vésperas do Dia Nacional da Morna e no ano que esta se candidatou na UNESCO a Património Imaterial. Esta sexta-feira no Teatro Municipal, às 21h.
TEXTO: A cantora e compositora cabo-verdiana Teté Alhinho apresenta-se esta sexta-feira em concerto no Teatro Municipal de Bragança, às 21h. É o regresso da autora de temas como Chibinho ou Dia c’tchuva bem, que em 2017 lançou um disco notável, Mornas ao Piano. Este regresso faz-se no mesmo ano em que Cabo Verde entregou na UNESCO, no dia 26 de Março, a candidatura da morna a Património Imaterial da Humanidade (onde já foram reconhecidos o fado, o cante alentejano, o flamenco e agora o reggae) e estabeleceu o dia 3 de Dezembro, dia em que nasceu um dos seus maiores compositores, B. Léza (1905-1958), como Dia Nacional da Morna, que é celebrado agora pela primeira vez em Cabo Verde e na diáspora cabo-verdiana espalhada pelo mundo. “A morna”, diz Teté Alhinho ao PÚBLICO, “é uma das nossas expressões identitárias mais fortes. Não há nenhum cabo-verdiano que fiquei indiferente a uma morna, porque o cabo-verdiano verteu nela a nostalgia, a saudade da terra, o passar mal, as dores amorosas, as perdas. A temática da morna está relacionada com a dor, embora hoje já mude um bocadinho. E foi através da morna, com a Cesária, que Cabo Verde se deu a conhecer ao mundo, com Sodade, que é uma morna rápida”. Há outros géneros musicais em Cabo Verde, mas a morna sobressai. “É um factor identitário de comunhão entre todos os cabo-verdianos e é algo que nunca vai morrer, que vai existir sempre. Se analisarmos as mornas, podemos ver através delas a história de Cabo Verde. ”Além da morna, há nas ilhas cabo-verdianas outros géneros como a coladeira, o batuco, o funaná ou a tabanka. “A coladeira e a morna foram as primeiras a ser exportadas e eram o que mais se tocava, principalmente em São Vicente, onde havia um grupo que realmente tocava e divulgava a música de Cabo Verde. Aliás, em Portugal foram a morna e a coladeira as primeiras a ser ouvidas, através do Marino Silva, do Fernando Quejas, da Titina. ” E também de Bana e da Voz de Cabo Verde. “O batuco e o funaná eram mais rurais. Logo depois da independência, nós, que éramos a geração dos 17, 18 anos, pegámos com orgulho nesses ritmos para mostrar que tínhamos uma cultura forte e que devíamos defender o que era nosso. E assim difundimos o batuco, o funaná, a tabanka. ” Já o finaçon está ligado intimamente ao batuco, cantando-o. “O funaná foi popularizado graças a Katchás [compositor e fundador dos Bulimundo, 1951-1988]. Já o finaçon é uma filosofia, um fraseado que se faz sobre o batuco. E tem reflexões muito profundas, sobre a vida, as questões do quotidiano. A Nácia Gomi [Maria Inácia Gomes Correia, 1924-2011], que eu conheci, e que era um dos expoentes máximos do batuco e do finaçon, dizia-me assim: ‘As minhas irmãs eram muitas, casaram. Arranjaram-me um marido. ’” Combinaram um almoço, deixaram-na lá com ele, mas Nácia pegou-lhe na gola da camisa e disse-lhe: “Abre-me a porta que eu vou-me embora. ” E quase o levantou do chão, porque era forte. “O homem cercava-a por todos os sítios, mas ela dizia-lhe que não gostava dele. ” Então ela conheceu o homem de quem gostava, de nome Paulinho Vieira (não confundir com o músico Paulino Vieira), que veio a ser o seu marido. A mãe ameaçou-a, com coisas que não lhe daria nem faria se ela casasse com ele. E Nácia narrou esse episódio a Teté Alhinho em finaçon, improvisando. “Disse-me o que respondeu à mãe: ‘Não me fica bem dar recado à minha mãe. Mas já que mandaste o recado, vejo-me na obrigação de responder. Se não queres que eu me case com o Paulinho, manda-me uma corda para amarrar o querer e uma faca para matar o amor. ’ É impressionante, isto. Podia ter respondido simplesmente: vou casar porque gosto dele!”Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Depois da morte da morte da pianista e compositora Tututa (Epifânia de Freitas Silva Ramos Évora, 1919-2014), Teté Alhinho é praticamente a única mulher compositora de mornas em Cabo Verde, compondo e gravando, a solo ou no grupo Simentera, desde os anos 1980. “No campo mais tradicional acho que agora só estou eu. ” A razão de não haver mais compositoras deve-se a antigos preconceitos sociais, diz Teté: “Socialmente, o homem tocava o violão, as mulheres aprendiam piano (eu também fui para a escola, desde os 5, e tinha piano em casa), mas uma mulher na música era mal vista. Por isso as mulheres assumiam-se mais como intérpretes. ”O concerto desta sexta-feira em Bragança será uma espécie recital, a partir de Mornas ao Piano: “Vai ser um concerto só de piano e voz, eu e o Victor Zamora. Adaptamo-nos os dois um ao outro, porque o Victor não é cabo-verdiano. Mas isso não me faz diferença nenhuma. Para já, porque ele é um grande pianista, de grande subtileza, que sabe fazer um dueto com voz. E temos outra coisa em comum, estivemos ambos na América Latina (eu estive lá dez anos, em Cuba). O concerto vai ser em torno da minha trajectória e dos temas cabo-verdianos, os nossos dramas com a chuva, o vento, as separações, a saudade, a quase que obrigatoriedade de partir, o mar. ” Isto com canções como Lua bonita, Sina de Cabo Verde, Sodade, Dia c’tchuva bem ou Beju furtado, além de versões de canções cubanas como Yolanda ou Comandante (Che Guevara).
REFERÊNCIAS:
Entidades UNESCO
Um festival sem fronteiras musicais em Idanha-a-Nova
O trio polaco Kapela Maliszów, Les Kapsber'girls com canções populares francesas do século XVIII e o canto em língua occitana de Lo Còr de la Plana são alguns dos destaques da sétima edição do Festival Fora do Lugar. (...)

Um festival sem fronteiras musicais em Idanha-a-Nova
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-17 | Jornal Público
SUMÁRIO: O trio polaco Kapela Maliszów, Les Kapsber'girls com canções populares francesas do século XVIII e o canto em língua occitana de Lo Còr de la Plana são alguns dos destaques da sétima edição do Festival Fora do Lugar.
TEXTO: Idanha-a-Nova, classificada em 2015 como Cidade da Música no âmbito da Rede de Cidades Criativas da UNESCO, recebe a partir desta sexta-feira a sétima edição do Festival Fora do Lugar – Festival Internacional de Músicas Antigas. Passeios no campo, a acção pedagógica “O músico vai à escola” e o concerto do trio polaco Kapela Maliszów na antiga Sé de Idanha-a-Velha (às 21h30) preenchem o primeiro dia de uma programação diversificada que até 8 de Dezembro inclui concertos, workshops, projectos educativos, exposições e actividades no âmbito da gastronomia, da natureza e do desenho. Resultado da colaboração entre a produtora Arte das Musas e o Município de Idanha-a-Nova (com o apoio da Direcção-Geral das Artes), o Festival Fora do Lugar é apresentado pelos seus organizadores como “uma proposta do mundo rural virada para o país, para a Península Ibérica e para a Europa”. Para o tenor Filipe Faria, director artístico do festival e um dos fundadores do conhecido agrupamento Sete Lágrimas, trata-se de “provar que é possível inovar evitando fórmulas demasiado sedimentadas”. O programa aborda “diferentes formas e tempos da música” e promove diálogos entre o erudito e o popular e entre o antigo e contemporâneo. Idanha-a-Nova, sublinha, é um dos concelhos portugueses com maior área e menor população (menos de dez mil habitantes), pelo que o Festival Fora do Lugar constitui um exemplo da “capacidade de produzir cultura num cenário onde muitos não concebem pensá-la neste moldes: o país perdido das pequenas aldeias quase desertas”. Daqui decorre “uma das virtudes maiores do projecto, a possibilidade de chegar até onde mais ninguém se deu ao trabalho de ir”. Tendo em conta que, “ao longo da história da música, passado e presente cruzam caminhos incessantemente”, e que as habituais classificações estão longe de ser lineares, a programação procura ultrapassar fronteiras entre géneros musicais e contempla quer a tradição escrita, quer a tradição oral. Além do programa de abertura Jazz de aldeia, pela já referida Kapela Maliszów – um trio formado por elementos de uma mesma família oriunda da região montanhosa de Beskides, que inclui violino, basolia (instrumento semelhante ao violoncelo usado na música folclórica da Polónia e da Ucrânia) e baraban (tambor) –, será possível assistir ainda este fim-de-semana aos Bailes para ouvir sentado de Eva Parmenter (concertina), Denys Stetsenko (violino) e Juan de la Fuente (percussão), com danças italianas, francesas, suecas e portuguesas em versões herdadas da tradição ou reinventadas (sábado, às 21h30, em Proença-a-Velha). No dia 30, o agrupamento francês Les Kapsber'girls apresenta um aliciante programa dedicado às Brunettes do século XVIII, por vezes também designadas como Airs. As Brunettes eram originalmente melodias populares de tradição oral às quais o impressor parisiense Christophe Ballard (1641-1715) acrescentou outras vozes, uma linha de baixo e harmonizações ao gosto da época. Este repertório adquiriu grande sucesso nas práticas musicais privadas da classe média alta e da nobreza. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Mestres da gaita de foles como Anxo Lorenzo (Galiza) e Blackie O'Connell (Irlanda) actuam a 1 de Dezembro no Centro Cultural Raiano de Idanha-a-Nova no âmbito da Noite Cheia, cujo programa inclui o lançamento do livro/filme Do Ramo de uma Árvore, um projecto de Filipe Faria e do oboísta Pedro Castro com os mestres construtores de instrumentos Mário Estanislau e Vítor Félix, e várias exposições: Encantal, o Mundo Natural da Beira Baixa, de Luísa Ferreira Nunes; Catorze Histórias Incríveis ou o Fabuloso Imaginário das Lendas da Beira Baixa, de José Manuel Castanheira, Fernando Paulouro e Filipe Faria; e Cadernos, de Eduardo Salavisa. Haverá também na mesma noite uma Tertúlia com sopa. Destaca-se ainda o projecto Aella, encomendado pelo festival ao cantor e instrumentista irlandês Dave Boyd, com as vozes de Karoliina Kantelinen (Finlândia), Simona Gatto (Itália), Montserrat Ruiz (Espanha/UK) e Laetitia Marcangeli (França), intérpretes contemporâneas de canções para mulheres das tradições carélia, corsa, grega, italiana e ibérica (7 de Dezembro). O concerto de encerramento (dia 8) cabe a Manu Theron e Lo Còr de la Plana, carismático grupo de vozes masculinas e percussões da região de Marselha, que canta em língua occitana e tem realizado uma vibrante carreira internacional. Todos os concertos são de entrada gratuita, sujeita à lotação das salas. As restantes actividades também são gratuitas, mas requerem inscrição prévia, que pode ser feita em artedasmusas. com/foradolugar.
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Entidades UNESCO
Madonna volta a perder recurso para evitar venda de carta enviada a Tupac Shakur
Um tribunal de Nova Iorque abriu caminho para a concretização do leilão, alegando que Madonna não poderia reclamar contra Darlene Lutz. (...)

Madonna volta a perder recurso para evitar venda de carta enviada a Tupac Shakur
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento -0.3
DATA: 2019-06-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: Um tribunal de Nova Iorque abriu caminho para a concretização do leilão, alegando que Madonna não poderia reclamar contra Darlene Lutz.
TEXTO: Madonna perdeu mais uma batalha judicial para manter alguns pertences íntimos, incluindo roupa interior de cetim, uma escova ainda com cabelos seus e uma carta de separação de um ex-namorado, o falecido rapper Tupac Shakur. O objectivo era que fossem a leilão. Um tribunal de Nova Iorque abriu caminho para a concretização do leilão, alegando que Madonna não poderia reclamar contra Darlene Lutz, sua ex-amiga e consultora de arte, ou o site de leilões online GottaHaveRockandRoll. com, no qual Lutz consignou os itens para venda. No entender do tribunal, o acordo que a cantora fez com a sua ex-colaboradora, em 2014, era “muito amplo”. Portanto, Lutz era “livre de fazer o que quisesse com os objectos que ficaram na sua posse”. Madonna, 60 anos, afirmou que não sabia, até à data do leilão que Lutz, que trabalhou para a cantora de 1981 a 2003, possuía mais de 20 itens seus. Agora, não se sabe ainda se a artista vai recorrer da decisão, uma vez que o fez já anteriormente.
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE
Portugaba: a lição de Louboutin sobre como valorizar os artesãos portugueses
O criador francês lançou a Portugaba, uma mala inspirada no trabalho dos artesãos portugueses. Na apresentação em Portugal, na passada quinta-feira, em Lisboa, até a artista de burlesco Dita von Teese esteve presente. (...)

Portugaba: a lição de Louboutin sobre como valorizar os artesãos portugueses
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2019-06-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: O criador francês lançou a Portugaba, uma mala inspirada no trabalho dos artesãos portugueses. Na apresentação em Portugal, na passada quinta-feira, em Lisboa, até a artista de burlesco Dita von Teese esteve presente.
TEXTO: No interior, pequenos teares instalados com artesãos a trabalhar e do lado de fora toda a montra transformada numa representação da típica fachada lisboeta, com painéis de azulejos — em plena Avenida da Liberdade, em Lisboa –, na Fashion Clinic, uma loja de roupa de marcas de luxo, maioritariamente estrangeiras, sentia-se o orgulho na mestria artesanal portuguesa, no final da tarde de quinta-feira. O motivo: a apresentação em Portugal da Portugaba, a mala lançada recentemente por Christian Louboutin que é em si uma amálgama de técnicas e inspirações portuguesas. Há mais de dez anos que Christian Louboutin divide o tempo entre Paris e Portugal, onde tem uma casa em Melides, na costa alentejana. No passado, criou uns sapatos com um pendente inspirado nos designs mais clássicos de filigrana, mas esta é a primeira vez que dá maior destaque às técnicas portuguesas. Para conceber a mala, o criador trabalhou em conjunto com uma série de artesãos portugueses, especializados em técnicas têxteis, como os puxados, ripados e picados. Para o evento de lançamento da mala — que está disponível em duas versões, com tons mais claros e mais escuros — convidou-os para estarem presentes na loja e demonstrar a forma como cada bocado da peça é trabalhado. Ao lado das estantes que exibem o produto final, sentada ao tear, Marta Cruz demonstra a técnica de puxados que completam o painel da frente e do lado direito da mala (onde está o logótipo da marca). Trata-se de um efeito decorativo em que a trama é puxada por ganchos formando pequenas argolas, que conferem volume ao tecido. É mais típica do norte de Portugal e usada tradicionalmente para enfeitar têxteis de lar, como colchas e cortinas, explica. A técnica assemelha-se a uma outra também usada na mala — no painel do lado esquerdo —, a dos ripados. “Tecnicamente é basicamente a mesma”, explica ao PÚBLICO a artesã com atelier em Amarante. Sendo que nos ripados tipicamente são feitos desenhos mais simétricos, não tão livres quanto os dos puxados, acrescenta. Em frente, noutro tear, Guida Fonseca mostra a técnica que adorna o lado oposto da mala, um “derivado de uma das estruturas fundamentais da tecelagem — a sarja”. “Não se pode dizer que seja especificamente português. É universal”, refere. Por cá, é utilizado em várias zonas do país, incluindo no norte. Para a especialista os exemplos “mais ricos” encontram-se nos Açores. Recentemente viajou até às ilhas para dar formação nesta técnica. Apesar de se estar a perder, a artesã observa que muitas pessoas novas estão a querer aprender. Já Marta Cruz refuta, dizendo que actualmente é pouca a produção de puxados, lamentando haver poucos jovens interessados. Aos 38 anos, afirma que é uma das mais novas a exercer esta prática. No lado contrário da loja, sentadas em bancos, três mulheres trabalham com tecidos e tesouras. Maria Suzana de Castro e as filhas, Sandra e Leopoldina, são artesãs especializadas no picado, uma técnica tradicionalmente aplicadas às capas de honra de Miranda do Douro — que serviam de “agasalho do rico agricultor”, explica Sandra. Com o picado, as artesãs, desenham com a linha. É um trabalho de mãos, feito sem a ajuda de um esboço para guiar. Depois recortam as partes que estão a mais, deixando uma margem a partir da linha. Na Portugaba, é sobreposta aos painéis principais, passando também pela parte de baixo. A família tem uma loja em Sendim, onde vende peças com uma abordagem moderna da técnica. Têm uma diversidade de objectos — casacos, carteiras e almofadas, por exemplo — e, em vez dos tons de terra que eram predominantemente usados, as peças destacam-se pela cor. Sublinhado a importância dos artesãos, Louboutin explica que a mala surgiu da vontade de celebrar estas pessoas. Afirma também que no futuro “provavelmente” quererá desenvolver outro tipo peças a partir de técnicas portuguesas. Como é que Portugal pode valorizar da mesma forma a riqueza cultural destas técnicas artesanais? “Acho que é preciso ter pessoas a supervisionar. Um lugar como este, a Fashion Clinic, poderia ajudar a qualidade e conhecimento da mestria artesanal neste país”, começa por responder o criador ao PÚBLICO. “As pessoas terem atenção ao que está a acontecer no seu próprio país. Deve vir de Portugal para Portugal”, continua. Para Louboutin as condições estão todas no país. “Provavelmente pode ser só preciso uma pessoa ou uma empresa a decidir assumir o lado empreendedor”, atira. O francês cita ainda uma outra loja, a Vida Dura, em Melides, como um exemplo a seguir. “Começaram a trabalhar mais para lifestyle, coisas à volta de Portugal, e é interessante”. “As pessoas, numa pequena ou grande escala, já estão entusiasmadas por trabalhar com coisas do seu país. Porque há muito talento”, remata. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A Portugaba está à venda no site da Louboutin, por 1690 euros — um preço que não destoa daqueles que a marca francesa pratica. “Bom dia Portugaba”, lê-se na página inicial do site. O link leva-nos para uma página onde são apresentados os artesãos responsáveis pelas várias técnicas aplicadas na mala. Só no final há um botão que direcciona para a página onde a peça pode ser comprada. “Criada usando técnicas tradicionais e know-how local de artesãos, a Portugaba é a ode de Christian a Portugal”, lê-se. “Cada componente da mala foi feita meticulosamente à mão, o que significa que cada peça é única”. Além desta mala, o criador lançou também umas sandálias e umas sapatilhas com um design inspirado nos azulejos portugueses. A artista de burlesco Dita von Teese, amiga de Christian Louboutin, marcou presença no evento de apresentação, a convite do criador e aproveitou também para visitar a cidade. Esteve em Lisboa quando actuou na discoteca Lux, em 2003, recorda ao PÚBLICO. “Adoro a mala. Estava agora mesmo a ver como a fazem”, comenta, apontando para as artesãs que trabalham nos elementos inspirados na capa de honra de Miranda do Douro, e que a convidam a experimentar uma das peças de roupa que produzem na sua loja em Sendim, um casaco. Dita von Teese vestiu-o, sorriu, posou e agradeceu.
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Palavras-chave ajuda mulheres
Há 25 cursos sem desemprego registado e Teologia é um deles
Quais são os cursos com mais desemprego? E quais são aqueles onde o abandono é maior? Estes são alguns dos dados divulgados nesta sexta-feira pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. (...)

Há 25 cursos sem desemprego registado e Teologia é um deles
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-07-15 | Jornal Público
SUMÁRIO: Quais são os cursos com mais desemprego? E quais são aqueles onde o abandono é maior? Estes são alguns dos dados divulgados nesta sexta-feira pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.
TEXTO: Teologia volta a ser um dos cursos que tem uma taxa de desemprego entre os recém-diplomados de 0%. De um total de 1369 cursos, há 25 que em 2016 não tinham recém-licenciados inscritos nos centros de emprego, segundo revelam os dados divulgados nesta sexta-feira pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES) e que podem ser consultados no portal Infocursos (http://infocursos. pt). Os três cursos de Teologia da Universidade Católica Portuguesa figuram nesta lista. O número de diplomados nestes cursos varia entre os 25 e os 80. Mais óbvia à partida é a presença dos cursos de Medicina neste pelotão. Estão lá os sete que são ministrados pelas Universidades de Lisboa, Porto, Minho e Beira Interior. O número de diplomados oscila entre os 422 e os 1422. Nesta lista restrita figuram ainda, entre outros, os cursos de Instrumentista de Orquestra (61 diplomados), da Academia Nacional Superior de Orquestra, em Lisboa, de Design (36) do Instituto Superior D. Dinis, Marinha Grande, Estudos Comparatistas (39), da Universidade de Lisboa, ou de Física (42) da Universidade Coimbra. Este indicador é calculado tendo em conta os diplomados entre os anos lectivos de 2011/2012 e 2014/2015 que se encontravam registados como desempregados em Junho de 2016 ou Dezembro de 2016. O curso com maior percentagem de desempregados é o de Arquitectura, da Escola Superior Artística do Porto, que regista uma taxa de 31, 5%. Nos anos de referência diplomaram-se ali 108 estudantes. Seguem-se-lhe os cursos de Artes e Grafismo de Media (30%), da Escola Superior Artística de Guimarães, Comunicação e Relações Públicas (27, 8%), do Instituto Politécnico da Guarda, e Serviço Social (27, 4%), da Universidade Lusófona do Porto. No conjunto existem 28 cursos com taxas de desemprego entre os recém-licenciados iguais ou superiores a 20%. A taxa de desemprego entre os recém-diplomados é um dos critérios que passou a ser considerado pelo MCTES para a fixação do número de vagas que cada curso pode abrir. As relativas ao próximo ano lectivo serão conhecidas no dia 19 de Junho. A nível nacional, este indicador caiu, no ensino superior público, de 8, 6% em 2015 para 7, 2% em 2017. No ensino superior privado a queda foi bastante maior, passando de uma taxa de desemprego de 12, 7% em 2015 para uma de 5, 4% em 2017. Entre vários outros indicadores que permitem traçar um retrato da oferta existente no ensino superior, através do portal Infocursos pode-se ainda saber qual o grau de abandono neste nível de ensino, apurando-se para o efeito qual a situação dos estudantes um ano após a sua primeira matrícula. Em 2015, no ensino superior público, 10, 3% dos estudantes que se tinham inscrito um ano antes já não se encontravam no sistema. Esta percentagem desceu para 8, 7% em 2017. No superior privado subiu de 12, 6% para 13%. A nível de cursos, existem apenas nove que mantêm a totalidade dos seus estudantes, um ano após a primeira inscrição. Entre outros, figuram nesta lista os cursos de Enfermagem, da Universidade da Madeira, Análises Clínicas e de Saúde Pública e Terapêutica da Fala, da Universidade Fenando Pessoa, do Porto, Engenharia de Segurança do Trabalho, do Instituto Politécnico de Coimbra, ou Multimédia, do Instituto Superior Miguel Torga, de Coimbra. O número de inscritos nestes cursos varia entre os cinco e os 23. Na posição oposta ou seja, com taxas de abandono iguais ou superiores a 50%, existem também nove cursos. Eis alguns: Marketing, do Instituto Superior de Gestão, com 71, 4% de abandono; Gestão Imobiliária (64, 4%), da Escola Superior de Actividades Imobiliárias, em Lisboa, ou Matemática e Aplicações (54, 5%), da Universidade Aberta, em Lisboa, uma instituição de ensino à distância que tem mais dois cursos nesta lista restrita. E quais são os cursos em que a nota final média dos diplomados foi mais alta? Canto Teatral, do Conservatório Superior de Música de Gaia, lidera esta tabela com uma média de 17, 7 numa escala de 0 a 20. Seguem-se-lhe Engenharia Física Tecnológica (16, 9), da Universidade de Lisboa, e Fisioterapia (16, ), do Instituto Politécnico de Leiria. Na situação oposta estão os cursos de Biologia da Universidade da Madeira, com uma média de 11, Contabilidade, do Instituto Politécnico de Viseu, com uma nota também de 11 e Engenharia Topográfica, do Instituto Politécnico da Guarda, com média de 11, 6. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Este indicador dá conta da nota final média dos diplomados de cada curso em 2013/2014 e 2014/2015. No conjunto há 125 cursos com uma média igual ou superior a 15. Muito mais discreta é a presença dos cursos que registaram classificações médias finais de 20 valores. São apenas cinco: Enfermagem, do Instituto Superior de Saúde do Alto do Ave, Engenharia Física e Tecnológica, da Universidade de Lisboa, Fisioterapia, do Instituto Politécnico de Leiria, Matemática, da Universidade do Porto, e Enfermagem, também do Instituto Politécnico de Leiria. A percentagem de classificações médias finais iguais a 20 valores oscila entre o 1% e os 2, 1%. No extremo oposto, há 28 cursos com classificações médias finais de 10 valores, que é o mínimo para se concluir a licenciatura. Quatro destes cursos pertencem ao Instituto Politécnico de Portalegre: Equinicultura, Enfermagem Veterinária, Agronomia e Administração de Publicidade e Marketing, com percentagens de classificações finais iguais a 10 que oscilam entre 6, 3% e 25%, que são também as mais altas nesta tabela. Por fim, refira-se ainda que os cursos de Direito das Universidades de Lisboa e de Coimbra e o de Medicina, também da Universidade de Lisboa, são aqueles que têm mais mulheres inscritas.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave escola social mulheres desemprego