Há um ingrediente especial para perder a barriga com exercício
Chama-se interleucina-6 e parece desempenhar um papel importante na redução da gordura visceral quando se pratica exercício físico, segundo um artigo de uma equipa de cientistas na Dinamarca publicado na revista Cell Metabolism. (...)

Há um ingrediente especial para perder a barriga com exercício
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.357
DATA: 2018-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Chama-se interleucina-6 e parece desempenhar um papel importante na redução da gordura visceral quando se pratica exercício físico, segundo um artigo de uma equipa de cientistas na Dinamarca publicado na revista Cell Metabolism.
TEXTO: Nada como um artigo sobre barrigas gordas para ler entre as festas de Natal e passagem de ano, enquanto temos bem à nossa frente os estragos que os excessos podem causar. Uma equipa de investigadores da Universidade de Copenhaga, na Dinamarca, realizou uma experiência com homens e mulheres com pronunciado tecido adiposo visceral, também conhecido como barriga gordinha. O ensaio confirmou a importância de uma molécula chamada interleucina-6 (que normalmente é produzida pelas nossas células para estimular a resposta imunitária e reagir, por exemplo, a infecções) na redução da gordura abdominal. Em resumo, os testes mostraram que quando o receptor desta molécula não está presente, o exercício físico não tem qualquer efeito de redução da gordura da barriga. Uma rápida pesquisa mostra que a associação entre a interleucina-6 (IL-6) e o exercício físico não é um facto novo, assim como também não é inédita a relação da IL-6 com a obesidade. O que este estudo faz agora é juntar estes três “actores” e concentrá-los num local específico do nosso corpo: a barriga. Mais propriamente, a indesejada e pouco saudável gordura visceral que arredonda o perímetro abdominal. O comunicado de imprensa sobre o artigo publicado esta quinta-feira na revista Cell Metabolism, do grupo Cell, aproveita o “gancho” do calendário: “Alguns de vocês podem ter feito uma resolução de Ano Novo para atacar o ginásio e lidar com essa gordura irritante da barriga. Mas já se questionaram sobre como a actividade física produz esse efeito desejado?” Para ajudar a responder a esta pergunta, os investigadores separaram homens e mulheres obesos em quatro grupos, que testaram duas variáveis: o exercício físico e a acção da IL-6. “Como era expectável, uma intervenção de 12 semanas consistindo em exercício de bicicleta diminuiu a gordura abdominal visceral em adultos obesos. ” No entanto, refere o artigo, o impressionante é que este efeito de redução desapareceu nos participantes que fizeram exercício físico mas foram tratados com um medicamente que bloqueia a sinalização da interleucina-6 e que está actualmente aprovado para o tratamento da artrite reumatóide. Além disso, o tratamento com este fármaco também aumentou os níveis de colesterol independentemente da actividade física. Assim, ao longo de 12 semanas, um total de 53 participantes receberam doses intravenosas do referido fármaco ou de uma solução salina (como placebo) a cada quatro semanas, combinadas com ausência de exercício ou várias sessões na bicicleta de 45 minutos por semana. Os investigadores usaram o exame de ressonância magnética para avaliar a massa de tecido adiposo visceral no início e no final do estudo. “Nos grupos de placebo, o exercício reduziu a massa de tecido adiposo visceral numa média de 225 gramas, ou 8%, em comparação com nenhum exercício. Mas o tratamento com o fármaco eliminou este efeito”, referem os cientistas. Aliás, quando comparados os grupos que praticavam exercício regular percebeu-se que, mesmo com a actividade, o grupo que tomou o fármaco que bloqueia a acção da IL-6 aumentou a massa de tecido adiposo visceral em aproximadamente 278 gramas. Os níveis de lipoproteína de baixa densidade (LDL, conhecido como o “colesterol mau”) aumentaram também nos indivíduos que não beneficiaram da IL-6 . “Tanto quanto sabemos, este é o primeiro estudo a mostrar que a interleucina-6 tem um papel fisiológico na regulação da massa adiposa visceral em humanos”, diz Anne-Sophie Wedell-Neergaard, da Universidade de Copenhaga, uma das autoras do artigo, citada no comunicado de imprensa. Os autores sublinham que o estudo foi exploratório e não se pretendia avaliar um tratamento em ambiente clínico. Referem ainda que a IL-6 terá efeitos aparentemente opostos em situações de inflamação. “As vias de sinalização nas células imunitárias versus células musculares diferem substancialmente, resultando em acções pró-inflamatórias e anti-inflamatórias, por isso a interleucina-6 pode actuar de forma diferente em pessoas saudáveis e doentes”, explica Anne-Sophie Wedell-Neergaard. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Já se sabe que a gordura abdominal está associada a um risco aumentado de doenças cardiometabólicas, mas também de cancro, perturbações no sistema nervoso central e mortalidade em geral. Sabe-se também que a actividade física reduz o tecido adiposo visceral, que envolve os órgãos internos da cavidade abdominal. Porém, os mecanismos que estão subjacentes a esse fenómeno ainda não foram totalmente esclarecidos. “Todos nós sabemos que o exercício promove a saúde, e agora sabemos também que a prática de exercício físico regular reduz a massa gorda abdominal e, portanto, também reduz potencialmente o risco de desenvolver doenças cardiometabólicas”, constata a cientista, acrescentando que a suspeita recaiu sobre a IL-6 “porque regula o metabolismo energético, estimula a quebra de gorduras em pessoas saudáveis e é libertada do músculo-esquelético durante o exercício”. No futuro, entre outras hipóteses, os investigadores vão tentar perceber se a IL-6 administrada através de uma injecção é capaz de reduzir a massa de gordura visceral por conta própria, sozinha e sem que seja preciso exercício físico. E se a resposta for positiva e não existirem quaisquer efeitos secundários indesejados? Isso é que seria uma boa notícia. Até lá, os investigadores aconselham as pessoas que querem livrar-se da barriga gorda a praticar exercício. E até deixam uma dica para os mais desmotivados: “É importante sublinhar que, quando uma pessoa começa exercitar-se, pode aumentar o peso corporal devido ao aumento da massa muscular. Assim, além de medir seu peso corporal total, seria útil, e talvez mais importante, medir a circunferência da cintura para acompanhar a perda de massa gordurosa visceral e permanecer motivado. ” Era melhor uma simples injecção, mas pronto.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homens humanos estudo mulheres corpo
Marcelo vai passar parte do Dia de Portugal em Cabo Verde
O Presidente da República pretende "cobrir o mais possível diferentes comunidades de portugueses, em várias ilhas”. (...)

Marcelo vai passar parte do Dia de Portugal em Cabo Verde
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: O Presidente da República pretende "cobrir o mais possível diferentes comunidades de portugueses, em várias ilhas”.
TEXTO: O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, anunciou nesta segunda-feira em Cabo Verde que vai passar parte do 10 de Junho, Dia de Portugal e das Comunidades, neste país, onde visitará as cidades da Praia e do Mindelo. Marcelo Rebelo de Sousa falava aos jornalistas durante a visita que efectuou à Rádio de Cabo Verde (RCV), acompanhado do seu homólogo cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca. O Chefe de Estado português encontra-se em Cabo Verde, de onde partirá ainda nesta segunda-feira para o Brasil para assistir à tomada de posse do Presidente eleito, Jair Bolsonaro. "Estou no aquecimento para vir cá festejar o Dia de Portugal e das comunidades em Cabo Verde, na cidade da Praia, acolhido pelo nosso querido Presidente [cabo-verdiano] e pelas autoridades cabo-verdianas e o povo cabo-verdiano, e depois dar um pulo ao Mindelo", disse Marcelo Rebelo de Sousa. "Começaremos no território português e depois partiremos para chegar aqui a meio da tarde, o que permitirá ainda nessa tarde e durante a noite celebrar aqui na cidade da Praia e, no dia seguinte, na cidade do Mindelo", ilha de São Vicente, prosseguiu. Com este programa, o Presidente português pretende "cobrir o mais possível diferentes comunidades de portugueses, em várias ilhas, sempre numa grande fraternidade com o presidente e as autoridades cabo-verdianas". A passagem de Marcelo Rebelo de Sousa por Cabo Verde em junho de 2019 deverá ainda ter um programa "à margem das comemorações". "Temos um programa complementar. Há muito tempo que o Presidente [cabo-verdiano] quer que eu vá a uma ilha muito especial para ele", disse o chefe de Estado português. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Marcelo Rebelo de Sousa chegou no domingo à tarde a Cabo Verde, tendo jantado num dos mais famosos restaurantes na cidade da Praia. Na manhã desta segunda-feira, pelas 8h30, começou o dia com um mergulho nas águas da Prainha, onde conviveu com populares. O Presidente elogiou a "temperatura única na água" e o sol que se faz sentir em Cabo Verde. "Como vêem, um sonho", disse. Para o chefe de Estado esta foi uma forma "muito agradável de acabar o ano". Durante a visita que efectuou à RCV, Marcelo rebelo de Sousa teve ainda a oportunidade de ler uma mensagem de ano novo em crioulo, tendo no final confessado que "o crioulo não é tão diferente assim do português. É mais abreviado, mais rápido e mais intenso".
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Tempo Junho
Stephen Hawking, um T1 por dois mil euros, uma ilha de plástico: as notícias mais lidas em 2018
O desaparecimento de um vulto da ciência, uma tempestade que justificou todos os alertas, rendas demasiado altas, um Brasil em sobressalto e um mundo mergulhado em plástico. As notícias mais visitadas do PÚBLICO são uma outra forma de retratar 2018. (...)

Stephen Hawking, um T1 por dois mil euros, uma ilha de plástico: as notícias mais lidas em 2018
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.5
DATA: 2018-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: O desaparecimento de um vulto da ciência, uma tempestade que justificou todos os alertas, rendas demasiado altas, um Brasil em sobressalto e um mundo mergulhado em plástico. As notícias mais visitadas do PÚBLICO são uma outra forma de retratar 2018.
TEXTO: A vida dele foi um “triunfo”, a morte dele deixou um “vácuo intelectual”. A morte do físico britânico Stephen Hawking, aos 76 anos, foi a notícia com mais visitas no ano de 2018 no site do PÚBLICO. Sobre “o cientista da actualidade mais conhecido em todo o mundo”, escrevemos que “trouxe um novo olhar sobre os buracos negros, nunca deixando de se indagar sobre a origem do Universo”. João Sanchez, de Lisboa, quis sair da casa dos pais, ser autónomo, viver sozinho. Não conseguiu. Todos os alojamentos que encontrou eram demasiado caros. Quando precisou de fazer um vídeo documental para uma disciplina, o tema pareceu-lhe óbvio. “Ver o preço das casas aumentar e as expectativas de futuro a diminuir afecta-me como jovem e estudante que sou”, explicou ao P3. Decidiu, assim, ligar para os contactos telefónicos de anúncios de arrendamento que circulam na Internet e questionar os elevados preços praticados. A iniciativa resultou num vídeo, no mínimo, revelador. E que deve ser visto até ao último segundo. Os alertas sobre o furacão/tempestade Leslie – estendidos a todo o território continental – mereceram as atenções dos leitores do PÚBLICO. E a Leslie volta a aparecer nesta lista. As licenciaturas realizadas antes da reforma de Bolonha, lançada há 12 anos, vão ser “equiparadas” a mestrados para efeitos de concursos e não só. Não é uma notícia, é um texto de opinião com palavras duras. Assinou-o Francisco Assis, durante a campanha para as eleições presidenciais no Brasil. “Equiparar Haddad a Bolsonaro constitui um acto moral e politicamente inqualificável. Quem o faz torna-se cúmplice de Bolsonaro”, escreveu o eurodeputado do PS. Os católicos recasados podem “em circunstâncias excepcionais” aceder aos sacramentos, mas a Igreja não deve deixar de lhes propor “a vida em continência”, isto é, sem a prática de relações sexuais. A orientação, contida num documento publicado pelo cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, gerou polémica. A cobertura ao minuto da chegada e das consequências do furacão/tempestade Leslie foi seguida por milhares de utilizadores do PÚBLICO. A tempestade evitou Lisboa, mas atingiu com intensidade os distritos de Leiria e Coimbra. “Do meu lado esquerdo ouço um ‘Olá, princesa’. Não precisava de olhar para saber que não era ninguém conhecido. Quem me conhece sabe que não gosto particularmente que se dirijam a mim com um ‘princesa’. E o historial de experiências deixava antecipar que era mais um piropo. Houve uma voz, a de sempre, que me disse baixinho ‘Liliana, ignora e segue’. Não o fiz. ” A crónica da jornalista Liliana Borges, publicada no Megafone do P3, deu voz às situações diárias de assédio experienciadas pelas mulheres em Portugal. O desaparecimento de Ana Rita Fernandes, estudante de Arquitectura da Universidade da Beira Interior, deu que falar. A notícia do seu reaparecimento também. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Foi a mais lida das várias notícias sobre plástico, num ano em que falamos muito sobre o que fazemos a este tipo de lixo – e em que procuramos uma vida mais sustentável. A Grande Mancha de Lixo do Pacífico é uma ilha em que não se pode caminhar: é toda feita de plástico flutuante. Os cientistas estimam agora que é maior do que se pensava: em Março, teria cerca de 1, 6 milhões de quilómetros quadrados.
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Partidos PS
O fim do ambientalismo?
A reputação da Quercus está irremediavelmente afectada, e só o amor e a convicção desta causa maior podem ser a tábua de salvação. (...)

O fim do ambientalismo?
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: A reputação da Quercus está irremediavelmente afectada, e só o amor e a convicção desta causa maior podem ser a tábua de salvação.
TEXTO: Ainda mal tinha feito dez anos e já me punha em bicos dos pés à noite à janela a olhar para a Lua a olhar para a Terra a perguntar-me: e agora, quem vai salvar o planeta?À data, nos anos 80, começavam a soar os primeiros gritos de alarme, as primeiras chamadas de atenção para a conservação das espécies e a importância da preservação dos ecossistemas. Cegos, imersos na abundância e na tecnologia, esquecêramo-nos como parte intrínseca da natureza, achando-nos superiores e capazes de viver independentemente da natureza que nos rodeia, habita e enche os pulmões de ar a cada inspiração. De repente voltávamos a fazer parte de um ecossistema, desta vez global, ecossistema esse em risco, fruto da destruição ininterrupta das mais belas jóias na coroa de um planeta: as florestas tropicais, a grande barreira de coral, os oceanos. Fruto destes ecos, destes pedidos de socorro, um pouco por todo o lado começaram a surgir as associações ambientalistas. Foi assim que em Portugal, a meio dos anos 80, foi fundada a Quercus. Quercus, na taxonomia, é o género dentro do qual encontramos todas as 600 espécies de carvalho. O carvalho, como árvore característica da floresta portuguesa, passou assim a símbolo nacional para a urgência da conservação da natureza, a começar pela própria floresta em Portugal onde cada carvalho abatido dava lugar a centenas de eucaliptos, árvores de crescimento rápido, sequiosas de água e responsáveis pelo esgotamento dos lençóis freáticos e erosão dos solos, sem esquecer os incêndios do ano passado. E tudo em favor das indústrias do papel e das madeiras, em favor do lucro fácil e da avidez sem fim de uma mão cheia de empresários, a qualquer preço, custe o que custar, incluindo vidas humanas, aldeias, cidades, o planeta inteiro. A Quercus é hoje a maior associação ambientalista do país. Como farol de esperança, a Quercus tem a responsabilidade de ser maior que os homens, como se cada um dos seus membros fosse um escolhido de Gaia, a mãe-Terra, para guiar homens e mulheres em direcção a um futuro sustentável. Ou assim quero acreditar na minha inocência, como se mal tivesse feito dez anos e me virasse para quem me diz querer salvar o planeta. Estendo os braços, quero estender os braços para a segurança de um colo, mas as notícias dizem o contrário, ou não estivesse a Quercus agora sob suspeita de querer vender terrenos em Idanha-a-Nova a uma herdade que gere uma zona de caça, terrenos esses em pleno parque natural e previamente adquiridos pela Quercus com fundos comunitários. Ao que consta, a Quercus está em sérias dificuldades financeiras, fruto da diminuição de doações de particulares ao longo dos anos, sendo a venda destes terrenos um modo de equilibrar um orçamento debilitado. Consequentemente, os membros desta associação exigem a retirada da direcção, e enquanto a Quercus se envolve em lutas fratricidas, já ninguém se lembra da natureza, das árvores, dos rios e lagos ou sequer do carvalho. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. À mulher de César não basta ser honesta, já dizia o ditado. O mesmo deve aplicar-se às associações ambientalistas, não apenas defensoras na natureza, mas do ser humano, do planeta, do futuro. Estaremos a testemunhar o fim do ambientalismo? Ironia do destino, um fim ditado pelo dinheiro, pelo lucro e a ganância que estiveram na origem dos movimentos ambientalistas? Compete à justiça ajuizar, perdoem-me o pleonasmo. Entretanto, uma coisa é certa: a reputação da Quercus está irremediavelmente afectada, e só o amor e a convicção desta causa maior podem ser a tábua de salvação. Ficamos a aguardar os próximos episódios.
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Palavras-chave homens mulher género mulheres
Alemã do Daesh acusada de deixar morrer à sede iraquiana de cinco anos
Mulher viajou para o Iraque, juntou-se aos jihadistas e casou. Depois teve uma “escrava” que não fez nada para salvar. (...)

Alemã do Daesh acusada de deixar morrer à sede iraquiana de cinco anos
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Mulher viajou para o Iraque, juntou-se aos jihadistas e casou. Depois teve uma “escrava” que não fez nada para salvar.
TEXTO: Vozes como as de Nadia Murad, a jovem activista da minoria yazidi que ganhou o Prémio Nobel da Paz este ano, obrigaram o mundo a saber das atrocidades cometidas pelos membros do Daesh quando controlaram grandes cidades e vastas áreas da Síria e do Iraque. Nadia, feita escrava sexual em 2014, conseguiu fugir. Muitas raparigas não terão tido a mesma sorte: a Justiça alemã prepara-se para julgar uma mulher que deixou morrer à sede uma iraquiana de cinco anos. Jennifer W, como as autoridades identificam esta mulher de 27 anos, deixou a Alemanha a caminho da Turquia em Agosto de 2014, dois meses depois de o grupo jihadista ter conquistado sem grandes dificuldades Mossul, a segunda maior cidade iraquiana, no Norte do país. Viajou para a Síria e depois para o Iraque, onde se juntou ao Daesh, que acabara de proclamar um "califado". Recrutada para a espécie de polícia da moralidade formada pelos jihadistas, Jennifer integrou uma patrulha que passava os dias nos parques de Mossul ou de Falluja, a cidade junto à fronteira da Síria que o grupo também controlava. “A sua função era garantir que as mulheres cumpriam as regulamentações em matéria de comportamento e roupas estabelecidas pela organização terrorista”, lê-se num comunicado divulgado pelos procuradores alemães da cidade de Munique. “Para intimidar [as mulheres], a acusada usava uma metralhadora de tipo Kalashnikov, uma pistola e um colete de explosivos. ”Como habitualmente, Jennifer casou com um membro do Daesh. E como acontecia muitas vezes, o casal foi a um dos mercados de escravos e comprou uma rapariga, neste caso, “uma escrava para trabalho doméstico”. A maioria dos “prisioneiros de guerra” que eram vendidos pertenciam a minorias étnicas ou religiosas que tinham recusado converter-se ao islão sunita – muitas eram adolescentes ou crianças, já que os homens eram quase sempre executados. Grande parte pertencia à comunidade yazidi; a Justiça alemã considera muito provável que fosse o caso desta criança. O casal levou a menina para casa e ela viveu com eles até adoecer. “Depois de a criança ter caído doente e feito xixi no colchão, o marido da acusada acorrentou-a no exterior da casa como castigo e deixou-a morrer de sede debaixo de um calor sufocante”, descreve a procuradoria. A acusada, acrescenta-se, “permitiu ao seu marido que o fizesse e não tentou nada para salvar a menina”. Jennifer vai ser julgada por crimes de guerra, assassínio e delitos de armas num tribunal de Munique que trata de casos de terrorismo e segurança do Estado. As acusações já foram apresentadas mas o início do processo ainda não está marcado. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Em Janeiro de 2016, meses depois da morte da criança, a acusada foi à embaixada da Alemanha em Ancara para pedir um novo passaporte. Os serviços de segurança turcos prenderam-na à saída da representação diplomática e foi extraditada para o seu país dias mais tarde. Inicialmente, foi-lhe permitido que regressasse a casa, no estado da Baixa Saxónia. “Desde então o seu objectivo declarado tem sido regressar a território do Estado Islâmico”, dizem os procuradores. Foi detida em Junho pela polícia alemã, quando tentava viajar de novo para a Síria – agora que o Daesh já não controla nem Mossul nem Falluja e perdeu mais de 90% do território que chegou a conquistar. Se for considerada culpada, Jennifer pode ser condenada a prisão perpétua.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave morte homens guerra tribunal mulher prisão comunidade criança espécie sexual minoria mulheres rapariga assassínio
Células nervosas atacam os músculos das “pernas inquietas”
Estudo publicado na revista Journal of Physiology propõe uma nova abordagem terapêutica para as pessoas que sofrem com a síndrome das pernas inquietas. (...)

Células nervosas atacam os músculos das “pernas inquietas”
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Estudo publicado na revista Journal of Physiology propõe uma nova abordagem terapêutica para as pessoas que sofrem com a síndrome das pernas inquietas.
TEXTO: O nome diz (quase) tudo. É fácil perceber do que sofrem as pessoas com síndrome das pernas inquietas. Trata-se de uma perturbação neurológica, reconhecida como uma doença há apenas 15 anos, que é caracterizada por uma necessidade incontrolável de mexer as pernas. Por causa disso, os doentes queixam-se de noites mal dormidas, formigueiros e, por vezes, de dolorosas sensações de cãibras. Os estudos indicam que o problema é causado por mecanismos genéticos, metabólicos e do sistema nervoso central. Um estudo publicado na revista Journal of Physiology, mostra, pela primeira vez, além da desregulação no sistema nervoso central, também as células nervosas atacam os músculos. A descoberta pode garantir um novo alvo terapêutico, acreditam os cientistas. “Realizamos este estudo porque os sintomas indicavam um papel do sistema nervoso periférico na síndrome das pernas inquietas (SPI). Essa era a nossa suspeita quando começámos o estudo”, refere ao PÚBLICO Dirk Czesnik, investigador na Escola Médica da Universidade de Gotinga, na Alemanha, e um dos autores da investigação realizada com a Universidade de Sydney, na Austrália, e a Universidade Vanderbilt, nos EUA. No comunicado da Sociedade de Fisiologia, uma sociedade científica internacional fundada no Reino Unido, com o título “Importante descoberta para o tratamento da síndrome das pernas inquietas”, adianta-se que o estudo “envolveu a medição da excitabilidade nervosa de células nervosas motoras de pacientes que sofrem de SPI e indivíduos saudáveis”. A vontade incontrolável de mover as pernas é o sintoma mais óbvio da doença, mas os doentes apresentam uma série de queixas sobre os seus efeitos secundários. As insónias e dor nos membros inferiores são as queixas mais comuns. “Mais de 80% das pessoas com SPI sentem as pernas a repuxar ou a contrair-se incontrolavelmente, geralmente à noite”, refere o comunicado. Na investigação, os cientistas mostram que os movimentos involuntários das pernas na SPI são causados pelo aumento da excitabilidade das células nervosas que existem nos músculos das pernas, o que aumentar o número de sinais enviados entre as células nervosas. “A excitabilidade dos neurónios motores periféricos contribui para a fisiopatologia da síndrome das pernas inquietas”, conclui-se no artigo que analisou 34 casos de doentes (11 homens e 23 mulheres) que não estavam a ser submetidos a nenhum tratamento e que comparou os resultados obtidos num grupo de 38 pessoas saudáveis (19 homens e 19 mulheres). “Os nossos resultados sugerem pela primeira vez um aumento na excitabilidade de neurónios motores na SPI que poderia aumentar a probabilidade de movimentos das pernas. As propriedades anormais encontradas nos axónios [motores e não nos sensoriais] são consistentes com outras descobertas que indicavam que o sistema nervoso periférico fazia parte da rede envolvida na síndrome das pernas inquietas”, lê-se no artigo. “Direccionar a maneira como as mensagens são enviadas entre as células nervosas para reduzir o número de mensagens para níveis normais pode ajudar a evitar que os sintomas da SPI ocorram”, argumentam os autores do estudo no comunicado da Sociedade de Fisiologia, acrescentando que esse objectivo pode ser alcançado com o desenvolvimento de fármacos eficazes no bloqueio dos mecanismos usados para a comunicação entre as células nervosas. Mas um tratamento deste género não teria um efeito (indesejado) noutras partes do corpo com músculos e as mesmas células nervosas? “Sim, é verdade. É possível que os efeitos colaterais ocorram noutras partes do corpo. Isso terá de ser investigado em estudos clínicos”, responde Dirk Czesnik ao PÚBLICO. O investigador adianta ainda que o próximo passo da investigação passa pela procura e estudo dos mecanismos agora identificados mas em doentes com síndrome de pernas inquietas que já tenham sido submetidos a tratamento. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Os tratamentos actualmente disponíveis para esta doença passam por fármacos que controlam o nível de neurotransmissores que foram identificados com tendo influência no problema. A dopamina, usada pelos neurónios para comunicarem entre si, é um dos neurotransmissores afectados por esta síndrome, exigindo que os doentes tomem medicamentos (que já existem no mercado para doentes com Parkinson, por exemplo) para aumentar os níveis desta substância no cérebro. Em 2013 uma equipa de investigadores nos EUA divulgou um estudo que demonstrava que os doentes com SPI também apresentavam alterações nos níveis de um outro neurotransmissor, o glutamato. Estima-se que, nos EUA e na Europa, a síndrome das pernas inquietas – que pode ser ligeira ou grave, segundo os casos – afecta uns 5% da população em geral e até 10% das pessoas com mais de 65 anos. Foi o neurologista sueco Karl Ekbom quem descreveu os primeiros 53 casos desta doença neurológica em 1945, embora os primeiros relatos, de um médico britânico chamado Thomas Willis, remontem ao século XVII. Os critérios internacionais de diagnóstico da síndrome das pernas inquietas, que também é conhecida como doença de Willis-Ekbom, só surgiram em 2003.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
Fernanda, Susana, Paula e tantas outras professoras
A professora Paula anda como a mulher do arame. Quase que cai. Equilibra-se e volta a desequilibrar-se. Aguenta. Grita. E às nove da manhã ali está, de sorriso aberto. (...)

Fernanda, Susana, Paula e tantas outras professoras
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.187
DATA: 2018-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: A professora Paula anda como a mulher do arame. Quase que cai. Equilibra-se e volta a desequilibrar-se. Aguenta. Grita. E às nove da manhã ali está, de sorriso aberto.
TEXTO: Chovia e a manhã estava fria. Rosa veio à escola. Rosa era assim. Aparecia e depois desaparecia. Dizia-se que preferia amanhar a terra do que as letras. Vinha bonita. Vestido às flores e botas altas. Rosa vinha tímida. Com vergonha. Sentou-se no lugar que sempre a esperou. A professora Fernanda chamou-a ao estrado. Perguntou-lhe porque não vinha à escola. Rosa encolheu-se de medo. A mesma pergunta foi repetida vezes sem conta e o som grave aumentava a cada ponto de interrogação. Rosa não respondia. E a professora Fernanda com a régua em riste levantou o vestido florido de Rosa. E bateu-lhe. Bateu-lhe imenso. E a sala com as carteiras em fila era uma plateia de crianças assustadas. Rosa chorou. E Rosa nunca mais voltou. Ficou com a 3. ª classe por fazer. Para sempre. Nunca mais vi a Rosa. A cadeira continuou vazia. Ninguém se importou. Nem a professora Fernanda. Naquela escola, a escola-modelo do ministro Veiga Simão, as turmas eram mistas. Rapazes e raparigas eram só separados na hora da brincadeira. Um muro alto dividia o recreio em dois. De um lado, as balizas, do outro, o lencinho. Tínhamos tabelas de basquetebol mas nunca foram estreadas. Tínhamos um globo, paralelepípedos alinhados, planisférios enrolados, desenhos do corpo humano, tudo dentro de um armário verde e envidraçado. Tudo guardado para não se estragar. Para não se mexer. Como bibelots na sala de jantar. Por cima do quadro, um Cristo sofrido. Sem Caetano nem Tomás. Só Cristo. Na sala desenhada a régua e esquadro, existiam cinco filas de mesas modernas. A professora Fernanda sentava-se na sua secretária num estrado largo. Livros, régua, cana e rebuçados para distribuir aos melhores. Num dos cantos, a fila mais temida, a fila dos burros. A vergonha. Os meninos e as meninas que tinham mais dificuldades eram encostados ali. Quase esquecidos. Os que nunca recebiam rebuçados. A professora Fernanda era amiga. Chegava todos os dias no seu Toyota Corolla branco. E nós fazíamos uma festa. Gostávamos da escola. Depois de os militares invadirem as ruas e o director da escola mandar derrubar o muro do recreio, a professora Fernanda deixou de usar a régua, acabou com a fila da vergonha e deu a volta ao mundo connosco no globo que cheirava a mofo. Durante anos via a professora Fernanda. Fazíamos uma festa um ao outro. Tínhamos admiração. Agora deixei de a ver. A minha professora. . . A professora Susana não queria escolas fáceis. No concurso anual de colocação de professores, ficava contente se lhe calhava na “rifa” uma escola numa aldeia distante. Assim acontecia. E a professora Susana não ensinava só as crianças. À noite, depois da ceia, ensinava também os pais das crianças. Amava o que fazia. Era uma missão. Construir um mundo um pouco melhor. Mesmo naquela aldeia emparedada entre montes. Um dia, o concurso de colocações enviou a professora Susana para junto do mar. Os pais revoltaram-se. Queriam a professora Susana. A despedida foi dolorosa. Junto ao mar, a escola era de meninos pobres. Meninos de fome. A professora Susana construiu uma cantina. Pequeno-almoço, almoço e lanche. Antes de juntar as letras, juntava o pão, o leite e o queijo. O arroz, a carne, o peixe e a laranja. Depois conjugavam os verbos, visitavam os barcos dos pais, desenhavam a liberdade, cantavam canções de embalar. Depois a noite. Os meninos e as meninas deitavam-se sem histórias contadas em voz grossa. Mas tinham a professora Susana que os fazia sonhar. Depois a manhã. E a professora Susana outra vez. Que bom. Mas houve uma manhã em que a professora Susana não apareceu. Ficou doente. Muito doente. A professora Susana era magra. Frágil. Calma. Mas no meio da aparente fragilidade estava uma mulher cheia de força e determinação. Uma professora de coração cheio. Uma professora que amava os seus alunos, os pais, os avós, o mundo. A professora Susana não aguentou e sorriu pela última vez. Em fila, um a um, os meninos e as meninas da professora Susana deixaram um desenho, uma flor, num adeus de ternura. Ficou na escola de meninos pobres à beira-mar uma placa de mármore gravada a letras negras: Obrigado, professora Susana. A professora Paula queria ser arqueóloga. Não conseguiu. Um dia estava a dar aulas numa aldeia da serra algarvia. Apaixonou-se pelo prazer do que fazia. São anos a percorrer centenas de quilómetros por escolas grandes ou pequenas, do campo ou da cidade. Sempre com um sorriso. Sempre com dedicação extrema. Já foram tantas as crianças a quem ela afagou os cabelos, a quem ela ensinou a palavra “amizade”. Já foram tantas as vezes que a professora Paula se esforçou. Esforçou. O verbo que a professora Paula mais conjuga. Até ao limite. Até às lágrimas. Os meninos e as meninas sabem. Sentem. Sabem que a professora Paula, para além da aritmética, dos sinónimos e do nome dos continentes, é uma amiga sempre atenta. Amiga primeiro, professora depois. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Não têm sido anos fáceis. A professora Paula anda como a mulher do arame. Quase que cai. Equilibra-se e volta a desequilibrar-se. Aguenta. Grita. E às nove da manhã ali está, de sorriso aberto e franco para os seus meninos. Na sala de aulas esquece o que lhe andam a fazer há muitos e tenebrosos anos. A professora Paula já pensou muitas vezes em desistir. E um dia vai desistir. Como ela, muitos. Excelentes professores. Excelentes profissionais. Estão cansados de tanto enxovalho. E depois?
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Morreu Marty Balin, fundador dos Jefferson Airplane e protagonista da contracultura dos anos 60
Guitarrista, vocalista e mentor da banda, esteve em alguns dos mais importantes momentos musicais dos sixties. (...)

Morreu Marty Balin, fundador dos Jefferson Airplane e protagonista da contracultura dos anos 60
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Guitarrista, vocalista e mentor da banda, esteve em alguns dos mais importantes momentos musicais dos sixties.
TEXTO: Marty Balin, um dos fundadores dos Jefferson Airplane e um dos rostos da contracultura dos anos 1960 nos EUA e protagonista de alguns dos seus históricos episódios, morreu quinta-feira aos 76 anos. Foi ele que os Hell’s Angels deixaram inconsciente no Festival de Altamont, que em 1969 é visto como um dos momentos que mataram o espírito dos sixties, e foi ele que juntou a banda psicadélica de Somebody to Love ou da hipnótica White Rabbit, cantadas por Grace Slick. Na sexta-feira, Ryan Romenesko, seu porta-voz, informou que Balin, nascido Martyn Jerel Buchwald, morreu com a sua mulher, Susan Joy Balin, ao seu lado, sem revelar a causa do óbito. A sua família escreveu num comunicado: “Os fãs do Marty descrevem-no como tendo tido um impacto substancial no bem do mundo – “uma das melhores vozes de sempre, um escritor de canções que nunca se desvanecerão, e fundador da banda essencial dos sixties”. Marty Balin era guitarrista e vocalista, embora nos Jefferson Airplane, que fundou em 1965 depois de ter criado um clube nocturno, o Matrix, em São Francisco, a sua voz tenha gradualmente dado lugar à da modelo, cantora e autora Grace Slick. Espicaçado pela chegada dos Beatles à América, quis fundar uma banda rock depois de ter começado na folk sem grande sucesso comercial. Com o guitarrista Paul Kantner (que morreu em 2016), foram os membros fundadores dos Jefferson Airplane, uma das bandas vibrantes da cena psicadélica que despontava na Califórnia. Se inicialmente a voz era de Signe Toly Anderson, a sua saída e a chegada de Slick vinda dos The Great Society, coincidiria com o êxito nacional, e depois mundial, dos Jefferson Airplane. Com eles chegariam os álbuns como a estreia em Jefferson Airplane Takes Off (1966) ou Surrealistic Pillow (1967), que continha White Rabbit e Somebody to Love, bem como cinco temas escritos por Balin. Foi autor de êxitos como Volunteers e Today. Defensores das drogas psicadélicas como expansores da mente, do amor livre e da vida em comunas que tão bem ilustra a contracultura dos anos 1960, os Jefferson Airplane fizeram parte do alinhamento não só da banda sonora de muitas vidas, mas também de alguns dos concertos, salas e festivais mais importantes, e aspiracionais, da década. Não só foram a primeira banda convidada para a abertura da histórica sala de concertos Fillmore Auditorium em Denver, como dividiram palco com as grandes bandas do seu tempo – foi aos pés de Balin que Jim Morrison, vocalista dos Doors, caiu sem sentidos depois de dançar intensamente em palco durante um concerto dos Jefferson Airplane em Amesterdão, com a banda de Light My Fire a ficar sem o vocalista no resto da noite. Actuaram nos festivais de Monterey (1967), no festival da Ilha de Wight (1968), no incontornável Woodstock (1969) e, claro, em Altamont (1969)— evento que terminou com a morte de um fã dos Rolling Stones e que é parte do documentário Gimme Shelter, dos irmãos Maysles e Charlotte Zwerin. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A tensão galopante nesse festival, cuja “segurança” era feita pelos membros do gangue de motociclistas Hell’s Angels, faz parte das crónicas dos dias do fim do espírito de paz e amor dos anos 1960, tendo como episódio um momento durante a tarde em que com a pressão da multidão junto ao palco e o derrubar de um dos veículos dos Angels escalou e Balin tentou intervir para acalmar os ânimos. Como é visível em Gimme Shelter, Balin foi esmurrado por um dos motociclistas e ficou inconsciente, com o resto da banda a tentar brincar com o assunto em palco. “Acordei com marcas de botas pelo corpo todo”, contaria ao Relix em 1993, citado pela revista Rolling Stone. A violência fez com que os míticos Grateful Dead, que deveriam subir ao palco, cancelassem a sua actuação. Um ano depois, Marty Balin deixava os Jefferson Airplane, onde entretanto as relações de poder se tinham alterado entre os novos membros e a cocaína tinha tomado conta das personalidades, mas formariam os Jefferson Starship com alguns dos outros elementos dos Airplane – nomeadamente Grace Slick. Para esta banda, escreveu temas como Miracles ou Runaway. O nome de Balin consta desde 1996 no Rock and Roll Hall of Fame.
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Partidos LIVRE
Avicii, DJ estrela, morreu aos 28 anos
Nascido Tim Bergling, o músico sueco, autor de Wake me up ou Legends, morreu em Mascate, Omã, de causas desconhecidas. (...)

Avicii, DJ estrela, morreu aos 28 anos
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Nascido Tim Bergling, o músico sueco, autor de Wake me up ou Legends, morreu em Mascate, Omã, de causas desconhecidas.
TEXTO: Era uma das estrelas maiores da era dos DJs super-estrelas e um dos responsáveis pela febre da chamada EDM (Electronic Dance Music), género de popularidade galopante desde meados da década passada. Foi o criador dessa Wake me up que, contando com a voz de Aloe Blacc, se tornou um dos hinos do Verão de 2014. Três anos anos antes, Levels transformara-o em estrela global, abrindo caminho para uma carreira em que se cruzou com pesos pesados da indústria como Madonna, o veterano Santana, Lenny Kravitz ou os Coldplay. Em 2016, anunciou a retirada dos palcos, justificada por problemas de saúde e por se sentir desconfortável com as pressões inerentes à exposição pública. Esta sexta-feira, a notícia chegou, apanhando todos de surpresa. Avicii, nascido Tim Bergling há 28 anos, em Estocolmo, morreu em Mascate, Omã. “Foi encontrado morto em Mascate, Omã, na tarde desta sexta-feira, hora local”, lê-se no comunicado emitido pela sua representante, Ebba Lindqvist, à imprensa sueca. “A família está devastada e pedimos a todos para respeitarem a sua privacidade neste período difícil”. Apesar dos noticiados problemas de saúde – em 2014 removeu o apêndice e a vesícula biliar e sofria de pancreatite aguda, provocado pelo consumo excessivo de álcool –, são desconhecidas as causas da morte. Em Setembro de 2017, regressara aos discos com o lançamento do EP Avici (01), no qual contou com a colaboração de Rita Ora ou AlunaGeorge. Era a concretização daquilo que anunciara algum tempo antes nas redes sociais, quando falou aos fãs do afastamento dos palcos. “O fim dos concertos nunca significou o fim de Avicii ou da minha música. Em vez disso, voltei ao lugar onde tudo faz sentido – o estúdio”, escreveu então. “O próximo passo será dedicado à minha paixão em fazer música para vocês. É o início de algo novo”, acrescentou. Creditando a responsabilidade primeira pelo percurso musical aos franceses Daft Punk – que contava ter ouvido obsessivamente, “ainda antes de saber o que era música house” –, Tim Bergling escolheu como nome artístico Avicii, termo que designa o nível mais baixo do inferno budista. Começou a ser notado em 2010, quando editou Seek bromance, tema que escalou a lugares de destaque em tabelas de vendas de discos europeias. No ano seguinte, quando cria Levels à volta de um sample de Something’s got a hold on me – hino gospel gravado em 1962 pela cantora soul Etta James – o sucesso expande-se além da Europa. Com os Estados Unidos rendidos à EDM, uma evolução do techno e da house com pitadas da Eurodance da década de 1990, ou seja, música electrónica sem floreados, directa e bombástica, verdadeiro hedonismo para um eterno Verão em Ibiza, Avicii tornava-se uma estrela planetária, equiparável em popularidade a outras celebridades do género, como David Guetta, Calvin Harrins, Swedish House Mafia ou Skrillex. O percurso meteórico coincidiu com o período em que a EDM predominou enquanto fenómeno de popularidade praticamente imbatível no circuito de festivais de massas. Da discografia constam dois álbuns, True (2013) e Stories (2015), e colaborações com os Coldplay (A sky full of stars ou Hymn for the weekend), David Guetta, com quem editou Sunshine, em 2012, Madonna (Girl gone wild) ou Santana e Wyclef Jean (juntos assinaram o hino do Mundial de Futebol de 2014, Dar um jeito). Para o sucesso do seu percurso, tão ou mais importante que a música gravada em nome próprio, ou produzida e remisturada para outros, foram as actuações ao vivo, marcados pelo ambiente eufórico da música, potenciado pelas chuvas de confetti, e pela energia da batida incessante. Em 2016, quando anunciou o abandono dos palcos acumulara uma fortuna de 75 milhões de euros. Ao longo da sua carreira, passou várias vezes por Portugal, a última das quais em Maio de 2016 no Rock In Rio Lisboa. A despedida dos palcos aconteceu em Agosto, no clube Ushuaïa, em Ibiza. Nos bastidores, porém, sentia uma insatisfação crescente, como testemunhado no documentário Avicii: True Stories, estreado em Setembro de 2017. Nessa altura, declarava em entrevista à Rolling Stone: “Precisava de perceber o que fazer da minha vida. Tudo começou a rodar à volta do sucesso pelo sucesso. Já não conseguia extrair dali qualquer felicidade”. Afirmava ainda que pretendia afastar-se o mais possível da EDM e aproveitar o tempo agora livre para aprofundar conhecimentos sobre outros géneros musicais. O EP Avici (01) seria, portanto, o primeiro passo numa nova fase da sua carreira. Acabou por ser, tragicamente, a sua despedida precoce. com Liliana BorgesSubscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público.
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Partidos LIVRE
Morreu Steve Ditko, criador do Homem-Aranha e “Salinger da BD”
Tinha 90 anos e foi encontrado morto no apartamento onde morava, em Nova Iorque, provavelmente dois dias depois de ter morrido. Nos anos que passou na Marvel desenhou ainda, também com Stan Lee, Doutor Estranho. Toda a vida recusou o estrelato que o seu trabalho lhe poderia ter trazido, o que levou a que o comparassem com o autor de À Espera no Centeio. (...)

Morreu Steve Ditko, criador do Homem-Aranha e “Salinger da BD”
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Tinha 90 anos e foi encontrado morto no apartamento onde morava, em Nova Iorque, provavelmente dois dias depois de ter morrido. Nos anos que passou na Marvel desenhou ainda, também com Stan Lee, Doutor Estranho. Toda a vida recusou o estrelato que o seu trabalho lhe poderia ter trazido, o que levou a que o comparassem com o autor de À Espera no Centeio.
TEXTO: O norte-americano Steve Ditko não é um daqueles autores de BD de uma personagem só, mas o seu nome, tal como o de Stan Lee, jamais poderá dissociar-se de Homem-Aranha, um dos mais populares heróis das histórias aos quadradinhos de sempre, criado por ambos em 1962. Ditko foi encontrado morto no seu apartamento em Manhattan, Nova Iorque, a 29 de Junho. Tinha 90 anos e manteve, até ao fim, uma postura reservada que o fazia rejeitar qualquer mediatização da sua vida privada. As autoridades acreditam que terá morrido dois dias antes, escreve a Hollywood Reporter, revista especializada em notícias da indústria do cinema. “Nunca nos aproximamos dele. É como [o escritor J. D. ] Salinger”, o autor-recluso de À Espera no Centeio, disse à mesma publicação em 2016 o realizador Scott Derrickson, responsável por adaptar ao cinema as aventuras de Doutor Estranho, num filme em que quem veste a pele do jovem e arrogante neurocirurgião com super-poderes é o actor britânico Benedict Cumberbatch. “[Ditko] é tímido e tem-se afastado intencionalmente dos focos [mediáticos]”, acrescentou, resumindo assim uma atitude perante o estrelato que não poderia ser mais diferente da de Stan Lee, hoje com 95 anos. Quase nunca dava entrevistas e recusou-se, até, a aparecer no documentário que lhe dedicaram e que estreou em 2007 no Canal 4 da BBC, In Search of Steve Ditko, do jornalista Jonathan Ross. Entre os poucos com quem aceitou falar nos seus últimos anos de Marvel está o britânico Neil Gaiman, autor de best sellers como Deuses Americanos (romance) e Sandman (BD), que na sexta-feira, dia em que a polícia americana divulgou a notícia da morte do co-criador de Homem-Aranha, falou ao diário The Washington Post sobre o “génio” de Ditko e sobre o que fazia dele uma pessoa singular. “O seu material de Doutor Estranho era um quebra-cabeças”, disse Gaiman, há muito radicado nos Estados Unidos. “[O Doutor Estranho] era glorioso… e era o Steve em estado puro. O que ele nos trouxe foi grandeza e uma visão sobre outras dimensões. ”Nascido em Novembro de 1927 no estado norte-americano da Pensilvânia, Steve Ditko herdou do pai — um operário de siderurgia aficionado do histórico Príncipe Valente de Hal Foster, que aparecia nas páginas do seu jornal de domingo — a paixão pela BD, inicialmente consolidada com a leitura das aventuras de Batman, personagem mítico que apareceu em 1939. Depois de sair do Exército, onde se alistara em 1945 e cumprira o serviço militar na Alemanha do pós-guerra, onde chegou a desenhar tiras de BD para um jornal militar, mudou-se para Nova Iorque para estudar ilustração com Jerry Robinson, um dos artistas que criara o universo de Batman (com Bob Kamp e Bill Finger). Foi Robinson quem o apresentou a Stan Lee, que trabalhava já com a Atlas Comics, precursora da Marvel Comics, editora para a qual Ditko começaria a trabalhar em 1955, dois anos depois da sua estreia oficial como autor de BD. Foi Lee, que viria a ser o director executivo da Marvel, quem teve a ideia de criar um super-herói adolescente com poderes inspirados nas aranhas, precisa a BBC no seu site, mas foi Ditko quem lhe desenhou o fato vermelho e azul que o torna imediatamente identificável, um clássico que o transformou num verdadeiro ícone pop, e quem decidiu que usaria disparadores de teias nos pulsos, para “voar” de arranha-céus em arranha-céus. Lee e Ditko criaram o Homem-Aranha sem adivinhar, ao que parece, o sucesso que viria a ter junto de gerações e gerações de leitores. Conceberam-no como um adolescente com os problemas comuns a tantos outros, mas particularmente solitário e curioso. Chamaram-lhe Peter Parker e fizeram dele um órfão criado em Nova Iorque por um casal de tios, Ben e May, que ganha os poderes que usa no combate ao crime — a capacidade de aderir a praticamente todas as superfícies, a possibilidade de disparar teias de aranha e de pressentir o perigo (o seu “sentido aranha”) — ao ser picado por uma aranha radioactiva. Além de ter contribuído de forma decisiva para a personagem de Homem-Aranha, Ditko também se envolveu na criação de alguns dos vilões do seu mundo, como o Duende Verde, o Lagarto e Dr. Octopus. O autor deixou a Marvel em ruptura com Lee, sem nunca explicar claramente por que o fizera. Os dois estiveram, aliás, anos sem se falarem. No meio dos comics sempre se suspeitou que Ditko e Jack Kirby, outro dos nomes fortes da editora e o ilustrador a quem Lee começou por pedir que desenhasse o Homem-Aranha, sem nunca ter ficado satisfeito com o que ele apresentara, achavam que o editor-chefe não lhes dava o merecido crédito pelo que tinham feito no universo Marvel, estando mais interessado na autopromoção do que em reconhecer com justiça quem tinha feito o quê. “Sempre me senti fascinado pela sua maneira de ver as coisas, que era muito mais mundana, muito mais real e muito mais preocupada com escolhas morais do que a de qualquer outro autor de BD, acrescentou ao Post Neil Gaiman, dando como exemplo a dupla que criou com Steve Skeates para a DC Comics, Rapina e Columba (Hawk and Dove, no original). A complexidade dos cenários que desenhava e das suas personagens, continua, são imagens de marca deste autor que trabalhou também para a Charlton e para pequenas editoras independentes, mesmo depois de ter regressado à Marvel em 1979, colaborando nas aventuras do Homem-Máquina e dos Micronautas, precisa ainda a Hollywood Reporter. Entre as suas últimas criações está a Rapariga Esquilo (Squirrel Girl, no original), com o guionista Will Murray. Escolhendo viver numa quase reclusão, Steve Ditko passou a rejeitar praticamente todos os pedidos de entrevista que recebia desde o começo dos anos 1970. Também não se deixava filmar nem fotografar, o que explica o facto de os obituários que agora estão a ser publicados pelos jornais, revistas e sites da especialidade estarem a usar imagens da década de 1960 ou do seu Homem-Aranha. “Quando faço um trabalho, não é a minha personalidade que estou a oferecer aos leitores, mas a minha arte. Não é o que eu sou que conta”, disse numa das suas raríssimas entrevistas, em 1969. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Nem o estrondoso sucesso de bilheteiras das adaptações cinematográficas de Homem-Aranha e Doutor Estranho o fizeram abdicar da sua privacidade. Para ilustrar este desejo – e esta ética – de se manter inviolável na intimidade, Neil Gaiman recordou ao Post o dia em que o visitou no seu escritório em Nova Iorque, com Jonathan Ross, que então preparava In Search of Steve Ditko: “Nós subimos, batemos à porta e ele apareceu e ficou a conversar connosco no corredor durante 25 minutos. Respondeu a todas as perguntas do Jonathan e depois foi lá dentro e regressou com um punhado de livros de BD […] Lembro-me dele como sendo muito, muito amável e, ao mesmo tempo, muito reservado. ” Quando o jornalista da BBC lhe pediu para tirar uma fotografia com ele, Ditko disse-lhe simplesmente “não”, sem avançar qualquer justificação para a recusa. “Ele desenhava as coisas à sua maneira. Via as coisas à sua maneira. Acho que todos tivemos muita sorte em tê-lo”, disse ainda ao diário norte-americano o autor de Sandman, falando de um criador muitas vezes copiado mas nunca igualado. Até ao fim da vida, Ditko manteve um estúdio em Manhattan onde escrevia e desenhava, escreve a Hollywood Reporter, admitindo que ninguém conhece o volume de material inédito que lá guardará. Também não se sabe se o autor deixa descendentes ou se alguma vez casou. O privado é assim mesmo – privado.
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